7 DE OUTUBRO DE 2025

44ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

        

Presidência: ANDRÉ DO PRADO, GILMACI SANTOS e ITAMAR BORGES

Secretaria: ALEX MADUREIRA, MARCELO AGUIAR, GILMACI SANTOS, JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR, MILTON LEITE FILHO, ITAMAR BORGES e FÁBIO FARIA DE SÁ

        

RESUMO

        

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Abre a sessão às 16h55min. Coloca em discussão o PLC 9/25.

        

2 - DONATO

Solicita verificação de presença.

        

3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

        

4 - LÉO OLIVEIRA

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Discute o PLC 9/25.

        

6 - PROFª CAMILA GODOI

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

7 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Dá boas-vindas ao vereador Rafael, de Guarulhos, e a major Sandra, de Itapevi, presentes no plenário.

        

8 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Discute o PLC 9/25.

        

9 - DONATO

Solicita verificação de presença.

        

10 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

        

11 - GILMACI SANTOS

Assume a Presidência.

        

12 - GUILHERME CORTEZ

Discute o PLC 9/25.

        

13 - EDIANE MARIA

Solicita verificação de presença.

        

14 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

        

15 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PLC 9/25.

        

16 - THAINARA FARIA

Solicita verificação de presença.

        

17 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Defere o pedido. Cumprimenta o ex-deputado Aldo Demarchi, presente no plenário. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença.

        

18 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Assume a Presidência. Interrompe a chamada de verificação de presença quando observado quórum.

        

19 - GILMACI SANTOS

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

20 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Parabeniza o deputado Felipe Franco pelo seu aniversário.

        

21 - DONATO

Discute o PLC 9/25.

        

22 - ITAMAR BORGES

Assume a Presidência.

        

23 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Assume a Presidência.

        

24 - DR. JORGE DO CARMO

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

25 - DONATO

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

        

26 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Responde a questão de ordem do deputado Donato.

        

27 - DONATO

Solicita verificação de presença.

        

28 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Indefere o pedido, ante a constatação visual de quórum.

        

29 - PAULO FIORILO

Solicita verificação de presença.

        

30 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.

        

31 - PAULO FIORILO

Discute o PLC 9/25.

 

32 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Lembra segunda sessão extraordinária a ser realizada hoje, às 19 horas e 34 minutos. Encerra a sessão às 19h24min.

        

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ÍNTEGRA

 

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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

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- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e votação do Projeto de lei Complementar nº 09, de 2025, de autoria do Sr. Governador. Para discutir a favor, com a palavra o deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Donato, líder do PT/PCdoB/PV.

 

O SR. DONATO - PT - Para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de V. Exa., deputado Donato. Solicito ao deputado Alex Madureira, que já está aqui ao meu lado, juntamente com o deputado Marcelo Aguiar, para que possam fazer a verificação de presença das Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

* * *

 

O SR. ALEX MADUREIRA - PL - Seguindo aqui a orientação do nobre deputado Léo Oliveira, se eu não disser que está presente, é porque está ausente. Nós vamos seguir aqui a orientação. Acho que fica até mais claro.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum regimental, agradeço ao deputado Alex Madureira, juntamente com o deputado Marcelo Aguiar, e devolvo a palavra, para discutir a favor, ao deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. LÉO OLIVEIRA - MDB - PARA COMUNICAÇÃO - Pela ordem, Sr. Presidente. Apenas para justificar, porque o deputado, mesmo não estando em plenário, está presente na Casa: ou está participando de uma comissão temática, ou está atendendo um prefeito ou um vereador no gabinete.

Para demonstrar a ausência do deputado, existe o painel eletrônico na hora da votação. Então não precisa a todo momento na chamada dizer que o deputado está ausente, que na verdade não está, está na Casa.

Apenas para justificar, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra o deputado Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado André do Prado, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos assiste, venho a esta tribuna para manifestar minha profunda preocupação com o Projeto de lei Complementar nº 9, de 2025, que busca reestruturar a carreira de pesquisador científico no nosso estado de São Paulo.

Em tese, todos somos favoráveis ao aperfeiçoamento e à modernização dos serviços públicos. No entanto, o que se apresenta como modernização neste projeto esconde, na realidade, um grave retrocesso para a ciência paulista e para o futuro do nosso desenvolvimento tecnológico.

Há um problema fundamental e democrático na gênese desta proposta. Não houve diálogo, não houve o essencial debate com os próprios pesquisadores científicos, os maiores interessados e conhecedores do desafio da carreira. Ignorar a voz desses profissionais é começar o processo pelo caminho errado.

Os senhores e as senhoras bem sabem que nossos institutos de pesquisa, patrimônios do povo paulista, vêm enfrentando um processo crônico de sucateamento com poucos concursos públicos e uma carreira que, embora prestigiosa, sofre com o congelamento salarial.

Estamos falando de servidores que estão há 11 anos sem um reajuste salarial. Onze anos. Concordamos que a lei pode ser aperfeiçoada, mas não de forma açodada, sem a devida discussão e com um claro risco de prejudicar uma formação altamente especializada em nome de um suposto enxugamento do funcionamento.

A Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, a APqC, que representa esses servidores com mais de dois mil pesquisadores ativos e inativos, manifestou-se veementemente contrária a este projeto.

Junto a ela, reúnem-se, contrárias ao projeto, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC, a Academia Brasileira de Ciências, a ABC, o Instituto de Pesquisas Ambientais, o Instituto Butantan, o Instituto Adolfo Lutz, o Instituto Pasteur, o Instituto de Saúde, o Instituto Lauro de Souza Lima, os Laboratórios de Investigação Médica, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, O Instituto Agronômico de Campinas, o Instituto de Pesca, de Zootecnia, o Instituto de Tecnologia de Alimentos e o Instituto de Economia Agrícola.

Formalizaram e deliberaram em votações internas de seus pesquisadores, ou por meio de suas diretorias gerais, pela retirada do PLC 9/25, e eles têm razões sólidas para isso. O projeto é problemático, em primeiro lugar, porque acaba com a dedicação exclusiva dos pesquisadores, extingue o regime de tempo integral e a comissão permanente que o regulava.

Esta comissão, a CP-RTI, era fundamental para assegurar a qualidade e a isenção da avaliação científica. O RTI garantia que o pesquisador se dedicasse integralmente à investigação, sem distrações com outras atividades. Acabar com isso é abrir mão da excelência e da produtividade da nossa pesquisa, correndo o risco de precarizar o trabalho científico.

Em segundo lugar, o projeto é problemático porque fragiliza o plano de carreira. Sob a promessa de privilegiar os salários iniciais, ele desmonta a perspectiva de crescimento ao longo da vida profissional, pois transforma a gratificação referente à evolução da carreira em subsídios restritos aos novos ingressos.

O regime de subsídio, que incorpora todas as vantagens de uma única remuneração, na prática, pode representar um congelamento disfarçado e a perda de benefícios conquistados ao longo dos anos.

O tempo para um pesquisador chegar ao topo de sua carreira salta de 16 para no mínimo 24 anos. Isso é um desestímulo colossal para quem deseja seguir na profissão. Além disso, a proposta altera significativamente a forma de avaliação e progressão na carreira, criando critérios mais restritivos e burocráticos que podem desviar o foco do que realmente importa: a produção científica de qualidade.

É por isso que é válido e necessário denunciar que o governo não dialogou com as legítimas representações dos servidores. A APQC pede, com toda razão, a retirada de pauta deste projeto para que se realize um amplo diálogo com a sociedade e, sobretudo, com as partes diretamente interessadas. A Ciência não se faz contra os cientistas; ela se faz a partir do trabalho dos mesmos.

O conhecimento é a base do nosso desenvolvimento, da nossa saúde, da nossa agricultura, da nossa indústria. Desrespeitar e desmotivar nossos pesquisadores é colocar em risco o futuro de São Paulo e do Brasil. Eu peço, portanto, aos nobres parlamentares que reflitam sobre os graves impactos desta proposta.

Vamos ouvir, sim, os pesquisadores. Vamos retirar esta matéria de pauta e construir juntos uma reforma que verdadeiramente valorize a carreira, fortaleça nossos institutos e garanta que a Ciência possa continuar contribuindo com excelência para o avanço global.

Muito obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Rômulo Fernandes, para discutir contra. Ausente.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Muito obrigado, muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência, com a palavra o deputado Guilherme Cortez. Ausente. Dando sequência, a deputada Monica Seixas do Movimento Pretas com a palavra, para discutir contra.

 

A SRA. PROFª CAMILA GODOI - PSB - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputada Camila Godoi.

 

A SRA. PROFª CAMILA GODOI - PSB - PARA COMUNICAÇÃO - Eu gostaria de fazer uma comunicação. Quero cumprimentar aqui e dizer que se faz presente com a gente o vereador Rafael, da cidade de Guarulhos, que tem feito um bonito trabalho lá na cidade. Rafael, muito obrigada. Você nos honra com a sua presença e a sua equipe e todos os amigos.

E também gostaria de cumprimentar a major Sandra, que fez um trabalho excepcional lá na cidade de Itapevi, na nossa região, principalmente na proteção à segurança das mulheres e também aqui na Capital.

Sejam muito bem-vindos.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputada Camila Godoi. Sejam todos bem-vindos a esta Casa, senhores vereadores, assessoria da cidade de Guarulhos, Itapevi. Esta Casa aqui é nossa.

Sejam todos bem-vindos.

Com a palavra, deputada Monica.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Bom, quero saudar os servidores públicos, pesquisadores científicos que hoje estão em mobilização aqui na Assembleia Legislativa. Sejam também muito bem-vindos à nossa Casa. Quero lamentar as circunstâncias, porque tenho certeza de que os senhores e as senhoras poderiam contribuir sob maneira para o desenvolvimento das políticas que a gente se atreve a escrever nesta Casa, em um desafio sem precedentes, que é a crise climática que nós enfrentamos, que atinge em cheio o estado de São Paulo e que demanda de nós muita atenção à Ciência.

