25 DE MARÇO DE 2024
32ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: EDUARDO SUPLICY e LECI BRANDÃO
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência e abre a sessão às 14hs. Faz apelo para que o diretor da Faculdade São Francisco de Direito transfira a reunião sobre os episódios ocorridos na Baixada Santista para o Salão Nobre, já que a quantidade de pessoas que querem participar é muito grande e não cabe no Salão do Estudante.
2 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Reforça a importância do pronunciamento da deputada Leci Brandão sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.
5 - LECI BRANDÃO
Assume a Presidência.
6 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
8 - PRESIDENTE LECI BRANDÃO
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 26/03, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h28min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Eduardo Suplicy.
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* *
- Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT
- Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a
proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a
leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente. Há oradores inscritos
no Pequeno Expediente.
Eu gostaria apenas de transmitir um
apelo ao diretor ou diretora da Faculdade de Direito de São Francisco, porque
foi marcada para o Salão do Estudante uma assembleia, uma reunião para tratar
dos episódios que estão acontecendo ali na Baixada Santista.
E eis que, ao invés de 150 pessoas, que
caberiam na sala dos estudantes, há ali mais de duas mil pessoas querendo
participar. Então, os organizadores, inclusive o Claudinho Silva, estão
solicitando a possibilidade de realizar esta reunião no Salão Nobre, onde
haveria espaço para todos os presentes.
Tem a palavra, no Pequeno Expediente, o
deputado Ricardo Madalena. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado
Carlos Giannazi, pelo tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputada Leci
Brandão, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, na última sexta-feira,
foi publicado um decreto no “Diário Oficial”, o Decreto nº 68.405/24, queria
até mostrar aqui.
Esse decreto,
Sr. Presidente, que fala que vai reformular as oficinas culturais do estado de
São Paulo, na verdade, vai extinguir, na prática, as oficinas culturais, que
são oficinas importantes, estratégicas, na formação de artistas nas mais
variadas áreas da arte, produtores culturais.
É uma oficina,
é um programa que já existe há muitos anos, há quase 40 anos, no estado de São
Paulo, e esse decreto, na prática, vai extinguir, vai revogar, vai acabar com
essa experiência, com esse projeto bem-sucedido no estado de São Paulo.
Então, é um
absurdo isso. Já há uma ampla mobilização em todo o estado de São Paulo. Eu
participei de um ato no Theatro Municipal, recente, na semana passada. No
sábado, eu participei de um outro ato muito importante, que aconteceu na
Oficina Oswald de Andrade.
O fato é que
esse projeto vai demolir, vai acabar, vai extinguir as oficinas culturais, não
só lá do Centro Cultural Oswald de Andrade, deputada Leci Brandão, mas também
em outras regiões do Estado, como Alfredo Volpi, que fica em Itaquera, Juan
Serrano, que fica na Brasilândia, e outros programas importantes relacionados
às oficinas culturais, como Formação no Interior, que é um programa importante,
Programa de Qualificação em Artes, Festival de Música Instrumental, Festival
Literário do Vale do Ribeira, Ciclo de Cultura Tradicional, Ciclo de Gestão
Cultural.
Todos esses
programas vão praticamente desaparecer, já estão extintos, porque primeiramente
o governo suspendeu o edital e depois editou o decreto. Mas nós estamos
reagindo. Eu já apresentei um PDL, um projeto de decreto legislativo, que foi
publicado hoje, no “Diário Oficial”, que vai extinguir esse decreto, que vai
revogar o Decreto nº 68.405. Então, preciso muito do apoio de todos os
deputados e deputadas para que nós possamos aprovar, em caráter de urgência, o
nosso PDL publicado hoje, no “Diário Oficial”.
Também já
solicitei, Sr. Presidente, a convocação da secretária estadual de Cultura, para
que ela venha depor aqui na Assembleia Legislativa. Nós vamos cobrar dela a
manutenção do programa e a revogação, na verdade, desse decreto.
