28 DE MARÇO DE 2025

36ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDUARDO SUPLICY

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h14min. Anuncia a visita de alunos da Escola Estadual Orígenes Lessa, de Diadema. Critica ações de policiais militares em manifestação de estudantes contra privatização na CPTM. Lamenta o falecimento de Heloísa Teixeira, crítica literária. Menciona terremotos ocorridos hoje, em Mianmar e na Tailândia. Determina um minuto de silêncio em homenagem às vítimas. Lê e comenta carta da ONU em apoio à aprovação do PL 176/25, de sua autoria. Tece considerações sobre trabalho da Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 31/03, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h36min.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o Expediente.

Eu gostaria de anunciar, com muita alegria, a presença dos alunos da Escola Estadual Orígenes Lessa, de Diadema. Sejam muito bem-vindos. (Palmas.) Ainda não estando presentes outros deputados, eu aqui gostaria de registrar uma nota com respeito à violência da Polícia Militar contra estudantes, bem como sobre o falecimento de Heloisa Teixeira e um terremoto no sudeste asiático.

Quero compartilhar a nota da bancada da federação PT-PCdoB-PV, que condena a ação truculenta da Polícia Militar contra estudantes e exige medidas do governador para que este tipo de violência não se repita:

“É inconcebível a violência com que a Polícia Militar do governador Tarcísio de Freitas atacou estudantes em protestos contra a privatização das linhas da CPTM nesta quinta-feira, dia 27 de março.

Os estudantes, integrantes do DCE da USP e usuários dos trens da CPTM, que pacificamente denunciaram os impactos da privatização, foram brutalmente espancados pelos policiais ao defender a manutenção do patrimônio público. Trabalhadores contestavam modelo de privatização do governador, que já mostrou ser danoso para a sociedade e que sofre com atraso, panes e superlotação nas linhas já privatizadas.

A bancada da federação PT-PCdoB-PV manifesta total solidariedade aos estudantes e aos trabalhadores da CPTM, e acionará todos os meios políticos e jurídicos para que os responsáveis sejam punidos, exigirá que o governo apresente medidas para que este tipo de truculência não se repita em manifestações legítimas e democráticas.”

Este é o documento, assinado pelo líder, deputado Donato, da federação PT-PCdoB-PV, assinada também por mim e demais membros da bancada desta federação.

O próximo assunto de que quero falar é o falecimento, ocorrido hoje, da crítica literária Heloisa Teixeira, por muito tempo conhecida como Heloisa Buarque de Hollanda, aos 85 anos, no Rio de Janeiro. Ela estava internada por causa de uma pneumonia dupla, segundo informações da Academia Brasileira de Letras. Professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Letras desde 2023, Heloisa Buarque de Hollanda foi responsável pela publicação de dezenas de livros, como autora ou organizadora.

Em 2024, decidiu assinar “Rebeldes e marginais: cultura nos anos de chumbo (1960-1970)” como Heloisa Teixeira. O gesto teve um grande simbolismo: já retirou o sobrenome do primeiro marido, de quem havia se separado no final dos anos 60, e colocou o da mãe. Heloisa foi uma das maiores intelectuais do País durante décadas e ícone do feminismo. Fica aqui a minha homenagem a ela. Eu a conheci pessoalmente e tinha muita admiração por ela.

Hoje também ocorreu um terremoto, de magnitude 7,7, no sudeste asiático, matando ao menos 144 pessoas em Mianmar e oito na Tailândia. O tremor deixou um cenário de devastação na região. Um prédio em construção desabou na capital tailandesa, Bangkok, e uma ponte de mais de 90 anos desabou em Mandalay, no centro da nação.

Então, eu solicito aos estudantes presentes aqui de Diadema, da Escola Estadual Orígenes Lessa, que possamos, nós, eu próprio como deputado que presido esta sessão, e todos presentes, inclusive os estudantes e professores de Diadema, vamos fazer um minuto de silêncio em solidariedade às mais de 140 pessoas que faleceram em decorrência deste terremoto no sudeste asiático, em Mianmar e na Tailândia.

 

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- É respeitado um minuto de silêncio.

 

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Completado este minuto de silêncio, gostaria também de registrar a carta que eu recebi do Conselho Nacional dos Direitos Humanos, que diz o seguinte: “À Sua Exa., o Sr. Eduardo Matarazzo Suplicy. Assunto: Apoio à aprovação do PL 176, que trata dos espaços de uso seguro e solidariedade frente às declarações desinformadas.

Excelentíssimo Sr. Deputado, com cordiais cumprimentos, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), no uso de suas atribuições, vem à presença de V. Exa. para solicitar apoio à aprovação do PL 176/25, sobre os espaços de uso seguro e solidariedade frente às declarações desinformadas.

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos, órgão criado pela Lei nº 12.986, de 2 de junho de 2014, tem por finalidade a promoção e a defesa dos direitos humanos mediante ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses direitos e a proteção aos direitos e garantias fundamentais, individuais, coletivos ou sociais previstos na Constituição Federal, nos tratados e atos internacionais celebrados pela República Federativa do Brasil.

No exercício de suas atribuições legais e em defesa dos direitos humanos, o Conselho Nacional dos Direitos Humanos vem, por meio deste, primeiro, reafirmar-se ao apoio integral ao Projeto de lei nº 176, de 2025, de sua autoria, que autoriza o Poder Executivo a criar espaços de uso seguro de substâncias psicoativas no estado de São Paulo, medida alinhada às posições de redução dos danos e garantia de dignidade para populações em condições de vulnerabilidade.

