19 DE SETEMBRO DE 2025

50ª SESSÃO SOLENE SOBRE A GREVE DE 1985: 40 ANOS DE RESISTÊNCIA E CONQUISTA

        

Presidência: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

        

RESUMO

        

1 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Assume a Presidência e abre a sessão às 10h31min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Faz leitura sobre a Greve de 1985. Anuncia a composição da Mesa. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

        

3 - PRESIDENTE LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Informa que a Presidência efetiva convocara a presente solenidade para homenagear a "Greve de 1985: 40 anos de resistência e conquista", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Discorre sobre a Greve de 1985. Diz ser esta uma solenidade para o reconhecimento desse momento que promoveu a união das categorias. Destaca a recuperação da dignidade, a valorização da categoria e a readequação salarial. Afirma ser uma honra realizar esta sessão solene e homenagear uma história de resistência e conquista. Ressalta o compromisso com o presente e o futuro. Diz que a Greve não é somente uma página do passado, mas um símbolo permanente. Agradece a todas as autoridades presentes.

        

4 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de vídeo sobre a Greve de 1985.

        

5 - IVONE SILVA

Presidente do Instituto Lula e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, faz pronunciamento.

        

6 - LUIZINHO AZEVEDO

Dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, faz pronunciamento.

        

7 - JOÃO VACCARI NETO

Presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região entre 2000 e 2005, faz pronunciamento.

        

8 - GILMAR CARNEIRO

Presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região entre 1991 e 1994, faz pronunciamento.

        

9 - ALINE MOLINA GOMES AMORIM

Diretora-presidente da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo, faz pronunciamento.

        

10 - NEIVA RIBEIRO

Presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, faz pronunciamento.

        

11 - JUVANDIA MOREIRA LEITE

Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e vice-presidente da Direção Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores, faz pronunciamento.

        

12 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de vídeo em homenagem aos companheiros, que já não estão mais aqui, que lutaram incansavelmente por justiça, dignidade e melhores condições de trabalho. Anuncia homenagem, com entrega de placa comemorativa, àqueles que foram protagonistas da Greve de 1985; e uma homenagem especial e reconhecimento público a João Vaccari Neto, Gilmar Carneiro e Luizinho Azevedo.

        

13 - DAVI ZAIA

Ex-deputado estadual e homenageado, faz pronunciamento.

        

14 - SONIA ESTELA DA SILVA

Homenageada, faz pronunciamento.

        

15 - ANTONIO CARLOS LOPES FERNANDES

Homenageado, faz pronunciamento.

        

16 - OLIVER SIMIONI

Homenageado, faz pronunciamento.

        

17 - JOSÉ CARLOS DA SILVA

Homenageado, faz pronunciamento.

        

18 - FRANCISCO ANTÔNIO CINQUAROLI

Homenageado, faz pronunciamento.

        

19 - PAULO OKAMOTTO

Homenageado, faz pronunciamento.

        

20 - PRESIDENTE LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Lembra que, durante a Greve de 1985, tinha 15 anos e que, mesmo assim, ajudou a Greve por ser do grêmio estudantil. Ressalta que a Greve teve a participação de diversas categorias, com a busca de dignidade e justiça social. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 12h38min.

        

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ÍNTEGRA

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luiz Claudio Marcolino.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, muito bom dia. Sejam todos muito bem-vindos à Assembleia Legislativa de São Paulo. Peço, por gentileza, que se acomodem aos seus lugares, porque estamos iniciando a nossa sessão solene. Esta sessão solene tem a finalidade de celebrar a resistência e conquistas da greve realizada pela categoria bancária em 1985.

Em setembro de 1985, o Brasil vivia um momento de grande transição. Saímos da sombra de uma ditadura de 20 anos e víamos nascer, ainda com dores e incertezas, a democracia. Nesse contexto, os bancários do Brasil, com coragem, criatividade e organização, paralisaram o sistema financeiro em uma greve que entrou para a história da classe trabalhadora.

A frase “Se não sacou, é bom sacar; os bancários vão parar” ecoou nas ruas, nas filas dos bancos e nos corações de um povo que se reconheceu na luta justa por direitos, por respeito e dignidade. Hoje, 40 anos depois, celebramos não apenas uma greve, mas uma aula de cidadania, de resistência e de transformação social.

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp, pelo canal do YouTube da Alesp e do deputado Marcolino, como também em suas redes sociais, além dos canais oficiais do Sindicato dos Bancários de São Paulo, como o SP Bancários.

Neste momento, convido com muita satisfação para compor a Mesa Diretora o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, presidente e proponente desta solenidade. (Palmas.) Convido também Juvandia Moreira Leite, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e vice-presidenta da executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores, a CUT. (Palmas.)

Convido também, com muita satisfação, Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. (Palmas.) Faço o convite para Aline Molina Gomes Amorim, diretora-presidenta da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo. (Palmas.)

Convido também para compor a Mesa Gilmar Carneiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região entre 1991 e 1994. (Palmas.) Convido também João Vaccari Neto, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região entre 2000 e 2005. (Palmas.) E convido também Luiz Azevedo, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região de 1979 a 1990, e deputado estadual de 1991 a 1995. (Palmas.)

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Registramos e agradecemos a presença das seguintes personalidades: Ivone Silva, presidenta do Instituto Lula. (Palmas.) Davi Zaia, sempre deputado estadual. (Palmas.) Washington Carvalho, presidente do Sindicato dos Ex-Funcionários CMTC e Trabalhadores de Transportes. (Palmas.) Marcelo Martins da Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de Barretos. (Palmas.)

Roberto Carlos Vicentin, presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva. (Palmas.) Fábio Escobar, presidente do Sindicato dos Bancários de Assis e Região. (Palmas.) Flavio Monteiro Moraes, presidente da Bancredi. (Palmas.) Maria Rosani, presidente da Afubesp. (Palmas.) Ana Lúcia de Camargo, diretora da Associação dos Bancários Aposentados. (Palmas.)

Neste momento, passo a palavra ao proponente desta sessão solene, o deputado estadual Luiz Claudio Marcolino. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Bom dia a todos, bom dia a todas. Iniciando os nossos trabalhos nos termos regimentais, senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação, com a finalidade de celebrar as resistências e conquistas da greve realizada pela categoria bancária em 1985.

 Queria aproveitar este momento. É com enorme alegria e profundo respeito que abrimos esta Sessão Solene em Homenagem Aos 40 Anos da Histórica Greve Nacional dos Bancários de 1985, que mobilizou mais de 500 mil trabalhadores e trabalhadoras, e parou o sistema financeiro brasileiro.

Hoje, esta Casa Legislativa se transforma em um espaço de memória, de reconhecimento e de reafirmação da luta da classe trabalhadora brasileira. Em setembro de 1985, homens e mulheres, bancários e bancárias, tiveram a coragem de enfrentar um dos setores mais poderosos do País e mostraram que quando a categoria se une, ela é capaz de conquistar direitos e transformar realidades.

Aquela greve não foi apenas por salários. Foi uma luta por dignidade, por democracia, por valorização do trabalho. Com apoio da CUT, a Greve de 1985 ganhou apoio da opinião pública e foi vitoriosa ao conquistar o reajuste salarial de 90,78% e antecipação de 25% diante da inflação galopante, que na época corroía a renda dos trabalhadores em dez por cento ao mês. Olha o desafio aqui da Juvandia e dos demais membros da Comissão: 100% de reajuste; 98% da Greve de 1985.

Naquele contexto, a redemocratização do Brasil ao final de uma ditadura militar de 20 anos, a greve dos bancários ajudou a abrir caminhos, mostrou que a força organizada dos trabalhadores poderia enfrentar banqueiros e governos, conquistar avanços e inspirar outras categorias. Por isso, a Greve de 1985 foi um divisor de águas, não só para os bancários, mas para todo o movimento sindical brasileiro.

Quero destacar que, embora eu ainda fosse um estudante em 1985, aquele ambiente político-social inspirou a trajetória que levou ao sindicalismo e à presidência do Sindicato dos Bancários de Osasco, São Paulo e Região. Hoje, como deputado estadual, é uma honra imensa poder realizar esta sessão em parceria com o Sindicato dos Bancários e trazer para dentro da Assembleia Legislativa essa história de resistência e conquista.

Aqui estão dirigentes, bancários e bancárias, funcionários e funcionárias dos sindicatos que fizeram parte daquele momento, que enfrentaram riscos, desafios e repressão, mas também colheram vitórias que repercutem até hoje. Reajustes, benefícios, como a convenção coletiva nacional, a PLR, a jornada de seis horas, o vale-refeição, o auxílio-creche e tantas outras conquistas que nasceram e se fortaleceram a partir daquela greve.

Celebrar esses 40 anos é também reafirmar nosso compromisso com o presente e com o futuro. Vivemos tempos em que os direitos dos trabalhadores continuam sob ameaça. Lembrar da coragem de 1985 é renovar nossa disposição de luta, de organização e de unidade nacional.

Por isso, nesta abertura, quero lembrar que a Greve de 1985 não é apenas uma página do passado. Ela é um símbolo permanente daquilo que somos capazes de fazer quando estamos juntos: defender empregos, ampliar direitos, fortalecer a democracia e manter viva a chama da justiça social.

O meu muito obrigado a todos e todas que participam desta sessão solene. (Palmas.)

E queria já agradecer aqui à Juvandia Moreira Leite, que é a nossa presidenta da Confederação Nacional de Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT; Aline Molina, nossa presidenta da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Estado de São Paulo; Neiva Ribeiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, com a qual nós temos a parceria desta sessão solene, com o Sindicato, com a Federação e com a nossa Confederação.

Queria agradecer também a presença de Gilmar Carneiro, que foi presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região; João Vaccari Neto, também presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, que participaram desse processo ativamente, dessa Greve de 85; Luizinho Azevedo, também sendo deputado foi diretor do Sindicato 79 a 90, também deputado estadual e também participou dessa Greve de 85.

E quero aproveitar e já chamar Ivone Silva, que também foi presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, também para compor a Mesa aqui junto com a gente.

Então seja bem-vinda, Ivone. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos o deputado Luiz Claudio Marcolino e, neste momento, vamos assistir a um vídeo sobre a Greve de 1985, produzido pela Secretaria de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, convidamos a fazer o uso da palavra Ivone Silva, presidenta do Instituto Lula e ex-presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo. (Palmas.)

 

A SRA. IVONE SILVA - Bom dia. Bom, eu fico muito feliz aqui com essa homenagem a todos que participaram da Greve de 1985. Queria dizer que eu não participei, eu estava até falando com o pessoal aqui.

Eu entrei na categoria em 1989. E 1985, eu tenho poucas lembranças dessa greve, mas já a de 1986 eu tenho, porque eu estava comentando com o pessoal que eu fui demitida, fui sacar meu fundo de garantia e os bancos todos em greve. Então eu vi toda aquela movimentação e aquela vida política.

Mas o Sindicato dos Bancários, assim acho que como todo mundo na época, já havia toda essa movimentação de um sindicato que não pensava para nós, que estávamos fora da categoria, não era uma coisa que pensava só na categoria, porque quando a gente ia para...

Vendo a movimentação nas ruas, o que a gente via era o seguinte, não eram só palavras de reivindicações para a sua própria categoria, eram palavras também de democratização, de direitos, também da eleição de candidatos que fizessem, vamos dizer assim, que fossem para o Congresso com a pauta da classe trabalhadora.

Então, já era muito mais amplo, porque a gente vinha de um final de uma ditadura, o nascimento de uma nova classe trabalhadora. Vamos lembrar aí que o Partido dos Trabalhadores foi criado em 1980 por vários movimentos, depois foi criada a CUT, em 1983, então era muito recente.

