9 DE AGOSTO DE 2024

100ª SESSÃO ORDINÁRIA

         

Presidência: EDUARDO SUPLICY e CARLOS GIANNAZI

         

RESUMO

         

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h08min.

         

2 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

3 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

         

4 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

         

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

6 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

7 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

         

8 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

9 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

         

10 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

11 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

         

12 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

         

13 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

         

14 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Defere o pedido. Comenta a operação policial Saúde e Dignidade. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 12/08, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h10min.

         

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduado Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente. Chamar agora a lista de oradores neste dia 9 de agosto de 2024, no Pequeno Expediente.

Tem a palavra o deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Barros Munhoz. (Pausa.) O deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado André Bueno. (Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi, tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, nós estamos debatendo aqui na Assembleia Legislativa, inclusive hoje é o último dia para apresentação de emendas ao Projeto de lei Complementar nº 37, de 2024, que regulamenta a polícia penal no nosso Estado - isso já com cinco anos de atraso, que é um absurdo.

O estado que tem o maior sistema carcerário do Brasil, tem o maior número de servidores nessa área, só agora que começou a debater o projeto da regulamentação, que não acatou as principais reivindicações da categoria, Sr. Presidente. Uma delas, talvez uma das mais importantes, é uma questão de honra para nós, Sr. Presidente, a integração dos oficiais operacionais, os motoristas, na Polícia Penal, porque eles exercem a função do transporte. E está lá, eu já falei aqui, lendo os artigos do PLC 37, é uma função importante essa do transporte. No entanto, eles não foram incluídos na regulamentação, Sr. Presidente, da Polícia Penal, ficaram de fora.

É um golpe, isso nesses importantes servidores que prestaram e prestam serviço fundamental para o Sistema Prisional do estado de São Paulo. Estão sendo descartados pelo atual governo. Nós apresentamos emendas para corrigir esse gravíssimo erro. Várias emendas foram protocoladas. Eu apresentei a primeira emenda, que é a Emenda nº 1, ao PLC 37, é exatamente essa, que inclui, não deixa de fora, de jeito nenhum, os oficiais operacionais, os motoristas, eles ficam dentro da Polícia Penal. 

Eu sei que outros deputados apresentaram também. Então, é importante aprovar essas emendas. Nem faço questão, Sr. Presidente, que seja a minha, que seja uma delas, pode ser qualquer uma, ou todas juntas, não importa. O importante é que essa importante categoria, que esse segmento, seja incorporado à Polícia Penal, como já aconteceu em outros estados, Sr. Presidente.

Mas o que está me preocupando nesse momento é que nós estamos recebendo muitas denúncias de que a SAP, a Secretaria de Administração Penitenciária, por conta dessa movimentação, ela agora começou a proibir esses oficiais motoristas de fazer o transporte dos presos, Sr. Presidente, para tentar já ir minando essa movimentação, deixando claro que ela vai excluir, de fato, os operacionais motoristas da Polícia Penal. Mas nós não vamos aceitar, Sr. Presidente. 

Primeiro, eu quero fazer essa denúncia que a SAP está sendo extremamente covarde. Atacando agora, proibindo que eles exerçam o seu papel, a sua função, os motoristas da secretaria. Um absurdo, porque ela está com medo da mobilização. Está com medo, são várias emendas que foram apresentadas.

E eu faço aqui um pedido, Sr. Presidente, a todos os deputados que votem favoravelmente a essas emendas, para que a gente possa incorporar não só os motoristas, mas também os oficiais administrativos e outros segmentos que compõem, de fato, a Polícia Penal no estado de São Paulo. 

Então, agora chegou a hora da verdade, para ver quem que defende mesmo os servidores do Sistema Prisional - servidores e servidoras -, porque tem muitas servidoras na Polícia Penal. É a hora da verdade, porque tem muitos deputados que até apresentam emendas, mas não fazem gestão, não pressionam o governo para que ela seja aprovada. Então, apresentar só para inglês ver não vale. 

Tem que vir aqui na tribuna, denunciar e cobrar, pressionar o governo, senão não vale. Então, nós vamos agora entrar na hora da verdade, para ver quais são os deputados, de fato, que estão defendendo os direitos e a dignidade dos servidores da Segurança Pública, sobretudo do Sistema Prisional, Sr. Presidente, que agora são policiais penais. Repito. Esse debate já era para ter sido feito lá atrás, mas só agora, após cinco anos, que ele vem à baila aqui na Assembleia Legislativa. 

A PEC da Polícia Penal, em nível federal, foi aprovada em 2019. Nós aprovamos aqui, tardiamente também, em 2022, apenas em meados de 2022, porque nós fizemos pressão, mobilização. Eu apresentei a PEC, inclusive a PEC 1. Foi apresentada, pelo meu mandato, junto com o Fórum Penitenciário, Sr. Presidente. Se não fosse essa grande mobilização, nós não teríamos aprovado nem a Emenda Constitucional para criar, no estado de São Paulo, a Polícia Penal.

Então, é isso, nós apresentamos emendas e nós pedimos aqui o apoio dos 94 deputados e deputadas do estado de São Paulo para que elas sejam aprovadas. 

Muito obrigado, Sr. Presidente. 

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Considero muito justas as ponderações de V. Exa., deputado Carlos Giannazi, sobre a remuneração daqueles que trabalham no Sistema Penitenciário. Tem a palavra agora o deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Caio França. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.)

