3 DE JUNHO DE 2025
76ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: BETH SAHÃO, SOLANGE FREITAS, EDUARDO SUPLICY, LUIZ CLAUDIO MARCOLINO, REIS e GILMACI SANTOS
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - BETH SAHÃO
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h04min. Comenta sobre ameaças e ofensas recebidas via e-mail por ela e por outras deputadas desta Casa. Defende a rígida apuração dos fatos ocorridos. Destaca a urgência de medidas para a proteção das parlamentares no exercício de suas funções. Salienta a necessidade da regulamentação das redes sociais em prol da investigação de crimes virtuais.
2 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - SOLANGE FREITAS
Assume a Presidência.
5 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
6 - SOLANGE FREITAS
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - GUILHERME CORTEZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - SOLANGE FREITAS
Assume a Presidência.
9 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência.
GRANDE EXPEDIENTE
11 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
13 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Por inscrição, faz pronunciamento.
14 - ANA PERUGINI
Por inscrição, faz pronunciamento.
15 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Cumprimenta a deputada Ana Perugini por sua atuação parlamentar em prol do município de Hortolândia. Anuncia a presença, nas galerias, de alunos do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
16 - REIS
Assume a Presidência.
17 - PAULO FIORILO
Por inscrição, faz pronunciamento (aparteado pelo deputado Eduardo Suplicy).
18 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência. Endossa o pronunciamento do deputado Paulo Fiorilo acerca da homenagem ao ex-deputado estadual Marcos Martins, falecido no dia 25/05.
19 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento
20 - REIS
Solicita a suspensão da sessão, por acordo de lideranças, até as 16 horas e 30 minutos.
21 - PRESIDENTE LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Defere o pedido e suspende a sessão às 15h40min.
ORDEM DO DIA
22 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência e reabre a sessão às 16h33min. Coloca em votação e declara aprovada a indicação do deputado Dirceu Dalben para membro titular do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, para um mandato de dois anos. Encerra a discussão, coloca em votação e declara aprovados, separadamente, requerimentos de urgência ao PLC 135/23 e ao PL 106/25. Coloca em votação e declara aprovados, separadamente, os requerimentos de criação de comissão de representação dos deputados: Letícia Aguiar, com a finalidade de representar a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e apresentar demandas da população paulista nas Casas Legislativas Federais, nos dias 05 a 07/06, em Brasília/DF; Carlos Giannazi, com a finalidade de representar a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em palestras na Semana da Pedagogia, promovida pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - IFSP, nos dias 03 a 05/06, em Presidente Epitácio/SP; e Donato, com a finalidade de representar a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo em reuniões com Ministérios do Governo Federal, no dia 05/06, em Brasília/DF. Convoca reunião conjunta das Comissões de Constituição, Justiça e Redação e de Saúde, a realizar-se hoje, às 16 horas e 45 minutos e, em segunda convocação, às 17 horas.
23 - RÔMULO FERNANDES
Para comunicação, faz pronunciamento.
24 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Responde o pronunciamento do deputado Rômulo Fernandes.
25 - DANILO CAMPETTI
Para comunicação, faz pronunciamento.
26 - DANILO CAMPETTI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
27 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 04/06, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 16h41min.
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-
Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Beth Sahão.
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-
Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
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A
SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Antes de passar para o primeiro orador
inscrito, quero aqui trazer uma indignação cada vez maior com essa ameaça que
as deputadas desta Casa - uma parte delas, não sei se foram todas - sofreram no
último sábado, recebendo e-mails, no e-mail institucional, com uma ameaça
gravíssima de um sujeito denominado Gabriel Astrogildo Dutra.
Segundo informação, a polícia já o
interrogou, e ele negou que tivesse feito essa ameaça. Na ameaça, ele
simplesmente diz que está vindo assassinar deputadas aqui na Assembleia
Legislativa, nos ofende com palavras de baixo calão, nos ameaça, muitas das
deputadas com um cunho racista, outras ameaça os seus familiares, de modo que é
assustador que ainda nós tenhamos essas práticas criminosas nas redes sociais.
Quando a gente fala, deputada Solange
Freitas, que está aqui, não sei se V. Exa. recebeu, quando a gente fala desse
tipo de ameaça, a gente também estende isso àquilo que todos nós estamos
cobrando já há muito tempo, que é a regularização, é regulamentar as redes
sociais, porque não é possível que ali seja um espaço de onde se pode fazer
tudo, onde se pode falar tudo, deputado Suplicy.
Foi extremamente ofensivo, e é muito
importante destacar que somos sempre nós, mulheres, que acabamos de ser, além
de ofendidas... Coloca as nossas vidas e de familiares nossos, que foi o caso
de outra deputada aqui, em risco. Então a gente precisa que a Casa tome medidas
severas, rigorosas no sentido de poder nos proteger, não só a nós, deputadas,
mas todas as mulheres que trabalham inclusive aqui nesse Parlamento.
A gente não pode levar em conta achando
que é coisa de louco, de um louco que fez isso, ou que é uma brincadeira. Essa
brincadeira não existe. Isso é um crime. Isso não pode ser caracterizado como
brincadeira, não pode e não deve.
Por isso mesmo é que nós vamos tomar
todas as medidas cabíveis. Hoje temos uma reunião às 17 horas com o presidente
da Casa, deputado André do Prado, para discutir com ele quais serão as medidas
que serão tomadas neste caso, porque você está lá, exercendo o seu trabalho,
com tranquilidade, e de repente recebe uma ameaça dessa envergadura?
A gente sabe que, em muitos casos,
ameaças que, às vezes, foram levadas como brincadeira se tornaram infelizmente
realidade. E a gente não pode pensar que aqui essas ameaças poderão vir a se
tornar realidade, porque pode acontecer, deputado Suplicy.
Não basta a Assembleia ter uma entrada,
todas as suas entradas, de forma a fazer a detecção de metais. Isso só não
basta, porque as pessoas, às vezes, quando elas querem fazer o mal para alguém,
elas dão jeito de ultrapassar esses limites que lhes são colocados.
Por isso mesmo é que as medidas vão ter
que ser muito duras e muito rigorosas, e isso não é um papel só das mulheres, é
um papel dos 94 deputados e deputadas desta Casa. Esta Casa tem que se
comprometer a trabalhar no sentido de eliminar essas práticas criminosas a que
nós acabamos sendo submetidas apenas pelo fato de sermos mulheres.
Mulheres que ocupam cargos, que estão
na política, fazendo aqui as suas defesas, defendendo as suas pautas, levando
adiante aquilo em que nós acreditamos, aquilo por que nós lutamos e, no
entanto, temos que enfrentar esse tipo de ameaça que a gente acreditava que já
deveria deixar de existir há muitos e muitos anos, mas, pelo contrário, isso só
vem aumentando. Essa carga de ódio sobre mulheres está cada vez mais agressiva,
cada vez mais radicalizada. Por isso é que ela tem que ser combatida.
Nesse sentido, ontem fizemos uma
reunião onde estiveram algumas deputadas que receberam esse e-mail. Tivemos a
presença da secretária Valéria Bolsonaro, secretária da Mulher. Foi encaminhada
ao secretário de Segurança Pública, mas isso não basta. E nós queremos mais.
Por isso mesmo, a gente está fazendo
contato com a Polícia Federal, porque ela tem instrumentos, às vezes, mais
precisos e mais fortes para poder fazer essa investigação e chegar aos
culpados.
Mas mais do que isso, a gente precisa
de políticas de segurança, a gente precisa de políticas públicas e a gente
precisa, sobretudo, de educação para evitar que esses crimes de ódio continuem
a não só nos matar, mas a nos ameaçar, porque as ameaças, às vezes, antecedem,
muitas vezes, os crimes de feminicídio.
Então, é preciso trazer essas denúncias
à tona, é preciso exigir que esta Casa, através do presidente André do Prado e
de toda a Mesa Diretora e dos líderes partidários, que a gente tenha aqui uma
decisão dura, firme, para que ameaças como essa não comprometam mais as nossas
vidas e não nos impeçam de continuarmos a desenvolver os nossos trabalhos, que
são legítimos e pelos quais nós fomos eleitas.
Então, aqui, além da nossa indignação,
a nossa solidariedade a todas as demais mulheres que sofreram essas ameaças
nesse último final de semana e esperando ansiosamente que as decisões a serem
tomadas nos próximos dias possam, de fato, nos resguardar e possam chegar aos
culpados desse tipo de ameaça.
E essa fala minha aqui, na Presidência,
é exatamente para que todos e todas tomem conhecimento do que vem acontecendo,
infelizmente, através das redes sociais que, infelizmente, servem para a
disseminação do ódio e a gente precisa dar um basta nisso.
E o primeiro inscrito aqui da lista dos
oradores do Pequeno Expediente é o deputado Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado
Reis, tem V. Exa., o tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. REIS - PT -
Presidenta, deputada Beth Sahão, cumprimentar o deputado Suplicy, o público
presente, cumprimentar os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da
Polícia Penal, da Polícia Técnico-Científica, também cumprimentar todos
aqueles, aquelas que estão nos acompanhando pela Rede Alesp.
Sra.
Presidenta, a respeito das ameaças que foram feitas às deputadas desta Casa, eu
entendo que tem que pedir ao presidente que providencie a escolta. As deputadas
vão precisar de escoltas para poder transitar no estado de São Paulo, visto
essas gravíssimas ameaças, muito grave o que aconteceu.
Tem que se ater
também aos corredores onde estão os gabinetes, a Polícia Militar ficar mais
próxima dos gabinetes onde tem as Sras. Deputadas, porque, como aqui o trânsito
é um pouco livre, podem entrar pessoas e causar perturbações.
E aprofundar a
investigação, exigir do Departamento de Polícia Judiciária, e, se for o caso,
até recorrer à Polícia Federal, para que haja uma grande investigação e que
esses que estão fazendo essas ameaças, esses ameaçadores, sejam presos na forma
da lei.
Então tem que
agir, em um caso desse, tem que agir com energia. E é esse requerimento que a
gente faz à Presidência dessa Casa, que haja com energia a Polícia Civil, a
Polícia Militar, a Secretaria de Segurança Pública, para que as providências
sejam tomadas. Isso não pode ficar impune.
Depois, Sra.
