16 DE AGOSTO DE 2024
105ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h14min.
2 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
4 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência. Anuncia a presença de alunos e de professores da Etec José Rocha Mendes nas galerias.
6 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
8 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Anota o pedido. Critica o governo estadual por medidas contrárias a servidores da TV Cultura.
9 - EDUARDO SUPLICY
Para comunicação, faz pronunciamento.
10 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Defere o pedido do deputado Eduardo Suplicy. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 19/08, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h31min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata
da sessão anterior e recebe o expediente.
Dando então início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Rodrigo Moraes.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Thainara Faria. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Rogério Santos. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Luiz Claudio
Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado Caio França. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.)
Com a palavra a deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis,
que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. REIS - PT - Quero
cumprimentar o deputado Carlos Giannazi que preside a sessão, o público
presente, o deputado Suplicy, os funcionários desta Casa, os integrantes da
Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal, da Polícia
Técnico-Científica, também os professores, os diretores, os educadores, os
profissionais da Saúde, além de todos os funcionários públicos e aqueles e aquelas
que estão nos acompanhando pela Rede Alesp.
Presidente
Carlos Giannazi, eu estou apresentando um projeto de resolução aqui na
Assembleia Legislativa, modificando a moção de aplausos que existe em nosso
Regimento. Outro dia, eu participei de uma reunião da Comissão de Segurança
Pública. Cinquenta por cento da pauta era aplausos. Aplausos, aplausos,
aplausos. Aplausos para a equipe “A”, para a guarnição da Polícia Militar,
entre outros.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.
* * *
Eu tentei
aprovar um requerimento, pedindo que a Comissão de Segurança Pública
encaminhasse ao Sr. Governador do Estado de São Paulo todos os projetos que
foram apresentados pelos senhores deputados e pelas senhoras deputadas,
projetos esses que dizem respeito à Segurança Pública. Então eu falei: “Olhe,
como o governador é um vetador - todos os projetos dos deputados e das
deputadas, quando aprovados, acabam sendo vetados, por que não consultamos o
governo antes de tramitar os projetos? Por que não perguntamos para o governo
se esses projetos podem ganhar vida ou não?” Porque é um trabalho em vão, um
trabalho jogado na lata do lixo.
Os deputados
trabalham, trabalham e trabalham, e o governador “veta, veta, veta”. Então,
vamos consultar o governador sobre esses projetos. Quais deles podem receber
sanção? Quais desses projetos podem ganhar vida, resolver os problemas da
população? E, por incrível que pareça, deputado Carlos Giannazi, a bancada do
governo Tarcísio, os deputados governistas - aqueles que vêm aqui, gritam,
falam alto, gritam, gritam, gritam - votaram contra esse requerimento. Votaram
contra.
Aliás, na
próxima reunião, eu quero perguntar a essa comissão, qual o projeto relevante
que ela aprovou em prol da sociedade paulista. Qual? Que me apresente um.
Então, já que lá só votam aplausos eu tive essa ideia, de criar um Projeto de
Resolução estabelecendo os aplausos de ouro. Aplausos de ouro. O que seria o
aplauso de ouro? Quando o deputado indicar a moção de aplauso àquela equipe da
Polícia Militar, que ele também dê um prêmio de cerca de cinco mil reais para
aquela equipe que prestou um bom trabalho. Porque, conversando com os
aplaudidos, vários deles falaram assim: “Ah, eu gostaria da minha parte em
dinheiro”. Então, esse negócio de aplauso para fazer a politicagem, não serve
para nada. É para chegar lá e falar: “- Olhe, eu fiz um aplauso para você”.
Não aumenta o
salário do policial, não aumenta o salário do servidor, não aumenta o
vale-coxinha, que hoje tem o valor de 12 reais. O que se compra com 12 reais?
Pergunto aqui para qualquer um de vocês que estão aqui: o que se compra com 12
reais? É o vale-coxinha que o governador de São Paulo paga aos funcionários
públicos.