Bom, os pesquisadores científicos estão aqui para dizer o óbvio, que a destruição da carreira, que o ataque ao serviço e aos servidores públicos é também um ataque à Ciência, ao futuro, à possibilidade de sobrevida. Hoje de manhã, nós tivemos uma audiência pública fake e eu peço perdão, inclusive... É que eu já não me animo mais com as audiências públicas da Casa, porque elas, no geral, não servem para escutar.

O projeto já estava em discussão e a gente só colocou a oposição de começar a discussão sem audiência pública, porque, por óbvio, se a gente vai abrir uma janela de escuta, não pode começar a discutir o projeto. Tem que reservar o projeto para as possíveis alterações, os resultados dessa escuta. Mas o projeto já tinha iniciado, já estava sendo discutido.

Então houve uma audiência, mas não houve a escuta. Não há nenhuma permeabilidade de alteração, de correção desse texto. Assim como houve um ensaio de diálogo fake, e eu acho que o governo vai se especializando nisso. A gente viu na privatização da Sabesp e em outras matérias. Vai, diz para as pessoas que vão escutar, mas não escutam, só seguram a luta, só seguram a mobilização, só fazem para inglês ver.

E nesse processo de audiência pública fake, hoje, nós escutamos a importância dos pesquisadores e pesquisadoras científicas. A gente descobriu, por exemplo, que foi graças a um investimento de 27 anos do estado do Rio de Janeiro para uma pesquisadora pública que, com tranquilidade, desenvolveu a possibilidade de as pessoas poderem voltar a andar. Tetraplégicos poderem voltar a andar.

A gente tem aqui no estado de São Paulo uma situação muito difícil a enfrentar, que o estado de São Paulo esconde: a falta d'água. E a água não nasce na Bolsa de Valores. Privatizou, mas as pessoas estão em uma situação tenebrosa de desabastecimento, sem informação. Como a gente vai garantir água para o futuro, para o agronegócio, para a agricultura, para a indústria, para as pessoas, para as escolas?

Eu tenho certeza de que os pesquisadores científicos poderiam e poderão nos ajudar, porque a água também se planta. E a gente tem que mudar a prática do uso da água no estado de São Paulo. Nesse sentido, substituir salário por subsídio não é salário, não é aumento, não é valorização. É a contramão disso.

A gente assistiu o governador fazer isso com todos os serviços e servidores. E a gente está aqui discutindo a precarização de todos os serviços e servidores. A gente discute a exaustão, a situação que está a Segurança Pública, os professores do estado de São Paulo.

E aí eu contava mais cedo agora, no Pequeno Expediente, que eu visitei o Emilio Ribas essa semana. Teve paralisação dos servidores da Saúde. Porque o hospital enfrenta uma quarteirização. Um hospital de segurança. Com mais de 100 leitos fechados. Por falta de mão de obra, porque o governador não contrata servidores.

E aí toda essa desculpinha e esse malabarismo para cortar, cortar, cortar, cortar dos serviços públicos, dos servidores, do atendimento à população em situação de vulnerabilidade, é porque o governador não abre mão de colocar dinheiro público nos ricaços do estado de São Paulo.

Três anos de gestão Tarcísio. Nesses três anos ele secou o caixa do estado de São Paulo. Não vai ter dinheiro para investimento mesmo com 84 bi de benefícios fiscais sem nenhuma transparência. O governador do estado dá o valor para o ano que vem planejado, superior da Saúde e da Segurança Pública, para quem não vai pagar imposto para os super-ricos.

Aí não tem dinheiro para valorização do servidor. Não tem dinheiro para contratação do servidor. E eu tenho certeza de que deputados e deputadas não conseguem andar em suas cidades sem ser cobrados pela precarização do serviço público. Hospitais precarizados, escolas precarizadas.

O governador que foi à TV dizer que não se preocupa com a contaminação do metanol, porque ele não consome bebida alcoólica e também não se preocupa com a vida da população.

O que ele se preocupa é em transferir dinheiro da máquina pública para o bolso dos super-ricos. Para os super-ricos, benefícios fiscais; para o agronegócio, terra e até maquinário. Ele deu um caminhão-pipa - para cidades que estão sem água, a gente não viu ainda, mas para o agronegócio, sim. Então, do que se trata? Esse é mais um capítulo da destruição do Estado.

Um estado que não tem a valorização dos pesquisadores, que não valoriza a ciência, que não cuida dos seus servidores públicos para que tenham a tranquilidade de desenvolver bem a pesquisa, é um estado que está deixando de ser um estado. É um estado que está transferindo o cuidado das pessoas para o enriquecimento daqueles que já são muito ricos.

E eu sei que os pesquisadores científicos e os trabalhadores no geral do estado estão aqui pelos corredores. Olhem, mais uma categoria, entre tantas que a gente teve que atender no último período. Mais uma categoria em luta pela sua permanência. Mais uma categoria em luta para continuar prestando um bom serviço para o estado de São Paulo num capítulo enorme que não para de se ampliar.

Porque tudo que o governador Tarcísio fez em sua passagem no governo do estado de São Paulo é tirar tudo das pessoas. Mais de 100 praças de pedágio, água suja na torneira, conta de água mais cara, conta de luz mais cara, conta de combustível mais cara. Para você, é tudo mais caro. Mas todos os serviços públicos com uma péssima qualidade. E o dinheiro não para de cair no bolso de quem é mais rico, porque o governador não para de beneficiar os de cima.

A gente chegou a um ponto em que o deputado reclamou de ser cobrado a presença aqui no plenário. Veja bem, nós estamos votando uma matéria importantíssima, como todas que passam por aqui. Ela diz respeito ao futuro das pessoas do estado de São Paulo. Não só dos trabalhadores dessa categoria, mas do futuro das pessoas do estado de São Paulo. Estar no plenário é o mínimo.

Estar aqui debatendo, ouvindo, colocando a cara, entendendo, sabendo no que vai colocar a digital depois para aprovação é o mínimo. Por isso, eu acho que não, não vale só vir aqui e despachar o que o governador mandar. Essa legislatura tem responsabilidade por esse gigante desmonte que o estado de São Paulo já encarou nesses três anos. Vai ser difícil reverter essa situação em que a gente chegou. Por isso, eu acho o mínimo.

Eles custaram para colocar 24 deputados aqui presentes mais cedo, quando a gente pediu verificação de presença. Para quem está acompanhando, 24 - nós somos 94 deputados e deputadas -, 24 é o mínimo para a sessão continuar aberta. Eu me recuso a continuar aqui trabalhando sem que a base do governo Tarcísio desça aqui para colocar a sua digital, para trabalhar, para dar a cara a tapa e assumir a responsabilidade no que vai aprovar mais tarde.

Mais tarde, ainda, é necessário que 48 dos 94 votem. Nós nunca votamos. Nós esperamos eles votarem primeiro e depois a gente coloca. Porque nós somos a minoria. E a grande maioria vem aqui e, na hora da votação, coloca a digital silenciosamente na mesa e vai embora. Mas, se vocês conversarem com os deputados e deputadas e perguntarem: “O que o senhor votou? Por que o senhor votou? Por que é favorável a isso?”, dificilmente vocês vão encontrar a justificativa.

Por isso, eu quero dizer para os senhores: eles estão com dificuldade de quórum hoje. E a gente vai insistir, tentando derrubar o quórum. Se a gente conseguir vencer esse dia, não desistam da luta.

Entrem de gabinete em gabinete e continuem perguntando de novo: “Por quê? Por que vão destruir a carreira dos pesquisadores científicos do estado de São Paulo? Por que vai mudar o regime de trabalho?”

Sabem por que pesquisadores científicos não trabalham em horário comercial? Os colegas conseguem responder por que os pesquisadores científicos não trabalham, não se limitam e não querem se limitar a trabalhar apenas no trabalho comercial?

Porque, quando a gente está falando de pesquisa científica, às vezes, a gente está falando de madrugadas, a gente está falando de territórios distantes, a gente está falando de horas muito mais extensas do que o horário comercial comum de um regime trabalhista. E destruir isso é destruir a possibilidade de pesquisa dos pesquisadores científicos.

Então eu quero pedir para o meu líder, para a líder da oposição, para que hoje a gente continue insistindo. Apesar dos deputados não gostarem, é preciso pedir verificação, sim. É preciso que, todas as vezes que nós, da oposição, como agora, sejamos a maioria no plenário, que a gente peça verificação de presença, sim.

Porque se quer aprovar matéria do governo, e aí eu vou pedir para os meus colegas, para a gente não trabalhar para o governo. Que o governo desça aqui para votar. Que o governo desça aqui para colocar parlamentar e que fique aqui para sustentar essa barbaridade que o governador do estado de São Paulo quer fazer. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - Uma verificação de presença para que a gente tenha uma audiência para as falas aqui no plenário.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Solicito ao deputado Gilmaci, juntamente com o deputado Jorge Wilson, uma verificação de presença a pedido do nosso líder Donato.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum regimental, agradeço ao deputado Gilmaci Santos e ao deputado Jorge Wilson pela verificação de presença.

Devolvo a palavra à nobre deputada Monica Seixas, pelo tempo remanescente.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Quero me desculpar com o Barros Munhoz, mais uma vez. Dei uma trombada no deputado agora. Desculpa, deputado, foi sem querer mesmo. Perdão.

Continuando, agora com mais gente na Casa. Em 2024, foi aberto um grupo de trabalho com o objetivo, dito pelo Governo do Estado de São Paulo, de elaborar estudo para reestruturação e valorização das carreiras de pesquisador científico no estado de São Paulo. Desde então, a expectativa era de que a categoria participasse da elaboração.

