
161ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO e EDUARDO SUPLICY
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Registra a presença dos alunos da Universidade Mackenzie.
4 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
5 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Demonstra seu apoio e da bancada do PT ao pronunciamento do deputado Luiz Claudio Marcolino. Saúda os alunos da Universidade Mackenzie, presentes nas galerias da Casa. Coloca-se à disposição dos alunos para esclarecimentos sobre o funcionamento deste Parlamento e outras dúvidas. Discorre sobre o Programa da Renda Básica Universal e seus benefícios para a população. Comenta matéria, publicada na UOL, sobre Segurança Pública e a atuação das guardas municipais e polícias. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 11/11, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h38min.
* * *
ÍNTEGRA
* * *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luiz Claudio Marcolino.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE -
LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT
- Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a
proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a
leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.
Dando
início à lista dos oradores do Pequeno Expediente, com a palavra o nobre
deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Jorge Wilson
Xerife do Consumidor. (Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Solange Freitas.
(Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Bruno Zambelli. (Pausa.)
Com
a palavra o nobre deputado Marcelo Aguiar. (Pausa.) Com a palavra o nobre
deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Itamar Borges.
(Pausa.) Com a palavra a nobre deputada Ediane Maria. (Pausa.) Com a palavra o
nobre deputado Rogério Santos. (Pausa.)
Com
a palavra a nobre deputada Leci Brandão. (Pausa.) Com a palavra o nobre
deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Dirceu
Dalben. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Com a
palavra a nobre deputada Thainara Faria. (Pausa.)
Com
a palavra a nobre deputada Andréa Werner. (Pausa.) Com a palavra a nobre
deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Eduardo
Suplicy, tem V. Exa. a palavra pelo tempo regimental de cinco minutos, no
Pequeno Expediente.
Com
a palavra o nobre deputado Eduardo Suplicy.
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro
presidente, deputado Marcolino, hoje se inicia a COP-30, a conferência
da ONU que discute mudanças climáticas, em Belém do Pará.
A COP-30
ocorrerá de hoje até o dia vinte e um. Parabenizo o formidável discurso do
presidente Lula na abertura do evento, que ocorreu agora há pouco. No início de
sua fala, de improviso, ele também criticou líderes mundiais que não compareceram
ao evento.
Se os homens
que fazem guerra estivessem aqui, nessa COP, iriam perceber que é muito mais
barato colocar 1,3 trilhões de dólares para acabar com um problema que mata, do
que 2,7 trilhões de dólares para fazer a guerra, como fizeram no ano passado.
Além disso, trago outros trechos importantes do nosso presidente.
“Nos dias que
antecederam esta conferência, chefes de estado e de governo, ministros de
estado, representantes de organizações internacionais e da sociedade civil se
reuniram, na Cúpula de Belém, pelo Clima. Lançamos o Fundo de Florestas
Tropicais para Sempre, um mecanismo inovador que angariou, num só dia, 5,5
bilhões de dólares em anúncios de investimentos.
Adotamos
compromissos coletivos sobre o manejo integrado do fogo, o direito à posse da
terra por povos indígenas e tradicionais, a quadruplicação da produção de
combustíveis sustentáveis, a criação de uma coalizão sobre mercados de carbono,
o alinhamento da ação climática no combate à fome e à pobreza, e à luta contra
o racismo ambiental.
A mudança do
clima já não é uma ameaça do futuro, é uma tragédia do presente. O furacão
Melissa, que fustigou o Caribe, e o tornado que atingiu o estado do Paraná, no
sul do Brasil, deixaram vítimas fatais e um rastro de destruição. Das secas e incêndios
na África e na Europa, as enchentes na América do Sul e no sudeste asiático, o
aumento da temperatura global espalha dor e sofrimento, especialmente entre as
populações mais vulneráveis.
A COP-30 será a
COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as
evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo.
Eles controlam
algoritmos, semeiam o ódio, espalham medo, atacam as instituições, a Ciência e
as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas.
