11 DE AGOSTO DE 2025
33ª SESSÃO SOLENE PARA RELANÇAMENTO DA FRENTE PARLAMENTAR DO AGRONEGÓCIO PAULISTA - SPAGRO - E HOMENAGEM AO MINISTRO ROBERTO RODRIGUES
Presidência: ITAMAR BORGES
RESUMO
1 - ITAMAR BORGES
Assume a Presidência e abre a sessão às 19h18min. Anuncia a composição da Mesa. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente solenidade para "Relançamento da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista - SPAgro - e homenagem ao ministro Roberto Rodrigues", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro". Informa ser hoje o relançamento das ações da Frente Parlamentar do Agronegócio, formada por 49 deputados. Menciona a participação de 45 entidades no Fórum Paulista do Agronegócio, que fortalecem o trabalho no Estado. Discorre sobre sua trajetória no setor. Reforça seu compromisso em dirigir a SPAgro, que estará sempre aberta ao diálogo e buscando construir soluções para os problemas encontrados. Esclarece que após os pronunciamentos, serão apresentadas as perspectivas do agronegócio para o segundo semestre, assim como será feita uma homenagem ao ex-ministro Roberto Rodrigues. Diz que a SPAgro demonstra força e capacidade de superação, sendo um exemplo para todo o Brasil.
2 - MARCO VINHOLI
Diretor do Sebrae-SP, faz pronunciamento.
3 - TIRSO MEIRELLES
Presidente do Sistema Faesp/Senar-SP, faz pronunciamento.
4 - ROBERTO BETANCOURT
Diretor de Agronegócio da Fiesp, faz pronunciamento.
5 - ALBERTO AMORIM
Secretário executivo da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.
6 - EDIVALDO DEL GRANDE
Coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, faz pronunciamento.
7 - BARROS MUNHOZ
Deputado estadual, faz pronunciamento.
8 - LUCAS BOVE
Deputado estadual, faz pronunciamento.
9 - MÔNIKA BERGAMASCHI
Ex-secretária de Agricultura e vice-presidente da Abagfaz pronunciamento.
10 - MARCOS JANK
Especialista em agronegócio, pesquisador e referência em comércio internacional do agro, faz pronunciamento.
11 - IBIAPABA NETTO
Presidente executivo da CitrusBR, faz pronunciamento.
12 - ROBERTO PEROSA
Presidente executivo da Abiec – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, faz pronunciamento.
13 - FRANCISCO MATTURRO
Presidente do Lide Agronegócios, faz pronunciamento.
14 - ARNALDO JARDIM
Presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, do Congresso Nacional, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE ITAMAR BORGES
Anuncia a homenagem, com entrega de placa comemorativa, à Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e homenageado desta solenidade.
16 - ROBERTO RODRIGUES
Ex-ministro da Agricultura e homenageado, faz pronunciamento.
17 - PRESIDENTE ITAMAR BORGES
Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h48min.
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ÍNTEGRA
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-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Itamar Borges.
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O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - ... presidente
da Frente Parlamentar do Agro de São Paulo, composta por 47 parlamentares. Eu
quero saudar a todos os parlamentares que compõem a nossa frente, aqui saudando
o meu parceiro Lucas Bove, que estava por aqui, já sumiu. Cadê? Ah, está ali.
Também saudando o nosso deputado Barros Munhoz.
Convido para compor a Mesa deste ato,
inicialmente uma Mesa de abertura, na sequência vamos compor a Mesa do painel,
para que a gente possa, juntos aqui, participar desse momento tão importante
para o agro de São Paulo e do Brasil. Convido o parceiro desta sessão solene, a
Frente Parlamentar do Agro do Congresso Nacional, a FPA, hoje aqui representada
pelo seu vice-presidente, deputado paulista Arnaldo Jardim. (Palmas.)
Convido o nosso coordenador do Fórum
Paulista do Agronegócio, fórum que é fundamental para o funcionamento, para os
trabalhos que são desenvolvidos. Arnaldo, por favor, você foi convidado para
compor a Mesa. (Palmas.)
Na sequência, eu convido o nosso
coordenador do Fórum Paulista, Edivaldo Del Grande, nosso presidente da Ocesp e
presidente do fórum. (Palmas.) Convido o secretário executivo da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Alberto Amorim, representando aqui a
nossa secretaria. Também convido para a abertura dos trabalhos o nosso
presidente da Faesp, Sistema Faesp Senar, Dr. Tirso Meirelles. (Palmas.)
Convido ainda, representando o Sebrae,
o nosso diretor do Sebrae São Paulo, também sempre deputado desta Casa, Marco
Vinholi. (Palmas.) E representando o Cosag, Conselho Superior do Agronegócio, e
o Deagro, Departamento do Agro da Fiesp, convido o nosso diretor do Deagro,
Roberto Betancourt. (Palmas.)
Quero também, para este momento de
abertura, convidar para que possam fazer parte da nossa Mesa meus dois colegas
deputados aqui presentes, deputado, sempre ministro, sempre secretário, Barros
Munhoz, e deputado, parceiro da Frente Parlamentar do Agro e apoiador do agro,
Lucas Bove. (Palmas.)
Senhoras e senhores, muito boa noite.
Sejam todos bem-vindos. A Assembleia Legislativa de São Paulo convocou a todos
nós para esta sessão solene, sessão solene integrada com a frente parlamentar
do Congresso Nacional. Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais.
E dizer que foi convocada pelo nosso
presidente André do Prado, que pediu para que eu fosse portador do seu abraço,
atendendo à solicitação nossa e da FPA.
Quero, neste momento, convidar a todos
para que, em posição de respeito, possamos acompanhar o Hino Nacional.
*
* *
- É reproduzido o Hino Nacional
Brasileiro.
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* *
Para completar a Mesa, e que seja uma
Mesa que tenha presença feminina, convido a sempre secretária de Agricultura
Mônika Bergamaschi, para que possa compor a Mesa e nos brindar aqui com a sua
participação.
Neste momento inicial, nós estamos
abrindo o segundo semestre dos trabalhos legislativos desta Casa, o segundo
semestre dos trabalhos legislativos, consequentemente, as atividades das
comissões e das frentes parlamentares.
E hoje aqui, junto com o fórum,
presidido pelo nosso Del Grande, numa tratativa interna com o fórum, que compõe
a nossa frente parlamentar, que apoia e estrutura a nossa frente parlamentar,
estamos relançando os trabalhos, relançando as ações da nossa frente.
Portanto, faremos essa abertura, e o
relançamento contará com a palestra dos cenários aqui apresentados por Marcos
Jank, comentado por algumas figuras do agro que eu citarei e convidarei para
vir para a Mesa na sequência. Também teremos, no encerramento, uma justa
homenagem, aí falaremos mais dela lá no final.
Então, neste momento, como presidente
da Frente Parlamentar do Agro, declaro relançada oficialmente a Frente
Parlamentar do Agro Paulista, SPAgro, composta por 49 deputados e que tem o
Fórum Paulista do Agronegócio na supervisão técnica e institucional da frente,
que é presidido, coordenado pelo amigo Edivaldo Del Grande.
Fazendo ainda parte desse contexto do
fórum, 45 entidades que participam do fórum, me permitam, em respeito à
importância dessas entidades, citar aqui as entidades que compõem o fórum e,
consequentemente, a nossa frente: Abag; Abia; Abic; Abicab; Abiec; Abimaq;
Abiove; Abisolo; Abpa; Abraf; Abrafrutas; Abraleite; Abramilho; Abraps; Aenda;
Alanac; Anda; Andav; Anfeas; Apa; Apabor; APCS; APPA; Acissp; Assocon; Cecafé;
CitrusBR; Croplife Brasil; Faesp; Fenseg; Fiesp, com Cozag e Id Agro; Florestar
São Paulo; GPB; Ocesp; Orplana; Peixebr; Sincobesp; Sindag; Sindan;
Sindirações; Sindiveg; Sindileite; Sipesp; SRB e Única. Uma salva de palmas
para essas entidades que fortalecem e dão importância a esse trabalho.
(Palmas.)
Também quero agradecer a presença das
entidades aqui hoje representadas por diretores, por presidentes e por
representantes: Abramagro; Abrasel; Araiby; Atvos Bioenergia; B Licenças
Poéticas; Baldan Implementos Agrícolas; BMC Hyundai; Marchesan; CDI; Cervam;
Cocapec; Comércios de Madeira G. G; Conselho do Café da Região Mogiana de
Pinhal, Cocampi; Cooperativa Agropecuária de Holambra; Cooperlimão; Coplacana;
Cotram; DAG; EH seguros; Faesp/Senar, já está aqui na Mesa; Fazenda Santa
Isabel; Fenabrave; Insper; JBS; MundoCoop e a Ocesp.
Portanto, muito obrigado e também sejam
todos bem-vindos. E também aqui presente a nossa Alagro. Agradecemos a todas as
nossas entidades que vieram participar e nos honrar com as suas presenças.
Senhoras e senhores, autoridades
representantes do setor, produtores rurais, lideranças e amigos do agro, é com
enorme alegria, e com senso de responsabilidade, que dou início a esta sessão
solene, que reuni três momentos especiais e simbólicos para o agronegócio
paulista e brasileiro.
Hoje, repito, celebramos o relançamento
da Frente Parlamentar do Agronegócio Paulista, a nossa SPAgro, criada por mim,
que estou em meu segundo mandato, mas que tenho ao meu lado, junto comigo, 49
parlamentares. Entre eles destaco aqui a figura e a presença do deputado, conselheiro
e amigo, Barros Munhoz e do deputado, parceiro e amigo, Lucas Bove.
Estamos no segundo mandato como
presidente, e com o colega deputado Alex de Madureira como vice, que pediu que
justificasse a sua ausência. Aqui se tornou um espaço que nasceu para defender,
unir e fortalecer todo o ecossistema do agro no nosso estado, do pequeno
produtor, que o Chiquinho não gosta que fala, a grande exportadora da pesquisa
e a comercialização do campo e da mesa.
Ao longo da minha trajetória, inclusive
como secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, tive a
oportunidade de conhecer ainda mais de perto, ainda mais por dentro cada cadeia
produtiva, cada região e cada desafio do setor. Essa vivência reforça ainda
mais o meu compromisso de liderar a SPAgro com diálogo, conhecimento técnico e
sensibilidade para atender às demandas de quem produz nesses anos de trabalho.
A frente se consolidou como uma ponte
entre o produtor, o Parlamento e o governo. Uma frente aberta ao diálogo que
não se limita a reagir, mas que antecipa desafios e constrói soluções.
O agro paulista é referência em
tecnologia, sustentabilidade e inovação, por isso o relançamento da São Paulo
Agro não é apenas um ato simbólico, é o reforço de um compromisso com o
desenvolvimento econômico, com a segurança alimentar, com a geração de empregos
e com a preservação ambiental. Hoje também falaremos sobre as perspectivas para
o nosso agro, cenários e possibilidades.
Encerraremos a noite com um momento de
reconhecimento, que será a homenagem ao sempre ministro da Agricultura, Roberto
Rodrigues. (Palmas.) E reconhecer uma trajetória de vida dedicada ao agro brasileiro.
Nosso embaixador do agro brasileiro para o mundo e nossa voz durante a COP 30.
Que esta noite seja um marco, que o
SPAgro siga sendo instrumento de diálogo e construção coletiva. Temos desafios,
sim, mas temos muito mais força e capacidade de superação com união,
planejamento e trabalho. O agro paulista seguirá sendo exemplo para o Brasil e
para o mundo. Muito obrigado. (Palmas.)
Teremos agora algumas breves falas para
a abertura deste ato, que representam aqui algumas entidades parceiras. Peço,
em virtude da extensão, se possível, que a gente pode se limitar em três,
quatro minutos essa abordagem. Convido para abrir essa fala, representando o
Sebrae, Marco Vinholi. (Palmas.)
O
SR. MARCO VINHOLI - Muito boa noite a
todos. Quero aqui registrar a alegria desta noite, a alegria de estar aqui
participando desse relançamento histórico da frente. Histórico, porque tem na
sua composição o querido Itamar Borges, com o seu trabalho, a sua liderança,
junto com brilhantes deputados, de 94, 49 fazem parte dessa importante frente.
A gente vê o tamanho e a relevância da
nossa frente do agro, uma das mais importantes, sem nenhuma dúvida, aqui na
Casa. Deputado Barros Munhoz, deputado Lucas Bove, todos os parlamentares
signatários dessa importante iniciativa.
Também porque tem uma relação
intrínseca com a nossa FPA, representada aqui por esse gigante, nosso deputado
Arnaldo Jardim, ao qual eu costumo chamar de relator geral da nação, que relata
os temas importantes do nosso País, biocombustíveis, a defesa do FIAGRO, tanta
coisa importante aqui nesta Casa que você fez e lá no Congresso Nacional.
Querido Arnaldo, nosso vice-presidente da FPA, e sem dúvida um dos mentores
aqui dessa importante iniciativa. (Palmas.)
Junto com a gente aqui também a relação
com a Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo. Amorim, prazer ter você
aqui representando o nosso Piai. Essa relação fundamental, que sempre foi de
construção através aqui da Assembleia, e que hoje tem quatro secretários aqui
que compuseram essa grande secretaria. Nosso Chico Matturro, nossa Mônika,
nosso Itamar e o nosso Arnaldo Jardim, representando a potência e a relação com
essa frente parlamentar.
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - E o Roberto
Rodrigues.
O
SR. MARCO VINHOLI - E o nosso... Vou
chegar no Roberto. Roberto é o principal.
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - O Barros
também?
O
SR. MARCO VINHOLI - O Barros... Seis
secretários e, com certeza, futuros secretários aqui também presentes. Mas pela
relação com o cooperativismo, que o Del Grande representa, e também com tantas
cooperativas aqui que acompanham esse processo, com todo o seu time
representado por você e pela história. Linda homenagem que teremos esta noite.
Esse grande pilar da agricultura e do cooperativismo brasileiro, nosso Roberto
Rodrigues, ministro e base do nosso agro brasileiro.
Pela relação com os sindicatos rurais,
querido Dr. Tirso Meirelles, representando aqui a nossa Faesp com toda a
inserção, a luta dos sindicatos rurais de todo o estado de São Paulo e a
capilaridade que dá nessa batalha. Por todos os setores representados: citrus,
café, bioenergia, proteína animal - querido Beto Perosa e tantos amigos aqui
que esta noite participam deste lançamento -, mas fundamental amigos, também
pela sua história. Esse é o pilar de defesa do agronegócio do estado de São
Paulo.
Eu digo isso, porque fiz parte desta
frente parlamentar, meu pai fez parte desta frente parlamentar. Durante muitos
momentos, querido amigo Barros Munhoz, querido Itamar Borges, lembro-me de nós
três aqui recebendo vaias de setores que muitas vezes não tinham compromisso
nenhum com o setor produtivo do estado de São Paulo, que queriam proibir a
exportação de gado, por exemplo. E a gente aqui firme e forte batalhando e
sustentando a defesa do nosso agro nesta Assembleia. (Palmas.) É fato
fundamental que esta frente cumpre esse papel.
É a frente da defesa do agro no estado
de São Paulo, onde eu tenho certeza de que os setores aqui representados podem
contar para fazer essa sustentação, para sempre trabalhar pelo desenvolvimento
do nosso estado.
Nós estamos aqui hoje com todo o time
do Sebrae que é vinculado ao Agro, está ali todo um setor do Sebrae
participando aqui hoje. Porque o Sebrae que trabalha a indústria, que trabalha
o comércio, que trabalha a área de serviços, mas a partir da passagem do Dr.
Tirso, querido Del Grande no Sebrae, defende muito o nosso Agronegócio.
Então estamos aqui com todo time do
Sebrae que trabalha as nossas “startups”, 40% das “startups” do Brasil são aqui
do estado de São Paulo, o Sebrae as apoia. Trabalhamos de uma maneira muito
conecta à abertura de mercados, trabalhamos o incentivo para que o nosso Agro
possa ser cada vez mais forte, eficiente e o grande orgulho do nosso estado de
São Paulo.