Presidenta, eu quero dizer que hoje publicou no Diário Oficial, finalmente
publicou, a Lei nº 14.25, que trata dos cinco por cento. Aliás, o governador
está sendo chamado de “Tarcinco”, “Tarcinco por cento”. Também já recebi vários
memes aqui como “Tar-Sylvia Design”, porque o primeiro pagamento com reajuste
só vai ser para agosto.
Nós tínhamos
alertado, no texto que o governador aprovou esse projeto, e a Assembleia foi
muito eficiente. Eu quero dar os parabéns à Mesa, que rapidamente colocou esse
projeto em votação e o aprovou. Aprovou no dia 14 de maio, e encaminhou no
próprio dia que foi aprovado.
Quer dizer,
aprovou e, no próprio dia 14, foi encaminhada a carta de lei, ou autógrafo,
como chamam, para o governador. Ele poderia ter sancionado no “day after”, ou
no dia seguinte, como queiram. Mas ele preferiu esperar passar todo o mês de
maio. E somente hoje saiu publicado o reajuste de 5 por cento. O irrisório,
insignificante 5 por cento.
Os servidores
públicos merecem respeito, e eles esperavam um pouco mais. Esperavam que, pelo
menos, houvesse a recomposição inflacionária, e essa recomposição inflacionária
não aconteceu. Além de outras demandas. Como, por exemplo, o vale-refeição, que
continua 12 reais, conhecido como vale coxinha, que nem a coxinha está
comprando mais eu acho. Eu acho que é vale “ossinho da coxinha”. Porque com 12
reais, não se compra nada hoje.
Então se
esperava do governo mais respeito, que esse reajuste, ou essa parte da
recomposição inflacionária, fosse a contar de primeiro de março, que é a
data-base. Mas o governo ganhou quatro meses, praticamente. Ele ganhou quatro
meses, sancionando esse reajuste de 5% na data de hoje. Então os servidores
estão muito bravos.
E o Tarcísio
talvez não valorize os servidores públicos, mas a porta de entrada do estado
são os servidores. O cartão de visita do estado são os servidores. Se os
servidores estão bem, eles tratam muito bem o cidadão, e o governo fica com a
imagem boa. Mas imaginem aqueles servidores que vão lá e falam: “E o governo,
como está indo?” E eles falam: “O governo está indo muito mal.” Então, isso,
com o tempo, dá um desgaste sim para ele.
Ele acha que
ele já está eleito, que ele não precisa fazer nada. Não é verdadeiro isso. O
Doria também entrou nessa tese e, na última hora, ele teve que deixar de ser
candidato. Então, dizer, deixar registrado, que os servidores públicos estão
muitos insatisfeitos, bastante insatisfeito com o Tarcísio Designer, com o Tarcísio
5 por cento.
Muito obrigado.
A
SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Obrigada,
deputado Reis. Dando sequência à nossa lista de oradores inscritos, deputado
Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Deputado Marcos
Damasio. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.
(Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino
(Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.)
Deputado Donato. (Pausa.) Deputado
Eduardo Suplicy. Tem V. Exa., querido deputado, o tempo regimental de cinco
minutos.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Querida deputada presidenta, deputada Beth Sahão, que
preside os trabalhos, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.
Quero primeiro
deixar aqui o meu apoio e solidariedade a todas as nossas colegas deputadas
estaduais desta Casa que receberam um e-mail com ameaças de morte e estupro na
manhã do último sábado. A mensagem, com teor violento e ofensivo, citava
nominalmente algumas parlamentares e continha conteúdo misógino, racista e
capacitista.
É extremamente
grave o que ocorreu, não podemos tolerar. Precisamos de uma apuração rígida dos
fatos. Aqui reitero minha solidariedade, deputada Beth Sahão, a todas as
deputadas desta Casa.
Quero também
compartilhar que estive ontem no lançamento da campanha pelo fim da Operação
Delegada, ocorrido na Faculdade de Direito de São Paulo, a São Francisco. Foi
um bonito evento, que contou com a presença de 82 organizações, entre
movimentos populares, Associação de Ambulantes, entidades de direitos humanos e
12 mandatos parlamentares.
A campanha se
articulou a partir da reação ao assassinato do trabalhador ambulante senegalês
Ngange Mbaye, no último dia 11 de abril, no bairro do Brás. Ele foi morto a
tiros por um policial militar atuando na Operação Delegada.
Dezesseis dias
depois, outra comerciante da região, Edineide Aparecida Rodrigues, foi
executada com um tiro na cabeça quando saía para trabalhar na feira da
madrugada. Testemunha protegida pelo Estado, Edineide depôs meses antes à
Polícia Civil sobre um esquema de milícia e extorsões no Brás.
A Operação
Delegada, criada em 2009, é o convênio entre os governos estadual e municipal
que permite que policiais militares sejam contratados pela prefeitura para
atuar no combate ao comércio ambulante, enquanto estão de folga do serviço para
o governo estadual.
De 2022 a 2025,
as vagas do convênio ofertadas para policiais militares, por dia, dobraram,
passando de 1.234 para 2.400 vagas. Apenas na região central da cidade, o
efetivo é de 1.500 PMs todos os dias.
Após o
assassinato de Ngange, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo foi ao Brás
em 15 de maio e coletou 31 depoimentos de trabalhadores ambulantes. Entre eles,
90% afirmaram já ter sofrido violência de agentes da Operação Delegada.
A campanha pelo
fim da Operação Delegada é uma iniciativa importantíssima, que está denunciando
uma política que tem aprofundado a violência contra trabalhadores ambulantes e
contra a população em situação de rua em São Paulo, especialmente contra os
negros, os pobres e os imigrantes.
A Operação
Delegada é uma distorção institucional. Transforma a folga dos policiais
militares em bico oficializado, deslocando-os para funções que não lhes cabem e
para as quais não têm formação e fiscalização urbana.
Mas o problema
vai além da estrutura administrativa. O que está em curso é a militarização do
espaço público, a criminalização do trabalho informal e da pobreza, num cenário
de ausência de políticas públicas.
O assassinato
de Ngange Mbaye não foi um caso isolado, foi mais um capítulo de uma história
marcada pelo racismo estrutural, institucional e letal. A imigração africana e
caribenha no Brasil não é tratada como parte da nossa diversidade. É
criminalizada, marginalizada e inviabilizada. É um projeto de exclusão que nega
cidadania, humanidade e vida a essas pessoas.
Além disso,
questiono também a Operação Delegada, por ser um bico oficializado para os
momentos de folga dos policiais. Os agentes já têm uma atuação pesada em crimes
e em Segurança Pública.
Os horários de
folga precisam ser utilizados para descanso físico e mental. Portanto, defendo
também a valorização do policial militar, para que não tenha que se submeter a
bicos para complementar a renda, que tragam prejuízos a si próprios e à
população.
Portanto, expresso
o meu apoio ao fim da Operação Delegada. Defendo a responsabilização dos
agentes envolvidos em atos de violência e execuções, e faço o apelo ao prefeito
Ricardo Nunes, à Prefeitura de São Paulo, pela implementação de políticas
públicas que reconheçam e valorizem o trabalho ambulante.
Muito obrigado,
Sra. Presidenta.
A
SRA. PRESIDENTE - BETH SAHÃO - PT - Obrigada,
deputado Suplicy. Vou agora transferir a Presidência para a deputada Solange
Freitas.
*
* *
- Assume a Presidência a Sra. Solange Freitas.
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A
SRA. PRESIDENTE - SOLANGE FREITAS - UNIÃO - Continuando
então a lista de oradores, Professora Bebel. (Pausa.) Itamar Borges. (Pausa.)
Danilo Campetti. (Pausa.) Marina Helou. (Pausa.) Conde Lopes. (Pausa.) Paulo
Fiorilo. (Pausa.) Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Agente Federal Danilo Balas.
(Pausa.) Valdomiro Lopes. (Pausa.) Márcia Lia. (Pausa.)
Beth Sahão. (Pausa.) Leci Brandão.
(Pausa.) Carla Morando. (Pausa.) Professora Bebel. (Pausa.) Thainara Faria.
(Pausa.) Paulo Mansur. (Pausa.) Atila Jacomussi. (Pausa.) Carlos Cezar.
(Pausa.) Sebastião Santos. (Pausa.) Solange Freitas.
Opa, vou passar então, aqui, para o
deputado Suplicy.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - É com prazer
que passo a palavra para a deputada Solange Freitas, que agora poderá utilizar
o tempo regimental do Pequeno Expediente.
A
SRA. SOLANGE FREITAS - UNIÃO - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Mais uma vez, boa tarde a todos. Eu não podia me calar
diante dessas ameaças que as deputadas sofreram aqui no final de semana. Várias
receberam e-mails com ameaças. Eu não recebi esse e-mail, mas o teor dessa
ameaça é estendido a todas nós, deputadas desta Casa.
Não dá nem para
dizer, falar ou ler o que está escrito nesse e-mail, tamanho o texto absurdo
que ele escreveu. Mas, em outras palavras, essa pessoa, esse idiota, esse
canalha, esse bandido diz que vai estuprar e matar todas as deputadas, que vai
invadir esta Casa e vai nos fazer de reféns, estuprar, matar e, antes disso,
vai ter vários requintes de crueldade com todas nós. Cita nominalmente algumas
deputadas, cita um filho de uma deputada.
Um absurdo
total o que a gente viu nesse fim de semana, nesse tipo de ameaça, que, aliás,
nós mulheres sofremos covardemente todos os dias. Muitas mulheres sendo vítimas
de feminicídio, de ataques. Para nós, mulheres, é sempre tudo mais difícil, em
qualquer profissão.
Às vezes, tem
muito preconceito: “ah, eu não vou escolher uma advogada, eu vou escolher um
advogado; eu não vou escolher uma médica, eu vou escolher um médico”. E na
política isso tudo é muito pior. Todas nós deputadas, para nós estarmos aqui,
nós somos sofremos muito. Podem ver, podem observar o caso de cada deputada que
está aqui.
Nós somos em 24
deputadas; dos 94, nós somos vinte e quatro. Vejam o histórico de cada uma, o
que cada uma sofreu para estar aqui, toda a violência que a gente sofreu,
violência política de gênero. Tentam nos calar, não querem que a gente ocupe
esse cargo, não querem que a gente ocupe cargos de destaque.