Na Lista Suplementar, Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. Então, solicito ao deputado Carlos Giannazi que assuma a Presidência.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, já agora na Lista Suplementar, tem a palavra o nobre deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente deputado Carlos Giannazi, deputado Reis, queridas deputadas e deputados estaduais.

Primeiro, eu gostaria de cumprimentar a TV Bandeirantes, a Rede Bandeirantes, pela realização do debate entre os candidatos a prefeito de São Paulo, e também aconteceu em outros estados, outras capitais. Eu tenho a convicção de que o procedimento dos debates, a realização dos debates constitui uma das melhores maneiras de se permitir a população, aos eleitores conhecerem bem quais aqueles que estão disponíveis para servir o povo.

Tenho uma recomendação aos candidatos, porque o que se notou ontem foi uma agressividade, vontade às vezes não tanto de falar as suas proposições, o seu programa de governo, mas de tentar agredir e diminuir as qualidades dos seus adversários.

Eu, na minha experiência política, quando se tem a oportunidade de debater, usar o tempo muito mais para dizer aquilo de bom que você vai fazer enquanto estiver naquela posição é muito melhor do que simplesmente estar gastando tanta energia para destruir os adversários. Então, essa é uma recomendação para o conjunto deles.

Mas Sr. Presidente, na manhã de hoje, ocorreu aqui em São Paulo a assinatura do Termo de Fomento do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania com o Instituto Rede de Base Orgânica Cata Sampa, o Instituto Cata Sampa. A organização foi selecionada por meio de um edital que visa estruturar e fortalecer cooperativas de catador de materiais recicláveis.

O Instituto Cata Sampa busca promover a economia solidária e os negócios sustentáveis entre suas bases cooperativistas. A ação faz parte do Plano Ruas Visíveis, que prevê a destinação de R$ 2,2 milhões para catadores e catadoras de material reciclável, abarcando aqueles e aquelas em situação de rua.

Esse recurso foi metade para o Cata Sampa e outra metade para o, também selecionado no edital, Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável, Insea, em Belo Horizonte.

Este plano só foi possível graças à ampla articulação do movimento em prol dos direitos dos catadores e das catadoras do Brasil. Considero de extrema relevância designar recursos aos catadores que vivem à margem dos recursos municipais destinados à gestão dos resíduos sólidos. O evento de hoje contou com a participação do ministro de Direitos Humanos e Cidadania, alguns parlamentares, nosso colega Simão Pedro e Marina Helou, a vereadora Luna Zarattini e de diversos movimentos sociais de catadores e de pessoas em situação de rua.

Eu cumprimento o Comitê de Catadores e Catadoras da Cidade de São Paulo, e que leu e entregou uma carta ao ministro, eu peço a autorização do presidente Carlos Giannazi para ler esta carta-denúncia, datada de 8 de agosto de 2024, sobre a violação dos direitos humanos dos catadores e catadoras da cidade de São Paulo. Então, assinada pelo Comitê de Catadores e Catadoras da Cidade de São Paulo, eles transmitiram ao excelentíssimo ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio de Almeida, São Paulo precisa urgentemente valorizar o trabalho de cerca de 30 mil catadores de materiais recicláveis.

“Segundo o Observatório do Cadastro Único, a maioria vive com até um salário mínimo, destacando o desrespeito e a inviabilização desses trabalhadores, essenciais para a economia circular e a sociedade. Historicamente, as cooperativas de catadores realizavam a coleta seletiva porta a porta, mas foram substituídas por concessionárias, piorando o serviço e a adesão ao programa. Atualmente 99% do orçamento da limpeza urbana são destinados à coleta e ao aterramento dos resíduos, e apenas um por cento é investido na manutenção dos galpões das cooperativas.

Em 2014, o PGIRS registrou 22 organizações apoiadas pelo município, de 48 autorizadas a receber material da coleta seletiva. Mas, hoje, apenas 25 cooperativas assinaram termos de cooperação sem transferência de recursos financeiros. O modelo jurídico da prefeitura desconsidera a legislação específica para cooperativas e a política nacional de resíduos sólidos, tratando-as como ONGs e aumentando a burocracia.

Os catadores dependem do trabalho árduo de coleta e venda de materiais, enquanto a cidade gasta cerca de dois bilhões de reais anuais com empreiteiras, recuperando menos de 2% dos resíduos. Recentemente, os contratos com essas empresas foram renovados por 20 anos sem consulta pública, prevendo usinas de incineração que prejudicam a saúde e a reciclagem dos catadores.

Os novos contratos custarão mais de 81 bilhões de reais em 20 anos, duplicando os gastos atuais. A renovação foi feita de forma sigilosa, violando o princípio da publicidade dos atos públicos e a política nacional de resíduos sólidos, que garante o direito à informação e o controle social na gestão dos resíduos sólidos. Nossa categoria sofre com opressão e higienização em áreas nobres da cidade, onde carrinhos e materiais recicláveis são frequentemente apreendidos de forma violenta. A falta de locais adequados para trabalho e a disputa com a especulação imobiliária resultam no fechamento de galpões.