Então o Sebrae, querido Gallotti, faz
com muito prazer a presença aqui nesta noite, Itamar, cerrando fileiras pelo
Agro do estado de São Paulo.
Parabéns a você, parabéns nosso
ministro Roberto Rodrigues. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Eu que
agradeço, Vinholi, nosso sempre deputado e hoje representando aqui o nosso
Sebrae. Ouviremos agora a nossa Faesp, Dr. Tirso Meirelles. (Palmas.)
O
SR. TIRSO MEIRELLES - Boa noite a todos,
uma grande alegria estar nesta Casa de Leis e que ela, sem dúvida nenhuma,
retrata a importância da nossa democracia. Quero agradecer aqui ao Itamar
Borges de retomar a Frente Parlamentar da Agricultura, mesmo nesse período que
ficou ausente esteve presente junto com o Del Grande, para que nós pudéssemos
resolver os problemas existentes no estado de São Paulo, quando era para serem
retirados os impostos do estado de São Paulo e levamos ao governador Tarcísio
de Freitas e o mesmo aceitou e verificou que não poderia mexer no aspecto das
tarifas do ICMS.
Então a frente trabalhou
vertiginosamente com o fórum para que nós pudéssemos conduzir este processo.
Não posso aqui deixar de cumprimentar meu amigo, meu irmão, Roberto Rodrigues,
que é sempre o nosso ministro junto com o Barros Munhoz, que também foi
ministro.
É uma grande alegria, é uma grande
responsabilidade de estar falando aos senhores. Porque os senhores são mestres
do processo como um todo e nos ajudou a criar, desenvolver toda essa estrutura
agrícola do nosso país. Então agradeço muito em nome de vocês dois a todos aqui
que estão presentes.
Quero cumprimentar também a minha
querida Ana. A Ana, o pai dela foi o nosso presidente da Federação da
Agricultura, Clovis, também quero cumprimentá-la. Minha irmã, é uma grande
honra recebê-la aqui, junto com a nossa diretoria, Dr. Pedro Lucchesi que está
aqui. Amorim representando o Piai. Mande um grande abraço ao Piai.
E não posso deixar aqui de mencionar
sempre Arnaldo Jardim. Arnaldo Jardim sempre foi um visionário. Visionário na
questão do cooperativismo, na questão do biocombustível, na questão do
financiamento do seguro agrícola da nossa agricultura. Então tenho que
agradecer muito aqui, Arnaldo, você, por essa luta, por essa insistência, por
essa esperança que você sempre teve para que a gente pudesse ter um momento mais
oportuno. (Palmas.)
Cumprimentar aqui o Chiquinho e a
Mônika, que são os nossos sempre secretários da Agricultura, como os outros já
foram colocados aqui, mas me refiro aos dois pelo carinho e o apreço. Quero
cumprimentar o Marco Vinholi. O Marco Vinholi é o nosso diretor técnico do
Sebrae.
Com toda a equipe do Sebrae aqui,
mencionei aos nossos amigos do Sebrae que quando nós assumimos o Sebrae
tínhamos 1.200 colaboradores e esses 1.200 colaboradores fincaram, realmente, a
importância da cadeia produtiva, não só do Agronegócio, da indústria, do comércio,
do serviço e do Agro.
Esse é o ponto importante dos elos da cadeia
produtiva para que a gente possa fortalecer o nosso sustento do processo como
um todo da produtividade, da sustentabilidade. Esses são pontos importantes que
temos que registrar, porque não adianta um elo só ser forte e os outros serem
fracos. Nós temos de estar todos juntos para que a gente possa ter, realmente,
um trabalho conjunto.
E o Edivaldo, um grande companheiro,
lembro na ocasião, vou contar um fato aqui muito interessante: Edivaldo
pescando em uma noite maravilhosa, lá na cidadezinha dele e liga para mim:
“Tirso, preciso falar com você.” Falei: “Edivaldo, diga, por gentileza”. “Nós
precisamos fazer um movimento”. “Vamos fazer.
O que você deseja?” “Precisamos mostrar
que não pode ter o aumento de ICMS no estado de São Paulo”. A partir daquela
noite, nós fizemos um “tratoraço” no estado de São Paulo, ordeiro, respeitoso,
mostrando à sociedade que realmente iria ter um aumento de impostos e o custo
da alimentação iria aumentar.
Então quero cumprimentar aqui o
Edivaldo por esse carinho, por esse apreço, onde, sem dúvida nenhuma, traz essa
referenda. O Roberto Betancourt, nem posso dizer, é um grande companheiro
nosso, amigo do nosso querido Paulo Skaf, que retorna agora à Fiesp com muito
carinho e com muito apreço, e quem sabe vai voltar o pato para a Paulista, não
é, Roberto? Acho que esses são pontos importantes para que possa idealizar.
Roberto Perosa faz um trabalho
maravilhoso, uma pessoa incrível. Tive um contato muito grande com você em Rio
Preto. Uma pessoa que tem, realmente, espelhado o desenvolvimento, o
empreendedorismo muito grande. Quero cumprimentar você. O Carlos Sato, que é o
meu presidente da Cocapec em Franca, sou filiado à Cocapec, então é um grande
companheiro da gente, como também cumprimentar o Henrique, da Cocampi, e o
Ibiapaba, da Citricultura.
Momento importante este, momento que
nós temos que fazer reflexão. Passamos momentos muito difíceis, o arcabouço
fiscal do governo, nós temos a responsabilidade fiscal, tiram a
responsabilidade fiscal e colocam o arcabouço fiscal. Arcabouço fiscal não tem nenhum
processo de engrandecimento da sociedade e sim de gastos da nossa sociedade.
E aí o que acontece? Inflação alta e
taxa de juros. A segunda maior taxa de juros do mundo. Só perdemos para a
Turquia, Marcos Jank, é fato que não justifica uma sociedade nossa receber um
processo desse, aonde a economia monetária e fiscal está totalmente deturpada
no País.
Além disso, nós temos a partir do ano
que vem a reforma tributária que vai ser difícil para que a gente possa também
ordenar. Temos a COP30 que também teremos, não é, Arnaldo? Nós estamos
conversando com o nosso ministro Roberto e com V. Exa. sobre os grandes
problemas que estão querendo colocar nos nossos ombros e que não podemos
aceitar, porque nós não somos os poluentes que dizem que somos. A agricultura é
o meio ambiente, a Agricultura, a água, todo processo que a gente tem de
reestruturação da nossa produção.
Nós não podemos deixar isso acontecer e
nós temos que mostrar, sem dúvida nenhuma, no processo produtivo nosso na COP,
a importância de toda sustentabilidade. Estamos fazendo um trabalho, nosso
querido deputado Itamar, nós estamos juntos com o Aldo Rebelo, junto com o
(Inaudível.), junto com a Fabíola, que é uma jornalista, estamos trazendo
alguns indígenas para que nós pudéssemos levar para a Europa para dizer a
responsabilidade que o País coloca nos índios.
Nós não somos contra a comunidade
indígena, mas eles não podem produzir, não podem criar as condições de serem
empresários, de ter as condições como nós, compramos os fertilizantes do Canadá
ou dos Estados Unidos e pagamos franquias aos indígenas. Por que não podemos
fazer isso com o nosso indígena?
Nós temos que mostrar a realidade do
que realmente vive o País e não simplesmente maquiagem no processo como um
todo. E essa união, esse fórum, trará essa objetividade como nós temos o IPA,
em Brasília, muito bem conduzido com o vice-presidente da Frente Parlamentar da
Agricultura, para que nós possamos estruturar o processo todo.
Está aqui o Zeca. Zeca organizou junto
com o Brasilinvest. Tivemos em fevereiro nos Estados Unidos falando sobre a
sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Naquela ocasião ocorreu a decisão,
Arnaldo, de que nós precisávamos da reciprocidade do etanol. Nós cobrávamos 6%,
mas cobrávamos dos Estados Unidos 21 por cento. Ali, nós mostramos que o nosso
etanol era límpido. E eles aceitaram. Estavam, lá, as pessoas do Trump, do Meio
Ambiente. E foi muito receptivo.
O governo atual, governo federal, não
quer resolver o problema das cadeias produtivas que estão sendo destruídas no
nosso País. E nós não podemos aceitar isso, porque acaba todo o processo
produtivo do nosso País. É o café, são os nossos peixes, são as nossas frutas,
o nosso couro, o nosso calçado, todo o processo envolto nesse procedimento.
Então precisamos estar todos juntos,
para que a gente possa lutar por esse desafio. Itamar, conte conosco, a Frente
Parlamentar da Agricultura da Assembleia Legislativa de São Paulo. É uma honra
estar aqui com vocês e colocar a nossa instituição sempre à disposição.
Meu muito obrigado a todos. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado, Dr.
Tirso. Nós que agradecemos.
Vamos ouvir, agora, Roberto Betancourt,
Cosag, Deagro.
O
SR. ROBERTO BETANCOURT - Boa noite a todos. É
uma alegria olhar, aqui, esta plateia. Tanta gente amiga, batalhadora do agro
brasileiro. Dizer para vocês que, em primeiro lugar, queria agradecer ao
deputado Itamar, porque eu sou do núcleo que iniciou o Fórum do Agro Paulista e
nós víamos como de fato é o estado de São Paulo: uma potência no agro.
Hoje, o governador Tarcísio dizia que
São Paulo alterna com Mato Grosso como maior exportador do agro brasileiro, mas
é um agro diversificado, agroindústria forte. Então, a gente olhava aqui, para
a Alesp, e falava assim: “Nós somos tão pujantes, mas temos uma participação
tão pequena dentro da Alesp”. E o deputado Itamar assumiu esse desafio do
fórum, de ter uma frente parlamentar do agro funcional na Alesp.
Ele abraçou essa ideia, então a gente
agradece muito, viu, Itamar? E hoje também queria agradecer aos outros
deputados, o deputado Barros Munhoz, o Lucas Bove. Temos, já... E quem sabe, na
próxima eleição, a gente consiga aumentar, não é, Edivaldo?
Então, o nosso fórum está sendo, agora,
oficialmente relançado. Já tem estatuto. E nisso, viu, Arnaldo, copiamos
bastante o que foi feito em Brasília, tanto no IPA, como na FPA, que foi
vencedor e o seu trabalho lá tem sido excepcional. Todos aqui estão fazendo um
apelo para que o Arnaldo continue, para que volte. (Palmas.)
Eu não vou nomear todos, porque realmente
seria cansativo, mas aqui muita gente lutou pelo agro do estado de São Paulo,
se esforçou. E eu creio que unidos nós vamos muito mais longe. Então é um
exemplo de que a união faz a força, não é Itamar? E Edivaldo, Tirso, todos
abraçando isso com as entidades, eu acho que a gente consegue fazer muito pelo
Brasil, atuando juntos.
E, finalmente, eu queria dizer um
pouquinho que o nosso líder e sempre ministro Roberto Rodrigues sempre dizia
que o Alysson Paolinelli era o maior brasileiro vivo e fez de tudo para ele
ganhar o Prêmio Nobel, lutou e, infelizmente, não conseguimos. Mas hoje eu acho
que o ministro Roberto Rodrigues é o maior brasileiro, o grande representante
do agro. (Palmas.)
E nós temos muito orgulho, viu, Roberto
- meu xará -, de ter você como o nosso farol, a nossa luz. Tivemos a honra de
você ter sido convidado para representar o agro na COP. Ficamos muito
contentes, porque a COP sempre foi vista como um risco grande para todos nós,
de um ambientalismo radical, e o Roberto, com a sua capacidade, vai passar
mensagem de tudo o que o agro tem feito.
Hoje, o governador Tarcísio falou que
em termos de reserva ambiental o estado de São Paulo está para chegar próximo
de 30% da área do estado como área de reserva ambiental, muito acima do Código
Florestal. Então a gente tem que se orgulhar, tem que defender e apoiar os
nossos deputados, tanto o Arnaldo, como todos aqui na Assembleia, porque nós
precisamos estar juntos. A política precisa andar junto do setor produtivo. E
nós, unidos, vamos muito mais longe.
Então obrigado a todos, e espero todos
juntos aqui no fórum do agro paulista.
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado,
Roberto, ao Cosag e ao Deagro.
Vamos agora ouvir o nosso secretário
executivo da Secretaria de Agricultura, Alberto Amorim.
Quero antes aqui registrar a presença
do prefeito de Mirandópolis, o Grampola, e na sua figura, no seu nome, se dá a
presença dos prefeitos de Arco-Íris, de Luiziânia, vereador de Pirajuí,
Luiziânia. Também agradecer aqui às entidades, federações, cooperativas,
empresários do agro, amigos da imprensa e um destaque especial, aqui, para a
primeira-dama da noite, a presença da nossa esposa, do ministro Roberto
Rodrigues, a Carla de Freitas, importante empresária no agro de São Paulo.
(Palmas.)
Alberto Amorim.
O
SR. ALBERTO AMORIM - Boa noite. Não há
necessidade de nomear as pessoas que já foram nomeadas, aqui, mais de uma vez,
e nem de tecer comentários, a não ser dizer que eu me solidarizo com tudo
aquilo que foi aqui colocado.
Eu só gostaria de agradecer que a
secretaria pôde estar aqui presente com vocês não só nesta noite, mas todos os
dias, porque esta Casa recebe a secretaria como a secretaria recebe esta Casa,
de maneira integral, sempre prontos para a boa luta, aquela luta de todos os
dias.
O que nos falta, agora, é contaminar as
pessoas da cidade, fazer com que elas voltem a entender o que é a nossa luta, o
que é a nossa jornada de todos os dias, o dia todo, sempre, faça chuva, faça
sol, porque a cidade esquece que o grande segredo é que para ter leite na
caixinha, você precisa acordar às quatro horas da manhã e buscar a vaca no
pasto, alimentar a vaca, tratar da vaca, limpar a vaca, ordenhar a vaca e é
três vezes por dia.
Então, gente, o que eu peço para nossa
Assembleia é aquilo que o nosso secretário Guilherme Piai sempre diz: nos
aproxime da cidade, das pessoas que estão nos grandes centros e essas pessoas
vão ser o objetivo da grande luta nossa da secretaria.
O Piai está agora no interior. Deixou,
naturalmente, os melhores votos a todos e abraços a todos desta Casa, agradeceu
o convite e me honrou, me nomeando para representar a secretaria, mas ele
sempre diz: nós não fazemos nada sozinhos, precisamos fazer junto com o pessoal
da cidade para fazer desse estado cada vez mais o melhor estado do País e este
país cada vez mais o melhor país do agro tropical do mundo.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado.
Muito obrigado. Muito obrigado, secretário Alberto Amorim.
Aproveitando, quero saudar aqui a
presença de representantes da nossa Secretaria de Agricultura, a nossa Apta, a
nossa Cati, da nossa defesa. Vejo, aqui, o Sergio Tutui, o Orlando, Zé Carlos,
Ricardo Lorenzini, todos amigos aqui da secretaria.
Vamos ouvir agora o nosso
presidente-coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio, o nosso Edivaldo Del
Grande. (Palmas.)
O
SR. EDIVALDO DEL GRANDE - Primeiro já falaram
tudo o que tinha que ser dito, não é? Não, mas eu... Quarenta minutos e eu
resolvo todo o problema, não é, Alberto? É rapidinho, não tem problema nenhum.
Então vamos lá. Primeiro, eu queria
agradecer e te cumprimentar, não só ao Itamar, mas ao Arnaldo, ao Barros,
também à Mônika e, agora, ao Roberto também. Eu acho que vocês são pessoas que
fizeram a diferença para a agricultura do estado de São Paulo. Vocês abriram,
realmente, a secretaria e o governo.
Eu sempre digo o seguinte: foi muito
importante a gestão de vocês, porque vocês nos permitiram, o setor produtivo, a
falar com o governo; nos ouviram, porque a gente quer só ser ouvido. Se a gente
for ouvido, com certeza, as políticas vão ser mais assertivas, é muito mais
fácil de a gente trabalhar, é muito mais fácil de a gente mostrar onde estão os
empecilhos e como vocês podem nos ajudar. Então, esses secretários são muito e
foram muito importantes, e continuam sendo muito importantes.
