15 DE AGOSTO DE 2024
104ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI, EDUARDO SUPLICY e PAULO MANSUR
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
4 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.
6 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência. Cumprimenta os membros do sindicato do Centro Paula Souza, presentes na galeria. Tece considerações acerca da greve dos servidores do Centro Paula Souza.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - MAJOR MECCA
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência. Cumprimenta os alunos da escola Beacon School, presentes na galeria. Tece considerações acerca do pronunciamento do deputado Major Mecca.
10 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - PAULO MANSUR
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - LECI BRANDÃO
Para comunicação, faz pronunciamento.
13 - PAULO MANSUR
Assume a Presidência.
GRANDE EXPEDIENTE
14 - EDUARDO SUPLICY
Para comunicação, faz pronunciamento.
15 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
16 - PRESIDENTE PAULO MANSUR
Defere o pedido. Convoca os Srs.
Deputados para a sessão ordinária do dia 16/08, à hora regimental, sem Ordem do
Dia. Levanta a sessão às 15h03min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de senhoras deputadas e senhores deputados, sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata
da sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início à lista de oradores presentes
no Pequeno Expediente. Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo
Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra a deputada Dani Alonso. (Pausa.) Com a palavra
a deputada Thainara Faria. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio
Marcolino (Pausa.) Com a palavra a deputada Carla Morando.
Com a palavra o deputado Capitão
Telhada (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Teonilio Barba. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis (Pausa.) Com a
palavra a deputada Professora Bebel (Pausa.) Com a palavra o deputado Barros
Munhoz (Pausa.) Com a palavra o deputado Rafael Silva. (Pausa.) Com a palavra
agora a deputada Leci Brandão, que fará uso regimental da tribuna.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Exmo. Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados,
funcionários desta Casa, funcionários da área Civil, da área Militar, povo que
auxilia aqui o nosso plenário. Sr. Presidente, eu mais uma vez estou nesta
tribuna aqui, desta vez para comemorar e agradecer.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.
* * *
Esta semana, no
nosso mandato, foi comunicado que foram autorizados três pagamentos de
convênios, decorrentes de indicações minhas, para a área da Cultura. Primeiro a
ser mencionado é a Comunidade Jongo Ribeiro, lá de Campinas. A comunidade
consiste na união de jongueiros, que reconstitui a manifestação do jongo
através da memória do saudoso Benedito Ribeiro.
São rodas de
toque, de canto, de dança, com o objetivo de compartilhar e dar continuidade a
essa cultura afro-brasileira ancestral e tradicional, promovendo a inclusão e a
preservação das nossas raízes negras. Aproveito para mandar um grande abraço
para toda a família Dito Ribeiro, na pessoa da Dra. Alessandra Ribeiro.
O segundo
projeto contemplado é o Renda das Marias, realizado pela Associação Cultural
Quântica Laboratório de Arte Contemporânea, em Mogi das Cruzes. A entidade foi
criada em 2010 e, desde então, vem se dedicando à representação jurídica de
artistas, produtores, grupos culturais e desportivos em Mogi, ajudando a
promover e desenvolver projetos por meio de leis de incentivo e editais e
contribuindo, também, para a profissionalização da produção cultural na região.
Por último, e
não menos importante, contribuímos para realização da Mostra Cultural do
Grajaú, promovida pela Associação de Mulheres do Grajaú, um coletivo que
organiza ações culturais para fortalecer valores como democracia, direitos
humanos, defesa dos povos indígenas; do Meio Ambiente; da liberdade de
expressão; da Cultura; da igualdade de gênero, raça, etnia e da justiça social.
Faz parte do
nosso papel enquanto parlamentar apoiar projetos sérios e comprometidos com a
Cultura popular. Investir em Cultura é valorizar a criatividade da nossa gente,
a economia criativa e a solidária. Eu quero, muito tranquilamente, agradecer ao
Governo do Estado e à Casa Civil por compreenderem a importância desses
investimentos, porque isso demonstra, mais uma vez, a importância da política
enquanto instrumento de transformação e de mudança. Nós podemos estar em campos
opostos, pensar diferente e, ainda assim, trabalhar pelo bem do povo de São
Paulo.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos, deputada Leci Brandão. Tem a palavra agora Rafael Saraiva.
(Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do
Consumidor. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputada Ediane Maria.
(Pausa.) Deputado Alex Madureira. (Pausa.) Deputada Ana Perugini. (Pausa.)
Deputada Andréa Werner. (Pausa.) Deputada Solange Freitas. (Pausa.) Deputado
Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi (Pausa.) Deputado Donato.
(Pausa.) Deputada Delegada Graciela. (Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.)
Deputado Carlos Giannazi, pelo tempo regulamentar.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputada Leci
Brandão, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, ontem o MEC anunciou o
resultado do Ideb, que é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, que
faz a avaliação nacional das redes de ensino de todo o País, de todos os entes
federativos.
Sr. Presidente,
o estado de São Paulo ficou abaixo da média nacional. Houve um recuo na
aprendizagem no nosso estado, que é a maior rede de ensino do nosso País. Está
aqui, a matéria saiu - foi publicada, inclusive, hoje na “Folha de S. Paulo”:
“Desempenho do ensino médio de São Paulo recua e é menor do que antes da pandemia”.
Nós regredimos, Sr. Presidente, a um período anterior à pandemia, ou seja,
ficamos abaixo da média nacional. Uma vergonha! O estado mais rico do Brasil,
que tem a maior rede de ensino da América Latina, regrediu. Por que, Sr.