Assim, reivindicamos as seguintes ações: pagamento justo pelos serviços prestados ao município; eliminação da burocracia que enquadra organizações de catadores, como ONGs; disponibilização de áreas públicas para construção de galpões em todos os 96 distritos da cidade, cessão de terrenos do patrimônio da União para o trabalho dos catadores e inclusão socioeconômica das catadoras e catadores autônomos. Gratos pela atenção. Comitê de Catadores da Cidade de São Paulo.”

Sábio presidente Carlos Giannazi, eu vou encaminhar esse pronunciamento e a carta do Comitê de Catadores e Catadoras para o nosso candidato a prefeito, o Guilherme Boulos, para que inclusive, quem sabe, ele possa trazer este tema “Como é que a cidade vai tratar da questão dos catadores e catadoras” no próximo debate.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Com a palavra agora o nobre deputado Reis, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Cumprimentar o deputado Carlos Giannazi e também cumprimentar o deputado Suplicy, os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal, da Polícia Técnico-Científica. Cumprimentar todos os funcionários públicos, professores, educadores, médicos, enfermeiros e também cumprimentar todos aqueles e aquelas que estão nos acompanhando pelas redes sociais em suas residências e também pela TV Alesp.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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Presidente Suplicy, presidente Giannazi, eu quero também dar os parabéns à Rede Bandeirantes pelo debate que aconteceu na data de ontem e através daquele debate as pessoas puderam observar e ver realmente quem estará melhor preparado, capacitado, em condições de dirigir a cidade de São Paulo pelos próximos quatro anos.

Então foi muito bom. Claro que cada um tem a sua preferência. Eu até acho que o nosso candidato foi muito bem, mas outros acham que os outros também foram bem. Tanto é que hoje de manhã, logo na parte da manhã, logo cedo, já tomei um café com o Boulos. Então é assim que a gente vai vendo e acompanhando. E o debate foi bastante significativo para a cidade de São Paulo e para nós que estamos aí no dia a dia acompanhando esse processo eleitoral.

Também quero deixar registrado, presidente Suplicy, que na data de ontem eu estive em reunião no gabinete da Procuradoria-Geral da República, a PGR, e também no gabinete do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, para tratar da Adin nº 7.676, de 2024, que foi proposta pelo Partido dos Trabalhadores e que trata das aposentadorias da Lei 1.354, que foi aprovada aqui nesta Casa na gestão do João Agripino Doria, e também da Emenda Constitucional nº 49.

E fui muito bem recebido, foi bastante proveitosa a reunião. Fui muito bem recebido na PGR, fui muito bem recebido no Supremo Tribunal Federal e também ali pude apurar que nós precisamos atacar não só a Lei 1.354, deputado Carlos Giannazi, mas também a Emenda nº 49.

Então nós pegamos a Lei nº 1.354 e pegamos todos os dizeres lá de classe ou nível: “classe ou nível ataca os professores, professores de nível um, professor de nível dois, ataca os policiais civis, ataca os policiais penais”. Ou seja, se ele não tiver cinco anos na classe ou nível, ele é “despromovido”. Nós fizemos aqui um projeto para corrigir essa distorção da Lei nº 1.354; o governador vetou.

O governador se fosse legalista, um constitucionalista, ele teria mandado para esta Casa, ele teria reconhecido o erro quando foi aprovada essa lei desse texto e ele teria mandado um projeto - já que ele alegou vício de iniciativa - para esta Casa para pôr fim a esta inconstitucionalidade, que está prevista nessa Lei nº 354 e também na Emenda 49. Mas o governador se omitiu. Nada fez, seguiu parecer da SPPREV, vetou o nosso projeto e não propôs nada a respeito para sanar essa irregularidade. Quando se trata da Polícia Militar, tem o posto imediato. Então, na aposentadoria se ganha uma promoção.

Seria importante que os policiais civis pudessem ter a classe imediata, que os professores, os diretores de escolas, quando fossem se aposentar, pudessem ter um plus na aposentadoria, porque eles perdem. Quando se aposenta, reduz-se o seu salário. Por isso que muitas pessoas acabam não se aposentando e vão ficando muito tempo: por conta que elas acabam se sacrificando, porque há uma redução salarial. Então, seria bom que o governador se sensibilizasse nesse quesito e pudesse criar a classe imediata. Mas se ele vetou esse projeto, tenho certeza de que nada vai fazer a respeito disso.

Lá em Brasília, nós estamos pedindo para o PT, para a presidenta do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, fazer um aditamento junto a essa Adin, porque nós atacamos a Lei nº 1.354, mas ficou de fora a Emenda Constitucional 49, que também fala de classe ou nível. Então, a Emenda 49 também passa por cima do que foi a Emenda 103 da Constituição Federal, quando se aprovou lá em Brasília a reforma da Previdência. Então, pelo que eu percebo e pelo andar da carruagem, o PT vai fazer esse aditamento.

Nós já indicamos os pontos da Emenda 49 que também precisam ser atacados, e muito em breve nós vamos ter, sim, deputado Suplicy, o julgamento dessa Adin favorável a todos os funcionários públicos de São Paulo, porque, pelo que eu conversei, os estados não podem destoar da lei máxima. Não pode cada estado fazer do seu jeito. Tem algumas coisas na Constituição, na Emenda 103, que ficaram facultadas aos estados fazerem, mas não é tudo. Essa questão do cargo é taxativa, a Constituição Federal é taxativa.