O aquecimento
global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo
retroceder décadas de avanços. O impacto desproporcional da mudança do clima
sobre as mulheres, afrodescendentes, imigrantes, grupos vulneráveis, deve ser
levado em conta nas políticas de adaptação.
É fundamental
reconhecer o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos
esforços de mitigação. No Brasil, mais de 13% do território são áreas
demarcadas para os povos indígenas. Talvez ainda seja pouco. Uma transição
justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o norte e o sul
globais, forjadas sobre séculos de emissões.
A emergência
climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já era
inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e
quem deve morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é
ditado pela tragédia. O desalento não pode extinguir as esperanças da
juventude.”
E eu tenho a
expectativa, a esperança de que, na COP, ao se estudar como será melhorada a
distribuição da renda, o combate à pobreza e o combate à fome, que sejam
considerados aqueles instrumentos de política econômica e social que
efetivamente possam elevar o grau de justiça na sociedade. E certamente, em
alguns momentos, estará se debatendo ali a renda básica universal como um
direito à cidadania universal e incondicional.
Gostaria, Sr.
Presidente... É possível a prorrogação aqui? Na última quinta-feira, eu estive
no painel de lançamento do relatório do Mutirão Solidário por um Financiamento
Climático Justo, que foi realizado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
da Unicamp, como parte da programação do Festival de Ideias, organizado pelo
projeto “Transforma”.
O “Transforma”
é um “think tank” da economia crítica, vinculado ao Instituto de Economia da
Unicamp, que tem se destacado por suas propostas heterodoxas de política
econômica voltadas à inclusão social dos que mais necessitam.
Assim, fiquei
feliz em estar presente no Festival de Ideias pelo segundo ano consecutivo,
pois este evento reúne pesquisadores, formuladores de política e representantes
da sociedade civil para debater novas perspectivas de desenvolvimento
sustentável e justiça social em profundidade.
Este ano o tema
do encontro foi “Economia Política de um Futuro Justo e Sustentável”,
reconhecendo que o modelo de crescimento vigente se mostra cada vez mais
incapaz de responder às desigualdades e aos limites ecológicos do Planeta. Ao
colocar a sustentabilidade no centro da reflexão econômica, o evento buscou
repensar o papel do Estado no mercado e das instituições, na construção de
sociedades mais equilibradas e solidárias.
A mesa de que
participei tratou justamente desse assunto, de forma muito qualificada. Esteve
ao meu lado Patrick Brown, da organização Equal Right; a vereadora Marina
Bragante; e Camila Moreno, representante da Cátedra Unesco em Desigualdades
Globais e Sociais, Universidade Federal Fluminense. Já a moderação ficou a
cargo de Isabel Ferreira, diretora executiva do Instituto Aya.
O Mutirão
Solidário por um Financiamento Climático Justo foi concebido como uma
iniciativa colaborativa com o objetivo de avaliar e repensar o ambiente de
financiamento climático no Brasil.
À medida que o
mundo continua a enfrentar tempos de profunda incerteza climática, geopolítica
e econômica, o apelo à redistribuição solidária e equitativa de recursos e
conhecimentos é fundamental para garantir que a luta contra as alterações
climáticas seja justa e eficaz.
Por esse
motivo, em minha fala, pude defender a renda básica, também, como instrumento
essencial para a transição ecossocial. Ao reduzir a pobreza e a desigualdade,
essa medida trata da dimensão da equidade, que é fundamental para a resiliência
das populações vulneráveis diante de eventos externos, incluindo os impactos
climáticos, que são cada vez mais graves.
Todos os
presentes e demais palestrantes também se manifestaram de modo muito favorável
a essa proposta, o que me deixou muito animado. Além disso, na mesa de
encerramento, pude assistir à fala de Giorgio Jackson, ex-secretário geral da
presidência do Chile, grande defensor da renda básica universal, o que indica
que cada vez mais essa proposta está sendo levada adiante no Brasil e no mundo.