Os funcionários
públicos merecem respeito. Merecem um vale-refeição que dê condição de
alimentarem-se. Com 12 reais não se compra nada. Então, quando fizerem um
aplauso, que venha acompanhado de um prêmio.
Eu indiquei a
fonte pagadora, deputado Suplicy. A fonte pagadora pode ser a verba
indenizatória do deputado. Ele vai abater daquela verba indenizatória, que ele
tem aqui para indenizar os gastos do seu gabinete, o custeio do aplauso.
E aí, os
aplaudidos vão ficar bastante satisfeitos. Os aplaudidos vão ficar muito
contentes, porque além dos aplausos, realmente, eles ganharão alguma coisa. Só
o aplauso não serve para nada, não está reconhecendo nada. O salário é muito
ruim. O salário do policial é muito ruim, e é baixo o salário do soldado. O
vale-refeição é uma vergonha.
Então, a partir
do momento que se aprovar a moção de aplauso, que esse aplauso venha
acompanhado de um prêmio, um prêmio em pecúnia. Esse é o projeto que eu estou
apresentando aqui, um PR, para alterar o nosso regimento e criar o “Aplausos de
Ouro”.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Agora tem a
palavra o deputado Carlos Giannazi pelo tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Suplicy, público aqui
presente, telespectador da TV Assembleia que nos acompanha agora pela rede
Alesp de televisão, quero cumprimentar os alunos da Etec e os professores aqui
presentes.
O meu assunto,
Sr. Presidente, de hoje, é, novamente, a Educação e, novamente, um tema que eu
comecei a explanar na data de ontem aqui na tribuna, que foi o resultado do Ideb,
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, do Saeb, aquela prova do Saeb que
saiu publicado ontem.
Inclusive, uma
matéria da “Folha de S. Paulo”, quero colocar aqui o título da matéria, Sr.
Presidente, dando conta de um... São Paulo teve um desempenho ruim. Olhe só: “O
desempenho do ensino médio de São Paulo recua e é menor do que antes da
pandemia”. O estado mais rico da Federação, que tem a maior rede de ensino da
América Latina, está regredindo, Sr. Presidente. Estamos... É grave essa
situação.
Eu tenho
denunciado exaustivamente o sucateamento, a degradação da rede estadual de
ensino, a falta de investimento, a máfia, a ditadura das plataformas digitais,
que estão enriquecendo essas empresas, os conteúdos digitais com vários erros,
que são praticamente obrigatórios, a tentativa do governo de retirar o livro
didático das nossas escolas e, por fim, agora, o tiro de misericórdia para
liquidar definitivamente a Educação do estado de São Paulo, a redução do
orçamento.
O governador
Tarcísio de Freitas apresentou a PEC, a Proposta de Emenda à Constituição
Federal nº 09, de 2023, que vai mudar a Carta Magna estadual, reduzindo de 30%
para vinte e cinco por cento. Isso significa, na prática, uma redução de
aproximadamente dez bilhões por ano na Educação pública do estado de São Paulo.
Isso vai ter um impacto negativo, Sr. Presidente, em toda a Educação do nosso
estado. Esse aqui... Isso é um aviso, Sr. Presidente. Nós estamos recuando,
porque não há investimento na Educação do estado de São Paulo.
Nós estamos aqui
com alunos das Etecs, do Centro Paula Souza, e, ontem, por exemplo, muitas
Etecs e Fatecs estavam em greve, os professores, os funcionários, por conta do
não pagamento do bônus para os professores das Etecs e Fatecs. Eles não tiveram
o pagamento do bônus, não tiveram o respeito da data-base salarial e não
tiveram o reajuste salarial.
Centro Paula
Souza, estão fechando os cursos modulares do Centro Paula Souza, estão fechando
os cursos modulares do Centro Paula Souza, prejudicando milhares de alunos dessa
modalidade, Sr. Presidente, são vários os ataques.
