4 DE ABRIL DE 2024

38ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDUARDO SUPLICY, CARLOS GIANNAZI e CONTE LOPES

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h07min.

        

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

8 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

9 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

11 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

12 - CONTE LOPES

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

13 - DONATO

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

14 - CONTE LOPES

Assume a Presidência.

        

15 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

16 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

17 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

18 - PRESIDENTE CONTE LOPES

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 05/04, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h32min.

                    

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e de Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Tem a palavra agora, no Pequeno Expediente, o deputado Marcos Damasio. (Pausa.) A Delegada Graciela. (Pausa.) Enio Tatto. (Pausa.) Paulo Mansur. (Pausa.) Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Rodrigo Moraes. (Pausa.) Rogério Santos. (Pausa.) Ricardo Madalena. (Pausa.) Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Delegado Olim. (Pausa.) Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Itamar Borges. (Pausa.) Sebastião Santos. (Pausa.) Valdomiro Lopes. (Pausa.) Rui Alves. (Pausa.)

Dani Alonso. (Pausa.) Caio França. (Pausa.) Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Leci Brandão. (Pausa.) Andréa Werner. (Pausa.) Simão Pedro. (Pausa.) Tomé Abduch. (Pausa.) Rafael Silva. (Pausa.) Dr. Elton. (Pausa.) Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Capitão Telhada. (Pausa.) Teonilio Barba. (Pausa.) Major Mecca. (Pausa.) Ana Perugini. (Pausa.) Thainara Faria (Pausa.) Alex Madureira. (Pausa.) Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) Felipe Franco. (Pausa.) Atila Jacomussi. (Pausa.)

Deputado Carlos Giannazi, tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado Reis, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia.

Sr. Presidente, olha, é inacreditável o que o governador Tarcísio de Freitas está fazendo com São Paulo. Nós achávamos que o PSDB já tinha esgotado com todo o nosso patrimônio público com as suas privatizações, com a “privataria tucana” que destruiu o patrimônio público estadual, mas não, veio algo pior. No fundo do poço, tem um alçapão, que é esse governo Tarcísio.

O governo Tarcísio acaba de anunciar, Sr. Presidente, através da Secretaria de Projetos Estratégicos, através do seu secretário Guilherme Afif, um leilão de 30 imóveis do estado de São Paulo, Sr. Presidente. Entre eles, um prédio da Segurança Pública, da Secretaria de Segurança Pública.

E pior, algo inacreditável e surreal, ele pretende leiloar, vender, um prédio do Iamspe, Sr. Presidente, do Instituto de Assistência Médica dos Servidores de São Paulo, que fica na Av. Ibirapuera.

Nós temos ali dois grandes prédios, um é o prédio do hospital, do HSPE-Hospital do Servidor Público Estadual e, ao lado, tem um prédio que tem a parte administrativa e esse prédio, que vale aproximadamente - segundo a nota aqui, Sr. Presidente -, 350 milhões de reais, será leiloado, entregue para as empreiteiras, para a especulação imobiliária.

São 30 imóveis que ele anuncia aqui, no centro da cidade, com a desculpa de que é para revitalizar o centro. Mas deputado Reis, que eu saiba, o prédio do Iamspe não fica no centro, está bem fora da área de revitalização, fica aqui no Ibirapuera, a algumas quadras, a alguns metros aqui da Assembleia Legislativa. E esse prédio é do servidor público estadual.

Até porque, hoje, o estado largou mão de financiar o Iamspe. O Estado entra apenas com 0,3%, e olhe lá, do orçamento. Então esse prédio não é do Estado. Ele pertence ao servidor público estadual, que financia o Iamspe, Sr. Presidente. É um crime de lesa pátria contra o Iamspe, não vamos permitir que esse prédio seja vendido.

Eles querem tirar a administração que fica ao lado do hospital, justamente para que as pessoas não possam ir lá reclamar, cobrar. Tanto os funcionários do próprio Iamspe, para cobrar a superintendência, como também os próprios usuários, os servidores.

Esse prédio aqui, Sr. Presidente, olhe: um prédio enorme, na Av. Ibirapuera, será vendido, está lá na redação dos 30 imóveis do governo estadual. O anúncio saiu agora, pela Rádio Bandeirantes - que eu vou mostrar aqui o vídeo -, anunciando a venda de 30 imóveis. Mas o que mais me chamou a atenção, Sr. Presidente, foi esse prédio do Iamspe, que tem 14 mil metros quadrados e tem um valor de mercado de aproximadamente 350 milhões de reais.

Nós não podemos aceitar, Sr. Presidente. Nós vamos reagir à altura, com todas as nossas forças, com todas as nossas energias, porque esse espaço é do servidor público, ele não pode leiloar.

O governador Tarcísio virou um corretor de imóveis, ele está leiloando tudo, entregando, dilapidando o que sobrou do nosso patrimônio público. A Sabesp foi privatizada recentemente, ele pretende privatizar a CPTM, o Metrô, a Fundação Casa, as zeladorias das escolas estaduais - tudo será privatizado -, mais pedágios nas Rodovias Estaduais. E agora ele vai barbarizar, Sr. Presidente.

Com essa desculpa de revitalizar o centro, ele vai entregar o patrimônio público estadual, do povo do estado de São Paulo, para os grandes grupos econômicos, para as grandes empreiteiras, ou seja, para a especulação imobiliária. E, entre esses 30, está o prédio da administração do Iamspe.

Vendendo aquele, depois fica mais fácil para ele vender o segundo prédio do Iamspe, que é o próprio hospital, Sr. Presidente. Porque o grande sonho do governo é acabar com o Iamspe, nós sabemos. Ou privatizá-lo, ou terceirizar, transformar o Iamspe em uma OS.

E ele não vai conseguir porque, do ponto de vista legal, é muito difícil de isso acontecer e porque haverá muita resistência e luta.

Então nós já estamos nos preparando, nos organizando para a grande batalha contra essa dilapidação do patrimônio público, porque esse governador virou um corretor de imóveis, mas ele não vai colocar as mãos no prédio do Iamspe, Sr. Presidente, porque, repito, o Iamspe pertence aos servidores públicos.

Depois, em um outro momento, eu passo aqui a reportagem com a fala, inclusive, do secretário de Assuntos Estratégicos, de projetos estratégicos, responsável pela privatização, que é o Guilherme Afif Domingos.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Obrigado, deputado Carlos Giannazi, sempre muito atento ao que está acontecendo com o governo estadual. Tem a palavra... Já sou? Espere aí. Ainda tem. Tem a palavra o deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Professora Bebel. (Pausa.) Aí sim passo a Presidência ao caro deputado Carlos Giannazi.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra, agora, o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna por até cinco minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Guilherme, excerto do “Painel da Folha”: informo que o Grupo Silvio Santos propõe à Prefeitura de São Paulo vender terreno para o Parque do Bexiga por R$ 80 mil.

Ora, o Grupo Silvio Santos enviou o ofício ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, do MDB, em que afirma que está disposto a aceitar uma proposta de cerca de R$ 80 milhões pela venda de terreno para a construção do Parque Municipal do Rio Bexiga. O documento é assinado pelo presidente do grupo, José Roberto dos Santos Maciel.

O terreno de 11 mil metros quadrados está localizado na região central de São Paulo. Ele tem sido objeto de disputa por mais de quatro décadas entre o Teatro Oficina e a empresa do apresentador de TV, que pretendia construir no local três prédios de uso comercial e residencial.