Espero que essa
proposta possa ser considerada por todos os líderes mundiais reunidos na
COP-30, que se inicia a partir de hoje, está se desenvolvendo. Já não é
possível separar justiça ambiental de justiça social. Eu me coloco à disposição
para discutir mais sobre esse tema com todos os deputados e deputadas.
Muito obrigado,
Sr. Presidente Marcolino.
O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Muito obrigado,
Sr. Deputado Eduardo Suplicy. Se V. Exa. puder subir aqui à Presidência.
Eu queria, neste momento, também
agradecer a presença de todos os alunos e alunas da Universidade Mackenzie, que
nos acompanha hoje aqui no plenário. Sejam todas e todos muito bem-vindos à
Assembleia Legislativa. Uma salva de palmas a todos e todas aqui presentes.
Sejam bem-vindos. (Palmas.)
Dando sequência agora aos oradores do
Pequeno Expediente, com a palavra a nobre deputada Carla Morando. (Pausa.) Com
a palavra o nobre deputado Reis. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Paulo
Mansur. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Enio Tatto. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado
Danilo Campetti. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Gil Diniz. Agora sigo
à tribuna para fazer a minha saudação e passo para o deputado Eduardo Suplicy
assumir a Presidência.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem
a palavra, portanto, o deputado Luiz Claudio Marcolino, pelo tempo regimental,
com a devida tolerância.
O SR. LUIZ CLAUDIO
MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, Eduardo Suplicy,
Srs. Deputados, Sras. Deputadas, alunos do Mackenzie que nos acompanham aqui
nas galerias, funcionários e funcionárias da Alesp, na sexta-feira, como eu já
tinha anunciado na última quarta, haveria a manifestação dos servidores da
Saúde no estado de São Paulo em frente à Secretaria de Fazenda do Estado de São
Paulo.
Eu queria já
apresentar aqui, Machado, se puder colocar a informação, o vídeo inicialmente
que nós fizemos. Então a assembleia aconteceu no dia 7/11, na frente da
Secretaria da Fazenda. Podia passar o vídeo, por favor?
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Então essa foi
a manifestação em frente à Secretaria da Fazenda. Os servidores da Saúde
estiveram lá. Primeiro que apresentaram esse vale-almoço de 12 reais. Esse
vale-almoço de R$ 12,00 foi distribuído para a população em frente à Secretaria
da Fazenda, está sendo distribuído em todo o estado de São Paulo, que hoje o
governador Tarcísio paga apenas R$ 12,00 para os servidores da Saúde almoçarem
no estado de São Paulo.
Eu quero trazer
uma referência, inclusive, de quem almoça aqui na Assembleia, ou come um
lanche. Esta é a coxinha que é vendida aqui, na Assembleia Legislativa, na
lanchonete: custa nove reais e 90 centavos. Quem é funcionário da Assembleia
paga um pouco menos, mas quem está nos acompanhando, aqui os alunos do
Mackenzie, se quiser ir à lanchonete comer uma coxinha, vai pagar R$ 9,90,
quase 12 reais.
Agora, o
governador Tarcísio paga R$ 12,00 de vale-alimentação para o servidor da Saúde
almoçar durante o dia, 12 reais. Só que a negociação que foi feita entre a
Secretaria da Fazenda, a Secretaria de Gestão Digital, a Secretaria da Saúde e
a Casa Civil garantiu o aumento no reajuste dos servidores, do
vale-alimentação, servidores da Saúde, mas não cumpriam. Aumentariam o prêmio
de incentivo, que não cumpriam. Pagariam o Gdamspe para os servidores do Iamspe
e não cumpriam.
E a bonificação
também, que alguns servidores já estão recebendo, também não garantiam o
cumprimento do prêmio de incentivo, nem da bonificação, nem Gdamspe, nem o
aumento do vale-alimentação.