Ontem eu li a
carta aqui do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Centro Paula
Souza. Eles estiveram aqui, a diretoria toda estava aqui ontem, e eu fiz um
pronunciamento denunciando. Esse governador, Sr. Presidente, está destruindo
toda a Educação, não é só a rede estadual, não, é o Centro Paula Souza também
que tem que ter investimento, as nossas universidades, a USP, a Unicamp, a
Unesp. A gente tem que aumentar o investimento, o financiamento das três
universidades, que estão vivendo um momento dramático de falta de recursos
também.
O governador
atacou recentemente a pesquisa, quando ele aprovou aqui na LDO um artigo
permitindo a redução de 30% da Fapesp, retirando aproximadamente 600 milhões
por ano da pesquisa e da ciência. Então, esse é um governo contra a educação
pública, contra a universidade pública, contra a pesquisa, contra a ciência,
Sr. Presidente, contra a cultura, contra as áreas sociais. Nós estamos vivendo
exatamente isso no estado de São Paulo.
Olha só, aqui é
um aviso importante, Sr. Presidente: não dá para reduzir o orçamento da
Educação. Faço aqui um apelo ao governador Tarcísio de Freitas para que ele
retire imediatamente essa PEC que vai reduzir de 30% para 25% o Orçamento da
Educação Estadual. Se a situação já é ruim do jeito que está, imagine tirando
dez bilhões por ano. Então, o governador tinha que investir mais recursos. Mas
não, a Educação do estado de São Paulo está sucateada, como eu disse,
degradada, está regredindo. E o governador, o que ele apresenta de solução? A
redução do Orçamento, plataforma digital, conteúdo digital, fechamento de salas
em todo o estado de São Paulo, sobretudo no ensino médio regular noturno.
Está fechando
tudo, Sr. Presidente, nem é mais permitido abrir ensino médio noturno. O aluno
trabalhador, que trabalha durante o dia ou que faz um curso durante o dia e
precisa estudar o ensino médio no período noturno, não terá mais essa
oportunidade porque a Secretaria da Educação, através do Renato Feder, o
empresário da Educação, está fechando. Orientou as escolas a não abrirem mais
salas do primeiro ano do ensino médio. Sem contar o fechamento de EJA, de
Educação de Jovens e Adultos, que é uma modalidade importantíssima de educação
para atender aqueles alunos que não tiveram a oportunidade de frequentar o
ensino fundamental e o ensino médio na idade própria, na idade adequada. Essas
pessoas têm o direito de voltar a estudar nessa modalidade de educação de
jovens e adultos. Nós estamos assistindo o fechamento generalizado desses
cursos e de salas.
Também, Sr.
Presidente, por fim, a demissão em massa de professores categoria “O” que nós
tivemos agora, no início do ano. Aproximadamente 40 mil professores foram
prejudicados, demitidos da rede estadual. Então, esse é o quadro da educação
estadual, e o governador oferece o quê? Recorte do recurso orçamentário,
militarização das escolas, tentando implantar a farsa da escola cívico-militar,
em que ele coloca um militar monitor sem formação pedagógica em uma escola
pública estadual pagando o dobro do salário para esse militar aposentado do que
ganha o professor, do que ganha o diretor da escola e do que ganha, deputado
Suplicy, que preside esta sessão, até mesmo muitas vezes o supervisor de
ensino.
Isso é uma afronta à educação do estado de São
Paulo. Mas nós, por enquanto, derrotamos esse projeto que está inviabilizado
por uma ação da Justiça.
Por fim, Sr.
Presidente, o que o mais o governo oferece além da militarização? A
privatização das escolas. Ele anunciou agora, recentemente, que vai leiloar
escolas estaduais na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo, inclusive
autorizando - saiu já a consulta pública, mostrei aqui, no Diário Oficial - que
empresas estrangeiras possam administrar escolas da rede estadual de ensino.
Ele vai começar com o plano piloto de 33 escolas que ele vai entregar - olha
só, algo inédito, nem o Paraná fez isso, Sr. Presidente, aquele Ratinho Júnior,
que privatizou agora mais de 200 escolas, mas o Tarcísio de Freitas é tão
privatista, ele é mais privatista do que o “Tucanistão”. Então ele inventou uma
nova modalidade aqui, ele vai privatizar escolas estaduais através da Bolsa de
Valores do Estado de São Paulo. Olha o absurdo, Sr. Presidente, aonde nós
chegamos com esse governo Tarcísio de Freitas.