Presidente? É simples, porque esse resultado demonstra a falência da política
educacional da gestão Tarcísio/Renato Feder, deputada Leci Brandão.
É isso, é
falida. É uma política educacional que não funciona, que é baseada em
plataformas, naquela máfia das plataformas que retira drasticamente a autonomia
pedagógica dos professores e não ensina nada para os nossos alunos. Isso tem a
ver também com a tentativa...
Não, porque o
governo hoje impôs, na verdade, os conteúdos digitais. O professor não consegue
mais utilizar o livro didático ou textos alternativos. Está proibido
praticamente. Ele tentou tirar o livro didático. Todos acompanharam a nossa
luta para reconquistar o livro didático nas escolas estaduais. Ele está
fechando salas em todo o estado de São Paulo através da Resolução nº 2, de
2016, impedindo a formação de salas no curso noturno do Ensino Médio regular.
Aluno
trabalhador não pode mais estudar à noite no Ensino Médio porque não há
abertura de salas. É a orientação da Secretaria da Educação o fechamento da
EJA, da Educação de Jovens e Adultos. Tentativa de reduzir o Orçamento da
Educação aqui na Alesp de 30% para 25%; a PEC 9, que o governo quer aprovar,
retirando aproximadamente dez bilhões de reais da Educação do estado de São
Paulo.
Então é muito
grave essa situação. É uma destruição jamais vista da Educação do nosso estado.
A escola pública está sob ataque do governo estadual e as avaliações demonstram
isso. O desempenho no Ensino Médio caiu drasticamente. Então, Sr. Presidente,
nós estamos preocupados porque não há reação aqui da Assembleia Legislativa, da
base do governo.
O governo, ao
invés de investir mais recursos na Educação para melhorar esse desempenho, ele
vai retirar. Repito, tem uma PEC aqui, uma proposta de emenda à Constituição
Estadual, para reduzir o Orçamento. Então cai o desempenho, e qual a resposta
do governador?
Reduzir o
Orçamento da Educação ainda mais. Inclusive quero registrar, Sr. Presidente,
aqui, um artigo que saiu recentemente, publicado na “Folha de S. Paulo”, da
procuradora do Ministério Público de Contas aqui do estado de São Paulo, que
também é professora da FGV, a Dra. Élida Graziane
Pinto, que é o artigo: “Não há dinheiro sobrando na educação paulista”.
Porque ela diz
exatamente isso. A Educação do estado de São Paulo precisa de mais recursos.
Então, baixo desempenho. Nós estamos retrocedendo aqui do ponto de vista da
aprendizagem dos nossos alunos e qual a resposta do governo Tarcísio e do seu
empresário da Educação, o Renato Feder? “Vamos reduzir ainda mais o Orçamento
da Educação”; “Vamos militarizar escolas”.
Então escola
cívico-militar para os pobres. E mais: privatização das escolas através de algo
inédito que o governo vai fazer, que vai ultrapassar o que foi feito no estado
do Paraná. Lá eles privatizaram agora mais de 200 escolas, mas o Tarcísio vai
além, Sr. Presidente. Pela primeira vez na história do Brasil nós vamos ter
leilão de escolas estaduais na Bolsa de Valores de São Paulo, inclusive para
empresas estrangeiras participarem também, que eu já denunciei isso
exaustivamente.
Então cai o
desempenho no Ensino Fundamental, cai o desempenho no Ensino Médio por conta da
fracassada política desse governo estadual, que demitiu 40.000 professores, que
não paga corretamente o Piso Nacional do Magistério, que mantém um arrocho
salarial jamais visto na nossa rede estadual para todos os servidores,
inclusive para os servidores do Quadro de Apoio Escolar - QAE, QSE -, os
oficiais administrativos da Secretaria da Educação, os secretários de escola,
que não têm progressão na carreira, Sr. Presidente.
Então nem houve
o pagamento da data-base salarial dos nossos servidores. Então esse é o quadro.
Por isso que a Educação está falida no estado de São Paulo, Sr. Presidente.
Então, nós vamos aqui continuar cobrando esse governo. Agora não há mais
condições políticas para a permanência do secretário, empresário Renato Feder,
na Secretaria da Educação.
Olhe só:
“Desempenho do ensino médio de São Paulo recua e é menor do que antes da
pandemia”. Sr. Presidente, isso demonstra - repito e termino o meu primeiro
pronunciamento do Pequeno Expediente, Sr. Presidente, dizendo isso -, a
decadência da Educação e a falência da política educacional. Por isso que esse
secretário não tem mais condições de permanecer na Secretaria da Educação.
Esse secretário
só fala de plataformas digitais, deputada Leci Brandão. Terça-feira ele fez uma
live para falar do Super BI, que é um outro aplicativo, uma outra plataforma.
Ele não falou nada sobre a questão pedagógica da rede, a questão da valorização
salarial e funcional dos profissionais da Educação. Então, não há outra saída,
Sr. Presidente, a não ser o “fora Feder”. Fora Feder e
fora Feder, senão a gente vai entrar em uma decadência profunda na Educação do
estado de São Paulo. Fora Feder.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Deputado Carlos
Giannazi, como professor, o senhor tem um conhecimento da questão educacional
da maior profundidade. Eu o cumprimento. Convido-o para presidir a mesa, uma
vez que eu estou inscrito para falar em seguida.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Enquanto o
deputado Suplicy se dirige à tribuna, eu quero registrar aqui no plenário da
Assembleia Legislativa, nas nossas galerias, a honrosa presença dos membros da
diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza, que estão aqui
conversando hoje, deputada Leci Brandão, deputado Suplicy, com os deputados,
com as deputadas.
