26 DE MAIO DE 2025

70ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS e EDNA MACEDO

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h10min.

        

2 - DONATO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - EDNA MACEDO

Assume a Presidência. Registra a presença de professores e alunos do Colégio Miguel de Cervantes.

        

4 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - PRESIDENTE EDNA MACEDO

Responde o pronunciamento da deputada Monica Seixas do Movimento Pretas.

        

6 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

7 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

8 - PRESIDENTE EDNA MACEDO

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/05, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h29min.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Monica Seixas do Movimento Pretas.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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A SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Presente o número regimental das Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados, sob a proteção de Deus e do Estado laico, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Passamos agora à lista dos oradores inscritos no Pequeno Expediente. Primeiro orador, deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Thiago Auricchio. (Pausa.) Deputado Caio França. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Dirceu Dalben. (Pausa.) Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)

Deputado Eduardo Suplicy. (Pausa.) Deputada Solange de Freitas. (Pausa.) Deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.) Deputado Donato.

 

O SR. DONATO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, deputada Monica, que preside esta sessão, todos que nos acompanham pela Rede Alesp.

Eu estive, há algum tempo atrás, em um empreendimento que se chama Reserva Raposo, ali na Raposo Tavares, do lado da Cohab Raposo Tavares, e é um assunto que eu acompanho já há bastante tempo, desde quando eu era vereador em São Paulo.

Um empreendimento marcado por muitas coisas estranhas, e coisas estranhas continuam acontecendo. Eu vou relatá-las aqui, até porque já tive a oportunidade de encaminhar para o Ministério Público.

O Reserva Raposo é um empreendimento de um grupo chamado RZK, Grupo Rezek, que era um grupo do agronegócio que, com muito dinheiro em caixa, resolveu fazer um empreendimento, que eram 18 mil moradias na cidade de São Paulo.

Uma cidade, ali na Raposo Tavares. Aprovado pela Prefeitura, tinha uma série de contrapartidas e era um empreendimento que ia ter 10% para a habitação de interesse social, 1.800 moradias, mais ou menos.

O fato é que esse empreendimento privado faliu. O fundo que o sustentava caiu, despencou por uma série de razões, ações na justiça, enfim. E aí veio a velha prática brasileira, que é o Estado salvar o capitalista. E aí se fez um procedimento onde a CDHU comprou quatro mil moradias, e a Prefeitura de São Paulo, através de um programa chamado “Pode Entrar”, comprou seis mil moradias.

Eles mudaram o caráter do empreendimento para um empreendimento todo de habitação de interesse social. Não é esse o problema, mas evidentemente foi uma operação de salvamento desse empreendimento do Grupo Rezek, do chamado RZK agora.

Mas isso eu já relatei aqui em outras oportunidades, tem uma série de idas e vindas. O fato é que algumas torres já foram entregues pela CDHU, e eu estive conversando com moradores que estão lá desde dezembro, alguns, janeiro outros, e os problemas são muito graves.

Primeiro que a construtora, chama BRZ... Aliás, na semana passada, teve um acidente em que quatro operários morreram nesse empreendimento, da pressa com que é construída e a falta de cuidados em geral. A gente vê nos prédios a falta de cuidados.

Muitos moradores são chamados para fazer a vistoria do prédio, recusam porque a porta está empenada, porque tem um problema de vazamento, porque tem alguma infiltração, porque alguma coisa não está correta e depois, quando vão fazer a segunda vistoria, nada mudou, a terceira vistoria, nada mudou, e tem uma pressão para que o cidadão pegue a chave, mesmo sem o apartamento estar em ordem.

Esse já é um primeiro nível de problemas com essa construtora BRZ. Mas o mais grave - insólito, nunca vi isso -, esse empreendimento da CDHU com a tal “carta de crédito”, que é, na verdade, financeirizar os pobres, não é?

