11 DE AGOSTO DE 2025

33ª SESSÃO SOLENE PARA RELANÇAMENTO DA FRENTE PARLAMENTAR DO AGRONEGÓCIO PAULISTA - SPAGRO - E HOMENAGEM AO MINISTRO ROBERTO RODRIGUES

        

Presidência: ITAMAR BORGES

        

RESUMO

        

1 - ITAMAR BORGES

Assume a Presidência e abre a sessão às 19h18min. Anuncia a composição da Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente solenidade para "Relançamento da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista - SPAgro - e homenagem ao ministro Roberto Rodrigues", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Informa ser hoje o relançamento das ações da Frente Parlamentar do Agronegócio, formada por 49 deputados. Menciona a participação de 45 entidades no Fórum Paulista do Agronegócio, que fortalecem o trabalho no Estado. Discorre sobre sua trajetória no setor. Reforça seu compromisso em dirigir a SPAgro, que estará sempre aberta ao diálogo e buscando construir soluções para os problemas encontrados. Esclarece que após os pronunciamentos, serão apresentadas as perspectivas do agronegócio para o segundo semestre, assim como será feita uma homenagem ao ex-ministro Roberto Rodrigues. Diz que a SPAgro demonstra força e capacidade de superação, sendo um exemplo para todo o Brasil.

        

2 - MARCO VINHOLI

Diretor do Sebrae-SP, faz pronunciamento.

        

3 - TIRSO MEIRELLES

Presidente do Sistema Faesp/Senar-SP, faz pronunciamento.

        

4 - ROBERTO BETANCOURT

Diretor de Agronegócio da Fiesp, faz pronunciamento.

        

5 - ALBERTO AMORIM

Secretário executivo da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

6 - EDIVALDO DEL GRANDE

Coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, faz pronunciamento.

        

7 - BARROS MUNHOZ

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

8 - LUCAS BOVE

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

9 - MÔNIKA BERGAMASCHI

Ex-secretária de Agricultura e vice-presidente da Abagfaz pronunciamento.

        

10 - MARCOS JANK

Especialista em agronegócio, pesquisador e referência em comércio internacional do agro, faz pronunciamento.

        

11 - IBIAPABA NETTO

Presidente executivo da CitrusBR, faz pronunciamento.

        

12 - ROBERTO PEROSA

Presidente executivo da Abiec – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, faz pronunciamento.

        

13 - FRANCISCO MATTURRO

Presidente do Lide Agronegócios, faz pronunciamento.

        

14 - ARNALDO JARDIM

Presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, do Congresso Nacional, faz pronunciamento.

        

15 - PRESIDENTE ITAMAR BORGES

Anuncia a homenagem, com entrega de placa comemorativa, à Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e homenageado desta solenidade.

        

16 - ROBERTO RODRIGUES

Ex-ministro da Agricultura e homenageado, faz pronunciamento.

        

17 - PRESIDENTE ITAMAR BORGES

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h48min.

 

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ÍNTEGRA

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Itamar Borges.

 

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O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - ... presidente da Frente Parlamentar do Agro de São Paulo, composta por 47 parlamentares. Eu quero saudar a todos os parlamentares que compõem a nossa frente, aqui saudando o meu parceiro Lucas Bove, que estava por aqui, já sumiu. Cadê? Ah, está ali. Também saudando o nosso deputado Barros Munhoz.

Convido para compor a Mesa deste ato, inicialmente uma Mesa de abertura, na sequência vamos compor a Mesa do painel, para que a gente possa, juntos aqui, participar desse momento tão importante para o agro de São Paulo e do Brasil. Convido o parceiro desta sessão solene, a Frente Parlamentar do Agro do Congresso Nacional, a FPA, hoje aqui representada pelo seu vice-presidente, deputado paulista Arnaldo Jardim. (Palmas.)

Convido o nosso coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, fórum que é fundamental para o funcionamento, para os trabalhos que são desenvolvidos. Arnaldo, por favor, você foi convidado para compor a Mesa. (Palmas.)

Na sequência, eu convido o nosso coordenador do Fórum Paulista, Edivaldo Del Grande, nosso presidente da Ocesp e presidente do fórum. (Palmas.) Convido o secretário executivo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Alberto Amorim, representando aqui a nossa secretaria. Também convido para a abertura dos trabalhos o nosso presidente da Faesp, Sistema Faesp Senar, Dr. Tirso Meirelles. (Palmas.)

Convido ainda, representando o Sebrae, o nosso diretor do Sebrae São Paulo, também sempre deputado desta Casa, Marco Vinholi. (Palmas.) E representando o Cosag, Conselho Superior do Agronegócio, e o Deagro, Departamento do Agro da Fiesp, convido o nosso diretor do Deagro, Roberto Betancourt. (Palmas.)

Quero também, para este momento de abertura, convidar para que possam fazer parte da nossa Mesa meus dois colegas deputados aqui presentes, deputado, sempre ministro, sempre secretário, Barros Munhoz, e deputado, parceiro da Frente Parlamentar do Agro e apoiador do agro, Lucas Bove. (Palmas.)

Senhoras e senhores, muito boa noite. Sejam todos bem-vindos. A Assembleia Legislativa de São Paulo convocou a todos nós para esta sessão solene, sessão solene integrada com a frente parlamentar do Congresso Nacional. Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais.

E dizer que foi convocada pelo nosso presidente André do Prado, que pediu para que eu fosse portador do seu abraço, atendendo à solicitação nossa e da FPA.

Quero, neste momento, convidar a todos para que, em posição de respeito, possamos acompanhar o Hino Nacional.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

Para completar a Mesa, e que seja uma Mesa que tenha presença feminina, convido a sempre secretária de Agricultura Mônika Bergamaschi, para que possa compor a Mesa e nos brindar aqui com a sua participação.

Neste momento inicial, nós estamos abrindo o segundo semestre dos trabalhos legislativos desta Casa, o segundo semestre dos trabalhos legislativos, consequentemente, as atividades das comissões e das frentes parlamentares.

E hoje aqui, junto com o fórum, presidido pelo nosso Del Grande, numa tratativa interna com o fórum, que compõe a nossa frente parlamentar, que apoia e estrutura a nossa frente parlamentar, estamos relançando os trabalhos, relançando as ações da nossa frente.

Portanto, faremos essa abertura, e o relançamento contará com a palestra dos cenários aqui apresentados por Marcos Jank, comentado por algumas figuras do agro que eu citarei e convidarei para vir para a Mesa na sequência. Também teremos, no encerramento, uma justa homenagem, aí falaremos mais dela lá no final.

Então, neste momento, como presidente da Frente Parlamentar do Agro, declaro relançada oficialmente a Frente Parlamentar do Agro Paulista, SPAgro, composta por 49 deputados e que tem o Fórum Paulista do Agronegócio na supervisão técnica e institucional da frente, que é presidido, coordenado pelo amigo Edivaldo Del Grande.

Fazendo ainda parte desse contexto do fórum, 45 entidades que participam do fórum, me permitam, em respeito à importância dessas entidades, citar aqui as entidades que compõem o fórum e, consequentemente, a nossa frente: Abag; Abia; Abic; Abicab; Abiec; Abimaq; Abiove; Abisolo; Abpa; Abraf; Abrafrutas; Abraleite; Abramilho; Abraps; Aenda; Alanac; Anda; Andav; Anfeas; Apa; Apabor; APCS; APPA; Acissp; Assocon; Cecafé; CitrusBR; Croplife Brasil; Faesp; Fenseg; Fiesp, com Cozag e Id Agro; Florestar São Paulo; GPB; Ocesp; Orplana; Peixebr; Sincobesp; Sindag; Sindan; Sindirações; Sindiveg; Sindileite; Sipesp; SRB e Única. Uma salva de palmas para essas entidades que fortalecem e dão importância a esse trabalho. (Palmas.)

Também quero agradecer a presença das entidades aqui hoje representadas por diretores, por presidentes e por representantes: Abramagro; Abrasel; Araiby; Atvos Bioenergia; B Licenças Poéticas; Baldan Implementos Agrícolas; BMC Hyundai; Marchesan; CDI; Cervam; Cocapec; Comércios de Madeira G. G; Conselho do Café da Região Mogiana de Pinhal, Cocampi; Cooperativa Agropecuária de Holambra; Cooperlimão; Coplacana; Cotram; DAG; EH seguros; Faesp/Senar, já está aqui na Mesa; Fazenda Santa Isabel; Fenabrave; Insper; JBS; MundoCoop e a Ocesp.

Portanto, muito obrigado e também sejam todos bem-vindos. E também aqui presente a nossa Alagro. Agradecemos a todas as nossas entidades que vieram participar e nos honrar com as suas presenças.

Senhoras e senhores, autoridades representantes do setor, produtores rurais, lideranças e amigos do agro, é com enorme alegria, e com senso de responsabilidade, que dou início a esta sessão solene, que reuni três momentos especiais e simbólicos para o agronegócio paulista e brasileiro.

Hoje, repito, celebramos o relançamento da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista, a nossa SPAgro, criada por mim, que estou em meu segundo mandato, mas que tenho ao meu lado, junto comigo, 49 parlamentares. Entre eles destaco aqui a figura e a presença do deputado, conselheiro e amigo, Barros Munhoz e do deputado, parceiro e amigo, Lucas Bove.

Estamos no segundo mandato como presidente, e com o colega deputado Alex de Madureira como vice, que pediu que justificasse a sua ausência. Aqui se tornou um espaço que nasceu para defender, unir e fortalecer todo o ecossistema do agro no nosso estado, do pequeno produtor, que o Chiquinho não gosta que fala, a grande exportadora da pesquisa e a comercialização do campo e da mesa.

Ao longo da minha trajetória, inclusive como secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, tive a oportunidade de conhecer ainda mais de perto, ainda mais por dentro cada cadeia produtiva, cada região e cada desafio do setor. Essa vivência reforça ainda mais o meu compromisso de liderar a SPAgro com diálogo, conhecimento técnico e sensibilidade para atender às demandas de quem produz nesses anos de trabalho.

A frente se consolidou como uma ponte entre o produtor, o Parlamento e o governo. Uma frente aberta ao diálogo que não se limita a reagir, mas que antecipa desafios e constrói soluções.

O agro paulista é referência em tecnologia, sustentabilidade e inovação, por isso o relançamento da São Paulo Agro não é apenas um ato simbólico, é o reforço de um compromisso com o desenvolvimento econômico, com a segurança alimentar, com a geração de empregos e com a preservação ambiental. Hoje também falaremos sobre as perspectivas para o nosso agro, cenários e possibilidades.

Encerraremos a noite com um momento de reconhecimento, que será a homenagem ao sempre ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. (Palmas.) E reconhecer uma trajetória de vida dedicada ao agro brasileiro. Nosso embaixador do agro brasileiro para o mundo e nossa voz durante a COP 30.

Que esta noite seja um marco, que o SPAgro siga sendo instrumento de diálogo e construção coletiva. Temos desafios, sim, mas temos muito mais força e capacidade de superação com união, planejamento e trabalho. O agro paulista seguirá sendo exemplo para o Brasil e para o mundo. Muito obrigado. (Palmas.)

Teremos agora algumas breves falas para a abertura deste ato, que representam aqui algumas entidades parceiras. Peço, em virtude da extensão, se possível, que a gente pode se limitar em três, quatro minutos essa abordagem. Convido para abrir essa fala, representando o Sebrae, Marco Vinholi. (Palmas.)

 

O SR. MARCO VINHOLI - Muito boa noite a todos. Quero aqui registrar a alegria desta noite, a alegria de estar aqui participando desse relançamento histórico da frente. Histórico, porque tem na sua composição o querido Itamar Borges, com o seu trabalho, a sua liderança, junto com brilhantes deputados, de 94, 49 fazem parte dessa importante frente.

A gente vê o tamanho e a relevância da nossa frente do agro, uma das mais importantes, sem nenhuma dúvida, aqui na Casa. Deputado Barros Munhoz, deputado Lucas Bove, todos os parlamentares signatários dessa importante iniciativa.

Também porque tem uma relação intrínseca com a nossa FPA, representada aqui por esse gigante, nosso deputado Arnaldo Jardim, ao qual eu costumo chamar de relator geral da nação, que relata os temas importantes do nosso País, biocombustíveis, a defesa do FIAGRO, tanta coisa importante aqui nesta Casa que você fez e lá no Congresso Nacional. Querido Arnaldo, nosso vice-presidente da FPA, e sem dúvida um dos mentores aqui dessa importante iniciativa. (Palmas.)

Junto com a gente aqui também a relação com a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Amorim, prazer ter você aqui representando o nosso Piai. Essa relação fundamental, que sempre foi de construção através aqui da Assembleia, e que hoje tem quatro secretários aqui que compuseram essa grande secretaria. Nosso Chico Matturro, nossa Mônika, nosso Itamar e o nosso Arnaldo Jardim, representando a potência e a relação com essa frente parlamentar.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - E o Roberto Rodrigues.

 

O SR. MARCO VINHOLI - E o nosso... Vou chegar no Roberto. Roberto é o principal.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - O Barros também?

 

O SR. MARCO VINHOLI - O Barros... Seis secretários e, com certeza, futuros secretários aqui também presentes. Mas pela relação com o cooperativismo, que o Del Grande representa, e também com tantas cooperativas aqui que acompanham esse processo, com todo o seu time representado por você e pela história. Linda homenagem que teremos esta noite. Esse grande pilar da agricultura e do cooperativismo brasileiro, nosso Roberto Rodrigues, ministro e base do nosso agro brasileiro.

Pela relação com os sindicatos rurais, querido Dr. Tirso Meirelles, representando aqui a nossa Faesp com toda a inserção, a luta dos sindicatos rurais de todo o estado de São Paulo e a capilaridade que dá nessa batalha. Por todos os setores representados: citrus, café, bioenergia, proteína animal - querido Beto Perosa e tantos amigos aqui que esta noite participam deste lançamento -, mas fundamental amigos, também pela sua história. Esse é o pilar de defesa do agronegócio do estado de São Paulo.

Eu digo isso, porque fiz parte desta frente parlamentar, meu pai fez parte desta frente parlamentar. Durante muitos momentos, querido amigo Barros Munhoz, querido Itamar Borges, lembro-me de nós três aqui recebendo vaias de setores que muitas vezes não tinham compromisso nenhum com o setor produtivo do estado de São Paulo, que queriam proibir a exportação de gado, por exemplo. E a gente aqui firme e forte batalhando e sustentando a defesa do nosso agro nesta Assembleia. (Palmas.) É fato fundamental que esta frente cumpre esse papel.

É a frente da defesa do agro no estado de São Paulo, onde eu tenho certeza de que os setores aqui representados podem contar para fazer essa sustentação, para sempre trabalhar pelo desenvolvimento do nosso estado.

Nós estamos aqui hoje com todo o time do Sebrae que é vinculado ao Agro, está ali todo um setor do Sebrae participando aqui hoje. Porque o Sebrae que trabalha a indústria, que trabalha o comércio, que trabalha a área de serviços, mas a partir da passagem do Dr. Tirso, querido Del Grande no Sebrae, defende muito o nosso Agronegócio.

Então estamos aqui com todo time do Sebrae que trabalha as nossas “startups”, 40% das “startups” do Brasil são aqui do estado de São Paulo, o Sebrae as apoia. Trabalhamos de uma maneira muito conecta à abertura de mercados, trabalhamos o incentivo para que o nosso Agro possa ser cada vez mais forte, eficiente e o grande orgulho do nosso estado de São Paulo.

