3 DE SETEMBRO DE 2024
44ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO
Secretaria: DANILO CAMPETTI e CARLOS CEZAR
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão às 16h48min. Coloca em discussão o PLC 35/24.
2 - PAULO FIORILO
Solicita verificação de presença.
3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
4 - PAULO FIORILO
Discute o PLC 35/24.
5 - ENIO TATTO
Discute o PLC 35/24.
6 - PROFESSORA BEBEL
Discute o PLC 35/24.
7 - PAULO FIORILO
Solicita a suspensão da sessão por cinco minutos, por acordo de lideranças.
8 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido e suspende a sessão às 17h42min, reabrindo-a às 17h52min.
9 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA
Discute o PLC 35/24.
10 - DR. JORGE DO CARMO
Discute o PLC 35/24.
11 - GUTO ZACARIAS
Para comunicação, faz pronunciamento.
12 - DR. JORGE DO CARMO
Para comunicação, faz pronunciamento.
13 - PAULO FIORILO
Solicita verificação de presença.
14 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
15 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Discute o PLC 35/24.
16 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Discute o PLC 35/24.
17 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Encerra a discussão do PLC 35/24. Determina a publicação, no "Diário Oficial", da emenda aglutinativa ao PLC 35/24, restando adiada a votação.
18 - PAULO FIORILO
Solicita a suspensão, por acordo de lideranças, até as 19 horas e 05 minutos.
19 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Convoca reunião conjunta das comissões de Constituição, Justiça e Redação, e de Finanças, Orçamento e Planejamento, a realizar-se hoje, às 18 horas e 55 minutos. Suspende a sessão às 18h52min, reabrindo-a às 19h05. Retifica a convocação da segunda sessão extraordinária.
20 - MILTON LEITE FILHO
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
21 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido e levanta a sessão às 19h06min.
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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.
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O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Ordem do Dia.
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- Passa-se à
ORDEM
DO DIA
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O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e
votação adiada do Projeto lei Complementar nº 35, de 2024, de autoria do Sr.
Governador. Para discutir contra, com a palavra o deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Sr. Presidente, como
nós vamos começar um debate importante, eu preciso pedir uma verificação de
presença. Até porque eu acho que a base precisa estar aqui para saber o que
avançou e o que não avançou. Então eu solicito uma verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Solicito ao deputado Campetti, junto com o deputado
Carlos Cezar para fazer a verificação de presença.
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- Verificação de presença.
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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra ao nobre deputado Paulo
Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, sempre
é importante a gente ter esse plenário aqui com o quórum para os debates e
depois com quórum para votação. São outros quarenta e oito.
Eu queria
aproveitar aqui esse tempo para trazer todo o debate que foi feito sobre o PLC
35, de 2024, proposto pelo governador. Importante ressaltar que o Governo do
Estado de São Paulo enviou à Alesp, em regime de urgência. Portanto, aliás, tem
sido uma prática desse governo todos os projetos serem encaminhados com regime
de urgência.
É um projeto de
lei complementar que visa reformar o arcabouço regulatório vigente para a
prestação de serviços de infraestrutura pública. Essa reforma faz parte de um
processo de ampliação da participação do setor privado, incluindo a
desestatização da Sabesp, Emae, Metrô, CPTM, além de 30 a 40 projetos de
infraestrutura que serão delegados ao setor privado em regime de concessões, de
PPPs.
O diagnóstico
do governo aponta que o atual ambiente regulatório é excessivamente
discricionário e oferece pouca segurança aos investidores. Então a grande
preocupação do governo, com esse projeto, são os investidores. Investidores que
o governo aposta muito, como apostou, por exemplo, na privatização da Sabesp,
entregando a maioria das ações para a iniciativa privada.
Eu queria
aproveitar essa questão. Porque algumas prefeituras - eu vou deixar claro, aqui
são algumas, eu vou citar uma delas - já começam a enfrentar problemas na
relação com a Sabesp. Uma delas é a prefeitura de Itaoca. Vocês devem conhecer
Itaoca, uma cidade que está no Vale do Ribeira, na divisa de estado, São Paulo
e Paraná.
É uma cidade
pequena, em que o governo anterior, o governo do Bolsonaro, prometeu fazer uma
ponte. Encheu de placa, soltou rojões. E a ponte foi para algum outro lugar,
não foi pra Itaoca, para ligar com Adrianópolis. Agora o governo atual já
iniciou a obra, tem prazo pra entrega. Eu estive lá, está construindo a ponte.
Vai resolver um baita problema de mobilidade entre São Paulo e o Paraná, em
especial naquela região de Itaoca, que está no Vale do Ribeira.
Vários
deputados aqui conhecem ou estão muito próximos do Vale. Quem está em Sorocaba,
quem está nessa região, já está no sentido do Vale do Ribeira. E possivelmente
deve conhecer Itaoca.
A Prefeitura
faz um pedido para a Sabesp, para a instalação de equipamentos em zona rural. E
a Sabesp diz: “Infelizmente não poderemos atender esse pleito. Porque agora,
com a privatização, é preciso checar o contrato que vocês assinaram, através da
Urae.”
Então, reparem,
muitos prefeitos vão começar a sentir na pele o que foi a entrega da Sabesp à
joia da coroa, para a iniciativa privada. O deputado Luiz Claudio Marcolino
acompanhou de perto esse debate, não só aqui, mas fora daqui, com as outras
prefeituras, com as prefeituras que tinham contratos com a Sabesp. Eu mesmo
aqui, nesta tribuna, disse que várias cidades pequenas onde têm um posto da
Sabesp tinham a distribuição de água de forma gratuita, tinham lá bebedouros, e
eu disse que essa política vai acabar. O bebedouro vai secar. Se quiser ter
água, a iniciativa privada vai cobrar, e vai cobrar caro. Então, nós vamos
acompanhar de perto.
Bom, como o
governo está preocupado com os investidores, ele encaminha um projeto então
para esta Casa, para poder reorganizar as agências. O nobre deputado Barros
Munhoz, de Itapira, grande Itapira, foi o relator desse projeto, e até a
leitura do projeto, ou até a apresentação do relatório, desculpa, não do
projeto, mas do relatório, nós não sabíamos exatamente o que o relator
incluiria ou modificaria do projeto original.
Mas antes nós
tivemos uma audiência pública. O deputado Barros participou, aliás, foi
elogiado pelos servidores, pelos trabalhadores, inclusive do DAEE, lembro-me
muito bem. Porque eles se referiam ao deputado como responsável pela criação
das agências, da Artesp, da Arsesp, e que teria, naquele momento histórico, um
papel fundamental no debate político.
E os
trabalhadores do DAEE vieram para esta Casa, para uma audiência pública com a
secretária Natália e também com o secretário adjunto, e eles estavam muito
preocupados, porque eles perceberam que o projeto transformava o DAEE em uma agência,
mas uma agência SP-Águas, e o número de trabalhadores da SP-Águas é muito
menor do que o número de trabalhadores que o DAEE tem. A gente está falando da
ordem de mais de mil para quatro dezenas, cinco dezenas de trabalhadores. O
deputado Barros acompanhou esse debate.
A secretária
Natália se comprometeu, deputada Ediane, em fazer uma conversa com os
trabalhadores que estavam na audiência e que reclamavam dessa situação. Disse
que no mesmo dia irá lá, e ela teria feito essa reunião. A segunda questão que
nós apresentamos, inclusive na audiência pública, inclusive para o deputado
Barros, foi a extinção dos conselhos.
Esta Casa,
deputado Gilmaci, líder do Governo, tem deputados que têm assentos nos
conselhos da Arsesp e da Artesp. O governador extinguiu os conselhos com esse
projeto. Aliás, tinha um conselho que ele não tinha extinto, quando o relator
apresentou o relatório também aproveitou para extinguir aquele.
Então a gente
tinha um problema com os funcionários do DAEE, a questão dos conselhos e, terceiro,
as prerrogativas. As prerrogativas que, na nossa opinião, elas passam a ter
atribuições excessivas do ponto de vista da deliberação das ações e dos
encaminhamentos. E aí eu preciso fazer um registro aqui, deputado Barros
Munhoz, o senhor que é um conhecedor deste Estado, em especial do interior.
Durante os
últimos quatro, cinco anos, a grande reclamação no interior do estado é a
ausência de transporte coletivo. Várias empresas - o deputado Enio deve ter
escutado isso nas audiências públicas - retiraram as suas linhas. Podia dar o
exemplo de Buritama, Araçatuba ou Birigui, que o senhor conhece muito bem.
Aliás, a gente tinha um deputado nesta Casa que teve vários mandatos, deputado
Roque Barbiere. Deputado importante, com uma história, um homem de fibra e de
luta.
Lá o transporte
foi retirado. Como é possível você retirar um transporte de pessoas que
precisam trabalhar em Birigui ou em Araçatuba, que são grandes centros? Se eu
for a Presidente Prudente, a gente vai enfrentar a mesma situação. Está aqui o
deputado Bragato. Quantas linhas de ônibus foram subtraídas naquela região, e o
deputado Bragato deve saber de cor e salteado, porque deve ser procurado,
perguntado e questionado pelos seus eleitores.
A gente podia
ir, por exemplo, para o Vale do Ribeira. No Vale do Ribeira, deputado Milton
Leite, que conhece aquela região como ninguém desta Casa, talvez só o
presidente, sabe que a gente não tem transporte de Iporanga, por exemplo, onde
está o maior parque estadual, para nenhuma outra cidade.
O Parque
Estadual do Petar, um dos parques mais importantes que o governo Doria queria
privatizar e que os trabalhadores e moradores de Iporanga fizeram uma luta
importante. Vários deputados e deputadas participaram dessa luta e nós
conseguimos segurar a privatização daquele parque. Não tem ônibus que possa
levar as pessoas de Iporanga, por exemplo, para Apiaí ou para Eldorado ou para
Registro.
Então nós
estamos fazendo aqui uma mudança nas agências, mas nós não estamos discutindo a
essência dessas mudanças. Nós não estamos dizendo para a Arsesp, para a Artesp
- principalmente para a Artesp: “Vocês precisam ter capacidade, vocês precisam
ter prerrogativas para poder interferir”.