Aqui é a
manifestação que aconteceu, ali em frente, os R$ 12,00, a coxinha, o nariz de
Pinóquio ali do governador do estado de São Paulo, que apresenta uma pauta que
aumentaria o vale-alimentação dos servidores da Saúde e não o fez.
Nós temos ali
também, para (Inaudível) nós fizemos a Emenda ao Orçamento na LOA nº 24.903,
para 2026. Daria um total para garantir para todos os servidores do estado de
São Paulo, para garantir o vale-alimentação, durante os 12 meses, o montante de
653 milhões de reais.
Agora, está na
mão do governador. Se, de fato, ele respeita os servidores do estado de São
Paulo e vai cumprir o que foi negociado com os servidores da Saúde na mesa de
negociação, tem agora a oportunidade, na votação do Orçamento deste ano, de
garantir que essa emenda seja aprovada, e que esse recurso esteja disponível em
2026, para garantir os R$ 40,00 para cada servidor e para cada servidora do
estado de São Paulo para ter um direito a uma alimentação.
Então, essa é a
emenda que nós apresentamos, e agora vamos ver se o governador respeita ou não
respeita os seus servidores, se ele respeita ou não respeita uma mesa de
negociação.
Se o secretário
chamou o sindicato para negociar, apresentou que pagaria o vale-alimentação,
que pagaria a bonificação, o prêmio de incentivo e o Gdamspe e, simplesmente,
dois itens que venceram em setembro até agora o governador não pagou, não
cumpriu o que foi acordado.
Então, eu
trouxe aqui algumas informações, trazendo aqui a paralisação que aconteceu na
sexta-feira, em frente à Secretaria da Fazenda. Vão ter essas manifestações
durante todas as quartas-feiras até que o governador aceite e apresente uma
proposta, a partir do que foi apresentado. Senão, o estado inteiro vai saber
que os trabalhadores da Saúde recebem R$ 12,00 por dia e não conseguem comprar
sequer uma coxinha.
Aqui na
Assembleia são R$ 9,90, mas tem lugares que o valor de uma coxinha é mais do
que 12 reais. Não dá para um servidor da Saúde almoçar com 12 reais. Eu vou
estar agora, Sr. Presidente, às 15 horas, tenho uma reunião com o secretário da
Saúde, o secretário Eleuses Paiva. Vou cobrar - que era um dos representantes
da mesa de negociação com o SindSaúde - do secretário de Saúde o cumprimento do
acordo que foi feito.
E queria que
esta minha fala fosse encaminhada ao governador do estado de São Paulo, ao
secretário da Fazenda, ao secretário da Casa Civil e ao secretário da Gestão
Digital, para garantir o cumprimento que foi feito, um acordo negociado com o
sindicato e o acordo até agora não foi cumprido.
Então, eu vou
estar com o secretário da Saúde, vou cobrar ele pessoalmente, mas gostaria que
este meu discurso fosse encaminhado aos demais secretários.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Caro deputado
Luiz Claudio Marcolino, pode transmitir ao secretário da Saúde que conta com
todo o apoio meu e da bancada do PT, bem como de deputados dos mais diversos
partidos que têm aqui dito, desde o início da gestão, que será importante se ajustar
o valor desse vale-almoço de R$ 12,00 para aquilo que os servidores públicos
estão no aguardo. Então, meus cumprimentos.
Deputado Luiz Claudio Marcolino, se
houver a necessidade de uma urgência sua, eu posso aqui continuar. Mas queria
também saudar os alunos da Universidade Mackenzie. Sejam muito bem-vindos. São
da área de quê? Podem falar alto. De Direito? Muito bem.
E também de Economia, de Ciências
Sociais também? Alguns? Não. Então, eu quero saudá-los, me colocar à disposição
aqui se quiserem algum esclarecimento. Se desejarem fazer uma visita ao meu
gabinete logo após esta reunião, sejam muito bem-vindos. Eu vou dar-lhes um
livreto sobre a renda básica de cidadania universal e incondicional.