Então o Sebrae, querido Gallotti, faz com muito prazer a presença aqui nesta noite, Itamar, cerrando fileiras pelo Agro do estado de São Paulo.

Parabéns a você, parabéns nosso ministro Roberto Rodrigues. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Eu que agradeço, Vinholi, nosso sempre deputado e hoje representando aqui o nosso Sebrae. Ouviremos agora a nossa Faesp, Dr. Tirso Meirelles. (Palmas.)

 

O SR. TIRSO MEIRELLES - Boa noite a todos, uma grande alegria estar nesta Casa de Leis e que ela, sem dúvida nenhuma, retrata a importância da nossa democracia. Quero agradecer aqui ao Itamar Borges de retomar a Frente Parlamentar da Agricultura, mesmo nesse período que ficou ausente esteve presente junto com o Del Grande, para que nós pudéssemos resolver os problemas existentes no estado de São Paulo, quando era para serem retirados os impostos do estado de São Paulo e levamos ao governador Tarcísio de Freitas e o mesmo aceitou e verificou que não poderia mexer no aspecto das tarifas do ICMS.

Então a frente trabalhou vertiginosamente com o fórum para que nós pudéssemos conduzir este processo. Não posso aqui deixar de cumprimentar meu amigo, meu irmão, Roberto Rodrigues, que é sempre o nosso ministro junto com o Barros Munhoz, que também foi ministro.

É uma grande alegria, é uma grande responsabilidade de estar falando aos senhores. Porque os senhores são mestres do processo como um todo e nos ajudou a criar, desenvolver toda essa estrutura agrícola do nosso país. Então agradeço muito em nome de vocês dois a todos aqui que estão presentes.

Quero cumprimentar também a minha querida Ana. A Ana, o pai dela foi o nosso presidente da Federação da Agricultura, Clovis, também quero cumprimentá-la. Minha irmã, é uma grande honra recebê-la aqui, junto com a nossa diretoria, Dr. Pedro Lucchesi que está aqui. Amorim representando o Piai. Mande um grande abraço ao Piai.

E não posso deixar aqui de mencionar sempre Arnaldo Jardim. Arnaldo Jardim sempre foi um visionário. Visionário na questão do cooperativismo, na questão do biocombustível, na questão do financiamento do seguro agrícola da nossa agricultura. Então tenho que agradecer muito aqui, Arnaldo, você, por essa luta, por essa insistência, por essa esperança que você sempre teve para que a gente pudesse ter um momento mais oportuno. (Palmas.)

Cumprimentar aqui o Chiquinho e a Mônika, que são os nossos sempre secretários da Agricultura, como os outros já foram colocados aqui, mas me refiro aos dois pelo carinho e o apreço. Quero cumprimentar o Marco Vinholi. O Marco Vinholi é o nosso diretor técnico do Sebrae.

Com toda a equipe do Sebrae aqui, mencionei aos nossos amigos do Sebrae que quando nós assumimos o Sebrae tínhamos 1.200 colaboradores e esses 1.200 colaboradores fincaram, realmente, a importância da cadeia produtiva, não só do Agronegócio, da indústria, do comércio, do serviço e do Agro.

 Esse é o ponto importante dos elos da cadeia produtiva para que a gente possa fortalecer o nosso sustento do processo como um todo da produtividade, da sustentabilidade. Esses são pontos importantes que temos que registrar, porque não adianta um elo só ser forte e os outros serem fracos. Nós temos de estar todos juntos para que a gente possa ter, realmente, um trabalho conjunto.

E o Edivaldo, um grande companheiro, lembro na ocasião, vou contar um fato aqui muito interessante: Edivaldo pescando em uma noite maravilhosa, lá na cidadezinha dele e liga para mim: “Tirso, preciso falar com você.” Falei: “Edivaldo, diga, por gentileza”. “Nós precisamos fazer um movimento”. “Vamos fazer.

O que você deseja?” “Precisamos mostrar que não pode ter o aumento de ICMS no estado de São Paulo”. A partir daquela noite, nós fizemos um “tratoraço” no estado de São Paulo, ordeiro, respeitoso, mostrando à sociedade que realmente iria ter um aumento de impostos e o custo da alimentação iria aumentar.

Então quero cumprimentar aqui o Edivaldo por esse carinho, por esse apreço, onde, sem dúvida nenhuma, traz essa referenda. O Roberto Betancourt, nem posso dizer, é um grande companheiro nosso, amigo do nosso querido Paulo Skaf, que retorna agora à Fiesp com muito carinho e com muito apreço, e quem sabe vai voltar o pato para a Paulista, não é, Roberto? Acho que esses são pontos importantes para que possa idealizar.

Roberto Perosa faz um trabalho maravilhoso, uma pessoa incrível. Tive um contato muito grande com você em Rio Preto. Uma pessoa que tem, realmente, espelhado o desenvolvimento, o empreendedorismo muito grande. Quero cumprimentar você. O Carlos Sato, que é o meu presidente da Cocapec em Franca, sou filiado à Cocapec, então é um grande companheiro da gente, como também cumprimentar o Henrique, da Cocampi, e o Ibiapaba, da Citricultura.

Momento importante este, momento que nós temos que fazer reflexão. Passamos momentos muito difíceis, o arcabouço fiscal do governo, nós temos a responsabilidade fiscal, tiram a responsabilidade fiscal e colocam o arcabouço fiscal. Arcabouço fiscal não tem nenhum processo de engrandecimento da sociedade e sim de gastos da nossa sociedade.

E aí o que acontece? Inflação alta e taxa de juros. A segunda maior taxa de juros do mundo. Só perdemos para a Turquia, Marcos Jank, é fato que não justifica uma sociedade nossa receber um processo desse, aonde a economia monetária e fiscal está totalmente deturpada no País.

Além disso, nós temos a partir do ano que vem a reforma tributária que vai ser difícil para que a gente possa também ordenar. Temos a COP30 que também teremos, não é, Arnaldo? Nós estamos conversando com o nosso ministro Roberto e com V. Exa. sobre os grandes problemas que estão querendo colocar nos nossos ombros e que não podemos aceitar, porque nós não somos os poluentes que dizem que somos. A agricultura é o meio ambiente, a Agricultura, a água, todo processo que a gente tem de reestruturação da nossa produção.

Nós não podemos deixar isso acontecer e nós temos que mostrar, sem dúvida nenhuma, no processo produtivo nosso na COP, a importância de toda sustentabilidade. Estamos fazendo um trabalho, nosso querido deputado Itamar, nós estamos juntos com o Aldo Rebelo, junto com o (Inaudível.), junto com a Fabíola, que é uma jornalista, estamos trazendo alguns indígenas para que nós pudéssemos levar para a Europa para dizer a responsabilidade que o País coloca nos índios.

Nós não somos contra a comunidade indígena, mas eles não podem produzir, não podem criar as condições de serem empresários, de ter as condições como nós, compramos os fertilizantes do Canadá ou dos Estados Unidos e pagamos franquias aos indígenas. Por que não podemos fazer isso com o nosso indígena?

Nós temos que mostrar a realidade do que realmente vive o País e não simplesmente maquiagem no processo como um todo. E essa união, esse fórum, trará essa objetividade como nós temos o IPA, em Brasília, muito bem conduzido com o vice-presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, para que nós possamos estruturar o processo todo.

Está aqui o Zeca. Zeca organizou junto com o Brasilinvest. Tivemos em fevereiro nos Estados Unidos falando sobre a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Naquela ocasião ocorreu a decisão, Arnaldo, de que nós precisávamos da reciprocidade do etanol. Nós cobrávamos 6%, mas cobrávamos dos Estados Unidos 21 por cento. Ali, nós mostramos que o nosso etanol era límpido. E eles aceitaram. Estavam, lá, as pessoas do Trump, do Meio Ambiente. E foi muito receptivo.

O governo atual, governo federal, não quer resolver o problema das cadeias produtivas que estão sendo destruídas no nosso País. E nós não podemos aceitar isso, porque acaba todo o processo produtivo do nosso País. É o café, são os nossos peixes, são as nossas frutas, o nosso couro, o nosso calçado, todo o processo envolto nesse procedimento.

Então precisamos estar todos juntos, para que a gente possa lutar por esse desafio. Itamar, conte conosco, a Frente Parlamentar da Agricultura da Assembleia Legislativa de São Paulo. É uma honra estar aqui com vocês e colocar a nossa instituição sempre à disposição.

Meu muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado, Dr. Tirso. Nós que agradecemos.

Vamos ouvir, agora, Roberto Betancourt, Cosag, Deagro.

 

O SR. ROBERTO BETANCOURT - Boa noite a todos. É uma alegria olhar, aqui, esta plateia. Tanta gente amiga, batalhadora do agro brasileiro. Dizer para vocês que, em primeiro lugar, queria agradecer ao deputado Itamar, porque eu sou do núcleo que iniciou o Fórum do Agro Paulista e nós víamos como de fato é o estado de São Paulo: uma potência no agro.

Hoje, o governador Tarcísio dizia que São Paulo alterna com Mato Grosso como maior exportador do agro brasileiro, mas é um agro diversificado, agroindústria forte. Então, a gente olhava aqui, para a Alesp, e falava assim: “Nós somos tão pujantes, mas temos uma participação tão pequena dentro da Alesp”. E o deputado Itamar assumiu esse desafio do fórum, de ter uma frente parlamentar do agro funcional na Alesp.

Ele abraçou essa ideia, então a gente agradece muito, viu, Itamar? E hoje também queria agradecer aos outros deputados, o deputado Barros Munhoz, o Lucas Bove. Temos, já... E quem sabe, na próxima eleição, a gente consiga aumentar, não é, Edivaldo?

Então, o nosso fórum está sendo, agora, oficialmente relançado. Já tem estatuto. E nisso, viu, Arnaldo, copiamos bastante o que foi feito em Brasília, tanto no IPA, como na FPA, que foi vencedor e o seu trabalho lá tem sido excepcional. Todos aqui estão fazendo um apelo para que o Arnaldo continue, para que volte. (Palmas.)

Eu não vou nomear todos, porque realmente seria cansativo, mas aqui muita gente lutou pelo agro do estado de São Paulo, se esforçou. E eu creio que unidos nós vamos muito mais longe. Então é um exemplo de que a união faz a força, não é Itamar? E Edivaldo, Tirso, todos abraçando isso com as entidades, eu acho que a gente consegue fazer muito pelo Brasil, atuando juntos.

E, finalmente, eu queria dizer um pouquinho que o nosso líder e sempre ministro Roberto Rodrigues sempre dizia que o Alysson Paolinelli era o maior brasileiro vivo e fez de tudo para ele ganhar o Prêmio Nobel, lutou e, infelizmente, não conseguimos. Mas hoje eu acho que o ministro Roberto Rodrigues é o maior brasileiro, o grande representante do agro. (Palmas.)

E nós temos muito orgulho, viu, Roberto - meu xará -, de ter você como o nosso farol, a nossa luz. Tivemos a honra de você ter sido convidado para representar o agro na COP. Ficamos muito contentes, porque a COP sempre foi vista como um risco grande para todos nós, de um ambientalismo radical, e o Roberto, com a sua capacidade, vai passar mensagem de tudo o que o agro tem feito.

Hoje, o governador Tarcísio falou que em termos de reserva ambiental o estado de São Paulo está para chegar próximo de 30% da área do estado como área de reserva ambiental, muito acima do Código Florestal. Então a gente tem que se orgulhar, tem que defender e apoiar os nossos deputados, tanto o Arnaldo, como todos aqui na Assembleia, porque nós precisamos estar juntos. A política precisa andar junto do setor produtivo. E nós, unidos, vamos muito mais longe.

Então obrigado a todos, e espero todos juntos aqui no fórum do agro paulista.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado, Roberto, ao Cosag e ao Deagro.

Vamos agora ouvir o nosso secretário executivo da Secretaria de Agricultura, Alberto Amorim.

Quero antes aqui registrar a presença do prefeito de Mirandópolis, o Grampola, e na sua figura, no seu nome, se dá a presença dos prefeitos de Arco-Íris, de Luiziânia, vereador de Pirajuí, Luiziânia. Também agradecer aqui às entidades, federações, cooperativas, empresários do agro, amigos da imprensa e um destaque especial, aqui, para a primeira-dama da noite, a presença da nossa esposa, do ministro Roberto Rodrigues, a Carla de Freitas, importante empresária no agro de São Paulo. (Palmas.)

Alberto Amorim.

 

O SR. ALBERTO AMORIM - Boa noite. Não há necessidade de nomear as pessoas que já foram nomeadas, aqui, mais de uma vez, e nem de tecer comentários, a não ser dizer que eu me solidarizo com tudo aquilo que foi aqui colocado.

Eu só gostaria de agradecer que a secretaria pôde estar aqui presente com vocês não só nesta noite, mas todos os dias, porque esta Casa recebe a secretaria como a secretaria recebe esta Casa, de maneira integral, sempre prontos para a boa luta, aquela luta de todos os dias.

O que nos falta, agora, é contaminar as pessoas da cidade, fazer com que elas voltem a entender o que é a nossa luta, o que é a nossa jornada de todos os dias, o dia todo, sempre, faça chuva, faça sol, porque a cidade esquece que o grande segredo é que para ter leite na caixinha, você precisa acordar às quatro horas da manhã e buscar a vaca no pasto, alimentar a vaca, tratar da vaca, limpar a vaca, ordenhar a vaca e é três vezes por dia.

Então, gente, o que eu peço para nossa Assembleia é aquilo que o nosso secretário Guilherme Piai sempre diz: nos aproxime da cidade, das pessoas que estão nos grandes centros e essas pessoas vão ser o objetivo da grande luta nossa da secretaria.

O Piai está agora no interior. Deixou, naturalmente, os melhores votos a todos e abraços a todos desta Casa, agradeceu o convite e me honrou, me nomeando para representar a secretaria, mas ele sempre diz: nós não fazemos nada sozinhos, precisamos fazer junto com o pessoal da cidade para fazer desse estado cada vez mais o melhor estado do País e este país cada vez mais o melhor país do agro tropical do mundo.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado. Muito obrigado. Muito obrigado, secretário Alberto Amorim.

Aproveitando, quero saudar aqui a presença de representantes da nossa Secretaria de Agricultura, a nossa Apta, a nossa Cati, da nossa defesa. Vejo, aqui, o Sergio Tutui, o Orlando, Zé Carlos, Ricardo Lorenzini, todos amigos aqui da secretaria.

Vamos ouvir agora o nosso presidente-coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, o nosso Edivaldo Del Grande. (Palmas.)

 

O SR. EDIVALDO DEL GRANDE - Primeiro já falaram tudo o que tinha que ser dito, não é? Não, mas eu... Quarenta minutos e eu resolvo todo o problema, não é, Alberto? É rapidinho, não tem problema nenhum.

Então vamos lá. Primeiro, eu queria agradecer e te cumprimentar, não só ao Itamar, mas ao Arnaldo, ao Barros, também à Mônika e, agora, ao Roberto também. Eu acho que vocês são pessoas que fizeram a diferença para a agricultura do estado de São Paulo. Vocês abriram, realmente, a secretaria e o governo.

Eu sempre digo o seguinte: foi muito importante a gestão de vocês, porque vocês nos permitiram, o setor produtivo, a falar com o governo; nos ouviram, porque a gente quer só ser ouvido. Se a gente for ouvido, com certeza, as políticas vão ser mais assertivas, é muito mais fácil de a gente trabalhar, é muito mais fácil de a gente mostrar onde estão os empecilhos e como vocês podem nos ajudar. Então, esses secretários são muito e foram muito importantes, e continuam sendo muito importantes.