A gente viu esse debate na Favela do Moinho. É uma dívida de longo prazo: a pessoa tem que assumir uma prestação do apartamento, tem que assumir o condomínio, tem que assumir uma série de gastos e, certamente, uma parte grande não vai conseguir e vai abandonar o empreendimento.

Mas esse é um outro debate sobre esse modelo. A CDHU se isenta, ela fala, eu sou uma agência financiadora, não tenho nada a ver com o que está acontecendo lá. E o que está acontecendo lá é muito grave. Se formou uma associação com o aval do Grupo RZK, as pessoas chegam lá e já tem uma associação de moradores.

Deputada Monica, presidida por alguém que não mora lá e que é o antigo subprefeito do Butantã, que deveria ter fiscalizado as obras na época que elas estavam sendo feitas, chama Paulo Vítor. Dizem que ele mora em Alphaville, inclusive.

E vem uma taxa no boleto de R$ 22,00 compulsória, você tem que pagar para a associação. E a associação promete que vai ter linha de ônibus, vai ter não sei o quê, só vai poder pegar o ônibus quem paga para a associação. As ruas são públicas lá. O ônibus tem que ser público.

Os espaços estão sendo construídos lá. Tem um auditório, tem duas UBS, cinco creches, tudo atrasado, na verdade. Mas são contrapartidas exigidas pela Prefeitura e que têm que ser doadas ao Poder Público, e não uma associação que cobra compulsoriamente uma taxa dos moradores.

Então, esse é um escândalo.

 

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- Assume a Presidência a Sra. Edna Macedo.

 

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A empresa que administra os condomínios é o vice-presidente dessa associação, que cobra uma taxa para isso também. Além do mais, os condôminos querem colocar internet e não podem colocar, só pode colocar internet da Raposo Fibra, que veja só quem é o proprietário da Raposo Fibra, o Grupo RZK, José Roberto Rezek. Então, é absurda a situação lá, absurda.

E a gente levou ao Ministério Público as empresas de segurança, de câmera, de zeladoria, todas vinculadas a esse esquema com esse Paulo Vítor e com o vice dele, que se chama Roberto, que é o cara da administradora de condomínios. E a CDHU disse: Não, eu sou um agente financeiro.

O empreendimento é da CDHU, a demanda foi a CDHU que mandou para lá, são as famílias cadastradas na CDHU e entregues à própria sorte, tendo que lidar. Inclusive, a empresa de segurança funciona como uma pequena milícia da associação, intimidando os moradores, intimidando empresas que vão lá para fazer o orçamento da internet e não podem, porque a internet é reservada para esse Grupo RZK.

Então, é um absurdo, absurdo, escandaloso, escandaloso que o presidente da CDHU, que eu não gosto nem de dizer o nome dele, tenho péssimas lembranças, mas é o Sr. “Iapequeno”, porque é pequeno na sua atitude em relação ao que ele tinha que fazer, defender o interesse público e, principalmente, uma moradia digna, é completamente omisso.

Então, já recorremos ao Ministério Público e esperamos que a gente possa rapidamente resolver essa situação, expulsando essa associação de fachada que só toma dinheiro do povo e retomando, de fato, uma política pública e que os moradores possam escolher o melhor caminho para viver lá e se organizar em seus condomínios.

É isso.

Muito obrigado, presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Antes de dar continuidade à lista dos oradores inscritos, eu quero anunciar a visita guiada... A visita guiada plenária aqui do JK, dos professores e alunos do Colégio Miguel de Cervantes. Sejam todos muito bem-vindos.

Próximo orador inscrito, Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Vamos passar agora à lista dos deputados inscritos na Lista Suplementar. Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Deputada Mônica Seixas do Movimento Pretas.

Tem, Vossa Excelência, o tempo regimental.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigada, presidente. Edna Macedo. Falávamos, o que eu quero trazer ao microfone também, da importância e da necessidade de mais mulheres na direção da Mesa Diretora dessa Casa, porque a gente contribui, mas no frigir dos ovos, os homens não nos chamam para as grandes negociatas e acordos de organização da Casa.