Porque não é
possível, você senta lá com os representantes da Artesp: “Tem que esperar, está
vencendo o contrato. Quando vencer o contrato, a gente vai resolver”. Bom, eu
falo o que para os trabalhadores que precisam de madrugada ir para Birigui?
“Não, espere aí, está vencendo um contrato”? Podia dar o exemplo de Guararapes,
que o deputado Dr. Jorge do Carmo conhece mais do que eu.
É a mesma
situação. Agora a Assembleia então se curva ao governador para criar outras
agências, mas não para discutir a essência dos problemas que estão no dia a dia
das pessoas deste Estado. Eu queria registrar aqui a minha indignação com
relação a isso e dizer que a gente pode até mudar, fortalecer a agência.
Agora, se a
gente não fizer uma discussão clara, correta, a gente vai continuar tendo um
problema inclusive para poder cobrar a prestação de serviço daquelas que têm as
concessões, que são as empresas que estão encerrando as suas operações sem dar
a mínima, a mínima para o cidadão ou para o estado, a mínima.
O deputado
Barros que sabe do que eu estou falando porque conhece por dentro, nós
precisamos dizer isso e dizer ao Governo do Estado. Não adianta criar a SP
Águas, não adianta fortalecer a Artesp, a Arsesp, melhorar a questão salarial
que é fundamental e necessária, se não houver prerrogativas para poder resolver
problemas do dia a dia das pessoas. Isso não vale só para essas agências, vale
para todas.
A gente vive
uma crise permanente com relação aos planos de saúde. A gente vive crises
constantes das concessões, a Enel, por exemplo, e a gente vai continuar então
só falando do problema sem tocar na causa, naquilo que poderia resolver
situações como essa. O que que a gente conseguiu avançar?
Na semana
passada, o governo então iniciou o congresso de comissões, o deputado Barros
Munhoz trouxe o seu voto e nós retomamos o debate sobre a questão dos conselhos.
Primeiro eu
quero registrar aqui, deputado Barros, que eu acho que foi um avanço, porque
nós conseguimos com a situação e a oposição construir uma emenda que foi
apresentada aqui, uma emenda de plenário, o que possibilitou hoje no congresso
ter essa emenda aprovada por todos os deputados e deputadas, criando um
conselho para as agências onde deputados e deputadas poderão ter assento, onde
a sociedade civil organizada poderá ter assento, onde o governo terá assento.
Agora, esse foi
um passo importante, mas o governador precisa sancionar. Eu disse ao presidente
desta Casa, o deputado André do Prado: “Deputado, a emenda tem uma importância
grande porque aqui fez-se um gesto para a oposição, para a situação”, porque eu
tenho certeza, vários outros deputados e deputadas estavam incomodados com o
fim desses conselhos.
Agora, não
basta aprovarmos aqui o conselho. É preciso que o governador implemente, que a
secretária Natália entenda a importância dos conselhos com a representação da
sociedade, do Legislativo. Se isso for possível, aí sim a gente consegue
concluir um processo mesmo com a nossa posição contrária, mas um avanço que foi
extirpado da proposta do governador, que são os conselhos.
Pelo menos um
que possa dialogar, que possa pensar planejamento, que possa discutir as ações,
aquilo que as agências precisam fazer e ter o nosso espaço assegurado para que
a gente possa apresentar as preocupações. Porque são os deputados e deputadas
que conhecem este Estado, que viajam, que dialogam com a população e que sabem
quais são as principais demandas.
Se isso for
possível, eu acho que a gente dá um passo importante. Agora eu vou terminar
aqui registrando. Nós vamos transformar o Daee numa agência, a SP Águas. A
nossa grande preocupação são os trabalhadores: o que o estado vai fazer com os
trabalhadores, aqueles que não forem para a agência SP-Águas, porque a gente já
viu essa história antes.
Deputados que
estão aqui há mais tempo do que eu, como o deputado Luiz Claudio, o deputado
Enio, acompanharam de perto a questão das empresas de energia quando foram feitas as concessões; o que os
trabalhadores sofreram e voltaram a sofrer no ano passado, no ano retrasado,
porque quiseram retirar direitos conquistados quando houve aqui a concessão das
empresas de energia elétrica.
Então, é
preciso ter clareza e uma preocupação muito grande, porque nós não podemos dar
passos para trás. A gente precisa avançar, principalmente, na defesa daqueles
que utilizam serviços públicos e que precisam de qualidade.
No caso da
Sabesp - e aí eu termino -, a grande preocupação é essa, do relato que eu fiz
aqui sobre Itaoca. Se a gente começar a perceber o quanto de problema vai
ocorrer no estado, a gente vai precisar, sim, de agências autônomas fortes para
cobrar aqueles que vão operar a Sabesp. Senão, a gente vai ter aqui em São
Paulo mais uma Enel, e aí nas águas. Nós não podemos permitir isso. Esse é o
grande problema.
Eu tenho
certeza, deputado Carlos Cezar, que, na região em que o senhor atua e mora,
várias cidades vão procurar o senhor, como eu fui procurado por Itaoca, que é
uma região que o deputado presidente desta Casa conhece muito bem, sabe onde é,
já esteve lá. Deve ter visto que está sendo construída a ponte pelo governo
federal, aquela prometida pelo governo anterior, que só teve placa. Agora tem
obra e vai ser entregue, graças às ações que foram feitas.
Então, deixo
aqui as nossas preocupações e essa reivindicação. Espero que a Presidência atue
no sentido de garantir que a emenda não só seja aprovada, mas que ela não possa
e não deva ser vetada pelo governador.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Paulo Fiorilo. Dando sequência à lista de oradores inscritos para
discutir contra, com a palavra o deputado Enio Tatto.
O SR. ENIO TATTO - PT Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público que nos assiste. Cumprimento todos os funcionários da Casa.
O deputado Paulo Fiorilo, nosso
líder, colocou muito bem: esse PLC 35, de 2024, tem o objetivo, eu diria, de
fortalecer ainda mais o poder da iniciativa privada no estado, nessas agências,
que já é grande.
É só a gente verificar o controle, as decisões, as influências, as indicações. Poucas vezes são indicações do quadro de funcionários e trabalhadores de categorias dessas agências, mas, sim, sempre de pessoas ligadas à iniciativa privada, às empresas, com um poder enorme.
Esse projeto simplesmente vai aperfeiçoar, aumentar ainda mais esse controle e esse poder das indicações para essas agências. No ditado popular, deputada Bebel, é colocar raposa para tomar conta do galinheiro. É isso. A gente percebe que isso é complicado.
Um outro detalhe que o deputado Paulo colocou aqui é o que você faz, nesse desmonte, com os profissionais que têm uma longa história, uma longa experiência, uma capacidade técnica nessas empresas, a Emae, o Metrô, a CPTM e a Sabesp. Sempre, em uma decisão dessas, em um projeto como esse, sobra para o funcionalismo público, para aquela pessoa que se dedica.
E não dá. A gente tem contatos, a
gente tem reuniões, a gente tem audiências públicas, a gente conversa com esses
profissionais e a gente sabe do potencial deles. Qual é o destino deles? O
destino deles é ser encostado, ficar lá com problemas psicológicos, problemas
com as suas famílias.
Pessoas que muitas vezes trabalharam cinco, dez, quinze, vinte, trinta anos nessas empresas e são competentes, são capacitadas, mas vão ser encostadas por quê? Porque o lucro, o dinheiro, o capital procura sempre pagar menos para ter mais lucro, e sempre sobra para os trabalhadores.
E aqui me chamou atenção o acúmulo de funções na Artesp. O PLC determina que a Artesp se tornará responsável pela regulação da infraestrutura de transporte sobre trilhos e de passageiros utilizando o mesmo quadro de pessoas existente. Todos os 500 funcionários da EMTU se tornarão redundantes. E não há clareza sobre a capacidade da Artesp de atender as novas obrigações com o número reduzido de funcionários e a falta de pessoal qualificado.
Deputado Jorge do Carmo, amanhã, na Comissão de Transportes, nós vamos indicar o novo diretor da Artesp, que correu todos os gabinetes hoje dos membros das comissões, e eu fiz essa pergunta: Artesp que vai se encher de poderes e tem poucos funcionários. Por que tem poucos funcionários e não é feito concurso público para chamar funcionários para trabalhar na Artesp?
Uma das grandes funções da Artesp é fiscalizar. Quando você não fiscaliza, passa a boiada. E olha que nós temos concessões no estado de São Paulo, inúmeras, e existe uma reclamação generalizada. E você tem poucos profissionais para desempenhar esse papel de fiscalização para ver se o serviço está funcionando ou não.
Então, essas coisas que não são notadas, não são verificadas pelo Governo do Estado de São Paulo por quê? Para beneficiar justamente as empresas, as concessionárias que têm todo o poder na mão. E esse projeto vem de encontro para aumentar esse poder dessas empresas. O Estado não tem poder nenhum de participação, as categorias profissionais, os sindicatos também não têm poder e fica a deus-dará.
Então, é um projeto que foi pouco discutido, teve poucos avanços. O deputado Paulo Fiorilo colocou aqui de se criar um conselho, mas a gente sabe o que acontece com esses conselhos, e precisaria ser mais bem debatido, mais bem analisado. Por isso que a bancada do Partido dos Trabalhadores vai se posicionar contra esse projeto.
Mas, Sr. Presidente, eu queria também falar de coisas boas, e se a gente não tem coisas boas vindas do Governo do Estado, deputado Marcolino, a gente tem coisas boas vindas do governo federal. Hoje foi anunciado o PIB do segundo trimestre. E o PIB foi de 1,4%, um crescimento de 3,3% em relação ao primeiro trimestre.
Por mais que batam, por mais que falem que a economia não está indo bem, que o Brasil não está melhorando, quando saem esses resultados é uma prova de que está dando certo o governo Lula, o governo do PT. Está melhorando o Brasil.