E, também, nós
vamos realizar uma grande e importante audiência pública aqui na Assembleia
Legislativa contra esse ataque à Cultura, contra a destruição, contra a
revogação das nossas oficinas culturais. Vai ser no dia primeiro de abril... É
o dia da mentira, mas vai ser de verdade aqui uma audiência pública.
Estão todos
convidados: deputada Leci Brandão, deputado Suplicy, todos os parlamentares,
entidades que defendem a cultura. Vai ser no dia primeiro. Foi uma data puxada
pelos artistas, pelo movimento de Cultura aqui do estado de São Paulo, pelos
vários coletivos que estão organizados fazendo a resistência.
Então, dia primeiro
de abril, às 19 horas, aqui na Assembleia Legislativa, no Plenário Tiradentes,
nós vamos realizar essa grande - e importante - audiência contra o fechamento
das oficinas culturais.
Então, estão
todos e todas convidados. Vamos reagir. Nós também estamos acionando o
Ministério Público Estadual, o Tribunal de Contas... Vamos atacar em várias
frentes para que esse decreto seja revogado imediatamente, Sr. Presidente.
Também, Sr. Presidente,
eu quero ainda, aqui, dizer que o meu mandato apresentou o PL, o Projeto de lei
nº 144, de 2024, - queria colocar aqui também no telão - um projeto importante
da área da Educação, que institui o Programa de Enfrentamento à Crise e à Emergência
Climática nas escolas da rede estadual. Sr. Presidente, não dá mais. Nós
estamos vivendo uma crise climática - uma emergência climática - e as escolas
públicas do estado de São Paulo têm que se adaptar à nova realidade.
Desde a
pandemia, nós já estávamos pressionando o governo estadual a fazer as reformas,
adequando as escolas, do ponto de vista, sobretudo, arquitetônico, à nova
realidade, para garantir ventilação, arejamento, por conta, logicamente, da Covid
- que é importante ter o arejamento e a ventilação - mas também, sobretudo, por
conta da crise climática. As nossas escolas precisam dessas reformas, e estão
no projeto aqui.
Uma das
prioridades do projeto que eu apresentei, o Projeto nº 144, que vai fazer o
enfrentamento, é que o Estado reformule, do ponto de vista arquitetônico, do
ponto de vista da engenharia, as escolas estaduais, para elas se adaptarem a
essa nova realidade, e que haja a instalação imediata de climatizadores e
aparelhos de ar-condicionado nas escolas estaduais - em todo o estado -, porque
tem recursos para isso, Sr. Presidente.
Nós temos
escolas de lata, mais de 100 escolas de lata no estado de São Paulo; escolas
sem quadras para as aulas de educação física; centenas e centenas de escolas
que têm as quadras e não têm cobertura.
Então, nós
temos que fazer uma reformulação, mas, sobretudo, neste momento de calor
intenso - e a situação tende a piorar, por conta do aquecimento global -, é
fundamental que o Estado faça a climatização de todas as escolas, de todas as
salas de aula, de todos os espaços da rede estadual de ensino, sobretudo com
climatizadores, aparelhos climatizadores e aparelhos de ar-condicionado.
Isso é
fundamental. Os professores não estão aguentando - nem os alunos, nem os
funcionários - ficar nessas escolas extremamente aquecidas. Essas escolas se
transformaram em fornos, sobretudo na Baixada Santista, no interior paulista,
que é mais quente, e mesmo aqui na Capital e na Grande São Paulo. Então, é uma
das prioridades do projeto.
Além disso, o
projeto também tem artigos sobre o fim da superlotação de salas. Isso é
fundamental, Sr. Presidente. Não dá para ter mais de 25 alunos em sala de aula.
Eu já tenho, inclusive, um projeto de 2007, que está pronto para ser votado
aqui, que coloca o limite máximo de alunos por sala de aula. E outros artigos
importantes nesse projeto, que depois eu voltarei, em outro momento, Sr. Presidente,
para falar sobre o projeto.
Mas,
basicamente, o que importa neste momento é climatizar todas as escolas da rede
estadual, todas as salas de aula, e diminuir o número de alunos por sala. Isso
é fundamental, neste primeiro momento, para a gente atravessar a crise, a
emergência climática, e sobretudo essa onda de calor que veio, infelizmente,
para ficar. Então, também peço o apoio de todos deputados e deputadas para que
possamos aprovar esse nosso Projeto de lei nº 144, de 2024.