Mas, bom, o assunto que me traz aqui hoje, como sempre, é a crise climática, que atinge em cheio os nossos dias. Nós estamos entrando em um período do ano que antigamente, seguramente, era o período de estiagem, antigamente, porque agora nada é seguro enquanto a gente está tratando de clima.

Não tem mais verão e inverno definidos. Nesse período, é muito comum a falta d’água e a queda do nível das represas pelo estado afora. A gente vê municípios com dificuldades de abastecimento e periferias da capital com rodízios não muito transparentes.

É também nesse período do ano que a gente vê aumentar as queimadas. Ano passado, durante esse período, a partir de junho, julho, com o seu clímax em setembro, a gente teve mais de 1.000% de aumento de território queimado no estado de São Paulo. A gente chegou a seis mil quilômetros e àquele fatídico marco de vários dias seguidos respirando a pior qualidade do ar do mundo.

A época, ainda que tardia, depois de bater essa péssima qualidade do ar, o Governo do Estado baixou uma norma, por decreto, proibindo as queimadas no estado de São Paulo, com a validade de apenas 120 dias. Acontece que a gente já está começando o período de queimadas.

Neste final de semana, duas grandes queimadas, incêndios, foram registrados pelo interior de São Paulo: em Piracicaba, que atingiu um prédio de uma antiga universidade, e em Bauru, cenas enormes e assustadoras de pasto e de canavial pegando fogo.

Nesse sentido, a gente está protocolando um projeto de lei que proíbe, em definitivo, a queimada para despalha e para roça no estado de São Paulo. Quem é ambientalista sabe que o uso do fogo não é bom para a terra. Muito pelo contrário: ele empobrece a terra de nutrientes e desfavorece a agricultura.

O resultado da queimada é tornar, inevitavelmente, a terra em pasto. E nem só da criação de boi viverá o estado de São Paulo. Por isso, para a proteção da terra, da agricultura, da qual a gente se orgulha bastante, mas também da qualidade do ar, a gente quer proibir as queimadas. Está na hora de os canaviais usarem a tecnologia já disponível para abolir de vez a prática da queimada.

O segundo projeto tem a ver com a transparência do racionamento, porque não dá para mentir para as pessoas. Vai faltar água. E falta água na casa da dona de casa mais desfavorecida, aquela que vai ficar sem água para lavar louça, e lavar roupa, sem nenhuma previsão de quando volta ou de quando vai cortar.

Por isso, é preciso que as prefeituras tenham transparência: qual é o nível da represa? Qual é a projeção de abastecimento com as chuvas que nós temos previstas?

Quem são os maiores consumidores? E por que se opta por manter esses grandes consumidores, em vez das pessoas, que já são resoluções internacionais, das quais o Brasil é consignatário, de que pessoas e animais devem receber a água primeiro, com prioridade?

Então, tanto na transparência dos rodízios, quanto nos níveis da represa e na proibição da cana, a gente está tentando adiantar os problemas que certamente vão atingir as pessoas no estado, que vai ser fortemente atingido pela seca a partir de junho.

Outro tema, deputada Edna Macedo, sei da sua posição tanto quanto cristã, mas também como base do governo, é que na semana passada o governador, até com ares de culto, me pareceu bastante um rito religioso, fez o cerimonial de anúncio do “Superação”.

E tem a ver também bastante com o que a gente conhece no mundo evangélico como “Teoria da Prosperidade”. Mas o “Superação” não pode ficar no campo da fé. O “Superação” promete ser um programa de assistência social para o Governo do Estado chamar de seu, para remover pessoas da linha da pobreza.

Acontece que a gente vai ter que empurrar o “Superação” para a sua superação. Porque o resultado, seguinte do dia do anúncio do “Superação”, é de mais intervenções nas favelas e periferias. A gente acordou com dois grandes atos na cidade de São Paulo hoje, inclusive, com interdições de via na zona sul e no extremo da zona leste.