Se não bastasse esse crescimento e a projeção de passar de 3%, é pouco, mas vai passar de 3% o crescimento no ano, a projeção de todo mundo é 2,7, o aumento do emprego é grande, e desde 2014 hoje nós temos a menor taxa de desemprego no Brasil. Olha que notícia boa, menor taxa de desemprego no Brasil desde 2014. Uma população ocupada soma 102 milhões, recorde, uma alta de 1,2 do trimestre em relação ao trimestre passado, segundo o IBGE.
Então, são notícias que a gente percebe que a população tem mais emprego, tem mais renda. É só você entrar em um supermercado, em uma quitanda, em um açougue, você percebe que a população está consumindo mais. E consumindo mais, começa a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Isso tudo neste governo, que tem tanta oposição, tantos problemas, toda hora notícias alarmantes, contrárias, mas os índices, os resultados estão aqui para todo mundo olhar e analisar.
Recordes, deputado Marcolino, desde
2014, menor índice de desempregados no Brasil e aumento do poder aquisitivo,
aumento do salário mínimo. A maioria das categorias - e V. Exa. é um
sindicalista, como a deputada Bebel é uma sindicalista - sabe que teve
reajuste.
Não aquilo que era suficiente, que a gente queria, que os trabalhadores queriam, mas voltou a ter reajustes de salários, melhorar a vida das pessoas. Então a gente fica contente porque o Brasil está indo no caminho certo.
Além disso, a gente percebe que muitos programas que estavam abandonados foram retomados. Houve hoje também um aumento nos investimentos, porque começa a crescer a receita sem gerar impostos. A economia se movimenta. Crescendo o consumo, aumenta a receita, a arrecadação. E aí você consegue ter investimentos. A gente verifica, de obras que estavam paradas, e que são retomadas agora. E novos investimentos em obras que o governo está colocando através do PAC.
Fiquei feliz hoje porque a gente
sabe da luta, por exemplo, de nós, da zona sul, deputado Donato é de lá também,
e a luta que a gente tem do metrô do Jardim Ângela e da duplicação da M’Boi
Mirim.
O secretário Berrini colocou:
“olha, deputado, você pode ficar tranquilo, pode ficar contente, que a extensão
da linha do metrô, da Linha 5 - Lilás até o Jardim Ângela vai começar no ano
que vem. Eu falei: “mas não é possível, a gente ouve falar disso há 15 anos, e
não acontece”.
Ele falou: “não, estão todas as condições dadas, dinheiro do PAC, dinheiro do governo federal, a arrecadação no estado de São Paulo, ICMS, está crescendo, tem dinheiro em caixa e essa obra vai sair”. Também a duplicação da M’Boi Mirim, que uma parte é uma SP, também me garantiu, vai ser reiniciada, vai começar junto com a Prefeitura de São Paulo no ano que vem.
Então a gente fica feliz com essas
notícias, graças a quê? Graças à economia do País, que está melhorando, graças
a um governo que está administrando bem, por mais de oposição que encontre.
A gente verifica isso no dia a dia da população, que começa a melhorar a vida das pessoas, porque quando começa a ter mais emprego, melhora a vida das pessoas. Quando a pessoa consegue comprar mais, ela consegue se alimentar mais, consegue consumir mais, aumenta a arrecadação. Isso é uma bola, uma coisa puxa a outra.
Então a gente está muito feliz com
o governo federal, e a gente tem muitas dúvidas com esses projetos que o
Governo do Estado de São Paulo manda para cá, que parece que tudo é para se
livrar daquilo que atende a população do Estado. A venda da Sabesp, por
exemplo, o que a população vai esperar de quem visa o lucro? Muito lucro.
E a Sabesp, por mais que você
reclamasse, está desenvolvendo um bom trabalho, é respeitada pela população. E
tinha um calendário aqui para universalizar o atendimento.
Quando está perto de universalizar, de chegar àquilo que a população necessita, entrega a Sabesp. Vai usar um fundo, a tarifa pode até diminuir em um primeiro momento, mas a médio prazo, daqui cinco, seis, dez anos, vai ter um grande problema.
A população tem na cabeça, é verdade, a privatização da Enel, o que aconteceu: aumentou a taxa, aumentou o preço para as pessoas. E piorou o serviço, mas piorou muito. Muito. Como a gente viu apagões agora toda hora. Um serviço muito precário, não atende a população, diminuíram as agências de atendimento da população.
Esses dias uma pessoa da minha família foi pedir uma baixa de uma conta na Enel. Não conseguiu fazer a baixa da conta pelo celular. Teve que ir lá. Ficou duas, três horas esperando uma fila para pedir a baixa de uma conta na Enel. Isso é a privatização.
Não precisa falar da minha região, que a gente fala sempre aqui, a questão da concessão das linhas 8 e 9 da CPTM. Os problemas que estão tendo. E toda vez que a gente chama e convoca o presidente, o diretor da ViaMobilidade, ele vem e fala que está melhorando, mas lá no Grajaú, lá no Jardim Primavera, deputado Marcolino, lá no Varginha, as pessoas que usam o serviço todos os dias não veem essa melhora.
Muito pelo contrário, todos os dias têm problema, toda semana tem problema. E a prova disso é que é manchete, é notícia de jornal, de rádio, de redes sociais, de televisão, todos os dias. Essa é a privatização que vem dos tucanos e agora está sendo continuada pelo governo Tarcísio.
Então a bancada do Partido dos
Trabalhadores vai votar contra, está discutindo isso, porque a população
precisa se informar desse tipo de projeto que não traz bem-estar, não traz
melhorias para a vida da população, que é isso que interessa para todos nós.
É isso, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Enio Tatto. Para discutir a favor, com a palavra a deputada professora
Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente. Cumprimento toda a Mesa
Diretora de trabalho, os assessores da minha esquerda, minha direita, senhores
e senhoras deputadas e todo o público, mulheres valentes, presentes neste
plenário. E cumprimento também todos que nos assistem através da Rede Alesp,
que é muito importante essa transmissão, até para acompanhamento e
transparência dos nossos trabalhos aqui na Assembleia Legislativa.
Eu disse que
estou fazendo uma fala a favor, mas que não é a favor, é contra, e peço
desculpas, mas por uma questão de necessidade, enfim, tive que fazer o que eu
não gosto de fazer, eu tive que fazer. Mas, na verdade, eu me posiciono contra,
porque a criação de agências...
A gente veio
acompanhando desde a era do Fernando Henrique Cardoso - a Enel é uma delas - e
a gente sempre tratou com muito cuidado isso, não porque era mal... Eu tenho
uma visão só torpe das coisas, não é isso, mas é que eu acredito que aquilo que
é público, tem que ser público.
E quando é
dever do estado, o estado tem que, de fato, gerenciar. A gente elege um
governador, um prefeito, um presidente para governar para nós, e não para
terceirizar, privatizar ou passar... Fazer meio que um estado paralelo daquilo
que entendemos que tem que estar sob o acompanhamento contínuo da população.
Então, quando
esse PLC 35, de 2024, que o governador manda para esta Casa, eu acredito que
está ausente de debates. Nós não debatemos, não temos tanta clareza do que
exatamente o governador quer. Ou temos clareza de que, na verdade, é meio que
ter alguma coisa que poderia estar na mão dele, tranquilamente, e sob a gestão
do Estado.
Eu chamo a
atenção para uma coisa que a gente está sofrendo em Piracicaba. A gente tem a
Semae e tem, intrínseco, dentro da Semae, a PPP das águas do mirante, que é
para tratar do esgoto. E o que a gente está vendo lá? A gente está vendo a
população pagar a água, o esgoto do preço da água. E ao mesmo tempo a Semae
está deficitária, porque o dinheiro que é para chegar não chega. E a Semae tem
que pagar, da mesma forma. Isso é algo que vai ter que ser corrigido, porque
essa PPP das águas do mirante é para 30 anos, a concessão. Então, quer dizer,
vai ter que ter muito peito e muito estudo, muita segurança jurídica para fazer
o rompimento de um contrato que pode custar, por exemplo, talvez, o orçamento
da cidade.
Então, o medo
que eu tenho dessas agências é isso. Porque na hora em que não dá certo, como é
que... Poderia ter um - como é que eu diria? - meio termo. Você pode fazer uma
tentativa, ter um tempo menor para poder ter um retorno à outra forma. E o que
a gente percebe é que fica “ad aeternum”: aquela parceria público-privada ou
uma agência, que dá no que deu a Enel.
Naquelas chuvas
todas, ela não respondeu à demanda dos apagões que aconteceram aqui no estado
de São Paulo. E, de certa maneira, a população pagou, e pagou o preço de ficar
no escuro. Essa que era a verdade. Quando você falava em casas que estavam sem
luz... Ah, mas só, sei lá, 500.000; poxa, mas 500.000 é muita casa.
Então, eu
acredito que a perspectiva disso aqui é, na verdade, buscar mais transparência.
Acho que a nossa emenda dá conta disso. Tem que ter transparência, porque senão
a gente entra numa linha de que, na verdade, fica tudo lá; depois, quando a
bomba cai, aí vem para a população de novo pagar o preço. É o que nós vamos ver
lá em Piracicaba.
Então, nós
estamos muito preocupados com a situação de Piracicaba. E, trazendo para uma
esfera maior, eu fico muito preocupada com isto aprovado sem debate, e da forma
açodada como está sendo.
O que me chama
a atenção também é que a privatização da Sabesp, deputado Enio, já está tendo
um impacto lá também. Por quê? O que está dito? Está dito o seguinte: vai tirar
do Rio Piracicaba, que já não tem água, mais dez milímetros cúbicos por minuto
de lá. Se tirar, seca o Rio Piracicaba.
Por quê?
Indicação, já, da privatização da Sabesp para cobrir aqui o Sistema Cantareira,
de abastecimento de água. Então, é muito insegura essa forma de organizar o
estado via agências. E ao mesmo tempo a gente ficar com a pecha, a população
ficar com a pecha na mão. Eu não sei qual vai ser o prazo de tramitação. Nós
estamos inscritos. Mas eu acredito que precisa de um aprofundamento maior sobre
esta questão.