Hoje é um dia de greve nas Etecs e
Fatecs do estado de São Paulo, porque o Centro Paula Souza não deu reajuste
salarial para os seus servidores, não pagou o bônus de resultados, não
apresentou ainda uma proposta democrática, debatida com a categoria, de
reestruturação da carreira. São várias as pautas dos servidores. Tem também a
questão do sucateamento da rede de Etecs e Fatecs, o fechamento dos cursos
modulares, que estão sendo fechados em todo o estado de São Paulo. É uma pauta
enorme, tem a questão do Iamspe, que nós conversamos agora.
O Centro Paula Souza, as nossas Etecs e
Fatecs, deputado Suplicy, sempre foram utilizadas - nossas escolas e faculdades
de tecnologia - como uma espécie de vitrine do governo estadual, mas sem
investimento nenhum. É por isso que nós estamos vivendo esse drama e por isso
que há essa greve, para alertar a população, o governo e a Assembleia
Legislativa.
Todo o nosso apoio a vocês, servidores
e servidoras do Centro Paula Souza, das Etecs e Fatecs, que estão em luta pela
melhoria da qualidade de ensino, também denunciando a farsa dos cursos do
Centro Paula Souza, que estão sendo introduzidos em parceria com a Secretaria
da Educação na rede estadual de ensino. É uma farsa total, são cursos que não
funcionam. Cursos só para inglês ver, sem nenhum tipo de estrutura.
Então, todo o nosso apoio à greve, à
mobilização e à pauta com as reivindicações de vocês. Daqui da Presidência
desta sessão, eu quero exigir que o Centro Paula Souza atenda às reivindicações
da categoria através do seu combativo sindicato. Com a palavra o deputado Major
Mecca. (Pausa.)
Em seguida, o deputado Eduardo Suplicy,
que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Carlos Giannazi, querida deputada
Leci Brandão, eu quero, em primeiro lugar, também destacar que o estado de São
Paulo teve queda nos índices de educação básica, conforme os resultados do
Ideb, conforme V. Exa., Carlos Giannazi, há pouco aqui se referiu, e considero
que, dentre todos os objetivos, dentre aqueles que poderão elevar o grau de
justiça na sociedade, a elevação da qualidade da educação é algo fundamental. É
um dos principais instrumentos de política econômica e social.
Então, é
preciso que o governador Tarcísio de Freitas e o secretário da Educação, Renato
Feder, se debrucem sobre por que a qualidade da Educação no estado de São Paulo
está muito aquém daquela, por exemplo, dos estados mais pobres do Nordeste,
onde houve uma elevação dos índices da qualidade de Educação.
Mas eu gostaria
hoje, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, de ler uma matéria que eu achei muito
interessante, da nossa querida colega deputada Leci Brandão, que relembra sua
trajetória política, suas pautas e a relação com o bolsonarismo. A matéria que
o Marco Miguel publicou na revista “Metrópoles”. Vejam que interessante.
“Marcelo D2
comandava o show em homenagem a Arlindo Cruz durante a Feira Preta em um início
de noite de maio no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Com Arlindinho
e Maria Rita, desfilavam os sucessos do mestre. O rapper carioca chama mais uma
convidada. Surge o corpo frágil de uma mulher negra apoiando-se em um
assistente, os passos lentos e calculados. Ela pega o microfone e dispara um
boa noite com força ancestral. Canta um samba com uma potência intacta. A
canção termina e ela brada sobre as alegrias, as injustiças e a luta das
mulheres, dos negros e dos periféricos. É Leci Brandão no palco.
Foi nesse
momento que decidi entrevistá-la. É por isso que ela me recebe com um café em
seu gabinete na Alesp, denominado ‘Quilombo da Diversidade’. Aquele foi o primeiro
show da compositora carioca após meses lidando com problemas vasculares. Desde
então, vida normal entre shows e as atribuições do mandato - o quarto
consecutivo, desde 2010. No papo, que passou de uma hora, um pouco de seu
percurso político e a relação entre a deputada e a compositora.
Leci recusou os
primeiros convites do PCdoB para se candidatar. Preferia manter a carreira e
dar seus recados com suas canções. ‘Eu sempre fui da esquerda, sem saber que
era da esquerda. Sempre fui uma pessoa censurada e criticada por vários
posicionamentos, mas eu não tenho formação. O que eu iria fazer dentro da
Assembleia Legislativa?’ O cantor Netinho de Paula, na época vereador, e o
deputado Orlando Silva foram algumas das pessoas que mais a incentivaram.
Foram seus orixás
que ajudaram na decisão. Em uma visita a um terreiro, uma entidade a provocou a
encarar uma nova jornada. ‘Ele falou: ‘Você já fez muita coisa, já lutou muito,
já defendeu tantas coisas, mas você tem que ter um outro lugar. Aceite o
desafio’. ‘Não vou esquecer nunca essa frase’, ela relembra.
Foi durante a
campanha que a avisaram que teria poucos recursos. Não teve dúvidas e foi para
a rua. Vestiu camisa e calça brancas, um tênis All
Star e partiu para os pontos mais movimentados da Capital. Era uma confusão. As
pessoas esperavam uma roda de samba, ganhavam um santinho com seu número. Foi
eleita com 86 mil votos. Ela credita sua votação à sua carreira musical e sua
participação como comentarista de Carnaval na TV Globo. ‘Eu humanizava o
desfile, falava o nome do mestre de bateria, da baiana, das pessoas que fazem o
desfile, não das celebridades. Tenho certeza de que o povo do samba e o povo do
santo me elegeram’, analisa.