E quando eu entrei na categoria em 1989, já tinha todo esse movimento, que tinha sido organizado por quem veio antes de mim, que enfrentou uma ditadura. Então vários que estão aqui hoje neste plenário foram presos, foram perseguidos pela ditadura, sofreram muito.

E, quando eu cheguei na categoria, em 1989, já tínhamos uma categoria em que vários sindicatos já estavam filiados à Central Única dos Trabalhadores, já estavam em uma organização nacional, o que depois nos permitiu ter uma convenção coletiva nacional, depois ter as conquistas de vários benefícios, porque nós conquistamos muito, fizemos muita greve. Lembro aí quando eu entrei na categoria, não tinha ticket-refeição, não tinha ticket-alimentação, não tinha PLR, várias das coisas que nós temos hoje.

Então, eu fico muito honrada de estar aqui hoje, com várias pessoas que participaram dessa greve, que pavimentaram todo o caminho para nós, para nós hoje termos no País um Partido dos Trabalhadores que realmente faz a pauta para os trabalhadores, e uma Central Única dos Trabalhadores que faz realmente toda a luta para que a classe trabalhadora tenha seus direitos reconhecidos, tenha seus direitos ali fincados realmente na nossa democracia.

E nós sabemos que todo esse movimento que teve a categoria bancária e várias outras categorias, várias outras greves e movimentos dos trabalhadores, permitiu que a gente tivesse uma constituinte e que hoje nós temos vários direitos que estão ali na nossa Constituição - que agora querem derrubar. Uma delas é a gente ter o SUS. Não vou citar todas, mas hoje ter SUS, hoje os trabalhadores terem direito à greve, mas vários outros trabalhadores ainda não têm.

Então eu fico muito orgulhosa de ter presidido esse Sindicato de 2017 a 2023, mas já tendo pessoas lá atrás que lutaram muito para a liberdade, para nós podermos fazer greve, para nós podermos realmente ter uma negociação nacional. Então eu me sinto muito honrada de estar aqui e muito agradecida por quem veio antes de mim e participou desse grande movimento dos bancários de 1985.

Parabéns a todos que participaram e parabéns a toda a categoria, que até hoje resiste e até hoje, realmente, não faz só a luta para os bancários, faz uma luta hoje, principalmente nesse momento, para um país democrático, um país com direitos realmente para a classe trabalhadora e para todos os cidadãos.

Obrigada. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Ivone, pelas suas palavras. E gostaríamos de registrar também a presença de Wanderley Ramazzini, presidente do Sindicato dos Bancários de Guarulhos.

Neste momento, convido para fazer uso da palavra Luizinho Azevedo, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, de 1979 a 1990, deputado estadual de 1991 a 1995. Você tem cinco minutos de fala.

 

O SR. LUIZINHO AZEVEDO - Como eu fui deputado, eu posso quebrar um pouco aqui o protocolo. Eu queria pedir para que todos vocês ficassem de pé para nós fazermos um protesto. Por favor. E esse protesto é um protesto e uma manifestação de apoio à presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, à presidente da Federação e à presidente da Confederação, para que eles, nessa luta, um protesto contra as demissões no Banco Itaú.

E, aproveitando que vocês estão de pé, eu queria fazer uma homenagem àqueles camaradas que nos deixaram, que são muitos, em nome de quatro pessoas - mas foram muitos que nos deixaram. Augusto Campos, Luiz Gushiken, Nelson Silva e o ex-deputado Marcos Martins, recentemente. Companheiros, muito obrigado.

Há 40 anos, bancários do Brasil inteiro paralisaram os bancos e atenderam um chamado de uma voz rouca que, nas passeatas que saíam da Praça Antônio Prado, seguiam pela Avenida São João, ocupavam a Ipiranga e em direção à São Luís... Ouviam o Gilmar Carneiro dos Santos, que está aqui junto conosco, que gritava: “Tem que dar, tem que dar, senão vamos parar”. Quem se lembra disso?

Foi um movimento fenomenal, porque nós conseguimos fazer a união, de contínuo a gerente, em um processo de mobilização que tinha estratégia. Uma estratégia que foi combinada nos dias 6, 7 e 8 de junho, no Rio de Janeiro, quando nós decidimos que, em face das experiências das greves de 78, de 79 e da operação que nós fizemos de 80, que nós precisávamos ter três coisas.

Primeiro, nós tínhamos que ter uma bandeira fácil de ser assimilada pela categoria. Segundo, nós tínhamos que conquistar a opinião pública. Terceiro, nós tínhamos que unir os setores bancários todinhos e conquistar os comissionados. Luiz Gushiken queria que a gente usasse terno e gravata, inclusive.

Naquela estratégia, nos dias 6, 7 e 8, nós montamos um calendário que ia até o dia 10 de setembro, com datas para assembleia, dados para passeata, dados para manifestações, para atos.

E esse conjunto todo armou a militância do Banco do Brasil, do Banespa, do BNB, do Basa e dos bancos estaduais, Banerj, Banestado, Banrisul, no País inteiro, que recebiam uma folha bancária, mandada principalmente pelo Augusto Campos, via Direp, e armou todo mundo para que a gente pudesse...

Aqueles dirigentes acomodados que não seguissem o comando unitário, no qual tiveram destaque na sua atuação duas pessoas que eu gostaria de citar, dentre outras, o próprio camarada que está aqui, que é o deputado estadual Davi, e o Eribelto, se não me engano o nome, que era da Federação, mas que teve um papel importante para a construção da unidade.

 Eu queria dizer a vocês que naquela greve nós não conquistamos apenas a incorporação dos 25%, nós recuperamos a dignidade da categoria bancária. Nós fizemos com que aquela juventude estudantil que trabalhava nos bancos tivesse um momento de libertação da imensa opressão que existia e que agora está redobrada nos bancos.

Porque a opressão de hoje não é direta pelo chefe, ela é feita pelo computador, ela é feita no celular, porque a opressão de hoje é imensa. Ser dirigente sindical hoje dos bancários - uma categoria menor, mas tão importante e relevante quanto naquela época - é difícil, e eu acho que nós temos que fazer uma homenagem a todos que são dirigentes que estão na luta, militantes, lutando em defesa dessa categoria, porque juntos construíram e sempre estiveram na luta da classe trabalhadora como um todo.

Os bancários, naquela Greve de 1985, revelaram uma forma de fazer sindicalismo que dava continuidade àquele sindicalismo iniciado na greve da Saab-Scania, no ABC, e que Lula liderou junto com Paulo Okamotto, que está aqui junto com a gente.

Aquela greve que fez com que nós fôssemos avançando em 86, 87, 88, 89, e que colocou em postos relevantes deste país inúmeras lideranças bancárias que eu encontrei por tudo quanto é canto.

Dali se projetou o Jorge Perez, lá de Pernambuco, que está aqui entre nós. Dali se projetou o camarada, o Helton, que hoje é ministro, que era bancário e que construiu a oposição. Ali se projetou o Zé Pimentel, que foi senador depois. Projetou-se o Paulo Bernardo, que chegou a ser ministro, o Olívio Dutra já era expoente importante.

Mas foi ali que José Fortunati virou uma grande liderança, e muitos outros que se espalharam por esse país todo, e a gente foi elegendo deputados, foi colocando prefeitos, governadores, como o Zeca do PT do Mato Grosso.

A greve, ela teve um impacto, porque ela foi muito além da categoria bancária, porque nós conseguimos dialogar com a opinião pública. A nossa mensagem: “se você não sacou, é bom sacar; os bancários vão parar”, tinha por objetivo três coisas. Primeiro: revelar para a opinião pública que nós não queríamos prejudicar os clientes, que era bom eles fazerem isso antes.

Segundo: usar o saque como um instrumento de pressão sobre os banqueiros para forçá-los a negociar. E, terceiro: conquistar de fato a opinião pública. Daí porque nós não usamos a palavra “piquete”. Usamos “comissão de esclarecimento”, que era para que o pessoal não visse que a gente estava forçando os bancários a ficarem do lado de fora. Porque no piquete eles fizeram uma repressão violenta em 1979 e que causou aquele quebra-quebra.

Naquela Greve de 1985, a gente já tinha uma discussão no Banco do Brasil em que o governo já queria, naquela época, acabar com a conta movimento no Banco do Brasil e, ao acabar com a conta movimento, iniciou-se um processo privatista no Banco do Brasil que transformou completamente o Banco.

Porque hoje nós temos um banco, continua tendo o seu papel, mas infelizmente ainda está longe de ser o banco público que nós sempre defendemos. E ali se consolidou uma estratégia de privatização que atingiu os bancos estaduais por todo o País e que culminou na privatização do Banespa, depois de uma histórica e heroica resistência dos bancários do Banespa, que tem que ser registrada.

E aqui nós temos duas pessoas que eu queria homenagear; três, na verdade. Em primeiro lugar, a grande liderança lá de Catanduva, o nosso companheiro Chico Belo, que travou uma batalha. (Palmas.) Em nome dele, eu quero homenagear todos os dirigentes sindicais do Banespa.

E quero homenagear também o companheiro Oliver Simioni, que foi um bastião nessa luta, esteve junto com a gente na batalha. E o camarada histórico João Vaccari Neto, que ajudou, por meio da CUT, a espalhar oposições por todo o País.

Então, companheiros e companheiras, para terminar no meu tempo, eu quero dizer uma coisa para vocês, muito simples. Nós só temos que comemorar, apesar das nossas batalhas de hoje serem tão grandes e muitas vezes mais difíceis. Mas a classe trabalhadora nunca teve moleza. A classe trabalhadora sempre esteve no combate.

Nesse combate, a gente contou não só com bancários, com dirigentes, mas também com funcionários dos sindicatos. E, desses funcionários dos sindicatos, eu quero destacar duas pessoas, já que os outros não estão aqui. Já homenageei o Nelson Mota, mas nós temos aqui a companheira Madalena, que foi uma das guerreiras do nosso sindicato. (Palmas.)

E nós temos aqui a Fumacinha. A Fumacinha foi fundamental. Eu gostaria muito de homenagear e falar de muito mais gente, mas que todos se sintam homenageados nesse movimento fundamental.

Companheiro Luiz Marcolino, parabéns pela iniciativa. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Luizinho Azevedo, pelas palavras. Neste momento, convido para fazer o uso da palavra João Vaccari Neto, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região entre 2000 e 2005.

 

O SR. JOÃO VACCARI NETO - Bom dia, companheiros e companheiras. Quero iniciar agradecendo o convite que o deputado Luiz Claudio fez, cumprimentando todos da Mesa. Quero cumprimentar o companheiro Paulo Okamotto, que também foi uma liderança forte, na época, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Quero cumprimentar o Chico Belo, que foi um dos primeiros sindicatos que nós conquistamos no interior, o Sindicato de Catanduva, que foi uma luta dura para vencer as eleições. Também, cumprimentar o companheiro Cacaio, que é aqui de Presidente Prudente, que foi também o resultado da nossa organização no interior de São Paulo; o companheiro Helinho, que é de Assis, que também foi um companheiro militante da época. (Palmas.)

O Roberto, de Jundiaí, que foi um dos fundadores do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e que na época era do Banco Meridional, que participou da luta pelo fim da intervenção no Meridional, que hoje - a história ficou, mas eles pertencem também ao Grupo Santander, tanto quanto eu. (Palmas.) O companheiro Paiva, que fez parte na época do Sindicato de Piracicaba, e o companheiro Davi. (Palmas.)