Mas nós estamos
em luta, fazendo a resistência, acionando o Ministério Público estadual, o
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, para que isso não ocorra, para que
haja investimento real nas Etecs, nas Fatecs, na rede estadual de ensino, nas
universidades públicas, Sr. Presidente, e sobretudo na ciência e na pesquisa,
porque nós temos que recuperar esses recursos.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Caro deputado
Carlos Giannazi, é importante essa luta em defesa da Educação. Eu preciso
explicar aqui que cometi um engano, mas devo chamar agora os deputados Paulo
Mansur. (Pausa.) Capitão Telhada.
(Pausa.) Andréa Werner. (Pausa.)
Estavam ausentes. Estavam até na lista, precediam o deputado Carlos Giannazi, e
eu chamei o Carlos Giannazi antes de Paulo Mansur, Capitão Telhada e
Andréa Werner, mas, como não estavam presentes, o
direito à fala é do próprio deputado Carlos Giannazi.
Agora o próximo inscrito sou eu.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Antes de chamar
o deputado Suplicy, eu quero aqui anunciar a honrosa a presença dos alunos da
Etec José Rocha Mendes. Muito obrigado pela presença de vocês aqui na
Assembleia Legislativa, conhecendo o funcionamento da Alesp. Sejam bem-vindos e
bem-vindas, alunos e professores. Com a palavra agora o deputado Eduardo
Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Giannazi, quero também
cumprimentar os estudantes e professores da Etec José Rocha Mendes. Aqui não há
proximidade, mas eu tenho explicado que, por recomendações médicas, por estar
cumprindo um processo para imunologia, eu tenho seguido a recomendação de não
participar de aglomerações, de abraçar, de beijar as pessoas, senão eu até
gostaria de convidá-los para conversar comigo no meu gabinete, mas hoje eu não
vou poder, por causa desse problema.
Se quiserem um
dia me convidar para fazer uma palestra na Etec de vocês, podem me chamar.
Inclusive eu gostaria aqui de registrar um agradecimento à “Folha de S. Paulo”,
que me honrou hoje com a publicação do artigo sobre “A América Latina debate a
renda básica”. Se acharem interessante, podem me convidar pra ir à sua escola
para falar a respeito.
A cada dia que
passa, o interesse pela implantação de projetos de renda básica universal
cresce em todo o País e incentiva debates entre pessoas que podem fazer a
diferença e agregar conhecimentos e experiências. Nesse contexto, foi uma honra
e uma alegria participar do I Congresso Latino-Americano da Renda Básica
Universal, que aconteceu em julho último, em São José, na Costa Rica.
Chile, Uruguai,
Argentina, Guatemala, Peru, Colômbia, Panamá, Equador, Brasil e Costa Rica
estavam representados nos debates, que contaram ainda com especialistas no tema
que vieram de Portugal, Espanha, Alemanha, Países Baixos, Estados Unidos e
Índia, de integrantes das redes que trabalham pela renda básica universal na
região e da Basic Income Earth Network, a Rede Mundial da Renda Básica
entusiasticamente representada pelo seu presidente, Sarath Davala, da Índia.
Presenciamos
intensa interlocução acadêmica de professores de universidades, centros de
estudos de diversos países com representantes de relevantes movimentos sociais,
de parlamentares e de governo. O Congresso foi também uma oportunidade para
expor a evolução do Programa Bolsa Família até que se torne a renda básica
universal no Brasil e para detalhar nossas experiências com moedas sociais que
vêm conquistando resultados muito positivos.
Causou enorme
interesse as exposições feitas pela Profa. Bruna Carnellossi,
da PUC de São Paulo, que destacou como a renda básica, ainda mais que o “Bolsa
Família”, vai significar uma elevação do grau de cidadania. E por Andrea Gama,
da Universidade Federal Fluminense, que relatou a experiência pioneira de
Maricá, na costa do Rio de Janeiro, que gradualmente, desde 2016, vem
instituindo pioneiramente uma renda básica de cidadania com a criação da moeda
social Mumbuca.