Imediatamente,
após receber a notícia da eleição, telefonou aos prantos para sua mãe. A
senhora que criou os filhos varrendo salas de aula, limpando banheiros e
residindo em escolas públicas do Rio de Janeiro, tinha uma filha eleita
deputada. Saudosa, Leci diz que aprendeu tudo com a mãe, que a sua sabedoria é
uma herança materna e que sente muita falta dela, falecida em 2019.
A chegada à
Assembleia foi cercada de desconfianças: sambista, carioca, mulher, preta,
homossexual e sem formação? Era muita informação para uma Casa que recebia a
segunda mulher preta em sua história.
Nas conversas
com seus colegas, no cafezinho, a música era o tema principal, jamais questões
legislativas. Ela lembra que um jornalista chegou a perguntar se teria samba no
gabinete e se as mulatas eram assessoras. ‘Mulatas? Não, nós somos oito negras
e eu sou uma delas’, respondeu.
A situação
começou a melhorar com sua participação nas comissões. ‘Quando comecei a
colocar minhas ideias, a debater e a me posicionar, sempre com muita calma e
respeito, os deputados me olharam de uma forma diferente’, recorda a compositora,
que chegou a integrar as comissões de Educação e Cultura, Direitos Humanos e
Mulheres.
De onde vem a
plataforma política de Leci? Ela conta o que fez após a eleição: ‘Eu peguei
todos os meus LPs e botei em cima da mesa. Peguei uma folha de papel e fui anotando
tudo o que as canções falavam, dos problemas sociais. Isso aqui tem a ver com o
cidadão, com a mulher, com LGBT, já isso aqui é dos orixás, isso aqui é do
trabalhador. Tudo aquilo que eu cantei, eu quero agora colocar para valer,
sabe? Em termos de trabalho, de defesa, de discurso. Porque eu sempre fiz da
arte uma forma de defender as pessoas’. Uniu suas músicas com o conhecimento
técnico da equipe de assessores que formou em seu gabinete e segue na Casa até
hoje, sempre enfrentando preconceito de uma maioria de homens brancos.
Isso fica evidente em sua atuação na
Assembleia. São projetos de Cultura e Educação em defesa da negritude,
mulheres, LGBTQIA+ e religiões de matriz africana. Com eles, entidades e
organizações civis se transformam em patrimônio cultural do Estado - como o
grupo Ilú Obá De Min -, quilombos e associações
religiosas são declaradas de utilidade pública, o que os permite, por exemplo,
participar de programas de fomento estaduais. A criação de datas comemorativas
que entram no calendário cultural de São Paulo, como o Dia do Sambista, o Dia
do Funk ou a Semana do Hip-Hop.
Ela se orgulha
da criação da Medalha Theodosina Ribeiro, um prêmio que, desde 2012, homenageia
mulheres, de qualquer cor, de movimentos sociais, culturais e religiosos.
Theodosina foi a primeira vereadora da Câmara paulistana - 1970, com a segunda
maior votação - e a primeira deputada estadual negra paulista, em 1974.
Filósofa e advogada, permaneceu na Alesp por três mandatos. É um legado de
Leci, que permanecerá na Casa mesmo sem a sua presença.
Um de seus
primeiros projetos aprovados foi punir administrativamente o racismo ou o
preconceito religioso no funcionalismo público. ‘Para evitar a perseguição de
quem era do candomblé, da umbanda. Talvez fosse menor do que hoje’.
Isso a fez
lembrar de sua relação com a extrema direita. A campanha de 2017 foi muito
dura. Nas redes sociais, fake news investiram no preconceito religioso,
chamando-a de macumbeira que sacrificava animais. Foi eleita com 68 mil votos,
a menor votação em suas quatro eleições.
Ela recorda
como o clima mudou com a chegada da onda bolsonarista na Alesp em 2018”.
Deputado Major Mecca, eu estou pedindo a tolerância do tempo, porque é um
testemunho, um depoimento tão interessante da nossa querida colega que acho que
vale a pena acabar de ler.
“Ela recorda
como o clima mudou com a chegada da onda bolsonarista na Alesp em 2018: ‘O
Brasil ficou transtornado com a presidência antiga, que graças a Deus acabou.
Ou era da religião deles ou era um inimigo perigoso. Na Assembleia tinha muita
confusão, muita ofensa e palavrão. Achavam que podiam xingar as mulheres,
xingar as mulheres de esquerda, xingavam a bandeira do PCdoB. Eu falava com
eles do meu jeitinho… Eu gosto muito de usar o Pequeno Expediente, que são cinco
minutos, mas em cinco minutos eu dava o recado’.
Em uma sessão,
o deputado Arthur do Val, o Mamãe Falei, do União Brasil, cassado em 2022,
acusou seus colegas de receberem dinheiro para votar um projeto que beneficiava
auditores fiscais. E afirmou que Leci era uma coitada, porque tinha recebido
apenas mil reais. ‘Aí eu falei: olha, deputado, o senhor é mamãe, falei, não é?
Pois é. Então fale para a sua mãe que você foi leviano, entendeu? No meu
jeitinho’.