Cinco anos no cargo e o governo de São Paulo acrescentou classe ou nível. Então, essa classe ou nível está para mais e, obviamente, com o julgamento dessa Adin, a Adin 7676, de 2024, eu não tenho dúvidas de que isso vai ser colocado, vai cair por terra e vai garantir que os policiais civis, quando forem pedir a sua aposentadoria, não sejam despromovidos, como é o que acontece hoje.

Eu fiquei muito contente pela recepção, da forma que nós fomos recebidos, e pelo entendimento do que o Supremo nos trouxe a respeito dessa matéria, do parecer da AGU. A AGU já deu um parecer a respeito disso, reconhecendo a inconstitucionalidade. Obviamente que, muito em breve, teremos notícias positivas nesse quesito e vamos derrubar por terra essa classe ou nível que está lá no parágrafo segundo do Art. 12 da Lei nº 1.354 e que também está lá em dois pontos da Emenda Constitucional nº 49, que também será impugnada e cairá por terra.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Cumprimentos pela iniciativa, deputado Reis. Tem a palavra agora, pelo tempo regimental, o deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado Reis, a Secretaria da Educação, através do seu secretário, o empresário Renato Feder, está realmente colocando em curso um processo para, possivelmente, tentar substituir os professores e as professoras da rede estadual, Sr. Presidente, porque há demais.

Primeiro ele tentou tirar os livros didáticos das escolas estaduais. Não conseguiu, porque nós, através de uma ação popular feita pelo nosso coletivo “Educação em Primeiro Lugar”, constituído pela deputada federal aqui de São Paulo, professora Luciene Cavalcante, pelo vereador Celso Giannazi aqui da Câmara Municipal e pelo meu mandato aqui da Alesp, nós conseguimos deter essa insanidade, esse crime pedagógico, através da Justiça. Então, ele foi obrigado a recuar. Mas ele continua atacando, Sr. Presidente, a rede com os conteúdos digitais.

Inclusive, em uma live que ele fez agora, na última terça-feira, uma live patética e bizarra, inclusive, ele anuncia que o bônus para o ano que vem será feito através, logicamente, que um dos critérios é a avaliação dos alunos no Saresp, e que ele encaminhou agora, ele vai encaminhar os conteúdos digitais para a Vunesp, que é a empresa que realiza essa prova, para que a prova, tanto do Saresp como do Provão, que elas sejam realizadas apenas através dos conteúdos digitais.

Olha só como isso vai tirar totalmente a autonomia dos professores. Ou o professor usa o conteúdo digital ou ele está fora, ele não vai receber o bônus, Sr. Presidente. É um absurdo a chantagem que ele está fazendo com os professores nessa questão do bônus de resultado. Então, nós estamos denunciando isso com veemência.

Para piorar a situação, Sr. Presidente, agora ele anunciou, em uma entrevista aqui para a imprensa, acho que para a TV Bandeirantes, que ele vai utilizar, que ele está fazendo um teste, me parece, um teste com as cobaias, que são os alunos - a grande cobaia dele é a Rede Estadual de Ensino -, que ele vai utilizar a inteligência artificial para corrigir os trabalhos de casa dos alunos; olha só, substituindo praticamente o professor. Eu quero colocar um pequeno trecho dessa também bizarra e patética entrevista do secretário, o empresário Renato Feder. Aqui, Sr. Presidente, vamos ver.

 

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- É exibido o vídeo.

           

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Isso, Sr. Presidente, é um absurdo, é um escárnio, é uma destruição da Rede Estadual de Ensino, é um ataque jamais visto ao Magistério e a todos os profissionais da Educação do estado de São Paulo. Essa máfia, essa ditadura das plataformas digitais.

Inclusive, na live que ele fez na terça-feira, ele não fala nada de Educação, só fala dessas plataformas, de metas, “meta diamante”, “meta ouro”. É como se ele estivesse fazendo uma palestra para vendedores de sabonete, de detergente, uma palestra para motivar as pessoas a venderem produtos. É como se fosse um curso para quem vai trabalhar em telemarketing, para ver quem vai atingir as metas. Ele coloca, no processo educacional, os conceitos empresariais, de banco, de empresa comercial, de empresa de telemarketing, de atingimento de metas, “meta diamante”, mas não fala nada de Educação, de aprendizagem. Não fala nada sobre salários, sobre o arrocho salarial dos profissionais da Educação, não fala nada que... Ele não paga corretamente o piso nacional do Magistério, Sr. Presidente. Nada disso é debatido, o projeto pedagógico. Ele só fala de conteúdo digital, de plataformas, de inteligência artificial.

Ele reduziu a rede de ensino a isso. A rede estadual hoje está a serviço das empresas de plataformas digitais, para enriquecer essas empresas que vendem as plataformas, Sr. Presidente, por bilhões de reais. Uma única plataforma dessas custou, Sr. Presidente, 70 milhões de reais, e depois ela tem que ser renovada, após 18 meses de funcionamento. É um absurdo, Sr. Presidente.

Nós estamos denunciando e tomando providências para reverter essa situação, mas é bom que o povo de São Paulo saiba que está em curso a destruição da Rede Estadual de Ensino pela gestão Tarcísio e pelo empresário Renato Feder, que não têm nenhum compromisso com a qualidade de ensino, com os profissionais da Educação e com a escola pública do estado de São Paulo. O grande compromisso desse governo é com as empresas que vendem as plataformas digitais.