Eu queria, também, aqui cumprimentar o Lucas Bove, enfim, eu acho que todas essas pessoas que compõem, os políticos, Alberto Amorim representando a Secretaria; o Marco Vinholi; o Roberto Betancourt, que está aqui conosco; o Tirso Meirelles, meu amigo Tirso, que falou um pouquinho, mas eu vou falar mais do que ele, mas, enfim, meu amigo.

Ele falou que eu estava pescando, na verdade, não estava pescando, não, viu, Roberto? Eu estava tomando uma cerveja na beira do rio, dentro do meu rancho, estava bom demais, mas não estava pescando não.

Eu queria, também, aqui cumprimentar meus diretores. Nós temos os nossos diretores das nossas cooperativas, de todos os ramos que compõem o movimento cooperativista, estão aqui hoje conosco. É sempre uma honra estar com eles, amanhã nós vamos ter uma reunião, eles aproveitaram e estão aqui nos prestigiando, muito obrigado.

Esses secretários, eles têm uma característica diferente, eu agrupei os secretários aqui só por um motivo, Roberto. Eles, assim como você, são trabalhadores. Esse povo aqui que eu citei, todos eles, fazem um trabalho muito especial, vocês fazem um trabalho muito especial, fizeram e fazem um trabalho muito especial, até o Piai.

Gente, ser parlamentar não é fácil, ser secretário não é fácil, aliás, uma vez o Roberto me disse: “se quer se queimar, vá ser secretário”, não é isso, Roberto, que você falou? “E para se queimar mais ainda, vá ser ministro”, eu falei: “o que é isso, Roberto? Pelo amor de Deus”. A coisa é meio complicada, eu fiquei meio preocupado, desanimado, mas enfim.

Roberto, você é uma pessoa que nos ilumina, como disse, você é um farol, como disse o Roberto. Tudo que você faz, você faz com carinho, com amor, eu acho que é isso que precisa, e esses parlamentares, com certeza, trabalham dessa maneira, trabalham nos entendendo, vendo, e você recebeu, realmente, como disse o Roberto, uma missão espinhosa, mas ninguém melhor que você, ninguém.

Hoje, como você, não teria outra pessoa para fazer esse trabalho, não teria outra pessoa para nós confiarmos nesse trabalho, confiarmos nessa defesa tão importante do Agro, tão importante do cooperativismo que você faz.

Quando a gente olha para você, a gente enxerga o cooperativismo em você, o agro em você. Nós enxergamos o estadista em você, esse é o grande diferencial seu para todos nós, eu acho que isso eu posso... Não estou menosprezando ninguém, de maneira alguma, mas você é uma referência, e isso é muito importante, muito bom, e eu queria agradecer, então, a tudo que você faz e tem feito pelo nosso agro no nosso País.

Eu acho que a frente parlamentar, Itamar, é uma frente realmente muito importante, seja ela qual for. Nós temos o Alex Madureira na nossa frente do cooperativismo, você aqui fazendo esse trabalho, Itamar, aguerrido, ninguém melhor que você para tocar, ninguém melhor que você para nos ajudar a caminhar.

O “tratoraço”, como o Tirso disse, foi... Quanto tempo nós alertamos o Doria e a equipe do Doria? E ele estava do nosso lado: “não vai dar certo isso, não vamos fazer dessa maneira, vamos fazer de outra maneira”.

Afinal de contas, o agro, ele não movimenta, a gente quando pensa em agro, muitas vezes pensa lá o homem no campo, lá sentado, carpindo, ou trabalhando em cima do trator etc., mas ele movimenta muito mais que isso, movimenta as indústrias.

Quando a gente tem que plantar, nós temos que ter a semente, mas nós temos que ter os insumos, não é, Roberto? Nós temos que ter o comércio para vender esse produto, tudo está ligado ao agro, então, não é só aquele agricultor, tudo isso faz sentido, e nós precisamos de uma frente para nos defender, para falar, para mostrar.

Não queremos a benesse, não, o que a gente quer, Itamar, é só que nos entendam, é só que nos permitam trabalhar, plantar e colher em um mundo adverso à agricultura, que nós temos a nossa indústria a céu aberto.

Nós vivemos e dependemos de São Pedro, muitas vezes, não é, Roberto? A gente olha para o céu e fala, “vai chover? Não. Vai parar de chover? Não, vai já, e vai não sei o quê”, então, isso para nós é muito difícil.

Então, nós precisamos que nos entendam e que nos ajudem com políticas públicas decentes, com apoio decente, para que a gente possa trazer divisas lá de fora. Muitas vezes, eu acho que, aí, Perosa, eu acho que você, fazendo esse trabalho, preocupa-me muito, sabe por quê? Porque, às vezes, as pessoas não entendem a dimensão da balança comercial.

E aí, nós precisamos de vocês. Eu sempre digo que a política vai cruzar o nosso caminho, para o bem ou para o mal, mas vai cruzar. Então, vocês, vocês parlamentares, vocês que movimentam tudo isso, têm que nos ajudar, e nós temos que ajudar vocês. Estamos aqui, exatamente, para dizer a você: Itamar, toque em frente. Tenho certeza de que fala em nome das 45 entidades. Estamos juntos.  (Palmas.)

O Arnaldo, tenho certeza que ele vai desistir dessa ideia maluca de não se candidatar, mas, enfim, precisamos de vocês, porque nós precisamos de vocês, esse sentimento é mútuo, o Tarcísio falou isso.

Então, gente, muito, muito obrigado por aceitar essa empreitada, que eu sei que uma empreitada não é uma empreitada fácil, mas ninguém mais competente que você para tocar adiante, para fazer o que faz, juntamente com todos nós, com todas as nossas entidades que estão relacionadas e ligadas umbilicalmente a todo o processo público, todo o processo de política pública, nós precisamos das políticas públicas.

Então, muito obrigado, parabéns a todos e muito obrigado a todos pela presença. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, presidente Edivaldo Del Grande, nós é que agradecemos.

E vamos agora ouvir a saudação dos parlamentares, na sequência já vamos aqui convidar à Mesa, com o Marcos Jank e todos os participantes, para que possamos viver esse segundo momento.

Com a palavra, o deputado, ministro e secretário Barros Munhoz. (Palmas.)

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Pessoal, boa noite a todas e a todos, vou procurar ser breve, é difícil, porque eu costumo falar bastante também. É um defeito que a gente assume. Mas, Perosa, eu me lembro bastante do seu pai, tenho muita saudade dele. Mas eu queria dizer o seguinte, eu fui um fenômeno.

Quando eu fui à Rural Brasileira me apresentar como novo secretário da Agricultura de São Paulo, me perguntaram: “Escuta, o senhor é agrônomo? Não. O senhor é veterinário? Não. O senhor é zootecnista? Não. O senhor é advogado? Sou. E o que o senhor vai fazer como secretário da Agricultura? Eu vou advogar a causa da agricultura, porque o que a agricultura de São Paulo e do Brasil está precisando é de alguém que defenda a sua causa”. E acho que deu certo, porque todo mundo me ajudou.

Eu não tinha competência, eu fui atrás de quem tinha. Quem que eu fui procurar? Alysson Paolinelli. Quem mais? Roberto Rodrigues. E outras pessoas que tinham sido secretários; o Guilherme Afif Domingos foi secretário da Agricultura, fui beber no cálice da sabedoria dele também. E assim fui, com humildade, e buscando quem pudesse me ajudar e respeitando o agronegócio.

E, olha, tive uma felicidade que, lá pelas tantas, o presidente Itamar Franco ligou para o ex-ministro, ex-vice-presidente da República, Aureliano Chaves, e perguntou: “Preciso de um novo ministro da Agricultura. O Lázaro Barbosa não está dando conta do recado. É uma ótima pessoa, mas não está dando conta do recado”. E Aureliano Chaves falou: “O Barros Munhoz, secretário de São Paulo”.

Por que ele falou isso? Porque ele me conheceu, eu trabalhei com ele, e ele viu o que estava acontecendo em São Paulo. E eu acabei indo para o ministério, mas durei pouco, porque na briga entre o mar e a rocha, quem apanha é o marisco, e eu era o marisco. Eu era o marisco.

O Quércia brigava com o Itamar, entre aspas. Brigava de manhã, tomava café depois do almoço com ele e, à noite, jantava com o Itamar. E o Fleury, ingênuo, falou: “Eu vou brigar com o Itamar e vou me credenciar a presidente”. E nessa briga toda, eu me senti obrigado a sair do Ministério.

E o presidente Itamar foi muito delicado comigo, me fez até uma homenagem, reconhecendo a minha lealdade àquele que parecia ser o meu mestre - não tinha sido. Meu mestre já mencionei aqui quem foi: Aureliano Chaves. Mas por que eu estou falando tudo isso? Porque eu estou alegre.

Itamar, sabe por que eu vim aqui hoje? Eu falei: “A festa é do Itamar, a festa é do Arnaldo Jardim, a festa é desse pessoal maravilhoso que está aqui”. Se eu for mencionar todos, eu vou ultrapassar os três minutos. Já estou quase ultrapassando. Mas segura o rojão aí, segura aí que não vou demorar muito.

Mas, sinceramente, eu tinha que vir aqui, porque isso aqui me dá ânimo, me dá gás. Puxa vida, nós estamos precisando é disso mesmo! Vamos nos dar as mãos. Quem falou isso, falou muito bem. Vamos nos dar as mãos! Vamos nos dar as mãos, minha gente! (Palmas.)

Vou fazer uma indiscrição violenta. Quando o Fleury me convidou, falei: “Fleury, só tem um problema. Eu não vou admitir que os funcionários da secretaria fiquem com esses salários. Você topa corrigi-los?”. (Palmas.) “Você topa corrigi-los?”. Ele falou: “Topo”. Fiz assim, peguei o braço dele. “Faz assim.” Ele falou: “Que isso?”. “Juramento de índio. Quem desmanchar esse juramento, está condenado. Agora, se você topa esse juramento, eu sou o seu novo secretário.” E fui ser secretário dele.

E aí ele me perguntou... Eu estava no avião indo para Brasília tomar posse. E quando chegamos lá em Brasília, ele me perguntou: “E para sucessor seu lá em São Paulo?”. Falei: “Fleury, o Francisco Rossi veio comigo no avião e me propôs que se eu abrisse mão para ser ele o meu sucessor, ele desistiria da candidatura a governador, para me apoiar, mas eu não posso fazer isso com você, Fleury, e nem com a Agricultura de São Paulo e do Brasil.

Você só tem um nome, Fleury, para ser meu sucessor e para ser um extraordinário secretário. E se Deus quiser, futuramente, um extraordinário ministro”. Quem é? Fácil, fácil, fácil de dizer. Roberto Rodrigues. E assim ele foi o nosso secretário. Graças a Deus! Graças a Deus!

Então, falei demais. Muito obrigado por essa oportunidade! Vamos em frente! Vocês são os sustentáculos do Brasil! E mais do que isso, vocês são a esperança do Brasil!

Que Deus nos abençoe sempre, lhes dê ânimo, coragem, força, crença, fé e sucesso! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito bem, nosso Barros Munhoz, história linda. Obrigado pela, sempre, aula e contribuição que nos dá. E já convido o deputado Lucas Bove para que possa fazer a sua fala. (Vozes fora do microfone.)

 

O SR. LUCAS BOVE - PL - Eu acho que o Itamar... Eu acho que o Itamar tem alguma coisa contra mim, porque me colocar para falar depois do Barros Munhoz é maldade. É maldade, é maldade.

Mas, meus amigos, boa noite. Queria iniciar cumprimentando Itamar Borges, porque só o Itamar e o Roberto Rodrigues para botar tanta gente boa junto aqui hoje. Parabéns, Itamar, que bela festa. Eu vejo aqui muita gente de extrema qualidade. O Ricardo Saboya, o Perosa, o Gallotti.

Enfim, tanta gente boa aqui. Chiquinho Matturro, que já levou quase um milhão de emendas nossas lá para a Integração Lavoura Pecuária Floresta, faz um baita de um trabalho, Chiquinho. Dadão está ali, olha, pode pegar o cheque já de mais uma emenda aí. Cumprimentar, aliás, o Dadão, Eduardo Soares de Camargo, meu chefe de gabinete, em nome de quem cumprimento todas as assessorias aqui, todos os funcionários das secretarias, das autarquias, das federações que fazem a coisa acontecer.

Iniciar também cumprimentando a primeira-dama da nossa Agricultura, agropecuária, a Carla. A Mônika também, que representam aí a força das mulheres. Marquinho Vinholi faz um baita trabalho à frente do Sebrae. Barros Munhoz não preciso nem falar. Meu líder, meu professor, junto ao Itamar, aqui representam a força do nosso agro, na qual eu humildemente me juntei nesse primeiro mandato.

Estou trabalhando junto a eles, aprendendo com eles. Temos aí vários projetos aprovados em conjunto, projetos dos quais eu sou autor e eles são coautores ou apoiadores ou relatores, como Rotas Rurais, a Semana do Etanol Paulista, para levar o etanol para as escolas, e tantos outros projetos. Cumprimentar o meu amigo Amorim, nosso “02” da secretaria aí. Leve o meu abraço ao meu querido amigo Piai.

Eu tenho muito orgulho de dizer que eu fui um dos primeiros a iniciar a campanha “Fica, Arnaldo”. E hoje, nós conseguimos, oficialmente, um apoio de peso do governador Tarcísio.

Ele já convenceu o Barros Munhoz a ficar, pelo menos, mais um mandato e tenho certeza de que ele vai convencer o Arnaldo Jardim também, porque faz toda a diferença não só para o nosso agronegócio, para a nossa agropecuária, mas também como coordenador da bancada paulista, como um grande representante do nosso estado de São Paulo. Então como cidadão paulista, meu muito obrigado e o meu pedido para que o senhor, você, meu amigo, fique, pelo menos, mais um mandato lá.

Del Grande faz um grande trabalho também, representa aqui para mim aquele que é o modelo de maior sucesso no Brasil e no mundo, o modelo cooperativista. Cumprimentar de maneira muito especial o meu amigo Betancourt também, porque o agro, a evolução do nosso agro, a evolução do nosso Brasil passa pela agroindústria sem dúvida nenhuma. Leve o nosso abraço ao nosso querido Skaf, que vai reassumir lá.

Vou pedir licença ao herdeiro da dinastia Meirelles e cumprimentar a Faesp, em nome do Pedro Luccesi, porque eu fiquei muito emocionado, Pedrão, de ver como você cantou o Hino Nacional aí do fundo a plenos pulmões.

Você representa o agro que é patriota, o agro que é democrático, o agro que faz realmente esse Brasil ser a força que é. Então, em seu nome, cumprimento aqui também todos os presentes sindicatos, todos os federados aqui presentes.

Meus amigos, eu também não vou me estender muito na minha fala. A gente sabe a força, a importância do agro, da Agropecuária, da agroindústria. Não vou realmente me estender aqui, vou só pedir licença, quebrar um pouquinho o protocolo aqui e peço perdão pelas palavras.

Eu queria falar uma frase só para resumir o que eu sinto estando aqui hoje pelo nosso querido homenageado. Finalizar parabenizando, mais uma vez, o Itamar, pelo brilhante evento e dizer para vocês que Roberto Rodrigues é foda. Nada mais.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Com certeza, né, Roberto? Obrigado, Lucas Bove. E para fechar com a... voz feminina, Mônika Bergamaschi. (Palmas.)