Eu tenho certeza de que eu esqueci um monte de gente, mas pelo menos esses eu gostaria de citar. E também eu não posso deixar de citar a Madalena, porque a Madalena era funcionária do Sindicato, mas, acima de tudo, ela nos apoiava desde 1978, quando nós estávamos na oposição. (Palmas.) Tinha no Sindicato a Madalena e o Carlão. Eles nos apoiavam e ganhamos eleições e eles continuaram até que se aposentaram no Sindicato.

Eu queria falar um pouco para vocês, que eu acho que é importante, da conjuntura que nós vivíamos naquele momento. Nós vivíamos um momento de grandes mobilizações sociais. Era a greve dos metalúrgicos do ABC, eram os movimentos pelo combate à carestia, por melhores salários, por direitos. Havia manifestações de todos os tipos na cidade de São Paulo.

E é nesse contexto que a gente vai criando um sentimento de mobilização nos bancários. Nós já tínhamos feito uma tentativa de greve aqui nos bancários de São Paulo em 1979, que acabou não dando muito certo, porque não conseguimos fazer a greve e tudo virou um grande conflito com a polícia nas ruas de São Paulo.

Mas já tinha tido experiência de fazer greve também no Rio de Janeiro, que tinha sido uma greve com sucesso pelos sindicatos dos bancários do Rio de Janeiro e pelos sindicatos dos bancários de Porto Alegre. Mas em todos eles havia o mesmo problema: os banqueiros substituíam os bancários com o pessoal de São Paulo ou de outra região de onde tinha greve, porque os bancos são os mesmos, os serviços são os mesmos, era uma substituição fácil.

Então, é daí que nós começamos o debate de que tínhamos que fazer as campanhas nacionais, fazer uma campanha nacional de bancários, com comando unificado, apesar de todas as dificuldades que nós tínhamos, dada a quantidade de divergências que nós tínhamos dentro do movimento sindical bancário.

O primeiro encontro nacional que nós fizemos foi em Joinville, onde se decidiu que nós iríamos fazer a campanha unificada com todos, negociando conjuntamente com os bancos nas várias regiões do País, porque o contrato era diferente. Pernambuco era um, Sergipe era outro, São Paulo era um, Rio era outro, Porto Alegre era outro, e fizemos a partir daí o trabalho de unificação do contrato coletivo de trabalho.

Eu acho que essas coisas são importantes porque foi isso que foi criando um caldo de cultura para a gente fazer a Greve de 1985. Tivemos também as eleições diretas de 1982, em que nós pegamos o compromisso do então candidato a governador André Franco Montoro de que ele permitiria a participação dos trabalhadores na gestão das empresas estatais.

No início houve uma dúvida, mas depois ele honrou o compromisso e fez-se uma lei que permitia a participação dos trabalhadores de todas as empresas estatais, que depois, com o tempo, foi se diluindo e virando participação nos conselhos de administração dessas empresas - que hoje existem, inclusive, nas empresas federais.

Foi fruto daquele momento. Tudo isso conduzia a um grande processo de mobilização. Agora, teve outros movimentos mais significativos também, que relatavam a questão da precisão do ponto de vista de construir o movimento. Um dos grandes movimentos foi o fim da conta movimento do Banco do Brasil.

O que é isso? Outrora, todo o dinheiro do governo federal era movimentado pelo Banco do Brasil, e o governo, em 1985, iniciou o debate e, em 1986, retirou essa conta movimento do Banco do Brasil, que foi um grande debate, intenso, de que isso era errado, nós achávamos que era errado, que ia trazer prejuízo ao conjunto do Banco do Brasil, mas, enfim, foi feito pelo governo da época, que foi o governo Sarney, mas trouxe um grande debate, que era a questão da mobilização política dos trabalhadores.

Eu acho que essas coisas são grandes movimentações que nós fizemos, que resultaram na grande Greve de 1985. Fizemos grandes passeatas, fizemos grandes atos e, depois disso, fizemos grandes conquistas, mudamos a cara do sindicalismo bancário no Brasil e estamos trabalhando ainda no mesmo sentido, que foi a conquista do contrato coletivo nacional, em 1991.

Isso tudo foi resultado de um processo de mobilização que se inicia, o grande momento é a Greve de 1985 e, a partir daí, começa-se o debate sobre a unificação, as cláusulas e tudo isso que traz hoje a gente até onde nós estamos hoje, que são as campanhas nacionais dos bancários.

Então, eu estou colocando isso porque eu acho que foi um movimento intenso, um movimento grande, que permitiu que a gente crescesse a nossa participação em vários setores, não só na direção dos bancos, como também uma coisa que nós não tínhamos, que era participar da gestão dos nossos fundos de previdência, em que passamos a participar também, fruto de toda essa mobilização.

Agora, lógico que nós tínhamos uma categoria que tinha quase 200 mil trabalhadores e que, com as modificações da informática, da tecnologia, isso foi se diminuindo, foi mudando o conceito de trabalho bancário e hoje a gente vive uma realidade completamente diferente.

Mas, acima de tudo, eu quero registrar a resistência que houve do conjunto dos trabalhadores bancários de forma unitária, com todos os seus problemas, com todas as suas divergências, para construir a unidade nacional e que é praticada até hoje, apesar de que ainda continuamos com as divergências, mas continuamos fazendo as campanhas nacionais que originaram e que deram motivação para a greve nacional.

Era isso, companheiros e companheiras, um momento importante. E que fique registrado a nossa persistência na condução dessas lutas, porque somos nós, os trabalhadores, que conduzimos essas lutas e fazemos as transformações sociais.

Obrigado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, João Vaccari Neto, pelas palavras. Neste momento, convido para fazer o uso, Gilmar Carneiro, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região entre 1991 e 1994.

 

O SR. GILMAR CARNEIRO - Bom dia a todas e todos. Na verdade, ser presidente do Sindicato é importante, mas não era relevante. O que era relevante era que, desde quando nós fomos eleitos pela primeira vez, em 1979, eram liberados todos os diretores e todos os diretores podiam negociar com os seus bancos, podiam cuidar de base territorial, podiam fazer o jornal e isso já foi uma revolução. Em vez de liberar sete pessoas, liberava 24 pessoas, e ia liberando mais gente nos conselhos, Direp e Corep, formando quadros.

Então, em uma das prisões nossas, o delegado do Dops perguntou assim: “Sr. Augusto, o senhor é o presidente do Sindicato?”. “Sou”. “Quem manda lá?” - o Augusto daquele jeitão dele: “Quem manda lá é a base”. “E esses boletins, o senhor vê o boletim antes de fazer, o jornalista escrever?”. “Eu, não”. “Quem é que vê?”. “Quem vê é a comissão de imprensa”. “E o senhor faz o quê?”. “Eu boto o meu nome aí porque a lei diz que tem que ter um responsável”. Aí o delegado fala: “Então o seu sindicato é uma zona”. Eu falei: “A democracia é uma zona, mas funciona”. (Palmas.)

Então, esse era o Augusto. Então, assim, quando o Gushiken veio falar comigo para ser candidato em 1979, nós éramos colegas da GV. E a Bete era colega da minha mulher, a Tica. Era um japonês com uma loira e um baiano com uma japonesa, não é? Aí nós começamos a namorar juntos, na inauguração do apartamento em que o Luizinho morava, ali na Avanhandava, ali naquela região. E aí... Eu falei, aí o Gushiken explicando qual é o papel do sindicato.

“E não dá para derrubar a ditadura, não?”. Aí ele falou: “Também dá para lutar contra a ditadura”. Aí eu falei: “Então eu vou. Se for só para fazer campanha salarial, eu não vou”. Nós fizemos GV. Fazer Administração de Empresas para administrar salário não é com a gente, não é? Aí ganhamos e fomos, junto com isso, construindo o PT e a CUT. E ainda ontem eu almoçava com uma jovem que faz doutorado de Comunicação.

E ela falava: “Conte aí como é que era naquela época”. E eu ia contando e ela falava: “Mas é mesmo, é assim?”. Digo: “Mas tem livro que já escreveu sobre isso”. O Luizinho está coordenando um livro sobre os bancários de São Paulo, mas eu acho que tem que escrever sobre o Brasil. Porque a nível de Brasil, a gente não tem ideia, mas o que acontece?

Eu conheço o Banco do Brasil desde 1963. Meu irmão prestou concurso e foi trabalhar no Banco do Brasil. E, graças a esse meu irmão, nós passamos a ter fogão a gás, colchão de mola, que era só colchão de palha. A gente era uma casa camponesa, embora morássemos em uma cidade do interior da Bahia. O Banco do Brasil era a dignidade nacional da cidade grande e da cidade pequena.

E estão destruindo o Banco do Brasil, estão tentando destruir o Banco do Brasil. Estão tentando destruir a Previ, que é o maior fundo de pensão da América Latina. Estão tentando destruir a Previ. Pior ainda, estão tentando destruir a Cassi, que cuida da saúde do banco. Meu pai e minha mãe usaram a Cassi.

Quando minha mãe estava internada no hospital em Salvador, do lado, na enfermaria coletiva, a mulher falou para o marido, que era fazendeiro: “Tem alguma coisa errada neste hospital. Eu estou aqui no meio da enfermaria e a Celina”, que é minha mãe, “está no quarto privado. E eu sou muito mais rica do que ela”. Aí o marido dela falou: “Mas ela tem um filho que é do Banco do Brasil”.

O Banco do Brasil casava com filho de prefeito. O funcionário do Banco do Brasil tinha uma dignidade, era um nome na cidade. Ser funcionário do Banco do Brasil, da Petrobras, da Chesf, das centrais elétricas, das estatais. O que eram as estatais? Era o Brasil do pós-guerra, o Brasil da industrialização. E o Banco do Brasil é isso, o Banco do Nordeste é isso, o Bndes é isso, os bancos estaduais são isso.

O maior crime das privatizações, que fizeram até hoje, foi a privatização do Banespa. O Banespa era o segundo maior negociador da agricultura, da exportação, dessas coisas todas. Tinha 25% da exportação brasileira de grãos - era de São Paulo. E destruído, você tem um monte de cidade hoje que não tem banco nenhum. No Brasil, você tem duas mil cidades que não tem banco. O Brasil está travado.

E nós, governo, nós de esquerda, estamos o quê? Travados juntos. Então, quando a gente fala do Augusto, a comissão resolve, se estamos travados, como é que destrava? É fazendo reunião, fazendo leitura, conhecendo a história, mudando a história. Então, assim, na década de 80 - não vou começar lá com a Bíblia, vou começar na década de 80 - nós tivemos alguns fatos que marcaram o País inteiro.

Nós tínhamos, a nível do Banco do Brasil, e os bancos estaduais que acionam no federal, nós tínhamos gente no Brasil inteiro. No Acre, tinha um rapaz chamado Jorge Streit, maravilhoso, uma liderança extraordinária. O Jorge Peres, aqui, é um filósofo. O Banco do Brasil era cheio de filósofos, gente de muita cultura, de muita vivência. O Banespa também tinha.

Conversar com o Augusto, ele ia lá para casa até duas horas da manhã, três horas da manhã, conversando, contando história. Teve uma campanha salarial que tinha que fazer o gráfico para botar o piso, 50 mais três mil para aumentar o piso. Quando nós tomamos posse no Sindicato, o piso era um salário mínimo vírgula dois. Quando nós saímos da nossa geração, eram quatro salários mínimos.

E bancário hoje ainda é classe média no interior. Meu cunhado tinha supermercado em Araçatuba e em Birigui. Campanha salarial, ele me ligava e dizia: “Gilmar, quando é que vão fechar acordos?” Eu falava: “Por quê?”. “Porque eu tenho que aumentar o estoque no supermercado”.