E que o governo
vá fazendo esse trabalho, ele já pode colocar os climatizadores, tem dinheiro
no orçamento. Ao invés de o governo ficar pensando... Sr. Presidente para
concluir... Em instalar escolas cívico-militares, escola doutrinadora, ele tem
que resolver essa questão primeiro.
Ao invés de
pensar em cortar o orçamento da Educação, com a PEC nº 9, o governo está,
assim, obcecado em cortar recursos da Educação. Tem uma PEC tramitando aqui, o
governo quer tirar dez bilhões por ano, deputada Leci Brandão, da Educação,
quando nós precisamos instrumentalizar as escolas e construir novas escolas, o
governo vai na contramão do bom senso.
Então, fica
aqui o nosso pedido de apoio aos deputados e deputadas e a toda a população
para pressionar o governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Educação a
instalarem os climatizadores e aparelhos de ar-condicionado em todas as escolas
da rede estadual.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito bem,
deputado Carlos Giannazi, por suas manifestações em defesa da Cultura e da Educação.
Tem a palavra agora o deputado Simão Pedro. (Pausa.) O deputado Enio Tatto.
(Pausa.) O deputado Reis. (Pausa.) O deputado Jorge do Carmo. (Pausa.) O deputado
Donato. (Pausa.) O deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Tem a palavra a deputada
Leci Brandão, pelo tempo regimental.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Excelentíssimo Sr. Presidente, deputado Suplicy,
senhoras deputadas, senhores deputados, funcionários desta Casa, funcionários
de todos os gabinetes, pessoal ligado aqui a serviços gerais nesta Casa, Sr.
Presidente, eu acho que ontem o nosso País foi acordado com uma notícia
estarrecedora e ao mesmo tempo uma notícia que aliviou os nossos corações,
porque finalmente foram encontrados os responsáveis pelo assassinato da
vereadora Marielle Franco.
A gente fica perguntando, seis anos e alguns
meses para que isso pudesse acontecer, a descoberta desse assassinato. E eu
ouso dizer que a gente até sente um grande constrangimento, sabe?
Vergonha,
afinal de contas, eu sou nascida no Rio de Janeiro, gosto muito da minha cidade.
Devo muita coisa da minha vida ao Rio de Janeiro, mas infelizmente a nossa
cidade ficou marcada pela questão da injustiça, da corrupção na política, na
polícia.
Enfim, nos
principais setores, ou seja, os representantes da lei, da Câmara de Vereadores
e os representantes pela Segurança Pública do Rio de Janeiro são pessoas que não
estão dando para a sua população a resposta que ela precisa e que ela merece.
Eu não quero aqui me atentar, nem me preocupar em citar nomes, porque o Brasil
inteiro já sabe os nomes dos três que estão presos lá em Brasília.
E também é uma
coisa que até é perigosa quando você cita alguns nomes de algumas pessoas,
porque você também fica correndo risco. Eu não posso, agora, com a idade que
tenho, ser perseguida e de repente ameaçada. Não sei, eu digo aos senhores que
eu tenho medo dessas coisas.
Ontem foi o dia
do Domingo de Ramos, dia da celebração da fé e da justiça para os cristãos
católicos, como muito bem destacou o ministro do Supremo Tribunal Federal,
Flávio Dino, em suas redes sociais.
Aliás, o Flávio
Dino, que foi ministro da Justiça, que verdadeiramente apoiou e incentivou a
investigação sobre os mandatos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro,
Marielle Franco, crime que também ceifou a vida de seu motorista, Anderson
Gomes.
Agora nós
compreendemos o motivo da demora, de tanta demora. Foram seis anos de
obstruções à Justiça e muita corrupção de servidores e instituições que só
existem para investigar e fazer justiça.