Eu gostaria de
passar um pouco para um tema que está me preocupando muito, deputado André do
Prado. E eu vi que V. Exa. tem recebido muitos e-mails e Whatsapp, de
professores e professoras, no que diz respeito à contratação dos professores
categoria “O”.
Eu mandei para
esta Casa, já no início deste ano, e conversei com o secretário executivo, o
Vinícius, doutor Vinícius. E disse para ele: Vamos ver se dá um bem bolado na
Casa. Da gente, pelo menos, os contratos que forem terminando em 2024, ele já
ter uma extensão da vigência”.
Pensar, porque
esses profissionais já estão preocupados já com dezembro, e com o trauma que
sofreram, em dezembro do ano passado. Então há que ter aqui, da nossa parte, do
senhor, de todos que são sensíveis à causa dos profissionais da Educação, à
Educação, aos estudantes sobretudo, que nós pensemos em impor, como uma emenda
de plenário, um projeto de plenário, e aprovar.
Pelo menos
deixa esse professor sossegado. Porque ele quer dar aula, ele quer trabalhar.
Vocês entenderam isso? Que eles não estão mais preocupados, não estão falando:
“Olha, estou ganhando pouco”. Embora ganhem. Eles querem estar empregados. E,
ao fazer o corte do contrato, isso vai levar àquela ruptura. Ele fica um tempo
sem receber. Depois, até pegar aulas, para depois voltar, quem paga o preço
disso?
O estudante.
Todo mundo fala em qualidade de ensino, fica falando em metas do Ideb. São
Paulo está ruim na fita. Mas a gente tem que pensar que é nessa hora, na hora
de como nós tratamos os profissionais da Educação, é que a gente tem que ver se
está fazendo valer um projeto de qualidade de ensino ou não. E eu sinto que
não.
Que a tendência
é precarizar, precarizar e precarizar, até ver aonde vai. E eu quero dizer que
nós vamos resistir, resistir e resistir. Tivemos uma chamada no concurso
público: 15 mil professores foram chamados. Porém, os professores de Filosofia,
de Sociologia e de Física não foram chamados.
Por que não
foram chamados? Porque, com a alteração na reforma do ensino médio... Isso é
mais uma informação. Então tem que ver como fica o currículo do ensino médio e
como ficam as aulas de Sociologia, Filosofia, Física, no currículo do ensino
médio, para que a secretaria ofereça essas vagas. Então estou dizendo para os
professores o seguinte: Nós estamos acompanhando. Essa conversa, nós tivemos
com o secretário.
Nós estamos
veementemente acompanhando para que essa questão se resolva. Porque nós não
queremos o ensino médio empobrecido. Nós queremos Sociologia, Filosofia,
Física, enfim, todas as matérias, os currículos, os conteúdos curriculares que
enriqueçam mais e aprimorem mais a formação dos nossos jovens, das nossas
crianças.
E outra questão
que eu acho que é importante tocar. Será que esqueceram que a gente come, que a
gente paga conta? O preço no mercado sobe. E a gente precisa de salário, gente!
Então é verdade, a desculpa é que tem período eleitoral. Mas dar prêmio de
valorização só para 15 mil a 19 mil professores é uma aberração quando você tem
um quadro bastante significativo. Você tem cerca de 240 mil professores. Então
precisa pensar no salário.
Por último Sr.
Presidente, informar e agradecer, apesar de toda a divergência que tivemos, na
Comissão de Constituição, Justiça e Redação, no tocante à discussão da redução
das verbas da Educação, que nós fizemos esse debate de alto nível, em que pese
sim ter sido vencida no voto, porque a gente é minoria, mas contei sobremaneira
com o apoio da minha bancada, que me permitiu ascender de suplente como
titular, para poder fazer a discussão, assim como tiveram mais dois votos, dois
lidos e mais um que não foi lido.
Mas a gente
chegou a bom termo e a gente fechou na Comissão de Constituição, Justiça e
Redação na semana passada, e a esperança é cumprir e lotar este plenário agora
no segundo semestre, e ver se sensibiliza esta Casa, vocês todos que defendem a
Educação Pública de qualidade, para não permitir que a Educação venha perder
dez bilhões de reais, quando a Educação está clamando por melhorias nas
reformas que precisam ser feitas, portanto melhoria nas estruturas físicas das
escolas, melhoria no tempo, na organização do tempo e espaço escolar.
Enfim, é por
isso que nós lutamos para que não diminua as verbas da Educação e porque não
concordamos também fazer uma disputa entre Saúde e Educação. A Saúde tem que
ter o mínimo constitucionalmente previsto para aplicação das verbas na Saúde, e
nós, da Educação, temos que ter o mínimo constitucionalmente previsto.
Muitos falam:
“Mas é 25% o mínimo”. O mínimo para o Brasil não pode ser o mínimo para São
Paulo. São Paulo, em termos de escola, tem mais de seis mil escolas e três
milhões e 700 mil alunos. Portanto, os 25%, sei lá, para um outro estado
menor... Não pode ser 25% São Paulo. São
Paulo tem que ter os 30%, exatamente para oferecer uma Educação de qualidade.
Agradeço, Sr. Presidente.
O SR. PAULO FIORILO - PT - Pela
ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Sr. Presidente,
havendo acordo entre os líderes, eu queria solicitar cinco minutos de
suspensão.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Havendo acordo de líderes, está suspensa por cinco
minutos a sessão.
*
* *
-
Suspensa às 17 horas e 42 minutos, a sessão é reaberta
às 17 horas e 52 minutos, sob a Presidência do Sr. André do Prado.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Reaberta a sessão. Dando sequência à
lista de oradores inscritos para discutir contra, com a palavra a deputada Dra.
Paula da Bancada Feminista.
A SRA. PAULA DA
BANCADA FEMINISTA - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, deputados e deputadas
presentes, às pessoas que nos acompanham pela Rede Alesp e aqui na galeria, aos
funcionários e funcionárias desta Casa
Bom,
hoje eu acredito que esse debate que está colocado aqui é um debate
importantíssimo, porque, na verdade, ele não é um debate só sobre um projeto de
lei, um projeto de lei complementar. Na verdade, ele é um debate sobre um
redesenho institucional que existe no estado de São Paulo. Eu acho que o que
está em jogo hoje, em discussão aqui nesta Casa Legislativa, é um projeto
privatista que existe no estado de São Paulo.
Então,
eu me vi na obrigação, como uma parlamentar de oposição que se coloca
frontalmente contra a venda do patrimônio público do nosso estado, de vir aqui
falar sobre o que, na verdade, significa e o que está por trás desse projeto de
lei complementar.
Eu
falo aqui neste momento não só como deputada estadual, mas como uma mulher
negra, representante daqueles e daquelas que historicamente são marginalizados
pelas políticas públicas, pelos serviços públicos, pela política econômica do
nosso país.
Eu
vou abordar os impactos negativos desse projeto, especialmente em três frentes.
Primeiro, a tramitação de urgência, que sufoca o debate público; a reforma
estrutural, institucional, que existe para beneficiar o mercado privado e os
efeitos devastadores da privatização, das privatizações que já existem aqui no
estado de São Paulo e que são evidentes nos casos da Sabesp, da Enel ou das
Linhas 8 e 9 da CPTM.
Bom,
sobre a tramitação de urgência, que é o primeiro ponto que eu gostaria de
abordar, é importante dizer que, infelizmente, desde que assumiu o mandato como
governador do estado de São Paulo, o governador Tarcísio tem se utilizado do
regime de urgência para acelerar a tramitação de debates aqui no Parlamento,
que são debates importantíssimos e que deveriam ser feitos com muita cautela.
Foi
assim quando a gente viu o projeto de lei da privatização da Sabesp, o projeto
de lei das escolas cívico-militares. São projetos de lei que propõem reformas
muito profundas no estado de São Paulo e que deveriam ter um tempo necessário
para um debate público, um debate amplo, um debate inclusivo. Infelizmente, a
forma como o regime de urgência é utilizado nesta Casa é uma forma que não
proporciona um debate como ele deveria existir, como ele deveria ser feito.
Essa estratégia
tem um impacto profundo, especialmente sobre as populações mais vulneráveis,
como as mulheres, como as pessoas negras, que historicamente têm menos acesso
aos espaços de decisão e menos voz nos processos políticos.
A tramitação de
urgência impede, por exemplo, que a sociedade civil, em toda sua diversidade,
possa se organizar, possa reagir. Mesmo quando audiências públicas são
realizadas, como foi no caso da privatização da Sabesp, das escolas
cívico-militares e, agora, do projeto de lei complementar das agências
reguladoras, elas acontecem, infelizmente, de maneira superficial, sem dar às
organizações, à sociedade civil, aos sindicatos, às entidades e aos movimentos
sociais o tempo e os recursos necessários para articular uma resistência eficaz
aos projetos que são pautados e que têm divergências, nos quais têm
divergências aqui na Casa.
Isso é,
particularmente, prejudicial para os movimentos sociais que têm trabalhadores
informais, trabalhadores periféricos, enfim, que são as pessoas mais afetadas
quando o estado se omite das suas responsabilidades por meio dos serviços
públicos. Ao suprimir esse debate, ao impossibilitar o debate por meio da
tramitação de urgência, silencia-se, infelizmente, a voz daqueles e daquelas
que mais precisariam ser ouvidos.
Essa estratégia
de atropelar um processo de funcionamento, um processo democrático de discussão
de um projeto de lei nesta Casa, perpetua a desigualdade racial, a desigualdade
social e a desigualdade de gênero no estado de São Paulo.
Tem um outro
ponto que merece ser abordado na discussão desse projeto, que é a reforma da
estrutura institucional que existe para beneficiar o mercado privado. Aqui, a
gente vê uma reforma estrutural institucional do estado de São Paulo que está
sendo feita e pensada para favorecer o mercado privado.
O governo
Tarcísio defende a reestruturação das agências reguladoras como uma forma de
ampliar a sua eficiência. Eficiência para quê? Para a privatização. No entanto,
nós sabemos que essa alegada eficiência, essa almejada eficiência pelo Governo
do Estado de São Paulo, é, na verdade, uma cortina de fumaça para encobrir o
fortalecimento da relação que existe entre o estado e as empresas privadas. Uma
relação, infelizmente, bastante promíscua.