No documento em que a “Folha”, o “Painel”, teve acesso, Maciel afirma que é de conhecimento público que o grupo tinha projetos imobiliários no local, no entanto, escreve, as disputas judiciais nos últimos anos consumiram o dispêndio de enormes valores e adiaram a realização dos planos.

Por isso, diz o texto, o grupo estaria disposto a aceitar o valor de R$ 80 milhões pelo espaço. A gestão municipal agora deve avaliar a proposta. Instados a rever esse nosso propósito, de construir no local, e considerando-se todos os investimentos realizados, despesas incorridas e o potencial imobiliário construtivo, estamos dispostos a considerar uma proposta de venda do referido terreno em torno de R$ 80 milhões, diz o documento.

A apresentação de uma proposta com valor específico pode representar mais um passo na evolução da tratativa, já que o Grupo Silvio Santos sempre insistiu em seu propósito de desenvolver um empreendimento imobiliário no local.

Em março, a Justiça de São Paulo homologou um acordo de um bilhão de reais firmado entre o Ministério Público, a Prefeitura e a UniNove, Universidade Nove de Julho, segundo o qual 51 milhões seriam utilizados para a compra desse terreno.

A implantação do parque era um sonho do diretor José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, fundador do Teatro Oficina, que faleceu em julho de 2023. Com o apoio de intelectuais, artistas e políticos, o empreendimento imobiliário do dono do SBT foi barrado na Justiça em órgãos de preservação do patrimônio.

E entidades da sociedade civil, como a Associação de Proprietários e Protetores de Imóveis Tombados e a Sociedade Amigos e Moradores de Cerqueira César, também encamparam a luta pela instalação do parque”.

Avalio, caro deputado Reis, prezado presidente Carlos Giannazi, que há um passo importante nesta notícia, que é a disposição do Grupo Sílvio Santos em ceder o imóvel.

Outra coisa é o valor, pois eu acho que a Prefeitura terá os elementos necessários para se aquilatar qual o valor deste imóvel, que será destinado para um fim muito importante para toda a cidade, especialmente aqueles que vivem na Bela Vista, mas que está vizinha ao centro de São Paulo.

Observa-se, por exemplo, que o Parque Augusta, ali na esquina da Rua Augusta com a Rua Caio Prado Júnior, tem hoje uma presença de pessoas durante a semana, durante os finais de semana, muito significativa.

E isto significa, certamente, que, se for construído ali o Parque do Rio Bixiga, haverá a utilização muito significativa de uma nova área verde em São Paulo, que poderá proporcionar condições de bem-estar a todas as famílias que residem naquelas imediações.

Eu, de pronto aqui, não teria como avaliar se 80 milhões, solicitados agora pelo Grupo Sílvio Santos, estão muito acima do real valor daquele imóvel. Mas especialistas nesta área poderão avaliar para saber se o que Sílvio Santos está propondo está de acordo com o valor real do terreno. E a Prefeitura, por outro lado, teria algumas áreas à disposição, que poderiam eventualmente estar sendo consideradas também pelo Grupo Sílvio Santos.

Então, eu espero que logo, logo haja um entendimento e que a lei que cria o Parque do Rio Bixiga... Eu sou um dos signatários, a vereadora Luna Zarattini é outra, e diversos outros; acho que o próprio Reis também, quando vereador, foi coautor desse projeto.

Eu espero que logo, logo, ainda nesta gestão, possa o prefeito Ricardo Nunes atender a esse apelo da comunidade do Bixiga, da Bela Vista e de todos aqueles que queremos mais áreas verdes, e bem colocadas, para o lazer da população de São Paulo.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra, o deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Com a palavra, a deputada Márcia Lia. (Pausa.) Com a palavra, o deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Cumprimentar o público presente, o presidente deputado Carlos Giannazi, o deputado Suplicy, cumprimentar todos os funcionários desta Casa, os integrantes da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Penal, da Polícia Técnico-Científica, e também todos aqueles e aquelas que nos acompanham pela Rede Alesp.

Eu também estou na torcida pelo Parque do Bixiga, que é uma discussão já há um bom tempo na Câmara de São Paulo. Eu fui autor da lei que criou o Parque Municipal Morumbi Sul, e agora a prefeitura está implantando o parque, na região do Campo Limpo.

Fiquei muito feliz quando eu vi lá todo o trabalho que está sendo feito pela implantação do Parque Municipal Morumbi Sul. E, muito em breve, queremos também que a prefeitura possa implantar esse tão importante parque, que vem de uma luta de muitos anos, que o Suplicy faz parte dela, o Zé Celso (in memoriam), e muitos outros, que pode melhorar bastante aquela região do Centro de São Paulo, aquela região da Bela Vista.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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Eu quero repercutir também, presidente Carlos Giannazi, agora presidente Suplicy, a matéria que foi veiculada, pelo jornal “O Globo”, sobre a privatização da Sabesp.

Aqui o governo mandou um projeto para esta Casa, e os deputados acabaram votando. Debaixo do spray de pimenta, debaixo do gás lacrimogênio, eles acabaram votando esse famigerado projeto, sem ouvir a sociedade, sem ouvir o povo.

Mas parece que a Câmara Municipal está mais próxima do povo. A Assembleia é muito distante do povo. Por isso que eles passam o trator, não querem saber de nada. Não sei como depois eles vão lá pedir voto para o povo, para continuar aqui.

Mas eles deviam usar mais essa lógica, de ouvir a sociedade, de ouvir a população, para tomar as atitudes. E não, tomar a atitude porque o governador determinou a eles, ser empregado do governador.

Nós não estamos aqui para ser empregados do governador. Nós somos empregados do povo. Então o presidente, Milton Leite, presidente da Câmara Municipal, ele disse que projeto que viabiliza a venda da Sabesp não tem votos para ser aprovado.

Após toda a pressão feita pelo governo “Thorcísio”, porque ele está doido para bater o martelo na privatização da Sabesp, o governo “Thorcísio”, aqui na Alesp, para a aprovação do projeto de lei que autorizou a privatização da Sabesp, na Câmara Municipal, essa proposta tem enfrentado dificuldades.

Ontem, em matéria publicada pelo jornal “O Globo”, o presidente da Câmara Municipal, nosso vereador, Milton “Milk”, admitiu que não há votos para aprovar o projeto de lei que viabiliza a venda da empresa.

Milton Leite disse ao jornal que há um desconforto dos vereadores com o projeto. Por quê? Porque os vereadores estão próximos do povo. Então vai vender a Sabesp, e o povo está falando para ele: “Olha, nós não queremos que venda”.

Como foi o resultado da pesquisa do Datafolha, que disse que a população de São Paulo era contra a privatização da Sabesp. E que, a permanecer esse desconforto, ele não coloca o projeto em votação.

O próprio presidente da Casa demonstra a sua contrariedade em relação à proposta de venda da Sabesp. É que eu não sei se o governo aqui tem também emendas para dar para os vereadores.

Porque eles deram as emendas para os deputados, e os deputados correram e votaram a favor do projeto. Eu acho que as emendas do “Thorcísio” não alcançam a vereança.