‘Lembra quando
o pessoal acampou aqui? Os acampamentos golpistas ficaram ao lado do QG do
Exército, próximo ao edifício da Alesp - ninguém podia passar, e as pessoas
estavam com medo de vir de vermelho ou outras cores. No plenário, eu discursei:
eu vou vir à Assembleia de vermelho e quero ver quem vai encostar um dedo em
mim. E tem mais: tem que tirar essa faixa ao lado da Assembleia que diz ‘Fora
comunistas’’. A compositora de ‘Zé do Caroço’ afirmou que a Legislatura atual
está melhor. Ao menos as ofensas gratuitas contra a esquerda findaram.
A primeira
pergunta da entrevista foi ‘qual sua avaliação do governo Lula?’ Queria sua
opinião sobre o PL do aborto, as críticas de parte da esquerda ao identitarismo. Seja pela ginga política ou proteção de seus
orixás, ela respondeu: ‘Você sabe que eu sou uma pessoa que tem um lado. Eu
sempre fui da esquerda, sem saber que era de esquerda. Eu sou uma artista
popular e estou deputada, entendeu?’ E passou a narrar o início de sua
trajetória política. Respeitei, apesar do instinto exigir debates e polêmicas.
Há que se chegar no sapatinho com a velha guarda. Em setembro, ela comemora 80
anos. Já está preparando a festa? ‘Não, eu não gosto muito de comemorar
aniversário’, concluiu”.
Queria Leci,
meus parabéns. Eu acho que todos nós, deputados, aprendemos a respeitá-la nesse
seu jeito de ser e como tão bem representa aqui a mulher negra periférica, os
LGBTQIA+ e o povo. Pode ter a certeza de que todos nós a respeitamos muito.
Meus parabéns, essa entrevista foi muito bem-feita.
Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra o
deputado Altair Moraes. (Pausa.) Com a palavra a deputada Analice Fernandes.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Gil Diniz. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz
Fernando Teixeira. (Pausa.) Com a palavra o deputado Conte Lopes. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Paulo Mansur.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Elton. (Pausa.)
Com a palavra a deputada Marina Helou. (Pausa.) Com a palavra a deputada Paula
da Bancada Feminista. (Pausa.) Com a palavra o deputado Sebastião Santos.
(Pausa.)
Na Lista Suplementar, agora, com a
palavra a deputada Thainara Faria. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado
Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Com a palavra o deputado Capitão Telhada.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca, que fará o uso regimental da
tribuna.
O SR. MAJOR MECCA - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa
tarde, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nossos irmãos policiais
militares, civis, os funcionários civis que aqui estão nos dando suporte, todos
que nos acompanham pelas redes sociais.
* * *
- Assume a Presidência o Sr.
Eduardo Suplicy.
* * *
Eu venho aqui a
esta tribuna hoje dar voz a um grupo de pais do município de Osasco, pais que
têm os filhos matriculados na Escola Estadual Professora Glória Azedia Bonetti.
Nessa escola, recentemente, um professor fez a exibição de um filme a crianças
de 13 anos, um filme de título “A Festa da Salsicha”. Eu assisti a alguns
trechos dessa animação, que diz que essa animação não é para crianças, mas o
professor fez. Uma animação com um cunho altamente erótico, com frases e
sugestões pornográficas, a crianças de 13 anos na sala de aula.
Aí nós
perguntamos: um pai, uma mãe leva o seu filho à escola esperando que o seu
filho aprenda matérias importantes para sua formação intelectual, para um
alicerce de formação profissional, e o filho retorna para casa falando que
assistiu a mais de uma hora de um filme de cunho sexual. Os trechos a que eu
assisti dessa animação não tem como apresentar aqui na tela desta Casa
Legislativa. Um filme pornográfico sendo apresentado por um professor, em uma
escola estadual, a crianças de 13 anos.
Aí eu pergunto
aos deputados do PT, do PSOL: são a favor desse tipo de conteúdo que leva à
perversão para dentro de sala de aula? Os senhores são a favor, porque, quando
nós acompanhamos, aqui no plenário da Assembleia Legislativa, os senhores se
colocando contra as escolas cívico-militares, nos leva a crer que as senhoras e
os senhores parlamentares de esquerda aprovam esse tipo de conteúdo em sala de
aula para as nossas crianças.
Depois, as
senhoras deputadas e os senhores deputados consultem. O filme é “A Festa da
Salsicha”. Os trechos que eu vi são extremamente pornográficos e inadequados
para exibição a crianças de 13 anos em uma sala de aula. Nós adotaremos
providências, reuniremos todas as documentações, indignações dos pais dessas crianças,
que estão extremamente revoltados com esse professor que apresentou esse
material de conteúdo altamente sexual a crianças de 13 anos.
Nós não podemos
permitir que a Educação tome esse caminho que foi tomado em escolas públicas no
estado de São Paulo e em todo o Brasil. E olha que, quando nós apresentamos
aqui neste plenário, fizemos a explanação, a exposição do motivo pelo qual
somos favoráveis a escolas cívico-militares, nós não mexemos com a questão de
acabar com as outras escolas regulares. Foi somente uma opção para um pai que
queira essa educação ao seu filho ter essa opção.
Então, fica
aqui registrada a nossa indignação, o nosso protesto contra esse viés que apoia
conteúdo sexual para crianças em sala de aula. Repito aqui: tomaremos
providências junto à Secretaria de Educação para que haja responsabilização do
professor que fez essa exibição em sala de aula.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Queria
aproveitar para agradecer a presença dos alunos da Beacon
School, da Vila Leopoldina. Sejam muito bem-vindos.