Segundo: manifestar solidariedade pública, frente às recentes declarações do prefeito Ricardo Nunes, que baseadas em desconhecimento das evidências científicas e experiências internacionais exitosas, desqualificaram o projeto e sua trajetória de luta pelos Direitos Humanos.

O PL 176/25, é um marco na construção de políticas públicas inovadoras, fundamentadas em três pilares: primeiro a Saúde Pública, espaços de uso seguro reduzem as mortes por overdose, infecções e riscos associados ao consumo em condições precárias.

Segundo: os Direitos Humanos, garantia de acesso a serviços básicos de saúde, assistente social, trabalho, cultura e moradia, em respeito à autonomia dos usuários. Terceiro: evidências internacionais, práticas semelhantes já são adotadas com sucesso em mais de 18 países, como Portugal, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra e outros.

 Lamentamos profundamente que declarações como as do prefeito Ricardo Nunes ignorem os resultados da missão da Comissão de Direitos Humanos e do Comuda, São Paulo, em 19-20 de março de 2025, que evidenciou a urgência de respostas intersetoriais para pessoas em situação de rua e usuários de drogas.

O acúmulo técnico e científico global sobre a eficácia de políticas de redução de danos, debatido, inclusive, na 68º sessão do Conselho Nacional de Direitos Humanos da ONU, em Viena em 2025, com participação ativa de organizações brasileiras. O caráter democrático do projeto construído a partir do diálogo com a sociedade civil especialistas e pessoas diretamente afetadas.

O Conselho Nacional de Direitos Humanos repudia qualquer tentativa de deslegitimar propostas baseadas em evidências e Direitos Humanos. Sua atuação, senhor deputado, sempre pautada pela ética e pelo compromisso com os mais vulneráveis merece reconhecimento, não ataques infundados.

Neste sentido, colocamo-nos à disposição para subsidiar tecnicamente a tramitação do PL 176/25, promover diálogos com organismos internacionais e especialistas, apoiar a realização de audiências públicas que ampliem o debate qualificados, na certeza de contar com o vosso apoio.

Agradecemos e por oportuno colocamo-nos à disposição da equipe da Secretaria Executiva do CNDH, para mais informações e devidos procedimentos organizacionais pertinentes, por meio de endereço eletrônico: cndh@mdh.gov.br ou pelo telefone (61) 2027-3907. Ao ensejo, renovo a V. Exa. protesto de estima e distinta consideração. Assina a presidente Charlene da Silva Borges, do Conselho Nacional dos Direitos Humano.”

Muito obrigado por sua atenção, querida presidente Charlene da Silva Borges. Tenho pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos o maior respeito e considero esta carta que a senhora me enviou.

Um apoio muito importante, sensível, pois este assunto está preocupando mais e mais as autoridades, a todos aqueles que observamos, pessoas em condições de pobreza, vivendo nas ruas, envolvidas com o crack, ou outros tipos de drogas, e que têm as suas saúdes muito prejudicadas.

Então é muito importante a experiência que hoje se dá em mais de 18 países que criaram, nas principais cidades, as salas de uso, espaços de uso seguro, para que essas pessoas, que têm tomado tantas drogas, possam ter alternativas e, com orientação, diminuir progressivamente a utilização, seja do crack, da cocaína ou de outros produtos que abalam a saúde das pessoas.

Então seria justamente a forma de orientar as pessoas viciadas, para poderem sair da sua condição e, inclusive, tendo a devida atenção médica e de assistentes sociais que passarão a trabalhar nesses espaços de uso seguro. Portanto reitero aqui a importância do PL nº 17.625, que cria os espaços de uso seguro.

Sabem que quando foi publicado esse meu projeto, que eu apresentei há poucas semanas, o prefeito Ricardo Nunes, por quem tenho o maior respeito, fez um comentário dizendo que eu estava querendo distribuir drogas pelas ruas. Não é bem isso.

Justamente, nesses espaços de uso seguro, de um lado, não haverá o risco da pessoa. Que consuma a droga de uma forma adequada, disciplinada e visando a redução de danos, a diminuição gradual. Que essas pessoas possam ser orientadas a se libertarem da condição de viciadas, seja em qualquer tipo de droga, no crack ou em qualquer outra.

Na Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, presidida ou coordenada pelo deputado Caio França, justamente sendo eu o vice-presidente ou o vice-coordenador dessa frente parlamentar, nós temos ouvido testemunhos de, por exemplo, duas moças que estavam envolvidas, uma com consumo da cocaína e outra com o consumo do crack.

Uma vez que tiveram uma situação de saúde, atingidas fortemente, então, ambas resolveram passar a um tratamento, em que utilizaram a cannabis medicinal para, gradualmente, diminuir a sua dependência em drogas das mais diversas naturezas. E elas vieram fazer um depoimento aqui em uma das reuniões importantes realizadas pela frente parlamentar presidida pelo nosso companheiro Caio França.

Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda feira, à hora regimental. sem Ordem do Dia.

Transmito aos estudantes da Escola Estadual Orígenes Lessa, de Diadema, que se quiserem fazer uma visita ao meu gabinete serão muito bem-vindos. É no Andar Monumental, ou M, salas seis e sete. Sejam muito bem-vindos. Obrigado. Parabéns a vocês.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 36 minutos.

 

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