Acredito que, como estudantes de
Direito, vocês sabem que já é lei no Brasil a renda básica universal e
incondicional, mas diz a lei que ela será instituída por etapas, a critério do
Poder Executivo, começando pelos mais necessitados, como o faz o “Bolsa
Família”, até que cheguemos ao dia em que todas as pessoas residentes no
Brasil, inclusive há cinco anos ou mais, passaremos todos a ter o direito de
receber uma renda, na medida do possível, suficiente para atender às
necessidades vitais de cada um.
Mas como assim? Até para os que têm
mais recursos, os empresários mais bem-sucedidos? Nós todos aqui? Sim, aqueles
que temos mais, vamos colaborar para que nós próprios e todos os demais venham
a receber, e com isso teremos muitas vantagens em relação ao próprio “Bolsa
Família”, como acabamos inteiramente com qualquer burocracia e ter que saber
quanto cada um ganha no mercado formal, na carteira de trabalho assinada ou em
qualquer atividade que façamos. Se uma mãe toma conta das crianças da vizinha,
recebe um trocado no dia seguinte, não precisa declarar.
Eliminamos qualquer sentimento de
estigma ou de vergonha de a pessoa precisar falar: “Olha, eu só recebo tanto,
por isso mereço tal complemento de renda”. Também evitamos o chamado fenômeno
da dependência, que acontece quando se tem um sistema que diz: “Quem não recebe
até certo patamar tem o direito de receber tal complemento”, e a pessoa está
por decidir: “Vou ou não iniciar essa atividade que vai me render esse tanto?
Mas se eu realizar essa atividade e obtiver esse tanto, mas daí vem o governo e
me retira aquilo que eu estava recebendo naquele programa, eu talvez desisto e
entro na armadilha da pobreza ou do desemprego.” Mas se todos iniciarmos da
renda básica em diante, sempre haverá o estímulo ao progresso.
A maior vantagem da renda básica de
cidadania é do ponto de vista da liberdade e da dignidade do ser humano de que
nos fala Amartya Sen quando observa que desenvolvimento, se for para valer,
deve significar maior grau de liberdade para todos na sociedade: para aquela
mãe que, às vezes não tendo alternativa, resolve vender o seu corpo, no Parque
da Luz, por exemplo, para aquele jovem que vocês conhecem - o Racionais MCs, do
Mano Brown: o Homem na Estrada, que recomeça a sua vida, a sua dignidade, a sua
liberdade, que foi perdida, subtraída, quer mostrar a si mesmo que realmente
mudou, que se recuperou, quer viver em paz e dizer ao crime nunca mais -, o dia
que houver para si, cada membro da sua família, uma renda suficiente para
atender as suas necessidades vitais, essa pessoa vai poder se ver diante de uma
única alternativa que lhe surge pela frente, mas que venha a ferir a si
próprio? Não.
Agora não precisa aceitar essa única
alternativa. Agora eu posso aguardar um tempo, graças à Renda Básica, para mim
e cada membro da família. Quem sabe eu possa fazer um curso aqui na
Universidade Mackenzie com os seus professores, até que surja uma oportunidade,
mas de acordo com a minha vocação, com a minha vontade, é neste sentido, pois,
que a Renda Básica Universal será de fato um direito à cidadania que muito vai
elevar a qualidade de vida dos seres humanos no Brasil.
Eu gostaria ainda de registrar que hoje
há uma matéria de grande relevância para pensarmos no sistema de segurança
pública em nosso Estado e em nosso País. Trata-se da notícia intitulada:
“Denúncias de Violências da GCM, Guarda Civil Municipal, sobem 850% em São
Paulo”, que está hoje veiculada na UOL, que expõe um quadro preocupante que
exige nossa atenção e reflexão profundas.
De acordo com a reportagem, no
município de São Paulo, as denúncias contra a Guarda Civil Metropolitana
cresceram de 850% de 2021 até hoje. A matéria evidencia que quando as guardas
municipais não exercem as atribuições preventivas e comunitárias, para as quais
são vocacionadas e para as quais devem ser capacitadas, o uso abusivo da força
tende a se intensificar.