E eu quero, perante esses jovens
estudantes, meninos e meninas, dizer que eu acho legítimo o seu protesto com
respeito ao que relatou de um professor exibir para crianças de 13 anos essa
“Festa da Salsicha”, que, segundo descreveu, é um filme pornográfico, um filme
com diversas cenas que eu nunca, ao longo da minha vida de estudante, desde o
primário até o meu doutoramento, vi um professor apresentar um filme como esse,
um documentário.
Eu acho que é legítima a sua observação
para com o secretário da Educação, ao governador Tarcísio de Freitas, porque eu
acho que não é a melhor forma de educarmos nossas crianças.
Tem a palavra agora o deputado Carlos
Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy; Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, público aqui presente.
Quero, Sr.
Presidente, registrar mais uma vez aqui a presença da diretoria do Sindicato
dos Trabalhadores das Etecs e Fatecs, do Centro Paula Souza que estão hoje aqui
conversando com os deputados e deputadas.
As Etecs e
Fatecs estão hoje em greve denunciando a falta de valorização salarial,
funcional, denunciando a precarização das Etecs e Fatecs, o fechamento de
cursos, o não pagamento da data-base, o não cumprimento da data-base salarial,
não pagamento do bônus, como eu tinha já denunciado aqui através de um
manifesto importante que está aqui.
Quero aqui
divulgar o manifesto, deputada Leci Brandão, das Etecs e Fatecs do sindicato,
uma carta aberta aos estudantes, pais e familiares contra o desmonte das Etecs
e Fatecs por direitos e respeito aos trabalhadores do Centro Paula Souza que
vão paralisar em 15/08 e hoje pedem apoio da comunidade. São várias as
reivindicações e várias as denúncias, de sucateamento, degradação e ataque às
Etecs e Fatecs.
Quero ainda,
Sr. Presidente, dizer que nós estamos vivendo um verdadeiro caos no processo de
escolha dos aprovados nesse último concurso que houve aqui no estado de São
Paulo, que só agora que o Estado homologou após um ano.
Demorou um ano
para homologar e fazer a chamada, mas é uma chamada totalmente desastrosa,
deputada Leci Brandão, com falta de transparência, com atrasos, com
pouquíssimas vagas nas disciplinas. É um absurdo o que o Estado está fazendo.
Nós estamos com mais de 80 mil professores Categoria “Ó” na rede estadual de
ensino. São os professores com contratos precarizados, que têm redução de
direitos trabalhistas, sobretudo são vítimas da quarentena. Aliás, existe mais
professor categoria “O” do que professor efetivo hoje na rede estadual de
ensino; ou seja, a maior rede de ensino da América Latina mantém a precarização
dos contratos dos professores. Então, é o caos.
O governo só
está disponibilizando inicialmente 15.000 vagas. Ele vai efetivar. E esses
professores categoria “O” foram aprovados no concurso; a maioria teve aprovação
no concurso. Eles podem ser efetivados e chamados, para a gente diminuir
drasticamente o número de professores não efetivos na rede estadual. No
entanto, o governo anunciou a chamada de apenas 15.000, ou talvez 18.000 - há
dados controversos sobre isso, até porque não há transparência. A Secretaria da
Educação não responde às entidades, não responde aos deputados, e muito menos
aos professores. Então, a falta de transparência é praticamente total.
Mas o que nós
estamos exigindo, Sr. Presidente, é que haja, logicamente, o aumento do número
de vagas disponíveis, porque elas já existem: nós temos no mínimo 80.000 vagas.
Se tem mais de 80.000 professores categoria “O”, é porque estão ocupando vagas
de cargos vagos dos professores. Então, tem que chamar, não os 15.000, mas
chamar os 80.000 ou mais que foram aprovados, classificados nesse último
concurso, para que a gente tenha uma rede, uma carreira digna, Sr. Presidente.
Então, eu
queria fazer novamente essa denúncia que já fiz aqui no início do processo de
escolha. Mas a situação continua a mesma: falta de transparência,
desorganização desse processo de escolha de aulas.
E quero ainda,
nos poucos minutos que me restam, Sr. Presidente, antes de encerrar a minha
participação hoje aqui no Pequeno Expediente, dizer que eu não tive acesso, não
sei desse vídeo que o deputado Major Mecca falou agora aqui. Mas olha, eu acho
pouco provável que tenha acontecido algo semelhante - um professor apresentar
um vídeo pornográfico para aluno. Acho pouco provável. Mas se for, é um caso
muito, mas muito mesmo isolado, e que será apurado, com certeza, e que não tem
o nosso apoio.
Mas usar isso
para atacar os nossos partidos - o PCdoB, da deputada Leci Brandão, o PSOL, meu
partido, o PT, partido do deputado Eduardo Suplicy - é um absurdo, até porque
nós não defendemos esse tipo de coisa. E nós somos, sim, contra a escola
cívico-militar. Inclusive, conseguimos uma vitória importante aqui no estado de
São Paulo, através de uma ação da Apeoesp e através da nossa Adin do PSOL no
Supremo Tribunal Federal.
Porque na ação
conquistada aqui agora pela Apeoesp, através do Tribunal de Justiça, o
desembargador disse o seguinte: enquanto a Adin - a nossa Adin do PSOL -
estiver em julgamento no Supremo Tribunal Federal, não há a possibilidade da
implantação dessa lei aqui no estado de São Paulo. Não vai ter escola
cívico-militar em São Paulo enquanto a nossa Adin estiver em julgamento. Ela
está sendo apreciada pelo ministro Gilmar Mendes, a Adin nº 7.662. Está lá na
decisão do desembargador do Tribunal de Justiça.