Aqui, é crucial
nós entendermos a diferença entre tipos de agências reguladoras que existem. Eu
quero dar um exemplo da Anvisa. A Anvisa é uma agência reguladora que regulamenta
a qualidade dos medicamentos, qual é o papel da agência, onde ela precisa
garantir que a iniciativa privada forneça produtos à população que não
prejudiquem a saúde da população. A Anvisa tem um filtro rigoroso, em que a
qualidade, a segurança dos produtos são prioridades. O mercado privado deve se
adequar a essas exigências.
Agora, quando a
gente compara um modelo de agência reguladora como é a Anvisa com as agências
reguladoras de serviços públicos aqui do estado de São Paulo, com as agências reguladoras
que deveriam supervisionar setores como o saneamento, a energia, o transporte,
a gente observa que, na verdade, a função dessas agências é de garantir que os
serviços essenciais, que impactam diretamente a vida das pessoas, sejam
prestados com qualidade e com continuidade.
Quando nós
falamos da água, da energia, do transporte, a gente não está falando de
produtos de mercado, mas estamos falando de direitos básicos que deveriam ser
garantidos a toda população do estado de São Paulo, independentemente, da sua
capacidade de pagamento para usufruir desse serviço. A diferença aqui é
gritante.
No caso da
Anvisa, a agência garante que o mercado privado não prejudique a Saúde pública,
já no caso das agências reguladoras de serviços públicos, como a que a gente
está debatendo aqui, hoje, nesta Casa, quando elas são capturadas pelo
interesse privado, a qualidade e a acessibilidade desses serviços são
comprometidas, afetando diretamente a vida da população mais vulnerável.
Não à toa, a
gente fez um grande debate aqui propondo emendas, discutindo na audiência
pública, discutindo diretamente com o secretário, sobre a importância de
impedir a captura para as agências reguladoras de diretores das empresas que
estão sendo reguladas.
Aqui, o debate
sobre a relação entre agência reguladora, estado e empresas é algo fundamental.
Essas agências deveriam atuar como instrumentos de fiscalização, de defesa do
interesse público, mas repito, a gente tem visto a captura pelos interesses
privados, e isso resulta em decisões que beneficiam o mercado em detrimento do
bem-estar da população, especialmente da população periférica, da população
negra, que dependem diretamente dos serviços públicos para garantirem seus
direitos mais básicos para sua sobrevivência.
Essa reforma
institucional que a gente debate aqui agora não é uma reforma neutra, ela tem
um nítido recorte racial de gênero. Quando o estado se desincumbe das suas
responsabilidades como estado e entrega setores estratégicos, como o
saneamento, à iniciativa privada, somos nós, as mulheres, as pessoas negras, as
comunidades tradicionais e periféricas que pagam o preço da venda do nosso
serviço público, essa população que depende mais intensamente dos serviços
públicos e tem menos capacidade de se adaptar às mudanças abruptas que a
privatização impõe.
Ao priorizar o
mercado e o lucro, o estado de São Paulo infelizmente negligencia políticas
públicas que poderiam promover a igualdade racial, a igualdade de gênero. Aqui,
o foco na eficiência econômica ignora as desigualdades estruturais que
caracterizam a nossa sociedade, perpetuando um ciclo de exclusão.
O terceiro e
último eixo que eu gostaria de abordar aqui é o efeito cascata da privatização,
que já começa a mostrar os seus impactos negativos em diversos setores. Quem
leu com atenção o projeto de lei que está sendo debatido aqui agora sabe que
ele veio acompanhado, inicialmente, de uma troca de cartas entre secretarias,
Governo do Estado e que são enviadas para o parlamento juntamente com o projeto
de lei.
É importante
para as pessoas que nos acompanham que saibam que alguns projetos de lei que
nos são encaminhados pelo Governo do Estado vêm acompanhados dessa troca de
cartas entre o Poder Público, essa troca de informações entre as secretarias, e
em uma dessas trocas de informações, existe uma tabela com um calendário de
privatizações dos mais amplos e diversos setores que vocês podem imaginar.
Isso não está
sendo debatido propriamente aqui neste projeto de lei, não é esse o debate
deste projeto de lei, mas o debate deste projeto de lei é como preparar o
estado para garantir essas privatizações que serão feitas em 2025, em 2026 e
que já foram iniciadas, como a gente viu com a Sabesp, como a gente viu com a
Emae, mas que agora vão afetar diretamente os parques, que também já começaram
a ser privatizados e que a ampliação vai acontecer com a privatização dos
parques, linhas do metrô e da CPTM que ainda não são privatizadas e que serão
privatizadas, a gestão das escolas, que é um debate que já está começando
também a ser feito pelo Governo do Estado.
Enfim, existe
um amplíssimo calendário de privatizações previsto pelo Governo do Estado, e
hoje pode parecer que nós estamos debatendo um projeto de lei que é inofensivo,
mas, na verdade, é um projeto de lei que prepara o terreno da Artesp, da
Arsesp, da SP-Águas para regular essas privatizações que virão e que estão na
agenda do Governo do Estado.
Quando a gente
se coloca contra esse projeto, na verdade, a gente se coloca contra o modelo de
privatização dos serviços públicos, contra a ideia falsa e nefasta de que
privatização significa mais eficiência, de que privatização significa mais
qualidade do serviço.
O que a gente
está defendendo aqui é que o serviço público seja de fato público, e o que o
Governo do Estado quer fazer é o contrário: é rifar os nossos direitos, como já
fez com a Sabesp, como já fez com o nosso saneamento básico, a maior empresa de
saneamento básico da América Latina. Agora a gente se coloca contra esse
projeto, porque a gente sabe que a privatização nunca é o fim, mas sim parte de
um projeto maior que quer desmantelar a estrutura pública, enfraquecer sua
jurisdição, comprometer o seu financiamento.
A gente tem o
exemplo da Sabesp, que está começando agora a ser discutido por nós e
concretizado, mas a gente tem o exemplo da Enel, que viveu, que nos fez viver
um grandioso apagão aqui no estado de São Paulo, em diversas cidades. Nesta
semana, teve um novo apagão, teve uma CPI da Enel nesta Casa, que buscou
discutir o modelo de privatização, as responsabilidades da empresa, e sabem o
que aconteceu? Nada, nada.
A Enel segue
atendendo mal e porcamente as casas dos moradores deste estado de São Paulo, e
nós estamos sujeitos a apagões. A gente precisa discutir os efeitos nefastos da
privatização da energia elétrica aqui no estado de São Paulo e perguntar por
que seguir aplicando esse modelo com serviços públicos que são tão importantes
para a nossa população.
Falemos das
Linhas 8 e 9 da CPTM, falemos da “Via Calamidade”, que agora o Governo do
Estado resolveu perdoar suas multas. O Ministério Público tentou, fez TAC,
debateu. A gente tentou revogar a concessão das Linhas 8 e 9.
A gente já
cansou de ver o povo que pega as Linhas 8 e 9 aqui na cidade de São Paulo ter
que caminhar pelos trilhos porque o trem parou de funcionar; o ar-condicionado
que não funciona em meio a ondas de calor e faz com que as pessoas se sufoquem
dentro do trem; a linha explodindo. É isso que a gente vê, pegando fogo, não
pode ser.
Não pode ser
que o papel do estado seja fechar os olhos para os efeitos nefastos da
privatização que vêm sendo aplicados por aqui, as privatizações que já
começaram e preparam o terreno para privatizar tudo.
Eu falo com as
pessoas que nos acompanham para dizer que nós, parlamentares da oposição,
estamos hoje dando esse alerta, mas nós voltaremos aqui, em outras
oportunidades, para dizer: “Lembram que nós falamos que o projeto do Governo do
Estado de São Paulo era vender tudo? Pois agora eles estão vendendo tudo”.
Infelizmente o
que esta Casa vai ter feito é abrir o terreno para essa venda indiscriminada do
nosso patrimônio público. Eu acho que é importantíssimo que nós, como
parlamentares, tenhamos a responsabilidade de debater, discutir, pensar,
refletir e especialmente assumir para nós a responsabilidade de garantir que o
serviço público do estado de São Paulo para aqueles e para aquelas que mais
precisam seja aplicado com eficiência, com qualidade, mas especialmente que ele
atenda de forma integral, de forma barata, gratuita, as pessoas que mais
precisam desse serviço por aqui.
Então deixo
aqui a nossa manifestação contrária a esse projeto, que é, na verdade, acima de
tudo, uma manifestação contrária ao projeto privatista e entreguista do estado
de São Paulo.
Obrigada,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputada Dra. Paula. Próximo orador inscrito. Com a palavra, para discutir
contra, o deputado Dr. Jorge do Carmo.
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Boa noite, presidente, deputado
André do Prado. Boa noite, deputadas e deputados, público aqui presente. Volto
a esta tribuna, Sr. Presidente, para discutir o Projeto de lei Complementar nº
35, de 2024, que dispõe sobre o regime jurídico das agências reguladoras
estaduais e transforma o Departamento de Águas e Energias, o DAE, em Agência de
Águas do Estado de São Paulo, a SP-Águas, e dá outras providências.
Os colegas que
me antecederam já esboçaram aqui, com muita competência, exatamente o risco da
privatização desenfreada que a gente vê nesta Casa. O governador veio para ter
o estado mínimo, o estado de São Paulo mínimo, e só regular, ou melhor,
desregular o que é o serviço público, que hoje funciona. Precisa sempre
melhorar, evidentemente, mas tem servidores públicos muito sérios, muito
responsáveis, que prestam esse serviço com maestria e com excelência,
evidentemente.
Sr. Presidente,
o risco da agência que está sendo proposta aqui, da criação da agência reguladora
para regular tais privatizações é exatamente o que nós sempre criticamos neste
plenário. Foi um debate caloroso aqui contra a privatização da Sabesp.
A favor não vou dizer que teve debate porque
poucos vieram a essa tribuna, poucos tiveram coragem, aqueles que defendem o
governo e dão sustentação para o governo Tarcísio, para vir a esta tribuna para
defender.