Eu queria, também, aqui cumprimentar o
Lucas Bove, enfim, eu acho que todas essas pessoas que compõem, os políticos,
Alberto Amorim representando a Secretaria; o Marco Vinholi; o Roberto Betancourt,
que está aqui conosco; o Tirso Meirelles, meu amigo Tirso, que falou um
pouquinho, mas eu vou falar mais do que ele, mas, enfim, meu amigo.
Ele falou que eu estava pescando, na
verdade, não estava pescando, não, viu, Roberto? Eu estava tomando uma cerveja
na beira do rio, dentro do meu rancho, estava bom demais, mas não estava
pescando não.
Eu queria, também, aqui cumprimentar
meus diretores. Nós temos os nossos diretores das nossas cooperativas, de todos
os ramos que compõem o movimento cooperativista, estão aqui hoje conosco. É
sempre uma honra estar com eles, amanhã nós vamos ter uma reunião, eles
aproveitaram e estão aqui nos prestigiando, muito obrigado.
Esses secretários, eles têm uma
característica diferente, eu agrupei os secretários aqui só por um motivo,
Roberto. Eles, assim como você, são trabalhadores. Esse povo aqui que eu citei,
todos eles, fazem um trabalho muito especial, vocês fazem um trabalho muito
especial, fizeram e fazem um trabalho muito especial, até o Piai.
Gente, ser parlamentar não é fácil, ser
secretário não é fácil, aliás, uma vez o Roberto me disse: “se quer se queimar,
vá ser secretário”, não é isso, Roberto, que você falou? “E para se queimar
mais ainda, vá ser ministro”, eu falei: “o que é isso, Roberto? Pelo amor de
Deus”. A coisa é meio complicada, eu fiquei meio preocupado, desanimado, mas
enfim.
Roberto, você é uma pessoa que nos
ilumina, como disse, você é um farol, como disse o Roberto. Tudo que você faz,
você faz com carinho, com amor, eu acho que é isso que precisa, e esses
parlamentares, com certeza, trabalham dessa maneira, trabalham nos entendendo,
vendo, e você recebeu, realmente, como disse o Roberto, uma missão espinhosa,
mas ninguém melhor que você, ninguém.
Hoje, como você, não teria outra pessoa
para fazer esse trabalho, não teria outra pessoa para nós confiarmos nesse
trabalho, confiarmos nessa defesa tão importante do Agro, tão importante do
cooperativismo que você faz.
Quando a gente olha para você, a gente
enxerga o cooperativismo em você, o agro em você. Nós enxergamos o estadista em
você, esse é o grande diferencial seu para todos nós, eu acho que isso eu
posso... Não estou menosprezando ninguém, de maneira alguma, mas você é uma
referência, e isso é muito importante, muito bom, e eu queria agradecer, então,
a tudo que você faz e tem feito pelo nosso agro no nosso País.
Eu acho que a frente parlamentar,
Itamar, é uma frente realmente muito importante, seja ela qual for. Nós temos o
Alex Madureira na nossa frente do cooperativismo, você aqui fazendo esse
trabalho, Itamar, aguerrido, ninguém melhor que você para tocar, ninguém melhor
que você para nos ajudar a caminhar.
O “tratoraço”, como o Tirso disse,
foi... Quanto tempo nós alertamos o Doria e a equipe do Doria? E ele estava do
nosso lado: “não vai dar certo isso, não vamos fazer dessa maneira, vamos fazer
de outra maneira”.
Afinal de contas, o agro, ele não
movimenta, a gente quando pensa em agro, muitas vezes pensa lá o homem no
campo, lá sentado, carpindo, ou trabalhando em cima do trator etc., mas ele
movimenta muito mais que isso, movimenta as indústrias.
Quando a gente tem que plantar, nós
temos que ter a semente, mas nós temos que ter os insumos, não é, Roberto? Nós
temos que ter o comércio para vender esse produto, tudo está ligado ao agro,
então, não é só aquele agricultor, tudo isso faz sentido, e nós precisamos de
uma frente para nos defender, para falar, para mostrar.
Não queremos a benesse, não, o que a
gente quer, Itamar, é só que nos entendam, é só que nos permitam trabalhar,
plantar e colher em um mundo adverso à agricultura, que nós temos a nossa
indústria a céu aberto.
Nós vivemos e dependemos de São Pedro,
muitas vezes, não é, Roberto? A gente olha para o céu e fala, “vai chover? Não.
Vai parar de chover? Não, vai já, e vai não sei o quê”, então, isso para nós é
muito difícil.
Então, nós precisamos que nos entendam
e que nos ajudem com políticas públicas decentes, com apoio decente, para que a
gente possa trazer divisas lá de fora. Muitas vezes, eu acho que, aí, Perosa,
eu acho que você, fazendo esse trabalho, preocupa-me muito, sabe por quê?
Porque, às vezes, as pessoas não entendem a dimensão da balança comercial.
E aí, nós precisamos de vocês. Eu
sempre digo que a política vai cruzar o nosso caminho, para o bem ou para o
mal, mas vai cruzar. Então, vocês, vocês parlamentares, vocês que movimentam
tudo isso, têm que nos ajudar, e nós temos que ajudar vocês. Estamos aqui,
exatamente, para dizer a você: Itamar, toque em frente. Tenho certeza de que
fala em nome das 45 entidades. Estamos juntos.
(Palmas.)
O Arnaldo, tenho certeza que ele vai
desistir dessa ideia maluca de não se candidatar, mas, enfim, precisamos de
vocês, porque nós precisamos de vocês, esse sentimento é mútuo, o Tarcísio
falou isso.
Então, gente, muito, muito obrigado por
aceitar essa empreitada, que eu sei que uma empreitada não é uma empreitada
fácil, mas ninguém mais competente que você para tocar adiante, para fazer o
que faz, juntamente com todos nós, com todas as nossas entidades que estão relacionadas
e ligadas umbilicalmente a todo o processo público, todo o processo de política
pública, nós precisamos das políticas públicas.
Então, muito obrigado, parabéns a todos
e muito obrigado a todos pela presença. (Palmas.)
O
SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado,
presidente Edivaldo Del Grande, nós é que agradecemos.
E vamos agora ouvir a saudação dos
parlamentares, na sequência já vamos aqui convidar à Mesa, com o Marcos Jank e
todos os participantes, para que possamos viver esse segundo momento.
Com a palavra, o deputado, ministro e
secretário Barros Munhoz. (Palmas.)
O
SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Pessoal, boa noite a
todas e a todos, vou procurar ser breve, é difícil, porque eu costumo falar
bastante também. É um defeito que a gente assume. Mas, Perosa, eu me lembro
bastante do seu pai, tenho muita saudade dele. Mas eu queria dizer o seguinte,
eu fui um fenômeno.
Quando eu fui à Rural Brasileira me
apresentar como novo secretário da Agricultura de São Paulo, me perguntaram: “Escuta,
o senhor é agrônomo? Não. O senhor é veterinário? Não. O senhor é zootecnista?
Não. O senhor é advogado? Sou. E o que o senhor vai fazer como secretário da
Agricultura? Eu vou advogar a causa da agricultura, porque o que a agricultura
de São Paulo e do Brasil está precisando é de alguém que defenda a sua causa”.
E acho que deu certo, porque todo mundo me ajudou.
Eu não tinha competência, eu fui atrás
de quem tinha. Quem que eu fui procurar? Alysson Paolinelli. Quem mais? Roberto
Rodrigues. E outras pessoas que tinham sido secretários; o Guilherme Afif Domingos
foi secretário da Agricultura, fui beber no cálice da sabedoria dele também. E
assim fui, com humildade, e buscando quem pudesse me ajudar e respeitando o
agronegócio.
E, olha, tive uma felicidade que, lá
pelas tantas, o presidente Itamar Franco ligou para o ex-ministro,
ex-vice-presidente da República, Aureliano Chaves, e perguntou: “Preciso de um
novo ministro da Agricultura. O Lázaro Barbosa não está dando conta do recado.
É uma ótima pessoa, mas não está dando conta do recado”. E Aureliano Chaves
falou: “O Barros Munhoz, secretário de São Paulo”.
Por que ele falou isso? Porque ele me
conheceu, eu trabalhei com ele, e ele viu o que estava acontecendo em São
Paulo. E eu acabei indo para o ministério, mas durei pouco, porque na briga
entre o mar e a rocha, quem apanha é o marisco, e eu era o marisco. Eu era o
marisco.
O Quércia brigava com o Itamar, entre
aspas. Brigava de manhã, tomava café depois do almoço com ele e, à noite,
jantava com o Itamar. E o Fleury, ingênuo, falou: “Eu vou brigar com o Itamar e
vou me credenciar a presidente”. E nessa briga toda, eu me senti obrigado a
sair do Ministério.
E o presidente Itamar foi muito
delicado comigo, me fez até uma homenagem, reconhecendo a minha lealdade àquele
que parecia ser o meu mestre - não tinha sido. Meu mestre já mencionei aqui
quem foi: Aureliano Chaves. Mas por que eu estou falando tudo isso? Porque eu
estou alegre.
Itamar, sabe por que eu vim aqui hoje?
Eu falei: “A festa é do Itamar, a festa é do Arnaldo Jardim, a festa é desse
pessoal maravilhoso que está aqui”. Se eu for mencionar todos, eu vou
ultrapassar os três minutos. Já estou quase ultrapassando. Mas segura o rojão
aí, segura aí que não vou demorar muito.
Mas, sinceramente, eu tinha que vir
aqui, porque isso aqui me dá ânimo, me dá gás. Puxa vida, nós estamos
precisando é disso mesmo! Vamos nos dar as mãos. Quem falou isso, falou muito
bem. Vamos nos dar as mãos! Vamos nos dar as mãos, minha gente! (Palmas.)
Vou fazer uma indiscrição violenta.
Quando o Fleury me convidou, falei: “Fleury, só tem um problema. Eu não vou
admitir que os funcionários da secretaria fiquem com esses salários. Você topa
corrigi-los?”. (Palmas.) “Você topa corrigi-los?”. Ele falou: “Topo”. Fiz
assim, peguei o braço dele. “Faz assim.” Ele falou: “Que isso?”. “Juramento de
índio. Quem desmanchar esse juramento, está condenado. Agora, se você topa esse
juramento, eu sou o seu novo secretário.” E fui ser secretário dele.
E aí ele me perguntou... Eu estava no
avião indo para Brasília tomar posse. E quando chegamos lá em Brasília, ele me
perguntou: “E para sucessor seu lá em São Paulo?”. Falei: “Fleury, o Francisco
Rossi veio comigo no avião e me propôs que se eu abrisse mão para ser ele o meu
sucessor, ele desistiria da candidatura a governador, para me apoiar, mas eu
não posso fazer isso com você, Fleury, e nem com a Agricultura de São Paulo e
do Brasil.
Você só tem um nome, Fleury, para ser
meu sucessor e para ser um extraordinário secretário. E se Deus quiser,
futuramente, um extraordinário ministro”. Quem é? Fácil, fácil, fácil de dizer.
Roberto Rodrigues. E assim ele foi o nosso secretário. Graças a Deus! Graças a
Deus!
Então, falei demais. Muito obrigado por
essa oportunidade! Vamos em frente! Vocês são os sustentáculos do Brasil! E
mais do que isso, vocês são a esperança do Brasil!
Que Deus nos abençoe sempre, lhes dê
ânimo, coragem, força, crença, fé e sucesso! (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito bem,
nosso Barros Munhoz, história linda. Obrigado pela, sempre, aula e contribuição
que nos dá. E já convido o deputado Lucas Bove para que possa fazer a sua fala.
(Vozes fora do microfone.)
O
SR. LUCAS BOVE - PL - Eu acho que o
Itamar... Eu acho que o Itamar tem alguma coisa contra mim, porque me colocar
para falar depois do Barros Munhoz é maldade. É maldade, é maldade.
Mas, meus amigos, boa noite. Queria
iniciar cumprimentando Itamar Borges, porque só o Itamar e o Roberto Rodrigues
para botar tanta gente boa junto aqui hoje. Parabéns, Itamar, que bela festa.
Eu vejo aqui muita gente de extrema qualidade. O Ricardo Saboya, o Perosa, o
Gallotti.
Enfim, tanta gente boa aqui. Chiquinho
Matturro, que já levou quase um milhão de emendas nossas lá para a Integração
Lavoura Pecuária Floresta, faz um baita de um trabalho, Chiquinho. Dadão está
ali, olha, pode pegar o cheque já de mais uma emenda aí. Cumprimentar, aliás, o
Dadão, Eduardo Soares de Camargo, meu chefe de gabinete, em nome de quem
cumprimento todas as assessorias aqui, todos os funcionários das secretarias,
das autarquias, das federações que fazem a coisa acontecer.
Iniciar também cumprimentando a
primeira-dama da nossa Agricultura, agropecuária, a Carla. A Mônika também, que
representam aí a força das mulheres. Marquinho Vinholi faz um baita trabalho à
frente do Sebrae. Barros Munhoz não preciso nem falar. Meu líder, meu
professor, junto ao Itamar, aqui representam a força do nosso agro, na qual eu humildemente
me juntei nesse primeiro mandato.
Estou trabalhando junto a eles,
aprendendo com eles. Temos aí vários projetos aprovados em conjunto, projetos
dos quais eu sou autor e eles são coautores ou apoiadores ou relatores, como
Rotas Rurais, a Semana do Etanol Paulista, para levar o etanol para as escolas,
e tantos outros projetos. Cumprimentar o meu amigo Amorim, nosso “02” da
secretaria aí. Leve o meu abraço ao meu querido amigo Piai.
Eu tenho muito orgulho de dizer que eu
fui um dos primeiros a iniciar a campanha “Fica, Arnaldo”. E hoje, nós
conseguimos, oficialmente, um apoio de peso do governador Tarcísio.
Ele já convenceu o Barros Munhoz a
ficar, pelo menos, mais um mandato e tenho certeza de que ele vai convencer o
Arnaldo Jardim também, porque faz toda a diferença não só para o nosso
agronegócio, para a nossa agropecuária, mas também como coordenador da bancada
paulista, como um grande representante do nosso estado de São Paulo. Então como
cidadão paulista, meu muito obrigado e o meu pedido para que o senhor, você,
meu amigo, fique, pelo menos, mais um mandato lá.
Del Grande faz um grande trabalho
também, representa aqui para mim aquele que é o modelo de maior sucesso no
Brasil e no mundo, o modelo cooperativista. Cumprimentar de maneira muito especial
o meu amigo Betancourt também, porque o agro, a evolução do nosso agro, a
evolução do nosso Brasil passa pela agroindústria sem dúvida nenhuma. Leve o
nosso abraço ao nosso querido Skaf, que vai reassumir lá.
Vou pedir licença ao herdeiro da dinastia
Meirelles e cumprimentar a Faesp, em nome do Pedro Luccesi, porque eu fiquei
muito emocionado, Pedrão, de ver como você cantou o Hino Nacional aí do fundo a
plenos pulmões.
Você representa o agro que é patriota,
o agro que é democrático, o agro que faz realmente esse Brasil ser a força que
é. Então, em seu nome, cumprimento aqui também todos os presentes sindicatos,
todos os federados aqui presentes.
Meus amigos, eu também não vou me
estender muito na minha fala. A gente sabe a força, a importância do agro, da
Agropecuária, da agroindústria. Não vou realmente me estender aqui, vou só
pedir licença, quebrar um pouquinho o protocolo aqui e peço perdão pelas
palavras.
Eu queria falar uma frase só para
resumir o que eu sinto estando aqui hoje pelo nosso querido homenageado.
Finalizar parabenizando, mais uma vez, o Itamar, pelo brilhante evento e dizer
para vocês que Roberto Rodrigues é foda. Nada mais.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Com certeza,
né, Roberto? Obrigado, Lucas Bove. E para fechar com a... voz feminina, Mônika
Bergamaschi. (Palmas.)