Eu, por
exemplo, quando entrei na política em 2020, sofri todo tipo de ataque por ser
mulher. Foram cinco meses de uma pré-campanha e campanha com todos os dias fake
news nas redes sociais, ataques por ser mulher, montagens.
Sofri um
atentado cinco dias antes do primeiro turno; um dia antes do primeiro turno,
tentaram me incriminar do meu próprio atentado, fizeram de tudo. E essa
resposta só veio dois, três anos depois, quando duas pessoas foram condenadas
por tentativa de homicídio contra mim. Só que também demora para ter algum
resultado, demora para ter justiça.
Nesse caso,
todas as medidas estão sendo tomadas. Nós estamos exigindo isso, tanto da
polícia, quanto da Presidência desta Casa. Hoje nós teremos uma reunião com o presidente
da Alesp, André do Prado, porque a gente quer que todas as medidas sejam
tomadas, garantidas as nossas seguranças e também que essa pessoa, esse louco,
esse idiota, esse misógino, esse tudo de ruim que tem, que ele seja reconhecido
e punido exemplarmente. Não podemos deixar que isso se propague e nós queremos
a garantia de que isso não aconteça.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Deputada
Solange Freitas, reitero toda a minha solidariedade a V. Exa. e também a todas
as 24 mulheres deputadas estaduais que estão sendo objeto desta ação
inescrupulosa, condenável e que não podemos admitir.
Espero que hoje haja uma reunião muito
positiva com o presidente André, que vai conversar com as deputadas a respeito.
Gostaria agora de passar a palavra ao deputado Guilherme Cortez, pelo tempo
regimental.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy, todos meus
colegas deputados e deputadas, servidores desta Casa e o público que nos acompanha,
seja da galeria ou da Rede Alesp.
Da mesma
maneira, Sr. Presidente, em nome da deputada Solange Freitas, eu queria me
solidarizar com todas as deputadas estaduais desta Casa, que no último fim de
semana todas elas foram vítimas de uma ameaça contra a sua integridade e suas
próprias vidas.
Mais uma das
ameaças que são conduzidas por esses pervertidos, por esses criminosos, essas
pessoas que se utilizam do anonimato de uma rede social, da internet, para
tentar espalhar o terror.
Eu, aliás,
antes de começar o meu mandato, recebi uma ameaça com essas mesmas
características, com coisas perturbadoras que só têm o objetivo de tentar fazer
as pessoas retrocederem, se calarem ou se intimidarem.
* * *
- Assume a
Presidência a Sra. Solange Freitas.
* * *
E essa ameaça,
que desta vez é dirigida a todas as mulheres deputadas estaduais, não pode ser
tolerada. Não pode ser tolerada pela Assembleia Legislativa, pelo Governo de
São Paulo.
É urgente, Sra.
Presidente, que a gente avance com uma política para combater a violência
política de gênero, a violência política, em geral, que atinge sobretudo as
mulheres, as pessoas negras, as pessoas LGBT, que quando ousam ocupar um espaço
como este, que historicamente nunca foi aberto para nós, gera muita indignação
das pessoas e elas respondem a essa indignação com as suas ameaças, com o seu
discurso de ódio.
É urgente
também, Sra. Presidente, que a gente regulamente essas tecnologias, as redes
sociais, o ambiente digital, porque a internet não é uma terra sem lei. A gente
tem visto este ano uma série de matérias, reportagens sobre as nossas crianças
que estão sendo aliciadas nesses aplicativos Telegram, Discord, para atentar
contra as suas próprias vidas e dos seus colegas.
E a gente vê
pessoas muito mal-intencionadas que manipulam esses jovens para o cometimento
de crimes, se protegendo de maneira covarde atrás do anonimato de um e-mail
criptografado, de uma rede social e isso não pode ser tolerado.
Então eu
queria, em nome de toda a bancada do PSOL, solidarizar-me com as 24 deputadas
estaduais desta Casa que sofreram ameaças inaceitáveis, nojentas, repugnantes
contra as suas vidas, que deveriam envergonhar todo o Poder Legislativo.
Mas espero que
tanto o presidente André do Prado, a Assembleia Legislativa, o secretário de
Segurança Pública, o governo Tarcísio, a partir desse caso tome medidas para
proteger a vida e a integridade de todos os parlamentares, combater esses
grupos, essas milícias de ódio e usar a inteligência da nossa Polícia Civil, da
Polícia Militar para ir atrás dessas pessoas que se sentem confortáveis e
impunes para espalhar o terror e para cometer crimes. Esse caso não pode passar
batido e ficar impune.
E dizendo isso,
Sra. Presidente, hoje mais uma parlamentar condenada à cadeia pelo cometimento
de crimes contra a democracia, decidiu fugir do Brasil. Verás que um filho seu
foge à luta para evitar a prisão.
Os ditos
patriotas que tanto dizem defender o nosso País, também são os primeiros que
para salvar a própria pele não pensam duas vezes em abandonar os seus mandatos
e fugir para o exterior para não pagarem aqui no Brasil pelo cometimento dos
seus crimes.
Foi assim com o
Eduardo Bolsonaro, que fugiu para os Estados Unidos para fazer uma turnê contra
instituições da democracia brasileira, porque tinha medo da investigação da
Justiça.
E é assim agora
com a deputada Carla Zambelli, que todo mundo lembra, que perseguiu um homem a
mão armada na véspera da eleição, que cometeu uma série de crimes, de ameaças
contra o Estado Democrático de Direito e por isso foi condenada à prisão e a
perda do seu mandato. E agora, para não pagar pelos seus crimes, foge como mais
uma covarde.
Esses
bolsonaristas que são grandes, que são valentes, que são brutos para ameaçar as
minorias, para ameaçar a democracia, são covardes na hora de assumir as
responsabilidades pelos seus atos e pelos seus crimes. Então eles não têm
nenhum apego à Pátria, que eles dizem defender, na hora de pegar um avião e
fugir para salvar a própria pele.
Já passou da
hora. Já passou da hora do Supremo Tribunal Federal, da Polícia Federal,
começar a prender o passaporte dessas pessoas, antes que se evadam do País para
fraudar a Justiça brasileira, para desrespeitar o Judiciário brasileiro e para
não pagar pelo cometimento dos seus próprios crimes.
É engraçado,
que a turma que diz que: “Bandido bom, é bandido morto”, é a turma que diz que
é tolerância zero com a criminalidade, mas na hora dos próprios crimes usam dos
seus privilégios, como os parlamentares, para fugir, para não prestar contas e
não acertar contas com a Justiça brasileira.
Mas todos eles
podem fugir, se quiserem, porque a Justiça brasileira e nós estaremos vigilantes
para que cada pessoa, seja general, empresário, parlamentar, ex-presidente da
República, ou seja, aquele povo que foi feito de massa de manobra para quebrar
tudo no oito de janeiro, nós não vamos titubear e nem vamos descansar até que
cada um deles pague devidamente pelos crimes que cometeram contra o povo
brasileiro e contra nossa democracia.
Muito obrigado,
Sra. Presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - SOLANGE FREITAS - UNIÃO - Obrigada,
deputado Guilherme Cortez. Segundo a lista de oradores, deputado Eduardo
Suplicy.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sra. Presidente, chegou ao meu gabinete um apelo
especial com respeito à uma doença rara, a Ataxia de Friedreich, uma doença
neurodegenerativa.
Relembro que
quando senador, fui autor do projeto de lei que resultou na instituição do Dia
Nacional de Doenças Raras, e desde então tenho sido acionado por pessoas
portadoras destas enfermidades incomuns.
No início do
mês de maio, uma munícipe trouxe ao meu conhecimento as dificuldades dos portadores
de Ataxia de Friedreich, uma doença rara, genética degenerativa e progressiva
que afeta o sistema nervoso e a coordenação motora. Ela relatou que seus
sintomas geralmente têm início na infância, mas podem se manifestar até o
início da vida adulta.
Os principais
sintomas incluem: dificuldade de coordenação motora e equilíbrio, fraqueza
muscular, alterações na fala, deformidades na coluna vertebral, como escoliose,
perda de sensibilidade nas extremidades, movimentos oculares descoordenados e
alterações visuais, perda auditiva, alterações endócrinas, intolerância à
glicose e à diabetes, e problemas cardíacos. Esses sintomas são progressivos,
embora a velocidade varie.
O Brasil é o
segundo país do mundo, em números de pacientes diagnosticados com essa enfermidade,
seriam 779 brasileiras e brasileiros nos registros oficiais e possivelmente
outros sem diagnósticos. Não há cura para a Ataxia de Friedreich, mas
recentemente a Anvisa aprovou o registro de um medicamento chamado Skyclarystm.
Trata-se de um
marco significativo, pois, até então, não existiam terapias aprovadas para o
tratamento específico de pacientes com essa doença.
Ocorre que o
custo desse medicamento pode chegar a nada menos do que 32 mil dólares mensais.
Essa aprovação do registro que eu mencionei é apenas o primeiro passo para que
os pacientes tenham acesso ao medicamento.
Um órgão da
Anvisa chamado CMED, Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, precisa
estabelecer o valor máximo do medicamento, e depois a Conitec, ou seja, a
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, precisa realizar a
avaliação técnica do medicamento com vista a sua recomendação para a
disponibilização gratuita aos pacientes elegíveis no Sistema Único de Saúde,
mediante a aprovação do Ministério da Saúde.
Diante da
gravidade e do caráter progressivo desta doença, a incorporação deste
tratamento representa uma esperança real e uma necessidade urgente para os
pacientes afetados pela Ataxia de Friedreich, que, até o momento, contava
apenas com o manejo dos sintomas da doença.
Finalmente
informo que enviei ofícios para a Anvisa e para o ministro da Saúde, Alexandre
Padilha, pedindo providências, para que as pessoas que sofrem com essa doença e
tiveram sua esperança renovada com a descoberta desse novo medicamento possam
finalmente acessar o tratamento e, com isso, atingir um novo patamar de
qualidade de vida.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
* * *
Sra.
Presidenta, se houver a possibilidade ainda de utilizar o Grande Expediente,
eu...
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Bom,
nobre Eduardo Suplicy, então, estamos encerrando, agora, o Pequeno Expediente.
Já iniciamos o Grande Expediente.
*
* *
-
Passa-se ao
GRANDE EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Tem
V. Exa. a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos no Grande Expediente.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Marcolino, gostaria de dar aqui
uma informação sobre a evolução do programa “Bolsa Família”, que evitou 700 mil
mortes em 20 anos.