Então, quando a
gente vê o Parlamento que pouco se discute a favor é porque não tem coragem,
com exceção, evidentemente, isso não é uma regra, mas que tem muitos deputados
e deputadas que não têm coragem de vir aqui defender o projeto. Deve ser porque
o projeto é muito ruim, porque se fosse bom, seria a maior alegria, o maior
prazer vir aqui à tribuna para defender um projeto de lei que foi encaminhado
pelo governador que as pessoas apoiaram.
Mas, nesse
sentido, a gente tem as críticas de que realmente o que se quer é vender o
Estado, é entregar. E por isso nós somos contra a criação da regulação dessa
agência.
A nossa bancada
apresentou emendas que no congresso de comissões foram acatadas, de fato.
Provavelmente até serão, espero que sejam aprovadas nesse plenário. Nós vamos
fazer esse debate para que as nossas emendas sejam aprovadas.
Porém, a gente
também espera, já que as emendas foram aprovadas, discutidas e aceitas aqui
pela base do governo, que o governador também tenha a sensibilidade de não
vetá-las, de sancioná-las quando esse projeto que, imagino que a base do
governo tenha votos suficientes para aprová-lo, deputado Alex Madureira, e quando
ele for aprovado, vai à sanção do governador e espero que as nossas emendas
sejam sancionadas também porque são fruto de debate, fruto de debate aqui, de
discussões nas comissões e no congresso de comissão e também estão sendo nesse
plenário.
Por isso nós
vamos, nós somos contrários a esse PLC 35, de 2024, pela forma como ele foi
apresentado e porque nós já sabemos no que vai dar isso, nós sabemos onde vai
chegar isso. É esse o espírito, é esse o propósito do governador que quer
simplesmente não se responsabilizar por nada.
Para que tem
estado, então? Não precisava então de estado se nada o estado pode administrar
porque quer vender, já privatizou aí as linhas da CPTM, quer privatizar outras,
agora que estão já no pacote aí, que é a Linha 11-Coral e 12-Safira e a
13-Jade. Enfim, vai fazer a privatização também da Linha 7-Rubi, e por aí vai.
Então, é o estado mínimo que o governador quer para administrar. Não sei o que
vai administrar porque, de fato, não vai sobrar absolutamente nada.
Mas quero
falar, Sr. Presidente, ainda de uma outra situação que é bem interessante,
penso eu. O governador do Estado apresentou uma ideia de entregar, de
regularizar as áreas ocupadas por família de baixa renda, que são frutos de
ações de integração de posse para regularizar, quer entregar para a iniciativa
privada bancar, ou os moradores bancarem.
Diz a matéria:
“Dona de áreas de 51 favelas, a CDHU quer que moradores paguem pela sua
regularização.” Vamos lá, essa é a matéria, que já publicou o edital, a CDHU e
sua regularização fundiária.
O governo do
estado de São Paulo apresentou proposta de regularização fundiária para 51
áreas, que eles chamam de favelas na capital e no município da Grande São
Paulo: Ferraz de Vasconcelos, Itaquá, em Guarulhos, enfim...
Primeiro
destacar aqui que a realidade das moradias irregulares e a consequência da
ocupação é resultado da falta de política habitacional do governo, porque
ninguém ocupa porque quer; ocupa porque não tem projetos habitacionais. O
déficit habitacional é de um milhão nesse Estado.
Ainda, segundo
o censo, só na capital paulista existem mais de 400 mil imóveis vazios, e isso
comprova que o Governo e a Prefeitura não investem em ações efetivas para a
população mais necessitada sobre essa questão da habitação.
Proposta
recente do Governo de regularizar 51 áreas da capital e em alguns municípios
vizinhos tem seu mérito que traz preocupações para que a gente possa aqui
analisar. Por exemplo, governo diz que o mesmo processo de regularização não
vai abrir mão das ações de reintegração de posse, porque cada uma dessas áreas
tem uma ação de reintegração de posse.
Aí ficam as
perguntas, que garantias as famílias vão ter para investir na regularização, se
elas vão continuar respondendo ação de reintegração de posse? Essa pergunta é
para a CDHU, que eu vou questionar. Segundo, se a Justiça determinar a
reintegração de posse no decorrer do processo de regularização, e o prejuízo
que as pessoas vão ter ao investir para fazer a urbanização?
A
infraestrutura externa, iluminação pública, rede de água, luz, esgoto etc. é
bem público, por que a população tem que pagar por isso? É outra pergunta. E,
por fim, a quarta pergunta: qual é o compromisso do Governo caso a CDHU
esclarecer e orientar a população sobre esse processo de regularização? Essas
perguntas eu vou fazer para a CDHU e vou fazer na Comissão de Habitação desta
Casa.
São Paulo é o
estado mais rico da União, e não tem condições de bancar um plano de
regularização nessas e em outras áreas? Obrigar que os moradores dessas áreas
assumam dívidas de 30 a 50 mil, que são as estimativas de valores para que os
cidadãos... Penhorar o quê? Penhorar o carro, penhorar a casa? Penhorar o que
para garantir, se ele eventualmente não conseguir pagar esses 50, 60 mil? Então
são essas as perguntas que eu quero fazer à CDHU.
Para concluir
aqui, eu vou na linha do que o deputado Enio falou, a economia está tão boa.
Domingo agora eu fui em uma... eu sou nordestino de origem, graças a Deus, com
muito orgulho, fui na Casa do Norte, lá em Guaianases, para almoçar e tinha a
maior fila. Fila para você entrar, assim, lotado. Dois andares tem a Casa do
Norte, lotada de pessoas, de famílias para almoçar aquelas saborosas comidas do
Nordeste. Enche-me de orgulho isso, significa que a população está tendo
condições de sair para almoçar com a sua família. Isso é a economia girando,
isso é o governo Lula.
O desemprego
caindo, deputado Enio, V. Exa. falou aqui, são mais de 102 milhões de pessoas
com carteira assinada, 6,8% é o desemprego hoje. No governo anterior era
catorze. Dez anos atrás era 14%; hoje nós temos 6,8% de desemprego. Ainda é
alto, evidentemente. Ainda é alto. Nós temos que chegar no pleno emprego, como
era no governo Lula.
Por isso,
senhores e senhoras, eu vou encerrar. Teria muito mais para falar, de outros
assuntos também, mas eu queria dizer a vocês que estou muito orgulhoso de a
gente poder, no governo Lula, ter diminuído o desemprego, a economia está
girando e as pessoas estão comendo carne, picanha, baião de dois, carne de sol
e outras tantas comidas saborosas e deliciosas do meu querido Nordeste, de onde
eu sou, com muito orgulho.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Obrigado, deputado Dr. Jorge do Carmo. Dando
sequência aos oradores inscritos, com a palavra o deputado Luiz Claudio
Marcolino.
O
SR. GUTO ZACARIAS - UNIÃO - Pela ordem,
presidente. Posso fazer uma breve comunicação?
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Tem dois
minutos Vossa Excelência.
O
SR. GUTO ZACARIAS - UNIÃO -
PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, só para restabelecer a
verdade aqui no plenário da Assembleia. Com todo o respeito ao deputado Jorge
do Carmo, eu peço que ele lave a boca para falar dos deputados da base do
Governo, que lave a boca para falar dos deputados de direita desta Casa. Que
história é essa de que não teve um parlamentar de direita para defender a
privatização da Sabesp no plenário da Casa?
Fizemos
audiência pública, os deputados vieram. Foi ao congresso de comissões, o
deputado Barros Munhoz foi lá, entregou um relatório longo, o PT fez aquela
patacoada daquele voto de milhares de páginas, que sequer teve a coragem e a
competência de ler. Os deputados da base do Governo continuaram lá. Viemos
aqui, discutimos o projeto. Teve audiência pública, viemos aqui. Teve frente
parlamentar, que eu tive a honra de ser presidente, discutimos lá também.
Viemos para o plenário desta Casa várias e várias vezes, subimos no plenário e
discutimos esse projeto.
O
PT, o Partido dos Trabalhadores, e o PSOL convocaram movimentos criminosos para
virem à Assembleia, irem para cima dos policiais, depredarem o Parlamento, irem
para cima dos parlamentares, e, mesmo assim, sob gás de pimenta, os deputados
desta Casa ficaram aqui, votaram um projeto importantíssimo para o estado de
São Paulo, que foi a privatização da Sabesp, projeto que já gerou 68 bilhões de
reais em investimento, quase 30 bilhões na cidade de São Paulo, que vai
antecipar o saneamento básico, que já reduziu a tarifa social e vai continuar
fazendo muitas outras coisas boas.
A grande
verdade é que o Partido dos Trabalhadores não tem a menor competência para
poder falar de estatal, ou o deputado Jorge do Carmo do PT acha que eu esqueci
o que o PT fez com a Petrobras? Ou o deputado Jorge do Carmo do PT acha que eu
esqueci o que eles fizeram com a Eletrobras? Roubaram. E não roubaram pouco,
não. Roubaram bilhões de reais.
E agora queriam
que a Sabesp continuasse estatal. Para quê? Para fazer o que fizeram lá com
‘Mensalão”? Para fazer o que fizeram com o “Petrolão”? Em São Paulo tem lei.
Nós privatizamos a Sabesp, mesmo que o PT não queira, e nós vamos levar
saneamento básico para essa população e tirar menos uma estatal que o PT com
certeza iria roubar, se estivesse no governo.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Dr. Jorge Carmo.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Sua Excelência me dá
dois minutos para comunicação?
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Tem dois minutos, Vossa Excelência.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT -
PARA COMUNICAÇÃO - Deputado Guto Zacarias, primeiro gostaria de dizer a V. Exa.
que eu lavo a boca todos os dias e V. Exa. também deveria ter respeito para se
dirigir a minha pessoa com respeito. E eu nem citei Vossa Excelência. Nem citei
o seu nome aqui e não desrespeitei nenhuma deputada e nenhum deputado.