Em minha
exposição, eu destaquei que a origem da proposta da renda básica universal
acompanha a história da humanidade. Quando é que acham que começou a proposta
de se garantir uma renda, a sobrevivência para as pessoas?
Então, era isso
que eu destaquei, como é que acompanha a história da humanidade em 520 antes de
Cristo, pois, no “Livro das Explicações e das Respostas”, o mestre Confúcio
dizia que “a incerteza é ainda pior do que a pobreza e pode alguém sair de casa
senão pela porta?”
É uma solução de
bom senso. Por isso meu livro se chama “Renda de Cidadania, a Saída é pela
Porta”. Em 300 anos antes de Cristo, em “Política”, Aristóteles afirma que a
política é a ciência de como alcançar o bem comum, uma vida justa para todos.
Para isso é necessária a justiça política que precisa ser precedida pela
justiça distributiva.
E eu expus o
histórico do projeto de lei que, logo ao chegar no Senado, em 1991, para
instituir a garantia de uma renda mínima a partir de um imposto de renda
negativo, o qual deu origem aos programas que relacionaram a renda mínima com
condicionalidades, como a presença das crianças na escola, vacinação infantil e
o auxílio-gás.
Em outubro de
2003, o presidente Lula resolveu unificar os programas, no que veio a ser o
programa “Bolsa Família”, o qual evoluiu de 3,5 milhões de famílias, em
dezembro de 2003, para mais de 14,2 milhões de famílias em 2015, fazendo com
que o Brasil alcançasse o estágio de fome zero pela ONU.
Infelizmente,
os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro não deram a atenção suficiente à
erradicação da pobreza e tivemos um aumento da desigualdade. A eleição de Lula
para um novo mandato, a partir de 2023, renovou as esperanças de implementação
da renda básica universal.
Em junho do ano
passado, o presidente promulgou a Lei 14.161, que extingui o “Auxílio Brasil”,
criado por Bolsonaro, reinstitui o programa “Bolsa Família”, hoje com 20,8
milhões de famílias, afirmando que constitui etapa do processo gradual e
progressivo da implementação da universalização da renda básica de cidadania.
O passo
seguinte foi a criação de um grupo de trabalho composto pelos mais distinguidos
estudiosos do tema de como erradicar a pobreza, das transferências e formas de
garantia de renda, promoção de maior igualdade e realização de justiça social.
Formado a partir deste ano, o grupo de trabalho já realizou cinco reuniões.
Acredito que até o... Na verdade, seis regiões. Acredito que até o final de
2024 apresentaremos uma proposta de implantação gradual da renda básica
universal.
Sempre vale lembrar
as suas vantagens. Elimina-se toda e qualquer burocracia envolvida em se ter
que saber quanto cada pessoa ganha, mas é do ponto de vista da dignidade da
liberdade do ser humano que nós teremos a maior vantagem, com uma renda
garantida para todos e todos. A cada dia que passa o Brasil dá um novo passo
para ganhar a Copa do Mundo da renda básica universal, tornando-se o primeiro
país a implementá-la como um belo exemplo para toda a América Latina e para o
mundo.
Mais uma vez
agradeço à “Folha de S. Paulo” por ter publicado esse artigo.
Sr. Presidente,
se me permite ainda tenho duas observações importantes. O Governo de São Paulo
deverá garantir o fornecimento de água aquecida para banho em todas as unidades
principais paulistas após acordo firmado com a Defensoria Pública na última
sexta-feira. De acordo com a Defensoria, o compromisso foi assinado com a
Secretaria de Administração Penitenciária e tem como objetivo o fornecimento
regular de água aquecida para o banho dos detentos.