A
SRA. MÔNIKA BERGAMASCHI - Boa noite. Minha vida
ficou muito difícil agora, depois disso tudo, mas, Itamar, muito obrigada pela
gentileza, é um prazer estar aqui de novo. Essa Casa me traz tantas lembranças.
A gente está de um lado, do outro. Todos aqui, então, na sua pessoa
cumprimentar todos aqueles que já foram nominados. Na pessoa da Carla,
cumprimentar os amigos que nos ouvem aqui.
Eu acho que o essencial desse evento,
voltar com a nossa frente, recuperar o nosso SPAgro diz tudo. Nós estamos em um
momento muito complicado, seja em São Paulo, seja no Brasil, seja onde for, e
nunca foi tão importante que a gente tenha todos os elos do agronegócio unidos
e conversando.
Lembro-me muito bem, acho que o Roberto
Rodrigues tem uma passagem na vida de cada um aqui. Se eu chamar qualquer um de
vocês aqui, certamente todos terão alguma história para contar. Ele também tem
uma história na minha decisão para assumir a Secretaria da Agricultura.
Evidente também que passou por uma
conversa com ele. E ele me dizia isso, me lembro do que ele falava, ele falou:
“olha, todos os problemas estão na secretaria, ou estão no ministério, todas as
soluções estão fora”.
E a outra coisa que ele me ensinou
muito, muito rapidamente foi o seguinte. É muito fácil a um governo, quando
recebe diferentes elos da mesma cadeia, e cada um pede uma coisa diferente. É
só não fazer nada, porque daí você não agrada ninguém. É muito complicado para
um governante quando uma cadeia inteira, um elo inteiro, já se conversou, já
discutiu todas as arestas, já tem uma proposta única, é um discurso único, é
uma coisa que vem em bloco.
Ele falou: “Isso é intransponível para
aquele que é o governante, ou ele faz, ou ele está ruim com toda a cadeia”. E
por que a gente não aprende essa lição de uma vez por todas? Por que a gente
não dá as mãos. Por que a gente não caminha junto? E a última lição dele, ou
uma outra lição entre tantas que me deu. Quem quer ir rápido vai sozinho, mas
quem quer ir longe, vai junto.
Então, acho que nunca foi tão
importante que a gente reativasse esse fórum sob a liderança, sob todas as
associações, as cooperativas, os sindicatos, sob todas as formas de organização
do setor privado que aqui estão, aquelas que ainda não estão, que estejam, e
que a gente saiba compor, que a gente saiba conversar, que a gente saiba
dialogar, que a gente saiba também comemorar e enaltecer aquilo que de bom vem
sendo feito.
Então, muito obrigada a vocês. Arnaldo,
fica, nós precisamos dessa força; Itamar, Bove, meus amigos todos que aqui
estão, Sebrae, todos vocês. A importância das nossas instituições, que elas
sejam fortalecidas e que a gente saiba cada vez mais caminhar juntos para que a
gente possa ir longe.
Obrigada pela gentileza, um prazer, e
também obrigada e parabéns à homenagem que será feita para o nosso amigo, para
a nossa luz, para o nosso mestre, para o nosso farol, para o nosso maior
brasileiro vivo.
Parabéns e obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Parabéns,
Mônika, fechando com chave de ouro. Belas palavras, bela contribuição, e muito
obrigado a todos, nesse primeiro momento, e já vamos na sequência. Convidamos
aqui para compor o painel, para compor a Mesa, o nosso Marcos Jank, que é o
nosso expositor palestrante desta noite.
Da mesma forma, convidamos Roberto
Rodrigues, que é comentarista deste painel, junto com o deputado federal
Arnaldo Jardim, representando a FPA, junto com o Ibiapaba Netto, o nosso presidente
executivo da CitrusBR, Roberto Perosa, presidente executivo da Abiec,
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, e Francisco Matturro,
presidente do Lide Agronegócio e presidente da Rede ILPF.
Quero dizer que, após a apresentação do
Marcos Jank sobre os cenários do agro para o segundo semestre, nós abriremos
cinco minutos para comentários de cada um dos membros aqui, componentes dessa
bancada que acabamos de formar, prevalecendo conosco aqui os demais componentes
da Mesa, como o Del Grande, o Tirso, o Vinholi, os deputados, o Amorim e a
Mônika.
Com a palavra o nosso palestrante, o
nosso expositor. O Perosa já chamei. Não veio ainda? Cenários Pós-Tarifaço, com
uma explanação do Marcos Jank, que é coordenador do Insper - Agro Global,
especialista em agronegócio, pesquisador e referência em comércio internacional
do agro, e, posteriormente, os comentários. Dispensa apresentação.
Marcos Jank, muito obrigado, e com a
palavra.
O
SR. MARCOS JANK - Muito obrigado, muito obrigado a
todos, obrigado Itamar, obrigado Arnaldo - fique. Vai ser assim agora o tempo
todo. E muito obrigado a todos vocês por estarem aqui, Edivaldo, Perosa, a
todos que estão aqui hoje, Amorim, é um prazer imenso falar, antes de uma
homenagem ao Roberto Rodrigues.
Eu queria dizer que, em 1989, eu estava
chegando da Europa, onde eu tinha estudado política agrícola europeia, e
também, naquela época, a rodada do GATT, o Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio, agora sendo menosprezado pelo Trump, toda essa história, e o Roberto
estava na OCB, se eu não me engano, ou na Ocesp, e me ligou em Piracicaba e
falou: “Você que estudou política agrícola europeia?” Eu falei: “É, exatamente,
acabei de chegar, tal”.
Ele me chamou para a gente conversar e
falou: “Precisamos formar um grupo para entender desse assunto, para
negociações agrícolas internacionais, colocar eventuais contenciosos contra
subsídios, principalmente europeus e americanos”, e nós, então, trabalhamos
juntos. Eu acompanhei o Roberto na OCB, na Ocesp, na Sociedade Rural
Brasileira, na Secretaria da Agricultura e na Abac. Então foram anos, mais de
uma década, e na ACI, na Aliança Cooperativa Internacional.
Então foi mais de uma década seguindo o
Roberto, e o Roberto foi quem começou essa história do agro global. Até então,
até os anos 1990, nós tínhamos medo do mundo, tínhamos medo da Argentina. Eu me
lembro de que um dos primeiros estudos foi olhar como a Argentina nos afetaria
com o Mercosul. A gente tinha medo da competição. Éramos uma economia fechada,
e hoje somos uma economia supercompetitiva, então acho que o Roberto tem muito
a ver com isso, nesses anos todos.
Muito obrigado, Roberto, por ser o guia
de meu e de tantos outros na área internacional do agro. Bom, a área
internacional do agro hoje está complicada. Não é, gente? Eu acho que essas
regras que foram criadas na época do GATT e depois da OMC estão todas sendo
rasgadas. Na verdade, nem é culpa só do Trump, o Trump acho que botou a pá de
cal.
As organizações internacionais já
vinham fraquejando há bastante tempo. A ONU não resolve o problema de guerra, a
OMC não resolve o problema de comércio, a OMS da Saúde não resolve o problema
de Saúde, as COPs do clima não resolvem problemas de clima. Então, já estavam
fraquejando, o que o Trump fez foi ignorá-las. Ele substituiu as instituições
internacionais por conversas diretas, transacionais, e conversa direto com
empresários, conversa direto com presidentes, sem medir protocolos.
E, de certa forma, ele quebra 80 anos
de regras internacionais, desde o final da Segunda Guerra. Regras foram a maior
construção de organizações para lidar com o mundo complexo e globalizado. Foram
essas instituições que foram criadas e que agora estão relativamente
enterradas.
Ele também coloca restrições no maior
mercado liberal do mundo, que é os Estados Unidos, o maior importador mundial,
o maior mercado do mundo, se fechando, se protegendo, como se fosse o que
aconteceu com a América Latina lá atrás, com a substituição de importações.
Ele introduz substituição de importação
no mercado americano, que ninguém imaginava. E ele também ignora 250 anos de
teoria do comércio internacional, desde o livro “A Riqueza das Nações”, de Adam
Smith, quando Adam Smith mostra as vantagens absolutas e, depois, David
Ricardo, as vantagens relativas de fazer comércio, porque é bom fazer comércio.
E, realmente, ele volta para o mundo mercantilista, o mundo da barganha, do
toma-lá-dá-cá, da reciprocidade.
Quando a gente fala de um tarifaço, não
é um tarifaço contra o Brasil. É um tarifaço contra o mundo. Ele está
negociando com dezenas de países. Washington nunca teve tanta gente lá. Acho
que, hoje em dia, a melhor profissão deve ser lobista em Washington, porque é
inacreditável como que as coisas estão acontecendo, sem regra, sem ter para
quem reclamar.
Imagina um jogo de futebol que não tem
juiz, que não tem placar, não funciona, todo mundo briga. E é o que está
acontecendo. É um tarifaço contra o mundo que assusta, né? Eu nunca imaginava
na minha vida que fôssemos viver num mundo do unilateralismo, como está sendo
colocado agora por esse governo.
É claro que as coisas podem mudar, é
claro que pode haver troca de poderes, pode haver muita coisa, mas a verdade é
que no momento nós estamos todos pasmos de ver como que as coisas estão
acontecendo de forma tão rápida.
Alguns dizem que isso é uma nova ordem
internacional, talvez seja; ela lembra um pouco o passado, do século XV e do
século XVI, no mercantilismo, mas eu acho que nós ainda vamos viver um longo
período de desordem internacional.
É isso que nós temos nesse momento e é
isso que a gente encontra agora com tarifaço de 50 por cento. Nós, do agro,
achávamos que iríamos ganhar nesse processo. A gente vai ficar de lado, nós não
estamos em nenhum centro, centro foco de atenção, como Europa, Ásia. Os Estados
Unidos têm superávit conosco. Os americanos vão botar tarifa na China, a China
vai subir a tarifa, nós vamos ganhar.
A verdade é que a gente saiu de
ganhador para perdedor. E não foi por causa do comércio. Até porque os Estados
Unidos têm superávit conosco. Foi por causa de uma dimensão político-ideológica
que entrou no processo, em que existe uma dificuldade umbilical de os Estados
Unidos lidarem com o atual governo aqui do Brasil, principalmente com a
influência da China sobre a América do Sul.
Eu acho que talvez o ponto mais
importante de tudo que eu tenho visto é a questão da presença da China na
América do Sul e o impacto que isso tem na cabeça do Trump, do governo
americano.
Esse ponto eu acho que é um ponto, que
a gente vai continuar assistindo a muitos capítulos e que vai dificultar um
acordo, porque não se trata de um acordo comercial; trata-se de um acordo onde
são colocados assuntos que não têm nada a ver com o comércio, como ele já tem
feito em outros assuntos, ele coloca minerais raros, ele coloca defesa.
O fato de ter acontecido o Brics aqui
no Brasil, e algumas declarações fortes que foram feitas pelo governo, levaram,
então, a esse impasse em que a gente se encontra nesse momento.
Então, eu vejo isso como uma coisa
muito preocupante, e, obviamente, ele traduz isso em tarifas, as tais tarifas.
Aí tem setores que ganham, setores que perdem. Até aqui, o que foi retirado da
lista do agro, basicamente, e talvez para a nossa sorte, nós não somos
dependentes de um só país ou de dois países no agro.
O agro brasileiro hoje exporta para 200
países, para os cinco continentes. Sessenta e seis por cento vão para a Ásia.
Estados Unidos são 6%, 7 por cento. Portanto, é um mercado pequeno para o agro
brasileiro.
Estamos falando de 12 bilhões de
dólares, sob uma exportação total para os Estados Unidos de 40 bi. E o agro
exporta para o mundo 165 bilhões de dólares. E tem tido recordes nos últimos
anos. Então, é um mercado relativamente pequeno.
Mas é um mercado muito influente, muito
qualificado, como é a Europa, como é o Japão. São mercados exigentes, são
mercados enormes. A gente tem pouca presença, inclusive, lá nos Estados Unidos.
E para alguns setores são fundamentais. Vocês conhecem o suco de laranja, que
está aqui, a Ibiapaba, que vai comentar sobre o suco de laranja, a celulose, as
carnes, o café, as frutas tropicais, o fumo. Esses são os principais setores
que foram afetados pelo tarifaço direto.
E vamos lembrar que, por enquanto, os
setores que conseguiram a isenção, o suco de laranja, por exemplo, não foi
porque o governo brasileiro fez qualquer negociação ou deu qualquer coisa em
troca; foi porque as indústrias americanas, os empresários americanos desses
setores fizeram a pressão sobre o governo americano. E aí conseguiram, 20% da
nossa pauta tem isenção, mas 80% continua sendo taxada.
Então é bastante preocupante esse
mundo, porque a gente não sabe aonde isso vai parar. Amanhã ou depois, o Trump
considera, de repente, de dobrar nossa tarifa por conta da questão da Rússia.
Vocês estão vendo que a Índia, que
parecia que estava tudo bem, caminhando para um acordo há algumas semanas com
os Estados Unidos, e aliada dos Estados Unidos, vamos lembrar disso, a Índia
tem problemas com a China e tem proximidade com os Estados Unidos. Parecia que
ela caminharia para uma tarifa mais baixa, no fim, por conta de comprar diesel
da Rússia, recebeu 50 por cento.
Nós também compramos diesel da Rússia e,
principalmente, compramos fertilizantes da Rússia. A Rússia é 27% da nossa
importação de fertilizantes. O Brasil é o maior importador de fertilizantes do
mundo, de elementos para fertilizantes, e depende muito da Rússia, da
Bielorrússia e de alguns outros países.
Então nós temos aí um telhado de vidro
bastante preocupante. Eu diria que a gente tem três problemas. Um é o tarifaço
direto dos Estados Unidos sobre o Brasil, pelas razões político-ideológicas que
foram colocadas, inclusive envolvendo o Supremo, envolvendo a família Bolsonaro
e tudo o mais que vocês sabem.
O segundo é esse risco que a gente
sofre, principalmente em fertilizantes, mas pode sofrer em outros produtos, que
pode levar a um segundo castigo. E o terceiro, que pouca gente está vendo, foi
o que, de certa forma, anunciou-se essa manhã, o Trump pressionando a China
para que a China desse um acesso para a soja dos Estados Unidos, dos produtores
americanos na China.
A China não tem condição de
quadruplicar sua exportação para os Estados Unidos. Na verdade, nos últimos 25
anos, nós invertemos de posição com os Estados Unidos. Eles eram 60% da
exportação de soja, nós éramos 25% ou 30 por cento; hoje, nós somos 55%, eles
são 25 por cento. Eles não têm hoje condição.
Mas o que me preocupa não é isso, é que
não tem regra para isso. De repente, eles criam uma cota do nada ou criam uma
tarifa diferencial ou criam qualquer sistema desses malucos que podem ser
criados num mundo sem regra. E a gente começa a ter um preço mais baixo do que,
por exemplo, o agricultor americano tem. Isso pode ser feito nos grãos, isso
pode ser feito nas carnes.
Aliás, as carnes são campeãs de
barreiras, não só as barreiras tarifárias, como tem no caso da exportação de
carne bovina do Brasil para os Estados Unidos, que já tinha uma tarifa alta, e
agora vai mais 50, então 50 mais 26, 76% de tarifa. Mas as carnes também têm as
tais barreiras não tarifárias, as sanitárias, as técnicas, as ambientais,
eventualmente. Então, nesse mundo, o que vai ser dessas barreiras?
Vamos lembrar que de 30 a 40% do que o
Brasil produz vai para o mundo. É o setor mais exposto da economia brasileira
ao mundo. Portanto, é o setor que tem que estar mais bem organizado para lidar
com o mundo.
Talvez a minha mensagem mais central
seja essa, a gente precisa se organizar, a gente precisa ter uma sala de guerra
comercial, porque o que está havendo tem impacto direto no que vai acontecer no
curto e no médio e talvez até no longo prazo para o agro brasileiro. É o mundo
sem regras que vai nos exigir responsabilidade para lidar com esse problema.