Não sei. Talvez os cargos, as secretarias, o DER, Secretaria de Recursos Hídricos, talvez alcancem. Mas, as emendas, eu acredito que não. Nós vamos entregar a Sabesp para quem? Para quem vai ser vendida a Sabesp? Não se sabe, é o presidente da Câmara que está dizendo.

Ele disse ainda que é a favor da privatização - ele também é privatista -, mas não da forma como o projeto está. A matéria relembra a rapidez e a forma atabalhoada com que o projeto de lei foi aprovado aqui na Alesp, em apenas uma audiência pública.

O prefeito Ricardo Nunes encaminhou à Câmara o projeto autorizando o município a firmar novos contratos, convênios e acordos para o serviço de água e esgoto. É porque a atual legislação determina que o município só pode fazer a concessão do serviço... Porque a titularidade do serviço de água e esgoto é da prefeitura, não é do estado.

Então, só pode conceder para uma empresa pública, uma empresa do estado, uma empresa do governo, uma empresa de economia mista, uma empresa com esse caráter público, e não para uma empresa privada.

Segundo o jornal, o projeto viabiliza a venda da empresa, uma vez que permite ao município contratar a nova Sabesp para esse serviço, mas precisaria de 28 votos favoráveis entre os 55 vereadores para ser aprovado. Olha, 28 votos. Aqui era um mínimo de 48 e teve 62. Lá, com 28, está mais difícil do que aqui. O trator não está passando lá, por enquanto.

Não sabemos o que o governador “Thorcísio” vai disponibilizar depois, porque quem tem a caneta na mão, cheia de tinta, sabe como é, né? A matéria informa que o governo pretende tirar a privatização do papel em meados deste ano, mas, como há contrariedade dos vereadores, a Câmara pode atrasar o calendário.

Então, essa é a matéria da novela da privatização da Sabesp, que está se arrastando desde o ano passado, desde quando chegou aqui o governador Tarcísio, com suas mudanças, vindo do Rio de Janeiro, e se apossou aqui do nosso estado e vem com essa novela da privatização da Sabesp, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Reis. Agora tem a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputada Marina Helou. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.)

Vamos à lista suplementar. Primeiro, Delegado Olim. (Pausa.) Segundo, deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, de volta à tribuna no dia de hoje, quero dizer que hoje é dia 4 de abril e até agora, Sr. Presidente, o secretário Feder, a Secretaria da Educação, não publicou ainda o decreto para pagar o ALE, que é o Adicional de Local de Exercício dos professores, dos servidores da Educação de todo o estado de São Paulo.

O ALE é uma complementação salarial que os profissionais da Educação recebem hoje, principalmente por conta de escolas que são distantes, escolas onde tem lugares mais violentos, onde a vulnerabilidade é maior. Então, os professores recebem uma espécie de auxílio, uma pequena gratificação.

Mesmo assim, o governo não pagou. São dois meses de atraso. Esse dinheiro faz diferença, faz falta nos salários de milhares e milhares de servidores da Educação, de agentes de organização escolar, de professoras e professores, de gestores. Todos são penalizados por esse atraso, simplesmente porque o governo não publicou um decreto.

Tenho aqui, inclusive, saiu uma matéria na “Folha de S. Paulo”: “Gestão Tarcísio deixa de pagar adicional para professores em escolas vulneráveis”. É uma matéria de hoje da “Folha de S. Paulo”, e ontem saiu uma outra matéria também na TV Globo, no SPTV2, uma matéria extensa mostrando exatamente isso, esse calote do ALE.

Eu duvido, ele diz que está reorganizando o ALE, que ele ainda vai publicar o decreto. Eu duvido. Se isso acontecesse com os salários dos deputados, qual seria a reação dos deputados?

Se isso acontecesse com os salários dos juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça, se isso acontecesse com os salários dos promotores e procuradores do Ministério Público, se isso acontecesse lá com a PGE com os salários dos procuradores do estado, qual seria a reação desses segmentos profissionais?

Mas não, eles estão fazendo isso com os profissionais da Educação, que estão já com os salários arrochados, defasados. Muitos professores pegaram carga de aula menor, muitos professores estão com os pagamentos atrasados ou reduzidos. Além disso, tem a falta do pagamento do ALE. O ALE foi suspenso, isso é grave, é um atento à dignidade humana ao direito trabalhista dos profissionais da Educação.

Então, Sr. Presidente, nós estamos denunciando isso já há um bom tempo, exigindo que o decreto seja imediatamente publicado, que haja a publicação de uma folha suplementar e que esse pagamento seja feito de forma retroativa, porque são dois meses já sem o pagamento do ALE, desse adicional.

Nem são todas as escolas que têm direito, infelizmente, a esse adicional. Nós defendemos que sim, todas as escolas se enquadram nos critérios estabelecidos para a concessão desse ALE.

O governo disse que vai expandir agora para as escolas quilombolas, escolas indígenas, isso já deveria ter sido feito há muito tempo, Sr. Presidente. Eu fiz várias denúncias aqui em relação às escolas de Bombas, que são duas escolas - duas extensões de uma escola estadual, na verdade, do município de Iporanga -, onde os professores caminham por dez quilômetros durante horas numa trilha muito difícil, que tem serpentes, quando chove tem muito barro. Os professores sofrem muito e trabalham em condições extremamente precárias nessas duas escolas.

Até agora... Eu já estou há três, quatro anos vindo aqui à tribuna, fazendo ofícios, fazendo pedidos à Secretaria de Educação, e nunca eles receberam o ALE. Vão ter que receber. Se o governo vai realmente incluir as escolas quilombolas, essas escolas de Iporanga, Bombas de cima e Bombas de baixo, vão ter que receber o ALE, Sr. Presidente.

E mais: nós também estamos exigindo que os agentes de organização escolar tenham o mesmo valor do ALE dos professores e dos diretores, das diretoras, porque eles também estão lá na escola, eles ficam o dia todo.

Eles têm o mesmo direito de receber o mesmo valor e não um valor reduzido. Então, mais uma vez, Sr. Presidente, nós queremos repudiar esse comportamento do secretário Renato Feder, dessa secretaria que está destruindo a Educação do estado de São Paulo.

Nós estamos vivendo o genocídio da Educação: professores sem ALE; professores sem aulas; professores sem salários; a máfia das plataformas digitais, que estão acabando com a autonomia pedagógica dos nossos professores; professores de categoria “O” sem direito ao Iamspe e ao INSS, porque o governo não está dando explicações sobre para onde ele está enviando o dinheiro que ele desconta nos holerites dos professores de categoria “O”, que são mais de 100 mil professores nessa situação; escolas sem material, escolas sem climatizadores, sem aparelhos de ar condicionado.

Nós tivemos agora no início do ano, deputado Reis, 30 mil professores demitidos. Foi a maior demissão em massa do funcionalismo público da história do Brasil, não de São Paulo. Trinta mil, de uma vez só, ficaram desempregados.

São professores com 20, 30 anos de experiência que ficaram de fora, porque o governo mudou os critérios na atribuição de aula, então esses professores foram todos penalizados e os que conseguiram aulas também conseguiram em outras escolas.

Então, houve um desmonte dos quadros de professores das escolas estaduais. Essas escolas estão tendo que reconstruir os seus projetos pedagógicos com novos professores, porque o processo de atribuição de aulas destruiu uma boa parte da nossa rede estadual de ensino. Então, é isso que vem acontecendo, mas nós exigimos que o ALE seja pago em caráter de extrema urgência, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Deputado Reis, eu inverto com Vossa Excelência. Seria eu, mas, para facilitar, primeiro o deputado Reis.