Ele tinha rede de supermercado em Birigui, em Penápolis, aquela região. Ele tinha que aumentar o estoque, porque quando vinham os tickets atrasados, o pessoal lá comprava no supermercado para a família inteira, churrasco. Era uma farra. Com os tickets dos bancários do Brasil inteiro. Então, afetava a economia local.

E a gente foi para o sindicalismo para construir a democracia com os bancos, no interior da cidade... O Banespa - não acabou o Banespa? Tem o Santander. O Santander é fichinha perto do Banespa. A importância que o Banespa tinha, o Santander não é nada. É um banco estrangeiro para investimento, para ganhar dinheiro. E o Banespa, não; era um banco para desenvolver o estado de São Paulo.

O Luiz Claudio está correndo o estado inteiro discutindo o Orçamento do estado de São Paulo. Tem que ter orçamento participativo, tem que discutir Orçamento com todo mundo, porque qual é a crise econômica que a gente vive hoje, nós assalariados, principalmente? Dolarizaram a economia e não dolarizaram os salários.

Então, assim, privatizaram as políticas públicas e não dolarizaram o salário. Então, o que acontece? Até a década de 60, você ia no convênio médico na Santa Casa, a Santa Casa atendia. Você tomava chá, isso, sarava de chá. Agora, você vai no hospital para tudo. O hospital parece um hotel cinco estrelas, parece um resort e, muitas vezes, não cura.

A mulher fica grávida e falam: “A conta do hospital é oito mil, mas o meu atendimento no parto é 20 mil”, e ela tem que pagar por fora os 20 mil. E aí, meu sogro teve 11 filhos e os 11 filhos fizeram faculdade e quatro são médicos lá do Rio de Janeiro, são oftalmologistas, com doutorado, banca de... Com livro escrito e tudo.

Nós somos sete irmãos do interior da Bahia, nós escolhemos o curso que iríamos fazer, a faculdade que queríamos estudar. Meu irmão foi para o Japão estudar, fazer pós-graduação no Japão, de física, física quântica. Defendeu a tese de doutorado, escreveu a tese em inglês e defendeu a tese em japonês. Física quântica em japonês, esse negócio é de doido.

E, quando o Mercadante e Gushiken iam para o Japão, o meu irmão era intérprete deles lá na embaixada. Quando eu estive lá, meu irmão era intérprete, porque ele trabalhava na embaixada com os decasséguis, essa coisa. Então, assim, nós somos internacionais. Vaccari foi secretário internacional da CUT, fez um trabalho maravilhoso.

E ser internacional é muito interessante. O Luizinho foi no enterro do Tito, não foi? Olha que eu lembro, não é? Na Iugoslávia. A Iugoslávia foi um marco na história da Europa. São seis comunidades, fizeram um país. E foi quem mais combateu o Hitler com os partisans, junto com a Itália. E quem viveu a Segunda Guerra não tem ideia do que é isso. Já vou concluir.

Então, assim, se vocês pedirem para contar a experiência do Oliver... O que foi ser preso dentro do banco com um delegado, com a repressão dentro do Banespa para tirar o Oliver, a gente não tem ideia. Então, assim, eu acho que essas convivências, nós precisamos ter para contar.

E aí a fundação da CUT foi fundamental. O primeiro marco quando nós fundamos da CUT: mataram o Chico Mendes. Até Chico Mendes, qualquer trabalhador que morria ficava por isso mesmo. Quando morreu Chico Mendes, deu repercussão internacional. Mataram o líder comunitário brasileiro, Chico Mendes.

E aí os ruralistas entenderam, e a ditadura também, que: mexeu com o trabalhador agora, mexeu com a classe trabalhadora internacional. Isso é um aprendizado muito bonito. Quando uma diretora nossa, seja a Rita, seja a Giovana, vai discutir a questão da mulher internacionalmente, volta com uma experiência muito rica.

Então, assim, nós temos que ter tempo para estudar, tempo para ler, tempo para refletir. Falar em tempo para ler e refletir, o Paulo Freire nasceu no dia 19 de setembro, nasceu no dia de hoje. E a coisa mais importante hoje em dia, mais do que saber economia - que está cheio de economistas que não sabem de nada, mesmo no PT, fazem um monte de interpretações malucas -, o que é mais importante hoje é a pedagogia.

É ter a paciência de aprender junto, ter a paciência de ensinar e ter a paciência de tolerar. Então, a discussão de agora é anistia. Aí vem o pessoal: “contra a anistia”. Eu acho um absurdo a esquerda falar que é contra anistia. A esquerda é contra não condenar os assassinos, os criminosos e os corruptos. Não é contra a anistia.

Então, essa confusão que nós estamos vivendo agora com o PT, com tudo (Inaudível.), na verdade é: mantém a discussão da anistia, tem que manter as condenações e negocia os dias de prisão. Em vez de ficar cinco anos, vai ficar um ano, mas não se abre mão do processo, para que todos sejam réus primários. Eles não vão deixar de ser réus.

A anistia normal é a pacificação. Agora, tem pacificação com o Bolsonaro? Não tem. Nós temos, como sindicalistas - mais do que sindicalistas, como cidadãos -, nós temos que continuar a luta. Então, eu acho que a questão da greve nacional dos bancários mostrou isso.

Parou, do Acre ao Rio Grande do Sul. E a coisa que eu mais me divertia com os meninos era, quando a gente fazia as nossas greves, que paravam alguns estados, o Jornal Nacional começava assim: “Fracassa a greve nacional dos bancários. Só parou São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Pernambuco, Ceará, Bahia e Brasília”.

Parou 80%, mas não tinha o Acre parado, a Amazônia parada, parado o Pará. Aí, nós nos especializamos em organizar para parar o Brasil inteiro. Aí paramos tudo em 85. Então, assim, nós temos o desafio, junto com São Bernardo...

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Desculpa, por gentileza, Gilmar. Precisamos concluir o tempo.

 

O SR. GILMAR CARNEIRO - Vou concluir. Junto com São Bernardo, nós temos o desafio de avançar a democratização do Brasil. Fazer um acordo, uma frente ampla na defesa da democracia, dos direitos e dos deveres, não ficar discutindo só sindicalismo. Sindicalismo sem realização social não existe.

Nós estamos de parabéns em reunir, refletir direitinho, mas tem que resolver esse negócio desse impasse com o Congresso Nacional, senão vai ter fechamento. A gata aqui está cobrando tempo, mas não tem jeito. Se não alertar vocês... “Mas vocês que são velhos não perceberam.” Então, a gente avisa. Igual quando a mãe fala: “Cuidado, que você cai”. A criança cai. “Por que você caiu?” “Porque minha mãe reclamou.” A culpa é da mãe.

Eu vou parar de falar, mas vou avisar assim: quando vocês quiserem aprofundar essas coisas, vocês me chamem. (Palmas.) Na parte da manhã e da tarde eu estou disponível. Na parte da noite, não. Porque nove horas o Parkinson desliga o corpo. Eu não consigo ver televisão, não consigo ler, não consigo fazer nada. Mas durante o dia eu tenho condições de encher o saco de todo mundo. De dia. (Palmas.)

 

A SRA. NEIVA RIBEIRO - Vamos chamar um debate lá no Sindicato para a gente aprofundar isso. Já está convocado.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Gilmar, pelas belíssimas palavras. E, neste momento, convido para fazer o uso da palavra Aline Molina Gomes Amorim, diretora-presidenta da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito de São Paulo.

 

A SRA. ALINE MOLINA GOMES AMORIM - Falar depois do Vaccari, do Gilmar e da Ivone não é um exercício fácil. Meus óculos estão embaçados aqui, viu, Gilmar? Porque você me emocionou muito. Então, tudo que eu tinha combinado aqui comigo mesma vai dar um... Já não vai ser mais.

Primeiro, eu quero dizer para vocês que uma das coisas mais importantes que eu fiz na minha vida foi tomar a decisão de ser uma militante. E eu comecei a minha militância na Apeoesp, lá em Itaquera. Para quem não sabe, Itaquera é o extremo do extremo do extremo da zona leste de São Paulo. E eu sempre quis ser uma militante.

Quando eu conheci o Sindicato dos Bancários, eu fiquei muito emocionada, porque eu achava tudo muito organizado e, ao mesmo tempo, todo mundo muito solidário. E eu estou achando muito lindo que a gente está fazendo isso aqui. Parabéns, Luiz Claudio. E eu já me adianto, gente, eu não vou citar vocês todos, porque eu vou esquecer alguém e depois eu nunca vou me perdoar.

Então, neste momento eu peço licença para dar aqui a minha homenagem ao Chico Belo, porque eu sou presidenta da Fetec, e a gente conta história do Chico Belo lá, dia e noite. Aproveito também para fazer aqui uma saudação, esteja ele onde ele estiver, ao meu querido amigo e grande liderança, Sebastião Geraldo Cardozo, um grande corintiano.

E uma grande... A minha homenagem também ao Augustão, que sem ele também, sem o Chico Belo e sem o Augustão a gente também não teria construído a nossa Federação, que vem no esteio, a Fetec-SP vem no esteio dessa Greve de 1985. Essa greve, ela é o resultado de um movimento que começa lá em 1978, que muita gente que está aqui nessa sala foi preso, passou por interdito.

E aí eu cito aqui a minha amiga Fumaça, que agora está em réu primário, que agora - mas cuida dele. Eu cito aqui a minha amiga Fumaça, que eu conheci quando eu tinha 18 anos, e ela era militante, já, e já tinha ajudado a construir.

Então, hoje é um momento muito histórico, é um momento que nos emociona muito, porque aqui está o pavimento, aquilo que pavimentou toda a nossa história, o que possibilita hoje que a gente esteja em luta - porque estamos em luta, não é, companheiros? Seria um momento diferente se o Estado Democrático de Direito não estivesse ameaçado, e ele está.

Porque essa greve também nos possibilitou formar grandes lideranças. Grandes lideranças que foram ao Parlamento. Aqui, ainda não citado, Ricardo Berzoini, presidente do nosso Sindicato, que foi deputado federal, foi ministro do governo Lula. E outros que eu vou esquecer. Vocês sabem que tem um período para a mulher aí que chama perimenopausa, que acaba com a memória, a gente vai estudar isso em breve.

E o Gushiken, que é uma pessoa com a qual eu gostaria muito, muito, muito de ter convivido, mas que, lá na Fetec, não há um momento que a gente vai estudar ou vá fazer alguma revista que alguém não me conte uma história muito bonita do Gushiken, que alguém não me conte uma história na qual o Gushiken ensinou uma lição.

E eu hoje, aos 50 anos, sei, viu, João Vaccari, que muita coisa que, quando você me disse que era uma lição e eu não entendi, eu entendo hoje. Então eu quero aqui também saudar o João, ser feliz pra caramba que eu estou vivendo na mesma época que ele, que ele está aqui para que eu possa fazer isso.

E uma grande saudação à Juvandia, porque a Juvandia foi a primeira mulher a presidir o maior sindicato de bancários da América Latina. (Palmas.) E a Juvandia, então, junto com muitas outras mulheres, muitas outras companheiras que eu vi fazerem a luta no nosso Sindicato, é a responsável por eu também poder estar aqui hoje, sendo presidenta de uma entidade. Ela ajudou a pavimentar esse caminho.

E nós, nós aqui todos, temos hoje a responsabilidade de consolidar a democracia no Brasil. E eu dizia ali para o Vaccari: “tristemente a gente continua tendo de lutar pela democracia, e pela democracia burguesa, porque a democracia verdadeira para o trabalhador vai ser outra luta”.