 

A SRA. MÔNIKA BERGAMASCHI - Boa noite. Minha vida ficou muito difícil agora, depois disso tudo, mas, Itamar, muito obrigada pela gentileza, é um prazer estar aqui de novo. Essa Casa me traz tantas lembranças. A gente está de um lado, do outro. Todos aqui, então, na sua pessoa cumprimentar todos aqueles que já foram nominados. Na pessoa da Carla, cumprimentar os amigos que nos ouvem aqui.

Eu acho que o essencial desse evento, voltar com a nossa frente, recuperar o nosso SPAgro diz tudo. Nós estamos em um momento muito complicado, seja em São Paulo, seja no Brasil, seja onde for, e nunca foi tão importante que a gente tenha todos os elos do agronegócio unidos e conversando.

Lembro-me muito bem, acho que o Roberto Rodrigues tem uma passagem na vida de cada um aqui. Se eu chamar qualquer um de vocês aqui, certamente todos terão alguma história para contar. Ele também tem uma história na minha decisão para assumir a Secretaria da Agricultura.

Evidente também que passou por uma conversa com ele. E ele me dizia isso, me lembro do que ele falava, ele falou: “olha, todos os problemas estão na secretaria, ou estão no ministério, todas as soluções estão fora”.

E a outra coisa que ele me ensinou muito, muito rapidamente foi o seguinte. É muito fácil a um governo, quando recebe diferentes elos da mesma cadeia, e cada um pede uma coisa diferente. É só não fazer nada, porque daí você não agrada ninguém. É muito complicado para um governante quando uma cadeia inteira, um elo inteiro, já se conversou, já discutiu todas as arestas, já tem uma proposta única, é um discurso único, é uma coisa que vem em bloco.

Ele falou: “Isso é intransponível para aquele que é o governante, ou ele faz, ou ele está ruim com toda a cadeia”. E por que a gente não aprende essa lição de uma vez por todas? Por que a gente não dá as mãos. Por que a gente não caminha junto? E a última lição dele, ou uma outra lição entre tantas que me deu. Quem quer ir rápido vai sozinho, mas quem quer ir longe, vai junto.

Então, acho que nunca foi tão importante que a gente reativasse esse fórum sob a liderança, sob todas as associações, as cooperativas, os sindicatos, sob todas as formas de organização do setor privado que aqui estão, aquelas que ainda não estão, que estejam, e que a gente saiba compor, que a gente saiba conversar, que a gente saiba dialogar, que a gente saiba também comemorar e enaltecer aquilo que de bom vem sendo feito.

Então, muito obrigada a vocês. Arnaldo, fica, nós precisamos dessa força; Itamar, Bove, meus amigos todos que aqui estão, Sebrae, todos vocês. A importância das nossas instituições, que elas sejam fortalecidas e que a gente saiba cada vez mais caminhar juntos para que a gente possa ir longe.

Obrigada pela gentileza, um prazer, e também obrigada e parabéns à homenagem que será feita para o nosso amigo, para a nossa luz, para o nosso mestre, para o nosso farol, para o nosso maior brasileiro vivo.

Parabéns e obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Parabéns, Mônika, fechando com chave de ouro. Belas palavras, bela contribuição, e muito obrigado a todos, nesse primeiro momento, e já vamos na sequência. Convidamos aqui para compor o painel, para compor a Mesa, o nosso Marcos Jank, que é o nosso expositor palestrante desta noite.

Da mesma forma, convidamos Roberto Rodrigues, que é comentarista deste painel, junto com o deputado federal Arnaldo Jardim, representando a FPA, junto com o Ibiapaba Netto, o nosso presidente executivo da CitrusBR, Roberto Perosa, presidente executivo da Abiec, Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, e Francisco Matturro, presidente do Lide Agronegócio e presidente da Rede ILPF.

Quero dizer que, após a apresentação do Marcos Jank sobre os cenários do agro para o segundo semestre, nós abriremos cinco minutos para comentários de cada um dos membros aqui, componentes dessa bancada que acabamos de formar, prevalecendo conosco aqui os demais componentes da Mesa, como o Del Grande, o Tirso, o Vinholi, os deputados, o Amorim e a Mônika.

Com a palavra o nosso palestrante, o nosso expositor. O Perosa já chamei. Não veio ainda? Cenários Pós-Tarifaço, com uma explanação do Marcos Jank, que é coordenador do Insper - Agro Global, especialista em agronegócio, pesquisador e referência em comércio internacional do agro, e, posteriormente, os comentários. Dispensa apresentação.

Marcos Jank, muito obrigado, e com a palavra.

 

O SR. MARCOS JANK - Muito obrigado, muito obrigado a todos, obrigado Itamar, obrigado Arnaldo - fique. Vai ser assim agora o tempo todo. E muito obrigado a todos vocês por estarem aqui, Edivaldo, Perosa, a todos que estão aqui hoje, Amorim, é um prazer imenso falar, antes de uma homenagem ao Roberto Rodrigues.

Eu queria dizer que, em 1989, eu estava chegando da Europa, onde eu tinha estudado política agrícola europeia, e também, naquela época, a rodada do GATT, o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, agora sendo menosprezado pelo Trump, toda essa história, e o Roberto estava na OCB, se eu não me engano, ou na Ocesp, e me ligou em Piracicaba e falou: “Você que estudou política agrícola europeia?” Eu falei: “É, exatamente, acabei de chegar, tal”.

Ele me chamou para a gente conversar e falou: “Precisamos formar um grupo para entender desse assunto, para negociações agrícolas internacionais, colocar eventuais contenciosos contra subsídios, principalmente europeus e americanos”, e nós, então, trabalhamos juntos. Eu acompanhei o Roberto na OCB, na Ocesp, na Sociedade Rural Brasileira, na Secretaria da Agricultura e na Abac. Então foram anos, mais de uma década, e na ACI, na Aliança Cooperativa Internacional.

Então foi mais de uma década seguindo o Roberto, e o Roberto foi quem começou essa história do agro global. Até então, até os anos 1990, nós tínhamos medo do mundo, tínhamos medo da Argentina. Eu me lembro de que um dos primeiros estudos foi olhar como a Argentina nos afetaria com o Mercosul. A gente tinha medo da competição. Éramos uma economia fechada, e hoje somos uma economia supercompetitiva, então acho que o Roberto tem muito a ver com isso, nesses anos todos.

Muito obrigado, Roberto, por ser o guia de meu e de tantos outros na área internacional do agro. Bom, a área internacional do agro hoje está complicada. Não é, gente? Eu acho que essas regras que foram criadas na época do GATT e depois da OMC estão todas sendo rasgadas. Na verdade, nem é culpa só do Trump, o Trump acho que botou a pá de cal.

As organizações internacionais já vinham fraquejando há bastante tempo. A ONU não resolve o problema de guerra, a OMC não resolve o problema de comércio, a OMS da Saúde não resolve o problema de Saúde, as COPs do clima não resolvem problemas de clima. Então, já estavam fraquejando, o que o Trump fez foi ignorá-las. Ele substituiu as instituições internacionais por conversas diretas, transacionais, e conversa direto com empresários, conversa direto com presidentes, sem medir protocolos.

E, de certa forma, ele quebra 80 anos de regras internacionais, desde o final da Segunda Guerra. Regras foram a maior construção de organizações para lidar com o mundo complexo e globalizado. Foram essas instituições que foram criadas e que agora estão relativamente enterradas.

Ele também coloca restrições no maior mercado liberal do mundo, que é os Estados Unidos, o maior importador mundial, o maior mercado do mundo, se fechando, se protegendo, como se fosse o que aconteceu com a América Latina lá atrás, com a substituição de importações.

Ele introduz substituição de importação no mercado americano, que ninguém imaginava. E ele também ignora 250 anos de teoria do comércio internacional, desde o livro “A Riqueza das Nações”, de Adam Smith, quando Adam Smith mostra as vantagens absolutas e, depois, David Ricardo, as vantagens relativas de fazer comércio, porque é bom fazer comércio. E, realmente, ele volta para o mundo mercantilista, o mundo da barganha, do toma-lá-dá-cá, da reciprocidade.

Quando a gente fala de um tarifaço, não é um tarifaço contra o Brasil. É um tarifaço contra o mundo. Ele está negociando com dezenas de países. Washington nunca teve tanta gente lá. Acho que, hoje em dia, a melhor profissão deve ser lobista em Washington, porque é inacreditável como que as coisas estão acontecendo, sem regra, sem ter para quem reclamar.

Imagina um jogo de futebol que não tem juiz, que não tem placar, não funciona, todo mundo briga. E é o que está acontecendo. É um tarifaço contra o mundo que assusta, né? Eu nunca imaginava na minha vida que fôssemos viver num mundo do unilateralismo, como está sendo colocado agora por esse governo.

É claro que as coisas podem mudar, é claro que pode haver troca de poderes, pode haver muita coisa, mas a verdade é que no momento nós estamos todos pasmos de ver como que as coisas estão acontecendo de forma tão rápida.

Alguns dizem que isso é uma nova ordem internacional, talvez seja; ela lembra um pouco o passado, do século XV e do século XVI, no mercantilismo, mas eu acho que nós ainda vamos viver um longo período de desordem internacional.

É isso que nós temos nesse momento e é isso que a gente encontra agora com tarifaço de 50 por cento. Nós, do agro, achávamos que iríamos ganhar nesse processo. A gente vai ficar de lado, nós não estamos em nenhum centro, centro foco de atenção, como Europa, Ásia. Os Estados Unidos têm superávit conosco. Os americanos vão botar tarifa na China, a China vai subir a tarifa, nós vamos ganhar.

A verdade é que a gente saiu de ganhador para perdedor. E não foi por causa do comércio. Até porque os Estados Unidos têm superávit conosco. Foi por causa de uma dimensão político-ideológica que entrou no processo, em que existe uma dificuldade umbilical de os Estados Unidos lidarem com o atual governo aqui do Brasil, principalmente com a influência da China sobre a América do Sul.

Eu acho que talvez o ponto mais importante de tudo que eu tenho visto é a questão da presença da China na América do Sul e o impacto que isso tem na cabeça do Trump, do governo americano.

Esse ponto eu acho que é um ponto, que a gente vai continuar assistindo a muitos capítulos e que vai dificultar um acordo, porque não se trata de um acordo comercial; trata-se de um acordo onde são colocados assuntos que não têm nada a ver com o comércio, como ele já tem feito em outros assuntos, ele coloca minerais raros, ele coloca defesa.

O fato de ter acontecido o Brics aqui no Brasil, e algumas declarações fortes que foram feitas pelo governo, levaram, então, a esse impasse em que a gente se encontra nesse momento.

Então, eu vejo isso como uma coisa muito preocupante, e, obviamente, ele traduz isso em tarifas, as tais tarifas. Aí tem setores que ganham, setores que perdem. Até aqui, o que foi retirado da lista do agro, basicamente, e talvez para a nossa sorte, nós não somos dependentes de um só país ou de dois países no agro.

O agro brasileiro hoje exporta para 200 países, para os cinco continentes. Sessenta e seis por cento vão para a Ásia. Estados Unidos são 6%, 7 por cento. Portanto, é um mercado pequeno para o agro brasileiro.

Estamos falando de 12 bilhões de dólares, sob uma exportação total para os Estados Unidos de 40 bi. E o agro exporta para o mundo 165 bilhões de dólares. E tem tido recordes nos últimos anos. Então, é um mercado relativamente pequeno.

Mas é um mercado muito influente, muito qualificado, como é a Europa, como é o Japão. São mercados exigentes, são mercados enormes. A gente tem pouca presença, inclusive, lá nos Estados Unidos. E para alguns setores são fundamentais. Vocês conhecem o suco de laranja, que está aqui, a Ibiapaba, que vai comentar sobre o suco de laranja, a celulose, as carnes, o café, as frutas tropicais, o fumo. Esses são os principais setores que foram afetados pelo tarifaço direto.

E vamos lembrar que, por enquanto, os setores que conseguiram a isenção, o suco de laranja, por exemplo, não foi porque o governo brasileiro fez qualquer negociação ou deu qualquer coisa em troca; foi porque as indústrias americanas, os empresários americanos desses setores fizeram a pressão sobre o governo americano. E aí conseguiram, 20% da nossa pauta tem isenção, mas 80% continua sendo taxada.

Então é bastante preocupante esse mundo, porque a gente não sabe aonde isso vai parar. Amanhã ou depois, o Trump considera, de repente, de dobrar nossa tarifa por conta da questão da Rússia.

Vocês estão vendo que a Índia, que parecia que estava tudo bem, caminhando para um acordo há algumas semanas com os Estados Unidos, e aliada dos Estados Unidos, vamos lembrar disso, a Índia tem problemas com a China e tem proximidade com os Estados Unidos. Parecia que ela caminharia para uma tarifa mais baixa, no fim, por conta de comprar diesel da Rússia, recebeu 50 por cento.

Nós também compramos diesel da Rússia e, principalmente, compramos fertilizantes da Rússia. A Rússia é 27% da nossa importação de fertilizantes. O Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo, de elementos para fertilizantes, e depende muito da Rússia, da Bielorrússia e de alguns outros países.

Então nós temos aí um telhado de vidro bastante preocupante. Eu diria que a gente tem três problemas. Um é o tarifaço direto dos Estados Unidos sobre o Brasil, pelas razões político-ideológicas que foram colocadas, inclusive envolvendo o Supremo, envolvendo a família Bolsonaro e tudo o mais que vocês sabem.

O segundo é esse risco que a gente sofre, principalmente em fertilizantes, mas pode sofrer em outros produtos, que pode levar a um segundo castigo. E o terceiro, que pouca gente está vendo, foi o que, de certa forma, anunciou-se essa manhã, o Trump pressionando a China para que a China desse um acesso para a soja dos Estados Unidos, dos produtores americanos na China.

A China não tem condição de quadruplicar sua exportação para os Estados Unidos. Na verdade, nos últimos 25 anos, nós invertemos de posição com os Estados Unidos. Eles eram 60% da exportação de soja, nós éramos 25% ou 30 por cento; hoje, nós somos 55%, eles são 25 por cento. Eles não têm hoje condição.

Mas o que me preocupa não é isso, é que não tem regra para isso. De repente, eles criam uma cota do nada ou criam uma tarifa diferencial ou criam qualquer sistema desses malucos que podem ser criados num mundo sem regra. E a gente começa a ter um preço mais baixo do que, por exemplo, o agricultor americano tem. Isso pode ser feito nos grãos, isso pode ser feito nas carnes.

Aliás, as carnes são campeãs de barreiras, não só as barreiras tarifárias, como tem no caso da exportação de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos, que já tinha uma tarifa alta, e agora vai mais 50, então 50 mais 26, 76% de tarifa. Mas as carnes também têm as tais barreiras não tarifárias, as sanitárias, as técnicas, as ambientais, eventualmente. Então, nesse mundo, o que vai ser dessas barreiras?

Vamos lembrar que de 30 a 40% do que o Brasil produz vai para o mundo. É o setor mais exposto da economia brasileira ao mundo. Portanto, é o setor que tem que estar mais bem organizado para lidar com o mundo.

Talvez a minha mensagem mais central seja essa, a gente precisa se organizar, a gente precisa ter uma sala de guerra comercial, porque o que está havendo tem impacto direto no que vai acontecer no curto e no médio e talvez até no longo prazo para o agro brasileiro. É o mundo sem regras que vai nos exigir responsabilidade para lidar com esse problema.