E a gente até aqui ficou assistindo de
longe e salvamos uns poucos setores até agora, mas os outros vão ter impacto,
seja nos Estados Unidos, seja em terceiros mercados, conforme eu disse.
Bom, acho que esses são os pontos
talvez mais importantes, eu não queria também me estender muito, mas eu acho
que nesse processo, que a gente está vendo, que a gente está assistindo, hoje
cedo nós tivemos o congresso da Abag, importantíssimo congresso.
É sempre uma luz para nós esse
congresso, desde os tempos em que o Roberto e outros estiveram, aliás,
começando com Ney Bittencourt de Araújo e tantos líderes que passaram pela
Abag.
A Abag é o conceito da cadeia, da
integração da cadeia. E eu acho que uma coisa muito importante que se falou lá
é que nós precisamos de “agroalianças”. “Agroalianças” são fundamentais, porque
a gente tem duas jabuticabas no nosso agro. Duas coisas que só o Brasil tem.
O Brasil é campeão de energias
renováveis e, principalmente, bioenergia. E aqui nós estamos falando de etanol,
biodiesel, bioeletricidade, bioplásticos, segunda geração, hidrogênio,
biometano e tudo mais. Arnaldo é campeão nosso na defesa dos interesses da
bioenergia.
Mas a bioenergia não é considerada,
fora das nossas fronteiras, como uma solução para a transição energética. E
mesmo recebendo a cópia aqui, alguns dizem que é a cópia da floresta, devia ser
a cópia da bioenergia, porque o maior problema do mundo está na área de
transportes e de energia fóssil.
Então a gente deveria trazer esse caso,
mas infelizmente tem poucos países que seguiram o nosso exemplo, pouquíssimos
países no mundo. E quando se fala de renováveis, em geral, critica-se a
bioenergia e não se elogia. Então acho que essa é uma jabuticaba nossa, mal
conhecida lá fora, e a outra é a agricultura produtiva e sustentável nos níveis
que nós alcançamos e que também não têm paralelo no mundo.
Quando a gente olha para o mundo
tropical, o mundo tropical está muito abaixo da gente, principalmente a África,
que é um grande problema da humanidade, quem vai alimentar a África? Como ela
vai se alimentar? Ela não tem outra saída, ela tem que seguir o modelo
brasileiro de agricultura tropical.
E eu acho que era isso que a gente
devia fazer, são essas “agro-alianças” que vão ajudar os trópicos a saírem para
fora d'água, para terem condição de se alimentar, tanto segurança energética,
como segurança alimentar, como segurança climática, que são os cavaleiros do apocalipse,
que o Roberto fala tanto. Eu acho que o que a gente fez aqui foi tratar dessas
questões com muita precisão, com muito bons resultados. Então a gente tem que
construir alianças fora do País.
Em termos de perspectivas para o
Brasil, eu acho que a gente tem, com todos os problemas que eu falei, com as
dificuldades lá do tarifaço, da nossa organização, o Brasil é o país que mais
tem condição de se expandir, não só verticalmente, com produtividade, mas
também horizontalmente, por exemplo, como é o tal do ILPF, que se falou sobre
isso, o ILPF, não é, Chiquinho? Que é uma solução maravilhosa de integração de
sistemas.
Você não tem nenhum paralelo hoje no
mundo de país que possa, que está fazendo o que a gente está fazendo. Então
acho que nós temos grandes oportunidades. Mas eu queria deixar aqui alguns
recados em relação aos desafios, porque, quando a gente fala que nós temos
agora o Fórum Parlamentar do Agro Paulista, temos a Frente Parlamentar do Agro
Paulista, fazendo e se somando aos grupos de Brasília e de outros estados, nós
estamos falando de organização para lidar com os riscos que esse setor corre.
E vamos começar pelo risco de um
governo que está ensandecido para arrecadar mais, e que vai fazer de tudo para
se reeleger, e tem um risco, sempre tem um risco sobre o agronegócio, que
Arnaldo tem vivido em Brasília e que a gente tem sentido que precisa ser
replicado nos estados, no estado de São Paulo, no estado do Mato Grosso, nos
principais estados agrícolas, para não deixar ocorrer taxação das exportações,
invasão de terra, marco temporal e outras coisas que são sempre muito
complicadas para o nosso futuro.
E aqui eu não estou falando das
exportações, mas da taxação da LCA, do CRAs, dos Fiagros, das debêntures, que a
gente tem visto. E também o problema da guerra, da questão lá dos juros altos,
os juros altos estão em níveis absurdamente elevados para as pessoas terem
coragem de produzir. Falta de mão de obra no campo, insegurança jurídica,
gestão de riscos.
Então, acho que esses são os temas que
a gente tem que trazer para a frente parlamentar. Vamos lembrar que o estado de
São Paulo é um modelo de integração vertical de cadeias produtivas, e a gente
não pode deixar que isso desapareça. Hoje mesmo comentávamos aqui fora do
problema que está acontecendo lá no Consecana, por exemplo.
O Consecana - e eu fui presidente da
única há alguns anos - é uma referência que fez com que a cana crescesse no
estado de São Paulo, tendo um parâmetro de preço para a cana baseado nos preços
finais dos produtos da cana. E eu soube que agora estamos vivendo aí um
conflito lá no Consecana, que pode inclusive acabar com o placar, porque o
Consecana é um placar, e de repente pode ter dois placares, três placares, isso
não é nada bom, isso envolve coordenação da cadeia da cana.
E nós temos aqui em São Paulo várias
cadeias, a laranja, com as dificuldades sanitárias da laranja, de continuar
crescendo, tem tão pouca laranja no mundo, tão poucos lugares que tem laranja,
e o Brasil talvez seja o que tem mais potencial, a celulose, enfim, todos os
produtos do agro paulista são exemplos de coordenação, e eu acho que é super...
O que é muito importante, acima de
tudo, quando a gente fala do que precisa ser feito, é a nossa capacidade de
construir inteligência estratégica, construir políticas corretas, caminhar para
o lado de aumentar a competitividade, a sustentabilidade, a inserção
internacional, o entendimento das realidades internacionais.
Esse tema lá do tarifaço, ele exige,
acima de tudo, uma coordenação da academia, das empresas, do setor privado, de
todos aqueles que estão trabalhando essa questão, para saber como é que a gente
vai sobreviver a esse novo mundo que está vindo aí.
E isso é mais importante no agro do que
em qualquer outro setor da nossa economia. Não tenho a menor dúvida em dizer
que nós somos uma economia fechada, mas o agro não é um setor fechado, é um
setor extremamente aberto, que se integrou ao mundo pelas suas próprias pernas,
pelo que fez em termos de gente, de tecnologia, de política pública, que foram construindo
esse agroexportador que é o único no mundo, mas que, talvez, o seu desafio
continue sendo organização.
Como que a gente organiza isso? E o que
eu aprendi com o Roberto Rodrigues nesses anos todos que eu conheço, há tantos
anos, foi que o Roberto sempre falava isso, organização, organização,
organização. Precisamos construir bons relacionamentos dentro da cadeia, fora
da cadeia, com o governo, em outros países.
E eu acho que essa é a principal lição,
quando ele fala, e eu participei desse livro “Agro é Paz”, que nós fizemos pelo
Esalq, quando ele estava na cátedra lá do Esalq. O “Agro é Paz”, o que é? É um
receituário de por que segurança alimentar, segurança energética, segurança
climática são fundamentais para a paz universal, e que nós conseguimos, de uma
maneira muito diferente do resto da economia brasileira, criar no agronegócio.
Então, muito obrigado, fico muito
honrado de estar com vocês.
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito obrigado
ao nosso Marcos Jank, convido para que ele sente aqui, para que nós possamos já
iniciar. E vamos iniciar com o setor que foi preservado pelo tarifaço, que é a
citricultura. E depois vamos para o setor que não foi preservado, que é a
carne. Então, com a palavra, o Ibiapaba, executivo da CitrusBR.
O
SR. IBIAPABA NETTO - Obrigado, deputado
Itamar. Prazer estar aqui, muito obrigado pelo convite, um prazer em uma noite
dessas, em homenagem ao nosso ministro e mestre, Roberto Rodrigues, estou do
lado do meu amigo “Fica, Arnaldo”, Chiquinho também. Bem, excelente
apresentação, como sempre, do professor Marcos.
O que eu posso trazer aqui para vocês?
Eu acho que a gente inaugurou a era da incerteza, esse acho que é o grande
ponto de partida. Hoje é muito difícil a gente ter qualquer tipo de
previsibilidade para o futuro, porque o mundo, como o professor Marcos colocou,
está se restabelecendo numa nova ordem e chacoalhando um pouco algumas
estruturas que já eram bastante consolidadas.
A gente sabia que, para lidar com a
Europa, a gente tinha ali uma diplomacia comercial de stakeholders, com
americanos era comercial, a gente sabia mais ou menos como lidar nesse mar, e a
vida seguia. E agora o que a gente tem? A gente tem ali o valentão da sala, que
tem um porrete maior do que todo mundo, e não tem medo de usar.
Então, basicamente, isso mudou toda a
configuração em que a gente vinha. E o que o setor do suco de laranja tem a ver
com isso? A gente foi isento dessa primeira leva de tarifas para suco de
laranja, embora sob produtos que são muito importantes, principalmente no
consumo do suco reconstituído.
E aí eu faço rapidamente uma explicação
aqui, deputado Itamar. Nós temos dois principais produtos: o suco não
concentrado, que é a diluição natural; e o suco concentrado, que a gente tem
66% de partes sólidas. Esse produto é desmontado. Então, ele sai lá da fábrica,
a gente concentra o suco, a gente tira o aroma, as células cítricas, e vende
tudo isso à parte e remonta no destino.
Hoje, a parte de células e óleos
essenciais... E aqui essências, vamos dividir também em dois grupos: a gente
tem a parte dos perfumes, tudo que é fragrância que a gente cheira vem da parte
cítrica, são os óleos essenciais; e tudo que a gente come são os aromas que
estão nos produtos. Então, está muito envolvido também com uma parte da indústria
de alimentos americana.
Então, a gente tem uma parte ainda para
caminhar, porque, obviamente, isso pode ter algum impacto em relação aos
produtos que são consumidos no mercado americano, mas, pelo menos, uma grande
parte ali a gente conseguiu livrar neste primeiro momento. E por que a gente
conseguiu isso? Acho que essa é a grande pergunta.
Acho que dois aspectos foram
fundamentais. O primeiro deles é uma interdependência de cadeias: 56% do
consumo americano de suco de laranja é de suco brasileiro. Então, você condenar
o suco brasileiro a uma tarifa de 50% era você condenar as empresas americanas
a, de repente, deixarem de existir.
E aqui a gente está falando de grupos
americanos tradicionalíssimos, como Coca-Cola, como Pepsi. Grandes grupos que
têm nas suas cores, nos seus emblemas, a bandeira americana. Quando a gente
olha as cores dessas empresas, estão ali representadas as cores da bandeira
americana.
Então, teve, sim, uma gestão muito
forte pelo empresariado americano, mas também do brasileiro, porque este é um
setor que há 30 anos investe nos Estados Unidos. Então, nós temos fábricas, nós
temos terminais portuários, nós temos uma série de investimentos lá que são
investimentos bilionários que estão nos Estados Unidos, num momento em que o
governo atual fala e diz o seguinte: “venham investir nos Estados Unidos”.
Então, não fazia sentido, num primeiro
momento, você prejudicar tanto empresas que são genuinamente americanas e que
trabalham nesse mercado, quanto empresas que são de capital estrangeiro nos
Estados Unidos, que têm investido lá há 30 anos. Então, nas interlocuções que
aconteceram com a Casa Branca, esses foram os dois grandes pilares que chegamos
até o ponto onde estamos.
Está ganho? Não, gente. A gente só está
em seis meses de governo. A gente tem três anos e meio ainda pela frente.
Então, acho que qualquer coisa agora que a gente possa prever de futuro, o que
eu falar aqui, uma cartomante, a bola de cristal, tem exatamente o mesmo
efeito, porque a verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer.
Então, para o que a gente torce? E aí
eu vou repetir aqui o que eu falei na reunião em que estava o vice-presidente
Alckmin: precisamos de adultos na sala. Precisamos de gente responsável, que
consiga editar o seu respectivo discurso, no sentido de não piorar o que já não
está bom.
Não vou falar que para a gente está
ruim, em comparação a outros colegas, a outros setores que estão em dificuldade
maior, mas a verdade é que não está bom. Na melhor das hipóteses, para a gente
essa brincadeira toda está custando um bilhão e 400 milhões de reais a mais.
Esse é o custo do tarifaço para o nosso
setor neste momento, incluindo subprodutos, incluindo os dez por cento de
tarifa que não existiam. Diga-se, o setor já era tarifado, nós já pagávamos uma
tarifa de 415 dólares por tonelada para uma suposta proteção de uma
citricultura que não existe mais na Flórida, uma citricultura que não teve a
mesma capacidade da pesquisa brasileira.
E é muito bom a gente poder falar, os
cientistas brasileiros nesse ponto são melhores do que os cientistas
americanos, porque conseguimos aqui, obviamente com uma série de problemas e
dificuldades, conseguimos manter um padrão de produção e produtividade muito
semelhante nos últimos dez anos.
Os problemas que a gente teve até
agora, boa parte foram muito mais por questão de clima do que questão de
“greening”. “Greening”, sem sombra de dúvida, é um problema para o futuro, é um
problema que vai afetar sobremaneira o nosso setor, mas ele está se
reinventando. Está indo para Minas, está indo para o Mato Grosso do Sul, para
algumas áreas um pouco mais isoladas de São Paulo, e assim o setor vai dia a
dia se reinventando.
O que a gente pode esperar para os
próximos meses? Bem, eu acho que cada dia, sem uma novidade, é uma vitória. O
americano fala: “no news, good news”. Então, eu acho que para a gente é isso.
Cada dia que a gente não tiver, que a gente conseguir atravessar a
arrebentação, colocar a cabeça para fora, e não vier uma onda em cima da nossa
cabeça, já está de bom tamanho.
Então, assim, de maneira geral, gente,
aí o último ponto que eu queria colocar, e isso eu acho extremamente sensível.
Na hora que a gente começou com essa história de tarifaço, a primeira coisa que
a gente ouviu foi: “ah, não, mas é só o Brasil exportar para outros mercados”.
Não, gente.
Assim - e aqui eu estou fazendo uma
menção ao Roberto Perosa, que foi secretário de Relações Comerciais, que,
enfim, trabalhou na abertura de um monte de mercado para um monte de produto -,
o mundo não está de braços abertos para o Brasil, falando: “nossa, o Brasil
deixou de exportar para os Estados Unidos, traz seu produto para cá”.
Tem negociações que eu acompanho ao
longo de governos, e que elas continuam paradas no mesmo lugar. Não andaram um
centímetro, e não foi por falta de competência de negociador brasileiro, não
foi por falta de subsídio técnico, não foi por falta de, enfim, força de
convencimento. É porque simplesmente não é do interesse de outros países também
abrir as portas para produto brasileiro.
Então, o receio que eu tenho é de que
nós deixemos de ter o mercado americano e ainda fiquemos mais fragilizados no
âmbito dos Brics, por exemplo, porque até agora é um salve-se quem puder. A
gente não teve nenhuma sinalização ali extremamente positiva que possa trazer
para nós algum tipo de perspectiva.
E nem estou falando do setor do suco de
laranja, que, no nosso caso, nós não temos nem estrutura de recebimento,
volume, não temos linhas de envase para rodar produto, rótulo, não temos
contrato com varejo para que nós possamos redirecionar esse tipo de produção.
Então, no final das contas, eu acho que é um momento muito delicado que a gente
tem.
Insisto mais uma vez, a gente está
vivendo aqui a era da incerteza. Eu espero que ela seja curta, mas eu acho que
o prognóstico não é dos mais positivos. São apenas sete meses de quatro anos.