Eu disse que se
o projeto fosse bom, os deputados da maioria teriam coragem e orgulho de vir à
tribuna para fazer a defesa aqui. O que não é verdade, porque muitos não
vieram. Eu não generalizei e não citei nome nem de V. Exa. e nem de nenhuma
deputada e nenhum deputado. Portanto, respeito é bom e eu também gosto. Então
se V. Exa. quer respeito, primeiro me respeite.
E mais, Sr.
Presidente, eu tenho orgulho mesmo de defender o governo Lula. Tenho, porque o
governo Lula melhorou o Brasil toda vez que governou. Governou a primeira, a
segunda vez.
Nós já
governamos esse País quase quatro vezes, se não fosse o golpe, se não tivessem
dado golpe no povo brasileiro. E agora nós estamos de volta. Graças a Deus o
povo saiu daquele atraso de vida que foi o governo Bolsonaro. Graças a Deus o
povo teve juízo e retomou a normalidade desse País.
E a economia
está mostrando isso, graças a Deus. Graças a Deus o povo brasileiro está vendo.
Só é sair na rua. Só sair na rua que você vê. É emprego, é o povo comendo bem,
é o povo desenvolvendo e vai melhorar. Para vocês que não querem o Brasil
melhor, vai melhorar. E, em 2026, nós vamos repetir. É Lula de novo com a força
do povo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Sr. Presidente, o
deputado Luiz Claudio vai fazer uso da palavra e eu não vejo aqui os 24
deputados. Então peço uma verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Faremos então a verificação de presença. Peço ao
deputado Alex Madureira que já está aqui ao lado. O deputado Alex não. O
deputado Campetti e o deputado Carlos Cezar para fazer a verificação de
presença.
*
* *
- Verificação de presença.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado o
quórum regimental, agradeço ao deputado Carlos Cezar e ao deputado Campetti. E
devolvo a palavra ao deputado Luiz Claudio Marcolino, para sua discussão.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados.
Então
rapidamente aqui, sobre o projeto ora apresentado, o PLC 35, de 2024, acho que
é importante fazer inicialmente algumas considerações. Esse final de semana nós
vimos, em parte de Guarulhos, em parte da zona leste de São Paulo, um apagão
que chegou a quase 1 milhão de pessoas. E a própria Aneel rapidamente se
posicionou, colocando que o problema era da Eletrobras.
Eletrobras essa
que teve um investimento muito forte durante o governo dos presidentes Lula e
Dilma, estruturando as barragens no estado de São Paulo, como um todo, montando
não só a produção, mas a transmissão de energia. E assim que assume o
presidente Bolsonaro, uma das primeiras ações que ele fez foi privatizar a
Eletrobras.
É importante,
quem não sabe, que hoje a estrutura de energia, no estado de São Paulo, hoje
ela é coordenada pela Eletrobras, que é um sistema de energia do Brasil. A
Eletrobras hoje está privatizada pelo presidente Bolsonaro.
Então, quem é
da zona leste, da zona norte, de Guarulhos, que ficou sem luz esse final de
semana, do sábado para o domingo, foi a partir de um problema na Eletrobras,
que hoje não é mais do governo federal.
Então hoje é
uma empresa privada que faz a gestão da energia no estado de São Paulo. Uma
outra linha, também ainda do presidente Bolsonaro, foi parte da privatização da
Petrobras. Nós tínhamos uma empresa de gás importante no Brasil, a qual, também
no presidente Lula e na Dilma, nós adquirimos, que foi a Liquigás. E a Liquigás
foi uma empresa que, também no início do presidente Bolsonaro, ele privatizou
parte das empresas ligada à Petrobras. Uma delas foi a Liquigás.
E quem acabou
comprando a Liquigás foi justamente o grupo Itaú. A partir do grupo Itaú, um
dos grandes financiadores do presidente Bolsonaro, Itaú, Santander, nas
eleições de 2018. Logo depois o Itaú foi agraciado com a Liquigás, quando o
Bolsonaro colocou a privatização dessa empresa importante. E depois nós vimos o
aumento da gasolina, nós vimos o aumento do botijão de gás.
Então é
importante deixar frisado hoje, aqui nesse debate, que foi privatizado pelo
presidente Bolsonaro. E na mesma linha estava colocado para ser privatizado os
Correios. Estava na linha para ser privatizada a Ceagesp.
Foi privatizada
boa parte dos aeroportos, no nosso País, no presidente Bolsonaro. Com a entrada
do presidente Lula, algumas dessas empresas, Correios, e nessa semana agora a
Ceagesp, já foi tirado da linha de privatizações do nosso Estado, do nosso
País.
E aqui no
estado de São Paulo a gente vê que, justamente, assumiu um governador, do
estado de São Paulo, que tem a mesma linha do presidente Bolsonaro, a mesma
linha. Se olhar o Tarcísio de Freitas, a linha de atuação do Tarcísio de
Freitas é a mesma linha que vinha atuando o Bolsonaro no Brasil. Que é a
entrega de todo o patrimônio público do estado de São Paulo.
Já foi hoje a
Emae. Já parte da CPTM e do Metrô. Já foi a Sabesp. E agora o governo, nesse
projeto, o PLC 35, de 2024, quer acabar com algumas empresas importantes para o
desenvolvimento do estado de São Paulo. Então nós levantamos alguns pontos.
Esvaziamento da
competência de planejar e formular políticas públicas pelo estado de São Paulo,
com o empoderamento dessas agências. O retrocesso na participação social. O
cuidado parcial com a captura, e porteira aberta para a captura pelo mercado. A
criação da SP-Águas, o acúmulo de funções na Artesp, e a questão do impacto nos
empregados.
Eu
trouxe essas questões para falar de um ponto importante que até agora, deputado
Barros Munhoz, V. Exa. que foi o relator, ninguém comentou até agora.
Esse projeto
que está sendo agora apresentado pelo Governo do Estado de São Paulo, ele
dialoga muito com a questão das barragens no estado de São Paulo, e nós não
vimos esse debate acontecer nem na audiência pública e nem no debate hoje entre
os nobres deputados, mas no estado de São Paulo nós temos hoje 66 barragens no
estado de São Paulo.
Dessas 66
barragens aqui no estado de São Paulo, entre elas, temos a de Salto Grande, a
de Americana, a de Alumínio, de Cubatão, Cajati e Paraibuna. A de Alumínio, por
exemplo, se a gente pensar um pouco da CBA, que é a de Alumínio, ela teria o
dobro da capacidade de risco que aconteceu em Brumadinho, em Minas Gerais.
E essas
barragens que eu acabei de colocar, todas elas estão em risco, têm risco,
inclusive, de estourar a qualquer momento. E quando você estrutura e faz aqui
um debate a partir do DAEE (Inaudível,) ou a SP-Águas, o debate das barragens foi
colocado. Nós não vimos aqui um debate em relação às barragens no estado de São
Paulo.
Quando nós
pensamos em barragens, tem pelo menos cinco agências hoje responsáveis pela
fiscalização. A ANA, que é a Agência Nacional de Águas. Nós temos a Aneel, que
fiscaliza as barragens para a produção de energia elétrica, e falamos da Arsesp
também, a partir de uma autorização para fiscalização.
Nós temos a
ANM, que é a Agência Nacional de Mineração, quando temos barragens com resíduos
e acúmulos de rejeitos da mineração. Nós temos a Cetesb, que faz a fiscalização
de resíduos industriais. E nós temos o DAEE, que fiscaliza as barragens de
múltiplos usos.
E nós não
ouvimos, nobre deputada Monica, essas entidades dialogando sobre esse projeto.
E o projeto ora apresentado pelo governador Tarcísio mexe tanto do ponto de
vista da produção de água, como da produção de energia. Nós estamos falando do
desenvolvimento do estado de São Paulo.
No projeto
apresentado, o governador até apresenta que nós vamos criar uma estratégia de
otimizar o desenvolvimento do Estado. O mesmo estado que desmontou a Fundação
Faria Lima, que tem desmontado o Itesp, que tem desmontado o Instituto
Florestal. Esse mesmo estado que fala que vai apresentar uma nova formação para
as agências para fortalecer os desenvolvimentos.
A gente olha
para o estado de São Paulo e nós temos aqui algumas regiões metropolitanas
importantes, como a de Sorocaba, da Grande São Paulo, de Campinas, da Baixada
Santista, do Vale do Paraíba, e algumas regiões metropolitanas, como
Piracicaba, Rio Preto, Ribeirão Preto e Jundiaí, que até agora ainda não foram
regulamentadas. Foram criadas e não foram regulamentadas. Toda região
metropolitana que nós passamos, o pessoal fala da importância da EMTU.
E nós vimos
agora um projeto que elimina a EMTU, apresenta a Artesp como uma agência para
fazer a regulação do transporte intermunicipal no estado de São Paulo. A EMTU,
que a gente percebe que tem, inclusive, a necessidade de ampliar o
desenvolvimento de água nas regiões metropolitanas e, com certeza, a Artesp não
terá capacidade, nem técnica, nem de servidores, para dar conta de
potencializar o desenvolvimento do estado de São Paulo a partir das regiões
metropolitanas.
Estamos falando
de ônibus intermunicipal, mas estamos falando do desenvolvimento do estado de
São Paulo, que o governo manda um projeto, mas combinado com isso, quando a
gente olha no Plano Plurianual, quando olhamos na LOA que foi apresentada este
ano, na LDO, a gente percebe que não tem por parte do Governo do Estado um
projeto de desenvolvimento do estado na sua integralidade.
E nós vimos
aqui, há poucos momentos, o deputado Guto aqui raivoso em relação ao debate
hoje apresentado, mas nós estamos pedindo e vamos tentar levantar com o Banco
BTG Pactual, que ele autorizou e liberou para os seus clientes a compra das
ações da Sabesp.
Até agora, quem
foi valorizado e quem foi beneficiado com a privação da Sabesp foram justamente
os clientes do Banco BTG Pactual, que foi o responsável de garantir que na
Bolsa de Valores os clientes do Banco BTG Pactual pudessem comprar as ações da
Sabesp.