E a gente até aqui ficou assistindo de longe e salvamos uns poucos setores até agora, mas os outros vão ter impacto, seja nos Estados Unidos, seja em terceiros mercados, conforme eu disse.

Bom, acho que esses são os pontos talvez mais importantes, eu não queria também me estender muito, mas eu acho que nesse processo, que a gente está vendo, que a gente está assistindo, hoje cedo nós tivemos o congresso da Abag, importantíssimo congresso.

É sempre uma luz para nós esse congresso, desde os tempos em que o Roberto e outros estiveram, aliás, começando com Ney Bittencourt de Araújo e tantos líderes que passaram pela Abag.

A Abag é o conceito da cadeia, da integração da cadeia. E eu acho que uma coisa muito importante que se falou lá é que nós precisamos de “agroalianças”. “Agroalianças” são fundamentais, porque a gente tem duas jabuticabas no nosso agro. Duas coisas que só o Brasil tem.

O Brasil é campeão de energias renováveis e, principalmente, bioenergia. E aqui nós estamos falando de etanol, biodiesel, bioeletricidade, bioplásticos, segunda geração, hidrogênio, biometano e tudo mais. Arnaldo é campeão nosso na defesa dos interesses da bioenergia.

Mas a bioenergia não é considerada, fora das nossas fronteiras, como uma solução para a transição energética. E mesmo recebendo a cópia aqui, alguns dizem que é a cópia da floresta, devia ser a cópia da bioenergia, porque o maior problema do mundo está na área de transportes e de energia fóssil.

Então a gente deveria trazer esse caso, mas infelizmente tem poucos países que seguiram o nosso exemplo, pouquíssimos países no mundo. E quando se fala de renováveis, em geral, critica-se a bioenergia e não se elogia. Então acho que essa é uma jabuticaba nossa, mal conhecida lá fora, e a outra é a agricultura produtiva e sustentável nos níveis que nós alcançamos e que também não têm paralelo no mundo.

Quando a gente olha para o mundo tropical, o mundo tropical está muito abaixo da gente, principalmente a África, que é um grande problema da humanidade, quem vai alimentar a África? Como ela vai se alimentar? Ela não tem outra saída, ela tem que seguir o modelo brasileiro de agricultura tropical.

E eu acho que era isso que a gente devia fazer, são essas “agro-alianças” que vão ajudar os trópicos a saírem para fora d'água, para terem condição de se alimentar, tanto segurança energética, como segurança alimentar, como segurança climática, que são os cavaleiros do apocalipse, que o Roberto fala tanto. Eu acho que o que a gente fez aqui foi tratar dessas questões com muita precisão, com muito bons resultados. Então a gente tem que construir alianças fora do País.

Em termos de perspectivas para o Brasil, eu acho que a gente tem, com todos os problemas que eu falei, com as dificuldades lá do tarifaço, da nossa organização, o Brasil é o país que mais tem condição de se expandir, não só verticalmente, com produtividade, mas também horizontalmente, por exemplo, como é o tal do ILPF, que se falou sobre isso, o ILPF, não é, Chiquinho? Que é uma solução maravilhosa de integração de sistemas.

Você não tem nenhum paralelo hoje no mundo de país que possa, que está fazendo o que a gente está fazendo. Então acho que nós temos grandes oportunidades. Mas eu queria deixar aqui alguns recados em relação aos desafios, porque, quando a gente fala que nós temos agora o Fórum Parlamentar do Agro Paulista, temos a Frente Parlamentar do Agro Paulista, fazendo e se somando aos grupos de Brasília e de outros estados, nós estamos falando de organização para lidar com os riscos que esse setor corre.

E vamos começar pelo risco de um governo que está ensandecido para arrecadar mais, e que vai fazer de tudo para se reeleger, e tem um risco, sempre tem um risco sobre o agronegócio, que Arnaldo tem vivido em Brasília e que a gente tem sentido que precisa ser replicado nos estados, no estado de São Paulo, no estado do Mato Grosso, nos principais estados agrícolas, para não deixar ocorrer taxação das exportações, invasão de terra, marco temporal e outras coisas que são sempre muito complicadas para o nosso futuro.

E aqui eu não estou falando das exportações, mas da taxação da LCA, do CRAs, dos Fiagros, das debêntures, que a gente tem visto. E também o problema da guerra, da questão lá dos juros altos, os juros altos estão em níveis absurdamente elevados para as pessoas terem coragem de produzir. Falta de mão de obra no campo, insegurança jurídica, gestão de riscos.

Então, acho que esses são os temas que a gente tem que trazer para a frente parlamentar. Vamos lembrar que o estado de São Paulo é um modelo de integração vertical de cadeias produtivas, e a gente não pode deixar que isso desapareça. Hoje mesmo comentávamos aqui fora do problema que está acontecendo lá no Consecana, por exemplo.

O Consecana - e eu fui presidente da única há alguns anos - é uma referência que fez com que a cana crescesse no estado de São Paulo, tendo um parâmetro de preço para a cana baseado nos preços finais dos produtos da cana. E eu soube que agora estamos vivendo aí um conflito lá no Consecana, que pode inclusive acabar com o placar, porque o Consecana é um placar, e de repente pode ter dois placares, três placares, isso não é nada bom, isso envolve coordenação da cadeia da cana.

E nós temos aqui em São Paulo várias cadeias, a laranja, com as dificuldades sanitárias da laranja, de continuar crescendo, tem tão pouca laranja no mundo, tão poucos lugares que tem laranja, e o Brasil talvez seja o que tem mais potencial, a celulose, enfim, todos os produtos do agro paulista são exemplos de coordenação, e eu acho que é super...

O que é muito importante, acima de tudo, quando a gente fala do que precisa ser feito, é a nossa capacidade de construir inteligência estratégica, construir políticas corretas, caminhar para o lado de aumentar a competitividade, a sustentabilidade, a inserção internacional, o entendimento das realidades internacionais.

Esse tema lá do tarifaço, ele exige, acima de tudo, uma coordenação da academia, das empresas, do setor privado, de todos aqueles que estão trabalhando essa questão, para saber como é que a gente vai sobreviver a esse novo mundo que está vindo aí.

E isso é mais importante no agro do que em qualquer outro setor da nossa economia. Não tenho a menor dúvida em dizer que nós somos uma economia fechada, mas o agro não é um setor fechado, é um setor extremamente aberto, que se integrou ao mundo pelas suas próprias pernas, pelo que fez em termos de gente, de tecnologia, de política pública, que foram construindo esse agroexportador que é o único no mundo, mas que, talvez, o seu desafio continue sendo organização.

Como que a gente organiza isso? E o que eu aprendi com o Roberto Rodrigues nesses anos todos que eu conheço, há tantos anos, foi que o Roberto sempre falava isso, organização, organização, organização. Precisamos construir bons relacionamentos dentro da cadeia, fora da cadeia, com o governo, em outros países.

E eu acho que essa é a principal lição, quando ele fala, e eu participei desse livro “Agro é Paz”, que nós fizemos pelo Esalq, quando ele estava na cátedra lá do Esalq. O “Agro é Paz”, o que é? É um receituário de por que segurança alimentar, segurança energética, segurança climática são fundamentais para a paz universal, e que nós conseguimos, de uma maneira muito diferente do resto da economia brasileira, criar no agronegócio.

Então, muito obrigado, fico muito honrado de estar com vocês.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito obrigado ao nosso Marcos Jank, convido para que ele sente aqui, para que nós possamos já iniciar. E vamos iniciar com o setor que foi preservado pelo tarifaço, que é a citricultura. E depois vamos para o setor que não foi preservado, que é a carne. Então, com a palavra, o Ibiapaba, executivo da CitrusBR.

 

O SR. IBIAPABA NETTO - Obrigado, deputado Itamar. Prazer estar aqui, muito obrigado pelo convite, um prazer em uma noite dessas, em homenagem ao nosso ministro e mestre, Roberto Rodrigues, estou do lado do meu amigo “Fica, Arnaldo”, Chiquinho também. Bem, excelente apresentação, como sempre, do professor Marcos.

O que eu posso trazer aqui para vocês? Eu acho que a gente inaugurou a era da incerteza, esse acho que é o grande ponto de partida. Hoje é muito difícil a gente ter qualquer tipo de previsibilidade para o futuro, porque o mundo, como o professor Marcos colocou, está se restabelecendo numa nova ordem e chacoalhando um pouco algumas estruturas que já eram bastante consolidadas.

A gente sabia que, para lidar com a Europa, a gente tinha ali uma diplomacia comercial de stakeholders, com americanos era comercial, a gente sabia mais ou menos como lidar nesse mar, e a vida seguia. E agora o que a gente tem? A gente tem ali o valentão da sala, que tem um porrete maior do que todo mundo, e não tem medo de usar.

Então, basicamente, isso mudou toda a configuração em que a gente vinha. E o que o setor do suco de laranja tem a ver com isso? A gente foi isento dessa primeira leva de tarifas para suco de laranja, embora sob produtos que são muito importantes, principalmente no consumo do suco reconstituído.

E aí eu faço rapidamente uma explicação aqui, deputado Itamar. Nós temos dois principais produtos: o suco não concentrado, que é a diluição natural; e o suco concentrado, que a gente tem 66% de partes sólidas. Esse produto é desmontado. Então, ele sai lá da fábrica, a gente concentra o suco, a gente tira o aroma, as células cítricas, e vende tudo isso à parte e remonta no destino.

Hoje, a parte de células e óleos essenciais... E aqui essências, vamos dividir também em dois grupos: a gente tem a parte dos perfumes, tudo que é fragrância que a gente cheira vem da parte cítrica, são os óleos essenciais; e tudo que a gente come são os aromas que estão nos produtos. Então, está muito envolvido também com uma parte da indústria de alimentos americana.

Então, a gente tem uma parte ainda para caminhar, porque, obviamente, isso pode ter algum impacto em relação aos produtos que são consumidos no mercado americano, mas, pelo menos, uma grande parte ali a gente conseguiu livrar neste primeiro momento. E por que a gente conseguiu isso? Acho que essa é a grande pergunta.

Acho que dois aspectos foram fundamentais. O primeiro deles é uma interdependência de cadeias: 56% do consumo americano de suco de laranja é de suco brasileiro. Então, você condenar o suco brasileiro a uma tarifa de 50% era você condenar as empresas americanas a, de repente, deixarem de existir.

E aqui a gente está falando de grupos americanos tradicionalíssimos, como Coca-Cola, como Pepsi. Grandes grupos que têm nas suas cores, nos seus emblemas, a bandeira americana. Quando a gente olha as cores dessas empresas, estão ali representadas as cores da bandeira americana.

Então, teve, sim, uma gestão muito forte pelo empresariado americano, mas também do brasileiro, porque este é um setor que há 30 anos investe nos Estados Unidos. Então, nós temos fábricas, nós temos terminais portuários, nós temos uma série de investimentos lá que são investimentos bilionários que estão nos Estados Unidos, num momento em que o governo atual fala e diz o seguinte: “venham investir nos Estados Unidos”.

Então, não fazia sentido, num primeiro momento, você prejudicar tanto empresas que são genuinamente americanas e que trabalham nesse mercado, quanto empresas que são de capital estrangeiro nos Estados Unidos, que têm investido lá há 30 anos. Então, nas interlocuções que aconteceram com a Casa Branca, esses foram os dois grandes pilares que chegamos até o ponto onde estamos.

Está ganho? Não, gente. A gente só está em seis meses de governo. A gente tem três anos e meio ainda pela frente. Então, acho que qualquer coisa agora que a gente possa prever de futuro, o que eu falar aqui, uma cartomante, a bola de cristal, tem exatamente o mesmo efeito, porque a verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer.

Então, para o que a gente torce? E aí eu vou repetir aqui o que eu falei na reunião em que estava o vice-presidente Alckmin: precisamos de adultos na sala. Precisamos de gente responsável, que consiga editar o seu respectivo discurso, no sentido de não piorar o que já não está bom.

Não vou falar que para a gente está ruim, em comparação a outros colegas, a outros setores que estão em dificuldade maior, mas a verdade é que não está bom. Na melhor das hipóteses, para a gente essa brincadeira toda está custando um bilhão e 400 milhões de reais a mais.

Esse é o custo do tarifaço para o nosso setor neste momento, incluindo subprodutos, incluindo os dez por cento de tarifa que não existiam. Diga-se, o setor já era tarifado, nós já pagávamos uma tarifa de 415 dólares por tonelada para uma suposta proteção de uma citricultura que não existe mais na Flórida, uma citricultura que não teve a mesma capacidade da pesquisa brasileira.

E é muito bom a gente poder falar, os cientistas brasileiros nesse ponto são melhores do que os cientistas americanos, porque conseguimos aqui, obviamente com uma série de problemas e dificuldades, conseguimos manter um padrão de produção e produtividade muito semelhante nos últimos dez anos.

Os problemas que a gente teve até agora, boa parte foram muito mais por questão de clima do que questão de “greening”. “Greening”, sem sombra de dúvida, é um problema para o futuro, é um problema que vai afetar sobremaneira o nosso setor, mas ele está se reinventando. Está indo para Minas, está indo para o Mato Grosso do Sul, para algumas áreas um pouco mais isoladas de São Paulo, e assim o setor vai dia a dia se reinventando.

O que a gente pode esperar para os próximos meses? Bem, eu acho que cada dia, sem uma novidade, é uma vitória. O americano fala: “no news, good news”. Então, eu acho que para a gente é isso. Cada dia que a gente não tiver, que a gente conseguir atravessar a arrebentação, colocar a cabeça para fora, e não vier uma onda em cima da nossa cabeça, já está de bom tamanho.

Então, assim, de maneira geral, gente, aí o último ponto que eu queria colocar, e isso eu acho extremamente sensível. Na hora que a gente começou com essa história de tarifaço, a primeira coisa que a gente ouviu foi: “ah, não, mas é só o Brasil exportar para outros mercados”. Não, gente.

Assim - e aqui eu estou fazendo uma menção ao Roberto Perosa, que foi secretário de Relações Comerciais, que, enfim, trabalhou na abertura de um monte de mercado para um monte de produto -, o mundo não está de braços abertos para o Brasil, falando: “nossa, o Brasil deixou de exportar para os Estados Unidos, traz seu produto para cá”.

Tem negociações que eu acompanho ao longo de governos, e que elas continuam paradas no mesmo lugar. Não andaram um centímetro, e não foi por falta de competência de negociador brasileiro, não foi por falta de subsídio técnico, não foi por falta de, enfim, força de convencimento. É porque simplesmente não é do interesse de outros países também abrir as portas para produto brasileiro.

Então, o receio que eu tenho é de que nós deixemos de ter o mercado americano e ainda fiquemos mais fragilizados no âmbito dos Brics, por exemplo, porque até agora é um salve-se quem puder. A gente não teve nenhuma sinalização ali extremamente positiva que possa trazer para nós algum tipo de perspectiva.

E nem estou falando do setor do suco de laranja, que, no nosso caso, nós não temos nem estrutura de recebimento, volume, não temos linhas de envase para rodar produto, rótulo, não temos contrato com varejo para que nós possamos redirecionar esse tipo de produção. Então, no final das contas, eu acho que é um momento muito delicado que a gente tem.

Insisto mais uma vez, a gente está vivendo aqui a era da incerteza. Eu espero que ela seja curta, mas eu acho que o prognóstico não é dos mais positivos. São apenas sete meses de quatro anos. Então, eu espero que alguma coisa aconteça, não sei o quê. Eu acho que tem gente mais gabaritada que estuda isso que pode trazer. Mas, de todo caso, eu acho que cautela é o melhor remédio neste momento, e não criar atrito. É isso.