Então, eu espero que alguma coisa aconteça, não sei o quê. Eu acho que tem
gente mais gabaritada que estuda isso que pode trazer. Mas, de todo caso, eu
acho que cautela é o melhor remédio neste momento, e não criar atrito. É isso.
E, por último, fique, Arnaldo.
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado,
Ibiapaba. Vamos ouvir, então, o presidente-executivo da Abiec, Associação
Brasileira das Indústrias de Exportadores de Carne, Roberto Perosa.
O
SR. ROBERTO PEROSA - Bom, boa noite a todos. Para
mim é um prazer enorme estar aqui, ao lado de tantos amigos, do Dr. Roberto
Rodrigues, meu xará, tantos anos conversando, dialogando, amigo do meu pai, do
meu tio, enfim, de todos os meus tios.
Enfim, eu estava comentando aqui com
ele, o Dr. Roberto vai fazer, este ano, 60 anos de formatura na Esalq. E meu
pai formou no ano seguinte dele. Então, ele falou, é, teu pai foi meu bicho e
tal. Estava me contando aqui o relacionamento dele com meu pai. Enfim, uma
relação de longa data. Para mim, é um orgulho enorme estar aqui ao seu lado,
poder dividir com você as nossas ideias e homenageá-lo nesta noite.
Queria agradecer ao deputado Itamar
Borges pela brilhante sessão, pelo relançamento da SPAgro. Eu também, como o
Roberto Betancourt disse, estava lá quando nós demos início à fundação do fórum
paulista, Edivaldo. Muita luta, muitas reuniões online, pelo amor de Deus,
tanta conversa que, no fim, deu esses frutos maravilhosos que deram.
Nos momentos de batalha que a gente
pôde ter, de combate aos aumentos de ICMS, que o estado previa e etc., foram
muito positivos. Mal a gente sabia o tanto que seria importante a formação
dessa frente, desse agrupamento de associações aqui pelo estado de São Paulo.
Enfim, cumprimentar o Arnaldo Jardim e,
em nome dele, todos os demais integrantes, o Chiquinho Matturro, meu dileto
amigo; o Ibiapaba Netto. Eu digo para o Ibiapaba que toda reunião que a gente
vai alguém erra o nome dele. E comigo também é muito semelhante. Às vezes as
pessoas erram o meu sobrenome. Estava comentando com a Mônika aqui e falei: “Se
o Itamar errar meu sobrenome, eu já nem vou falar, Mônika.” Mas então, enfim, o
Arnaldo, que é essa liderança, faz parte do time, Arnaldo. Fica, Arnaldo.
Estamos aqui, conte com o nosso apoio sempre.
Agradecer ao Marcos, que sempre foi
muito carinhoso comigo. No período em que eu estive no ministério, sempre se
dispôs a ajudar. Eu instituí no ministério, Roberto, que você criou a
secretaria, que todos os adidos agrícolas do País, para poderem ir ao exterior,
antes têm que fazer uma aula com o Marcos Jank.
Então isso está determinado lá. Todos
os adidos - agora estão indo mais 20 e poucos adidos - já provavelmente fizeram
a aula, entendeu? E, se não fizeram, vão fazer ainda. Tem que sempre ter uma
visão da geopolítica dos alimentos, global, para que possam chegar aos seus
postos e desempenharem ao máximo para a agricultura brasileira.
Mas, gente, lembrando... Eu tenho que
lembrar, são muitos amigos. O Alberto Amorim; o Barros Munhoz também, um grande
amigo do meu pai. Muito obrigado, Barros. Grandes batalhas juntos. Ao Lucas,
parabéns pela sua trajetória. À Mônika, eu já comentei. E ao Roberto, que é o
nosso líder lá na Fiesp, ao qual eu faço parte também do Cosag.
Bom, falando um pouco da carne bovina,
a carne bovina hoje exporta para mais de 157 países. É claro que nós temos
diversificação de mercados, nós não somos... Claro, nós temos uma concentração
na China, mas nós exportamos para muitos destinos. Então, o mais comum seria...
“Ah, vocês podem realocar esse mercado de carne, podem redirecionar o mercado
de carne.”
Mas, como bem disse o Ibiapaba, a
abertura do mercado, a volumetria que o mercado americano demanda de carne
bovina não se acha em qualquer esquina. Então, nós temos que aprender a
conviver com essa dita “trumpulência”, que a turma está dizendo aí, que são
esses momentos turbulentos sob a Presidência do presidente Trump.
O Brasil vinha muito bem. No ano
passado, nós tínhamos exportado já mais de 200 mil toneladas para os Estados
Unidos. E este ano, os Estados Unidos vivem o seu menor ciclo pecuário. Os Estados
Unidos, geralmente, têm um rebanho em torno de 100 milhões de animais. E este
ano... O ano passado já caiu um pouco, mas este ano está no menor nível nos
últimos 75 anos. Então, hoje está em torno de 80 milhões de animais.
Isso faz com que os Estados Unidos
demandem muita carne, importem muita carne. E os Estados Unidos vinham
importando muita carne do Brasil. Por quê? Porque a carne do Brasil é uma carne
sustentável, de grande qualidade e, mais do que tudo isso, ela é complementar
ao mercado americano.
O mercado americano tem uma produção em
que tem uma carne mais, vamos dizer, entremeada, com mais gordura, que para o
seu consumo... E a carne brasileira é uma carne mais magra, mais “lean”, como a
gente costuma dizer. E essa carne complementa a composição da indústria
processadora de carne americana. Então, para fazer o hambúrguer americano, se
usa uma parte de carne americana e se utilizava uma parte de carne brasileira
para chegar ao hambúrguer perfeito.
Lembrando que nos Estados Unidos,
diferente de muitos outros países ao redor do mundo, 65%, escutem bem esse
número, 65% do consumo de carne bovina nos Estados Unidos é através de
hambúrguer. Não é o “steak”, não é... É o hambúrguer. Não é a almôndega, é o
hambúrguer. Então, veja como é forte a cultura do hambúrguer no mercado
americano e como tem impacto na sua economia.
Hoje mesmo eu estava falando com
empresas americanas e o preço da carne nos Estados Unidos não para de subir. É
claro que há um teto para isso, porque não adianta subir sempre que a carne
sobe, porque o consumidor não consegue pagar o preço conforme vai sendo
repassado o preço. Então, chega em um momento em que o consumidor simplesmente
para de consumir. Isso já está gerando um certo caos e pressão das empresas
americanas sobre o governo americano.
Nós temos tido notícia de que várias
empresas de redes de fast food têm falado com o presidente Trump sobre essa
situação. E nós temos dialogado também, através da associação de importadores
de carne dos Estados Unidos, através das empresas brasileiras que lá atuam, da
JBS, do Marfrig, que têm operação própria dentro dos Estados Unidos, para que a
gente possa fazer essa interlocução com o governo, mas também com o Congresso
americano, explicando os benefícios que a carne brasileira leva ao mercado
americano: faz parte do “blend”, faz parte de um controle inflacionário,
garante o acesso da classe média baixa à carne bovina, que é uma proteína
essencial para a subsistência humana e que também é muito cultural nos Estados
Unidos. Então, nós temos tido esses diversos diálogos.
Por outro lado, o governo brasileiro...
Nós louvamos a iniciativa do governo brasileiro, mas até o momento não tem tido
êxito, infelizmente. Então, nós temos participado de todas as reuniões que
estamos sendo chamados, convocados, colocando o problema da carne brasileira.
Lembrando que a pecuária é altamente
capilarizada no Brasil. Nós temos a pecuária de corte em mais de cinco mil
municípios no Brasil. Então, todo município, inclusive São Paulo, tem pecuária,
e a gente não consegue achar um outro destino - como os Estados Unidos eram, o
segundo maior mercado brasileiro - com essa concentração de demanda e com essa
- vamos dizer assim - rentabilidade na questão do preço, por conta do momento
que os Estados Unidos vivenciam de falta de carne.
Bom, o fato é que o Brasil é um grande
exportador. Nós, nesse mês de julho, atingimos um recorde histórico de
exportação de carne bovina: exportamos mais de 313 mil toneladas de carne
bovina - um pouco em antecipação ao que as pessoas estavam imaginando com
relação aos Estados Unidos. Mas realmente é um recorde.
Nós temos um crescente de cerca de 14,
entre 13% e 14% do volume de exportação, em referência ao ano passado, que já
foi o ano em que nós batemos todos os recordes de exportação de carne bovina
brasileira. Então a previsão de que faltariam animais, etc., não se confirmou,
e nós continuamos em ritmo crescente para as exportações.
E eu acho que é um setor que é a cara
do Brasil. Onde nós vamos, todo mundo fala do café, é claro, mas também da
carne brasileira, que é amplamente difundida, que gera mais de sete milhões de
empregos em toda a sua cadeia no Brasil, e que não pode ser deixada de lado em
um momento de negociação.
Nós estamos pedindo e solicitando muito
ao governo brasileiro que continue e intensifique as negociações, talvez
fazendo negociações por setores, até atingir todo o escopo que deseja atingir,
mas iniciando por aqueles que os Estados Unidos entendam como o mais essencial
neste momento, para que não haja uma negociação em bloco e sim por setores,
para que a gente possa atingir os objetivos mais facilmente.
É muito difícil negociar em bloco com
os Estados Unidos. Eu estive à frente das negociações do Brasil com os Estados
Unidos durante dois anos. Sei muito bem o que eles querem e sei o que o Brasil
pode oferecer. Mas as coisas mudaram porque entraram componentes políticos
nessas negociações, não são somente comerciais.
A gente espera que esses componentes
políticos sejam direcionados às questões políticas, aos agentes políticos, e
não ao setor produtivo brasileiro, que tanto faz pelo agro, que tanto faz pela
geração de emprego, que tanto faz pelo desenvolvimento do interior do nosso
país - que é onde está o nosso agro.
Então eu acredito ainda em uma saída
negocial. Não há outra saída para nós. Nós acreditamos na saída negocial.
Estamos nos articulando com as nossas contrapartes nos Estados Unidos que
importam a carne bovina, estamos articulando com as empresas brasileiras que lá
atuam para que a gente possa ter acesso ao Congresso americano, ao Executivo
americano e a gente possa, em breve, ter de volta a carne brasileira sendo
exportada aos Estados Unidos.
Eu lembro a todos que no ano passado o
Brasil exportou 220 mil toneladas com uma tarifa praticamente de 26,4% já. Não
é que nós tínhamos isenção. Nós já éramos tarifados em 26,4 por cento.
Nós tínhamos uma pequena cota, em que o
Brasil participava com outros dez países, mas essa cota se exauria no dia dez
de janeiro. Então tudo o que foi exportado do dia dez de janeiro até o dia 31
de dezembro de 2024, já pagou essa tarifa de 26,4 por cento.
E agora nós fomos surpreendidos com
essa tarifa inicial de 10%, acrescida aos 26,4%, porque, obviamente, a cota se
exauriu na primeira semana de janeiro, esse ano, e nós estávamos pagando 36,4%,
e mesmo assim ainda conseguindo alguma competitividade.
Quando há a troca desses 10% pelos 50%,
fica praticamente inviável, levando a nossa tarifa a 76,4 por cento. Estamos
mais caros do que a carne da Austrália, mais caros do que a carne do Canadá,
que são países que têm um outro tipo de carne, que é a carne que compete na
gôndola do supermercado, que não é a carne brasileira que vai para os Estados
Unidos.
A carne brasileira que vai para os
Estados Unidos, basicamente, é o dianteiro do boi, são recortes do dianteiro,
que vão exatamente para fazer o hambúrguer americano. Essa carne tem um baixo
potencial de consumo no Brasil. Muita gente me pergunta, dá para a gente
internalizar essa carne?
Claro que dá para a gente internalizar
essa carne, mas não dá para internalizar tudo. O brasileiro não tem o costume,
claro, salvo algumas exceções, de comer carne moída todo dia. A gente come o
bife aqui no Brasil. Então, nos Estados Unidos, se consome o hambúrguer, que é
a nossa carne moída. Então, não dá para internalizar tudo e não há um destino
que requeira essa demanda.
Então, é claro, essa carne fica aqui,
afeta a pecuária, afeta o preço da arroba do boi. Muitos aqui são pecuaristas,
sabem do que eu estou dizendo. O boi teve uma queda com o anúncio do tarifaço,
deu uma pequena reagida agora com a alta demanda que teve da China nesse mês,
mas não é uma coisa segura para os próximos meses se a gente não retomar esse
mercado.
Então, o pessoal fala: mas os Estados
Unidos são cerca de 12% da nossa destinação. Sim, cerca de 12% da nossa
destinação de recortes que a gente não tem onde colocar no mundo. Então, se a
gente não atingir esses 12% nos Estados Unidos, nós vamos ter que internalizar
essa carne com depredação do preço interno, depreciação do preço interno, o que
é muito ruim.
Então, nós estamos seguindo na luta
para que a gente retome esse mercado exportador, que é tão importante para o
setor, e que a gente possa, em breve, estar aqui comemorando novamente essas
exportações para um mercado que é altamente rentável e que traz rentabilidade
para toda a cadeia, para a cadeia frigorífica, mas para a cadeia dos
pecuaristas também.
Enfim, para todos os elos que estão envolvidos
nessa cadeia tão importante para o Brasil. Bom, mais uma vez, Itamar, muito obrigado
pelo convite, parabenizar o meu xará aqui, parabenizar o nosso professor Marcos
Jank, e deixar um grande abraço a todos vocês.
Muito obrigado. (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Muito
obrigado, Beto. Excelente contribuição. E vamos ouvir o Chiquinho Matturro,
secretário, Lide, ILPF.
O
SR. FRANCISCO MATTURRO - Bem, boa noite a
todos. Itamar, depois de tudo que eu ouvi, aqui fica registrada essa admiração
profunda que eu tenho pelo Marcos Jank, estudioso profundo dos temas, e aprendi
muita coisa com ele já de muito tempo. E uma delas, Marcos, você não citou hoje
aqui, mas citou outras vezes, nenhum país do mundo quer depender do outro. É um
fato.
Todo mundo queria ser autossuficiente.
O Brasil quase é, mas ainda falta um pedaço. E também gostei da citação do
Ibiapaba, a história do porrete. Além de o cara ter um porrete maior que o
nosso, não ter medo de usar, o cara é grande. É complicado. A nossa vida ficou
difícil. Então, eu vou me ater a uma outra coisa, que é Dr. Roberto Rodrigues.
Primeiro, foi uma ousadia, da minha
parte, não da sua, Itamar, sentar na cadeira que um dia sentou o Roberto. Foi
difícil, mas nós somos o primeiro a nos orientar com ele à frente para poder
assumir a secretaria: o Itamar, como titular, e eu, como secretário executivo,
cadeira que hoje é ocupada pelo Amorim. E muito bem ocupada. Está bem-posto.
Sentar na mesma cadeira onde sentou o
Barros Munhoz, esse gigante Arnaldo Jardim, e outros tantos, a Mônika, que está
aqui, é uma tarefa difícil que nós assumimos e parece que deu certo. Acho que
deu certo. Falar hoje da SPAgro. O Itamar tem lutado durante a vida dele, foi
vereador com 20 anos, prefeito com 24, ele dedicou a vida dele ao agro, porque
os nossos municípios são predominantemente agro.
Nossos municípios não têm outra
atividade. Então, Itamar, obrigado pela oportunidade, obrigado por ter a
oportunidade de ter trabalhado com você, e depois ter a ousadia de sentar numa
cadeira que foi sua também. Então, é uma luta grande. Eu vou falar do amigo
Roberto.
O amigo Roberto teve tantas ousadias na
vida, e durante a nossa amizade, eu só vou usar um minuto por cada ano de
amizade que eu tenho com o Roberto. Vai dar uma hora e meia. Uma hora e meia,
mais ou menos. O Roberto fez tantas ousadias na vida, e nós tivemos, durante
esse período longo de amizade, um profundo estremecimento que não foi resolvido
até hoje.