Mas como aconteceu na audiência fake hoje, que, mesmo que tivesse intenção de ouvir, não haveria possibilidade de alteração no texto, porque ele já estava em debate, o resultado do grupo de estudo foi a completa ignorância por parte do Governo do Estado, que não deu a oportunidade de participação. Mesmo uma minuta, um anteprojeto apresentado no âmbito desse grupo de trabalho, não tem nada a ver com o que foi apresentado na Casa.

Então todo esse processo é marcado por uma característica do governador, que me fez até desesperançar da audiência pública dessa manhã. Fingir que há abertura para o debate, iludir as pessoas de que há abertura para participação e para escuta. Mas, na verdade, não existe.

E o resultado disso é frear a mobilização, é empantanar a mobilização, porque dá esperança de que, num foro adequado, como uma audiência pública, vai haver escuta. Que escuta, se não houve participação do grupo de trabalho na elaboração do projeto? Que escuta, se não houve efetiva organização do grupo de trabalho?

Que escuta, se as notas tomadas na apresentação do anteprojeto não serviram para o projeto que chegou aqui na Assembleia Legislativa? Que escuta numa audiência pública em meio a um projeto cuja votação já estava iniciada?

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Gilmaci Santos.

 

* * *

 

E agora a gente tem a dificuldade aqui, na Assembleia Legislativa, de chamar a atenção dos deputados e das deputadas, que parecem não muito mobilizados para votar esse projeto esta tarde. Por isso, mais uma vez, quero dizer para a categoria: não desista, continue batendo de porta em porta, continue explicando a importância da valorização dos servidores e das servidoras.

Um projeto que quer tirar dos trabalhadores do estado de São Paulo mais uma categoria: salário. Porque é disso que se trata. Tornar o recebimento em subsídio não conta para aposentadoria, gente. Não conta para fins trabalhistas. Isso aqui não é aumento. Isso aqui é retirada de direitos.

Em nenhuma outra categoria, quem recebeu o subsídio, pode perguntar se eles estão felizes. Não estão felizes. E o pior, o aumento que isso representa ainda é pequeno, é mínimo perto da perda salarial que tiveram nos últimos anos. Nem para recompor a perda material isso aqui vai servir.

Outra questão também que chama a atenção é a exclusão da comissão que trata do regime de tempo integral. Os pesquisadores científicos trabalham em horário diferenciado, e isso é essencial para o trabalho deles, colegas. E esse trecho da matéria é cruel, porque atinge diretamente a Pesquisa e a Ciência no estado de São Paulo.

Por isso, nós da bancada do PSOL, vamos continuar obstruindo e contrários a essa matéria. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Com a palavra, para falar favorável, deputado Guilherme Cortez. 

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito boa tarde, Sr. Presidente, meus colegas deputados, servidores desta Casa, público que nos acompanha através da Rede Alesp, mas sobretudo os pesquisadores e pesquisadoras científicos do estado de São Paulo, que hoje ocupam a nossa galeria para defender não apenas a sua condição de trabalho e a sua carreira, que está sendo ameaçada de desestruturação, mas para defender a população do estado de São Paulo, que é quem mais vai perder se a gente suprimir uma carreira tão importante quanto a do pesquisador científico. (Manifestação nas galerias.)

Sejam muito bem-vindos aqui, porque esta Casa deveria legislar para fortalecer o serviço e os servidores públicos do estado de São Paulo, mas lamentavelmente o que a gente mais vê aqui é esta Casa legislar contra o serviço público, contra o patrimônio público do estado de São Paulo.

E quem paga essa conta é a população, como a gente está vendo agora com a privatização da Sabesp, da CPTM. E não queremos pagar para ver acontecer também no caso dos nossos institutos de pesquisa do estado de São Paulo.

Mas antes, presidente, eu quero cumprimentar também, muito especialmente, a vereadora Dandara Ferreira, de Patrocínio Paulista, da minha região de Franca. Pedir uma calorosa salva de palmas para ela. (Palmas.) Seja muito bem-vinda, vereadora Dandara, que é a vereadora mais votada da cidade de Patrocínio Paulista, mas que a gente sabe que essa representatividade, deputada Ediane, também inspira muita inveja e muita perseguição.

A vereadora Dandara, nas últimas semanas, enfrentou um processo de perseguição política do seu mandato, que felizmente foi derrotado pela Justiça e foi derrotado pela população de Patrocínio Paulista, que disse que não ia aceitar que outros vereadores decidissem em quem eles votaram.

Então a Dandara continua vereadora, e agora mais forte do que nunca. Seja sempre bem-vinda aqui na Assembleia Legislativa. E hoje ela veio aqui para procurar, para buscar o apoio do nosso mandato para trazer investimentos, recursos que vão ser muito bem destinados para a população de Patrocínio. Seja muito bem-vinda, minha querida. E parabéns pela sua luta.

Agora, presidente, para falar sobre esse projeto: esse projeto, em primeiro lugar, é um retrocesso, porque ele retrocede numa carreira que foi estruturada há 50 anos; ele revoga quase inteiramente uma lei de 1975, muito antes de eu nascer, e que definia e estruturava a carreira do pesquisador científico do estado de São Paulo.

Dentre outros retrocessos, esse projeto prevê a extinção do regime de tempo integral de trabalho, que é fundamental para que os nossos pesquisadores científicos possam desenvolver adequadamente, com tempo adequado, os seus trabalhos, as suas linhas de pesquisa.

Mas o mais estranho é que esse projeto também prevê a extinção da Comissão Permanente do Regime de Tempo Integral e a criação de uma outra comissão, de Avaliação e Desempenho e Desenvolvimento, que não está clara, e que o projeto não diz como ela vai ser composta, quais vão ser os critérios que vão ser utilizados e como que o governo pretende constituir essa comissão, que vai ser fundamental na avaliação do trabalho dos nossos pesquisadores.

O que esse governador quer é instrumentalizar a pesquisa científica do estado de São Paulo. Porque não se enganem: essa comissão vai servir para perseguir os servidores e os pesquisadores que não pesquisarem aquilo que o governador quiser. Se não nesse governo, no próximo, no outro.

Porque esse projeto de lei, como ele está hoje - e lamentavelmente deputados da base do Governo querem aprovar -, não prevê qualquer diretriz sobre a constituição dessa Comissão de Avaliação do Desempenho ou quais vão ser as diretrizes para avaliação.

Agora esse projeto, que propõe alguns reajustes muito desiguais entre diferentes setores, diferentes níveis das categorias da pesquisa científica, também adere ao regime do subsídio, que é uma armadilha.

Num primeiro momento, o subsídio parece que vai aumentar o salário dos servidores, só que o subsídio é uma armadilha. Hoje é tudo subsídio, basta você ver o que aconteceu em uma série de outras carreiras do serviço público do estado de São Paulo.

O subsídio é um pagamento precário, porque ele não incorpora, porque você retira direitos e garantias do servidor. Então parece que, no primeiro momento, o servidor vai ser beneficiado com uma bonificação do seu salário, mas depois esse servidor vai se arrepender disso, porque na hora que ele depender só do subsídio, ele vai ter uma perda nos seus direitos e nas suas garantias funcionais.

Lamentavelmente o subsídio tem se tornado a regra no serviço público do estado de São Paulo, como a gente tem visto na rede estadual de ensino, no judiciário e em vários segmentos, que é uma maneira de você precarizar as condições de trabalho do servidor, diminuindo as garantias dos direitos que são incorporados no salário e na remuneração desses servidores.

Então, presidente, é um projeto muito ruim, porque é um projeto que desestrutura uma carreira que está aí há 50 anos, e uma carreira que é fundamental para o desenvolvimento da ciência, da educação e da economia no nosso Estado.

O estado de São Paulo está entre os estados que mais produzem artigos científicos e pesquisas científicas do país inteiro, da América Latina inteira. Eu tenho muito orgulho de ter me formado em uma universidade pública, a Unesp, de ter feito iniciação científica com financiamento de uma agência pública, que é a Fapesp.

A população do estado de São Paulo deveria ter muito orgulho dos seus pesquisadores, dos seus acadêmicos, porque ao contrário do que essa extrema direita negacionista diz - porque vocês só sabem de trevas, vocês querem impedir o conhecimento científico que daí fica mais fácil de enganar a população -, a ciência e o conhecimento abrem caminhos.

A gente só pode se livrar da triste pandemia de Covid-19 graças à pesquisa científica pelos pesquisadores do Instituto Butantã, de universidades e instituições públicas de pesquisa que permitiram que a gente estivesse aqui sem máscara, sem risco de se contaminar.

Se o estado de São Paulo conquistou tudo o que conquistou e que, lamentavelmente, hoje a gente está vendo isso ser descontruído por um governo que, pela primeira vez, vai fazer o estado de São Paulo crescer abaixo da inflação, porque o estado de São Paulo está virando qualquer coisa, é metanol na bebida, é crime organizado para tudo quanto é lado, é pedágio para tudo quanto é lado, é um total estado de despreparo do Governo do Estado de São Paulo, porque é o governo da desregulamentação, da desestatização.

É o governo que já reconhece de antemão a sua própria incompetência, porque quer transferir todos os serviços que deveria administrar para a iniciativa privada, na contramão do que a gente deveria estar investindo, mais no financiamento das nossas universidades, das nossas agências de pesquisas, na valorização da carreira dos pesquisadores.

E o governo envia um projeto para cá, sem disposição de alteração, que desestrutura, que precariza ainda mais a carreira dos nossos pesquisadores científicos. E porque o Tarcísio quer desestruturar o trabalho dos nossos pesquisadores? Eu queria pedir para exibir uma matéria da “Folha de São Paulo” aqui, pode parecer brincadeira, mas olhem só o seguinte: “Ligado ao ET Bilu, criador da teoria do Ratanabá manteve acordo com gestão Tarcísio”.

Vocês acreditam nisso? O governo do estado de São Paulo firmou um acordo de cooperação com aquele cara que se dizia intermediário do ET Bilu. Do ET Bilu! Firmando acordo de cooperação científica com o governador para investigar os caminhos até a cidade mitológica de Ratanabá.