E tem mais: foi
suspensa a consulta pública, totalmente manipulada, parcial, que impedia,
inclusive, a participação dos professores, do movimento estudantil; impedia os
representantes da Apeoesp de participar do debate. E os professores eram
proibidos, em muitas escolas, de se manifestar e conversar com os alunos e
pais. Está tudo suspenso. Por enquanto, não tem escola cívico-militar no estado
de São Paulo, não tem consulta viciada e manipulada também, porque é uma
vitória.
E eles estão
desesperados agora. A própria Assembleia Legislativa entrou com recurso aqui no
TJ, para derrubar a liminar. Os dois governadores de extrema direita fizeram
uma dobradinha, sendo que o governador do Paraná, o Ratinho Júnior, através da
PGE do Paraná, está entrando com a “micus curiae” na
nossa Adin do PSOL, para ser contra, logicamente, no Supremo Tribunal Federal.
E o Tarcísio de
Freitas está entrando com “amicus curiae” na Adin do Paraná, que lá nós em
conjunto com o PSOL, PCdoB e PT, também entramos com uma Adin contra a escola
cívico-militar do estado do Paraná. E aí, o que fez? A PGE foi
instrumentalizada aqui em São Paulo para entrar como “amicus curiae” na Adin do
Paraná. Olhe o absurdo, Sr. Presidente.
Estão
instrumentalizando a PGE, a Procuradoria Geral do Estado, que tem como função
defender os interesses do estado de São Paulo e não do estado do Paraná. Olhe isso,
é improbidade administrativa. Inclusive nós estamos tomando providências e
denunciando esse fato, que o governador Tarcísio está instrumentalizando a
máquina pública para fazer política ideológica contra a educação pública do
estado de São Paulo.
Então concluo
dizendo: São Paulo, Sr. Presidente, não precisa militarizar escolas. As escolas
não precisam de polícia dentro da escola. Precisam fora para fazer a segurança.
E outra coisa: nada contra as forças de segurança. Tanto é que nós defendemos
aqui a valorização salarial e funcional e da melhoria das condições de trabalho
da Polícia Civil, da Polícia Militar e agora da Polícia Penal também, todos
nós.
Aliás, nós que
defendemos e votamos os projetos. A base do governo, que fala que defende, não
saiu em defesa deles na hora de votar projeto para reajuste mesmo, de fato,
salarial, aprovar as emendas que nós apresentamos. Então eu queria fazer esse
registro, Sr. Presidente. Então a escola pública precisa de mais investimento e
não da PEC 9, que vai cortar o Orçamento da Educação do estado de São Paulo.
Não precisa de
fechamento de salas como vem acontecendo, a retirada de livros didáticos da
rede estadual de ensino. Nós precisamos de mais investimento. E nas regiões
mais pobres, onde eles querem implantar a escola militarizada, nós não
precisamos de polícia lá.
A polícia já
está lá naquela região. Nós precisamos lá é de assistência social, de mais
Etecs, Fatecs, de Institutos Federais de educação. Nós precisamos de casas de
cultura, de esporte, da presença do Estado e não da presença de mais repressão
e de mais mortes.
Então era isso,
Sr. Presidente. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra
o deputado Paulo Mansur. Agradeço o deputado Carlos Giannazi se puder, ainda,
dar mais uma oportunidade para eu poder falar, presidindo a sessão.
O
SR. PAULO MANSUR - PL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente. Boa tarde a todos que nos
assistem na TV Alesp. É um caso muito sério que vem acontecendo no nosso País.
O Alexandre de Moraes realmente rasgou a Constituição. Quando se tem uma
eleição neste País a gente precisa que o presidente do TSE seja imparcial, meu
Deus do céu! Nós temos na Constituição a estátua que equilibra.
Ela é vendada
para não enxergar para quem que o juiz vai julgar e nós temos nesses áudios que
foram expostos pela “Folha de S. Paulo”... E graças a
Deus que a gente tem imprensa, porque se quiserem controlar a imprensa neste
País, aí sim já era. A gente já está vivendo uma Venezuela neste País, mas se
acabar com a imprensa realmente acabou o País.
Porque a “Folha
de S. Paulo” mostrou que é independente, mostrou que não tem rabo preso,
colocou no ar a matéria mostrando que há provas contra o “Xandão”
e ele precisa responder, precisa ter uma resposta do Parlamento. Nós já vimos
que os deputados federais estão com mais de 110 assinaturas para o impeachment
de Alexandre de Moraes pelo menos para ter votação. O senado está se
movimentando e é algo preocupante no nosso País. Nós não podemos ter um poder
tão poderoso, mostrando que tem um lado.
As
investigações que foram mandadas ser feitas na época que estava tendo eleição
neste País são um verdadeiro absurdo. Não teve essa perseguição contra o PT. O
PT tem os órgãos de imprensa que o defendem, e a “Revista Oeste”, por exemplo,
que é uma revista que tem um perfil mais de direita, sim, mas é uma imprensa
livre, foi investigada, e nos áudios é falado: “Olha, dá um jeito, acha alguma
coisa”.
A “Revista
Oeste” foi desmonetizada no Youtube, que era a única fonte de renda da revista.
Só não fechou, porque aí buscou assinatura, e hoje ela vive de assinatura das
pessoas que assinam a “Revista Oeste”.