Eu vou contar hoje aqui, se o Roberto
me permitir. Eu estava almoçando na casa dele, lá na Fazenda Santa Isabel, no
principado de Guariba, e São Paulo Futebol Clube foi jogar em Matão, com a
gloriosa Matonense. Ali a Natália, o Fernando, que hoje está lá conosco, já com
visto de permanência, pode permanecer em Matão, Fernando.
E a Matonense jogando com o São Paulo,
e eu na casa do Roberto, almoçando. E Belletti, pô, foi da seleção brasileira,
o avô dele de Matão, pontapé inicial, coisa do interior, né? Coisa nossa. E a
Matonense bateu no São Paulo por dois a zero. Nunca mais me convidou para
almoçar na casa dele, até hoje. Até hoje. Acabou. O estremecimento foi tão
profundo, que acabou ali. Dois a zero. Matonense, imagine você.
Bem, Roberto nasceu no Centro de
Citricultura de Cordeirópolis, uma unidade de pesquisa. Então, esse homem foi,
nasceu no agro, literalmente, ele nasceu lá. Naquele tempo, não tinha esse
negócio de maternidade, essa coisa chique. Nasceu lá na estação de citricultura
de Cordeirópolis. Correto, Roberto? De parteira. Isso mesmo, de parteira. Muito
bem.
Formado engenheiro agrônomo, e um dia,
junto com o Ney Bittencourt de Araújo, grande farol, a primeira vez que eu ouvi
a história do “agribusiness” foi da boca de Ney Bittencourt de Araújo. Como os
dois muito ligados, nós começamos a desenvolver um programa chamado programa “Parcerias”,
que era projeto parcerias, porque lá tinha um, em Uberaba, um agrônomo abnegado
do Banco do Brasil, que queria fazer, e nós acabamos fazendo.
Do programa “Parcerias”, surgiu a
Associação Brasileira do Agribusiness. Depois a gente abrasileirou para agronegócio.
O que era isso? Juntamos gente, eram 25 empresas para fazer esse programa “Parcerias”,
resolveu-se criar a Abag. E nós estamos lá desde o início, desde a concepção.
Esses dias dei de presente para o
Roberto uma foto lá na Fazenda Santa Isabel, todos na escadaria lá da casa, que
retrata bem esse dia. Aí, como o presidente era o Ney Bittencourt de Araújo,
ele também... Juntamos forças e fizemos a primeira Agrishow. Era tudo para dar
certo.
E no dia da abertura da primeira edição
da Agrishow, Roberto, já secretário de Agricultura, meteu um ato lá e aquela
área foi cedida em 94. Fizemos a primeira Agrishow, e no dia da inauguração
chegava em São Paulo o corpo do Senna. Era para dar tudo certo, deu tudo
errado. Era um velório.
No ano seguinte, 95, em 95 nós tivemos
um outro tropeço, mas era tão bom o conceito que a gente continuou. O Roberto à
frente. Assume a presença da Abag, faz o primeiro congresso, que hoje nós
fizemos o 24º; o primeiro Congresso Brasileiro do Agronegócio foi feito pelo
Roberto, então presidente da Abag. E fomos seguindo a vida.
Roberto, líder absoluto no
cooperativismo. Começou lá em Guariba, foi para a OCB, não dá para contar toda
a história. Aliança Cooperativa Internacional, o único não europeu a presidir a
Aliança Cooperativa Internacional. Roberto Rodrigues está aqui, junto conosco,
firme, forte. Secretário de Agricultura, ministro de Agricultura, mas o nome
que nós mais queremos chamá-lo é de professor. Não só porque deu aula durante
tanto tempo, mas porque é o professor e o farol de todos nós.
E pra finalizar, gente, eu vou ser
rápido, em benefício do tempo. Roberto sempre me conta as histórias, eu ouço
com muita atenção. Ele plantou árvores em mais de 80 países, mas o que ele
cultiva mesmo é amigos. Eu não conheço ninguém que não tenha, pelo Roberto, um
apreço profundo.
Então, meu amigo Roberto, que essa
homenagem mais do que justa lhe cabe perfeitamente. Essa homenagem que é esta
Casa lhe presta, esta Casa de Leis, que é o maior Parlamento da América Latina,
fora dos federais.
Eu deixo aqui o meu abraço, o meu
carinho a você, meu irmão, meu irmão de uma vida inteira. Muito obrigado,
Roberto. Fique com Deus e parabéns, Itamar, pela iniciativa. (Palmas.) E vou
fechar dizendo o seguinte, o Congresso Nacional tem hoje 513 cadeiras e elas
serão ocupadas. Eu espero que uma continue com o Arnaldo Jardim.
Obrigado (Palmas.)
O
SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB - Obrigado,
Chiquinho Matturro. Então, com a palavra o representante da FPA, parceira deste
evento, SPAgro, FPA, Arnaldo Jardim.
O
SR. ARNALDO JARDIM - Boa noite. Tem aquela
brincadeira meio-dia, quando você passa em meio-dia, aí um só, bom dia, não,
ainda não é meio-dia, então, boa tarde, bom dia, ainda não são nove horas e 15
minutos, então, boa madrugada daqui a pouco. Uma alegria muito grande poder
trazer uma palavra aqui, faço com muita honra, em nome do Pedro Lupion.
Vocês sabem que nós temos o orgulho de
ter uma frente parlamentar agropecuária lá no Congresso Nacional, é a maior
frente do Parlamento, do Congresso. Ela reúne centenas de deputados e
deputadas, dezenas de senadores e senadoras e, sem nenhum favor, é a frente
mais ativa do Congresso Nacional.
Antes de vir para cá, no caminho do Congresso
da Abag para aqui, eu estava no carro, falei com o Pedro Lupion, ele estava no
aeroporto de Doha. Ele e a Tereza Cristina, nós conversamos com ele, ele vai
chegar daqui a 12 horas no Japão. Lá a feira internacional, a feira de Osaka,
tem essa semana o capítulo do agro. Só por essa razão que nem ele, nem a Tereza
estão aqui. Mas aqui está à frente, pela minha palavra, pelo entusiasmo que
todos temos.
Primeiro, Itamar, a você, aqui,
acompanhado do Barros Munhoz, do Bove, eu quero cumprimentá-lo, cumprimentar a
Assembleia Legislativa por reconstituir a Frente Parlamentar do Agro. Parabéns,
nós precisamos disso, nós vamos levar essa notícia para outros estados, vamos
insistir para que outros estados tomem essa iniciativa, num momento
particularmente importante e necessário.
Queria pedir a todos que me ajudassem
com uma grande salva de palmas ao Itamar, ao Bove, ao Barros Munhoz, à
Assembleia de São Paulo por assim constituir. (Palmas.)
E a frente parlamentar, a SPAgro, vai
funcionar como nós funcionamos, com o apoio do IPA, Instituto Pensar Agro, que
a Abiec integra, que a Abecitrus integra, que o
ILPF está lá presente em todos os momentos, o Roberto Betancourt permanente em
todas as instâncias, para mencionar alguns que aqui estão.
Nós funcionamos em associação,
associação do setor produtivo com a frente parlamentar. E parabéns, muito
obrigado, Edivaldo Del Grande, pelo Fórum Paulista do Agronegócio e uma salva
de palmas, 45 entidades do setor produtivo que constitui isso. (Palmas.)
Permitam-me fazer uma pitada política
aqui, num momento que nós estamos vivendo, que no meu entender, e falo isso com
muita franqueza, Munhoz, Lucas Bove e o meu querido Itamar, num momento de
fragilidade dos partidos políticos. Infelizmente, nós temos poucos partidos que
interpretam pensamentos para o Brasil, que têm propostas para os estados ou que
têm propostas de desenvolvimento.
As frentes parlamentares cumprem esse
papel, de alguma forma, porque encarnam setores, congregam em torno de teses,
então acabam tendo um protagonismo muito maior.
Muitas vezes passa pelas frentes
parlamentares aquilo que se decide ou não no Congresso Nacional, na Câmara e no
Senado. E nós demos um passo a mais lá, porque nós nos somamos à Frente do
Comércio e Serviços, à Frente do Empreendedorismo, nos somamos a outras
frentes, como do Brasil competitivo e outras mais, e formamos a Coligação das
Frentes Representativas do Setor Produtivo.
E são essas frentes que comandaram o
processo para nós barrarmos o IOF, para nós segurarmos as taxações, para nós
fazermos uma linha de frente em defesa do setor produtivo, mostrando que o
equilíbrio fiscal que nós queremos deve ser buscado não pelo aumento de
receita, mas pelo corte de despesa, pela reforma administrativa que é
necessária, que está sendo feita, que o governador Tarcísio de Freitas faz aqui
em São Paulo, e isso é muito importante. (Palmas.)
Então, dizer que nós partilhamos disso,
dizer que o saúdo, meu caro Alberto Amorim, seja portador do nosso respeito,
nossa consideração à Secretaria da Agricultura, ao secretário Guilherme Piai,
por tudo aquilo que faz também, dizer da minha alegria.
O professor Marcos Jank, acho que você
teve uma sabedoria muito grande, Itamar, de convidá-lo para que ele viesse aqui
falar. Nos presenteou com uma aula de logística, com uma aula de nova
geopolítica que se estabelece os novos fluxos de comércio, as novas cadeias de
abastecimento estão sendo redefinidas no País e nós precisamos pensar isso,
proativamente. É assim que nós vamos poder crescer, é assim que nós vamos poder
negociar com inteligência para poder fazer no Brasil.
Não um país que vai se agregar a um ou
outro polo que disputa a hegemonia mundial, mas saber lidar com essas
diferenças para poder ampliar os nossos negócios, ampliar as nossas possibilidades.
Por isso que, diante daquilo que foi agora tarifa, qual foi a nossa orientação
lá da FPA, que o Pedro Lupion nos liderou nesse sentido?
Nós negociarmos, negociarmos,
negociarmos. Retirarmos do patamar do conflito político, retirarmos a retórica
ideológica e negociarmos, negociarmos, negociarmos, porque o que está em jogo é
defender o espaço do agro, a possibilidade de o agro manter o seu fluxo e a sua
capacidade de dirigir a economia.
E acho que terminou muito bem aqui o
Jank, Marcos Jank, quando ele nos disse o seguinte: precisamos estar
organizados, precisamos estar mobilizados, precisamos estar com uma proposta
para que a gente possa fazer isso. Propostas partem de ideias, propostas
constituem compromisso, mas propostas são incorporadas e são demonstradas por
pessoas. E aí eu quero falar de pessoas.
Ter o orgulho de dizer que, no meu
entender, a gente deve valorizar quem tem raízes. E nós estamos falando de
alguém que é do nosso interior. De Guariba para o mundo, ou de Cordeirópolis
onde nasceu, para que o destino pudesse afirmar. Ele que, onde quer que vá,
leva a sua Esalq.
Constituiu esse sentido de Luiz de
Queiroz, de mostrar que o Brasil podia dar um salto de qualidade e fincar e
transformar novas gerações. E assim o fez. E desde a sua história lá, a
história do Brasil, a história do agro se confunde com a trajetória pessoal do
Roberto Rodrigues. (Palmas.)
Eu comecei a listar algumas questões
aqui que tento prestar atenção. Houve um momento que existia o agro e houve um
momento que surgiu o conceito de cadeia produtiva do agro. Isso foi uma coisa
formulada numa universidade americana, a primeira pessoa que trouxe esse
conceito. Porque aqui nós temos o setor de equipamentos, aqui nós temos o setor
de insumos, a nossa Abisolo aqui está e outras representações mais.
Aqui nós temos esse setor do conceito
do agro que passa por aquilo que antecede, o ato de plantar ou criar para
aquilo que é o pós-colheita ou o pós-processamento, para aquilo que é uma
cadeia que se desdobra com virtuosidade: o Roberto trouxe esse conceito muito
inicialmente para todos nós. Nós aqui temos orgulho daquilo que é a capacidade
de ciência e de inovação. E o Roberto foi “vanguardeiro” em defender isso desde
sempre.
Iniciativas que fazem a diferença,
iniciativas que significam reconhecer desde os nossos institutos paulistas até
aquilo que foi o papel da Embrapa. Em todos esses momentos o Roberto teve papel
decisivo.
Quando nós hoje festejamos lá no
congresso da Abag o desafio do mercado de capitais que começa a se aproximar do
nosso agro, criar fontes alternativas - o Plano Safra que há 20 anos era tudo,
hoje é apenas um terço - e instrumentos se criam. Todos lá, hoje, reverenciaram
o surgimento dos CRAs. Quando surgiram os CRAs? Com autorização - ali e talento
do Ivan Wedekin e de outros - durante a gestão de Roberto Rodrigues no
Ministério da Agricultura.
Qual foi o primeiro passo dado para que
o seguro rural, ainda tão limitado - necessário de ser ampliado - mas iniciado
onde? Durante a gestão do Roberto Rodrigues durante o Ministério da
Agricultura.
Quando nós falamos de segurança
jurídica e quando nós conseguimos inserir conceitos do agro na Constituição
Federal que temos - a constituinte cidadã que se estabeleceu, a Constituição
Cidadã que foi referida - quem coordenou as entidades para que princípios do
agro e do cooperativismo estivessem na Constituição Federal? Roberto Rodrigues.
Quando nós tivemos o orgulho do grande
Arnaldo - da Coplacana, que aqui está, para mencionar entre outras cooperativas
-, quando nós tivemos na ACI - um momento em que foi dito pelo Chiquinho aqui -
um brasileiro dirigiu a ACI, quem era? Era Roberto Rodrigues, que lá nos
representou de uma forma muito gloriosa.
Passou pela Secretaria da Agricultura,
criou referências no Ministério da Agricultura, constituiu-se em lideranças e
referências para todos nós e todas as entidades que passou. E quando o Roberto,
no esplendor dos seus 82 anos, depois de ter visitado 83 países - a Carla fala:
“ele não sossega nunca” - Arnaldo, nós tivemos há seis meses atrás uma decisão
histórica da CNA, do presidente João Martins, o nosso João Martins, que decidiu
fazer uma destinação de 100 milhões por ano durante os dez próximos anos para
constituir um fundo de incremento da pesquisa no País - que vem do setor
privado.
Ele estabeleceu uma condição - para que
isso pudesse se efetivar, que significa um compromisso de complementar os
esforços de governo federal, governos estaduais no sentido da pesquisa - ele
estabeleceu uma condição: “Farei isso desde que o gestor, comandante e coordenador
da implantação desse programa, seja o Roberto Rodrigues”.
Agora o Brasil se prepara para um
momento decisivo, que é da COP30, em que nós - algozes não somos do meio
ambiente - nós somos “vanguardeiros” do meio ambiente, porque ninguém tem bioinsumos
como o Brasil tem; ninguém tem um Código Florestal rigoroso como nós possuímos
no nosso país e toda a legislação ambiental; ninguém tem e exerce plantio
direto - ou diria o Chiquinho - integração lavoura-pecuária-floresta, boas
práticas agrícolas sustentáveis como faz o Brasil.
O Brasil vai ter que mostrar isso ao
mundo e isso precisa ser coordenado por uma pessoa. Por isso que bem acertou o
embaixador André Corrêa do Lago, nosso “chair” da COP30, quando escolheu como
voca... Como é que é essa expressão complicada, Roberto?
O
SR. ROBERTO RODRIGUES - “Envoy”.
O
SR. ARNALDO JARDIM - “Envoy”. Está certo?
Enviado, porta-voz do agro na COP30. Diante de todas as nações do mundo,
escolheu alguém que nos orgulha, nos representa, é a nossa referência: vivo, jovem
como nunca, escolheu Roberto Rodrigues para ser o porta-voz do agro na COP30.
(Palmas.)
Um orgulho poder dizer que o Roberto
nos brindou com um grande presente: 21 horas e 25 minutos, daqui a duas horas e
35 minutos, aniversário, 83 anos. (Palmas.) E o Roberto escolheu começar os
preparativos e a comemoração aqui conosco.
Viva o SPAgro.
Viva o Fórum Paulista do Agronegócio.
Viva Roberto Rodrigues! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES - MDB
- Muito bem, Arnaldo.