Eu tenho certeza que, lá naquele ano de 2001, no qual nós elegemos um torneiro mecânico, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República, a gente achava que a democracia seria consolidada... Aliás, era um torneiro mecânico, era um trabalhador, era o fundador do maior partido de massa da América Latina, o Partido dos Trabalhadores, que é o meu partido, de que eu me orgulho muito.

Infelizmente, os golpistas não dormiram, não é Ivone? Eles não dormiram um dia, um minuto e um segundo, e eles continuam tentando dar o golpe. E, infelizmente, muitos deles estão vivos e tentando dar o golpe também, e tentaram dar o golpe. E, se o golpe que foi tentado em 2023 tivesse tido êxito, nós não estaríamos aqui, Luiz Claudio.

Você não seria deputado, eu não estaria aqui. Nós estaríamos presos, porque somos de luta. A militância está na nossa veia e a gente ia estar preso. Ia ter gente solta lutando, mas a gente estaria. Então, o meu orgulho é muito grande, muito enorme... Mandaram concluir, aí a gente já fica nervosa.

Mas eu quero falar de um outro orgulho muito grande que eu tenho, que é oriundo da nossa organização, que é a nossa minuta. Nós somos a única categoria no Brasil que tem uma minuta nacional, que é oriunda de uma organização que é nacional, dos trabalhadores. Os bancários têm uma minuta nacional, que é a nossa... Minuta não, desculpa, a minuta é onde eu queria morar, não é, gente?

Na verdade, a gente tem uma convenção coletiva de trabalho que é nacional. E só a gente tem. E não é porque nós somos melhores, mas é porque a nossa luta teve uma organização tanta, tamanha, que a gente conseguiu ter a nossa CCT, que é o nosso maior patrimônio, pelo qual, no ano que vem, a gente vai lutar com unhas e dentes, organizados no nosso Comando Nacional, que é o nosso segundo maior patrimônio, é a nossa unidade. Sem a nossa unidade no Comando Nacional, a gente não teria essa minuta e nem ela consolidada.

Mas eu quero usar um pouquinho mais do meu tempo para dizer de dois desafios. A categoria nossa mudou. Mas não foi só a nossa categoria, o mundo mudou. A tecnologia está aí para dizer para a gente que o novo mundo do trabalho está aí. Uma dúvida que eu não tenho: os trabalhadores estarão organizados e irão à luta, e nós estaremos nessa luta. Nós não sabemos como ela será, ainda não sabemos.

E à nossa geração coube construir essa luta, construir essas alternativas, como à geração do João e de tantos outros que estão aqui coube organizar a luta que culminou em a gente ter essa CCT. Esse é um grande desafio, que eu tenho certeza que todo mundo que está nessa sala está disposto a cumprir, e nós vamos fazer e nós vamos ver.

E a gente vai vir aqui dizer: “A gente fez. Os trabalhadores estão organizados”. Porque enquanto houver trabalhador explorado vai ter organização dos trabalhadores. Sempre teve. Desde a história do mundo teve organização. E o outro nosso grande desafio é lutar bravamente contra a tentativa de retrocesso na nossa sociedade. Esse talvez seja o nosso grande desafio.

Estaremos na rua lutando contra a anistia e contra outras aberrações que vimos nesta semana. E eu tenho certeza que encontrarei todos vocês, como sempre encontro nessas lutas. Eu tenho um orgulho muito grande de lutar ao lado de todos vocês que estão nesta sala, de todos vocês que estão nesta Mesa, de todos vocês que não puderam vir aqui, que estão nos assistindo.

E eu quero fazer um agradecimento muito grande, especial, ao meu Sindicato e à direção toda da Fetec São Paulo, que é uma federação muito importante para a organização da classe trabalhadora bancária.

Muito obrigada e desculpa me exagerar no tempo. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Aline, pelas belas palavras. Gostaríamos de registrar a presença dos diretores eleitos da Caixa de Previdência do Banco do Brasil (Previ): Márcio de Souza, Paula Goto e Wagner Nascimento. (Palmas.)

E agora, neste momento, vamos convidar Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, para fazer o uso da palavra. (Palmas.)

 

A SRA. NEIVA RIBEIRO - Bom dia a todos e a todas. Quero cumprimentar primeiro a Mesa. Saudar aqui a iniciativa do deputado Luiz Claudio Marcolino por fazer este chamado tão importante, fazer este ato político tão emocionante.

Eu, como militante do Sindicato, como... eu também não estava na greve de 85 como a ivone e tantos outros aqui, mas eu fico muito emocionada toda vez que ouço as histórias do nosso Sindicato, da nossa luta. E eu prezo muito por trazer essas histórias, de fazer essas homenagens, de participar dessas homenagens. Fico encantada de ouvir o Gilmar. Se eu pudesse, ficava horas ouvindo-o.

Por isso a gente já fez algumas homenagens. Esse ano já fizemos uma homenagem aqui nos nossos 102 anos da entidade. Vamos fazer uma... Produzimos um documentário que vai sair agora, no dia 1º de outubro - espero que depois todos vão ver -, sobre uma homenagem à nossa convenção coletiva de trabalho. A Contraf fez uma homenagem muito bonita durante a conferência, a nossa 27ª Conferência, sobre a greve dos 40 anos.

E é sempre muito bom ouvir essas histórias para saber de onde nós viemos, como a gente construiu a nossa luta e celebrar as nossas lideranças, celebrar... A gente fez um vídeo, a TVT fez um vídeo lindo sobre um pedacinho da história da Fumaça, que neste ano conseguiu a anistia. (Palmas.) Anistia no sentido verdadeiro. Esse sentido verdadeiro, que o Gilmar falou.

Não a anistia para quem conspira golpe de Estado, para quem vai para fora do País tramar contra a soberania nacional, contra os direitos dos trabalhadores, contra a Economia do País. Não é essa, não é dessa que a gente está falando, mas a verdadeira, de quem lutou para defender o País, defender direitos, para construir esse sindicalismo que o Gilmar falou, que não era um sindicalismo só para defender a questão corporativa - que a gente defende também.

A gente sabe que a nossa base quer que a gente defenda o interesse corporativo da PLR, da melhor condição de trabalho, mas, o tempo todo, a gente quer discutir como os trabalhadores se inserem no debate político nacional, como a gente discute uma democracia de fato. Como a Aline falou, a gente está lutando por uma democracia burguesa, para manter as instituições como elas se constituíram, para além da forma como nós nem fomos consultados para ser.

A gente luta por outra democracia, uma democracia onde a centralidade do trabalho seja respeitada. Mas, para nós, é muito importante celebrar a história, porque estamos no momento de discutir... Nós estamos discutindo a reconfiguração do Sistema Financeiro Nacional: um sistema que tem menos agências, mais agências digitais, menos trabalhadores tradicionais do jeito que a gente conhece e mais especialistas na área de TI.

Nós estamos vivendo o boom da inteligência artificial generativa. A gente teve, nessa questão do Itaú que o Luizinho começou aqui fazendo esse protesto, e a gente agradece muito, porque os trabalhadores do Itaú estão lá no Sindicato organizando plenárias, estão lá com a gente fazendo protesto. Fizemos uma paralisação no Ceic aqui que foi brilhante.

Aliás, eu quero pedir uma salva de palmas para todo mundo que esteve lá no Ceic, no Sindicato. (Palmas.) Nós arrasamos, os trabalhadores estão felizes, estão do lado do Sindicato. Era uma paralisação parcial até meio-dia, ficamos até as quatro da tarde. Vamos voltar, porque a luta vai ser árdua, a luta vai ser difícil. O Itaú está intransigente.

E essa discussão do Itaú abriu debate para muitas outras lutas. Estão vigiando os trabalhadores. A inteligência artificial está fazendo a vigilância, o monitoramento dos trabalhadores dentro de casa, e uma série de outras questões que estão nesse contexto da reconfiguração do Sistema Financeiro Nacional, das relações de trabalho. Nós estamos no centro disso.

E, para a gente fazer as lutas do futuro, a gente precisa entender o passado, de onde a gente veio, quem foram as pessoas que pavimentaram esses caminhos. Essas pessoas lutaram para construir essa convenção coletiva nacional que nós temos, o comando nacional que nós temos, a forma como nós organizamos a nossa Federação, o nosso Sindicato, os nossos fóruns de decisão, que nem sempre são fáceis, não é, Ivone? Aliás, não são nada fáceis.

Mas tudo dentro de uma discussão que eles começaram em uma época de ditadura. Se hoje a gente está sofrendo com os ataques da extrema-direita que dominam as redes sociais, dominam as big techs, conseguem fazer um debate em que a gente está debatendo narrativa o tempo todo, imagine você debater na época da ditadura, que um dia você estava reunido e, no outro dia, você tinha sumido e não sabia onde estava seu companheiro.

Então, tenho muito orgulho de estar à frente desta entidade neste momento, que já foi presidida pela Ivone, pela Juvandia, que tem tantas mulheres brilhantes junto comigo, liderando. Tem homens brilhantes também, mas a gente sempre fala muito das mulheres, porque a gente tem muito orgulho de ser uma entidade feminina, feminista, de mulheres guerreiras que prezam muito pela tradição dos companheiros que nos antecederam.

A gente aprende muito, a gente traz muito para as novas gerações, porque a gente sabe que a gente renova muito no Sindicato. O Luiz sabe, o Vaccari sabe, o Gilmar sabe.

Na nossa celebração dos 102 anos, a gente fez questão de juntar as gerações antigas com as novas, para mostrar que a gente celebra a antiguidade, os nossos anciãos, com todo respeito, mas a gente tem uma juventude grande vindo para o Sindicato, querendo fazer as transformações, a resistência, mas sempre lembrando de onde nós viemos.

Lembrando, sabendo de onde nós viemos, as lutas que nós fizemos, sabendo que essa luta é permanente. Não tem um dia de descanso nessa luta de construção da democracia, de defesa da democracia. Quero dizer para vocês, jovens, que estão chegando: não tem um dia de descanso, não tem um dia de folga.

Eles debateram na época da ditadura, a gente está agora debatendo numa época em que o Trump está ameaçando vir para cima do Banco do Brasil, vir para cima com tarifaço e com outras armas para cima de nós. Mas nós estamos firmes, fortes, defendendo a democracia.

Defendendo os princípios pelos quais a gente foi formado, pelos quais a gente construiu os nossos métodos democráticos, na nossa visão classista de lutar por direitos, de lutar por melhores condições de trabalho, por acordos coletivos discutidos com a classe trabalhadora, mas também discutindo que a gente quer um mundo melhor, com mais dignidade, um mundo sem machismo, sem racismo, sem homofobia, onde os trabalhadores tenham voz, onde a gente um dia construa uma democracia de fato.

E todo esse debate passou por essa greve, passou pelos militantes que estão aqui sendo homenageados hoje, por muitos que não estão, mas que estão presentes na nossa memória.

Muito obrigada.

Parabéns, Luiz Claudio.

Parabéns a todos nós.

Parabéns a todos que participaram dessa Greve de 1985. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada pelas palavras, Neiva. E, neste momento, convido para fazer o uso da palavra Juvandia Moreira Leite, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e vice-presidenta da direção executiva da Central Única dos Trabalhadores. (Palmas.)

 

A SRA. JUVANDIA MOREIRA LEITE - Bom dia, companheiros e companheiras. Quero cumprimentar o nosso companheiro Paulo Okamotto, presidente da Fundação Perseu Abramo, metalúrgico do ABC, que faz parte dessa história de luta da classe trabalhadora, um sindicato extremamente importante para o Brasil, para os brasileiros, para esta história que a gente está comentando aqui.