Aí a gente entende porque um governo que entende ciência como o ET Bilu e Ratanabá não vai valorizar o pesquisador científico sério que passa anos se dedicando e faz mestrado, faz doutorado, faz pesquisa, vai estudar fora para fazer pesquisa de verdade, não brincadeira, não charlatanismo.

Se puder passar mais um, para que vocês possam lembrar o ET Bilu lá, da Record, que apareceu. O ET Bilu deu um recado para a população que o governador Tarcísio, que parece um admirador, deveria ouvir: “Busque conhecimento”.

Mas parece que o governador não está buscando conhecimento, está buscando a ignorância, porque a partir do momento que você precariza a condição de trabalho dos nossos pesquisadores, você está valorizando - se puder voltar, Machado - a ignorância, as trevas, o charlatanismo.

Aí a gente consegue entender, um governador que vai atrás de ET Bilu, de Ratanabá e do Triângulo das Bermudas daqui a pouco está atrás do Monstro do Lago Ness e do Homem do Saco também. Um governador que pensa que isso é pesquisa científica, de fato, não é um governador que tem compromisso com a Ciência, com a Tecnologia, com a Educação no nosso estado. Muito obrigado, Machado.

Então queria trazer essa notícia que faz a gente até, sabe, dar risada, perder um pouco a seriedade, porque esse não é um governo sério, esse não é um governo sério. Inclusive, o Tarcísio passou dois anos e meio fingindo que era um cara centrado, moderado, razoável, porque queria fingir que era o Bolsonaro que sabia comer com garfo e faca.

Agora, acho que nem ele consegue mais segurar esse personagem, haja vista o que ele falou no dia de ontem que, em meio à crise da intoxicação da população no nosso estado, por metanol na bebida, ele, no melhor estilo Bolsonaro, que dizia durante a pandemia que não podia fazer nada, que não era coveiro, que não estava nem aí, que não era com ele, no melhor estilo do seu criador, a criatura diz: “O dia que começarem a adulterar a Coca-Cola vou me preocupar.”

Até lá, não contem comigo. Até lá, São Paulo não tem governador. Até lá, as pessoas que morreram ou as que estão em observação, ou as pessoas que estão com medo de serem envenenadas por metanol, fiquem com Deus cada uma, porque, se depender do Governo do Estado de São Paulo, não esperem outra coisa. Esse não é um governo sério.

Quando você pega a situação da Sabesp, que nós alertamos aqui, que a privatização ia piorar a qualidade do serviço para a população e aumentar o valor da conta e hoje não tenho alegria nenhuma de dizer: eu estava certo, e a população de São Paulo não precisava ter pago para ver a água saindo marrom, saindo até rosa.

Semana passada saiu água rosa da torneira da população no interior de São Paulo, por conta de uma empresa que também está sendo desmontada, porque não é mais uma empresa orientada para atender ao interesse da população da melhor maneira possível.

É uma empresa que agora só tem um objetivo: enriquecer os seus acionistas. E, se para enriquecer os acionistas privados da Sabesp precisar aumentar o valor da conta, não estão nem aí; se para enriquecer os acionistas da Sabesp precisar diminuir o investimento na qualidade da água, no tratamento do esgoto, não estão nem aí; se para aumentar o lucro desses acionistas privados precisarem deixar algumas pessoas, algumas milhares de pessoas sem água na torneira de suas casas, sem água para tomar um banho depois de chegar em casa, depois de um dia inteiro de trabalho, não estão nem aí. Esse é o governo do “estou nem aí”.

O Tarcísio está dizendo que está dando uma banana para a população do estado de São Paulo, dizendo que não está nem aí, não está nem aí se faltar água na sua casa, não está nem aí se você está passando aperto no transporte público lá na Estação Palmeiras-Barra Funda, porque ele privatizou a Linha-7; não está nem aí se está saindo água escura ou rosa da torneira da sua casa; não está nem aí se o PCC está infiltrado no governo, está infiltrado na Faria Lima, está infiltrado em todos os ramos do nosso Estado.

Porque é um governo que é muito rápido na hora de escusar o PCC das investigações, mas é mais rápido ainda para negar ajuda da Polícia Federal, porque que nem um foguete o Tarcísio, e o seu secretário de Segurança Pública, vai lá e fala: “obrigado, não precisamos do apoio da Polícia Federal para investigar”, e vai lá e fala: “o PCC não tem nada a ver com isso”.

Semana passada o governador Tarcísio teve o descalabro de dizer o seguinte: “Agora em São Paulo tudo é o PCC, é tudo o PCC”, talvez porque o PCC, como foi descoberto pela Polícia Federal, tem esquema junto com a Faria Lima e esteja adulterando gasolina em postos de combustível.

Talvez porque a sexta e o oitavo doador da campanha do governador estejam sendo investigados por relação com o Primeiro Comando da Capital, com o PCC. Talvez porque o segurança particular do governador, o policial militar, trabalhava na Casa Militar do Palácio dos Bandeirantes, tenha sido preso ano passado acusado de montar empresas para lavar dinheiro para o PCC. Talvez por conta disso a gente esteja desconfiado que o PCC está por todo canto.

Mas esse governo, ao contrário de se propor a combater o crime organizado, envia para esta Casa, pasmem, um projeto de lei orçamentária anual que quer cortar pela metade a verba de combate ao crime organizado, aí fica um pouco suspeito, ficou um pouco suspeito.

Você ter um governo que corre para não investigar o crime organizado, que ao mesmo tempo manda um projeto de lei aqui para reduzir a verba de combate ao crime organizado no estado de São Paulo, é uma vergonha, Sr. Presidente.

Esse projeto se soma a esse pacote de retrocesso, a gente tentou avisar, deputado Marcolino, desde as eleições do ano passado que trazer esse cara para São Paulo não ia dar certo, que colocar para governar São Paulo um cara que não conhecia o estado não ia dar certo. Um cara que só sabe falar de privatizar e militarizar, não ia dar certo.

E nós estamos vendo hoje que o estado de São Paulo, o estado mais rico, o estado mais importante do País, está chegando em uma situação que a gente nunca imaginaria, com a desestruturação de serviços públicos essenciais de carreiras muito importantes para a população do estado de São Paulo.

 

O SR. ALEX MADUREIRA - PL - Caro Guilherme. Só fazer uma pergunta para Vossa Excelência.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Na hora do senhor, o senhor pode falar, deputado Alex.

 

O SR. ALEX MADUREIRA - PL - Não, é uma pergunta para o senhor, mesmo.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - É porque estão nos últimos minutos da minha fala. Você fala na próxima.

 

O SR. ALEX MADUREIRA - PL - É porque o senhor falou “ET Bilu”. Então eu ia perguntar o que era esse “ET Bilu”.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Alex, deputado Alex. Ele não é obrigado a dar aparte, deputado Alex.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - O “ET Bilu” é o amigo do governador Tarcísio, que é aquele ET que apareceu na Record e que agora firmou um contrato com um cara que é um intérprete, um intermediário do “ET Bilu”. Olha que coisa.

Acho que até o senhor vai votar contra esse projeto de lei agora, porque isso é um tapa na cara dos pesquisadores sérios do estado de São Paulo, que estão aqui estudando e defendendo as suas carreiras. (Manifestação nas galerias.)

O governo do “ET Bilu” querer criar uma comissão permanente para avaliar o desempenho dos nossos pesquisadores. Parece brincadeira, e é mesmo, não é, deputado Alex? Esse governo realmente tira a gente do sério.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para conclusão, deputado.

 

O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para falar contra, deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

A SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Para pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Regimental o pedido de Vossa Excelência. Vamos convidar aqui para fazer essa verificação o deputado Jorge Wilson, já está seguindo para cá, e o deputado, deputado, deputado, deputado Milton Leite Filho, que está ali querendo vir para cá, também.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Constatado o quórum regimental, agradeço aos nobres deputados Milton Leite Filho e Xerife do Consumidor e devolvo a palavra agora ao deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, nobre deputado Milton Leite Filho, que na segunda chamada perdeu o fôlego... Começou bem na primeira chamada e na segunda chamada foi perdendo o fôlego.

Sr. Presidente, eu queria trazer aqui um pouco do debate sobre o PLC 09, de 2025. A gente parte do princípio de que um projeto tão importante como esse, pelo menos um projeto que deveria ser importante para o conjunto da sociedade, para a comunidade científica do estado de São Paulo, e a gente percebe que o governador tem tido como premissa, quando o diálogo é com servidor público do estado de São Paulo, não tem o mínimo trato, não tem a mínima preocupação de diálogo.

A gente tem visto isso desde 2023. Isso vale para os servidores, quando debatemos a Segurança Pública aqui do estado de São Paulo, isso vale para os servidores da Educação, da Saúde, da Polícia Penal. Todos os projetos que passaram por esta Casa, nenhum deles teve a preocupação do Governo do Estado de São Paulo de fazer um diálogo mais aprofundado com quem, de fato, será incluído nesse processo.

A gente traz aqui algumas informações. Primeiro, faltou diálogo por parte das instâncias técnicas. O projeto foi encaminhado sem a devida escuta das instituições científicas e da comissão permanente do RTI. E também levantamos que houve uma ausência de debate participativo que compromete não só a legitimidade ou qualquer adequação de mudança que venha a acontecer a partir desse projeto.

Nós conversamos com diversos representantes da comunidade científica do estado de São Paulo que estão percorrendo os nossos gabinetes na Assembleia já há alguns meses e a gente percebe o descompromisso que o governador Tarcísio tem, hoje, com a classe científica do estado de São Paulo.

O projeto ora apresentado ainda cria divergências internas de pessoas que vão conviver no mesmo espaço, que estarão na gestão da pesquisa, onde você tem uma adequação diferenciada do impacto do projeto. E nós vimos isso no projeto da Segurança Pública, jogando tenente contra tenente, capitão contra capitão, polícia militar contra polícia civil.