Então, nós vamos denunciar exaustivamente, Sr. Presidente. Fora, Feder! Ninguém mais aguenta esse empresário no comando da Secretaria da Educação, Sr. Presidente, porque ele acha que a rede estadual é uma empresa de telemarketing que tem que atingir as metas que são inatingíveis, tanto é que 86% dos profissionais da Educação não alcançaram as metas, não conseguiram ter acesso ao bônus.

Vejam: 86% dos profissionais da Educação, 85% das escolas não atingiram as metas e 77% das diretorias de ensino - das 91 diretorias de ensino, Sr. Presidente, 77% não conseguiram atingir as metas que ele estabeleceu. Então, é impossível, Sr. Presidente.

Isso mostra o fracasso dessa política educacional dessa fracassada gestão Tarcísio e Feder.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Caro deputado Carlos Giannazi, se puder, mais uma vez, presidir a sessão para que eu possa também fazer um segundo pronunciamento, agradeço muito.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Ainda no Pequeno Expediente, na lista de oradores inscritos, já na Lista Suplementar, com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Carlos Giannazi, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, gostaria aqui de fazer um alerta, porque há o anúncio dos responsáveis pela previsão de tempo de onda de frio no Estado.

A frente fria que chegou hoje ao Estado deve manter as temperaturas baixas até a próxima terça-feira. No domingo, que é o Dia dos Pais, o Instituto Nacional de Meteorologia prevê que a temperatura mínima na capital paulista chegue em quatro graus centígrados, podendo ser a temperatura mais baixa dos últimos anos.

Eu trago esse ponto para nos lembrarmos dos cuidados com as pessoas em situação de rua. Infelizmente, todos os anos, pessoas em situação de rua morrem por hipotermia. É obrigação do Poder Público dar as condições para evitar que isso ocorra.

O estado de São Paulo possui mais de 120 mil pessoas em situação de rua, segundo o Cadastro Único. O número de vagas em centros de acolhida está muito abaixo disso. A longo prazo, é necessário o Poder Público investir em políticas de moradia, a curto prazo, precisamos das equipes de Saúde e assistência social nas ruas para evitar casos de hipotermia.

Relembro que na cidade de São Paulo é possível solicitar a abordagem social por telefone ou aplicativo do 156. Caso a pessoa já apresente sinais de hipotermia, é urgente que seja acionado o Samu, via 192. Sr. Presidente, fico pensando nessas milhares de pessoas, 120 mil pessoas estão em situação de rua no estado de São Paulo, segundo o Cadastro Único.

Como será diferente o Brasil no dia que tiver já em prática aquilo que está previsto na Lei nº 10.835, de 2004, e também na nova lei promulgada pelo presidente Lula em junho de 2023, que extinguiu o “Auxílio Brasil”, e reinstituiu o programa “Bolsa Família”, qualificando-o como o passo na direção da gradual implementação da universalização da Renda Básica de Cidadania, conforme prevê a Constituição e a Lei nº 10.835, de 2004.

Eu gostaria de dar a informação, vocês sabem, conforme aqui relatei, que, em outubro passado, eu encaminhei uma carta ao presidente Lula, ao vice-presidente Geraldo Alckmin, aos diversos ministros das áreas de Economia e de Assistência Social, como o Fernando Haddad, a Simone Tebet, o Alexandre Padilha, o Wellington Dias, o Sílvio Almeida, a Marina Silva e diversos outros. Nessa carta, eu sugeri ao presidente Lula - mencionando mais de cem nomes entre os melhores estudiosos das transferências de renda, da luta pela extinção da pobreza, por maior igualdade - que pudesse esse grupo de trabalho iniciar os estudos sobre como será essa gradual transição em direção à Renda Básica Universal.

No dia primeiro de fevereiro último, eu, em audiência com o presidente Lula e com o ministro Alexandre Padilha, eis que ele então orientou o ministro Alexandre Padilha sobre serem tomadas as providências, inclusive junto ao Conselhão, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável, para que faça uma interação com esse grupo de trabalho.

Eu quero dizer que, a partir de março, esse grupo de trabalho começou a existir, e os responsáveis pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável passaram a interagir conosco, inclusive da Rede Brasileira da Renda Básica, e passamos a realizar reuniões, tendo sido convidados os 246 membros do Conselhão para que venham a colaborar com esse grupo de trabalho.

Pois bem, foi neste último dia oito de agosto, nós tivemos a sexta reunião desse grupo de trabalho, e eu, nos próximos dias, irei relatar aqui quais foram os avanços até agora para alcançarmos os objetivos de apresentar ao governo do presidente Lula o plano da gradual transição da implantação da Renda Básica Universal a partir do “Bolsa Família”.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Gostaria de chamar V. Exa. para continuar presidindo esta sessão.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra o deputado Carlos Giannazi, com meus cumprimentos pela dedicação com que tem participado do Pequeno e do Grande Expedientes, e quase todos os dias, de segunda a sexta-feira. Parabéns.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Parabéns também, deputado Suplicy, a V. Exa., que é um assíduo frequentador do plenário, fazendo intervenções importantes, usando a tribuna da Assembleia Legislativa para cobrar os governos de plantão. Parabéns, Sr. Presidente.