Cumprimentar o companheiro Helinho, o Cacaio, o Davi Zaia, a Fumaça, a Madalena. Quando eu presidi o Sindicato, a Madalena ainda estava conosco na ativa, e a Madalena é um patrimônio para o nosso Sindicato. E eu, homenageando a Madalena e lembrando o nosso saudoso Nelson Silva, eu homenageio todos os funcionários que fizeram parte dessa história, que ajudaram a construir essa bonita história nossa. (Palmas.)

Cumprimentar o Oliver. Eu lembro que, quando eu entrei no Sindicato, eu via o Oliver lá nas lutas, e ele sempre teve um topete, assim bem marcante, não é? Fazia parte da personalidade dele. E eu vi que ele perdeu muito cabelo, mas o topete continua aí. E há histórias de luta dele, não é? Então, desculpa a brincadeira, mas é com carinho.

O Nelson Canesin, outro funcionário nosso aí, que está sempre nas lutas. O Paiva, o Chico Belo, o companheiro Jorge Peres. Bom, eu queria também cumprimentar meus companheiros aqui da Mesa, Luizinho Azevedo, grande orgulho dessa história, da sua contribuição. Gilmar Carneiro, é sempre muito bonito te ouvir. Um poço de sabedoria que tem a história viva, que construiu, não só conta, mas ele viveu.

Companheira Neiva, nossa presidenta. Aline, minha presidenta da Federação. Companheiro João Vaccari Neto também, que eu já convivi um pouco mais, que eu entrei no Sindicato quando ele era presidente, eu estava lá enchendo o saco dele ali, porque a democracia dá trabalho, não é? A gente diverge, a gente converge. E eu aprendi com quem eu aprendi muito, muito mesmo.

A minha grande companheira Ivone Silva, entramos juntas no Sindicato e conhecemos essa trajetória daí para frente, passamos por momentos difíceis também. Vivemos o golpe que tirou a presidenta Dilma, o governo Bolsonaro com o fascismo que esse governo tentou implementar aqui no Brasil, com os ataques à democracia, com os ataques ao movimento sindical.

E, pensando na Greve de 1985, eu pensei em começar dizendo o seguinte: hoje nós temos 171 cláusulas na Convenção Coletiva dos Bancários. Em 1992, nós tínhamos quarenta e sete. Hoje, nós temos 161 entidades que fazem parte do Comando Nacional dos Bancários e das Bancárias. Olha que história bonita que vocês construíram. Vocês e tantos anônimos que a gente não cita aqui, mas que participaram dessa história.

Hoje, nós negociamos não só o aumento salarial, nós negociamos a participação nos lucros, hoje nós negociamos as condições de trabalho, a saúde, a igualdade de oportunidades. Hoje, nós discutimos onde estão as mulheres nos bancos, o empoderamento das mulheres, o encarreiramento das mulheres.

Hoje, nós brigamos para que as mulheres estejam em espaços de poder. Hoje, nós temos uma mesa de negociação nacional da igualdade de oportunidades, pensando no gênero, raça, orientação sexual, nas pessoas com deficiência. Então, hoje, nós pensamos na inclusão, nós temos cláusulas que garantem isso.

Nós negociamos no ano passado um curso de formação e capacitação de três mil mulheres no Brasil. A partir da nossa mesa de negociação em tecnologia, em cursos básicos, nós formamos, ajudamos a formar 3.000 mulheres no Brasil e 100 mulheres especialistas em tecnologia para serem contratadas pelos bancos.

Hoje, nós discutimos onde elas estão, como elas estão, o encarreiramento das mulheres, porque as mulheres, nessa história toda, elas sempre estiveram relegadas, sempre tiveram um papel privado, da vida privada, e hoje a gente discute o lugar de mulher em qualquer lugar, onde ela quiser. Isso é muito importante, é resultado dessa história, dessa Greve de 1985.

A Greve de 1985 resultou numa categoria que tem uma convenção coletiva nacional, que discute vários temas, que influencia na legislação. Nós começamos a campanha pela licença-maternidade, seis meses antes de vir a lei. Nós fomos importantíssimos para mobilizar a sociedade, para que isso se tornasse um direito de todas as mulheres, de todas as crianças.

Nós dizemos que a licença-maternidade não é um direito das mulheres, é um direito da sociedade, é um direito das crianças, as crianças são da sociedade. Nós conquistamos a licença-paternidade de 20 dias. Nós temos hoje temas e discutimos temas que vão muito além da relação de trabalho direta. Nós discutimos a sociedade, que Brasil que a gente quer.

E isso vem dessa história bonita de vocês, que sempre discutiram, que nasceram lutando contra a ditadura. Lá nas greves do ABC, nas greves dos bancários, naquela greve de 1979, que no primeiro momento até pode ter parecido frustrada, mas não foi, foi uma grande vitória, porque ela foi ali o embrião de uma grande luta que ia culminar em uma organização, uma unidade nacional, numa capacidade de mobilizar o Brasil.

Hoje nós estamos discutindo, na mesa de negociação, inteligência artificial. Nós temos uma mesa para discutir os impactos da inteligência artificial no mundo do trabalho e na sociedade, com os bancos. Hoje nós estamos discutindo a regulação do sistema financeiro, na mesa de negociação nacional. Daqui a alguns dias nós teremos uma negociação para discutir a regulação do setor financeiro.

E isso tudo é resultado dessa luta de vocês, dessa luta de tantos que construíram o Partido dos Trabalhadores, que construíram a CUT. A CUT completou 42 anos de existência. Hoje nós... E a nossa história nessa Greve de 1985, ela vem desse processo de mobilização e de consciência de que sem democracia não tem direitos. Sem democracia, os trabalhadores perdem.

E é importante dizer nesse momento, no dia de hoje, é importante dizer, é importante relembrar, é importante olhar para trás, ver a nossa história, para entender por que nós precisamos ir para a rua para dizer que não pode ter anistia para golpista, para aqueles que tentaram acabar com a democracia. (Palmas.)

Porque esses que tentam acabar com a democracia, eles tentam acabar com os direitos dos trabalhadores, eles tentam acabar com as empresas públicas, com o projeto de país, com a soberania nacional.

Esses que estão aqui pedindo anistia, é porque cometeram um crime contra os interesses da população brasileira, diferentemente da nossa companheira Fumaça, que lutou, que foi agredida pelo Estado, porque estava lutando e defendendo o Estado, porque estava lutando e defendendo a democracia. (Palmas.)

Isso que o Estado cometeu contra ela foi um crime, que cometeu contra vários militantes, assassinato, tortura. Isso sim é um crime que precisa ser punido e que não foi punido devidamente. Por isso que eles tentaram repetir esse crime agora, com tentativa de assassinato, planejamento de assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente da República, do vice-presidente.

Esse crime tem que ser punido, e anistia é um absurdo. Anistia é dizer que o crime compensa, que o crime pode ser cometido. Anistia é dizer que o trabalhador não tem direito de se organizar, de se mobilizar, porque é isso que acontecia na ditadura. As pessoas não podiam se mobilizar, porque elas eram assassinadas.

Então, de verdade, eu homenageio todos esses militantes que saíram às ruas, que deram suas vidas num momento difícil - eles estavam saindo da ditadura militar em 1985 -, mas o Sindicato já havia passado por uma intervenção - em 1983, a diretoria do Sindicato foi deposta.

Então, eu queria prestar aqui minha grande homenagem a Augusto Campos, a Luiz Gushiken e a todos os militantes e as militantes que, nessa história bonita, nos fizeram chegar até aqui: uma convenção coletiva com 171 cláusulas, de 161 entidades organizadas em todo o Brasil, podendo lutar, Flavio, lutar por direitos. Podendo lutar, podendo fazer greve, podendo lutar, podendo se organizar, podendo falar o que querem.

E é importante dizer isso. Neste momento da história é importante dizer, é importante lembrar, para saber por que nós temos que ir para a rua; por que nós temos que defender a democracia; por que nós temos que defender a soberania; por que nós temos que defender a classe trabalhadora; por que que nós fizemos, por que vocês fizeram a Greve de 1985.

Para que a gente hoje tivesse todos esses direitos e para que a gente hoje tenha essa consciência de que nós não podemos parar de lutar pela classe trabalhadora, pelo povo brasileiro, pelos bancários e pelas bancárias, mas por um mundo melhor, um mundo feliz, porque hoje essa luta se trava no mundo inteiro.

O crescimento do fascismo acontece no mundo inteiro, e nós não podemos calar, o povo precisa de nós. O mundo, a classe trabalhadora no mundo tem que se unir, tem que lutar pela democracia, porque, de verdade, mais do que nunca, a gente precisa defender nosso país, a gente precisa defender nossos direitos, a gente precisa defender a democracia em todo o mundo.

E acho que o Brasil está dando exemplo quando pune os golpistas, e a gente não pode admitir que o Congresso Nacional vá lá e dê anistia a esses golpistas, porque significa dizer sim a todos esses assassinatos, às torturas, aos absurdos, à censura que foi feita durante todos esses anos de ditadura que o Brasil viveu.

E outra coisa que eu queria também encerrar aqui a minha fala dizendo, que a gente aprende com a nossa história: que nós precisamos falar contra uma PEC que foi aprovada no Congresso Nacional, que é a PEC da Blindagem. A PEC da Blindagem é outro absurdo que foi aprovado agora no Congresso Nacional e que a gente precisa combater, porque significa dizer que o crime organizado pode tomar conta do Legislativo.

Significa dizer que o crime compensa; significa dizer que uma pessoa pode cometer um crime hediondo, pode ser pega em flagrante cometendo um crime e não será punida a não ser que o Congresso autorize. Então, a gente tem que combater a PEC da Blindagem e a gente tem que combater a anistia. Sem anistia.

Viva a classe trabalhadora, viva o povo brasileiro, viva os bancários e bancárias e viva todos os militantes e as militantes que lutaram pela democracia e que continuam lutando. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Juvandia, pelas palavras.

E, antes de darmos início às homenagens desta manhã, vamos dedicar um momento especial à memória daqueles que já partiram, mas que deixaram um legado inestimável na história do movimento sindical.

Através desse vídeo, prestamos nossa homenagem aos companheiros que lutaram incansavelmente por justiça, dignidade e melhores condições de trabalho. Entre eles, destacamos os ex-presidentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Augusto Campos e Luiz Gushiken, este último, responsável por conduzir a histórica Greve de 1985.

Também lembramos com carinho e respeito os dirigentes bancários Dirceu Travesso, Raquel Kacelnikas e Glória Abdo, que marcaram suas trajetórias com coragem e compromisso com a classe trabalhadora. Que esse vídeo seja um tributo à memória e à luta desses companheiros que jamais serão esquecidos.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - (Palmas.) Convidamos para vir à frente, juntamente com os membros da Mesa Diretora, Neiva Ribeiro e Luiz Claudio Marcolino, aqueles e aquelas que foram protagonistas de uma das mais emblemáticas páginas da história do movimento sindical brasileiro, a Greve dos Bancários de 1985. Quatro décadas se passaram, mas a coragem, a resistência e o compromisso com a justiça social, demonstrados naquela luta, permanecem vivos na memória e na conquista da classe trabalhadora.

Hoje, na sessão solene “Greve de 1985 - 40 Anos de Resistência e Conquistas”, reconhecemos a contribuição inestimável de lideranças sindicais, trabalhadoras e trabalhadores que estiveram na linha de frente daquele movimento. São homens e mulheres que enfrentaram adversidades com dignidade e que ajudaram a construir as bases de uma sociedade mais justa e democrática.