 

O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Suplicy, eu retorno a esta tribuna para repercutir matéria da “Carta Capital”, que fala dos assessores, do exército de assessores da Secretaria de Segurança Pública, que é maior do que o efetivo da Polícia Militar em cerca de 91% da cidade de São Paulo, o efetivo que o secretário levou para cuidar da Secretaria de Segurança Pública.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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Eu até tenho dito que a Secretaria não é mais de Segurança Pública, e sim uma secretaria da Polícia Militar. Teríamos que criar a Secretaria da Polícia Civil, não é? Agora, a matéria diz que lá tem mais policiais militares do que em 91% da cidade de São Paulo.

Bom, é fato que há muito que a gente vai analisando que o Estado, a Secretaria de Segurança Pública está reduzindo os efetivos nas cidades do interior. A gente percebe isso.

“Guilherme Derrite tem a sua disposição efetivo de assessores policiais militares que supera o contingente empregado pela Polícia Militar em quase 600 municípios paulistas. Levantamento obtido pelo jornal ‘Folha de São Paulo’ indica que Guilherme Derrite tinha, em novembro passado, 241 auxiliares PMs, esse é o número mais recente sobre o staff do secretário. Um ano antes, 183 policiais desempenhavam essa função.

Apenas 57 das 645 cidades paulistas têm um contingente superior ao exército de capitães de Derrite, segundo dados levantados pela reportagem, por meio da Lei de Acesso à Informação. Antes, as assessorias incluíam apenas militares responsáveis pela segurança do secretário, de seus familiares e da sede da pasta”.

Está correto. O secretário tem que ter segurança, tem que ter escolta. Não é? Isso não está errado. Porque imagina, com toda essa operação que ele fez, a Operação Verão, e agora a Operação Outono, depois vem a Operação Inverno, depois a Operação Primavera, imagine sem ter segurança, os riscos que o secretário corre.

Então. ele sim, tem que ter segurança, a família dele tem que ter segurança, como tem o governador, o prefeito de São Paulo, o presidente da Câmara Municipal.

Há um efetivo de mais de mil policiais para cuidar dessas questões, do Tribunal de Justiça, da própria Assembleia Legislativa. Agora, ele deu uma encorpada maior do que os antigos secretários, para ter essa quantidade de policiais naquele prédio ali da Secretaria de Segurança Pública. Na gestão Tarcísio de Freitas, porém, os policiais militares foram nomeados para funções diversas, incluindo especialista em postagem de imagem nas redes sociais.

Esse é o problema. O secretário, ele é da internet. Ele é da rede social, então ele precisa de gente para ficar filmando ele. Não é cuidar da segurança dele, é o que está dizendo a matéria. Onde ele vai, vai todo mundo filmando, em tempo real.

Eu até acho que quando aprovar o projeto que eu apresentei aqui, deputado Carlos Giannazi, onde todos vão ter que usar uma câmera, ele não vai precisar mais disso, porque ele vai estar com a câmera no corpo.

O secretário vai estar com a câmera no corpo, o governador vai estar com a câmera, o desembargador, os deputados, as deputadas. Por exemplo, hoje estou eu, o deputado Carlos Giannazi e o deputado Eduardo Suplicy. Onde estão os demais deputados? Com a câmera era possível em tempo real a gente saber onde cada um está, o que está fazendo, onde está fazendo.

Então, essa é a ideia das câmeras para todo o funcionalismo público. E lá eu vi no “Metrópolis”, lá na matéria, as pessoas. Teve um lá que escreveu: “Começa pelo senhor”. Não, vai começar por mim mesmo. Vai começar por mim, eu vou ser o primeiro. Assim que a lei for aprovada e sancionada, eu vou ser o primeiro a sair com a câmera, a usar ela, porque é para todos.

A câmera corporal para o funcionalismo público é para todos, até o governador, o desembargador, o procurador de justiça, esses que a gente precisa acompanhar o que que eles estão fazendo.

Então nós vamos acompanhar em tempo real. Vamos acompanhar ali “full time”. Então a notícia traz isso, que houve um aumento porque tem essas pessoas que são especialista em postagens, em imagens nas redes sociais, tipo de serviço que prevê gratificações extras.

Ao todo, o estado de São Paulo conta com 13 assessorias. Em novembro passado, eram mais de 900 policiais que faziam a segurança dos prédios e de agentes públicos da Prefeitura da Capital, do Tribunal de Justiça, da Assembleia Legislativa, da Câmara Municipal.

Em outra ponta, o secretário prepara um projeto de lei que pode aposentar 40% da cúpula da PM que resiste ao avanço da politização nos principais postos da corporação, segundo revelou a “Folha”. É que aqueles coronéis mais, vamos dizer assim, experientes também não são a favor desse negócio de ficar filmando, de rede social, porque isso não é coisa de polícia.

Isso não é atividade de polícia. Esses ele quer mandar para a reserva. Atualmente o oficial é obrigado a ir para a reserva quando atinge 62 anos ou ao completar cinco anos no posto de coronel.

O projeto então altera a regra para permitir a transferência para a reserva de oficiais que tiverem ao menos dois anos no posto e que tenham sido declarados aspirantes em data anterior ao comandante geral ou subcomandante.

Enquanto houve aumento na equipe de auxiliares de Derrite, o restante do Estado viu o efetivo da PM diminuir praticamente em todas regiões, incluindo a Baixada Santista, alvo da Operação Verão.

Lá, o efetivo caiu de 3.054 PMs, em novembro de 2022, para 2.902, ao final de 2023, uma redução de cinco por cento. Só no batalhão de Santos, que é o 6º BPM/I, o corte foi de dez por cento.

Então eu não sou contra que o secretário tenha a sua escolta, tenha a sua segurança, que o prefeito de São Paulo tenha, que o presidente da Assembleia tenha, que o governador... Eu acho que eles têm direito sim a essa segurança, essa escolta, mas o erro é só cuidar deles e não cuidar do povo.

Tem que ter segurança para eles, mas tem que ter segurança para o povo. Os concursos já teriam que ter sido feitos, os policiais já deveriam ter sido contratados e essa recomposição do efetivo já deveria ter sido feita desde quando o governador sentou na cadeira, porque ele fica culpando o governo anterior.

“Ah, mas eu sentei agora”, mas já está no décimo quinto, estamos indo para o décimo sexto mês e as coisas não acontecem. A segurança deles está garantida? Está. Nós precisamos que se garanta a segurança do nosso povo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Giannazi, há uma matéria hoje bastante significativa na “Folha de S. Paulo” sobre o acolhimento a moradores de rua com transtornos mentais e o uso de drogas que, segundo um estudo, está com diversas falhas. Matéria de Mariana Zylberkan.

Os serviços sociais voltados aos moradores de rua, na cidade de São Paulo, têm falhas principalmente em relação ao atendimento de perfis mais complexos. Esse grupo inclui pessoas que sofrem de transtornos mentais ou que têm histórico de uso abusivo de álcool e drogas, considerado o público mais resistente a acolhimento e, portanto, mais frequente nas ruas.

