8 DE NOVEMBRO DE 2024
155ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h14min. Lamenta a presença do secretário estadual da Educação, Renato Feder, em empresa privada de venda de plataformas digitais, no município de Birigui. Manifesta-se contra o uso de aparelhos celulares em escolas. Defende a revogação da Resolução 77/24. Critica a aplicação de multa, pelo governo municipal, à Escola Estadual Fidelino de Figueiredo. Exibe matéria jornalística sobre o tema. Opõe-se à obra de construção de túnel na Rua Sena Madureira. Apoia a manutenção do trabalho do Núcleo Luz. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 11/11, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h37min.
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- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.
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-
Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
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O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas
e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta
Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.
Eu quero, já aproveitando, aqui mesmo
da Presidência desta sessão, primeiramente, dizer que nós estamos perplexos com
uma denúncia que nós recebemos de pessoas, de professores da cidade de Birigui
onde houve ontem um evento, ontem dia sete de novembro.
Um evento promovido pela Prefeitura
Municipal de Birigui em uma editora privada, Editora Mundial, que é de um grupo
que vende plataformas digitais. A Prefeitura, ao invés de organizar um evento
no espaço público, em um ginásio, em um centro de convenções da cidade,
organizou dentro de uma editora, Editora Mundial, que tem também a plataforma
Bookplay e uma Faculdade Bookplay, uma faculdade privada.
Agora o que mais nos deixou perplexos é
que, nesse evento, houve a participação do secretário estadual da Educação,
Renato Feder. Tem aqui, vou colocar aqui no telão para que todos tenham a
oportunidade de ver o conflito de interesses. O secretário da Educação está
aqui no telão da Assembleia Legislativa.
Olha, o convite para que as pessoas, os
prefeitos da região, participassem desse evento para assistirem a uma palestra
do secretário da Educação dentro de uma empresa privada, dentro de uma editora,
Editora Mundial, que é associada a esse grupo, Bookplay. Agora o que me chama a
atenção é que, na verdade, o secretário da Educação, Renato Feder, é o maior
apologista das plataformas digitais.
Essas plataformas digitais são
compradas pela Secretaria da Educação por valores milionários, uma delas custou
70 milhões de reais. Eu nem estou dizendo aqui que ele está comprando dessa
empresa, mas é um absurdo que ele, o secretário da Educação, se preste a fazer
uma palestra dentro de uma editora privada que vende livros e plataformas
digitais. Olha só o conflito de interesses.
Lembrando ainda que as plataformas
digitais estão destruindo a rede estadual de ensino. Retiraram, praticamente, a
autonomia pedagógica dos professores e retiraram também a aprendizagem. A
aprendizagem dos alunos está prejudicada, todos sabem disso.
Hoje nós temos uma ditadura, uma máfia
das plataformas digitais, que apenas está enriquecendo as empresas que fornecem
por preços milionários essas plataformas para a Secretaria da Educação. Por
isso nós estamos pedindo o fim dessas plataformas digitais.
Nós temos inclusive, aqui na Assembleia
Legislativa, um projeto de lei tramitando que acaba com o uso, que proíbe o uso
dos celulares nas escolas. O MEC vai apresentar um projeto semelhante a esse
também, o mundo inteiro...
Em vários países do mundo, na verdade,
há um movimento contra a utilização desses aparelhos, de telas na aprendizagem
dos alunos, porque está provado que isso prejudica o estudo, prejudica a
aprendizagem.
Então quero deixar aqui a nossa
indignação, que não é só minha, de milhares de pessoas: da participação do
secretário da Educação no evento dentro de uma editora de uma empresa que vende
plataformas digitais.
Eu quero ainda aqui dizer que a rede
estadual de ensino está passando por um momento difícil, porque, além do leilão
de escolas, da tentativa do governo em reduzir o orçamento da Educação, da
redução da carga horária de várias disciplinas, do fechamento de salas, nós
estamos assistindo agora a famosa farsa da realocação, ou seja, a dispensa dos
professores das escolas PEI, por conta de uma resolução que o atual secretário
da Educação, Renato Feder, publicou no Diário Oficial.
É a Resolução nº 77, que dá amplos
poderes para a direção da escola afastar os professores, dispensar os
professores da escola PEI. Isso está tomando conta da rede. Milhares e milhares
de professoras e professores estão sendo dispensados das suas escolas, havendo
um verdadeiro esvaziamento do quadro de professores das escolas do estado de
São Paulo, afetando frontalmente o projeto pedagógico e toda a relação que
esses professores tinham com os seus alunos.
O prejuízo pedagógico é incalculável. O
prejuízo também para a vida dos professores que são obrigados a sair daquela
escola mesmo sendo bem avaliados pelos alunos na famigerada, e farsa, da
avaliação 360, mesmo que ele seja bem avaliado, ele pode ser afastado,
realocado. Realocado é uma palavra bonita, ele fala em realocação, mas não é
realocação, é dispensa, ele é dispensado dessa escola e tem que procurar uma
outra escola, criando um transtorno para esse professor.