E, por último, fique, Arnaldo.

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado, Ibiapaba. Vamos ouvir, então, o presidente-executivo da Abiec, Associação Brasileira das Indústrias de Exportadores de Carne, Roberto Perosa.

 

O SR. ROBERTO PEROSA - Bom, boa noite a todos. Para mim é um prazer enorme estar aqui, ao lado de tantos amigos, do Dr. Roberto Rodrigues, meu xará, tantos anos conversando, dialogando, amigo do meu pai, do meu tio, enfim, de todos os meus tios.

Enfim, eu estava comentando aqui com ele, o Dr. Roberto vai fazer, este ano, 60 anos de formatura na Esalq. E meu pai formou no ano seguinte dele. Então, ele falou, é, teu pai foi meu bicho e tal. Estava me contando aqui o relacionamento dele com meu pai. Enfim, uma relação de longa data. Para mim, é um orgulho enorme estar aqui ao seu lado, poder dividir com você as nossas ideias e homenageá-lo nesta noite.

Queria agradecer ao deputado Itamar Borges pela brilhante sessão, pelo relançamento da SPAgro. Eu também, como o Roberto Betancourt disse, estava lá quando nós demos início à fundação do fórum paulista, Edivaldo. Muita luta, muitas reuniões online, pelo amor de Deus, tanta conversa que, no fim, deu esses frutos maravilhosos que deram.

Nos momentos de batalha que a gente pôde ter, de combate aos aumentos de ICMS, que o estado previa e etc., foram muito positivos. Mal a gente sabia o tanto que seria importante a formação dessa frente, desse agrupamento de associações aqui pelo estado de São Paulo.

Enfim, cumprimentar o Arnaldo Jardim e, em nome dele, todos os demais integrantes, o Chiquinho Matturro, meu dileto amigo; o Ibiapaba Netto. Eu digo para o Ibiapaba que toda reunião que a gente vai alguém erra o nome dele. E comigo também é muito semelhante. Às vezes as pessoas erram o meu sobrenome. Estava comentando com a Mônika aqui e falei: “Se o Itamar errar meu sobrenome, eu já nem vou falar, Mônika.” Mas então, enfim, o Arnaldo, que é essa liderança, faz parte do time, Arnaldo. Fica, Arnaldo. Estamos aqui, conte com o nosso apoio sempre.

Agradecer ao Marcos, que sempre foi muito carinhoso comigo. No período em que eu estive no ministério, sempre se dispôs a ajudar. Eu instituí no ministério, Roberto, que você criou a secretaria, que todos os adidos agrícolas do País, para poderem ir ao exterior, antes têm que fazer uma aula com o Marcos Jank.

Então isso está determinado lá. Todos os adidos - agora estão indo mais 20 e poucos adidos - já provavelmente fizeram a aula, entendeu? E, se não fizeram, vão fazer ainda. Tem que sempre ter uma visão da geopolítica dos alimentos, global, para que possam chegar aos seus postos e desempenharem ao máximo para a agricultura brasileira.

Mas, gente, lembrando... Eu tenho que lembrar, são muitos amigos. O Alberto Amorim; o Barros Munhoz também, um grande amigo do meu pai. Muito obrigado, Barros. Grandes batalhas juntos. Ao Lucas, parabéns pela sua trajetória. À Mônika, eu já comentei. E ao Roberto, que é o nosso líder lá na Fiesp, ao qual eu faço parte também do Cosag.

Bom, falando um pouco da carne bovina, a carne bovina hoje exporta para mais de 157 países. É claro que nós temos diversificação de mercados, nós não somos... Claro, nós temos uma concentração na China, mas nós exportamos para muitos destinos. Então, o mais comum seria... “Ah, vocês podem realocar esse mercado de carne, podem redirecionar o mercado de carne.”

Mas, como bem disse o Ibiapaba, a abertura do mercado, a volumetria que o mercado americano demanda de carne bovina não se acha em qualquer esquina. Então, nós temos que aprender a conviver com essa dita “trumpulência”, que a turma está dizendo aí, que são esses momentos turbulentos sob a Presidência do presidente Trump.

O Brasil vinha muito bem. No ano passado, nós tínhamos exportado já mais de 200 mil toneladas para os Estados Unidos. E este ano, os Estados Unidos vivem o seu menor ciclo pecuário. Os Estados Unidos, geralmente, têm um rebanho em torno de 100 milhões de animais. E este ano... O ano passado já caiu um pouco, mas este ano está no menor nível nos últimos 75 anos. Então, hoje está em torno de 80 milhões de animais.

Isso faz com que os Estados Unidos demandem muita carne, importem muita carne. E os Estados Unidos vinham importando muita carne do Brasil. Por quê? Porque a carne do Brasil é uma carne sustentável, de grande qualidade e, mais do que tudo isso, ela é complementar ao mercado americano.

O mercado americano tem uma produção em que tem uma carne mais, vamos dizer, entremeada, com mais gordura, que para o seu consumo... E a carne brasileira é uma carne mais magra, mais “lean”, como a gente costuma dizer. E essa carne complementa a composição da indústria processadora de carne americana. Então, para fazer o hambúrguer americano, se usa uma parte de carne americana e se utilizava uma parte de carne brasileira para chegar ao hambúrguer perfeito.

Lembrando que nos Estados Unidos, diferente de muitos outros países ao redor do mundo, 65%, escutem bem esse número, 65% do consumo de carne bovina nos Estados Unidos é através de hambúrguer. Não é o “steak”, não é... É o hambúrguer. Não é a almôndega, é o hambúrguer. Então, veja como é forte a cultura do hambúrguer no mercado americano e como tem impacto na sua economia.

Hoje mesmo eu estava falando com empresas americanas e o preço da carne nos Estados Unidos não para de subir. É claro que há um teto para isso, porque não adianta subir sempre que a carne sobe, porque o consumidor não consegue pagar o preço conforme vai sendo repassado o preço. Então, chega em um momento em que o consumidor simplesmente para de consumir. Isso já está gerando um certo caos e pressão das empresas americanas sobre o governo americano.

Nós temos tido notícia de que várias empresas de redes de fast food têm falado com o presidente Trump sobre essa situação. E nós temos dialogado também, através da associação de importadores de carne dos Estados Unidos, através das empresas brasileiras que lá atuam, da JBS, do Marfrig, que têm operação própria dentro dos Estados Unidos, para que a gente possa fazer essa interlocução com o governo, mas também com o Congresso americano, explicando os benefícios que a carne brasileira leva ao mercado americano: faz parte do “blend”, faz parte de um controle inflacionário, garante o acesso da classe média baixa à carne bovina, que é uma proteína essencial para a subsistência humana e que também é muito cultural nos Estados Unidos. Então, nós temos tido esses diversos diálogos.

Por outro lado, o governo brasileiro... Nós louvamos a iniciativa do governo brasileiro, mas até o momento não tem tido êxito, infelizmente. Então, nós temos participado de todas as reuniões que estamos sendo chamados, convocados, colocando o problema da carne brasileira.

Lembrando que a pecuária é altamente capilarizada no Brasil. Nós temos a pecuária de corte em mais de cinco mil municípios no Brasil. Então, todo município, inclusive São Paulo, tem pecuária, e a gente não consegue achar um outro destino - como os Estados Unidos eram, o segundo maior mercado brasileiro - com essa concentração de demanda e com essa - vamos dizer assim - rentabilidade na questão do preço, por conta do momento que os Estados Unidos vivenciam de falta de carne.

Bom, o fato é que o Brasil é um grande exportador. Nós, nesse mês de julho, atingimos um recorde histórico de exportação de carne bovina: exportamos mais de 313 mil toneladas de carne bovina - um pouco em antecipação ao que as pessoas estavam imaginando com relação aos Estados Unidos. Mas realmente é um recorde.

Nós temos um crescente de cerca de 14, entre 13% e 14% do volume de exportação, em referência ao ano passado, que já foi o ano em que nós batemos todos os recordes de exportação de carne bovina brasileira. Então a previsão de que faltariam animais, etc., não se confirmou, e nós continuamos em ritmo crescente para as exportações.

E eu acho que é um setor que é a cara do Brasil. Onde nós vamos, todo mundo fala do café, é claro, mas também da carne brasileira, que é amplamente difundida, que gera mais de sete milhões de empregos em toda a sua cadeia no Brasil, e que não pode ser deixada de lado em um momento de negociação.

Nós estamos pedindo e solicitando muito ao governo brasileiro que continue e intensifique as negociações, talvez fazendo negociações por setores, até atingir todo o escopo que deseja atingir, mas iniciando por aqueles que os Estados Unidos entendam como o mais essencial neste momento, para que não haja uma negociação em bloco e sim por setores, para que a gente possa atingir os objetivos mais facilmente.

É muito difícil negociar em bloco com os Estados Unidos. Eu estive à frente das negociações do Brasil com os Estados Unidos durante dois anos. Sei muito bem o que eles querem e sei o que o Brasil pode oferecer. Mas as coisas mudaram porque entraram componentes políticos nessas negociações, não são somente comerciais.

A gente espera que esses componentes políticos sejam direcionados às questões políticas, aos agentes políticos, e não ao setor produtivo brasileiro, que tanto faz pelo agro, que tanto faz pela geração de emprego, que tanto faz pelo desenvolvimento do interior do nosso país - que é onde está o nosso agro.

Então eu acredito ainda em uma saída negocial. Não há outra saída para nós. Nós acreditamos na saída negocial. Estamos nos articulando com as nossas contrapartes nos Estados Unidos que importam a carne bovina, estamos articulando com as empresas brasileiras que lá atuam para que a gente possa ter acesso ao Congresso americano, ao Executivo americano e a gente possa, em breve, ter de volta a carne brasileira sendo exportada aos Estados Unidos.

Eu lembro a todos que no ano passado o Brasil exportou 220 mil toneladas com uma tarifa praticamente de 26,4% já. Não é que nós tínhamos isenção. Nós já éramos tarifados em 26,4 por cento.

Nós tínhamos uma pequena cota, em que o Brasil participava com outros dez países, mas essa cota se exauria no dia dez de janeiro. Então tudo o que foi exportado do dia dez de janeiro até o dia 31 de dezembro de 2024, já pagou essa tarifa de 26,4 por cento.

E agora nós fomos surpreendidos com essa tarifa inicial de 10%, acrescida aos 26,4%, porque, obviamente, a cota se exauriu na primeira semana de janeiro, esse ano, e nós estávamos pagando 36,4%, e mesmo assim ainda conseguindo alguma competitividade.

Quando há a troca desses 10% pelos 50%, fica praticamente inviável, levando a nossa tarifa a 76,4 por cento. Estamos mais caros do que a carne da Austrália, mais caros do que a carne do Canadá, que são países que têm um outro tipo de carne, que é a carne que compete na gôndola do supermercado, que não é a carne brasileira que vai para os Estados Unidos.

A carne brasileira que vai para os Estados Unidos, basicamente, é o dianteiro do boi, são recortes do dianteiro, que vão exatamente para fazer o hambúrguer americano. Essa carne tem um baixo potencial de consumo no Brasil. Muita gente me pergunta, dá para a gente internalizar essa carne?

Claro que dá para a gente internalizar essa carne, mas não dá para internalizar tudo. O brasileiro não tem o costume, claro, salvo algumas exceções, de comer carne moída todo dia. A gente come o bife aqui no Brasil. Então, nos Estados Unidos, se consome o hambúrguer, que é a nossa carne moída. Então, não dá para internalizar tudo e não há um destino que requeira essa demanda.

Então, é claro, essa carne fica aqui, afeta a pecuária, afeta o preço da arroba do boi. Muitos aqui são pecuaristas, sabem do que eu estou dizendo. O boi teve uma queda com o anúncio do tarifaço, deu uma pequena reagida agora com a alta demanda que teve da China nesse mês, mas não é uma coisa segura para os próximos meses se a gente não retomar esse mercado.

Então, o pessoal fala: mas os Estados Unidos são cerca de 12% da nossa destinação. Sim, cerca de 12% da nossa destinação de recortes que a gente não tem onde colocar no mundo. Então, se a gente não atingir esses 12% nos Estados Unidos, nós vamos ter que internalizar essa carne com depredação do preço interno, depreciação do preço interno, o que é muito ruim.

Então, nós estamos seguindo na luta para que a gente retome esse mercado exportador, que é tão importante para o setor, e que a gente possa, em breve, estar aqui comemorando novamente essas exportações para um mercado que é altamente rentável e que traz rentabilidade para toda a cadeia, para a cadeia frigorífica, mas para a cadeia dos pecuaristas também.

 Enfim, para todos os elos que estão envolvidos nessa cadeia tão importante para o Brasil. Bom, mais uma vez, Itamar, muito obrigado pelo convite, parabenizar o meu xará aqui, parabenizar o nosso professor Marcos Jank, e deixar um grande abraço a todos vocês.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito obrigado, Beto. Excelente contribuição. E vamos ouvir o Chiquinho Matturro, secretário, Lide, ILPF.

 

O SR. FRANCISCO MATTURRO - Bem, boa noite a todos. Itamar, depois de tudo que eu ouvi, aqui fica registrada essa admiração profunda que eu tenho pelo Marcos Jank, estudioso profundo dos temas, e aprendi muita coisa com ele já de muito tempo. E uma delas, Marcos, você não citou hoje aqui, mas citou outras vezes, nenhum país do mundo quer depender do outro. É um fato.

Todo mundo queria ser autossuficiente. O Brasil quase é, mas ainda falta um pedaço. E também gostei da citação do Ibiapaba, a história do porrete. Além de o cara ter um porrete maior que o nosso, não ter medo de usar, o cara é grande. É complicado. A nossa vida ficou difícil. Então, eu vou me ater a uma outra coisa, que é Dr. Roberto Rodrigues.

Primeiro, foi uma ousadia, da minha parte, não da sua, Itamar, sentar na cadeira que um dia sentou o Roberto. Foi difícil, mas nós somos o primeiro a nos orientar com ele à frente para poder assumir a secretaria: o Itamar, como titular, e eu, como secretário executivo, cadeira que hoje é ocupada pelo Amorim. E muito bem ocupada. Está bem-posto.

Sentar na mesma cadeira onde sentou o Barros Munhoz, esse gigante Arnaldo Jardim, e outros tantos, a Mônika, que está aqui, é uma tarefa difícil que nós assumimos e parece que deu certo. Acho que deu certo. Falar hoje da SPAgro. O Itamar tem lutado durante a vida dele, foi vereador com 20 anos, prefeito com 24, ele dedicou a vida dele ao agro, porque os nossos municípios são predominantemente agro.

Nossos municípios não têm outra atividade. Então, Itamar, obrigado pela oportunidade, obrigado por ter a oportunidade de ter trabalhado com você, e depois ter a ousadia de sentar numa cadeira que foi sua também. Então, é uma luta grande. Eu vou falar do amigo Roberto.

O amigo Roberto teve tantas ousadias na vida, e durante a nossa amizade, eu só vou usar um minuto por cada ano de amizade que eu tenho com o Roberto. Vai dar uma hora e meia. Uma hora e meia, mais ou menos. O Roberto fez tantas ousadias na vida, e nós tivemos, durante esse período longo de amizade, um profundo estremecimento que não foi resolvido até hoje.