No último dia
29 de maio, foi publicado um estudo que considero de grande relevância para
todos nós enquanto parlamentares, com vista à promoção da saúde pública e das políticas
públicas de superação da pobreza.
Divulgada na
revista americana “The Lancet Public Health” e destacada pela colunista Mônica
Bergamo da “Folha de S. Paulo”, a pesquisa foi conduzida por pesquisadores da
Fiocruz, da Universidade Federal da Bahia e da Universidade de Barcelona.
O estudo
avaliou que o impacto do programa “Bolsa Família” na saúde dos brasileiros, ao
longo dos seus 20 anos de existência, por meio da análise dos dados de
mortalidade e de internações hospitalares, em 3.671 municípios brasileiros,
abrangendo 87% da população do País, entre os anos de 2004 e 2019... Os
resultados são excelentes e demonstram o efeito transformador do programa
“Bolsa Família” em nossa sociedade. O programa evitou mais de 700 mil mortes e
oito milhões de internações desde a sua criação.
Em outras
palavras, a transferência de renda por meio do “Bolsa Família” não é apenas um
instrumento de combate à pobreza como já sabíamos, mas também uma poderosa
ferramenta de saúde pública que, comprovadamente, salvou e continua salvando
milhares de vidas.
Os efeitos mais
significativos foram observados em grupos que são historicamente mais
vulneráveis, as crianças menores de cinco anos e os idosos acima de 70 anos.
O estudo
detalha que em municípios onde o “Bolsa Família” alcançou uma alta cobertura e
ofereceu benefícios de maior valor, a mortalidade infantil caiu 33% e, da mesma
forma, as internações de idosos foram reduzidas pela metade nestas áreas.
Esses dados são
muito relevantes, porque apontam que a melhora na qualidade da saúde pode ser
atribuída à renda. Pelo menos no caso dos idosos, já que para esse grupo não há
a aplicação de condicionalidades, o que só ocorre com as crianças de até 7 anos
e mulheres gestantes.
O estudo também
ressalta que a eficácia do programa está diretamente ligada à sua
implementação, quanto maior a cobertura e os valores dos benefícios, maiores
são os impactos na comunidade e na vida dos beneficiários.
Atualmente o
“Bolsa Família” atende a mais de 20 milhões e 400 mil famílias, beneficiando
cerca de 53 milhões e 700 mil pessoas com um valor médio de 667,49 reais. É
crucial que o programa continue a expandir-se, para que cada vez mais famílias
possam beneficiar-se das vantagens de uma renda mínima garantida, como destacam
os próprios pesquisadores.
Gostaria de
relembrar que a Lei nº 14.601, de 2023, promulgada pelo presidente Lula, em
julho de 2023, que extinguiu o “Auxílio Brasil” e reinstituiu o “Bolsa
Família”, definiu este programa como uma etapa do processo gradual e
progressivo da implementação da universalização da Renda Básica de Cidadania,
na forma estabelecida no Art. 6º da Constituição Federal.
E também na Lei
nº 10.835, de 2004, sancionada pelo presidente Lula, após ter sido aprovada por
todos os partidos no Congresso Nacional, em 8 de janeiro de 2004, portanto, há
21 anos.
A pesquisa
ainda realiza uma projeção dos efeitos do programa até 2030, ano limite para o
alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Eu lembro que o
“Bolsa Família” tem um papel central nas ações do governo brasileiro para
atingir as metas dos ODS, dos objetivos de desenvolvimento, como o primeiro, a
erradicação da pobreza; e o terceiro, relativo à saúde, ao bem-estar.
O resultado é
que essa política pública pode evitar outras 683 mortes e mais 8 milhões de
internações hospitalares até 2030. Isso traduz um enorme potencial do programa
para proteger a saúde da população, especialmente dentre os setores mais
vulneráveis.
Como acabo de
mencionar, a pesquisa comprova que a renda, por si só, é um determinante social
da saúde. No caso dos idosos, a redução pela metade nas internações
hospitalares mostra que o poder transformador está no acesso direto aos
recursos, não em mecanismos de controle.
Isso é um
argumento robusto a favor da incondicionalidade. Devemos garantir que todos
tenham o mínimo para viver com dignidade e a imposição de contrapartidas pode
não ser tão relevante nesse sentido quanto o próprio processo à renda.
Assim, espero
que esse estudo sirva como um farol para nossas próximas decisões nesta Casa
Legislativa, inclusive nas que tomaremos em breve sobre o Programa de Superação
da Pobreza, anunciado pelo governador Tarcísio de Freitas.
Precisamos
ousar mais, expandindo os programas de transferência de renda até que ele se
torne um direito de todos incondicional e permanente.
Afinal, como demonstram os números, garantir
renda não é apenas uma política social: é uma política de saúde pública. Assim
como estaremos examinando e votando o projeto de superação da pobreza do
governador Tarcísio de Freitas, eu quero me colocar à disposição.
Por isso
estamos, inclusive, propondo que haja audiências públicas relativas ao programa
de superação da pobreza, e será importante que nesse debate venhamos a estudar
com atenção as vantagens de chegarmos logo à renda básica incondicional e
universal para toda e qualquer pessoa residente no Brasil, inclusive os
estrangeiros, diz a lei, aqui residentes há cinco anos ou mais.
É da maior
importância que venhamos a colocar a erradicação da pobreza, a promoção de
maior igualdade e maior grau de liberdade para toda e qualquer pessoa, de
maneira a levar adiante o objetivo desse extraordinário prêmio Nobel de
Economia à Martti Ahtisaari, quando em desenvolvimento como liberdade. Ele
disse que desenvolvimento, se for para valer, precisa significar maior grau de
liberdade e dignidade para todas as pessoas.
Muito obrigado,
Sr. Presidente deputado Marcolino.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
Dando sequência aos oradores do Pequeno Expediente, com a palavra o nobre
deputado...
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Quer que presida?
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
Queria que V. Exa. pudesse assumir a Presidência.
Mas dando sequência aos oradores do
Pequeno Expediente, deputado Leonardo Siqueira. (Pausa.) Deputado Tenente
Coimbra. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado
Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Deputado Dr.
Elton. (Pausa.)
Deputado Dr. Marcos Damasio. (Pausa.)
Deputada Marina Helou. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.)
Deputada Solange Freitas. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino, esse que
vos fala.
Eu vou agora assumir a tribuna,
enquanto o deputado Eduardo Suplicy assume, aqui, a Presidência.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente nobre Eduardo Suplicy, Srs. Deputados,
Sras. Deputadas, funcionários da Assembleia Legislativa, eu ouvi ontem,
atentamente, uma fala questionando um pouco as empresas estatais do nosso País.
Mas eu queria,
antes de fazer a defesa das empresas estatais do nosso País, falar um pouco
sobre uma caracterização de dois momentos diferentes da história do nosso país:
um período onde assumiram o presidente Temer e o Bolsonaro aqui no nosso país,
e um período anterior a 2016 e posterior a 2016, posterior ao golpe, e agora
pós 23.
Tem uma
caracterização que a gente fala do mundo do trabalho, que teve três mudanças
significativas que mexeram na vida do trabalhador, da trabalhadora, tanto do
servidor público, como do setor privado, também. A primeira foi a aprovação da
lei que garante a terceirização de forma indistinta. Hoje, qualquer área de
qualquer empresa do setor privado pode ser terceirizada; qualquer área.
Então essa foi
a primeira mudança que teve, e nós tivemos essa lei que aprovou a terceirização
de forma irrestrita, foi aprovada ainda no governo da presidenta Dilma, mas a
presidenta Dilma vetou essa lei que foi aprovada.
Depois do
golpe, essa lei voltou a ser trabalhada no Congresso. Aprovou-se, novamente,
uma nova lei aprovando a terceirização de forma irrestrita, e o presidente
Temer sancionou essa lei. E passou a valer a terceirização de forma
indiscriminada. Ainda no período do governo Temer, em novembro de 2017, o
presidente Temer encaminhou ao Congresso um projeto de lei que aprovou a
reforma trabalhista.
E essa reforma
trabalhista, que acabou sendo aprovada na Câmara Federal, trouxe alguns
elementos. Aprovou o fim do banco de horas, quando a gente fala... Na verdade,
aprovou o fim do banco de horas desde que ele fosse constituído e construído de
forma coletiva.
Porque o banco
de horas já existia no nosso País, mas desde que fosse negociado com o
movimento sindical, entre os trabalhadores e os empresários. E o presidente
Temer aprovou, ali naquele projeto que ele mandou, que passa a ter agora o
banco de horas individual. O banco de horas passa a ser entre o trabalhador e o
patrão. Deixa de passar por um processo de negociação entre a empresa e o
movimento sindical.
Junto com essa
lei, também acabou com as horas extras. O trabalhador tinha a hora extra
noturna, tinha a hora extra do final de semana, tinha as horas extras que eram
feitas nos feriados.
Então, quando
você cria o banco de horas individual e o trabalhador é obrigado a fazer o
banco de horas negociado com a empresa diretamente, ele deixa... Quando ele
trabalha à noite, é dia normal de trabalho. Quando ele trabalha no final de
semana, no feriado, é dia normal de trabalho.
Então, essa foi
uma outra parte combinada com a questão da terceirização de forma irrestrita,
que foi aprovada ainda no governo Temer. Junto com isso, foi aprovado ali o PJ
exclusivo. Para você trabalhar numa empresa como PJ, era necessário que
tivesse, por trás daquela empresa, uma outra empresa que fosse contratada para
contratar aquele PJ para trabalhar numa empresa.
Vamos imaginar:
eu tenho lá a IBM. A IBM quer vender a sua tecnologia para um banco, para uma
indústria química, para uma indústria metalúrgica. A IBM contrata o
trabalhador, e esse trabalhador presta serviço na IBM. Com a aprovação do PJ
exclusivo, você começa a ter agora os bancos contratando o analista de sistema
direto como PJ.
Nós temos hoje
uma indústria química que vai lá e contrata a pessoa diretamente, o engenheiro
químico direto como PJ. Nós temos hoje médicos trabalhando no serviço público
do nosso País e dos municípios também, na UBS, no hospital. Você contrata o
médico hoje como PJ, ele vai e trabalha lá, às vezes, 15 dias, uma semana, um
dia.