O fato é que
essa resolução está prejudicando milhares de professoras e professores, e
prejudicando, sobretudo, os nossos alunos que ficarão sem os seus respectivos
professores.
Então é uma
resolução autoritária, nós já estamos apresentando um PDL, um projeto de
decreto legislativo, para revogar a Resolução nº 77, também acionando o
Ministério Público Estadual para pôr fim a esse assédio, a esse autoritarismo,
a essa perseguição que é patrocinada, exatamente, pela Secretaria da Educação.
Parece-me que
esse secretário foi contratado, exatamente, para destruir definitivamente a
nossa rede, mas nós vamos reagir à altura e isso não vai acontecer. Então nós
defendemos a revogação imediata dessa medida, dessa Resolução nº 77, contra
essa realocação, essa dispensa autoritária de professores e professoras das
escolas PEI. Isso é um verdadeiro crime contra o Magistério estadual.
Quero ainda
aproveitar aqui a oportunidade que estou na Presidência da Assembleia
Legislativa, para falar de um tema que eu já tinha denunciado aqui, que é o
caso da escola estadual Fidelino Figueiredo, que fica aqui na região da Santa
Cecília.
Essa escola
recebeu, agora, duas multas de quase 40 mil reais do Psiu, porque a escola tem
uma quadra e na quadra são realizadas as aulas de educação física, como em todas
as escolas do Brasil, porque a aula de educação física é obrigatória,
disciplina de educação física é obrigatória pela LDB, pela Lei de Diretrizes e
Base da Educação Nacional, por isso que as escolas têm as quadras para que as
aulas sejam realizadas.
Acontece que um
morador de um prédio vizinho dessa escola acionou, me parece, o Ministério
Público, enfim, e a Prefeitura emitiu essa multa de quase 40 mil reais contra a
escola porque ela realiza aulas de educação física.
E esse mesmo
morador é acusado, inclusive, tem boletim de ocorrência, falei isso na semana
passada, tem um boletim de ocorrência que ele está assediando, está agredindo,
perseguindo professoras de educação física da escola, ele joga objetos da
janela. Eu fiz essa denúncia, inclusive, pedindo que a Secretaria de Segurança
Pública tomasse as providências.
Mas o que nos
deixa mais perplexos é que a Secretaria da Educação lavou as mãos, não está
defendendo a escola. Primeiro que essa multa não poderia nem existir; segundo
que a obrigação da diretoria de ensino, do setor jurídico da diretoria de
ensino, ou mesmo, da Secretaria da Educação é defender a escola, mas ela lavou
as mãos, literalmente, e não está defendendo a direção da escola, nem as
professoras de educação física.
Isso é um
absurdo, é uma covardia. É um ato covarde de lavar as mãos, tanto da Secretaria
da Educação, que não está defendendo a escola, não está defendendo as
professoras, como também da diretoria de ensino.
E também é
muito grave que o Psiu, que a Prefeitura de São Paulo esteja multando uma
escola porque são realizadas aulas de educação física, e elas são barulhentas,
os alunos gritam, eles têm barulho em qualquer aula de educação física em uma
quadra, faz parte do processo ensino-aprendizagem.
É um absurdo
que a Prefeitura se preste a multar uma escola estadual que realiza aulas de
educação física, e um absurdo que a Secretaria da Educação esteja lavando as
suas mãos, deixando esta escola com essa multa, não fazendo a defesa. A Secretaria
da Educação poderia muito bem fazer, talvez, um isolamento acústico dessa
quadra, tem várias formas de resolver essa situação, tem recursos para isso,
tem a FDE.
Inclusive, tem
uma matéria, acho que de ontem, da rede Globo, eu queria mostrar um trecho
dela. Aproveitando, vamos colocar aqui a matéria da Globo repercutindo a nossa
denúncia.
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- É exibido o
vídeo.
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Bom, então esta
é uma parte da matéria, tem mais. Eu queria aqui dizer que é surreal que isso
esteja acontecendo. O que a gente percebe é uma criminalização da escola, uma
criminalização das aulas de educação física.
E tem mais: a
matéria ia continuar falando exatamente de um tema que eu denunciei na tribuna,
de um morador que joga objetos contra as crianças e contra as professoras.
A Secretaria de
Segurança Pública tem que atuar também, já tem um boletim de ocorrência. Esse morador tem que ser investigado,
inclusive tem denúncias de que ele perseguiu as professoras no bairro.
Então é isso. É surreal que isso esteja
acontecendo. Está errada a Secretária da Educação, que não defende a escola.
Ela tem que realizar o isolamento acústico para minimizar esse possível
barulho.
É lógico que a gente defende os
moradores também - não o morador que está jogando objetos nas crianças e nos
professores. Então a Secretaria se acovardou, omitiu-se, a Secretaria da
Educação estadual, e a Diretoria de Ensino também, a Prefeitura que multa e o Ministério
Público.