A conclusão consta em relatório elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, contratada no final do ano passado pela gestão do prefeito Ricardo Nunes para avaliar as políticas municipais direcionadas aos sem-teto. O estudo embasa um projeto piloto da Prefeitura para criar novo modelo de gestão dos serviços.

O atendimento a públicos que fogem à média da população em situação de rua, tais como crianças, adolescentes ou pessoas com questões agravadas de saúde mental, que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas, ou ainda estratégias criadas para intervenções em territórios específicos ficam prejudicados, diz o documento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP.

A falha está no modelo de contratação praticado pelo poder municipal, em que os incentivos são para o atendimento padronizado, induzindo um baixo nível de customização do atendimento, segundo os pesquisadores da Fipe.

Na rede assistencial, pessoas com histórico de violência e consumo de drogas e álcool são marcadas em uma lista de restritos e deixam de ser atendidas nos equipamentos, segundo o secretário executivo de produtos estratégicos Edson Ortega, responsável, dentro da gestão municipal, pelo tema Cracolândia.

É preciso criar uma nova forma de lidar com esse público, seja em uma ala ou dormitório separado, por exemplo. As entidades contratadas têm que ter melhores condições de lidar com esses públicos mais complexos, diz o secretário.

Segundo ele, o projeto piloto não prevê, necessariamente, a criação de um novo serviço, mas a elaboração de mecanismo dentro da rede assistencial de como lidar com pessoas que fogem do perfil comum de acolhidos.

Candidato à reeleição no pleito previsto para outubro, neste ano, Nunes deve enfrentar questionamento sobre o aumento da “pop rua” nos últimos anos, na cidade. A presença de pessoas vivendo nas ruas foi considerada uma questão para 93% dos moradores do centro da cidade de São Paulo, muito acima da média, 68% registrado nas demais regiões da Capital, apontou pesquisa Datafolha sobre os problemas e prioridades do município no último dia 16.

Ortega afirmou que a melhora no atendimento a esse perfil, chamado por ele de “complexo”, é tema de conversas desde o fim do ano passado com as entidades contratadas pelo município para prestar o serviço.

Os gestores argumentam que as pessoas classificadas como “restritas” causam desordens nos centros de acolhida e provocam conflitos com os demais frequentadores. “E, dessa forma, não atendemos quem está na rua e fica pouco tempo nos equipamentos,” diz Ortega.

Apesar de o perfil em questão ser mais frequente na Cracolândia, o nome da cena aberta de uso de drogas no centro de São Paulo, o projeto piloto irá se estender a moradores de rua de toda a cidade. O secretário reconhece falhas no atendimento à população: “É possível avançar mais para ter mais sucesso”, diz.

O senso da população de rua divulgado pela prefeitura em janeiro de 2022 apontou que em 2021 60% dos entrevistados afirmaram preferir as calçadas aos centros de acolhimento. A mesma resposta foi dada por 52% da população abordada em 2019.

A dependência de álcool e outras drogas foi apontada por 29,5% dos entrevistados como o principal motivo para estarem nas ruas, à frente de perda de trabalho e renda, declarado por 28,4 por cento.

Em primeiro lugar, os conflitos familiares foram citados por 34,7 por cento. Outro problema no atendimento aos moradores de rua apontado no relatório da Fipe é a falta de metas em relação à chamada “saída qualificada”, quando os beneficiários do serviço recuperam a autonomia e deixam as ruas ou os centros de acolhida.

Segundo o estudo, os pagamentos às entidades contratadas pela Prefeitura devem estar atrelados a uma taxa de sucesso por ano, um percentual de pessoas atendidas que conquistam a capacidade de gerar renda e manter seu sustento. Atualmente, os repasses são feitos mediante os atendimentos.

Em cálculo preliminar, o relatório apontou que, em 2023, a gestão municipal gastou, em média, R$ 16.428,17 por vaga ou unidade de atendimentos a moradores de rua, o que representou custo de R$ 656,2 milhões dividido em 35 serviços e programas nas áreas de assistência social, saúde e habitação.

Não há também, segundo os pesquisadores da Fipe, um padrão na tabulação de informações dos atendimentos e nem o compartilhamento em um sistema único. "Na assistência social, os vários sistemas existentes, seu funcionamento baseado na lógica do registro de atividades e as mudanças de sistema de registros, deixaram sob a discricionariedade de cada unidade de atendimento o registro da pessoa ou do caso atendido", diz trecho do relatório.

O estudo sugeriu que a gestão municipal inclua entre os indicadores a serem avaliados na prestação de serviços o aumento da renda e do nível de escolaridade, o restabelecimento de vínculos familiares, a qualificação profissional, a redução de uso de drogas e álcool, a regularização de documentos pessoais e a autonomia de moradia.

O projeto, além disso, prevê a criação de parâmetros condicionantes a parte dos repasses às entidades, como a razão entre o número de atendidos e de pessoas que deixaram as ruas, número de atendidos que retornaram para as calçadas, entre outros.

Eu quero acrescentar que, para a solução dos moradores em situação de rua, segundo a própria avaliação deles, será muito transformada no dia que se estabelecer a renda básica de cidadania universal para toda a população.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Encerrado o Pequeno Expediente.

 

* * *

           

 - Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. CONTE LOPES - PL - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Como vice-líder do PL, falar pelo Art. 82, por gentileza.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pois não, deputado Conte Lopes. Com a palavra pelo Art. 82 do Regimento Interno.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, na última segunda-feira, estivemos no Palácio dos Bandeirantes, em uma reunião com o governador Tarcísio de Freitas e com toda a base.

O governador, demonstrando o trabalho que está fazendo junto ao Governo do Estado de São Paulo... A melhora da Segurança, a ferrovia Campinas-São Paulo, o túnel Santos-Guarujá. Demonstrando realmente que está trabalhando muito por São Paulo e está havendo uma boa receptividade da população.

Nas pesquisas, o nosso governador está muito benquisto. Às vezes alguns até falam, já se precipitam: “Olhe o nosso presidente”. A gente sabe que não é bem assim. Tem hoje mais trabalho, não é verdade? Mas não deixa dúvida de que ele está trabalhando, está batalhando.

A gente vê alguns erros do governo federal, por exemplo. O governo federal importa leite da Argentina, do Uruguai, da Nova Zelândia, que lá é subsidiado, chega aqui pela metade do preço e praticamente ferra os produtores de leite do Brasil.

Então, vejam, o próprio Zema lá em Minas Gerais, semana passada, se reuniu com os produtores de leite para tentar resolver esse problema, que estão falindo, e é o pessoal até que o PT apoia, o pequeno produtor.

Estão sofrendo, estão parando de trabalhar porque ninguém consegue suportar a importação do leite que vem, o que se paga e o que se recebe, é impossível. Então são erros que estão acontecendo, que deveriam ser melhor analisados.

Mas aqui, com relação ao governo de São Paulo, acabou a Operação Verão. Bom, primeiramente, como policial há mais de 50 anos, eu acho que a gente nunca usou esse nome “operação”.

Acho que a polícia tem que estar trabalhando onde o crime está. Precisou descer para a Baixada? Desça. Precisa ir para Campinas? Vai. Para a zona norte, zona leste, isso é o trabalho da polícia.