De acordo com a
necessidade do município, do governo, acaba contratando o PJ também de forma
individual. Então, eu quero mostrar para vocês que esse é um modelo que uma
parte dos governantes do nosso País acredita: que é a destruição da organização
do mundo do trabalho. Eu vou flexibilizando, facilitando e tiro o direito do
trabalhador e da trabalhadora.
A mesma forma
foi feita com a reforma da Previdência. Já o Bolsonaro, como presidente do
Brasil, aprovou uma reforma da Previdência, que, na reforma da Previdência, ele
trabalha com dois momentos, que é para tirar e diminuir o direito do
trabalhador. A mulher, para se aposentar no nosso País, bastava ter 30 anos de
contribuição e 50 anos de idade. A mulher tinha o direito de se aposentar.
Hoje, a mulher,
para se aposentar, tem que trabalhar até os 62 anos de idade ou ter 40 anos de
contribuição. A mulher tem que trabalhar 12 anos a mais para ter o direito de
se aposentar hoje no nosso País.
E o homem
também aumentou 10 anos. O homem se aposentava com 55 anos de idade ou com 35
anos de contribuição. Agora, tem que trabalhar até os 65 anos de idade, com 40
anos de contribuição.
Então, passou
de 55 para 65 anos. Hoje, o homem tem que trabalhar 10 anos a mais, e a mulher
tem que trabalhar 12 anos a mais para ter o direito à aposentadoria. Então, eu
estou trazendo aqui um pouco desses elementos, que tanto em relação à reforma
trabalhista, que tirou o direito do trabalhador, acabou com a hora extra, criou
um banco de horas exclusivo, individual, passou a ter o PJ exclusivo e criou a
lei da terceirização de forma indiscriminada.
Isso foi
tirando o direito do trabalhador e da trabalhadora. E essas duas leis, tanto a
reforma trabalhista como a reforma da Previdência, foram as duas leis...
Porque, até então, nenhuma lei aprovada em Brasília, quando a gente fala em
servidor público, ela tem que ter uma lei exclusiva para o servidor público,
uma lei exclusiva. A hora que você aprova essas duas reformas, a trabalhista e
a previdenciária, lá nas letras miudinhas se coloca que vale para o setor
público e vale para o setor privado.
A hora que você
faz esse movimento, e eu falo que são dois projetos que a gente fala que são de
gestão de país... Que é o mesmo país que no dia de ontem veio aqui um deputado
falar que: "Ah, eu defendo que todas as empresas públicas do Brasil sejam
privatizadas".
É importante
trazer um pouco esses elementos, porque são os mesmos deputados, deputada Ana
Perugini, que aprovaram a reforma trabalhista, tirando direitos dos
trabalhadores, que aprovaram a reforma da Previdência, que tirou o direito dos
homens e das mulheres de se aposentar, que defendem que o salário mínimo tem
que ser congelado por diversos anos.
Porque quando
sobra recurso para assistência social para os trabalhadores no Brasil, quem
ganha esse recurso são as pessoas que a gente fala que são os rentistas, que
acabam ganhando recursos com a alta taxa de juros. Nós temos agora, deputado
Paulo Fiorilo, uma taxa de juros que está um absurdo, quando se compara a taxa
de juros com outros países, ou mesmo com países de risco igual ao Brasil.
Só que nós
pagamos, no ano de 2024, só de juros da dívida, quase um trilhão de reais.
Quase um trilhão de reais foi o quanto o Brasil pagou o ano passado só com
juros da dívida.
Só que a hora
que eu gasto esse dinheiro com juros da dívida, eu estou deixando de ter
dinheiro para a Previdência Social, dinheiro pra garantir o direito dos
trabalhadores e das trabalhadoras, tirando o direito do pagamento para
assistência social, sejam programas sociais ou programas importantes como o “Pé
de Meia”, deixando de investir na Saúde, como tem o Samu, como tem as Upas.
São projetos
que vêm sendo desenvolvidos pelo Brasil ao longo do tempo, e são os recursos
das empresas públicas do nosso país, tipo a Petrobras, Caixa Econômica Federal,
Correios, que estavam sendo entregues no governo passado.
Nós perdemos a
Eletrobras. Nós perdemos o ano passado, além de perder a Eletrobras, nós
perdemos a Liquigás. Nós perdemos parte da Petrobras. O Correio estava a ponto
de ser privatizado. E o argumento que eu vi ontem, ouvi aqui no Plenário: “não,
mas antigamente a empresa estatal dava lucro”. O único período que deu lucro no
governo anterior foi no período da pandemia. Dois anos que parou durante a
pandemia, (Inaudível.) o recurso, mas desmontou o investimento.
Eu vou trazer
esses dados nos próximos dias, mostrando que não houve investimento nem do
governo Temer e nem do governo Bolsonaro nas empresas públicas brasileiras, em
uma perspectiva de desmontar as empresas públicas para vender na sequência.
É o que tá
sendo feito agora no estado de São Paulo, vendendo a CPTM, vendendo o Metrô, já
vendeu a Emae, já está privatizando as escolas estaduais. Então a gente percebe
que o mesmo desmonte que foi feito durante o governo Temer e Bolsonaro lá em
Brasília está sendo feito agora pelo Tarcísio no governo do estado de São
Paulo, mas amanhã e depois eu vou trazer aqui uma descaracterização, mostrando
que deixou de fazer investimento nas empresas públicas federais, com a clara
intenção de desmontar e de privatizar as empresas federais.
Ainda bem que
ganhamos as eleições de 2022 e 2023. Fortalecemos as empresas públicas
novamente, porque ela passou a dar lucro, ela passou a mandar recursos para o
Tesouro para fazer programas sociais, como foi feito de 2003 até 2016. E só
parou no golpe.
Até o golpe
tinha tido muito investimento em programas sociais no nosso país, parou no
golpe, foram seis anos sem investimento, principalmente no estado de São Paulo,
e voltou a ter investimento no estado de São Paulo, de novo, a partir de 2023.
Mas eu vou
trazer, entre amanhã e depois, vários dados e informações mostrando a
importância das empresas públicas estatais do nosso país, a importância de ter
um governo democrático popular que tem preocupação com a população.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Bem, deputado
Luiz Claudio Marcolino, tem a palavra agora, no Grande Expediente, o deputado
Sebastião Santos. (Pausa.) Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Deputada Ana
Perugini, em permuta com o deputado Luiz Fernando Ferreira, pelo tempo
regimental de dez minutos do Grande Expediente.
A
SRA. ANA PERUGINI - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Obrigada,
presidente, Eduardo Suplicy, que está na nossa Mesa, senhores e senhoras que
estão nos ouvindo, deputados e deputadas dessa Casa, o que me traz inicialmente
hoje à tribuna é um motivo de alegria, que é o aniversário de 34 anos de emancipação
da cidade que minha família escolheu para ser lar e que 70% das famílias que
moram no local também escolheram para ser lar: a cidade de Hortolândia.
Nós findamos,
na semana passada, todo o evento de comemoração, mas é importante falar desse
aniversário porque é um aniversário onde nós já tivemos pessoas importantes
ali, como o prefeito Angelo Perugini, com quem eu tive a felicidade de dividir
mais do que grande parte de minha existência, mas também porque é uma cidade
que não tinha nenhuma perspectiva de ser e de estar onde está hoje.
Foi considerada
a primeira cidade em crimes em nosso país e hoje é a segunda cidade em
saneamento básico no Brasil. Uma cidade que conseguiu fazer, já no ano de 2007,
totalmente sem custo para a população, o asfalto, porque era um sonho e,
contrariando toda a campanha que envolveu inclusive uma chantagem do ponto de
vista eleitoral no ano de 2005, com a população, de que nós não conseguiríamos
fazer um metro de esgoto tratado e afastado, hoje nós só não temos 100% de todo
esgoto afastado e coletado porque nós dependemos de concessionárias que
precisam fazer autorização, como a Rumo,
para passar tubulação sobre linha férrea, porque ela é cortada por linha férrea
e ela é cortada também por rodovias. Mas 98% de tudo é coletado e afastado e
100% é tratado na nossa cidade.
Para além
disso, é uma das cidades que mais cresce não só na Região Metropolitana de
Campinas, mas em toda a nossa região. Eu brinco muito com a cidade de Campinas,
inclusive, de que nós somos o coração da metrópole.
E o que me traz
alegria de falar sobre isso é que a política partidária nasceu na cidade de
Hortolândia, em decorrência da maior manifestação popular por água, porque
nossa cidade chegou a ficar sem água por sete dias.
Todas as
famílias que foram morar ali naquela periferia, que outrora era Campinas,
outrora era Sumaré, em um movimento de indignação, foram tomar banho no centro
da cidade onde o chafariz jorrava água.
Isso nos levou
de volta também a nossa igreja, de onde nasceu ali, naquele momento, o Partido
dos Trabalhadores. Mais tarde nós tivemos o primeiro prefeito da cidade, que
foi Antônio Dias, o segundo, que foi o Jair Padovani, com reeleição, e depois
Angelo Perugini. É inegável que houve toda uma transformação a partir da
organização de todo o povo, o zoneamento da cidade, a participação popular, que
se manifestou inclusive contra a chegada de unidades da Febem ali do lado do
Carandiru Paulista.
Nós dizíamos
que não tinha como colocar crianças para lá aprenderem um crime. Não tem como o
estado só olhar para cidades para despejarem aquilo que não querem nos seus
grandes centros. E nós conseguimos fazer com que o projeto de compensação às
cidades com presídios fosse apresentado nesta Casa.
No mês passado
foi aniversário, infelizmente, de partida do então prefeito da cidade de São
Paulo, mas que foi deputado comigo aqui nesta Casa, Bruno Covas, que foi quem
fez a relatoria do projeto de mitigação, de compensação às cidades com unidades
prisionais. Ele falava da justiça daquilo que nós buscávamos.
Infelizmente,
ainda na política perdura o “toma lá dá cá”. O projeto não foi aprovado, mas
hoje o estado tem que dialogar com os municípios. Hoje, ele precisa dialogar.
Nós esperamos ainda que, no avanço civilizatório, não haja esse tipo de “toma
lá dá cá”, mas a regra seja para todos, independentemente da cor partidária,
independentemente da situação econômica, mas que a regra seja aplicada a todas
as cidades de maneira justa, porque há cidades que recebem só aquilo que as
grandes capitais não querem. Elas sofrem e pagam um preço por isso. Nós
precisamos dar condição de toda a periferia ter a mesma condição de vida e de
direito à cidade. Aliás, o Estatuto das Cidades fala nisso.