As pessoas estão denunciando que o processo que aconteceu na Favela do Moinho está se repetindo em outras comunidades. E que processo é esse? É empurrar as pessoas que estão nas favelas e periferias para a compra de apartamentos. Se elas pudessem comprar um apartamento do “Tenda”, elas não estariam morando em barracos de madeira.

Passar um trator sobre o barraco de madeira e falar: “Compre um apartamento se você quiser”. Isso não é acabar com a pobreza. É passar com um trator por áreas “periferizadas” e fingir que não tá vendo que existe pessoas em situação de pobreza. Então, para além do evento bonito, o “Superação” tem que se superar e ter uma ampla política de moradia.

É triste ver a CDHU, que a gente defendeu e defende tanto, que no passado foi tão importante para as pessoas em situação de vulnerabilidade no estado de São Paulo, se transformar num agenciador de dados. Está vendendo dados do povo preto, pobre, periférico para construtoras venderem quitinete a um valor exorbitante.

Essas pessoas voltarão às ruas em situação de muito mais precariedade, apesar do trator passar nas favelas e periferias. Então, pela superação do “Superação”, a gente vai ter que lutar muito no próximo período.

Obrigada, presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Nobre deputada, eu concordo em termos com a senhora, mas devo dizer para V. Exa. que quando as pessoas têm um incentivo, a fé é fundamental na vida da gente. Sem fé é impossível agradar a Deus. De mais a mais, eu devo confessar que a gente tem que ensinar as pessoas a pescar e não dar o peixe, por isso que nós temos hoje tantas pessoas, tantas vagas.

Muitas vagas não têm pessoas qualificadas, porque estão acostumadas a ter tudo nas mãos. Por isso que a fé, a gente estimula a pessoa, diz que ela é capaz, que ela tem condições, sim, de vencer. Não ficar na dependência de governo nenhum, nem presidente, nem governador, nem prefeito, nem deputado, porque ela é capaz.

Ela tem condições e a fé dá a ela essa condição dela acreditar que ela é capaz, por isso que eu gostaria, me perdoe, mas eu tinha que falar com a senhora.

 

 A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Claro, eu respeito muitíssimo a senhora, a sua história e a sua fé. Eu também tenho a minha e eu acho que a fé move montanhas. Mas nem só de esperança no futuro se faz um presente.

E o presente momento, até para as pessoas ocuparem os postos de trabalho, até para as pessoas terem condições de pagar o financiamento de um empreendimento imobiliário e não voltarem a morar na rua, é que a gente precisa assisti-las.

E assisti-las não é só dizer “tenha fé”, é avançar na oferta de vagas na escola pública, é avançar nas ofertas de vagas das escolas técnicas, é avançar na oferta de vaga nas universidades paulistas, que já foi um polo industrial e científico, e não é mais.

Então, os postos de trabalho desocupados partem também do desincentivo. E aí a gente não pode dizer só para as pessoas: “Tenham fé que o futuro virá”. Mas hoje o que a gente tem para você é um trator demolindo tudo que você construiu com o suor do seu esforço, porque favela também é esforço, favela também é o acúmulo do trabalho de muita gente.

Favela às vezes é tudo de dignidade que a pessoa conseguiu construir, passar por cima de um trator e dizer “tenha fé” não dá o presente, para a gente ter um futuro. Para ter esperança é também, como cristã, aprender a partilhar o pão.

Então, o “Superação” não pode substituir a subjetividade religiosa de ninguém, mas ele tem que ser um incentivo prático, político e econômico, para que as pessoas possam superar a pobreza.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Sra. Presidente, não havendo mais oradores inscritos, se a senhora não quiser uma tréplica, eu peço, então, o levantamento da presente sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - EDNA MACEDO - REPUBLICANOS - Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 29 minutos.

 

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