Nós vamos
marcar uma reunião com o promotor para explicar a ele o que é uma escola, o que
é uma aula de educação física. Talvez ele não saiba. Ele tem que entender o que
está acontecendo na escola pública.
Então nós já
estamos pedindo a reunião com esse promotor do caso. E quero manifestar o nosso
total apoio aqui à comunidade escolar e à defesa intransigente da realização da
continuação das aulas de Educação Física na quadra.
Tenho aqui também um outro assunto
importante que nós estamos acompanhando, que é o caso aqui da obra do túnel
Sena Madureira, uma obra polêmica, contraditória. Essa obra tinha sido
elaborada, o projeto dela, em 2013; o projeto foi cancelado, porque ele era
inviável do ponto de vista urbanístico, do ponto de vista habitacional, e não
resolveria a questão do trânsito.
Mas, estranhamente, esse mesmo projeto
foi resgatado agora pela gestão Ricardo Nunes. É um projeto que visa construir
um túnel na Sena Madureira para tentar aliviar o trânsito, só que não vai
aliviar o trânsito, primeiro porque esse túnel não vai permitir a passagem de
ônibus, do transporte coletivo.
É uma obra antiambiental, porque ela
vai devastar mais de 100 árvores centenárias, inclusive, da região. Ali tem um
córrego que passa, uma nascente nessa região, e existe também uma comunidade de
mais de 200 famílias. Então, é uma obra que não pode ser realizada. Há um
movimento de resistência que está sendo, inclusive, reprimido aqui pelas forças
de Segurança.
Eu quero mostrar aqui algumas imagens
sobre o que está acontecendo na obra Sena Madureira.
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- É exibido o vídeo.
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Em plena emergência climática, a
Prefeitura de São Paulo está destruindo árvores centenárias na Sena Madureira
para construir uma obra que há indícios, inclusive, de superfaturamento. Ela é
investigada pelo Ministério Público. Tem outra investigação só sobre os
contratos. As empresas foram já investigadas, inclusive, na Operação Lava Jato.
A obra inicial tinha sido orçada em
aproximadamente 200 milhões de reais. Hoje ela já está em 600 milhões de reais.
É uma obra extremamente suspeita do ponto de vista do contrato, da licitação,
do orçamento, sem contar essa questão ambiental, a questão do impacto do
trânsito e também da questão habitacional, a desapropriação de dezenas de
famílias da região.
Queria dizer que o nosso coletivo
Educação em 1º Lugar já tinha acionado o Ministério Público Estadual, o
Tribunal de Contas do Município e também a Secretaria de Obras do Município de
São Paulo, através do nosso coletivo, que é formado pelo vereador Celso Giannazi,
pela deputada federal Luciane Cavalcante e pelo nosso mandato aqui da
Assembleia Legislativa.
E hoje saiu uma notícia de que o
Ministério Público Estadual do Meio Ambiente sugeriu, indicou a suspensão dessa
obra, mas até agora, até esse exato momento, eu conversei com algumas pessoas,
a Prefeitura ainda não tinha sido notificada, e a obra continua a todo vapor
com a sua devastação ambiental.
E por fim, para encerrar a minha
participação aqui hoje na Assembleia Legislativa, eu quero também cobrar e
denunciar aqui a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, que está
destruindo vários programas culturais.
Eu já denunciei exaustivamente, fiz
audiências públicas contra o fechamento das oficinas do estado de São Paulo.
Inclusive questionei a secretária quando ela esteve presente em uma das
comissões permanentes da Assembleia Legislativa.
Hoje nós recebemos mais uma denúncia,
de mais um ataque da Secretaria Estadual de Cultura, agora contra o Núcleo Luz,
que é um núcleo que promove a formação artística de jovens da periferia,
através da dança, e que realiza um trabalho muito importante, sobretudo aqui,
na cidade de São Paulo.
Esse grupo fez um protesto, inclusive,
ontem, denunciando a notícia que recebeu, de que haverá o fechamento desse
núcleo, Núcleo Luz, como aconteceu com as oficinas culturais. Houve o
esvaziamento dessas oficinas. Tem também uma manifestação desses alunos, dos
militantes desse Núcleo Luz, que eu quero colocar também no telão, para que
todos tenham acesso a essa informação.
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- É exibido o vídeo.
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Essa manifestação foi feita exatamente
após a apresentação no Teatro Sérgio Cardoso. Os integrantes do Núcleo Luz
organizaram essa manifestação contra mais esse ataque. É um absurdo, minha
gente.
Esse governo Tarcísio está destruindo a
Educação, a Cultura, a pesquisa, a ciência, vendendo áreas de pesquisa da
Secretaria da Cultura, atacando o Magistério, atacando os servidores públicos.
É o exterminador do estado de São Paulo. Era isso.
Muito obrigado.
O
SR PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo
entre as lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, coloca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora
regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 37
minutos.
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