Então essa tem sido uma prática reiterada do governo do estado de São Paulo, mesmo quando o projeto que dialoga com o funcionalismo do estado de São Paulo cria problema dentro da carreira sobre a qual ele acaba apresentando um projeto.

Mas tudo isso é fruto de falta de diálogo, tudo isso é fruto de não entender a importância do servidor público no estado de São Paulo. Eu queria também dialogar com a população que nos acompanha, que às vezes o pessoal fala: “Mas o que esse projeto que os deputados estão discutindo tem a ver comigo?”

A população está nos acompanhando do outro lado da televisão e que nos acompanha aqui no plenário. Então a gente olha quando a carreira de pesquisador científico foi montada, em 1975, quando ela foi instituída, nós temos hoje e tivemos muitos avanços no estado de São Paulo, na área de Saúde pública, do Meio Ambiente, da Agricultura, do controle de endemias e do desenvolvimento tecnológico.

A gente ouve todo mundo falar: “Ah, mas o estado de São Paulo é o estado mais rico da nação brasileira”. O estado de São Paulo é um estado que tem uma industrialização maior do que qualquer outro estado do nosso País.

Só que quando foi montada e instituída a carreira de pesquisador científico, e vocês foram valorizados por muito tempo dentro do estado de São Paulo, porque tinha, de fato, uma perspectiva e um pensamento do desenvolvimento do estado de São Paulo, da cidade de São Paulo, da Grande São Paulo. E a gente compara, inclusive, o desenvolvimento brasileiro hoje, principalmente do estado de São Paulo, com outros países.

A gente olha para a China, a gente olha para o Japão, olha para vários países no mundo que começaram a ter um investimento em tecnologia, um investimento em pesquisa em períodos muito parecidos. Aí a gente olha para a China, o quanto que a China hoje investe em tecnologia no seu país equivale a 2,7% do PIB chinês é investido em pesquisa, é investido em tecnologia, é investido em ser humano, é investido em pessoas que ajudam no desenvolvimento científico e no desenvolvimento do País.

Não é diferente do Japão. Não é diferente de outros países do mundo. Aqui no Brasil, quando iniciamos o processo de investimento na pesquisa científica do nosso País, a intenção era de que tivéssemos institutos fortes, competentes, estruturados.

O Instituto de Pesquisa fez isso ao longo dos anos a partir de 75, 80, 90, mas nós começamos a ver um desmonte da comunidade científica nessas últimas décadas. Aqui no estado de São Paulo mesmo, em 2020, nós tínhamos três institutos importantes, que eram o Instituto Florestal, o Instituto Geológico e o Instituto Botânico, que eram responsáveis por pensar a questão do desenvolvimento e pesquisa na área do meio ambiente.

E todos foram desmontados em 2020, criando o único instituto. E hoje nós estamos vendo a crise climática e sabemos o quanto esses institutos seriam importantes para as próximas décadas, não só aqui no estado de São Paulo, mas em todo o Brasil.

Nós vimos também no último período, quando a gente fala na questão das endemias, nós tivemos a Sucen, extinta pelo governo passado e agora sacramentado pelo governador Tarcísio.

E a Sucen, a Superintendência de Controle de Endemias do estado de São Paulo, era importante porque ela não fazia só o ataque às pragas, ela fazia pesquisa, ela fazia os estudos, ela preparava os servidores públicos do estado de São Paulo para enfrentar tanto as endemias como as epidemias que o nosso Estado veio passando ao longo dos últimos tempos.

Então a pesquisa é importante. O deputado Cortez comentou a importância que a pesquisa teve no momento da pandemia. Se não fossem os pesquisadores, se não fossem os cientistas que nós temos hoje no estado de São Paulo enfrentarem a crise da pandemia, nós não sabemos o que estaria acontecendo.

Poderia morrer muito mais gente do que morreu naquele momento. Então, nós estamos falando que quando tratamos desse projeto de lei, do PLC 9/25, estamos falando de Saúde pública, de Meio Ambiente, de Agricultura, de controle de epidemias, de desenvolvimento tecnológico.

Agora, para fazer pesquisa, para que tenhamos cientistas cada vez mais preparados, renomados, no estado de São Paulo, tem que ter investimento. Essa não tem sido a tônica dos últimos governos que passaram aqui pelo estado de São Paulo. É um processo de desmonte permanente. A gente não vê mais concurso público para os institutos de pesquisa. Esses dias a gente estava conversando e acompanhando o Instituto da Pesca aqui no estado de São Paulo; o instituto também foi desmontado ao longo dos últimos anos.

A gente olha o Instituto Butantan, vem sendo desmontado. Vários institutos que nós temos no estado de São Paulo, o que a gente percebe é um desmonte permanente. Não tem um investimento em pesquisa, não tem um investimento no desenvolvimento do estado de São Paulo e a pesquisa, o investimento nos pesquisadores, o instituto, é fundamental para o desenvolvimento do nosso estado.

Então não é à toa que o estado de São Paulo tenha andado para trás ao longo dos últimos anos, e mesmo os espaços que eram importantes no desenvolvimento do estado, a gente percebe que cada vez mais nós estamos perdendo profissionais importantes dos institutos de pesquisa do estado de São Paulo, indo para a estrutura privada.

Muitos saindo, indo para a universidade, indo para a estrutura privada, porque a gente não vê no estado de São Paulo essa preocupação com o desenvolvimento em pesquisa no nosso estado. Então, quando a gente olha para o projeto ora apresentado, muitos acham que estão tratando só a questão de salário, e não é só a questão de salário.

Não é só a questão de carreira, é um desmonte efetivo da pesquisa no estado de São Paulo, porque a hora que eu não valorizo o trabalhador, a hora que eu não valorizo a carreira, a hora que eu crio um projeto que eles apresentam de lei que tira direito efetivo do conjunto dos servidores que atuam em pesquisa no estado de São Paulo é o meio caminho para que as pessoas comecem a migrar para outras estruturas de pesquisas privadas no estado de São Paulo, Brasil afora, porque, efetivamente, não tem um compromisso do governador do estado de São Paulo para valorizar os pesquisadores aqui no nosso estado.

E nós sabemos que quem está hoje na estrutura da pesquisa no estado de São Paulo são pessoas comprometidas, são pessoas que têm um tempo integral, que têm uma valorização e uma responsabilidade por aquilo que fazem.

Então nós sabemos que hoje um servidor público tem amor pelo que faz, não está na carreira, não é simplesmente pela questão salarial. Agora, a questão salarial é importante, a carreira é importante, a progressão na carreira é importante, nós sabemos.

Eu venho do setor privado, mas negociava a carreira dos trabalhadores do serviço público do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, e mesmo em banco privado nós tínhamos adicional por tempo de serviço, porque nós sabemos que quanto mais tempo a pessoa fica no emprego, quanto mais tempo ela fica na empresa, quanto mais tempo ela fica no serviço público ela tem que ser valorizada.

E hoje você acabar com a adicional por tempo de serviço, criar uma bonificação, isso não ajuda a melhorar e valorizar o servidor público do estado de São Paulo que atua na área da Pesquisa.

Esse projeto vai desmontando passo a passo o que hoje os trabalhadores da pesquisa do estado de São Paulo têm de prioridade. Então a questão mesmo da revogação do regime de tempo integral, hoje, garante uma dedicação exclusiva e engajamento contínuo dos pesquisadores.

A assunção da jornada de 40 horas semanais é vista como inadequada pela natureza da pesquisa científica, que exige flexibilidade, disponibilidade permanente e acompanhamento contínuo. E o fim do RTI representa risco à qualidade e à (Inaudível.) das pesquisas.

Então nós estamos trazendo aqui alguns elementos a quem está nos acompanhando, porque a gente percebe o que o Governo do Estado de São Paulo, o Tarcísio quer com os pesquisadores dos institutos paulistas que atuam hoje fortemente na área de pós-graduação e na orientação acadêmica.

Sabemos que vai ter mudança na carreira e podem prejudicar programas de excelência já avaliados e recomendados pela Capes aqui no estado de São Paulo. Há risco de enfraquecer a formação de novas gerações de pesquisadores. E a gente percebe que isso tem sido feito em todas as carreiras do serviço público do estado de São Paulo.

Então nós não podemos aprovar um projeto como esse, um projeto que cria divergência mesmo dentro da carreira, um projeto que vai desmontando aquilo que nós precisamos olhar no futuro do nosso estado, seja na Agricultura, seja na Saúde, seja na Educação, seja no Meio Ambiente.

Nós precisamos ter pessoas comprometidas o tempo todo pensando no desenvolvimento do estado. E quem está hoje no instituto de pesquisa pensa a longo prazo. Ele vai pesquisando, ele vai avaliando, ele vai criando condição de, no futuro, resolver problemas que muitas vezes aparecem no dia de hoje, mas a solução vai acontecer no longo prazo.

Esses dias eu estava dialogando com um grupo de médicos do Hospital das Clínicas, lá da região de Ribeirão Preto, e eles comentando para a gente: “Olha, Marcolino...” E eu fiz uma pergunta: “Por que tem tantos jovens aqui fazendo hemodiálise?” Pessoas, Donato, com 25, 30, 35 anos fazendo hemodiálise. Dos 18 equipamentos que tinha, praticamente doze, que estavam ali, eram jovens fazendo hemodiálise.

E aquele professor se voltou para a gente e falou “Olha, Marcolino, é que aqui o problema da água, do saneamento básico na região de Ribeirão Preto, é tão atenuante que muitas pessoas estão fazendo (Inaudível.) de hemodiálise em virtude do saneamento básico da região.”

E por que isso acontece? Porque esse professor que estava ali há muito tempo, como o professor do Hospital das Clínicas, professor universitário, e estava ali atuando também como médico, como coordenador daquela equipe, é uma pessoa que está preocupada não só em atender o paciente, está preocupada em saber a origem do problema da hemodiálise para buscar uma solução.