Deputado Suplicy, nós tivemos uma vitória importante aqui no estado de São Paulo em relação à implantação da farsa da escola cívico-militar, a escola doutrinadora, a escola com partido, a escola que, ao ser implantada, mostra a falência da escola pública, porque coloca, por exemplo, um militar ganhando o dobro do que ganha o professor, do que ganha o diretor da escola e do que ganha, inclusive, o supervisor de ensino. É um absurdo esse projeto político-ideológico, que é um projeto de poder, na verdade.

Mas qual foi a nossa vitória, Sr. Presidente? Nós tínhamos, logo que a lei foi aprovada aqui no plenário da Assembleia Legislativa pela bancada do governo... Logicamente nós votamos contra, obstruímos a votação, mas o governo conseguiu aprovar pela sua maioria, pela base do Governo. Imediatamente nós formulamos uma Adin, uma ação direta de inconstitucionalidade. Quando eu digo nós, é o nosso coletivo Educação em Primeiro Lugar - a deputada federal Luciene Cavalcante, o vereador Celso Giannazi e o meu mandato aqui na Assembleia Legislativa.

Através do PSOL, nós protocolamos no Supremo Tribunal Federal e virou a Adin 7662, que está inclusive nas mãos do ministro Gilmar Mendes. Ele está pedindo informações para o governo estadual, para a Assembleia Legislativa, para a Advocacia Geral da União e para a Procuradoria Geral da República, para tomar uma decisão. Ao mesmo tempo, em seguida, a Apeoesp entrou com uma Adin aqui no TJ também, importante, e outras iniciativas foram tomadas também por outros mandatos aqui no sentido de provocar a Justiça estadual.

O fato é que recentemente o Tribunal de Justiça, através de um desembargador e atendendo a um recurso da Apeoesp, disse o seguinte, que enquanto estiver em julgamento a nossa Adin, a Adin do PSOL, do nosso coletivo Educação em Primeiro Lugar, a 7662, fica suspenso o projeto aqui, fica suspensa a lei, os efeitos da lei que foi aprovada aqui na Assembleia Legislativa. Ou seja, foi uma derrota para o governo. Ele não pode mais implantar, até o julgamento da nossa Adin, a farsa da escola cívico-militar no estado de São Paulo.

Eu tinha também entrado, junto com o coletivo Educação em Primeiro Lugar, Sr. Presidente, com uma representação no Ministério Público estadual, porque havia uma manipulação, um vício no processo de consulta pública que estava sendo realizado nas escolas, nas aproximadamente 300 escolas que tinham sido indicadas para serem escolas cívico-militares. Manipulações grosseiras, Sr. Presidente, claras, todo mundo percebia.

Inclusive eu denunciei aqui na tribuna um material da Secretaria da Educação que foi enviado às escolas para que fosse enviado aos pais, um material parcial defendendo a implantação desse modelo de escola. Escolas proibindo que os professores se manifestassem, escolas proibindo a entrada de membros representantes da Apeoesp e do Movimento Estudantil para debater com os alunos, com os pais.

Então era uma consulta totalmente direcionada, antidemocrática, nada de consulta popular, para impor o programa na marra, esse projeto na marra, mas eu acionei o Ministério Público, Sr. Presidente, com todas essas denúncias, com a cópia do material. Inclusive saiu uma matéria na “Folha de S.Paulo”, um painel da “Folha de S.Paulo”, mostrando exatamente o material que eu apresentei e uma escola aqui de São Paulo também dizendo que os professores estavam proibidos de se manifestar. Olha só, é a lei da mordaça aqui do governo Tarcísio.

Enfim, Sr. Presidente, agora saiu inclusive uma matéria hoje, na “Folha”, dando conta também da suspensão da consulta. Eu queria colocar aqui. Hoje, olha: “Governo Tarcísio suspende consultas sobre escolas cívico-militares após decisão judicial”. O desembargador determinou a suspensão do programa até que o Supremo Tribunal Federal julgue a constitucionalidade do modelo, que é a nossa Adin. Enquanto a nossa Adin, que nós protocolamos, que saiu aqui do nosso mandato, do mandato da deputada Luciana Cavalcante, do vereador Celso Giannazi, não for julgada, então não pode nem fazer mais consulta, vai ter que esperar a decisão do Supremo Tribunal Federal.

Então, é uma vitória, vitória aqui do nosso coletivo, dos profissionais da Educação, do estado de São Paulo, da Apeoesp, de todas as pessoas que estão irmanadas e lutando contra a implantação dessa farsa da escola cívico-militar, Sr. Presidente, porque não podemos aceitar isso. A rede estadual está precisando de mais investimento e há coisas absurdas acontecendo.

Das escolas indicadas, V.Exa. acompanhou, indicaram a Escola Vladimir Herzog para ser escola cívico-militar. Vladimir Herzog, que era diretor de jornalismo da TV Cultura, professor da ECA, na USP, judeu. Foi barbaramente torturado pelos militares e morreu aqui ao lado, pertinho da Assembleia Legislativa, nos porões da ditadura militar.