Eu vou contar hoje aqui, se o Roberto me permitir. Eu estava almoçando na casa dele, lá na Fazenda Santa Isabel, no principado de Guariba, e São Paulo Futebol Clube foi jogar em Matão, com a gloriosa Matonense. Ali a Natália, o Fernando, que hoje está lá conosco, já com visto de permanência, pode permanecer em Matão, Fernando.

E a Matonense jogando com o São Paulo, e eu na casa do Roberto, almoçando. E Belletti, pô, foi da seleção brasileira, o avô dele de Matão, pontapé inicial, coisa do interior, né? Coisa nossa. E a Matonense bateu no São Paulo por dois a zero. Nunca mais me convidou para almoçar na casa dele, até hoje. Até hoje. Acabou. O estremecimento foi tão profundo, que acabou ali. Dois a zero. Matonense, imagine você.

Bem, Roberto nasceu no Centro de Citricultura de Cordeirópolis, uma unidade de pesquisa. Então, esse homem foi, nasceu no agro, literalmente, ele nasceu lá. Naquele tempo, não tinha esse negócio de maternidade, essa coisa chique. Nasceu lá na estação de citricultura de Cordeirópolis. Correto, Roberto? De parteira. Isso mesmo, de parteira. Muito bem.

Formado engenheiro agrônomo, e um dia, junto com o Ney Bittencourt de Araújo, grande farol, a primeira vez que eu ouvi a história do “agribusiness” foi da boca de Ney Bittencourt de Araújo. Como os dois muito ligados, nós começamos a desenvolver um programa chamado programa “Parcerias”, que era projeto parcerias, porque lá tinha um, em Uberaba, um agrônomo abnegado do Banco do Brasil, que queria fazer, e nós acabamos fazendo.

Do programa “Parcerias”, surgiu a Associação Brasileira do Agribusiness. Depois a gente abrasileirou para agronegócio. O que era isso? Juntamos gente, eram 25 empresas para fazer esse programa “Parcerias”, resolveu-se criar a Abag. E nós estamos lá desde o início, desde a concepção.

Esses dias dei de presente para o Roberto uma foto lá na Fazenda Santa Isabel, todos na escadaria lá da casa, que retrata bem esse dia. Aí, como o presidente era o Ney Bittencourt de Araújo, ele também... Juntamos forças e fizemos a primeira Agrishow. Era tudo para dar certo.

E no dia da abertura da primeira edição da Agrishow, Roberto, já secretário de Agricultura, meteu um ato lá e aquela área foi cedida em 94. Fizemos a primeira Agrishow, e no dia da inauguração chegava em São Paulo o corpo do Senna. Era para dar tudo certo, deu tudo errado. Era um velório.

No ano seguinte, 95, em 95 nós tivemos um outro tropeço, mas era tão bom o conceito que a gente continuou. O Roberto à frente. Assume a presença da Abag, faz o primeiro congresso, que hoje nós fizemos o 24º; o primeiro Congresso Brasileiro do Agronegócio foi feito pelo Roberto, então presidente da Abag. E fomos seguindo a vida.

Roberto, líder absoluto no cooperativismo. Começou lá em Guariba, foi para a OCB, não dá para contar toda a história. Aliança Cooperativa Internacional, o único não europeu a presidir a Aliança Cooperativa Internacional. Roberto Rodrigues está aqui, junto conosco, firme, forte. Secretário de Agricultura, ministro de Agricultura, mas o nome que nós mais queremos chamá-lo é de professor. Não só porque deu aula durante tanto tempo, mas porque é o professor e o farol de todos nós.

E pra finalizar, gente, eu vou ser rápido, em benefício do tempo. Roberto sempre me conta as histórias, eu ouço com muita atenção. Ele plantou árvores em mais de 80 países, mas o que ele cultiva mesmo é amigos. Eu não conheço ninguém que não tenha, pelo Roberto, um apreço profundo.

Então, meu amigo Roberto, que essa homenagem mais do que justa lhe cabe perfeitamente. Essa homenagem que é esta Casa lhe presta, esta Casa de Leis, que é o maior Parlamento da América Latina, fora dos federais.

Eu deixo aqui o meu abraço, o meu carinho a você, meu irmão, meu irmão de uma vida inteira. Muito obrigado, Roberto. Fique com Deus e parabéns, Itamar, pela iniciativa. (Palmas.) E vou fechar dizendo o seguinte, o Congresso Nacional tem hoje 513 cadeiras e elas serão ocupadas. Eu espero que uma continue com o Arnaldo Jardim.

Obrigado (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado, Chiquinho Matturro. Então, com a palavra o representante da FPA, parceira deste evento, SPAgro, FPA, Arnaldo Jardim.

 

O SR. ARNALDO JARDIM - Boa noite. Tem aquela brincadeira meio-dia, quando você passa em meio-dia, aí um só, bom dia, não, ainda não é meio-dia, então, boa tarde, bom dia, ainda não são nove horas e 15 minutos, então, boa madrugada daqui a pouco. Uma alegria muito grande poder trazer uma palavra aqui, faço com muita honra, em nome do Pedro Lupion.

Vocês sabem que nós temos o orgulho de ter uma frente parlamentar agropecuária lá no Congresso Nacional, é a maior frente do Parlamento, do Congresso. Ela reúne centenas de deputados e deputadas, dezenas de senadores e senadoras e, sem nenhum favor, é a frente mais ativa do Congresso Nacional.

Antes de vir para cá, no caminho do Congresso da Abag para aqui, eu estava no carro, falei com o Pedro Lupion, ele estava no aeroporto de Doha. Ele e a Tereza Cristina, nós conversamos com ele, ele vai chegar daqui a 12 horas no Japão. Lá a feira internacional, a feira de Osaka, tem essa semana o capítulo do agro. Só por essa razão que nem ele, nem a Tereza estão aqui. Mas aqui está à frente, pela minha palavra, pelo entusiasmo que todos temos.

Primeiro, Itamar, a você, aqui, acompanhado do Barros Munhoz, do Bove, eu quero cumprimentá-lo, cumprimentar a Assembleia Legislativa por reconstituir a Frente Parlamentar do Agro. Parabéns, nós precisamos disso, nós vamos levar essa notícia para outros estados, vamos insistir para que outros estados tomem essa iniciativa, num momento particularmente importante e necessário.

Queria pedir a todos que me ajudassem com uma grande salva de palmas ao Itamar, ao Bove, ao Barros Munhoz, à Assembleia de São Paulo por assim constituir. (Palmas.)

E a frente parlamentar, a SPAgro, vai funcionar como nós funcionamos, com o apoio do IPA, Instituto Pensar Agro, que a Abiec integra, que a Abecitrus integra, que o ILPF está lá presente em todos os momentos, o Roberto Betancourt permanente em todas as instâncias, para mencionar alguns que aqui estão.

Nós funcionamos em associação, associação do setor produtivo com a frente parlamentar. E parabéns, muito obrigado, Edivaldo Del Grande, pelo Fórum Paulista do Agronegócio e uma salva de palmas, 45 entidades do setor produtivo que constitui isso. (Palmas.)

Permitam-me fazer uma pitada política aqui, num momento que nós estamos vivendo, que no meu entender, e falo isso com muita franqueza, Munhoz, Lucas Bove e o meu querido Itamar, num momento de fragilidade dos partidos políticos. Infelizmente, nós temos poucos partidos que interpretam pensamentos para o Brasil, que têm propostas para os estados ou que têm propostas de desenvolvimento.

As frentes parlamentares cumprem esse papel, de alguma forma, porque encarnam setores, congregam em torno de teses, então acabam tendo um protagonismo muito maior.

Muitas vezes passa pelas frentes parlamentares aquilo que se decide ou não no Congresso Nacional, na Câmara e no Senado. E nós demos um passo a mais lá, porque nós nos somamos à Frente do Comércio e Serviços, à Frente do Empreendedorismo, nos somamos a outras frentes, como do Brasil competitivo e outras mais, e formamos a Coligação das Frentes Representativas do Setor Produtivo.

E são essas frentes que comandaram o processo para nós barrarmos o IOF, para nós segurarmos as taxações, para nós fazermos uma linha de frente em defesa do setor produtivo, mostrando que o equilíbrio fiscal que nós queremos deve ser buscado não pelo aumento de receita, mas pelo corte de despesa, pela reforma administrativa que é necessária, que está sendo feita, que o governador Tarcísio de Freitas faz aqui em São Paulo, e isso é muito importante. (Palmas.)

Então, dizer que nós partilhamos disso, dizer que o saúdo, meu caro Alberto Amorim, seja portador do nosso respeito, nossa consideração à Secretaria da Agricultura, ao secretário Guilherme Piai, por tudo aquilo que faz também, dizer da minha alegria.

O professor Marcos Jank, acho que você teve uma sabedoria muito grande, Itamar, de convidá-lo para que ele viesse aqui falar. Nos presenteou com uma aula de logística, com uma aula de nova geopolítica que se estabelece os novos fluxos de comércio, as novas cadeias de abastecimento estão sendo redefinidas no País e nós precisamos pensar isso, proativamente. É assim que nós vamos poder crescer, é assim que nós vamos poder negociar com inteligência para poder fazer no Brasil.

Não um país que vai se agregar a um ou outro polo que disputa a hegemonia mundial, mas saber lidar com essas diferenças para poder ampliar os nossos negócios, ampliar as nossas possibilidades. Por isso que, diante daquilo que foi agora tarifa, qual foi a nossa orientação lá da FPA, que o Pedro Lupion nos liderou nesse sentido?

Nós negociarmos, negociarmos, negociarmos. Retirarmos do patamar do conflito político, retirarmos a retórica ideológica e negociarmos, negociarmos, negociarmos, porque o que está em jogo é defender o espaço do agro, a possibilidade de o agro manter o seu fluxo e a sua capacidade de dirigir a economia.

E acho que terminou muito bem aqui o Jank, Marcos Jank, quando ele nos disse o seguinte: precisamos estar organizados, precisamos estar mobilizados, precisamos estar com uma proposta para que a gente possa fazer isso. Propostas partem de ideias, propostas constituem compromisso, mas propostas são incorporadas e são demonstradas por pessoas. E aí eu quero falar de pessoas.

Ter o orgulho de dizer que, no meu entender, a gente deve valorizar quem tem raízes. E nós estamos falando de alguém que é do nosso interior. De Guariba para o mundo, ou de Cordeirópolis onde nasceu, para que o destino pudesse afirmar. Ele que, onde quer que vá, leva a sua Esalq.

Constituiu esse sentido de Luiz de Queiroz, de mostrar que o Brasil podia dar um salto de qualidade e fincar e transformar novas gerações. E assim o fez. E desde a sua história lá, a história do Brasil, a história do agro se confunde com a trajetória pessoal do Roberto Rodrigues. (Palmas.)

Eu comecei a listar algumas questões aqui que tento prestar atenção. Houve um momento que existia o agro e houve um momento que surgiu o conceito de cadeia produtiva do agro. Isso foi uma coisa formulada numa universidade americana, a primeira pessoa que trouxe esse conceito. Porque aqui nós temos o setor de equipamentos, aqui nós temos o setor de insumos, a nossa Abisolo aqui está e outras representações mais.

Aqui nós temos esse setor do conceito do agro que passa por aquilo que antecede, o ato de plantar ou criar para aquilo que é o pós-colheita ou o pós-processamento, para aquilo que é uma cadeia que se desdobra com virtuosidade: o Roberto trouxe esse conceito muito inicialmente para todos nós. Nós aqui temos orgulho daquilo que é a capacidade de ciência e de inovação. E o Roberto foi “vanguardeiro” em defender isso desde sempre.

Iniciativas que fazem a diferença, iniciativas que significam reconhecer desde os nossos institutos paulistas até aquilo que foi o papel da Embrapa. Em todos esses momentos o Roberto teve papel decisivo.

Quando nós hoje festejamos lá no congresso da Abag o desafio do mercado de capitais que começa a se aproximar do nosso agro, criar fontes alternativas - o Plano Safra que há 20 anos era tudo, hoje é apenas um terço - e instrumentos se criam. Todos lá, hoje, reverenciaram o surgimento dos CRAs. Quando surgiram os CRAs? Com autorização - ali e talento do Ivan Wedekin e de outros - durante a gestão de Roberto Rodrigues no Ministério da Agricultura.

Qual foi o primeiro passo dado para que o seguro rural, ainda tão limitado - necessário de ser ampliado - mas iniciado onde? Durante a gestão do Roberto Rodrigues durante o Ministério da Agricultura.

Quando nós falamos de segurança jurídica e quando nós conseguimos inserir conceitos do agro na Constituição Federal que temos - a constituinte cidadã que se estabeleceu, a Constituição Cidadã que foi referida - quem coordenou as entidades para que princípios do agro e do cooperativismo estivessem na Constituição Federal? Roberto Rodrigues.

Quando nós tivemos o orgulho do grande Arnaldo - da Coplacana, que aqui está, para mencionar entre outras cooperativas -, quando nós tivemos na ACI - um momento em que foi dito pelo Chiquinho aqui - um brasileiro dirigiu a ACI, quem era? Era Roberto Rodrigues, que lá nos representou de uma forma muito gloriosa.

Passou pela Secretaria da Agricultura, criou referências no Ministério da Agricultura, constituiu-se em lideranças e referências para todos nós e todas as entidades que passou. E quando o Roberto, no esplendor dos seus 82 anos, depois de ter visitado 83 países - a Carla fala: “ele não sossega nunca” - Arnaldo, nós tivemos há seis meses atrás uma decisão histórica da CNA, do presidente João Martins, o nosso João Martins, que decidiu fazer uma destinação de 100 milhões por ano durante os dez próximos anos para constituir um fundo de incremento da pesquisa no País - que vem do setor privado.

Ele estabeleceu uma condição - para que isso pudesse se efetivar, que significa um compromisso de complementar os esforços de governo federal, governos estaduais no sentido da pesquisa - ele estabeleceu uma condição: “Farei isso desde que o gestor, comandante e coordenador da implantação desse programa, seja o Roberto Rodrigues”.

Agora o Brasil se prepara para um momento decisivo, que é da COP30, em que nós - algozes não somos do meio ambiente - nós somos “vanguardeiros” do meio ambiente, porque ninguém tem bioinsumos como o Brasil tem; ninguém tem um Código Florestal rigoroso como nós possuímos no nosso país e toda a legislação ambiental; ninguém tem e exerce plantio direto - ou diria o Chiquinho - integração lavoura-pecuária-floresta, boas práticas agrícolas sustentáveis como faz o Brasil.

O Brasil vai ter que mostrar isso ao mundo e isso precisa ser coordenado por uma pessoa. Por isso que bem acertou o embaixador André Corrêa do Lago, nosso “chair” da COP30, quando escolheu como voca... Como é que é essa expressão complicada, Roberto?

 

O SR. ROBERTO RODRIGUES - “Envoy”.

 

O SR. ARNALDO JARDIM - “Envoy”. Está certo? Enviado, porta-voz do agro na COP30. Diante de todas as nações do mundo, escolheu alguém que nos orgulha, nos representa, é a nossa referência: vivo, jovem como nunca, escolheu Roberto Rodrigues para ser o porta-voz do agro na COP30. (Palmas.)

Um orgulho poder dizer que o Roberto nos brindou com um grande presente: 21 horas e 25 minutos, daqui a duas horas e 35 minutos, aniversário, 83 anos. (Palmas.) E o Roberto escolheu começar os preparativos e a comemoração aqui conosco.

Viva o SPAgro.

Viva o Fórum Paulista do Agronegócio.

Viva Roberto Rodrigues! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito bem, Arnaldo.