E é isso que os pesquisadores fazem no estado de São Paulo. Aparece um problema, eles vão atrás, vão criando condição para resolver o problema, mas para isso tem que ter investimento, para isso tem que ter carreira, para isso tem que ter preocupação do Governo do Estado de São Paulo em valorizar os servidores que atuam na área da Pesquisa. E não é isso que o governador Tarcísio vem fazendo neste momento com esse projeto.

Então para a gente é muito ruim. A bancada do Partido dos Trabalhadores não vai votar a favor do projeto como foi apresentado. Tivemos audiência pública, fizemos proposta de adequar, de melhorar, de criar a condição dos servidores hoje, que acompanham a Pesquisa no estado de São Paulo. Ter uma valorização efetiva. Porque são pessoas que já deram muito pelo estado de São Paulo, deram a vida, deram a instituição da carreira.

Muitos de vocês que estão aqui hoje, vocês deixaram de ver o filho crescer, a filha crescer, porque a pesquisa era muito importante para vocês. E em momento importante da vida de vocês, vocês estavam comprometidos com o desenvolvimento da Pesquisa no estado de São Paulo.

Então para a gente é um crime o que o governador Tarcísio está fazendo neste momento com o projeto ora apresentado. Então votaremos contrário ao projeto que foi apresentado pelo governador Tarcísio.

Propusemos que fossem feitas adequações, sugestões, alterações e, mesmo assim, a base do Governo não acatou as nossas emendas. E nós votaremos contrário ao projeto ora apresentado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

A SRA. THAINARA FARIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado. Pela ordem, deputada.

 

A SRA. THAINARA FARIA - PT - Gostaria de pedir uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Antes, porém, eu queria só anunciar aqui a presença, agradecer a presença do nosso ex-deputado, sempre deputado Aldo Demarchi. Ele teve poucos mandatos aqui nesta Casa, seis mandatos somente.

Duas vezes, segundo secretário da Mesa Diretora, prefeito também de Rio Claro. Quer dizer, tem uma história no estado de São Paulo, na vida pública. Deputado, muito prazer receber o senhor aqui. Uma alegria ter o senhor aqui visitando a gente nesta tarde. (Palmas.)

Vamos chamar aqui para fazer verificação de presença. Está aqui o Fábio Faria, que está aqui na frente. E o Itamar Borges, que está aqui também, já pronto para fazer. Deputado Itamar Borges e deputado Fábio Faria.

Descansar um pouquinho o deputado Xerife.

 

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- Verificação de presença.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. André do Prado.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum regimental, agradeço ao deputado Itamar Borges e ao deputado Fábio Faria de Sá pela verificação de presença.

E devolvo a palavra para... Devolvo, não. Passo a palavra, para discutir contra... Com a palavra o líder, deputado Donato.

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Gilmaci Santos.

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Enquanto o deputado Donato vai até a tribuna, eu queria aqui, presidente, parabenizar, saudar aqui o nosso nobre deputado Felipe Franco, que hoje está fazendo aniversário. O jovem deputado Felipe Franco. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Parabéns, deputado Felipe Franco. Que Deus abençoe.

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Parabéns, Felipe Franco. Deus abençoe você.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Aniversariante aqui, trabalhando. Parabéns, deputado Felipe Franco.

Com a palavra o deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos que nos acompanham nas galerias. Parabéns à associação pela luta. Nesses meses todos, a gente acompanhou de perto a movimentação de vocês.

E consideramos muito justa a causa que vocês vêm defendendo. Nesse processo todo, a gente, mais uma vez, constatou que o governo escuta, mas não ouve. Abre algum espaço de escuta, mas é como se esse espaço não existisse.

Existiu uma conversa, com o secretário Arthur Lima, depois de meses. Prometida, desmarcada várias vezes, aconteceu quinta-feira passada. Aconteceu uma audiência pública hoje e nada se mexe no projeto.

Então são espaços de faz de conta, onde não tem uma verdadeira troca, e não se avança em relação ao projeto. Eu não vou começar o debate, pelas questões que já foram colocadas, propriamente, do projeto. Porque já vários deputados e deputadas já discorram bastante sobre os problemas desse projeto. Mas eu gostaria de fazer uma reflexão um pouco sobre que país a gente quer.

Porque tem a ver, tem a ver. Até porque, o nosso governador, desde o primeiro dia que sentou na cadeira, imitando o antigo governador, o Doria, pôs na cabeça que ia ser candidato a presidente. Acho que não desistiu. Está mais difícil, mas não desistiu.

Mas um candidato a presidente tem que ter uma visão de país, do que tem que ser feito. A gente vai ver essa visão, na prática, com o que é feito aqui no estado de São Paulo. No mundo todo, a questão da Ciência, da Tecnologia e da Pesquisa, está na ponta de todo projeto de desenvolvimento de uma nação.

A gente está vendo a inteligência artificial, nanotecnologia, essa corrida, no mundo todo, pra quem está na dianteira desses processos. E até a busca pelas terras raras está associada a esse desenvolvimento da tecnologia. E a gente vê, aqui no estado de São Paulo, infelizmente, uma postura de desmonte do que foi construído em décadas.

Vamos lembrar: após as derrotas da elite paulista, em 1930 e 32, quando ela perde o poder, ela cria um novo projeto. Uma coisa central nesse projeto foi a construção, por exemplo, da Universidade de São Paulo.

Ela surge como uma reação da elite paulista derrotada, para, a partir do conhecimento, da formação de quadros, do desenvolvimento de tecnologia, colocar-se na liderança do País. E ela foi bem-sucedida nisso. A criação da Universidade de São Paulo, em 1934, no início, juntando algumas faculdades isoladas, criou esse ambiente universitário, criando a possibilidade do desenvolvimento da Pesquisa.

E foi fundamental para que o estado de São Paulo se desenvolvesse. Quem estava por trás dessa elite, que construiu isso, tinha uma visão desenvolvimentista de industrializar o estado de São Paulo.

Basta falar de Roberto Simonsen, que foi um intelectual, mas foi alguém que atuou claramente pelo desenvolvimento da indústria no Brasil. Então o projeto de desenvolvimento estava associado à universidade e, por conseguinte, à Pesquisa. Esse projeto construiu esse estado grandioso que nós temos hoje. Que, evidentemente, não começou aí, mas teve aí um momento fundamental.

O que a gente vê hoje é o governador Tarcísio submetido a uma outra elite que não quer mais produzir nada. É uma elite que vive da especulação. É uma elite que vive de ganhar dinheiro sem produzir riqueza, sem produzir valor. E a gente vê isso no processo de privatizações.

A gente viu aqui, no caso da Sabesp. A gente viu os fundos que estão por trás disso. A gente viu a atuação do BTG, do André Esteves, que é o grande padrinho da candidatura de Tarcísio de Freitas no mercado financeiro, perante essa elite financeira que não quer desenvolver nada. Ela quer, na verdade, canibalizar o estado, desmontando todas as conquistas, desmontando inclusive o serviço público.

O estado de São Paulo desenvolveu a pesquisa, como eu disse, a partir da USP, mas não só da USP. Ao longo desse tempo, os quadros formados nesse processo todo montaram os institutos de pesquisa, criaram a Fapesp.

Ou seja, toda uma estrutura vigorosa de desenvolvimento da Pesquisa no estado de São Paulo, fundamental para o desenvolvimento do estado. E o que a gente está vendo aqui é o desmonte disso, não só neste momento, com o desmonte da carreira, mas a gente viu em outros momentos.

A gente vê na tentativa de venda das terras, a gente vê permanentemente, por exemplo, no próprio Orçamento agora, a ideia de você desvincular 30% da receita da Fapesp. A Fapesp é 1% dos tributos do estado, vinculado ao desenvolvimento da pesquisa através da Fapesp. A gente viu outras tentativas, muitas aí.

Ao longo desse tempo, quem resistiu, quem fez avançar isso foi a luta dos pesquisadores, a luta dos estudantes, dos professores, da comunidade científica que criou isso tudo, que criou essa potência que é o estado de São Paulo, que lidera todas as atividades de pesquisa no Brasil. Boa parte desse vigor econômico do estado de São Paulo está ligado a isso, está ligado a esse desenvolvimento tecnológico produzido pelos pesquisadores.

Então a gente vê que, na verdade, hoje, a elite industrial que criou esse processo está sendo substituída, e isso é no mundo todo, com a financeirização da economia, por uma elite financeira, que só quer canibalizar o estado, como eu disse, que entrega as nossas empresas para fundos.

A gente viu agora, recentemente, semana passada. A Emae foi privatizada algum tempo atrás por um bilhão de reais, mais ou menos, por um fundo, um tal de Fundo Phoenix, e ninguém sabe o que ele entende de abastecimento e energia, que é a função da Emae. Mas esse fundo agora vendeu para a Sabesp, para a Sabesp privatizada, pelo mesmo bilhão que ele pagou.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Itamar Borges.

 

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Então a gente vê que é todo um esquema montado para facilitar o lucro desses fundos e desses especuladores, que vão para a Sabesp não para melhorar o serviço. Depois de um ano da privatização... Deputada Bebel, eu estive em Assis, problema de falta de água que nunca teve; Jandira, problema; Bom Jesus do Pirapora, problema; Capão Redondo, problema; Itapecerica, problema.

Falta de água, água suja, com o desmonte da Sabesp. Mandam milhares de funcionários embora, em geral aqueles mais qualificados, com salários mais altos, e a gente tem o desmonte da empresa, mas o lucro da Sabesp aumentou enormemente.

Então se trata não do Estado Mínimo, mas do Estado Máximo para eles, para eles poderem lucrar cada vez mais. Então desmontar os institutos, desmontar a carreira dos pesquisadores está num projeto, um projeto que o nosso estado é só um estado de exportação primária. A gente anda por esse interior todo, é cana para todo lado, pouco valor agregado.