Então, vejam bem, ele foi morto e torturado e agora, com essa decisão de transformar a Escola Estadual Vladimir Herzog em escola cívico-militar, seria a segunda morte dele, da memória dele, deputados, um absurdo, mas houve uma ampla mobilização e a própria escola voltou atrás, ou a Diretoria de Ensino, então essa escola saiu. Mas tem outras, tem a Escola Mário de Andrade, que não tem nada a ver com escola cívico-militar. Mário de Andrade foi um poeta libertário, um dos mentores, organizadores da Semana Moderna de Arte, aqui de 22. Também tem outra escola, Sr. Presidente, de Jean Piaget, imagine Escola Estadual Cívico-Militar Jean Piaget. Isso é um escárnio à memória dessas pessoas todas que deram uma grande contribuição para a educação, para a literatura, para o jornalismo. Elas jamais permitiriam esse vínculo dos seus nomes com escola cívico-militar.

Mas, por enquanto, o projeto está derrotado. Espero que o Supremo Tribunal Federal tome a decisão correta, Sr. Presidente, até porque o próprio Tarcísio de Freitas disse no ano passado, em Brasília, no lançamento de uma frente parlamentar em defesa desse modelo de escola, em Brasília, que estava lá toda a extrema-direita protofascista do Brasil, todos eles estavam lá, o Bolsonaro, aquela bancada toda da extrema-direita, Sr. Presidente, e o Tarcísio, para fazer média com a extrema-direita e com o Bolsonaro, disse que essa escola cívico-militar é muito importante porque ela vai, com certeza, formar novos líderes como o Bolsonaro.

Então, ele mesmo disse que a escola é doutrinadora, a escola tem, sim, um caráter ideológico de formar pessoas para a extrema-direita, para depois militar contra a democracia, invadindo, inclusive, a Praça dos Três Poderes e quebrando o Supremo Tribunal Federal.

Então, Sr. Presidente, é uma vitória importante aqui de São Paulo. Por enquanto nós vamos seguir vigilantes e atentos a toda essa movimentação e torcendo, já, nós já tivemos uma reunião no Supremo Tribunal Federal, no gabinete do ministro Gilmar Mendes, fazendo para ele, para o gabinete dele, explicações e fundamentando a nossa Adin, Sr. Presidente.

Então, sobre esse tema, Sr. Presidente, era isso que eu gostaria de dizer, mas eu tenho também, Sr. Presidente, aqui que dizer que nós estamos preocupados com a questão do Iamspe, Sr. Presidente. É muito sério o que está acontecendo no Iamspe, a falta de investimento, a falta de gestão democrática, e os últimos acontecimentos, as últimas notícias que nós estamos recebendo aqui nos preocupam bastante.

A primeira delas foi uma notícia que eu recebi, inclusive, eu recebi, Sr. Presidente, um documento agora da Diretoria de Ensino Sul 3. Eu fiquei chocado com isso, nós estamos investigando se isso está generalizado. Eu até gostaria de colocar, pessoal da Técnica, olha o informe do NAP, que é o Núcleo de Aposentados da Secretaria da Educação da Diretoria Sul 3, que está dizendo o seguinte: orientação aos servidores aposentados; favor orientar a cada servidor aposentado que se apresente no prédio administrativo do Iamspe, para que faça opção interesse em continuar com o convênio, mesmo após se aposentar.

Olhe só, eles estão, Sr. Presidente, orientando os aposentados a irem até o prédio aqui do Ibirapuera, da administração para dizer se eles querem ou não continuar vinculados no convênio do Iamspe. É um absurdo fazer isso com os servidores aposentados para que eles venham... Eu fico imaginando se essa orientação é feita também para os professores que estão em Presidente Prudente, em Apiaí, na Baixada Santista, em todo interior paulista, na Grande São Paulo.

Senhor Presidente, já pensou se todos os aposentados tiverem que se deslocar até o prédio do Iamspe, aqui perto da Assembleia Legislativa? Inclusive o prédio que o governo colocou à venda. Quero fazer esse registro. Esse prédio está sendo vendido pelo Governo.

Então, isso é grave, Sr. Presidente, nós estamos apurando aqui tomando providências, porque seria um absurdo, um escárnio, um ataque jamais visto aos aposentados do estado de São Paulo, que teriam que vir até... Se eles não foram pedir o desligamento, é porque eles querem continuar pagando o Iamspe.

Mas, além disso, Sr. Presidente, algo que está me preocupando bastante é o que aconteceu no hospital de Taipas, o Hospital Regional de Taipas foi agora terceirizado, foi entregue para uma organização social de caráter privado e essa... E saiu no “Diário Oficial” que essa... Por conta dessa terceirização, esse hospital também vai receber os conveniados do Iamspe.

Achei muito estranho, porque esse hospital é um hospital do SUS. Então, eles querem, na verdade, esvaziar o atendimento do Iamspe, direcionando, Sr. Presidente, as pessoas que pagam Iamspe para o SUS, para o Sistema Único de Saúde, mas qualquer pessoa pode usar o SUS, não precisa estar é pagando Iamspe para utilizar o SUS.

Então é muito estranho isso. É uma tentativa de esvaziamento do atendimento do Iamspe, do hospital do servidor público e da sua rede conveniada que é pequena, Sr. Presidente, nós temos que aumentar o investimento do Iamspe para que ele faça mais convênios no interior paulista, na Capital, na Grande São Paulo, na Baixada Santista com hospitais regionais, com clínicas, com laboratórios para atender a população de todo o Estado.