Com muita honra e gratidão, homenageamos Hélio Paiva Matos, secretário de Assuntos Jurídicos Individuais e Coletivos do Sindicato dos Bancários de Assis e Região. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos também Antonio Carlos Lopes Fernandes, o Cacaio. Funcionário aposentado da Caixa Econômica Federal, foi presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de Presidente Prudente e Região. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos também Davi Zaia, presidente da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Presidiu o Sindicato dos Bancários de Campinas e Região e foi deputado estadual por três mandatos, de 2007 a 2019. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos também Sônia Estela da Silva, a Fumaça, funcionária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Convidamos também Maria Madalena Garcia Miranda, funcionária do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Convidamos também Oliver Simioni, aposentado do Banespa, diretor da Afubesp, integrante da Comissão Nacional dos Aposentados Banespa. Foi diretor representante dos funcionários do Banespa. (Palmas.)

 

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- São entregues as homenagens.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, também uma homenagem para a Aci Aparecida Diniz Rangel, assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, que infelizmente ela não pôde estar com a gente. (Palmas.) Passamos para o próximo, que é Nelson Jandir Canesin, que foi assessor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Também convidamos José Antonio Fernandes Paiva, presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região e diretor financeiro da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso. Na sequência, convidamos Francisco Antônio Cinquaroli, Chico Belo. Aposentado do Banespa, foi presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva. (Palmas.)

 

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- São entregues as homenagens.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos também, para vir à frente, Paulo Okamotto. Foi metalúrgico e sindicalista, e hoje presidente da Fundação Perseu Abramo. Convidamos também, para vir à frente, José Carlos da Silva. Foi diretor executivo do Sindicato dos Condutores de São Paulo e vice-presidente do Departamento de Transportes da CUT São Paulo.

E convidamos também Roberto Rodrigues, diretor do Sindicato dos Bancários de Jundiaí e diretor de Administração e Finanças da Fetec CUT São Paulo. (Palmas.)

 

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- São entregues as homenagens.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, agradecemos a presença de todos vocês. Podem se acomodar, por gentileza, os homenageados. Neste momento, faremos um destaque especial, em reconhecimento público à resistência e às participações fundamentais para as conquistas advindas da Greve de 1985, aos senhores João Vaccari Neto, Gilmar Carneiro e Luizinho Azevedo. (Palmas.) Vocês podem aguardar aqui, por gentileza. (Palmas.)

 

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- São entregues as homenagens.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - E agora, para falar em nome dos homenageados, convidamos para vir à frente Davi Zaia, Chico Belo, Cacaio, Paulo Okamotto, Fumaça, Zé Carlos e Oliver. Bom, vocês têm até dois minutos de fala, cada um. Por favor, vamos respeitar.

 

O SR. DAVI ZAIA - Bom dia a todos. Satisfação estar aqui. Belíssima homenagem, Luiz Claudio. Cumprimentar a todos aqui.

Greve de 1985, Luizinho, Gilmar, Vaccari historiaram aqui. Momento importante. Nós lutávamos pela democracia, tínhamos tido em 1984 a grande campanha das Diretas Já, tínhamos eleito o Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, porque não passou a Diretas Já e estávamos construindo a greve.

Tínhamos experiência de anos anteriores, desde 1980 os encontros nacionais. Muitos desses encontros não passavam da discussão do regimento, acabavam na discussão do regimento. Em 1985, nesse encontro do Rio de Janeiro, conseguimos, como disse o Luizinho, construir um calendário e juntar todo mundo, passar confiança para todos os dirigentes de que era importante a campanha nacional.

Não era tarefa fácil, todo mundo estava acostumado a fazer a sua negociação no seu estado, tinha os advogados, que eram os especialistas em qual TRT era melhor julgar primeiro, e é claro que, do outro lado, os banqueiros também enrolavam a negociação para depois conseguir o julgamento onde era mais fácil para eles e, com isso, não permitia que a categoria nacionalmente entrasse em greve.

Então a grande conquista de 1985 foi juntar todo mundo em um calendário único, construir esse calendário que foi cumprido. Tínhamos como grande comandante disso Eribelto Manoel Reino, que era o presidente da Federação dos Bancários de São Paulo, e o Gushiken, que era o presidente do Sindicato aqui de São Paulo. Viviam lá na federação, juntando todo mundo, se articulando.

Falamos com todas as autoridades do Estado, do general do 2º Exército ao Dom Paulo Evaristo Arns, ao governador Franco Montoro. Em Campinas, realizamos o grande encontro, que tivemos a oportunidade de sediar como presidente do Sindicato que eu era na época, no ginásio do Guarani. Saímos de lá, vocês viram aqui no vídeo, aquela passeata que puxou com o Olívio Dutra, o Gushiken, e todos nós puxando aquela passeata lá, e fizemos a grande greve.

Então o ensinamento: unidade da categoria, unindo todos e construindo uma grande vitória, que foi a organização dos trabalhadores, que, de lá para cá, só aprimorou, avançou e continuou construindo. Parabéns a todos vocês que estão aqui hoje e a todos aqueles que ajudaram a construir essa grande luta que foi, em 1985, a grande greve nacional dos bancários.

Obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. SONIA ESTELA DA SILVA - Bom dia a todos, a todas. A todas as mulheres que aqui estão. Eu estou aqui representando não só a minha luta, mas a luta de todas essas mulheres que estão aqui e são muito guerreiras, a Ivone, a Aline, a Juvandia, a Neiva.

Eu tenho um agradecimento especial para fazer ao Nelson Silva, que me trouxe a esta Casa. (Palmas.) Eu agradeço muito a ele e ao Augusto Campos, que foi com ele que eu comecei a minha luta.

Eu carrego a marca de quem nunca aceitou viver de cabeça baixa. Fui presa pela ditadura porque não ousei ficar calada, porque não aceitei o silêncio que tentaram nos impor. Foram muitas lutas, foram muitas guerras, foram muitas pauladas, foram muitos... A gente apanhou muito para estar aqui hoje representando e tendo essa liberdade de expressão que nós temos aqui. Eu tenho o prazer e a honra de estar aqui.

Agradeço ao Luiz Claudio Marcolino e ao Luizinho Azevedo, com quem eu puxei cadeia. Foi esse Luizinho. Nós fomos presos juntos, não é, Luizinho? E o Augusto Campos, a Tita Dias, que também foi presa com a gente. Estou aqui representando, honrada. Muito obrigada por tudo.

A minha luta só continua, porque essa luta não é só minha, essa luta é de todos nós. Até onde eu puder, eu vou seguir, porque a minha fé é a minha cultura, e também é o meu jogo de cintura. E eu não vou parar enquanto eu estiver aqui, porque eu ainda estou aqui. Estamos todos aqui. (Palmas.)

Obrigada.

 

O SR. ANTONIO CARLOS LOPES FERNANDES - Vou ser bem breve, como me foi solicitado. Primeiro, quero parabenizar a você, Luiz Claudio, por essa iniciativa, e declarar que a Greve de 1985 teve uma importância principal para os sindicatos do interior.

Ali, quando os sindicatos começaram a nascer como oposição, como sindicatos de luta da categoria, foi na Greve de 1985. Eu queria agradecer a você. E também esse momento servir para a gente conseguir reunir todo esse povo aqui, que fez história com a gente em tudo o que foi canto.

Obrigado, gente, por a gente estar aqui junto. (Palmas)

 

O SR. OLIVER SIMIONI - Em primeiro lugar, eu quero agradecer aqui à Mesa, em nome do Luiz Claudio Marcolino, por esta homenagem, e também ao Sindicato dos Bancários, que chamou o pessoal aqui daquela época para ser homenageado.

Queria também passar essa homenagem para os meus colegas da participação ativa. Esse registro eu não posso deixar de fazer, que combatemos durante a ditadura pesada, lá em 68, e que, na participação ativa, todos foram dispersos daquela luta. Pode ser que tenha alguém vivendo ainda; então, estamos transmitindo tanto aos mortos como aos vivos daquela época.

E outra coisa que eu queria falar para vocês, pessoal, é o seguinte. Um grande professor historiador, com quem eu tive o prazer de conviver durante três anos, que fui liderado por ele, dizia o seguinte, que a luta pela democracia, a luta pelos nossos direitos é o ar que respiramos durante 24 horas por dia. Eu acredito, modéstia à parte, que desde os 14 anos eu respiro esse ar, por muitas participações.

Queria dizer a vocês também o seguinte: que o acontecimento da Greve de 1985 está no bojo de uma porção de movimentos, inclusive a tomada do Sindicato dos Bancários em 1978 - e tomou posse em 1979 -, que deu uma nova direção para o sindicato naquela época.

Talvez os outros estivessem ali meio represados pela ditadura, e a gente conseguiu, naquela abertura, entrar ali também, depois de muita luta, e dar uma direção ao Sindicato. É claro que eu vou não deixar aqui de estender também essa homenagem ao Augusto Campos e ao Gushiken também, que foram meus grandes companheiros naquela época.

Queria dizer também uma coisa, pessoal: que a Greve de 1985 foi facilitada, também, sem tirar, por exemplo, a luta dos bancários, pelos movimentos que aconteceram. Por exemplo, em 1983, o Sindicato foi interditado, teve intervenção do governo federal.

Então, o que aconteceu no Sindicato? Nós fizemos um trabalho, aqui na cidade de São Paulo, paralelo, utilizando os recursos que a gente podia arrancar do Sindicato sob intervenção. Então, essa luta continuou ali. Depois, veio a eleição de 1985 também, que estava no bojo das Diretas Já, em 84, e também no bojo do Colégio Eleitoral que elegeu o Tancredo Neves e o Sarney. Então, pessoal, esta luta foi muito importante.

E vou dizer uma coisa, modestamente também, para vocês, pessoal: foi meu primeiro ano, em 1985, de diretor sindical dos bancários da capital. E tive a oportunidade e o prazer de, naquela passeata enorme e naquela tomada lá que nós fizemos na Praça da Sé, com mais de 30 mil pessoas, utilizar da minha palavra lá, na defesa dos nossos direitos e na defesa, também, das liberdades democráticas.

Um abraço a todos vocês. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ CARLOS DA SILVA - Senhoras e senhores, quero cumprimentar a Mesa, em nome do deputado Luiz Claudio Marcolino. Senhoras e senhores, é uma grande satisfação receber essa homenagem aqui. Primeiro, quero pedir licença por conta do tremor que eu tenho. Eu fico ansioso, e treme mais o braço, por causa do Parkinson. O Parkinson incomoda, de uma certa forma.

Mas eu quero falar: que 40 anos, não é? Quarenta anos importantes para a categoria dos bancários e também para todas as categorias, que se inspiraram naquele grande movimento feito em 1985. Eu, por exemplo, na época, era motorista de ônibus da empresa pública da cidade de São Paulo - CMTC.

E eu fazia a linha de transporte da CMTC do Jaçanã à USP. E passava pelo centro da cidade no dia do movimento que ocorria em setembro. E vários... A pessoa que falou aqui falou uma - não falava “grevista”, falava “esclarecimento”, não é? Vários... O “pessoal do esclarecimento” pegava o ônibus, com faixa, e descia ali no Largo do Paissandú para ir para a porta do banco.

Ali tinha Banco do Brasil, Caixa Econômica etc. E eu, observando aquele movimento, eu era recente em São Paulo, mesmo sendo funcionário da empresa pública, quando eu terminei a minha jornada, eu trocava de motorista ali na Praça do Correio, e eu fiquei observando aquela luta dos bancários e me despertou uma vontade de lutar pela minha categoria. (Palmas.)