Hortolândia é
um exemplo vivo de que a política pode fazer coisas muito bonitas, coisas boas.
E deve fazer. É nesse intuito que venho falar dos 34 anos da cidade e dizer que
nós não podemos desistir daquilo que é bonito, daquilo que é bom. Assim como o
nosso querido Eduardo Suplicy não pode desistir do Renda Mínima.
Para que um dia
toda a população tenha o acesso justo àquilo que é produzido, e todos nós
tenhamos uma condição dignificante de receber aquilo que é nosso pelo nosso
trabalho e participação na sociedade. Então, parabéns à cidade de Hortolândia,
parabéns a todos aqueles que foram para lá, como minha família foi.
Falou: “Aqui
nós vamos fincar morada, aqui vai ser o nosso lar”. E, aprendendo um a ajudar o
outro, nós aprendemos a defender também o direito a ter uma vida digna enquanto
população.
Daí a
emancipação, daí o resultado da cidade hoje, que é reconhecido, não só por
todos nós que moramos na cidade, mas por todos que conhecem a sua história
fora, e no nosso estado de São Paulo, e Brasil afora.
Porque todos
querem saber qual foi o grande milagre. Mas o milagre foi um processo longo de
aprendizado, de muita união, de luta, de muita coragem e trabalho. Então eu
quero agradecer essa oportunidade, e dar parabéns a todos os prefeitos que
passaram por lá, a todos os vereadores que passaram. E, acima de tudo, a toda a
população, que acreditou que era possível fazer a transformação, a partir de
toda essa união que levou a essa grande mudança.
Por último, eu
falei que eu traria um assunto importante, do ponto que era um motivo de
alegria, e tem um motivo também de encorajamento, agora frente à Procuradoria
Especial da Mulher. Está aqui a deputada Ediane também. Eu acredito que vai
falar sobre esse assunto.
Mas eu quero
registrar aqui que sim, é verdade, são as deputadas desta Casa. Mas eu acredito
que o Parlamento desta Casa foi atacado. É crime, é crime. Não foi só um crime
que foi cometido por e-mail, pela internet, a esta Casa, ameaçando as deputadas
que estão aqui.
E dizer que
todas as medidas, para que nós cheguemos ao autor, de fato, da autoria desses
ameaçados, desses crimes que foram manifestados pela internet, venha a ser
encontrado, venha a ser punido.
Para que nós
possamos exercer o nosso trabalho nesta Casa e, mais uma vez, falando que a
política é um lugar de se fazer coisas muito bonitas. Eu creio nisso, por isso
estou aqui. Que continuem trabalhando em paz, sem sentir medo, sem se sentir
ameaçadas.
Como nós não
vamos trazer glória a quem não merece glória nenhuma? É importante dizer que as
medidas estão sendo tomadas, e que vai ser identificado. Eu acredito que nós,
enquanto deputadas agora, precisamos de toda a segurança, para que nós possamos
nos sentir em paz no exercício do nosso trabalho. Deputada Ediane, deixa eu lhe
falar: no mês de maio do ano passado, nós tivemos algo muito semelhante na
cidade de Campinas, exatamente há um ano atrás.
Já passou da
hora de, não só organizarmos a segurança em torno de nós, mas, de fato,
chegarmos a quem está promovendo esse tipo de incitação ao ódio, ao crime. E, é
claro, há um processo que macula o exercício da democracia pelos nossos
mandatos. Então eu acredito que as medidas estão sendo tomadas, e nós podemos
continuar exercendo o nosso trabalho aqui na Casa, sem qualquer medo de fazer
aquilo que tem que ser feito.
Então, muito
obrigada pela oportunidade. Obrigada, nosso querido presidente Eduardo Suplicy.
Que um dia o marco civilizatório do nosso País, em todas as cidades, seja, de
fato, a alegria do Renda Mínima acontecendo em todas as cidades do nosso País.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos, deputada Ana Perugini, e também a todos os residentes da sua
cidade. A todos aqueles que, em Hortolândia, têm melhorado a qualidade de vida
dos moradores de Hortolândia. Então, meus parabéns.
E eu gostaria de registrar a visita dos
estudantes, acho que estão acompanhados também com algum professor, do Centro
Universitário Belas Artes. São alunos do curso de Relações Internacionais.
Sejam muito bem-vindos. E, se em algum momento quiserem conhecer o meu trabalho
pessoalmente, quiserem estar dialogando no meu gabinete, no andar M, gabinete
6, estou lá, à vontade.
Como eu preciso estar presidindo daqui
em instantes a Comissão de Direitos Humanos, porque vai haver a eleição da nova
presidenta, deputada Márcia Lia. Então eu agradecerei muito se o deputado Reis
puder presidir agora a continuação do Grande Expediente.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Reis.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Assumindo a
Presidência deste Grande Expediente, chamo para fazer uso da palavra o deputado
Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputado
Altair Moraes. (Pausa.) Deputado Dirceu Dalben. (Pausa.)
Deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado
Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Thiago
Auricchio. (Pausa.) Deputado Caio França. (Pausa.) Deputada Leci Brandão.
(Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo, em permuta com o deputado Enio Tatto. Tem V.
Exa. o tempo regimental de dez minutos.
O
SR. PAULO FIORILO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
público presente aqui, na tarde de hoje. Acho que só para aproveitar, Sr.
Presidente, o deputado Suplicy, que presidia a sessão, registrou a presença dos
alunos de Relações Internacionais da Faculdade Belas Artes e fez o convite para
que pudessem conhecer o trabalho do deputado. Eu queria aproveitar para deixar
um outro convite.
Amanhã, às 11
horas da manhã, esta Casa instala para o segundo biênio a Comissão de Relações
Internacionais, que deve ser presidida por mim nesses próximos quase dois anos.
E uma das
coisas que a gente tem muito interesse é dialogar com as faculdades que têm o
curso de Relações Internacionais, até para, além de mostrar um pouco o trabalho
que está sendo feito, quem sabe construir parcerias importantes com faculdades
que têm já uma tradição em cursos de Relações Internacionais e que podem abrir
aqui um espaço para esse diálogo.
Então eu queria
já deixar o convite: amanhã, 11 horas da manhã, mas também depois essa
possibilidade desse diálogo. A ideia da comissão é que ela possa receber em
cada sessão representações consulares para dialogar sobre parcerias entre o
estado de São Paulo e o País, representado pelo cônsul que será convidado.
Então já deixo o convite aqui para vocês. Vai ser uma honra se quiserem
participar amanhã pela manhã.
Sr. Presidente,
eu quero também fazer um registro, aproveitar aqui a deputada Ediane Maria, que
tem um papel importantíssimo na bancada do PSOL, mas também aqui nesta Casa,
deputada Ediane Maria, para registrar meu apoio e solidariedade às mulheres que
foram vítimas de uma pessoa que enviou e-mails ameaçadores a essas deputadas.
Eu sei que deve
ter uma reunião com o presidente da Casa e que medidas estão sendo tomadas. Eu
queria deixar minha solidariedade às senhoras, mas estendê-la a todas as
deputadas que foram ofendidas e que foram ameaçadas, o que nós não podemos
permitir.
Nós precisamos
buscar o responsável e puni-lo de forma severa e exemplar. Então tem aqui o meu
apoio, minha solidariedade. A senhora pode seguir as suas atividades.
Sr. Presidente,
eu queria aproveitar o tempo que me resta para fazer uma homenagem. Qualquer um
dos nossos deputados, tanto dos 19, da Federação, mais alguns outros conheceram
o deputado Marcos Martins. O deputado teve aqui um papel importante,
principalmente pelas leis aprovadas, mas também pelas iniciativas que adotou.
O Marcos
Martins, e eu vou tratá-lo de Marcos, nasceu no Paraná, em uma cidade chamada
Jandaia do Sul. E lá ele trabalhou na roça desde os sete anos para ajudar a
família. Em sua infância, teve seus primeiros contatos com a política, já que
sua mãe fazia as reuniões da liga camponesa em sua casa.
A experiência e
a história do Marcos começam em casa, isso tem uma importância muito grande. E
aí ele mudou-se para Osasco, passou a se reunir com outros trabalhadores para
se ajudarem mutuamente.
Naquela época,
a busca por emprego consumia todos os esforços dos trabalhadores, e muitos não
tinham condições de passar na prova do Senai, essencial para quem procurava por
uma oportunidade na indústria. Junto aos trabalhadores e trabalhadoras,
desenvolveram uma cartilha e, a partir de então, puderam estudar e trabalhar.
Com a
intervenção militar de 64, o grupo não pôde mais se reunir no posto de saúde do
bairro onde eram ministradas as aulas e passou a ocupar o salão da igreja
católica, estreitando relações com a Pastoral Operária. Naquele período, uma
parte da Igreja Católica teve um papel fundamental para acolher trabalhadores,
movimentos sociais.
Marcos Martins
formou-se em administração de empresas e começou a trabalhar como bancário.
Deputado Luiz Claudio conheceu o deputado Marcos Martins, com certeza, nesse
período. Ele foi um dos fundadores da regional do Sindicato dos Bancários, em
Osasco, da qual se tornou coordenador em 1979, além de ajudar a fundar a
Central Única dos Trabalhadores e o Partido dos Trabalhadores.
Então o
deputado Luiz Claudio é um desses que puderam conviver e, com certeza,
testemunhar a história e a luta do companheiro Marcos Martins. Ele foi vereador
por cinco mandatos, até ser eleito, em 2006, deputado estadual, reeleito em
2010; e assumiu seu terceiro mandato em 2015.
Como vereador e
deputado, atuou contra a exploração dos trabalhadores que adoecem e morrem,
submetidos às precárias condições das grandes empresas. Ajudou a fundar a
Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto, a Abrea, e encampou a luta
desses trabalhadores, propondo e aprovando a lei que proíbe o amianto no estado
de São Paulo.
Também atendeu
às entidades de trabalhadores com o projeto que proíbe o uso de mercúrio em
equipamentos hospitalares e com a conquista de uma unidade ambulatorial do
Instituto de Câncer do Estado de São Paulo, Icesp, em Osasco.