Importante observar que o crescimento
das reclamações coincide com a adoção de um perfil mais repressivo por parte da
GCM, apontando para a adoção de uma lógica policial militarizada. Consta da
matéria a seguinte declaração do prefeito Ricardo Nunes, abre aspas: “Tirei o
estilingue e o 22, hoje, todos contam com pistolas automáticas e fuzil”. Consta
ainda que... Fecha aspas...
Consta ainda que em março deste ano, o
prefeito declarou que irá continuar armando e preparando a polícia municipal.
Bem, segundo Eduardo Pazinato - que foi coordenador da área anticorrupção da
UNODC, Escritório da ONU sobre Drogas e Crime, no Brasil, e que também integra
o setor jurídico da AGM Brasil, Associação Nacional de Guardas Municipais -, a
mudança de função e armamento direciona as guardas equivocadamente para o
enfrentamento.
A GCM acaba adotando uma postura
militarizada, muito inspirada no trabalho da Polícia Militar, mas a guarda não
tem essa prerrogativa. A matéria cita vários relatos de abuso da guarda em
relação, por exemplo, a ambulantes, pessoas em situação de rua e até mesmo um
cadeirante.
Cita também a decisão do Tribunal de
Justiça de São Paulo que, em 2024, determinou que a gestão Nunes limitasse a
atuação da GCM na Cracolândia, após casos de repressão. Segundo a matéria, a
juíza Gilsa Elena Rios impediu a corporação de realizar operações de caráter
repressivo e militar nos bairros Campos Elíseos e Luz, especialmente aquelas
com arremesso indiscriminado de munições e expulsão desmotivada de pessoas das
ruas.
Outro ponto relevante, iluminado pela
reportagem, é que, mesmo com esse aumento das denúncias, ainda não há uma
adequada supervisão e responsabilização dos responsáveis pelos abusos. A
matéria aponta que, das 39 denúncias formalizadas contra guardas municipais,
entre 2021 e 2022, todas foram arquivadas. Em 2023 e 2024, 93% dos processos
foram arquivados.
Faltam também mecanismos claros e
efetivos de controle externo e social da atividade das guardas municipais.
Falta transparência acerca dos casos denunciados e de seus desdobramentos. Além
disso, é preciso que as guardas municipais utilizem câmaras corporais.
Sobre o tema, o governo federal lançou
um programa para financiar também câmeras corporais para as guardas,
denominado: “O município mais seguro”, porém, segundo a reportagem, a
Prefeitura não se manifestou sobre a questão.
É de extrema importância que as guardas
municipais assumam postura preventiva e comunitária, voltada para a construção
de segurança urbana com cidadania. É fundamental que atuem de forma próxima às
comunidades, dialogando com os moradores, conhecendo os territórios, atuando de
maneira preventiva, compreendendo melhor os seus problemas.
Cabe às guardas municipais ocupar esse
espaço de maneira integrada e complementar aos outros atores do Sistema Único
de Segurança Pública, mas sem perder de vista que identidade própria e vocação
para o policiamento preventivo e comunitário. Assim... Agora... Olhe o... Me
explicaram...
São 94 deputados estaduais. Cada um
deles, como eu, poderia estar aqui trazendo suas considerações sobre os mais
diversos problemas do estado de São Paulo, de todos os mais de 600 municípios,
mas hoje só esteve aqui o deputado Luiz Claudio Marcolino e agora eu.
Então, já fiz os pronunciamentos que
havia preparado para hoje. Se vocês quiserem, portanto, receber um livreto
sobre a renda básica de cidadania para a biblioteca do Mackenzie, eu vou lhes
dar. Meu gabinete fica no andar de baixo do que vocês estão, com a letra M, M
de Maria, gabinete número seis e sete.
Agora, havendo acordo de lideranças,
esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas.
para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia
da última quarta-feira.
Está encerrada a presente sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 38
minutos.
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