E comecei a militar. A partir dali eu comecei a militar. Inspirado nessa situação, eu entrei para a oposição como várias categorias que faziam a oposição naquele momento, naquele tempo. Várias categorias faziam a oposição e eu entrei na oposição que fazia parte do mesmo sindicato da minha categoria e me tornei dirigente sindical, fiquei dez anos no Sindicato.

Nesses dez anos em que eu fiquei no Sindicato, no Sindicato filiado à CUT - e a CUT que agrupava os bancários, sempre agrupava os bancários, agrupava os metalúrgicos e mais outras categorias -, foi a época em que a minha categoria dos motoristas de ônibus de São Paulo, filiada à CUT, teve mais conquistas.

As maiores conquistas que tivemos foram com a pretensão de mudar, a gente tinha uma diretoria da época que tinha a pretensão de mudar a crítica que sofria dos passageiros de ônibus, que eram críticas de que está prejudicando os passageiros porque fazia o movimento.

Eu tenho aqui alguns companheiros da época que estavam comigo, que a gente iniciou uma luta em uma empresa de ônibus chamada Gatusa para fazer o movimento para prejudicar o sistema financeiro, não os passageiros. Fazíamos um movimento de catraca livre, e isso eu sempre defendi, que era uma forma de luta que tinha que ser encaminhada para trazer a população para perto do Sindicato.

Então eu quero finalizar dizendo aqui para vocês que o Sindicato dos Bancários, na época em que eu tive como professor o meu companheiro Gilmar Carneiro, que sempre deu apoio, através da CUT, à nossa luta no Sindicato. Fico muito grato, Marcolino, Ivone e toda a diretoria aqui que passou pelo Sindicato, por esta homenagem de hoje.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. FRANCISCO ANTÔNIO CINQUAROLLI - Eu quero falar... Eu quero resgatar alguma coisa que o João Vaccari falou aqui. Em 1983, teve a intervenção no Sindicato dos Bancários de São Paulo e o Augusto Campos, que era presidente, foi deposto, praticamente, e teve a intervenção.

Também foi dito aqui, já mencionado, a questão da abertura do governo Montoro nas estatais, então nós podíamos, eu que sou “banespiano”, como o Augusto, como o Lucas, como o João... Teve a eleição do Direp e da Corep, que era o diretor... Nós poderíamos eleger o diretor representante e os conselheiros por região.

O Augusto encabeçou essa luta, fez uma chapa, montou uma chapa com ele como diretor e um grupo de participantes pelo conselho, tinha bastantes candidatos. A nossa chapa praticamente foi a vencedora, com o Augusto na liderança, ele que tinha uma experiência muito grande sindical, nos orientou muito e a gente aprendeu muito com ele. Quero resgatar muito por causa do Augusto mesmo, certo?

Só que nessa época também tinha muita gente experiente aqui que tinha... Nós tínhamos João Vaccari, Lucas Buzato, Oliver Simioni, o Laranjeira. E que todos nós fomos para o Corep. A gente também, como “corepiano”, visitava a nossa região e discutia dentro do banco essas questões do Sindicato, dos direitos, do que a gente poderia conquistar.

Também naquela mesma época eu já fazia oposição ao Sindicato de Catanduva, já estava montando uma chapa, isso ajudou muito. A questão do Augusto, que sempre nos apoiou também, ajudou muito. Então a gente conseguiu... Acho que isso ajudou muito também lá na frente na greve, porque a gente tinha setores organizados, o Banespa estava muito preparado para isso, certo?

Outros bancos também já tinham uma preparação, inclusive o Banco do Brasil, e eram os bancos da linha de frente. Então quando a gente foi para a greve eles foram fazer piquete, eles foram ajudar a parar, certo? Então a gente já tinha uma criação anterior que vem de lá da pregação do próprio Augusto, certo?

Vou contar um dado para vocês, que nós estamos também resgatando o meu amigo Luiz Gushiken. O Luiz Gushiken foi... Ele era o articulador da nossa chapa, ele não foi candidato para nos apoiar para fazer a articulação da nossa chapa no Corep.

Mas a gente estava depois, um dia, dentro ainda do período do Corep - que eu fiz dois mandatos de dois anos junto com o Augusto, que também fez a mesma coisa -, e a gente estava reunido entre nós, até em uma festinha, na verdade, no meu rancho lá perto de Olímpia, e estavam presentes: João Vaccari, Oliver Simioni, Augusto Campos, Lucas Buzato.

Alguém teve que comprar um leite em Olímpia, voltou de lá com um jornal e estava lá que tinha acabado a intervenção do Sindicato dos Bancários de São Paulo. De lá foi discutido e foi indicado por todo mundo que estava lá, que eram todos... O Luiz Gushiken para a presidência do Sindicato dos Bancários de São Paulo, aconteceu lá e eu gostaria de resgatar isso. Já me pediram que meu tempo acabou e eu sei que passei dos limites.

Parabéns a todos vocês que organizaram. (Palmas.)

 

O SR. PAULO OKAMOTTO - Bom, primeiro boa tarde a todos e a todas. Obrigado, Marcolino, por esse convite. Como vocês devem saber, eu era metalúrgico, hoje sou presidente da Fundação Perseu Abramo, a fundação do Partido dos Trabalhadores.

Mas fiquei muito emocionado com esta homenagem, Marcolino, porque, na verdade, é o seguinte, a gente muitas vezes não tem tempo de refletir sobre como é que tem evoluído a luta da classe trabalhadora.

Sou militante, fui militante sindical desde a época de 1980, de 1978, 1979 - estou ficando velho, acho que já estou ficando meio velho - e uma das coisas bacanas que tinha naquele momento, acho que a gente precisa resgatar mais ainda, é a solidariedade, a gente tinha muito isso.

Nós, lá dos sindicatos, a gente apoiava muitos movimentos populares, a gente andava muito por este Brasil fazendo oposição, e foi aí que teve muita relação entre os metalúrgicos e os bancários. Ia, muitas vezes, no Sindicato dos Bancários conversar com o velho do rio - naquela época era Velho do Rio, lembra do Velho do Rio? O Augustão.

Discutia com ele sobre: “como é que deveria ser a CUT? Como é que deveriam ser as comissões de bancos? Como é que deveriam ser as comissões de fábrica? Como apoiar mais os movimentos populares? Como apoiar mais as oposições sindicais? Como fazer um partido político mais exitoso?”.

Esse Gilmar, como vocês percebem, gostava de dar aulas para a gente, perguntava para ele e ele dava uma aula. E o Luizinho, então, com essa fleuma toda, toda vez que batia uma oportunidade de discutir alguma coisa, era essa a nossa pegada, a pegada de tentar a todo tempo discutir como fazer avançar a classe trabalhadora, como fazer avançar a luta do povo brasileiro e como conquistar a democracia.

Acho que a gente precisa discutir sempre isso, porque, acho que de uma certa forma, o movimento sindical hoje está muito para dentro, está muito cooperativista, e a gente tinha uma pegada mais geralzona. Então lembro da solidariedade porque, assim, quando nós fomos cassados, lá em 1981, foi o Sindicato dos Bancários que rodava toda tribuna metalúrgica.

Falo porque vinha buscar, levava toda tribuna, e os caras ficavam rodando, rodando, rodando e rodando. Quando vocês foram cassados, a gente teve que fazer o quê? Retribuir. Rodamos a folha bancária, rodamos a folha bancária. Essa era a pegada: a solidariedade entre a classe trabalhadora. E nós precisamos continuar fazendo isso.

Para encerrar, que sei que vocês estão com fome, acho que é o espírito daquela época, Luizinho, se estivesse vivo até hoje, porque acho que precisa resgatar este espírito da construção do partido, da construção de centrais sindicais mais fortes, de movimento sindical mais forte, certamente, não é? Se você estivesse aqui, se tivesse a oportunidade de quebrar o protocolo, e eu posso quebrar porque também não sou deputado, a gente deveria colocar em votação aqui, porque ia acontecer isso.

Nós fomos cassados, porque o Sr. Lula, lá na greve dos petroleiros, estava, quando cheguei lá, o Sr. Lula aprovou o diabo da greve nacional. Lembra da greve nacional? Foi a vez que fui cassado.

Mas se tivesse aquele espírito hoje a gente ia colocar aqui o seguinte: os companheiros bancários estão dispostos a lutar contra a PEC da impunidade e da bandidagem? Os companheiros bancários estão dispostos a lutar contra a anistia desses caras que quiseram dar golpe neste país? Quem estiver a favor dessa proposta de lutar, levanta a mão. (Manifestações nas galerias.)

Está aprovada por unanimidade a nossa luta até a vitória. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada a todos pelas belas histórias e palavras emocionantes aqui nesta solenidade. Neste momento, passo a palavra ao deputado Luiz Claudio Marcolino para que proceda o encerramento desta solenidade.

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Viu, Okamotto, viu, Okamotto, mas não posso quebrar o protocolo, mas muito bom. Pedir para o pessoal que está lá em cima, nós estamos já indo para o encerramento, vamos descer para cá, para tirar uma foto coletiva com todos os companheiros que participaram desse processo. Então vai descendo o pessoal lá do fundo para a gente poder tirar uma foto com todo mundo.

Acho que é importante neste processo desta homenagem e, quebrando um pouco o protocolo, a gente não pode, o cerimonial está me cobrando já o horário de encerrar aqui e entregar o nosso plenário, mas queria comentar rapidamente, Okamotto. Em 1985, eu tinha 15 anos, estava no primeiro colegial, estudava no Alberto Conte em Santo Amaro, Vaccari.

E naquela greve a gente tinha ali um pró-grêmio, depois fui presidente do grêmio do Alberto Conte e a gente, já como estudante, ajudou as greves dos bancários. Lá em Santo Amaro, o local onde os bancários se reuniram para fazer a greve era uma subsede dos Químicos.

Então tinha a subsede dos Químicos, tinha a subsede da Apeoesp, e como estudante do Grêmio Estudantil do Alberto Conte, já ajudei na Greve de 1985. Para mostrar que, quando a CUT foi criada, em 1983, tinha essa preocupação, unificava o conjunto dos sindicatos e, quando tinha uma greve dos bancários, todos estavam juntos.

Então, por isso que nós convidamos aqui o Paulo Okamotto, como metalúrgico, o Zé Carlos com o pessoal do Sindicato dos Condutores. Porque, quando nós falamos da Greve de 85, a greve foi dos bancários, mas teve uma participação e envolvimento de todos os sindicatos e as categorias filiadas em nome dos trabalhadores também dos movimentos sociais. Então essa é a grande marca que ficou na Greve de 1985.

Gostaria que todos os convidados e convidadas para a homenagem pudessem falar, mas o período de tempo não deu para falar todo mundo, a Ana Lúcia que está aqui, que já estava na categoria bancária em 1985, muitos outros que estão aqui que não puderam falar, não puderam ser homenageados, mas se sintam homenageados, porque nós pudemos fazer o convite para o dia de hoje.

Ao encerrar esta sessão solene, reafirmo o meu compromisso com a valorização da história da luta dos trabalhadores brasileiros, em especial da categoria bancária, cuja coragem em 1985 ajudou a moldar o Brasil democrático que hoje buscamos fortalecer. Que a memória dessa greve siga inspirando novas gerações de trabalhadores e trabalhadoras na busca por justiça social, dignidade e igualdade.

Esgotado o objeto da presente sessão, agradeço a todos os envolvidos na realização desta solenidade, assim como agradeço a presença de todos e todas, da TV Alesp, do cerimonial, das nossas assessorias, do nosso mandato e do Sindicato dos Bancários, que nos ajudou na articulação para que esta sessão solene pudesse se transformar em realidade.

Então o meu muito obrigado a todos e todas.

Está encerrada esta sessão. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 12 horas e 38 minutos.

 

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