O direito era
pleiteado pelos defensores em discussões com o Estado há mais de dez anos. A
assinatura foi feita pelo no Tribunal de Justiça e mediada pelo ministro Herman
Benjami, presidente eleito do Superior Tribunal de
Justiça, e pelo desembargador Fernando Antonio Torres Garcia, chefe do Poder
Judiciário estadual. A Defensoria ainda informou que a prática de instalar
chuveiros aquecidos em áreas comuns nas unidades já era adotada em algumas
unidades pela Secretaria de Administração Penitenciária, mas havia a
necessidade de padronizar o fornecimento.
Em janeiro
deste ano, reportagem do “g1” mostrou que um relatório da Defensoria Pública
apontou irregularidades na penitenciária feminina da Capital, que fica onde
funcionava o Carandiru, zona norte. Entre elas estava a falta de água quente
para banho, fornecida apenas em alguns períodos do dia.
Com a
assinatura do acordo, o governo Tarcísio de Freitas tem 90 dias para apresentar
um plano de trabalho, que deverá ter a relação das unidades que já contam com
número adequado de equipamentos por usuários e a indicação de solução para as
unidades faltantes. Conforme a Defensoria, há também o prazo de 18 meses para o
cumprimento total da obrigação por parte do Estado. Esse cumprimento será
acompanhado semestralmente por defensores. Já o descumprimento, total ou
parcial, implicará ao Estado multa diária de R$ 10 mil, limitada a 30 dias, que
se reverterá para o Fundo Penitenciário. E nós estaremos acompanhando o
cumprimento dessa determinação.
Ainda, algo
importante para o povo da rua. O “notícias.uol” diz
hoje: “Cinco coisas para entender o preço inflado da comida dada pela rua.
Primeiro: a
Prefeitura de São Paulo está pagando preços inflados por produtos como água,
sopa, achocolatado e chá distribuídos à população em situação de rua no âmbito
da operação ‘Baixas Temperaturas’. Por exemplo, a água de meio litro, que custa
R$ 0,77 no varejo, é comprada por R$ 4,11 pelo município, com uma diferença de
mais de 400%. A empresa Prime Alimentação e Eventos, que pertence a pessoas
ligadas ao vereador Rodrigo Goulart, do PSD, foi escolhida para fornecer os
alimentos, apesar de outras quatro empresas terem apresentado preços mais
baixos.
Terceiro: os
quatro concorrentes com preços mais baixos foram eliminados no processo de
licitação. A Prime foi contratada mesmo com um preço 340% superior ao do
concorrente mais barato.
Quarto: a
família Ribeiro da Silva, dona da Prime Alimentação, apoia politicamente o
vereador Rodrigo Goulart. Em janeiro, Goulart passou o pedido de abertura de
uma CPI para investigar as organizações não governamentais que prestam auxílio
e fornecem comida gratuitamente para a população de rua do centro de São Paulo.
Quinto: a
prefeitura defende a contratação da Prime Alimentação, alegando que a empresa
cumpriu todas as exigências do edital. Contudo, não comentou a disparidade dos
preços pagos em comparação com o mercado, levantando dúvidas sobre a
economicidade do contrato. O vereador Rodrigo Goulart diz que tem uma relação
de amizade com a família Ribeiro da Silva, mas nenhuma relação com a empresa
Prime.
Sobre a CPI, o
vereador disse que apenas apoiou a abertura do procedimento, e não foi autor da
proposta. Portanto, disse que não faz sentido ligar a contratação da Prime à
relação dele com a família dos donos da empresa e à abertura de CPI. A Prime
Alimentação foi procurada, mas não respondeu os questionamentos desta
reportagem.”
Acredito, Sr.
Presidente, que esta é uma questão que merece esclarecimento, porque soa
estranho que uma empresa que se disponha a distribuir alimentos para a
população mais carente, a população em situação de rua, esteja a cobrar da
prefeitura preços tão mais elevados do que o que se pode comprar nas lojas
normais.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Havendo acordo de
lideranças, peço o levantamento da sessão, presidente Carlos Giannazi.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito
obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Antes de levantarmos os nossos trabalhos,
eu queria aqui aproveitar para fazer uma gravíssima denúncia. Eu acabei de
dizer que o governo Tarcísio de Freitas está atacando a Educação pública,
atacando a Ciência, a pesquisa, a Cultura, as Etecs, as Fatecs, as nossas
universidades, tentando reduzir o orçamento da Educação. Mas eu tinha já, no
primeiro semestre, denunciado aqui os ataques à TV Cultura, que o governo
estava tentando - e vem tentando - instrumentalizar a TV Cultura, que é uma TV
do povo do estado de São Paulo, não é uma TV do governo estadual. E a TV
Cultura não está se curvando aos interesses políticos e ideológicos desse
governo.