Sem pesquisa não vai ter valor agregado nenhum, sem capacidade de inovação, que é hoje o que pauta o lugar que o Brasil pode ter no mundo. O Brasil pode ser simplesmente um fazendão do mundo, de exportar minério e produtos alimentares, ou desenvolver uma indústria. E, para desenvolver uma indústria, desenvolver uma capacidade, agregar valor, tem que ter pesquisa. Tem que ter pesquisa.

E o papel do Estado é fundamental para o desenvolvimento da pesquisa. Isso vale para qualquer país. Nos Estados Unidos, quem desenvolve pesquisa é o Estado, que financia fortemente, enormemente a pesquisa. Não é a iniciativa privada. Ela é parceira em alguns momentos, mas o aporte do Estado é que faz isso. E a gente está abandonando essa possibilidade.

Abandonando porque a gente vai desmontando uma carreira. E eu lamento o caminho escolhido pelo governo, que é um caminho ruim. Vai se mostrar muito ruim até para quem for beneficiado, porque é dividir a categoria. Esse é o caminho que foi escolhido.

Você aumenta os anos do início da carreira, justamente, até porque você precisa atrair novos pesquisadores para a carreira - e é fundamental que se aumente -, mas você não mexe no restante da carreira, você não valoriza o restante daqueles que, durante décadas, seguraram as pontas da Pesquisa no estado de São Paulo.

Aí você vai criar um ambiente - já está criando - de disputa, de profissionais que trabalham juntos, um mais novo, outro mais experiente, que deveriam ter um trabalho de troca, de parceria, e vão ter um trabalho de concorrência, de inimizade. Esse é o pior ambiente organizacional que se pode ter, em qualquer estrutura, e no governo também. Então, criar esse tipo de animosidade é cruel para a categoria.

E aqueles que... Eu entendo; entendo que quem está no início da carreira queira ganhar mais e vê aqui a possibilidade de ganhar bem mais. E é legítimo. Mas lamento dizer que isso vai durar pouco.

Vai durar pouco, porque, na medida em que o subsídio está implantado, você não vai ter a recomposição da carreira ao longo do tempo, com mecanismos básicos de incorporação com o tempo, que eram mecanismos de defesa mínima da estrutura de pesquisa. (Manifestação nas galerias.)

Então, em pouco tempo isso vai se perder. Mas eu não quero atacar ninguém, não, porque eu entendo que o imediato pesa também, eu não quero desconsiderar isso. Mas eu lamento que o governo tenha jogado, na categoria, uns contra os outros.

Porque era possível valorizar o início da carreira e valorizar o conjunto da carreira. (Manifestação nas galerias.) Porque é o seguinte: é uma carreira que, cá entre nós, para o tamanho do estado de São Paulo, é uma carreira muito pequena.

E, portanto, o impacto financeiro de fazer justiça com o conjunto da carreira, da categoria, é minúsculo para o estado de São Paulo, ainda mais quando a gente vê o que o governador está fazendo.

Veja o que está aprovado, e foi apontado aqui na LDO e agora veio na LOA: isenção tributária, sem nenhuma transparência, a gente não sabe para quem, vai de 71 bilhões para 86 bilhões de reais - 15 bilhões de reais. Quinze bilhões de reais de isenção tributária.

Esses dias nós aprovamos uma vergonha aqui. Nós não, que a gente votou contra, mas infelizmente esta Casa aprovou uma vergonha, que é o bolsa-grileiro, que vende terra pública por 10% do valor, gerando um prejuízo de 18 bilhões de reais. (Manifestação nas galerias.)

Então, o problema não é de dinheiro; o problema é de opção política. Para quem se governa: se governa para os grandes, para os grandes latifundiários, para empresas que recebem benefícios, sem nenhuma transparência.

Alguns benefícios podem ser até justificados. Eu acho que se pode ter uma política de benefícios com contrapartidas para a sociedade, mas elas têm que ser absolutamente transparentes, têm que ser mensuráveis, para que a gente tenha, de fato, justiça tributária. E não é o que ocorre.

Agora, quando se trata de uma categoria fundamental, ainda que pequena, no desenvolvimento do estado de São Paulo, aí não tem recursos, aí você tira de um, você congela o restante da categoria para dar um aumento para poucos.

Na verdade, você está tirando no tempo desses aqui para dar para esses; você não está melhorando a carreira, você está simplesmente redistribuindo de maneira injusta, tirando da maioria para dar para alguns poucos. Quando, na verdade, todos mereceriam uma valorização, e essa é a nossa luta aqui. (Manifestação nas galerias.)

 

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- Assume a Presidência o Sr. André do Prado. 

 

* * *

 

A gente espera, e estamos batalhando aqui, tentando obstruir, para que a gente pelo menos não tenha votação hoje, não encerre a discussão, e ainda a gente tenha algum espaço de sensibilizar o governo. Eu sei que é um governo insensível, muito difícil. Como eu disse, é um governo que escuta, mas não ouve; faz que ouve, mas nem escuta nem ouve, na verdade.

Mas a gente vai fazer esse papel aqui, porque a gente acredita que um país que quer ser desenvolvido, quer ser justo com seu povo, precisa ter um desenvolvimento baseado na Ciência, na Tecnologia, na pesquisa, na Educação e não é isso que esse projeto aponta. Muito pelo contrário, ele aponta para o desmonte da pesquisa e isso a gente não vai aceitar.

Por isso, se esse projeto for até o fim, a gente vai votar “não”, mas vamos batalhar até o último momento para ver se cai alguma luz em cima do governador; que ele tome uma Coca-Cola sem metanol e que ele possa, de fato, refletir e mudar esse projeto e contemplar toda a categoria dos pesquisadores.

É isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputado Donato.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado. Antes, porém, convido já o deputado Paulo Fiorilo para discutir contra.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Uma comunicação.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Uma comunicação.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Obrigado, Sr. Presidente. Sr. Presidente, olha só que notícia que reputo bastante importante. Importante e preocupante.

Belo Horizonte, a capital Belo Horizonte, perdeu a oportunidade de ser a primeira capital a aprovar a tarifa zero. Isso porque 30 vereadores votaram contra e dez votaram a favor.

Os vereadores que votaram contra eram a favor, mas, por pressão política do empresariado e, evidentemente, do prefeito, mudaram de ideia. Ou seja, traíram a confiança do povo.

Por quê? Porque estudos realizados pela UFMG projetavam impactos positivos. Segundo esses estudos, de cada um real investido nessa política, ao menos quatro reais seriam fomentados na economia, além, evidentemente, do direito de ir e vir, porque mobilidade urbana e interurbana também é direito de ir e vir. Aliás, um direito consagrado na nossa Constituição. Então seria mais dinheiro na economia, seria mais combate à desigualdade, mas, infelizmente, os vereadores de Belo Horizonte mudaram de ideia. Lamento.

Por isso, Sr. Presidente, muita razão tem o deputado federal Jilmar Tatto. No Brasil, já tem 138 municípios com tarifa zero. E o presidente Lula, a pedido do nosso deputado Jilmar Tatto, que é um entusiasta dessa política, determinou a sua equipe econômica, evidentemente, que faça um estudo de viabilidade. Ou seja, Sr. Presidente, o Lula, nosso presidente, presidente do Brasil, pode se transformar no presidente da tarifa zero. Isso será uma festa para o povo brasileiro.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputado Jorge do Carmo.

 

O SR. DONATO - PT - Presidente, uma questão de ordem, por favor.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pois não, deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - Eu protocolei no “Sem Papel” - pessoalmente, acho que não foi possível - um requerimento de oitiva da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação a respeito do PLC 9, de 2023, com base no Art. 170, § 7º, do Regimento Interno.

Eu gostaria que o senhor pudesse, enfim, deferir esse pedido e a gente pudesse suspender a sessão para fazer essa oitiva, aprofundar o debate na Comissão de Ciência e Tecnologia e poder avançar, compor melhor esse projeto, porque ele não está maduro, tenho certeza, do ponto de vista dos interesses do estado de São Paulo, para ser votado.

Então queria fazer esse pedido a Vossa Excelência.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Donato, estamos no processo de discussão desse projeto. Eu vou receber o documento de V. Exa. e dar sequência ao pedido de V. Exa.; porém, estamos em processo de discussão, estamos prestes a finalizar seis horas de discussão.

A pedido da oposição, principalmente, nós ficamos durante seis meses adiando a votação desse projeto em plenário, discussão e votação. A pedido da oposição, nós fizemos audiência pública no dia de hoje e começamos a discussão desse projeto, o PL 09.

Então eu não acato o pedido de V. Exa. e vou dar sequência à sessão, com o pedido do deputado Paulo Fiorilo. (Manifestação nas galerias.)

 

O SR. DONATO - PT - Presidente, só uma questão simples. Só uma questão simples, presidente. Eu considero que V. Exa. foi muito correto nos acordos que fez com a oposição, tanto da audiência pública quanto em relação ao despacho com o secretário.

Eu não reclamo de V. Exa., eu reclamo do governo, que tem sido insensível, mas eu apelo a V. Exa. mais um esforço para que a gente possa ter esse debate avançando e a gente possa, pela última vez tentar sensibilizar o governo, a gente construir um projeto melhor para toda a categoria, não é para um ou para outro, é para toda a categoria, que a gente considera que é possível e é necessário.

É esse o apelo que eu faço a Vossa Excelência.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Donato, como disse, deputado Donato, é um direito de V. Exa. querer a audiência determinada da comissão. É prerrogativa da Presidência receber ou não com base no Art. 18, inciso II da letra “D”, do nosso Regimento Interno.

Também gostaria de informar que o projeto tem urgência constitucional vencida, e eu acho que nós já fizemos o debate aqui nesta Casa. Eu não vejo possibilidades de mudança, a própria comissão teve presente com o chefe da Casa Civil, que nos informou que não terá alteração nesse projeto. O que tem é essa emenda aditiva que foi mandada para esta Casa por parte do governo, que tornou optativa a mudança de regime para aqueles que assim quiserem.