Foi autor do
Prêmio Inezita Barroso de Cultura Popular, de que muitos deputados e deputadas
participam com as indicações de músicos, de grupos musicais que são
homenageados aqui.
Apresentou uma
propositura que proíbe o uso, no estado de São Paulo, de produtos materiais ou
artefatos que contenham quaisquer tipos de amianto ou asbesto ou outros
minerais que acidentalmente tenham fibras de amianto na sua composição.
Apresentou um projeto, que virou lei, que dispõe sobre a proibição do uso de
amianto e reparo de instrumentos de medicação com esfigmomanômetros e
termômetros contendo mercúrio.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
* * *
Uma outra lei
que eu destaco institui o Dia da Conscientização da Fibromialgia. E tem uma
resolução, aqui da Alesp, que instituiu o Prêmio Inezita Barroso.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Permite um aparte?
O SR. PAULO FIORILO - PT - Claro, com certeza.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Quero
congratular-me com essa sua iniciativa de homenagear o deputado Marcos Martins.
Ao tempo que ele foi deputado, eu era senador, então nós interagimos bastante,
com a preocupação de Marcos Martins relativamente aos efeitos do amianto para
os trabalhadores. E, assim, caminhamos juntos com respeito a essa pauta. E o
Marcos Martins foi um brilhante defensor do Partido dos Trabalhadores.
Meus parabéns,
cumprimentos, deputado Paulo Fiorino.
O SR. PAULO FIORILO - PT - Obrigado, deputado Eduardo
Suplicy.
No último dia
26 de maio, a gente perdeu o Marcos. Mas eu tenho certeza de que a sua
história, a sua luta, não se perderão. Então eu queria pedir para que a gente
pudesse ter aqui o vídeo que a gente produziu, rapidinho, de um minuto, pouco
mais de um minuto.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Bom, essa é uma
homenagem, Sr. Presidente, que qualquer um dos nossos deputados e deputadas
poderiam fazer até por conhecer o trabalho e a luta do deputado Marcos Martins.
Mas eu me senti na obrigação porque eu conheci o Marcos em Osasco, depois aqui
e a gente teve boas conversas.
E eu,
infelizmente, por conta da minha cirurgia, não pude ir ao velório. Mas a gente
fez aqui também uma homenagem a todos os nossos deputados e deputadas,
produzindo um livro e o Marcos Martins está lá com as suas leis, com os seus
projetos e ele veio aqui, inclusive, para receber o livro.
Então é uma
homenagem que a gente prestou em vida e agora esse registro. Tenho certeza de
que a família, os amigos, ficarão muito felizes com essa lembrança.
E termino aqui,
Sr. Presidente, pedindo que se encaminhe esse meu pronunciamento à Câmara de
Osasco, à Prefeitura de Osasco e à família do deputado Marcos Martins.
Marcos Martins
presente!
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
Marcos Martins presente! Será encaminhado, nobre deputado Paulo Fiorilo, de
forma regimental.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Inclusive,
na semana passada, eu acompanhei lá o velório, estivemos lá juntos. Fiz o
pedido de um minuto de silêncio até pela origem do Marcos Martins. Ele foi
bancário, foi do Sindicato dos Bancários como funcionário antes de ser vereador
na cidade de Osasco.
E assim, uma tristeza para a família,
que nós enterramos o Marcos Martins na semana passada e ontem faleceu a irmã
dele também, que foi vereadora na cidade de Osasco, que é a Rosa Lopes Martins,
inclusive foi enterrada agora, às 15 horas.
Então perdemos Marcos Martins, que foi
nosso deputado estadual e a irmã dele também, que foi uma das primeiras
vereadoras de Osasco, também faleceu no dia de ontem. Mas parabéns pela
homenagem, o Marcos Martins merece, por toda a luta que foi feita aqui nesta
Casa.
Dando sequência aos oradores do Grande
Expediente, nobre deputado Reis, em permuta com o deputado Luiz Claudio
Marcolino. Tem V. Exa. o tempo regimental de dez minutos no Grande Expediente.
O
SR. REIS - PT -
Presidente, deputado Luiz Claudio Marcolino, eu fiz questão de pedir para V.
Exa. o tempo para que eu pudesse falar, que é um fato que aconteceu no interior
de São Paulo e aí saiu no “Metrópoles”. Eu fui apurar, saiu no “Metrópoles” uma
matéria. O título da matéria é: “Desordem legal: PM investiga, consegue mandado
e inocente é detido”.
Na manhã do
último dia 20, policiais conduziram um suspeito de roubo ao plantão da Polícia
Civil em Bauru no interior paulista, como é de costume após crimes em geral.
Para a surpresa
dos investigadores e escrivães, porém, um dos assaltos, ocorrido em 8 de maio,
atribuído ao homem levado ao distrito pela Força Tática do 4º Batalhão do
Interior, 4º BPM-I, não havia sido apresentado em nenhuma delegacia.
Então isso me
chamou muito a atenção, que mostra um pouco a forma do governo Tarcísio, essa
forma desestruturada de fazer segurança pública e do seu secretário, que é um
político, um candidato ao Senado.
Todo mundo está
falando que vai ser candidato ao Senado e que usa a Secretaria de Segurança
para se autopromover, porque tem em mente ganhar apoio político, votos, né?
Enquanto isso a gente vai se deparando com ocorrências desse tipo, o que gerou
uma irritação na Polícia Civil. Inclusive, a matéria fala que o caso gera uma
crise institucional velada entre as Polícias Militares e Civil.
Uma crise
institucional velada. Por quê? Porque a função de Polícia Judiciária é da
Polícia Civil, a função de investigar a persecução penal é da Polícia Civil.
Então quando a Polícia Militar se depara com uma ocorrência, deputado Luiz
Claudio Marcolino, tem que apresentar a ocorrência na delegacia de polícia, tem
que levar a ocorrência para a delegacia de polícia.
Em que pese que
ela faça o seu BO PM, mas o nosso Código de Processo Penal diz que tem que ser
apresentada à autoridade policial, no caso o delegado de polícia. E essa
ocorrência não foi levada à delegacia de polícia e o próprio comandante, então,
pede um mandado de busca e apreensão e vão cumprir esse mandado. E quando chega
à delegacia não tem a ocorrência original que deveria ter sido registrado lá.
Levantei,
inclusive, o boletim de ocorrência que foi feito lá no interior, porque me
chamou a atenção a matéria do “Metrópoles” e também uma nota de repúdio que foi
produzida pelo Sindicato dos Delegados de Polícia.
Então a
ocorrência de roubo que aconteceu no dia 8 de maio de 2025, não foi apresentada
no plantão policial, contrariando o parágrafo único do Art. 5º da Resolução da
Secretaria de Segurança Pública nº 57, de 2015. Houve apenas o registro do BO
PM, trata-se de um roubo a um posto de gasolina que aconteceu em 8 de maio de
2025.
Houve um outro
roubo também que aconteceu em 10 de maio de 2025, esse sim foi registrado, foi
levado à delegacia de polícia, mas o primeiro não foi. Mas o que acontece?
O comandante
entrou com uma representação, aqui está dizendo: “No Juízo de Garantias de
Bauru”, e esse autorizou o cumprimento do mandado de busca e apreensão, que foi
formalizado pelo comandante do 4º BPM-I, o tenente coronel Jovercy Bergamaschi
Júnior.
Se ele quer
investigar, faça concurso para a Polícia Civil, vá ser delegado de polícia, vá
ser investigador, vá ser escrivão, se gosta de fazer a persecução. A Polícia
Militar tem a sua função de polícia preventiva, polícia ostensiva. “Agora quero
investigar também”, não tem problema nenhum, mas está contrariando o que diz o
nosso ordenamento, o que diz as portarias, o que diz o Código de Processo
Penal.
Obviamente, que
ele teve esse mandado e foram cumprir e depois de cumprir, foram levar,
conduzir a parte à delegacia de polícia, quando se levanta lá que não tinha
ocorrência inicial sobre esse roubo, apenas o BO PM.
É muita
informação para se falar. Aqui na matéria diz que o pedido de busca foi feito
sem comunicação prévia à Polícia Civil, já que investigava o caso. A Polícia
Civil já estava investigando o caso, mas desconhecia esse fato de a Polícia
Militar ter buscado, ter feito essa ocorrência e não ter comunicado à Polícia
Civil.
O 4º BPM-I, por
conta própria - ferindo a Constituição Federal, conforme juízes ouvidos pela
reportagem - então iniciou uma investigação resultando em um relatório de
análise criminal, a partir do qual atribuiu os dois assaltos a um homem, com
base de uma postagem no Instagram, na qual aparece uma arma de fogo.
No dia 20 de
maio, eles cumpriram esse mandado de busca e apreensão autorizado pelo Juízo de
Garantias, não encontraram a arma das fotos e sem mandado de prisão ou
flagrante conduziram o suposto suspeito ao plantão no compartimento traseiro da
viatura.
O
então suspeito afirmou à Polícia Civil que os PMs o coagiram a dar a senha do
celular.
A arma postada
pelo homem, levada à delegacia, não se assemelha ao tipo descrito por vítimas
no roubo de Piratininga, como mostra a investigação da Polícia Civil. Já na
ocorrência de Bauru, sequer a descrição da arma, do registro feito pelos
policiais, destaca o documento policial.
A delegacia no
fato aí, eu levantei o boletim de ocorrência, tem cinco pontos controversos que
estão publicados, e o Sindicato dos Delegados fez essa nota de repúdio, que eu
vou ler para ficar registrada aqui no Grande Expediente.
“Nota de
repúdio à usurpação de competências da Polícia Civil do Estado de São Paulo. O
Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, Sindpesp, vem a
público manifestar seu veemente repúdio à recente prática de cumprimento de
mandados de busca e apreensão domiciliar por integrantes da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, configurando manifesta usurpação das atribuições
constitucionais da Polícia Civil.
Tal medida
afronta diretamente o § 4º do Art. 144 da Constituição Federal, que confere à
Polícia Civil, dirigida por delegado de polícia de carreira, a competência para
o exercício das funções de polícia judiciária e investigação criminal,
ressalvados os crimes militares.
A busca e
apreensão domiciliar é medida típica de persecução penal, de natureza
probatória, cuja execução compete exclusivamente à Polícia Civil, por se tratar
de atividade de polícia judiciária voltada à obtenção de elementos de convicção
para o oferecimento da denúncia e o julgamento da ação penal.