E o que que está acontecendo agora? O
governo está retaliando. Denúncias gravíssimas chegando a nós aqui, inclusive
pela imprensa, de que o governo não está repassando os recursos para o
pagamento dos servidores da TV Cultura. Me parece que tudo indica - e nós vamos
investigar isso, deputado Suplicy - que o governo vai tentar estrangular
financeiramente a TV Cultura, Fundação Padre Anchieta, não repassando recursos.
Nós vamos fiscalizar, nós queremos uma apuração rigorosa sobre essas denúncias
que estão chegando aqui na Assembleia Legislativa.
Então, atraso no pagamento dos servidores,
dos trabalhadores da TV Cultura; de servidores, de jornalistas. Isso é muito
grave; nós não vamos permitir. E também um clima de terror implantado dentro da
TV Cultura, com ameaças de demissão em massa. Isso é grave, Sr. Presidente. A
TV Cultura é um patrimônio, não só do estado de São Paulo, do Brasil, da
América Latina. É uma TV que tem reconhecimento internacional pela qualidade da
sua produção na área da Educação, da Cultura, dos seus programas culturais
infantis.
Todos nós fomos educados e somos
educados ainda pela TV Cultura, e ela não pode estar a serviço, deputado
Suplicy, de um governo de plantão, ainda mais um governo desse, um governo de
extrema direita, que é esse governo do Tarcísio de Freitas, que me parece que
pretende instrumentalizar a TV Cultura, do ponto de vista partidário, do ponto
de vista ideológico e político.
Então eu queria fazer essa denúncia,
dizer que nós já pedimos inclusive na nossa Comissão de Educação e Cultura a
convocação dos responsáveis por esse atraso no pagamento. Nós vamos tomar
várias providências contra essa tentativa de instrumentalizar ou de desmontar essa importante TV pública que foi construída por nós, e,
por coincidência, a TV está completando agora, no ano de 2024, 55 anos de
existência.
Então, em nome do povo de São Paulo,
nós não vamos permitir esse ataque, esse sufocamento financeiro, atraso de
pagamento, demissão em massa. Nós não podemos permitir isso. Eu chamo aqui a
atenção de toda Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para que a gente
possa cobrar o governo estadual.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Presidente Carlos Giannazi, gostaria
de expressar o meu apoio às observações suas, porque considero que a TV Cultura
tem tido uma programação muito boa, muito positiva. São inúmeros os programas,
e inclusive levando a possibilidade de mais e mais autores, artistas, músicos e
todos que possam ali serem convidados para se apresentarem nos mais diversos
programas.
O programa “Roda Viva” é hoje
considerado - e há muitos anos -, um dos melhores programas de entrevistas da
televisão brasileira, e com um procedimento de estar sempre convidando pessoas
de excepcional qualidade, talento e interesse para a opinião pública, pessoas
no mais largo espectro do pensamento, sem qualquer viés partidário e
ideológico.
Ali nós temos ouvido... Eu, por
exemplo, considero tão bom aquele programa que toda vez que eu tenho a
oportunidade eu assisto às entrevistas. Inclusive, vai haver... Já houve o
debate entre os candidatos.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Haverá em
algum momento.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Haverá ainda. A TV
Cultura também vai convidar os candidatos a prefeito de São Paulo para a
realização de um debate o mais democrático possível.
Então, eu quero aqui transmitir também
ao governador Tarcísio de Freitas, vamos sim fortalecer a TV Cultura, que é do
governo do estado de São Paulo, do povo paulista.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado,
deputado Suplicy. Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar
por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de
segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 54 minutos.
*
* *