Isso é uma crise gravíssima do Iamspe, porque o Governo lavou as mãos, ele não investe mais no Iamspe, essa é a verdade, ele não investe nem 4% mais do Orçamento no Iamspe. O orçamento vem mesmo das contribuições dos servidores. O Estado, principalmente agora, nessa gestão, o governo lavou as mãos.

E tem mais denúncias, Sr. Presidente, de pessoas que estão fazendo tratamento do Iamspe e que estão sendo direcionadas, por exemplo, para o Hospital do Grajaú, para posto de saúde, parece-me que é um movimento do Iamspe de se livrar dos conveniados, empurrar os conveniados para a rede pública, mas a rede pública atenderia qualquer pessoa, Sr. Presidente, porque o atendimento à saúde é universal, o SUS é universal, ele atende.

Na verdade, é um truque do Iamspe, e nós estamos pedindo, estamos fazendo requerimento de informação, estamos pressionando o Iamspe, para dar explicações, Sr. Presidente, e o Governo sobre essa gravíssima movimentação. Primeiro em mandar os aposentados para o prédio da administração para dizerem... Até lá, pessoas que estão doentes, pessoas moram longe, Sr. Presidente, para ir até lá. Será que não teria um sistema mais modernizado através das redes sociais, através da informática de resolver isso?

Agora fazer um aposentado e presencialmente ir até o prédio aqui do Iamspe, na Avenida Ibirapuera, isso é um crime contra os aposentados e pensionistas. Então, nós estamos tomando providências em relação a isso também, Sr. Presidente, sei que já estamos aqui terminando o nosso Pequeno Expediente.

E termino, Sr. Presidente, fazendo aqui a última denúncia dessa tarde, aqui na Assembleia Legislativa, é sobre as terceirizações, Sr. Presidente, é da limpeza da rede estadual de ensino. Olha, estou recebendo aqui reclamações de várias escolas da Diretoria Sul 1, Sr. Presidente, aqui da zona sul de São Paulo de que a empresa terceirizada “Vida Serv Saneamento e Serviços”, que faz o trabalho de limpeza das escolas estaduais... Não sei se tem um documento, esse daqui, olha, “Vida Serv”.

Ela não está pagando as funcionárias de limpeza. Então tem várias escolas que não têm mais essas servidoras, porque elas não estão recebendo. Parece que estão fazendo greve - e com razão. Todo o nosso apoio à greve. Agora, a empresa não está pagando essas servidoras, Sr. Presidente.

Então, essa é a chaga da terceirização, sobretudo na área da Educação. Constantemente, nós temos recebido denúncias e assistido a episódios como esse em várias diretorias de ensino - que têm empresas até diferentes. Na Sul 1 é essa empresa - Vida Serv - que até então... As empresas dão calote nas servidoras, não pagam; elas fecham, vão embora, abandonam as suas servidoras; não pagam absolutamente nada.

E o Estado não toma nenhuma providência. O Estado não vai pra cima; não usa, Sr. Presidente, o poder que tem a sua Procuradoria - sua PGE - para ir em cima dessas empresas. Não, parece que não tem fiscalização, não tem nada. E as escolas estão sem limpeza. Centenas de escolas; dezenas de escolas da Centro Sul estão praticamente abandonadas. As diretoras estão em pânico, reclamando.

Então, o Estado tem que tomar providências em relação a isso e mudar essa sistemática. Tem que ter concurso público para essa área, Sr. Presidente. É um absurdo manter essas empresas terceirizadas que abandonam as nossas escolas. Empresas que abandonam as suas próprias servidoras, deixando todas elas ao Deus-dará, sem receber os direitos trabalhistas, o pagamento do mês. Por isso que tem as greves e as paralisações - e as escolas ficam abandonadas em todo o estado de São Paulo. Agora é a Sul 1, mas todo mês nós recebemos uma denúncia como essa.

Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - E, havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Deputado Carlos Giannazi, antes de propor o levantamento da sessão, eu quero aqui informar - acabo de receber a informação - que a Justiça concedeu à Sra. Janaína Xavier, que foi detida na operação chamada Saúde e Dignidade promovida por sugestão do responsável pelo Gaeco, uma operação do Governo do Estado de São Paulo em coordenação com a Prefeitura Municipal...

E, nesta oportunidade, houve a prisão de diversas pessoas, dentre as quais - sem que houvesse qualquer comprovação de infringência à lei - foi detida a Sra. Janaína Xavier, que, inclusive, quando eu era vereador na Câmara Municipal, propus, foi aprovado e foi concedido a ela o título de cidadã paulistana, pelo trabalho que ela faz com todas as pessoas da região, sobretudo com as crianças e jovens.

E, como ela se constitui em uma liderança do bairro, muitas vezes ela, inclusive, me chamou para que eu pudesse - então, como vereador; hoje, como deputado - averiguar abusos que as forças de Segurança estavam cometendo com respeito à população em situação de rua na Cracolândia. Uma pessoa superdedicada a ajudar as pessoas. Mãe de dez filhos, inclusive de uma criança a quem está amamentando. E ela, com o peito cheio de leite, sem poder amamentar a sua filha. Mas é muito importante que, nesta circunstância, não havendo nada de grave com respeito à ação de Janaína Xavier, a Justiça tenha concedido a ela o direito à prisão domiciliar, onde, portanto, ela poderá estar amamentando a sua criança.

Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e dez minutos.

 

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