Quantos
prejuízos foram dados, quantas pessoas perderam perfis de rede social? E a
gente olha nos autos e a gente vê que teve uma perseguição política, que não
foi algo do nada. Olha, é porque, realmente, quando a gente olha os áudios, a
gente vê que: “olha, vocês estão investigando?”, porque quem julga não
investiga, é outro órgão que investiga. Então, o caso... o presidente do TSE só
julga o que chega na mão dele. A prerrogativa dele não é investigar.
Então, é isso
que a gente tem no nosso País, um desgoverno. Graças a Deus que a gente vive em
São Paulo, que a gente está aqui com o governador Tarcísio, que realmente está
privatizando muita coisa aqui dentro do estado, para tirar as cabines de
emprego que o PT deixa, porque o PT não gosta de privatização, ele gosta de
cabine de emprego. É disso que o PT gosta, e de aumento de imposto. “Vamos
aumentar imposto”. É o “Taxad” que gosta de fazer
taxa no nosso País, é realmente o brilhante “Taxad”,
que aumentou a gasolina, que tem aumentado o nosso alimento, que tem aumentado
a comida.
Você vai no
supermercado hoje, você não consegue comprar nada, você não consegue comprar, e
o salário continua o mesmo. Não sei como é que as pessoas estão vivendo. Então,
este é o nosso País. A gente tem aqui um governador que aumentou, pelo menos, o
salário mínimo acima do federal. Aumentamos o salário dos nossos policiais,
temos feito um trabalho aqui dentro deste Parlamento para o estado de São
Paulo, para desequilibrar esse prejuízo que a gente está tomando do governo
federal.
Muito obrigado,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Deputado Paulo
Mansur, se puder ainda presidir a sessão para uma breve comunicação. Primeiro,
da deputada Leci Brandão, pelo Art. 82.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - Sr. Presidente, eu solicito uma breve
comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Uma breve
comunicação. Tem a palavra.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB - PARA COMUNICAÇÃO -
Presidente, ainda há pouco eu tive o prazer e a emoção de ouvir o seu discurso
acerca da entrevista que foi dada para o jornal “Metrópoles” e confesso a V.
Exa. que fiquei muito grata, muito emocionada, porque nem sabia que essa
entrevista sairia hoje.
*
* *
-
Assume a Presidência o Sr. Paulo Mansur.
*
* *
Muito obrigada pela sua gentileza de
ter colocado aqui dentro da Assembleia Legislativa uma matéria que, para mim,
foi de suma importância. E aproveito ainda o tempo que me resta para comunicar
para o senhor, deputado Major Mecca, que eu assinei, me mostrei contra a
questão da criação de escola cívico-militar, até porque todo mundo sabe que eu
tenho lado, e o meu lado realmente é o da esquerda.
É com muita honra que eu sou deputada
pelo Partido Comunista do Brasil, PCdoB. Mas queria, também, dizer que, dentro
da minha sabedoria familiar, uma coisa que minha mãe sempre me ensinou foi ter
respeito pelas pessoas. E é claro que nós não podemos compactuar com essa questão
de aula ou filme, não sei o que foi, que eu não presenciei, falando sobre a tal
da festa da salsicha. Enfim, eu, pela minha formação familiar, pela formação de
educação que tenho, não sou favorável a que um professor confunda as coisas.
Acho que o ensino, a educação, é uma outra história.
Muito obrigada, Sr. Presidente.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - PAULO MANSUR - PL - Obrigado,
deputada.
*
* *
- Passa-se ao
GRANDE
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - PAULO MANSUR - PL - Encerramos o
Pequeno Expediente.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Para uma breve
comunicação, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - PAULO MANSUR - PL - Comunicação
aceita, deputado Suplicy.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PARA COMUNICAÇÃO -
Sr. Presidente, eu quero fazer, especialmente a V. Exa., deputado Paulo Mansur,
o apelo para que possamos assinar o requerimento de audiência pública sobre os
impactos da transferência da sede de governo para os Campos Elísios, convidando
para estarem aqui o vice-governador Felício Ramuth, o secretário Guilherme Afif
Domingos, que para mim disse pessoalmente que ele está disposto a vir aqui, ele
gostaria especialmente de falar para o Colégio de Líderes. Mas eu acho que é
tão importante este assunto que é de interesse de todos os deputados.
Também o secretário de Relações
Institucionais, Gilberto Kassab, o secretário de Parcerias e Investimentos,
Rafael Benini, de Desenvolvimento Urbano e Habitação, porque são tantos os
problemas que estão acontecendo ali na área central e também relativos a não
apenas a questão lá da Cracolândia, mas também das modificações que haverá no
trânsito e tudo.
Então, acho que é do interesse de todos
nós, de todos os partidos. E quero dizer que, dentre outros aqui, já assinaram
da base do governo o próprio Major Mecca, o Leo Siqueira, o deputado Bove e
outros. Então já temos cerca de 25 assinaturas, e agradeço se os demais
deputados também assinarem, para que possamos ter este debate, que será muito
instrutivo, porque há prós e contra essa decisão. Então, que ela seja muito bem
estudada.
Muito obrigado, deputado Paulo Mansur.
O
SR. PRESIDENTE - PAULO MANSUR - PL - Deputado
Suplicy, aceito a assinatura. Vou assinar o seu pedido.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Muito obrigado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Peço para ser
levantada a sessão, se não houver qualquer objeção dos líderes, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - PAULO MANSUR - PL - Havendo
acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora
regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 15 horas e
três minutos.
*
* *