Então não é obrigatório mais mudança de regime. Foi a emenda aditiva que nós conquistamos com muito debate. Eu acho que foi uma vitória inclusive para o funcionalismo da secretaria, para os pesquisadores, que uma parte quer se manter no regime atual e uma parte quer ir para o regime que foi proposto pelo governo por meio de subsídios. Então, não está sendo obrigatório. Isso foi uma luta desta Casa diante do amadurecimento das discussões que ocorreram. Por isso, eu acho que não tem mais sentido nós adiarmos o debate e a discussão desse projeto.

Tem a palavra o deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. DONATO - PT - Sr. Presidente, quero uma verificação de presença, até para dar tempo de o senhor refletir mais um pouquinho, se possível.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Obrigado, deputado Donato. Faremos uma verificação. O quórum existe. É visível aqui o quórum no plenário. Devolvo a palavra ao deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.)

No momento, deputado Paulo Fiorilo, havia quórum. Vossa Excelência pediu nova verificação de presença. Pela ordem, deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - Como eu vou fazer uso da palavra, eu solicito uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Agora constatado que não há quórum regimental para a sequência da discussão, eu solicito ao deputado Itamar Borges, junto com o deputado Fábio Faria de Sá, que possam fazer uma verificação de presença.

 

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- Verificação de presença.

 

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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum regimental, agradeço ao deputado Itamar Borges, juntamente com o deputado Fábio Faria de Sá. E devolvo a palavra ao deputado Paulo Fiorilo.

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Pois não, Sr. Presidente. Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos acompanham nessa noite. Esse é um debate importante não só para os pesquisadores e para a carreira, mas para o estado de São Paulo, em especial, para aqueles que acreditam na importância da pesquisa, da ciência, aqueles que são da USP, da Unesp e da Unicamp que vieram para cá. A gente tem deputados aqui que se formaram na Unesp. Estou vendo aqui o deputado Bragato, um deputado que tem uma formação sólida por uma universidade estadual.

Outros deputados também passaram por uma universidade estadual ou uma outra universidade. E os que não passaram têm a oportunidade aqui de participar das comissões, de participar dos debates, das reuniões. E sabem a importância que têm os pesquisadores para o estado de São Paulo.

Agora, o que chama a atenção e o que preocupa é que, infelizmente, Sr. Presidente, o governador deste estado, ao longo desses quase três anos, demonstra pouco cuidado com a Ciência, pouco cuidado com os pesquisadores, com os institutos, com a estrutura do estado que deveria servir para avançar nas pesquisas, para fortalecer a Ciência, para buscar saídas em momentos difíceis.

Hoje eu participei da audiência pública, e ali a gente teve algumas informações importantes. Eu vou repetir duas que têm a ver com a pesquisa. Uma é da Unesp. Aliás, eu vou começar com essa. Uma pesquisadora da Unesp, já anos atrás, dois, três anos, descobriu um método de identificar metanol no combustível e também nas bebidas. O teste custa dez reais. Não encontrou patrocínio para poder viabilizar.

Mas, se não fosse a pesquisadora se dedicar em tempo integral, buscar saídas, talvez a gente não tivesse essa alternativa. Se não fosse o Instituto Butantan se debruçar sobre a busca da vacina para a Covid, talvez a gente estivesse ainda utilizando máscaras, isolados. Se não fosse o mundo científico atuar de forma muito firme, talvez a gente não estivesse aqui hoje dialogando sobre o futuro dos pesquisadores.

Mas, infelizmente, como eu disse, esse governo não tem essa preocupação. Eu vou dar aqui alguns exemplos da falta de preocupação do governo. O primeiro deles, e os deputados da base vão se recordar, diz respeito às multas, às penalidades aplicadas na Covid. Nós tivemos um período difícil no País.

E, infelizmente, nós tivemos um presidente neste país, que está condenado, preso em casa, que desrespeitou o tempo todo a legislação, aglomerando, fazendo motociata. E esse presidente foi multado no estado de São Paulo. Um milhão. Um milhão de multas.

O que fez o governador Tarcísio, o vassalo do Tarcísio: propôs um projeto de lei para anistiar as multas da Covid. E os deputados da base votaram. Muitos deles que fizeram a defesa da vacina, falaram contra a aglomeração, mas votaram. Base é base. Não é, deputado Conte?

O senhor, que tem sido da base há muito tempo, sabe do que eu estou falando. Inclusive do governador, do prefeito Haddad. Eu acompanhei o senhor na base do Haddad. O senhor sabe disso.

Vou dar um outro exemplo. Esse é mais recente. Aliás, a deputada Beth Sahão estava falando disso agora há pouco. A extinção da Furp. De novo. Aliás, um debate que a gente superou aqui, quem estava na legislatura passada deve se recordar.

Deputada Bebel, Professora Bebel, deputado Enio, deputada Márcia, os deputados e as deputadas da base, foi um esforço hercúleo para não acabar com a Furp. Agora, de novo, o governador vai trazer o projeto de extinção da Furp.

É impressionante como ele gosta de ser contra a Ciência, contra a pesquisa. Vamos lá. Agora, de novo, a gente está vivendo um problema grave sobre o metanol. O governador dá uma declaração - que eu não sei se é infeliz ou se é para copiar o Bolsonaro - dizendo o seguinte: “Bom, eu não entendo de uísque, de gin, de rum. Eu ficaria preocupado se a Coca-Cola fosse contaminada, se tivessem falsificado a Coca-Cola.”

Deixe eu perguntar: o que pensa a família daqueles que morreram porque ingeriram bebida falsificada? O que pensam aqueles que estão de luto de um governador fazendo gracinha numa coletiva que deveria se preocupar em apurar se tem PCC, se não tem PCC, antes de dizer que não tem; de dizer quem é que está sendo preso, quais são os estabelecimentos que estão com problema nas bebidas. Mas tudo isso faz parte dessa ideia de falar contra a ciência, de falar contra aquilo que os pesquisadores vêm defendendo.

Bom, estou falando isso porque eu quero entrar no debate do PLC 09. Bom, mas antes disso, eu acho que é importante um dado. A gente ouviu aqui vários discursos falando sobre a questão da priorização desse Governo de entregar a Sabesp, de valorizar os grileiros e tal.

E aí eu fui dar uma olhada na questão dos orçamentos, mas, em especial, eu queria tratar aqui do orçamento da Agricultura, porque é uma coisa importante. Se a gente está falando que vai criar uma carreira melhor, que vai pagar melhor, a gente devia olhar o orçamento da Secretaria de Agricultura.

A Secretaria de Agricultura, em 2022, tinha um orçamento de 1,1 bilhão; ele liquidou 1,5. Daí, em 2023, já com o governo atual, ele tinha 1,0; ele liquidou 798 milhões. Em 2024, 1,1 orçado; liquidou 1,0. E agora, 2025, até outubro, ele tinha 1,0. Portanto, está diminuindo: 1,1; 1,0; 1,1; 1,0 de novo. E ele só executou, só liquidou até agora 727 milhões.

Essa é uma secretaria que deveria ser valorizada para poder, de fato, remunerar melhor os seus pesquisadores, seus trabalhadores. Mas não é isso que a gente vê. Aliás, o que a gente vê é escândalo, não é? Agora tem um lá que está sendo investigado para saber para onde vai.

Agora, qual é o grande problema? É que essa proposta, que a gente tem segurado, que a gente tem insistido aqui no debate, não resolve o problema de todo mundo. Ela pode resolver uma parte, talvez daqueles que vão ter início na carreira. E início na carreira que a gente também está preocupado. Por quê? Porque a gente não tem concurso público. O último foram 37 vagas.

Eu falei na audiência pública. Eu tenho visitado vários espaços. A gente não tem pesquisadores. Eu acabei de voltar de Capão Redondo, da Apta de lá. Tem uma pesquisadora, uma. Aliás, ela falou que a outra pessoa estava doente e era assistente, não era nem pesquisadora.

E a gente tem pesquisadores aqui de qualidade, reconhecidos internacionalmente. Como é possível o Governo não reconhecer os seus próprios pesquisadores, que são reconhecidos internacionalmente e não são reconhecidos pelo governador? (Manifestação nas galerias.)

Aqueles que estão na carreira há mais tempo estão sendo prejudicados. E, assim, aqueles que estão começando podem ter um salário melhor. Mas e depois? E os que estão no final da carreira? E aqueles que se dedicaram anos e anos? A Bebel está dizendo aqui 40 anos na pesquisa. Que são reconhecidos pelas várias instituições. É desses que nós estamos falando.

Custava o Governo sentar com a categoria, com a representação dos trabalhadores e tentar uma mediação para poder buscar um acordo que pudesse beneficiar a maioria dos pesquisadores? Custava o Governo olhar para aqueles que deram o seu sangue, o seu suor, o seu tempo, fazendo pesquisa neste Estado? Não, não fazem isso. (Manifestação nas galerias.) Preferem dividir a categoria.

E dividir a categoria, deputado Gilmaci, líder do Governo... O senhor, que conduziu hoje a audiência pública com rigor - na minha opinião - desnecessário... Porque eu já lhe dei um presente lá atrás, que o senhor não deve estar usando, que poderia ajudar muito o senhor na flexibilização. Eu insisto, porque eu te dei um bambolê, não foi?

Então o senhor deveria usar esse bambolê, porque isso resolveria essa questão da inflexibilidade. É impressionante...

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Paulo Fiorilo, peço desculpas à V. Exa., mas finalizamos esta primeira sessão extraordinária. Tem um tempo remanescente para V. Exa. para a próxima sessão extraordinária.

Não havendo mais nada a tratar nesta sessão, está encerrada a sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 19 horas e 24 minutos.

 

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