A
jurisprudência utilizada para justificar tal ilegalidade, TJSP, MS Criminal nº
2037218-62.2022.8.26.0000, encontra-se superada e anterior à promulgação da Lei
nº 14.735, de 2023, que instituiu a Lei Orgânica Nacional das Polícias Civis, a
qual pacificou, de forma clara, a competência exclusiva da Polícia Civil para o
cumprimento de mandados judiciais no âmbito da investigação - Art. 6º, inciso
I.
Além disso, o
Art. 5º, inciso III, da Lei nº 14.751, de 2023, Lei Orgânica Nacional das
Polícias Militares, estabelece, de maneira taxativa, as atribuições das
polícias militares, restringindo a possibilidade de busca e apreensão
domiciliar aos ilícitos penais militares.
A realização da
medida por agentes sem competência legal viola o princípio da legalidade,
configura prova ilícita - Art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal - e
compromete a cadeia de custódia, abalando a credibilidade do sistema de justiça
criminal.
A expedição de
mandados diretamente à Polícia Militar, à margem da Polícia Civil, além de
afrontar a ordem constitucional, alimenta rivalidades institucionais e
enfraquece a Segurança Pública, em prejuízo da sociedade.
Diante da
gravidade dos fatos, o Sindpesp informa que acionou seu departamento Jurídico
para adoção das medidas cabíveis, a fim de coibir essa prática ilegal, e
reitera a defesa intransigente das prerrogativas legais e constitucionais da
Polícia Civil.
São Paulo, 2 de
junho de 2025. Diretoria do Sindpesp.”
Então, é para
deixar registrado que o povo precisa saber e que o governo tem que entender que
as polícias têm as suas atribuições em lei, têm uma constituição para ser
seguida e cada um tem que fazer o seu papel.
Quando um
começa a atravessar o papel do outro, as coisas não dão certo, tanto é que a
matéria mesmo traz a informação de que essa pessoa que eles detiveram e levaram
lá, não tinha provas para que ele pudesse ficar preso, tiveram que liberá-lo.
Tiveram que pôr
ele em liberdade, e isso atrapalhou o curso da investigação, porque tinha já
uma investigação em curso. Toda ocorrência termina, isso eu aprendi na Escola
de Soldados, toda ocorrência termina na delegacia, não termina no quartel. Não
é no quartel que termina. Toda ocorrência tem que ser encaminhada à delegacia
de polícia.
É essa
orientação que o governo tem que dar, não coronel da PM fazendo revista em
igreja, como é o caso lá onde aconteceu, até um soldado que foi vítima e acabou
morrendo, batendo a sua moto na traseira de uma carreta, porque passou a noite
inteira trabalhando. Ficou das nove horas até as 14 horas ouvindo lá, que a
gente está pedindo a gravação para saber o que é que se falou tanto nesse
período e acabou vitimando esse soldado lá do 37º Batalhão.
E coronel
querendo agora fazer e pedir mandado de busca e apreensão, mandado de prisão,
querer fazer o papel de Polícia Judiciária. Quer entrar para a Polícia
Judiciária? Vai abrir concurso, faça a sua inscrição e passe no concurso.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. REIS - PT - Atendendo o pedido da assessoria
técnica, requeiro de V. Exa. a suspensão dos trabalhos até as 16 horas e 30
minutos.
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Havendo
acordo entre líderes, estão suspensos os trabalhos até as 16 horas e 30
minutos.
Está suspensa esta sessão.
* * *
-
Suspensa às 15 horas e 40 minutos, a sessão é reaberta às 16
horas e 33 minutos, sob a Presidência do Sr. Gilmaci Santos.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
É aberta a sessão.
Ordem do Dia.
* * *
-
Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos termos do Art. 23 do Código de Ética e
Decoro Parlamentar, tendo em vista a desistência requerida pelo deputado Carlão
Pignatari, esta Presidência coloca em votação a eleição do deputado Dirceu
Dalben à vaga de membro titular do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar para
um mandato de dois anos. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que
estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
Há sobre a mesa requerimento de urgência ao
Projeto de lei Complementar nº 135, de 2023, de autoria do Srs. Deputados:
Major Mecca, Agente Federal Danilo Balas, Capitão Telhada, Danilo Campetti,
Lucas Bove, Marcos Damasio, Rodrigo Moraes, Paulo Mansur, e das deputadas Dani
Alonso e Solange Freitas.
Em discussão. Não havendo oradores
inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. As Sras. Deputadas e os Srs.
Deputados que estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Há sobre a mesa requerimento de
urgência ao Projeto de lei nº 106, de 2025, de autoria do deputado Oséias de
Madureira.
Em discussão. Não havendo oradores
inscritos, está encerrada a discussão. Em votação. Os Srs. Deputados e as Sras.
Deputadas que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Há sobre a mesa requerimento da nobre
deputada Letícia Guiar, com o número regimental de assinatura, nos termos do
Art. 35 do Regimento Interno, para a constituição de uma comissão de
representação com a finalidade de apresentar demandas da população paulista às
casas legislativas federais, de 5 a 7 de junho do corrente ano, em Brasília, a
ser custeado via verba de gabinete.
Em votação. Os Srs. Deputados e Sras.
Deputadas que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Há sobre a mesa requerimento do nobre
deputado Carlos Giannazi, com número regimental de assinatura, nos termos do
Art. 35 do Regimento Interno, para constituição de uma comissão de
representação com a finalidade de realizar palestras na oitava semana da
educação e no sétimo seminário de estágio do curso de licenciatura em
pedagogia, promovido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
de São Paulo, entre os dias 3 e 5 de junho do corrente ano, na cidade de
Presidente Epitácio, a ser custeado via verba de gabinete.
Em votação. Os Srs. Deputados e Sras.
Deputadas que tiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Há sobre a mesa requerimento do nobre
deputado Donato, com número regimental de assinaturas, nos termos do Art. 35 do
Regimento Interno, para a constituição de uma comissão de representação com a
finalidade de participar de reuniões em ministério do governo federal, no dia 5
de junho do corrente ano, em Brasília, a ser custeado via verba de gabinete.
Em votação. Os Srs. Deputados e Sras.
Deputadas que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Srs. Deputados e Sras. Deputadas, nos
termos do Art. 18, inciso III, na alínea “d”, combinado com o Art. 68, ambos do
Regimento Interno, convoco reunião conjunta das comissões de Constituição,
Justiça e Redação e Saúde a realizar-se hoje, às 16 horas e 45 minutos e, em
uma segunda convocação, às 17 horas, no salão nobre Campos Machado, com a
finalidade de apreciar o Projeto de lei nº 106, de 2025, de autoria do deputado
Oséias de Madureira.
O SR. RÔMULO FERNANDES - PT - Presidente,
por questão de ordem, uma comunicação breve.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Tem
V. Exa. o tempo regimental.
O SR. RÔMULO FERNANDES - PT -
PARA
COMUNICAÇÃO - Primeiro eu queria
aproveitar, cumprimentar todos os Pares aqui e prestar minha solidariedade ao
absurdo que aconteceu este final de semana com as nossas deputadas aqui da
Assembleia Legislativa, com ameaça de morte, coisas piores ainda. Então eu
queria dizer do meu repúdio, da minha solidariedade a essas mulheres.
Eu tenho
certeza de que esta Casa tomará todas as providências possíveis com relação a
esse fato e, mais do que isso, por isso que a gente fala, também, da questão da
regulação dessas plataformas, que também é uma responsabilidade que permite
isso.
Então, quando a
gente fala de regulação das plataformas, é exatamente nesse sentido, de que não
se permita que um irresponsável, um criminoso cometa esses fatos. Queria
prestar minha solidariedade.
Por último, eu
queria pedir para esta Mesa, para a Presidência... Nós pedimos uma instauração
de procedimento investigativo e disciplinar nesta Casa. Infelizmente é uma
coisa que não me agrada contar, mas, no dia 11/3, o carro que a gente utiliza
aqui, presidente, foi danificado.
Foi danificado,
nós prestamos queixa, a gente pediu todo o auxílio à Polícia Militar, que
prontamente colocou o vídeo à disposição, e nós pedimos uma instauração para
esta Presidência, exatamente, para apuração dos fatos. Me parece que é um
funcionário desta Casa que causou um
dano a um patrimônio público.
Então só queria
insistir, pedir... Isso foi protocolado ontem, eu queria pedir para a
Presidência tomar todas as providências no sentido de que isso não aconteça
mais. É um bem do estado de São Paulo e a gente não pode permitir que um
responsável cometa esse delito.
Muito obrigado,
presidente.
O SR. DANILO CAMPETTI -
REPUBLICANOS -
Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Só
um instante, deputado. Deputado Rômulo, realmente, isso que V. Exa. está
relatando já aconteceu comigo também. A Presidência, a Mesa tomou as
providências necessárias, e tenho certeza de que vai tomar em relação a isso.
Em relação ao que aconteceu com as
deputadas também nesse final de semana, eu tenho a informação que o presidente
estará reunido, agora, com elas, daqui a pouco, com um delegado, com um coronel
da PM, e as providências estão sendo tomadas. Com certeza, não ficará impune.
Pela ordem, deputado Danilo Campetti.
O
SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Para uma breve
comunicação, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Pois não, deputado.
O
SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - PARA
COMUNICAÇÃO - Também gostaria de me solidarizar com as colegas deputadas, com
as 24 colegas - já o fiz na sessão da Comissão de Assuntos Esportivos -, e
dizer que, realmente, a Polícia Civil empreender esforços, deputado Rômulo,
para que não fique impune uma situação inconcebível que foi feita mediante
e-mail no último sábado.
No mais, eu gostaria de agradecer às
Sras. Deputadas e aos Srs. Deputados, pela aprovação da urgência do PL 135, que
traz um pleito dos nossos irmãos policiais militares. Então fica o meu
agradecimento, que vai fazer justiça com a aprovação desse projeto.
O
SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - No mais, Sr.
Presidente, havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento dos
trabalhos.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado,
deputado Danilo Campetti. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo
entre as lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão extraordinária de amanhã, à hora
regimental, com a mesma Ordem do Dia de hoje.
Estão levantados os nossos trabalhos.
Muito obrigado a todos.
* * *
- Levanta-se a
sessão às 16 horas e 41 minutos.
* * *