Por isso, nós
parabenizamos a Polícia Federal e todas as instituições e servidores que
contribuíram para esse resultado, que parece não parar por aqui, haja vista que
já houve tentativa de legalizar milícias e homenagens oficiais a milicianos
notórios por parte de pessoas que, há pouquíssimo tempo, governavam este País.
Havia muita
homenagem para esse povo, ou seja, o estado precisa tomar a frente e cumprir o
seu papel. Não podemos permitir que deveres do estado sejam assumidos por esses
grupos, porque isso é extremamente perigoso. É a própria democracia que está em
risco mais uma vez. É a democracia que está em risco.
Eu não posso
também deixar de parabenizar o deputado que me antecedeu aqui na tribuna, o
deputado Carlos Giannazi, do PSOL, e dizer a ele que a gente tem que
parabenizar as deputadas que pertencem ao PSOL e que tiveram uma atuação
fantástica de muita força, de muita união, para que todas essas coisas que
aconteceram ontem no Rio tivessem resultado. Não é porque sou da Federação do
PCdoB que não vou citar aqui a importância do comportamento do PSOL.
A gente tem que
destacar também que o acesso à Justiça é um direito constitucional e esse é um
problema real do nosso país. Falemos menos de costumes e supostas guerras
santas e muito mais sobre esse problema real.
Finalizo também
expressando toda a minha solidariedade às famílias da Marielle Franco e do
Anderson Gomes, que estão revivendo o luto. Que Deus possa confortar o coração
dessas pessoas.
É lamentável
que a gente tenha visto ontem a presença do responsável pela polícia, do secretário
da polícia, que teve o desplante de abraçar a dona Marinete, mãe da Marielle, e
toda a família, e ele era o mentor, era o homem que contribuiu e planejou tudo
para que Marielle fosse assassinada.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos, deputada Leci Brandão. Pergunto se a senhora pode presidir para
que eu possa também falar.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Com o maior prazer,
presidente. Estarei aí agora.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos também pelo tema que aqui falou, da maior importância, e eu
inclusive gostaria também de comentar esse fato tão grave, o assassinato da
vereadora Marielle Franco e também do seu motorista Anderson Gomes, que foi
assassinado no mesmo episódio.
Então, obrigado.
*
* *
- Assume a Presidência a Sra. Leci Brandão.
*
* *
A SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - Com
a palavra, o nobre deputado Eduardo Suplicy para uso da palavra pelo tempo
regimental.
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Querida presidente, gostaria também de me pronunciar sobre
esse episódio tão importante que finalmente está sendo desvendado: quem mandou
matar Marielle e por quê. Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão foram
presos nesse domingo, 24, suspeitos de mandar matar a vereadora Marielle
Franco. O delegado Rivaldo Barbosa também foi preso. De acordo com a Polícia
Federal, ele ajudou a planejar o crime e atrapalhou as investigações porque
havia prometido impunidade aos mandantes.
No atentado, em
março de 2016, há seis anos, também morreu o motorista Anderson Gomes. Os
irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa foram presos após a homologação da delação de
Ronnie Lessa, que também está preso e é acusado de executar o crime. A ordem de
prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pela
investigação no Supremo Tribunal Federal com a concordância da
Procuradoria-Geral da República.
Os suspeitos
foram presos no Rio de Janeiro e levados a Brasília. Dois deles serão
transferidos a presídios federais em outros estados. O ministro da Justiça,
Ricardo Lewandowski, afirmou que a elucidação do caso é uma vitória do estado
brasileiro.
Para ele,
pode-se dizer que os trabalhos estão encerrados. Quando e como foi esse crime?
A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram mortos na noite
de 14 de março de 2018, no centro do Rio de Janeiro.
O carro em que
viajavam foi seguido desde a Lapa, onde Marielle participou de um debate em uma
esquina no bairro do Estácio, um Cobalt prata emparelhou com o veículo dirigido
por Anderson e do banco de trás partiram vários disparos. Marielle e Anderson
morreram na hora. A assessora Fernanda Chaves, que estava ao lado da vereadora,
escapou com vida.
Segundo as
investigações, o crime foi executado pelos policiais Ronnie Lessa e Élcio de
Queiroz. Ronnie Lessa é apontado como o autor dos 13 disparos que mataram
Marielle e Anderson.