Embalado pela fala do Arnaldo, eu já convido o nosso Roberto Rodrigues para que desça à frente aqui. Arnaldo, que você desça também. Peço que os demais permaneçam aqui, para que nós já possamos prestar a homenagem ao Roberto e, na sequência, oferecer a tribuna para o Roberto Rodrigues.

Convido a primeira-dama da noite, Carla de Freitas, para participar desse momento. Os componentes da Mesa estão convidados a participar.

Ao mestre dos mestres, Roberto Rodrigues. Ah! Tem microfone? Empresta aí.

Ao mestre dos mestres, Roberto Rodrigues: por transformar trabalho em vocação e vocação em legado, nosso eterno agradecimento por semear em nosso Brasil a esperança, cultivar o progresso e colher os frutos de uma terra que alimenta o mundo, veste a vida e move o futuro, ajudando a tornar o Brasil uma referência global em produção sustentável de alimentos, fibra e energia.

Com gratidão e reconhecimento, SPAgro, Fórum Paulista do Agronegócio e FPA. (Palmas.)

 

* * *

 

- É entregue a homenagem.

 

* * *

 

Agora, a tribuna é do mestre Roberto Rodrigues.

 

O SR. ROBERTO RODRIGUES - Bom... Velhinho chora fácil, mas eu estou aguentando firme aqui dessa vez. O que eu ouvi aqui, meu presidente Itamar, é nada mais do que um apreço de amizade. O que eu ouvi aqui de todos vocês são apenas amizades, porque exageraram.

Essa mensagem, então, “mestre dos mestres”... Eu sou aluno dos alunos, nada de mestre. Eu estou aprendendo todo dia, cada dia um pouco mais com todos vocês aqui. Olhando essa Mesa - Ibiapaba, Chiquinho, Arnaldo - todos vocês são meus amigos há muitos anos.

Mas eu queria falar sobre uma amiga, que é a Mônika Bergamaschi. A Mônika falou algumas coisas que eu conversei com ela. Eu dei aula em Jaboticabal 34 anos. Passaram por mim centenas de alunos. A Mônika foi a melhor aluna de todos os tempos. (Palmas.) Tirou 10 em todas as provas essa menininha, olha aí. Olha que maravilha.

Então eu quero iniciar essa conversa, que não é um discurso, é uma conversa, agradecendo ao Itamar pela sua generosidade em relação a essa ocasião. Cumprimentando o Marcos Jank pela palestra maravilhosa que ele fez, sempre professoral e craque no assunto. A todos que aqui se manifestaram, agradecer a todos pela gentileza. Cumprimentar a todos na plateia, na pessoa da Carla de Freitas que, por acaso, é minha mulher, com muita alegria para mim.

Não quero fazer um discurso. Eu estava pensando o que eu ia falar. Quando o Arnaldo começou a contar tanta história, outros fatos da jornada apareceram nesse filme louco. Mas eu queria contar uma para você. Você talvez não saiba. Eu era presidente da AOCB na Constituinte. E o Alysson Paolinelli foi eleito deputado federal.

Ele era presidente da CNA e foi eleito deputado federal constituinte. Era meu amigo já naquele tempo, muito amigo meu. Eu o procurei, falei: “Alysson, nós tínhamos que criar uma frente ligada à Agricultura”. Convocamos uma reunião. A Assembleia Constituinte tomou posse no dia 1º de março. No dia 2, não houve sessão porque estavam montando as mesas.

No dia 3, primeira reunião que teve na Constituinte, convidada por um deputado baiano chamado Jorge Vianna, que presidia a Comissão de Agricultura, e o Alysson, nós criamos a Frente Parlamentar da Pecuária. Eu escrevi a carta de princípios dessa frente, que está guardada na minha casa. Um dia vocês vão conhecer a nossa carta de princípios que tem lá. Então, gente, isso aí foi em 88.

Depois, o Barros Munhoz me faz ser sucessor dele. Coisa mais impossível, suceder o Barros Munhoz. Era um craque, tomava conta daquele negócio, todo mundo adorava o Barros Munhoz. Mas me deu a chance de montar a Agrishow, junto com a Abimaq, com o Chiquinho, com Chiro, com bons amigos.

Então, na verdade, é uma história que só faz sentido quando eu olho todos aqui embaixo. Porque sou o mais velho de todos. Que merda, ser o mais velho de todo mundo. Todo lugar que vou, sou o mais velho hoje. Mas eu queria então, sem fazer discurso, dizer duas coisas que o Arnaldo tão fortemente sublinhou.

O primeiro, é o fato de eu ter nascido no agronômico de Campinas, na estação experimental de Cordeirópolis, que o Ibiapaba conhece tão bem quanto eu. E que despertou em mim esse sentimento de que a Ciência é a base de tudo. E a agricultura brasileira só evoluiu por causa da Ciência e da Tecnologia. E o agronômico é o farol que iniciou todo esse processo.

Então eu tenho um amor pela Ciência e pelos cientistas, pelos pesquisadores, que é imortal. A eles, devo dar uma estátua para cada um, porque eles fazem o progresso do Brasil. Progresso que vale a pena falar aqui.

Eu vejo o Érico Pozzer, sentado lá atrás. Érico, o que aconteceu com a avicultura brasileira? Eu me lembro de quando nós fomos a âncora verde. O frango foi a âncora verde do “Plano Real”. O que virou o frango hoje? Que coisa extraordinária, 530% de crescimento em 30 anos, fantástico.

A soja! Quando fui em Piracicaba, tinham 400 mil hectares de soja no Brasil. Só no Rio Grande do Sul (Inaudível.) Hoje tem 44 milhões de hectares. (Inaudível.) Que país que fez isso? Nenhum país do mundo fez isso que o Brasil fez, nenhum. Graças à Ciência, à Tecnologia, à Pesquisa, à Inovação. Graças a agricultores que pegaram esse conhecimento e transformaram em realidade.

Vejo aqui o Del Grande, o Arnaldo, o pessoal da Cocapec. O cooperativismo. Eu era presidente de OCB. Quando teve a Constituinte, criei a Frente Parlamentar do Cooperativismo, com um deputado de Santa Catarina, que se chama Ivo Vanderlinde. Elegemos 41 deputados federais previamente comprometidos com os princípios do cooperativismo. E o senador José Richa, do Paraná.

Por acaso, fiz uma reunião com eles, me apresentando, e pedi que cada um colocasse pelo menos mais dois parlamentares na frente parlamentar. Em três meses, tinham 217 parlamentares. Foi a maior frente da Constituinte. Fizemos cinco artigos da Constituição. Criamos o programa de crédito, que não havia. Então foi uma coisa, tanta história para contar.

Você sabe o que eu acho ruim? Que os meus netos não sabem nada disso. A gente perde, na vida, o sentido da continuação. A gente vai plantando, plantando, plantando, colhendo, colhendo. Mas ninguém sabe quem plantou. E ninguém sabe como foi plantado.

Então eu vou parar com essa conversa mole, porque senão acabo ficando emocionado de tanta coisa que aconteceu, tanta coisa que me foi dado fazer, por uma única razão.

Sempre tive comigo as melhores pessoas que pudessem me ensinar, me ajudar, e construir comigo essas coisas todas. Sozinho, ninguém faz nada. Então eu sou absolutamente resultado do cooperativismo, no sentido mais amplo.

“Nascido na cooperativa” é expressão da doutrina, mas da cooperação entre pessoas que puderam trabalhar juntas. Então eu queria terminar essa conversa fazendo uma declaração para vocês. Será que faço? Agora vou fazer mesmo. Como diz o homem, eu sou foda nessas coisas, e vou perder a vergonha, e vou falar assim mesmo. Vou falar, foda-se. (Palmas.)

Eu era muito jovem. Eu presidia uma cooperativa lá em Guariba, interior de São Paulo. E o cooperativismo foi surgindo como uma revelação para isso: cooperar, cooperar, estar junto, dar as mãos. Como está fazendo aqui, Itamar, com essa recomposição da frente. Dar as mãos.

Mas eu tinha uma dúvida enorme sobre qual era o sentido da vida. Tinha 20 e poucos anos. “O que eu estou fazendo aqui? Qual é a razão de cada um de nós estar aqui? Qual é o sentido de tudo isso?” Claro que estudei muito para tentar encontrar essa resposta. Claro que nem Sócrates conseguiu essa resposta, imagine um agrônomo de Guariba responder esse negócio. 

Acabei desistindo de procurar a resposta, porque não tinha fora da fé. Na fé você encontra essa resposta, se refugia na fé. Mas não encontra na filosofia, na ideia antropológica, qual é a razão de estarmos aqui. E aí, como sou cristão, e creio em Deus, acabei assumindo para mim que a vida é uma dádiva de Deus. Nos é concedida através dos nossos pais. É uma dádiva divina.

Portanto, se é um presente de Deus, que pergunta tem que fazer, quem ganha esse presente? Eu tenho que retribuir esse presente. Deus me deu a vida, eu tenho que dar alguma coisa para Ele em troca. Então, não é perguntar qual é o sentido da vida; é dar um sentido à vida.

E aí fui perguntar, para quem entendia, como é que eu posso dar um sentido à vida. Estudei, estudei, estudei. E a resposta é tão óbvia, que fica até ridículo falar sobre isso, eu falei: nós estamos aqui para tentar fazer um mundo melhor. Essa é a razão da vida. Estamos aqui para fazer alguma coisa melhor. Muito bem.

Se eu fosse o papa, se eu fosse o presidente dos Estados Unidos, não esse, aqueles, poderia fazer coisas melhores. Poderia fazer o mundo melhor. Mas um agrônomo de Guariba... Já sei: vou ensinar tudo o que eu sei para o maior número possível de pessoas.

Fui dar aula, virei professor, com esse objetivo. (Inaudível.) Já falamos sobre isso aí lá atrás. Fui dar aula. Do quê? De cooperativa, porque era a forma de fazer as coisas em conjunto com outras pessoas.

Fui dar aula de cooperativismo, e aí comecei a trabalhar como professor universitário; agrônomo, cooperativista e professor universitário. E o tempo passou, o tempo passou. Passaram por mim centenas, milhares de alunos, que eu encontro hoje por onde quer que eu vá.

Hoje tem a Mônika aqui. Mas o tempo mostrou uma coisa triste: tinha aluno que não queria aprender. Estava lá, sabe... Não tinha interesse em aprender nada. Portanto, este não ia contribuir com coisa nenhuma. E tinha gente que não sabia nada, e não queria saber nada. Então, como é que pode uma pessoa que não sabe nada contribuir para fazer um mundo melhor?

E concluí, na minha pesquisa, que nós estamos aqui só para aprender, porque aprendemos, podemos ensinar; ensinando, podemos fazer um mundo melhor. Num mundo melhor, (Inaudível.) a vida. Então, esse círculo virtuoso é que me alimenta até hoje.

A Carla fala “não sei como esse velho não para... Esse desgraçado, esse moleque, rapaz...”. Cheguei sábado, às 11 horas da noite, de Mumbai, na Índia - 30 horas de voo. Fui a um congresso da Abag hoje, e já estamos aqui conversando com vocês. Porque a vida é isso.

Hoje eu ouvi do Marcos, aprendi coisas com o Marcos. Se eu não tivesse vindo aqui, não teria aprendido. Hoje o Marcos deu um pouco mais de sentido para a minha vida. Pensei numa coisa que eu não sabia. O Roberto Ibiapaba, todos vocês fizeram alguma coisa para mim.

O Chiquinho, com esse negócio da Matonense, não mencionou nada, não. Mas tem uma coisa: como ministro da Agricultura, eu criei a integração lavoura-pecuária-floresta. Eu que lancei isso. Aí, quem é o capitão, quem é o comandante? É o Chico. Então, aprendo hoje com ele como fazer aquilo que eu lancei na prática. Então, tudo é aprender.

Um outro que eu queria contar para vocês: essa história de que é preciso aprender o tempo inteiro faz a vida valer a pena. Mas, jovem ainda, no mesmo tempo, eu tive uma outra dúvida: como é que faz para ser feliz? E fui estudar. Felicidade. Encontrei coisas engraçadíssimas. Existia um velho pescador que morava na beira do rio, lá comigo na fazenda... Acho que você o conheceu, Munhoz; o Sr. Otávio.

Você foi lá uma vez e conheceu o Seu Otávio. É um velho semianalfabeto. E eu pesquisando felicidade. Eu falei: “Seu Otávio, o que é felicidade para o senhor?”. Ele pensou, pensou, falou: “a felicidade é um trem que o senhor ganha, e o senhor ponha ele numa prateleira que o senhor alcança”. Sabedoria. Se você quiser ser feliz (Inaudível.) Você nunca vai ser feliz se não conseguir alcançar a felicidade.

Então, é uma coisa extraordinária. O Jorge Luis Borges, na Argentina, dizia que felicidade é a soma dos bons momentos. Eu tenho a minha definição de felicidade: felicidade, para mim, é o canto do passarinho que você escuta, mas não põe na gaiola; deixa-o cantar solto. Mas eu fui estudar felicidade.

Aí, depois de estudar muito tempo, eu achei que há dois caminhos para ser feliz: o primeiro é o amor. O segundo é justiça. E ambos incompletos. Por quê? O que é justo para mim pode não ser justo para o Chico.

Então, a justiça não é um conceito universal. A justiça pode ser uma coisa frágil. Não bastava, para ser feliz, só a justiça. O amor. Mas o amor também é complicado. Porque se eu amar... Carla, é teoria só, tá, bem? Mas se eu amar uma pessoa, mas qualquer outra pessoa... Eu perdoarei nela pecados que não perdoaria nos outros. Portanto, é injusto.

De modo que essa coisa só faz sentido se o amor e a justiça forem juntos, integrados. E o desenho que eu fiz da vida é que esses dois são dois trilhos, sobre os quais corre o trem da vida. E a felicidade não é nenhuma estação; é a viagem em si.

Se você conseguir viajar, equilibrado, entre o amor e a justiça, você é feliz a vida inteira. Com esses dois círculos, fiz a minha vida. Felicidade: amor e justiça. Sentido da vida: aprender. De modo que o trem da felicidade tem que ser impulsionado por um motor, o motor da esperança de poder fazer o mundo melhor.

E com isso fechamos nosso círculo. E com isso eu disse para o Arnaldo, perguntou: “quantos países você conhece?”. Eu falei: “83, com 83”. Mas combinei com a Carla que eu quero conhecer um país por ano até chegar a 100 países. (Palmas.) Portanto, vocês vão ter que me aguentar mais 17 anos.

Itamar, muito obrigado.

Meus amigos, muito obrigado.

A vocês todos que estão até agora me aguentando, muito obrigado.

Vamos em frente, que atrás vem gente. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Viva Roberto Rodrigues!

 

TODOS - Viva!

 

O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Convido a todos para cantarmos os parabéns antecipado. “Parabéns...”. Viva o Roberto! (Palmas.)

Com essas palavras e essa homenagem, está encerrada esta presente sessão. Agradecendo, mais uma vez, a presença de todos.

Também registrando o agradecimento aos organizadores - à minha equipe, à equipe da Alesp, à equipe do Arnaldo Jardim, da FPA, do fórum, à Ocesp, Faesp, Sebrae, Cosag, ao Saboya, ao Carlos, à Samara, Adriano, Sergio, Murilo. Agradecer à equipe da secretaria, que não havia citado - o Diógenes, o Orlando. Zé Carlos, já tinha falado.

E muito obrigado.

Boa noite a todos! (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 48 minutos.

 

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