Embalado pela fala do Arnaldo, eu já
convido o nosso Roberto Rodrigues para que desça à frente aqui. Arnaldo, que
você desça também. Peço que os demais permaneçam aqui, para que nós já possamos
prestar a homenagem ao Roberto e, na sequência, oferecer a tribuna para o
Roberto Rodrigues.
Convido a primeira-dama da noite, Carla
de Freitas, para participar desse momento. Os componentes da Mesa estão
convidados a participar.
Ao mestre dos mestres, Roberto
Rodrigues. Ah! Tem microfone? Empresta aí.
Ao mestre dos mestres, Roberto
Rodrigues: por transformar trabalho em vocação e vocação em legado, nosso
eterno agradecimento por semear em nosso Brasil a esperança, cultivar o
progresso e colher os frutos de uma terra que alimenta o mundo, veste a vida e
move o futuro, ajudando a tornar o Brasil uma referência global em produção
sustentável de alimentos, fibra e energia.
Com gratidão e reconhecimento, SPAgro,
Fórum Paulista do Agronegócio e FPA. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Agora, a tribuna é do mestre Roberto
Rodrigues.
O
SR. ROBERTO RODRIGUES - Bom... Velhinho
chora fácil, mas eu estou aguentando firme aqui dessa vez. O que eu ouvi aqui,
meu presidente Itamar, é nada mais do que um apreço de amizade. O que eu ouvi
aqui de todos vocês são apenas amizades, porque exageraram.
Essa mensagem, então, “mestre dos
mestres”... Eu sou aluno dos alunos, nada de mestre. Eu estou aprendendo todo
dia, cada dia um pouco mais com todos vocês aqui. Olhando essa Mesa - Ibiapaba,
Chiquinho, Arnaldo - todos vocês são meus amigos há muitos anos.
Mas eu queria falar sobre uma amiga,
que é a Mônika Bergamaschi. A Mônika falou algumas coisas que eu conversei com
ela. Eu dei aula em Jaboticabal 34 anos. Passaram por mim centenas de alunos. A
Mônika foi a melhor aluna de todos os tempos. (Palmas.) Tirou 10 em todas as
provas essa menininha, olha aí. Olha que maravilha.
Então eu quero iniciar essa conversa,
que não é um discurso, é uma conversa, agradecendo ao Itamar pela sua
generosidade em relação a essa ocasião. Cumprimentando o Marcos Jank pela palestra
maravilhosa que ele fez, sempre professoral e craque no assunto. A todos que
aqui se manifestaram, agradecer a todos pela gentileza. Cumprimentar a todos na
plateia, na pessoa da Carla de Freitas que, por acaso, é minha mulher, com
muita alegria para mim.
Não quero fazer um discurso. Eu estava
pensando o que eu ia falar. Quando o Arnaldo começou a contar tanta história,
outros fatos da jornada apareceram nesse filme louco. Mas eu queria contar uma
para você. Você talvez não saiba. Eu era presidente da AOCB na Constituinte. E
o Alysson Paolinelli foi eleito deputado federal.
Ele era presidente da CNA e foi eleito
deputado federal constituinte. Era meu amigo já naquele tempo, muito amigo meu.
Eu o procurei, falei: “Alysson, nós tínhamos que criar uma frente ligada à
Agricultura”. Convocamos uma reunião. A Assembleia Constituinte tomou posse no
dia 1º de março. No dia 2, não houve sessão porque estavam montando as mesas.
No dia 3, primeira reunião que teve na
Constituinte, convidada por um deputado baiano chamado Jorge Vianna, que
presidia a Comissão de Agricultura, e o Alysson, nós criamos a Frente
Parlamentar da Pecuária. Eu escrevi a carta de princípios dessa frente, que
está guardada na minha casa. Um dia vocês vão conhecer a nossa carta de
princípios que tem lá. Então, gente, isso aí foi em 88.
Depois, o Barros Munhoz me faz ser
sucessor dele. Coisa mais impossível, suceder o Barros Munhoz. Era um craque,
tomava conta daquele negócio, todo mundo adorava o Barros Munhoz. Mas me deu a
chance de montar a Agrishow, junto com a Abimaq, com o Chiquinho, com Chiro,
com bons amigos.
Então, na verdade, é uma história que
só faz sentido quando eu olho todos aqui embaixo. Porque sou o mais velho de
todos. Que merda, ser o mais velho de todo mundo. Todo lugar que vou, sou o
mais velho hoje. Mas eu queria então, sem fazer discurso, dizer duas coisas que
o Arnaldo tão fortemente sublinhou.
O primeiro, é o fato de eu ter nascido
no agronômico de Campinas, na estação experimental de Cordeirópolis, que o
Ibiapaba conhece tão bem quanto eu. E que despertou em mim esse sentimento de
que a Ciência é a base de tudo. E a agricultura brasileira só evoluiu por causa
da Ciência e da Tecnologia. E o agronômico é o farol que iniciou todo esse
processo.
Então eu tenho um amor pela Ciência e
pelos cientistas, pelos pesquisadores, que é imortal. A eles, devo dar uma
estátua para cada um, porque eles fazem o progresso do Brasil. Progresso que
vale a pena falar aqui.
Eu vejo o Érico Pozzer, sentado lá
atrás. Érico, o que aconteceu com a avicultura brasileira? Eu me lembro de
quando nós fomos a âncora verde. O frango foi a âncora verde do “Plano Real”. O
que virou o frango hoje? Que coisa extraordinária, 530% de crescimento em 30
anos, fantástico.
A soja! Quando fui em Piracicaba, tinham
400 mil hectares de soja no Brasil. Só no Rio Grande do Sul (Inaudível.) Hoje
tem 44 milhões de hectares. (Inaudível.) Que país que fez isso? Nenhum país do
mundo fez isso que o Brasil fez, nenhum. Graças à Ciência, à Tecnologia, à
Pesquisa, à Inovação. Graças a agricultores que pegaram esse conhecimento e
transformaram em realidade.
Vejo aqui o Del Grande, o Arnaldo, o
pessoal da Cocapec. O cooperativismo. Eu era presidente de OCB. Quando teve a
Constituinte, criei a Frente Parlamentar do Cooperativismo, com um deputado de
Santa Catarina, que se chama Ivo Vanderlinde. Elegemos 41 deputados federais
previamente comprometidos com os princípios do cooperativismo. E o senador José
Richa, do Paraná.
Por acaso, fiz uma reunião com eles, me
apresentando, e pedi que cada um colocasse pelo menos mais dois parlamentares
na frente parlamentar. Em três meses, tinham 217 parlamentares. Foi a maior
frente da Constituinte. Fizemos cinco artigos da Constituição. Criamos o
programa de crédito, que não havia. Então foi uma coisa, tanta história para
contar.
Você sabe o que eu acho ruim? Que os
meus netos não sabem nada disso. A gente perde, na vida, o sentido da
continuação. A gente vai plantando, plantando, plantando, colhendo, colhendo.
Mas ninguém sabe quem plantou. E ninguém sabe como foi plantado.
Então eu vou parar com essa conversa
mole, porque senão acabo ficando emocionado de tanta coisa que aconteceu, tanta
coisa que me foi dado fazer, por uma única razão.
Sempre tive comigo as melhores pessoas
que pudessem me ensinar, me ajudar, e construir comigo essas coisas todas.
Sozinho, ninguém faz nada. Então eu sou absolutamente resultado do
cooperativismo, no sentido mais amplo.
“Nascido na cooperativa” é expressão da
doutrina, mas da cooperação entre pessoas que puderam trabalhar juntas. Então
eu queria terminar essa conversa fazendo uma declaração para vocês. Será que
faço? Agora vou fazer mesmo. Como diz o homem, eu sou foda nessas coisas, e vou
perder a vergonha, e vou falar assim mesmo. Vou falar, foda-se. (Palmas.)
Eu era muito jovem. Eu presidia uma
cooperativa lá em Guariba, interior de São Paulo. E o cooperativismo foi
surgindo como uma revelação para isso: cooperar, cooperar, estar junto, dar as
mãos. Como está fazendo aqui, Itamar, com essa recomposição da frente. Dar as
mãos.
Mas eu tinha uma dúvida enorme sobre
qual era o sentido da vida. Tinha 20 e poucos anos. “O que eu estou fazendo
aqui? Qual é a razão de cada um de nós estar aqui? Qual é o sentido de tudo
isso?” Claro que estudei muito para tentar encontrar essa resposta. Claro que
nem Sócrates conseguiu essa resposta, imagine um agrônomo de Guariba responder
esse negócio.
Acabei desistindo de procurar a
resposta, porque não tinha fora da fé. Na fé você encontra essa resposta, se
refugia na fé. Mas não encontra na filosofia, na ideia antropológica, qual é a
razão de estarmos aqui. E aí, como sou cristão, e creio em Deus, acabei
assumindo para mim que a vida é uma dádiva de Deus. Nos é concedida através dos
nossos pais. É uma dádiva divina.
Portanto, se é um presente de Deus, que
pergunta tem que fazer, quem ganha esse presente? Eu tenho que retribuir esse
presente. Deus me deu a vida, eu tenho que dar alguma coisa
para Ele em troca. Então, não é perguntar qual é o sentido da vida; é dar um
sentido à vida.
E aí fui
perguntar, para quem entendia, como é que eu posso dar um sentido à vida.
Estudei, estudei, estudei. E a resposta é tão óbvia, que fica até ridículo
falar sobre isso, eu falei: nós estamos aqui para tentar fazer um mundo melhor.
Essa é a razão da vida. Estamos aqui para fazer alguma coisa melhor. Muito bem.
Se eu fosse
o papa, se eu fosse o presidente dos Estados Unidos, não esse, aqueles, poderia
fazer coisas melhores. Poderia fazer o mundo melhor. Mas um agrônomo de
Guariba... Já sei: vou ensinar tudo o que eu sei para o maior número possível
de pessoas.
Fui dar
aula, virei professor, com esse objetivo. (Inaudível.) Já falamos sobre isso aí
lá atrás. Fui dar aula. Do quê? De cooperativa, porque era a forma de fazer as
coisas em conjunto com outras pessoas.
Fui dar aula
de cooperativismo, e aí comecei a trabalhar como professor universitário;
agrônomo, cooperativista e professor universitário. E o tempo passou, o tempo
passou. Passaram por mim centenas, milhares de alunos, que eu encontro hoje por
onde quer que eu vá.
Hoje tem a
Mônika aqui. Mas o tempo mostrou uma coisa triste: tinha aluno que não queria
aprender. Estava lá, sabe... Não tinha interesse em aprender nada. Portanto,
este não ia contribuir com coisa nenhuma. E tinha gente que não sabia nada, e
não queria saber nada. Então, como é que pode uma pessoa que não sabe nada
contribuir para fazer um mundo melhor?
E concluí,
na minha pesquisa, que nós estamos aqui só para aprender, porque aprendemos,
podemos ensinar; ensinando, podemos fazer um mundo melhor. Num mundo melhor,
(Inaudível.) a vida. Então, esse círculo virtuoso é que me alimenta até hoje.
A Carla fala
“não sei como esse velho não para... Esse desgraçado, esse moleque, rapaz...”.
Cheguei sábado, às 11 horas da noite, de Mumbai, na Índia - 30 horas de voo.
Fui a um congresso da Abag hoje, e já estamos aqui conversando com vocês.
Porque a vida é isso.
Hoje eu ouvi
do Marcos, aprendi coisas com o Marcos. Se eu não tivesse vindo aqui, não teria
aprendido. Hoje o Marcos deu um pouco mais de sentido para a minha vida. Pensei
numa coisa que eu não sabia. O Roberto Ibiapaba, todos vocês fizeram alguma
coisa para mim.
O Chiquinho,
com esse negócio da Matonense, não mencionou nada, não. Mas tem uma coisa: como
ministro da Agricultura, eu criei a integração lavoura-pecuária-floresta. Eu
que lancei isso. Aí, quem é o capitão, quem é o comandante? É o Chico. Então,
aprendo hoje com ele como fazer aquilo que eu lancei na prática. Então, tudo é
aprender.
Um outro que
eu queria contar para vocês: essa história de que é preciso aprender o tempo
inteiro faz a vida valer a pena. Mas, jovem ainda, no mesmo tempo, eu tive uma
outra dúvida: como é que faz para ser feliz? E fui estudar. Felicidade.
Encontrei coisas engraçadíssimas. Existia um velho pescador que morava na beira
do rio, lá comigo na fazenda... Acho que você o conheceu, Munhoz; o Sr. Otávio.
Você foi lá
uma vez e conheceu o Seu Otávio. É um velho semianalfabeto. E eu pesquisando
felicidade. Eu falei: “Seu Otávio, o que é felicidade para o senhor?”. Ele
pensou, pensou, falou: “a felicidade é um trem que o senhor ganha, e o senhor
ponha ele numa prateleira que o senhor alcança”. Sabedoria. Se você quiser ser
feliz (Inaudível.) Você nunca vai ser feliz se não conseguir alcançar a
felicidade.
Então, é uma
coisa extraordinária. O Jorge Luis Borges, na Argentina, dizia que felicidade é
a soma dos bons momentos. Eu tenho a minha definição de felicidade: felicidade,
para mim, é o canto do passarinho que você escuta, mas não põe na gaiola;
deixa-o cantar solto. Mas eu fui estudar felicidade.
Aí, depois
de estudar muito tempo, eu achei que há dois caminhos para ser feliz: o
primeiro é o amor. O segundo é justiça. E ambos incompletos. Por quê? O que é
justo para mim pode não ser justo para o Chico.
Então, a
justiça não é um conceito universal. A justiça pode ser uma coisa frágil. Não
bastava, para ser feliz, só a justiça. O amor. Mas o amor também é complicado.
Porque se eu amar... Carla, é teoria só, tá, bem? Mas se eu amar uma pessoa,
mas qualquer outra pessoa... Eu perdoarei nela pecados que não perdoaria nos
outros. Portanto, é injusto.
De modo que
essa coisa só faz sentido se o amor e a justiça forem juntos, integrados. E o
desenho que eu fiz da vida é que esses dois são dois trilhos, sobre os quais
corre o trem da vida. E a felicidade não é nenhuma estação; é a viagem em si.
Se você
conseguir viajar, equilibrado, entre o amor e a justiça, você é feliz a vida
inteira. Com esses dois círculos, fiz a minha vida. Felicidade: amor e justiça.
Sentido da vida: aprender. De modo que o trem da felicidade tem que ser
impulsionado por um motor, o motor da esperança de poder fazer o mundo melhor.
E com isso
fechamos nosso círculo. E com isso eu disse para o Arnaldo, perguntou: “quantos
países você conhece?”. Eu falei: “83, com 83”. Mas combinei com a Carla que eu
quero conhecer um país por ano até chegar a 100 países. (Palmas.) Portanto,
vocês vão ter que me aguentar mais 17 anos.
Itamar,
muito obrigado.
Meus amigos,
muito obrigado.
A vocês
todos que estão até agora me aguentando, muito obrigado.
Vamos em
frente, que atrás vem gente. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES
- MDB - Viva Roberto Rodrigues!
TODOS - Viva!
O SR. PRESIDENTE - ITAMAR BORGES
- MDB - Convido a todos para cantarmos os parabéns
antecipado. “Parabéns...”. Viva o Roberto! (Palmas.)
Com essas
palavras e essa homenagem, está encerrada esta presente sessão. Agradecendo,
mais uma vez, a presença de todos.
Também
registrando o agradecimento aos organizadores - à minha equipe, à equipe da
Alesp, à equipe do Arnaldo Jardim, da FPA, do fórum, à Ocesp, Faesp, Sebrae,
Cosag, ao Saboya, ao Carlos, à Samara, Adriano, Sergio, Murilo. Agradecer à
equipe da secretaria, que não havia citado - o Diógenes, o Orlando. Zé Carlos,
já tinha falado.
E muito
obrigado.
Boa noite a
todos! (Palmas.)
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- Encerra-se
a sessão às 21 horas e 48 minutos.
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