Élcio de
Queiroz dirigia o Cobalt na noite do crime, conforme assinala a reportagem hoje
do G1, da Globo, que está com informações muito precisas. Aquela dupla foi
presa no dia 12 de março de 2019, quase um ano depois do crime.
Quem mandou
matar Marielle? A Polícia Federal aponta os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho
Brazão como mandantes. Segundo o inquérito, o delegado Rivaldo Barbosa ajudou a
planejar o crime e a atrapalhar as investigações.
Domingos Brazão
começou a carreira na política no Rio de Janeiro antes do irmão Chiquinho; foi
vereador, deputado estadual, e atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas
do Estado. Já se envolveu com polêmicas, suspeitas de corrupção, ligação com
quadrilhas e com a milícia, além de um assassinato.
Chiquinho
Brazão, eleito vereador pela primeira vez em 2004, ficou na Câmara Municipal do
Rio por 14 anos. Em 2019, renunciou ao cargo para assumir como deputado
federal. Na Câmara, conviveu com Marielle Franco. Rivaldo Barbosa era chefe da
Polícia Civil do Rio de Janeiro à época do atentado; foi nomeado um dia antes.
Antes disso, comandou a Divisão de Homicídios. Atualmente é coordenador de
comunicações e operações policiais da instituição.
Quantas pessoas
foram presas pelo crime? Até a última atualização, sete homens haviam sido
presos, acusados de participação no crime. Quem são e quando foram presos?
Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos, em 2019; Élcio de Queiroz, que
confessou ter dirigido o carro que perseguiu o de Marielle, também em 2019;
Maxwell Simões Corrêa, o Suel, primeiro por atrapalhar as investigações e,
depois, por ajudar a sumir com a arma do crime, em 2023; Edilson Barbosa dos
Santos, o “Orelha”, apontado como dono de um ferro velho, que colaborou com o desmanche
do carro usado no crime; Domingos Brazão, apontado como mandante, em 2024;
Chiquinho Brazão, também investigado como mandante; e Rivaldo Barbosa, também
suspeito de planejar o crime e atrapalhar as investigações.
E por que
Marielle foi morta? Na investigação, a Polícia Federal aponta como possíveis
motivações para o crime divergências políticas entre o clã Brazão e Marielle, e
também a atuação da vereadora contra a grilagem de terras em áreas de milícia na
zona oeste do Rio. Os irmãos Brazão são políticos de longa trajetória no Rio de
Janeiro, com influência em Jacarepaguá, região de milícia.
O relatório dos
investigadores afirma que o delator Ronnie Lessa apontou como motivo do crime o
fato de a vereadora Marielle Franco estar atrapalhando os interesses dos
irmãos, em especial sua atuação junto a comunidades em Jacarepaguá, em sua
maioria dominadas por milícias, onde se encontra relevante parcela da base
eleitoral da família Brazão.
Um projeto de
lei aprovado em 2017, na Câmara Municipal do Rio, para regularizar ocupações
clandestinas, foi apontado por Lessa como possível estopim. Marielle votou
contra esse projeto, e, segundo relatos de testemunhas, Chiquinho Brazão ficou
furioso com isso. O projeto chegou a virar lei, mas foi anulado pela Justiça
depois. Segundo a Polícia Federal, testemunhas ouvidas foram enfáticas ao
apontar que a atuação da vereadora prejudicava os interesses dos irmãos Brazão.
Sra.
Presidente, Leci Brandão, eu agradeço se puder ser colocado na íntegra, nas
notas taquigráficas, este relato que está muito bem feito pelo jornal “G1”,
globo.com.
A
SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - É regimental o
pedido de Vossa Excelência.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Muito obrigado.
Havendo concordância das lideranças, eu peço que seja levantada a presente
sessão.
A
SRA. PRESIDENTE - LECI BRANDÃO - PCdoB - É regimental.
Havendo acordo entre as lideranças, nós vamos, então, antes de dar por
levantados os trabalhos, convocar V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à
hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira.
Está levantada a presente sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 28
minutos.
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