E, obviamente, quando o governador e o secretário Derrite mandam mais 340 homens para o litoral, deve melhorar o policiamento lá. A gente vê muitas críticas aqui sobre a operação da polícia no litoral, só que o litoral estava dominado pelo crime, a bandidagem tinha tomado conta, a bandidagem estava matando policiais aposentados, até desarmados, por matar. Matam por matar. Não é verdade? Então é necessária a atuação, é necessário que realmente se favoreça o trabalho da polícia.

São Paulo não é o Rio de Janeiro. Nós vimos semana passada, no Rio de Janeiro, um camarada que morreu, ele, a mulher e um bebezinho de sete meses. O que fez o cara? O cara simplesmente deu uma de policial, que ele era policial militar, e ligou para o traficante para entregar um dedo duro, um informante da polícia.

O traficante... Até entenderam, pagaram R$ 11 mil e marcaram que ele fosse receber os outros. Ele começou a cobrar para receber os outros, que o resto dos amigos dele, da polícia, estavam cobrando.

Aí o bandido descobriu que ele não era policial porcaria nenhuma e ele deve ter ido com a mulher e com o filhinho de sete meses, acreditando que os bandidos iam ficar com dó dele, só pode ser isso. O que os bandidos fizeram? Mataram ele, a mulher e o bebê de sete meses. Bandido é assim.

Então não adianta a gente ouvir mãe de bandido, mulher de bandido. Não adianta. Primeiro, não vale nada, não vai entrar nos autos, em nenhum julgamento o juiz vai chamar a mulher de bandido, o pai, o avô, isso não tem nada a ver, quem participou da ocorrência.

“Ah, estamos denunciando não sei o quê”. Não, denuncia, chama aqui e vamos denunciar. Na verdade, na Baixada, a polícia agiu e o povo gostou, o povo aplaudiu. Qual é o povo?  O cidadão de bem, o trabalhador, o sorveteiro, o comerciante, o morador da Baixada, que tempos atrás estava à mercê do crime.

E a polícia tem que continuar trabalhando lá, porque tem muito bandido no litoral ainda, principalmente através do Porto de Santos, que não consegue impedir o tráfico de drogas. Está na hora de melhorar aquilo lá.

Agradeço, Sr. Presidente.

Obrigado.

 

O SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - Você pode me conceder a palavra pelo Art. 82?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o deputado Donato pelo Art. 82 do Regimento Interno.

 

O SR. DONATO - PT - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos que nos acompanham pelas redes sociais da Alesp, o que me traz aqui é uma indignação com a postura da CDHU, essa companhia estadual responsável pelos projetos habitacionais do Estado.

Eu tenho apresentado algumas demandas, não minhas, naturalmente, do povo que a gente procura representar bem. E, infelizmente, a gente tem um descaso grande.

Eu já estive na CDHU em uma reunião muito ruim, no fim do ano passado, com o presidente Iapequino, sobre uma área, que é a Vila Nova Esperança, ali no Butantã, que tem uma ação, um TAC antigo, de 2013, que previa a reintegração da área, um TAC promovido pelo Ministério Público do Meio Ambiente.

Depois de muitas conversas, negociações, o próprio Ministério Público do Meio Ambiente recuou da sua posição de retirada das famílias e pediu, com o parecer do Caex, que é o órgão técnico do Ministério Público, a urbanização da área, e não a retirada das famílias. Mas o CDHU insiste nessa política de retirada das famílias, de forçar uma adesão a um programa habitacional de CDHU.

Enfim, a gente continua batalhando. Estivemos novamente no Ministério Público esta semana, estaremos com a Procuradoria Geral do Estado, pedimos reunião na Secretaria do Meio Ambiente. E vamos continuar defendendo a demanda dessas famílias lá da Vila Nova Esperança, no Butantã.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

 

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Eu também estou acompanhando a situação de São Sebastião, presidente. Estive lá há alguns dias, acompanhado e ciceroneado pelo Fernando Puga, que é uma grande liderança, grande referência, pessoa com muito espírito público, muito comprometida com a cidade, e principalmente com aqueles mais pobres. E a gente vê que São Sebastião, é evidente, teve avanços da ação do governo do Estado, mas não é tudo aquilo que está na propaganda do governo.

Tem muita gente que ficou para trás. Tem dezenas de famílias na Vila de Passagem, ali na Topolândia, em condições subumanas de habitação. São residências provisórias, que no calor é impossível ficar dentro, num ambiente insalubre: tem surto de sarna nas crianças, tem uma série de problemas.

E um abandono, tanto por parte da Prefeitura de São Sebastião, e uma falta de perspectiva da moradia definitiva. Apesar de o Estado ter construído alguns conjuntos habitacionais na Baleia Verde e num outro território ali, existem apartamentos vazios e existem pessoas em condições subumanas.

A gente está pedindo uma reunião com o CDHU para discutir sobre isto: qual a perspectiva para aquelas famílias? E sem resposta. Já pedimos essa reunião há muito tempo, e não tem agenda. Eu não tenho nenhum prazer em falar com o Sr. Iapequino; queria dizer bem claro aqui.

Não tenho nenhum prazer em falar com ele. Mas eu tenho a obrigação de representar o povo que precisa ter um diálogo com o CDHU. E eu vou lá, eu quero poder estar conversando com o Sr. Iapequino, não para tomar cafezinho, não para tapinha nas costas, mas para resolver problemas da população. Infelizmente, ele não me atende; vou ter que ir a instâncias superiores e fazer essa denúncia aqui, nesta tribuna.

Da mesma forma, lá no próprio município de São Sebastião, tem uma área de risco muito grave, que se chama Morro do Esquimó, com centenas de famílias em condições precárias e sem nenhum atendimento.

Isso não aparece na propaganda do governo do Estado. Estive lá: a situação de fato é muito precária e precisa de uma intervenção do governo do Estado, inclusive para evitar tragédias maiores.

Lá na Vila Açaí, estão se fazendo encostas, tem a sirene. Lá foi o acidente mais grave. Mas tem outras áreas de São Sebastião que podem sofrer acidentes parecidos. O Morro do Esquimó é uma delas. E a gente não vê a ação do Estado, nem da prefeitura.

Então, a gente quer fazer esse alerta público aqui e cobrar que o CDHU possa nos receber para discutirmos questões concretas da população. Na última vez em que estive lá, por exemplo, levei moradores do conjunto do CDHU do Valo Velho, ali na periferia sul de São Paulo, divisa com Itapecerica, praticamente.

Tem problemas de manutenção no prédio; o CDHU argumenta que não é de responsabilidade deles, os prédios são antigos. Mas eles se comprometeram a fazer uma vistoria técnica. São seis meses já, e até hoje nada de vistoria técnica, nenhum retorno.

Então, essa postura é lamentável, é uma postura de quem não tem espírito público, de quem não merece estar ocupando esse espaço, em qualquer governo. E o curioso é que é a mesma turma que estava no governo passado.

O presidente virou diretor, e o diretor virou presidente do CDHU. Teve uma dança das cadeiras das mesmas pessoas. E eu lamento que as práticas continuem muito ruins.

A gente está aqui para dar ciência a esta Assembleia e dizer que a gente não vai desistir, vai ficar em cima. Porque a população precisa de respostas, mesmo que seja um “não”, mas um “não” bem explicado.

Isso é o mínimo a que a população tem direito. Mas ela tem direito a uma vida digna. E a gente vai continuar lutando para que o órgão que cuida da Moradia em São Paulo pense na moradia das pessoas que precisam dela.

É isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Agradecemos as palavras do nobre deputado Donato. Passamos ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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Nobre deputada Carla Morando. (Pausa.) Nobre deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Nobre deputado Gerson Pessoa. (Pausa.) Nobre deputado e sempre senador Eduardo Suplicy. Vossa Excelência tem o prazo regimental de 10 minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, eu gostaria de fazer uma reflexão sobre a população em situação de rua na cidade de São Paulo.

Segundo estimativa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, feito pela Universidade Federal de Minas Gerais, pelo organismo Polos, há 68 mil 184 pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo, um crescimento altíssimo nos últimos anos.

É necessário proporcionar possibilidades de superação da situação de rua. Isso acontece por meio da intersetorialidade e transversalidade.

Assim, eu defendo principalmente políticas de transferência de renda, como a renda básica de cidadania universal e incondicional, que já é lei e, quando aplicada, trará autonomia e liberdade real às pessoas.

Acredito também em políticas voltadas à moradia e empregabilidade. Os dados do Censo do IBGE apontaram 675,8 mil imóveis sem ocupação permanente na cidade, 10 vezes mais do que pessoas em situação de rua. É de extrema urgência que se invista em moradia para pessoas sem lar e em moradias precárias. Além disso, há muitas denúncias de violação dos direitos das pessoas em situação de rua.

Como, por exemplo, a retirada de barracas e outros pertences, conhecida como “rapa”. Também há muitas denúncias sobre as condições dos Centros de Acolhida da Prefeitura. Meu mandato tem recebido com frequências essas denúncias. Junto à minha equipe, tenho procurado fiscalizar os serviços, e dar suporte às pessoas vítimas de violações.

Também tenho acompanhado a implementação da decisão do ministro Alexandre de Moraes, referendada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, que ordenou a proibição de remoções forçadas de pessoas em situação de rua, e de seus bens e pertences pessoais.

Essa decisão veio a partir da APDF 976 que, no pedido central, requereu que o Supremo Tribunal Federal determine, aos três níveis de governo, federal, estaduais e municipais, e aos demais poderes, que adotem providências para atender a população que vive de forma desumana nas ruas.

Durante os meus mandatos na Câmara Municipal de São Paulo, desenvolvi cinco projetos de lei direcionados à população em situação de rua, com alguns aprovados e outros em tramitação.

Na Câmara Municipal, pude aprovar a Lei nº 17.252, de 2019, referente ao PL 145, de 2018, que “Consolida a Política Municipal para a População em Situação de Rua e institui o Comitê Intersetorial da Política Municipal para a População em Situação de Rua”.

Trata-se de legislação que aborda diversos temas, como Assistência Social, Direitos Humanos, Moradia, Saúde, Trabalho e Renda, Educação, Criança e Adolescente, Participação Social, Zeladoria Urbana, Violações de Direitos, e diversas políticas transversais, como a criação de banheiros, bebedouros, por exemplo.

Foi recentemente regulamentada, mas ainda não foi implementada. Tenho acompanhado para que a Prefeitura cumpra essa importante lei. Destaque para a cota de 2% de pessoas em situação de rua nas vagas de emprego encontradas com a prefeitura com mais de 120 dias.

Também a Lei nº 17.923, de 2023, PL 253, de 2021, dispõe sobre a política municipal de atenção às crianças e adolescentes em situação de rua e na rua da cidade de São Paulo. Esta lei segue ainda sem regulamentação.

Também a Lei nº 17.196, de 2019, que altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007, para incluir no calendário de eventos da cidade de São Paulo o Dia Municipal de Luta da População em Situação de Rua.

E temos projetos em tramitação na Câmara, como o 26, de 2017, que apresentei junto com Juliana Cardoso, Alessandro Guedes, Soninha Francine, Luana Alves, Erika Hilton, Silvia da Bancada Feminista e Luna Zarattini, que dispõe sobre os procedimentos e o tratamento à população em situação de rua durante a realização de ações de zeladoria urbana. Aprovada em primeira votação, feita a minuta do texto substitutivo juntamente com os movimentos, a DPE e o MP, aguardando diálogo com o Executivo.

E o PL 49, de 2021, com Toninho Vespoli, que dispõe sobre a proibição de artifícios arquitetônicos destinados a impedir a permanência de pessoas em espaços públicos, ou capazes de causar desconforto, ofender ou provocar injúria física em praças públicas, viadutos, passarelas, marquises e prédios da administração pública municipal direta, autárquica ou fundacional. Também o Projeto de lei nº 49, de 2021, já foi aprovado em primeira votação, aguardando diálogo com o Executivo.

Na Alesp, tenho feito parte de cinco frentes parlamentares: pela implementação da renda básica de cidadania junto ao governo federal, em busca da renda básica universal e incondicional, juntamente com a deputada Marina; a Frente Parlamentar em Defesa da População em Situação de Rua, em que estamos analisando propostas a serem apresentadas, além de cobrar a regulamentação da Lei 16.544, Política Estadual de Atenção Específica para a População em Situação de Rua; e a Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, em que um dos pontos abordados é a questão da cannabis medicinal como forma da superação da dependência do crack, por exemplo.

Meu esforço junto ao governo federal tem sido com respeito ao grupo de trabalho para a transição e implementação da renda básica de cidadania. Após a minha sugestão, o presidente Lula criou um grupo de trabalho que tem se reunido para avaliar a melhor forma de implantação da RBC. Este grupo de trabalho tem agido em conjunto com a Frente Parlamentar Estadual.

Além disso, no âmbito federal, estou acompanhando a recente Lei nº 14.821, de 2024, Política de Trabalho Digno e Cidadania, e a Lei nº 14.489, de 22, a alteração do Estatuto das Cidades, que combate a arquitetura hostil, conhecida como “Lei Padre Júlio Lancellotti”.

Estudo do Instituto Fome Zero de março de 2024 mostra que 13 milhões de pessoas deixaram de passar fome no Brasil e 20 milhões de pessoas deixaram de sofrer de insegurança alimentar moderada em 2023, o que significa uma redução de 30% da insegurança alimentar total - grave mais moderada - no país.

Entretanto, ainda há 20 milhões de brasileiros no mapa da fome. O “Bolsa Família” tem ajudado na diminuição desses dados. Tenho a convicção de que a renda básica de cidadania constitui uma ferramenta que acelerará a redução da fome em nosso País.

Eu estive em visita ao projeto “Pão do Povo da Rua” no dia 21 de março último, a convite da Katiuska, Ricardo Frúgoli e Ricardo Mendes. Trata-se de um projeto que oferta alimentação e capacitação, com geração de trabalho, emprego e renda para pessoas em situação de rua. Considerei o projeto formidável, porque atua fortemente no combate à fome e na capacitação de pessoas em situação de rua.

Duzentos e oitenta pessoas têm sido capacitadas por ano, nas áreas de panificação e confeitaria. Trinta trabalhadores fixos, a maioria com trajetória de rua, e, por mês, o projeto tem entregue 22 mil cafés da manhã, 11,7 mil almoços, em parceria com o projeto “Rede Cozinha Escola”, com kits para o jantar e cestas básicas.