Esse debate, em
breve, nós faremos, porque nós estamos trabalhando para levantar quem foram as
pessoas que foram beneficiadas do dia para a noite, que aumentaram o seu
patrimônio com a venda da Sabesp no estado de São Paulo. E com esse projeto,
ora apresentado pelo Governo do Estado de São Paulo, vai na mesma linha que o
governo apresenta aqui.
Nós teremos de
30 a 40 projetos de infraestrutura que serão delegados ao setor privado em
regime de concessão da PPP e o governo fala que é necessário ter um diagnóstico
que garanta segurança jurídica para os investidores.
O que o governo
Tarcísio quer fazer é vender o estado de São Paulo do mesmo jeito que o
presidente Bolsonaro tentou vender o Brasil, mas, em 2022, nós retomamos com o
presidente Lula e estamos voltando a desenvolver o Brasil.
Em 2026, com o
que o governador Tarcísio está tentando fazer com esse projeto, com certeza, em
2022, pela primeira vez a centro-esquerda vai governar o estado de São Paulo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Luiz Claudio Marcolino. Com a palavra a deputada Monica Seixas, para
discutir contra.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Agora,
neste momento, o Brasil atravessa a maior seca da sua história. O governo federal
e diversos governos estaduais estão discutindo um plano emergencial para
abastecimento de água e manutenção do fornecimento de energia elétrica. Pelos
interiores, já se espalham casos de desabastecimento de água sem aviso à
população.
Eu citei esse exemplo
na audiência da SP-Águas. Durante o Festival de Barretos, um dos maiores
festivais turísticos que movimenta milhares de turistas, o sistema hoteleiro
estava sem água para atender os seus hóspedes. Água no próximo período, água no
presente momento é o maior desafio para o desenvolvimento social e econômico do
estado de São Paulo.
Vou repetir:
água é o maior desafio para o desenvolvimento social e econômico para o estado
de São Paulo. Não é novidade para ninguém que as indústrias têm medo de se
instalar no nosso Estado por conta do desabastecimento de energia. Não é
novidade para ninguém aqui que a gente tem histórico de cidades inteiras que
fecharam padarias, lava-jatos, hospitais, pela falta de água.
Todo mundo deve
atender diariamente no seu gabinete usuários de energia elétrica e de água
descontentes não só com a falta, fruto de uma emergência climática, mas também
com a desassistência das concessionárias desse serviço. Na semana passada, a
Enel deixou um milhão de residências sem energia elétrica.
Neste exato
momento a qualidade do ar no estado de São Paulo marca “insalubre”, “tóxico” e
não há previsão de melhora da umidade da seca até outubro. De lá para cá, a
gente não consegue garantir para as pessoas a dignidade do banho, a dignidade
do atendimento hospitalar, o funcionamento da atividade comercial, o
funcionamento das escolas.
Diante disso, é
no mínimo negacionista votar uma matéria dessa complexidade de forma tão
apressada. É muito complexo discutir qual é a tarefa e a responsabilidade de uma
agência reguladora que vai tratar do tema água, desprezando os fenômenos
climáticos.
Hoje, aqui na
Assembleia Legislativa, nós deveríamos estar debruçados, se a gente
correspondesse à emergência do tempo, sobre as queimadas, que estão deixando o
ar de São Paulo tóxico, a condição da saúde da população da região de Ribeirão
Preto, em que as pessoas estão se envenenando só por respirar.
A gente estaria
pressionando a Secretaria de Segurança Pública, que por muito menos fez
megaoperações policiais que resultaram em dezenas de mortes, a fazer uma
operação policial da Polícia Ambiental na região onde mais apresenta incêndios
criminosos. Mas a gente está votando de forma atabalhoada, no que pese a gente
ter contribuído e o relatório ter melhorado o projeto, uma matéria muito
complexa.
A gente está
falando de onde é que o usuário vai reclamar quando a água não chegar; a gente
está falando de onde é que o usuário vai se informar quando ele precisar saber
se a rede hoteleira vai poder ou não atender a próxima temporada; a gente está
falando de toda uma dinâmica social e econômica que pode não ser atendida por
falha dessa legislação.
A gente teve,
no ano passado, aqui na Assembleia Legislativa, a CPI da Enel. Na CPI da Enel,
para mim ficou muito explícito que a agência reguladora não tem capacidade de
fiscalizar a concessão.
Ficou muito
explícita para todos nós, naquele momento, a incapacidade do estado de garantir
a qualidade do serviço prestado à população, porque a sua agência reguladora
não possui atribuições para fiscalizar.
Por isso, é
preciso tomar cuidado para que a nova agência reguladora de águas do estado não
cometa o mesmo erro. Água é um bem escasso. A gente não pode falar de liberação
de outorgas de água, de quem pode ou não retirar mais ou menos água do lençol
freático ou do rio, ignorando que a disponibilidade de água no estado de São
Paulo vai reduzindo à medida do tempo. A gente não pode discutir como vai
fiscalizar e quem vai fiscalizar as barragens sem discutir o risco que elas
apresentam à vida da população.
Aqui, o projeto
fala, orgulhoso, de uma nova barragem em Pedreira. O projeto da barragem de
Pedreira é de 10 anos atrás. A barragem de Pedreira vai ser construída a três
segundos do centro da cidade, em caso de rompimento. Acho que, hoje em dia,
ninguém mais pensaria em construir uma barragem tão próxima ao centro de uma
cidade. Por isso, é preciso tomar cuidado com esse projeto. É preciso ouvir os
especialistas.
É preciso
envolver a população, mas, mais do que isso, hoje a Assembleia Legislativa
deveria estar debruçada sobre o problema real da população do estado de São
Paulo, que é a falta d’água. É a falta de chuva, é a péssima qualidade do ar, é
a seca histórica.
Vai continuar
sem chover. Hoje, apesar do clima ameno aqui dentro, devido aos nossos
caríssimos ares-condicionados, lá fora está insalubre de respirar. Lá fora o ar
está tóxico. Lá fora, tem dezenas de cidades pegando fogo.
E aí,
presidente, eu perguntei às prefeituras e ao Governo do Estado o que vão fazer
para mitigar ou para diminuir o dano às cidades atingidas pelas queimadas. Sabe
o que a maioria das cidades me responderam? Sabem? “Não tem caminhão-pipa.”
Elas pedem recurso parlamentar, emenda parlamentar para comprar caminhão-pipa e
equipamentos de brigadas para conter incêndios nas suas cidades.
Estamos nos
debruçando sobre a matéria errada. No momento em que boa parte deste estado não
pode respirar com calma, porque o ar está insalubre, a gente deveria estar
debruçados sobre a responsabilização dos grandes latifundiários sobre os
incêndios.
Na semana
passada, saiu uma pesquisa de imagens de satélite. No dia 22, que foi o pior
dia de queimada até então - porque agora voltou a queimar e eu ainda não sei
precisar quantas queimadas nós temos no presente momento, mas tem muita cidade
queimando no presente momento -, o estudo e as imagens de satélite mostraram
que 80% das queimadas do dia 22, que foi o pior dia em São Paulo, começaram em
um período de 40 minutos, e 80% em área de canavial. Se a palha seca não é
completamente incompatível com os fenômenos extremos, eu não sei o que dizer.
Por isso, a
gente precisa responsabilizar os latifundiários por cuidar da sua terra, mas a
gente também precisa cuidar das pessoas. O que o Governo do Estado de São Paulo
deveria estar fazendo agora era aumentar a demanda de médicos e respiradores;
era orientar as pessoas a ficarem em casa e a usarem máscaras, a não praticarem
exercício ao ar livre; era garantir a menor circulação de carros para diminuir
a emissão de gases dos carros, dos veículos, já que a gente não tem caminhão
pipa e água para combater os incêndios.
Enquanto o
Estado e a Assembleia ignoram a realidade dos fenômenos climáticos extremos, a
gente está votando um projeto que visa tornar a nossa principal autarquia
reguladora de água numa consultoria para a iniciativa privada para fazer mais
privatizações.
É negacionismo,
presidente, é negacionismo ignorar que até o mercado no estado de São Paulo vai
sofrer fortemente com a falta d’água no próximo período.
Obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputada Monica Seixas.
Com a palavra a deputada Ediane Maria.
Ausente.
Não havendo mais oradores para discutir
o projeto, está encerrada a discussão.
Há sobre a mesa a Emenda Aglutinativa
com número regimental de assinaturas dos Srs. Líderes.
Este presidente, nos termos do Art.
175, § 1º do Regimento Interno, determina publicação do texto resultante da
fusão.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Solicito a suspensão
dos trabalhos até as 19 horas e cinco minutos.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Antes, porém,
nos termos do Art. 18, inciso III, alínea “d", combinado com o Art. 68,
ambos do Regimento Interno, convoco uma reunião conjunta das comissões de
Constituição, Justiça e Redação, Finanças e Orçamento e Planejamento a
realizar-se às 18 horas e 55 minutos, no Salão Nobre Campos Machado, com a
finalidade de apreciar os seguintes projetos: Projeto de lei Complementar nº
41, de 2024, de autoria do Tribunal de Justiça; Projeto de lei Complementar nº
46, de 2024, de autoria da Defensoria Pública do Estado; Projeto de lei
Complementar nº 47, de 2024, de autoria da Defensoria Pública do Estado;
Projeto de lei nº 530, de 2024, de autoria do Tribunal de Justiça.
Está suspensa a nossa sessão.
*
* *
- Suspensa às 18 horas e 52 minutos, a
sessão é reaberta às 19 horas e 05 minutos, sob a Presidência do Sr. André do
Prado.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Reaberta a
sessão. Convocação. Retifica a convocação da segunda sessão extraordinária a
realizar-se hoje, para fazer constar a seguinte Ordem do Dia, mantendo-se as
demais disposições:
*
* *
-
NR - A retificação à Ordem do Dia da 45a Sessão Extraordinária foi
publicada no D.O. de 04/09/2024.
*
* *
O
SR. MILTON LEITE FILHO - UNIÃO - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Milton Leite Filho.
O
SR. MILTON LEITE FILHO - UNIÃO - Havendo acordo,
pedir o levantamento da presente sessão.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Está levantada a presente sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 19 horas e 06
minutos.
*
* *