Só para conferir, esse projeto entrega 22 mil cafés da manhã, 11,7 mil almoços, em parceria com o projeto “Rede Cozinha Escola” e kits para jantar e cestas básicas. Amanhã eu apresentarei um relato da primeira reunião do grupo de trabalho pela implementação da renda básica, em conjunto com a Frente Parlamentar pela Renda Básica e com o conselheiro.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Agradecemos a palavra o nobre deputado Suplicy.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr. Presidente. Eu gostaria de utilizar a tribuna pelo Art. 82 do Regimento Interno, pela Liderança do Psol.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Pela ordem, nobre deputado Carlos Giannazi. Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Sr. Presidente, deputado Conte Lopes, hoje é dia quatro de abril. Até o exato momento, o governador Tarcísio de Freitas afronta a legislação, não encaminhando, Sr. Presidente, o reajuste da data-base dos servidores do estado de São Paulo, afrontando a lei estadual aprovada aqui no plenário da Assembleia Legislativa, a Lei nº 12.391, de 2006, e afronta e viola também o Art. 37 da Constituição Federal, que obriga todos os entes federativos a darem a reposição das perdas inflacionárias para os seus respectivos servidores públicos.

Então, o governador está afrontando, violando duas leis, a lei estadual que eu acabei de citar, aprovada inclusive aqui no plenário da Assembleia Legislativa, em 2006, e o Art. 37 da Constituição Federal.

Então, a data-base do funcionalismo estadual é no dia primeiro de março. Nós já estamos no dia quatro de abril, e até agora não teve nenhum tipo de reajuste. O governador não sinalizou, não apresentou o reajuste do funcionalismo público como um todo, do estado de São Paulo.

E também, Sr. Presidente, o governo faz o mesmo com o Piso Nacional do Magistério aqui de São Paulo. Há uma lei aprovada em 2008, no Congresso Nacional, sancionada pelo presidente da República na época, e confirmada pelo Supremo Tribunal Federal.

Me refiro aqui a Lei Federal nº 11.738, que é a lei do Piso Nacional, e houve o reajuste agora em janeiro. E o governo estadual não deu ainda o reajuste para o Magistério estadual, que continua com os salários defasados e arrochados, presidente.

Então, são duas afrontas à legislação. A data-base, que foi no dia primeiro de março. Repito, hoje é dia quatro de abril. Até agora nada. O governador não apresentou o reajuste de, no mínimo, a reposição das perdas inflacionárias. De um outro lado, o piso nacional. O governo não deu o piso ainda, não pagou o piso que já foi reajustado em janeiro, Sr. Presidente.

Então são quatro meses já, três, quatro meses que nós não temos o reajuste do piso do Magistério, que devem ser estendidos esses reajustes que eu citei aos aposentados e pensionistas que estão amargando também a defasagem nos seus proventos e nas suas pensões, nas suas aposentadorias e nas suas pensões.

Então, agora eu acionei já o Ministério Público Estadual, eu já acionei o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo porque o governo está cometendo improbidade administrativa.

Ele está afrontando a legislação. Ele está cometendo um crime, na verdade, não cumprindo essa legislação. Nem a data-base do funcionalismo como um todo e nem o reajuste do piso nacional.

Então eu queria fazer esse registro, Sr. Presidente, que eu já acionei o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e também o Ministério Público Estadual para pressionar, para obrigar o governo estadual a dar o reajuste salarial de todos os servidores do estado de São Paulo.

Espero que tanto o Ministério Público como o Tribunal de Contas tomem as providências cabíveis contra essa omissão. O governo está prevaricando. O governo, repito, comete crime de responsabilidade.

Também, Sr. Presidente, eu quero cobrar do governo estadual que ele faça o encaminhamento, em caráter de extrema urgência, do projeto de lei complementar que vai regulamentar a PEC que nós aprovamos aqui na Assembleia Legislativa.

Era a PEC 2, que virou a Emenda Constitucional nº 51, isso em 2022, que regulamenta, na verdade, a Polícia Penal. Nós, inicialmente, em 2019, tivemos a aprovação da Polícia Penal, da PEC da Polícia Penal no Congresso Nacional, que virou a Emenda nº 104, de 2019.

Em seguida, os estados se organizaram e aprovaram as suas respectivas polícias penais, regulamentaram, primeiro, mudando as suas respectivas Constituições Estaduais e, depois, regulamentando essas emendas que foram aprovadas.

Só que aqui em São Paulo, Sr. Presidente, que foi um dos últimos estados a aprovar a PEC da Polícia Penal, até agora, hoje é dia 4 de abril de 2024, e até agora o governo Tarcísio só tem dado um “passa-moleque”, Sr. Presidente, nos policiais penais, que estão esperando até agora o envio do projeto de lei.

Porque nós poderíamos apresentar, V. Exa. poderia apresentar, eu, mas daí daria vício de iniciativa. Então nós não teríamos êxito nessa empreitada. Então o projeto nesse caso que regulamenta a Emenda Constitucional nº 51, a emenda estadual, só pode vir do governo estadual.

Ele tem que enviar em caráter de extrema urgência. Semanalmente, eu tenho apelado ao governo, Sr. Presidente, para que isso ocorra, porque o governo tem usado a não regulamentação para não dar reajuste digno aos servidores da Polícia Penal, como já aconteceu no ano passado, em que ele deu em média 20% para os servidores da Segurança Pública e apenas 6% para os servidores do sistema prisional.

Olhe só, dando essa argumentação, utilizando a argumentação de que não houve ainda a regulamentação da Polícia Penal. Mas eles são policias penais, a PEC já foi aprovada. E pelo jeito o governo deve estar demorando para encaminhar para utilizar o mesmo artifício, para continuar não dando um reajuste digno para os servidores do sistema prisional.

Então eu também já acionei o Tribunal de Contas e o Ministério Público Estadual, porque o governo está afrontando. Ao não encaminhar o projeto da lei orgânica da regulamentação da PEC da Polícia Penal, Sr. Presidente, ele está afrontando duas leis: a Emenda Constitucional aprovada aqui no plenário, a nº 51, de 2022, e a federal, Emenda à Constituição nº 104, de 2019. Então são duas leis, duas emendas à Constituição que o governador Tarcísio de Freitas está violando, está afrontando, ao não encaminhar o projeto para que seja aprovado aqui na Assembleia Legislativa.

Por fim, Sr. Presidente, esse projeto, quando chegar aqui, nós temos que incorporar à Polícia Penal vários outros segmentos, trabalhadores e trabalhadoras que trabalham no sistema penitenciário, como os motoristas, que o governo insiste em deixar de fora.

Mas se o governo não mandar o projeto incluindo os motoristas, nós vamos reagir e vamos apresentar emenda aqui na Assembleia Legislativa. Os oficiais administrativos devem ser incluídos também, e todos os trabalhadores nós queremos que sejam incluídos, como já aconteceu em vários estados do Brasil, como já aconteceu na regulamentação da Polícia Civil, e tem que acontecer aqui em São Paulo também.

Essa será a nossa luta, Sr. Presidente. Primeiro, que o governo encaminhe, faça o encaminhamento do projeto em caráter de extrema urgência. Nós estamos cobrando semanalmente, não só eu, mas vários deputados cobram o governo, e o governo continua dando um passa-moleque nos servidores do sistema prisional.

Mas nós vamos continuar cobrando, denunciando, insistindo. Repito: já acionei o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e o Ministério Público para que ambos pressionem o governador a encaminhar, em caráter de urgência, o projeto da Polícia Penal.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - É regimental. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 32 minutos.

 

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