14 DE AGOSTO DE 2023

80ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: GILMACI SANTOS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - GILMACI SANTOS

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

6 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - CONTE LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

9 - CONTE LOPES

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

10 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS

Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão do dia 15/08, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.

        

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Gilmaci Santos.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente.

De imediato, quero iniciar nossos trabalhos aqui no Pequeno Expediente convidando para fazer uso da palavra o nobre deputado Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Reis.

 

O SR. REIS - PT - Presidente Gilmaci Santos, fico muito feliz de ser o primeiro, a grata satisfação que tenho de ser o primeiro a falar neste Pequeno Expediente sob a Presidência de Vossa Excelência. Estamos com saudades de Vossa Excelência. Faz tempo que V. Exa. não vem presidir o Pequeno e o Grande Expediente. Então, muito obrigado, seja bem-vindo. E eu fico muito contente de poder falar e depois ouvir os meus colegas. Quero cumprimentar os integrantes das Polícias Penal, Civil, Técnico-Científica e Militar.

Cumprimentar todos os funcionários desta Casa e todos aqueles e aquelas que nos acompanham pela Rede Alesp, viu, presidente? A Rede Alesp tem chegado sim a muitas residências e ela vai reprisando os nossos trabalhos aqui. Às vezes, a pessoa não pode assistir de manhã, assiste à noite; eu vejo também nas redes sociais. Eu vejo com bons olhos o trabalho que é realizado pela Rede Alesp.

Eu quero continuar, Sr. Presidente, sobre o secretário de Educação, Sr. Renato Feder. O Sr. Renato Feder continua fazendo negócios com o governo. Ele disse que os últimos negócios não foram feitos com a secretaria dele e sim com outras secretarias, inclusive com o Iamspe. E é interessante que ele negocia com ele mesmo e ele tem o papel de fiscalizar ele mesmo, fiscalizar o cumprimento do contrato.

Isso não é muito bom para o governo, porque dá discurso para a oposição. A oposição vai ficar aqui falando, falando. Eu acho que o governo poderia tomar uma atitude mais enérgica e cortar o mal pela raiz.

A Multilaser, do secretário do Tarcísio, está proibida de fazer negócio com o governo, por não entregar produto no prazo. Renato Feder, sócio da empresa, está por trás do plano de acabar com livros impressos nas escolas de São Paulo.

Imagine que o governo federal, através do Plano Nacional do Livro, colocou à disposição cerca de dez milhões de livros e o secretário recusou receber esses livros. Mais de 120 milhões em recursos que a Secretaria de Educação está abrindo mão por conta de interesses financeiros, econômicos, que tem o Sr. Renato Feder em fazer negócios com a sua empresa, a Multilaser.

A empresa Multilaser, da qual o secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, é sócio, enfrenta sérias consequências por ser proibida de assinar novos contratos com o Poder Público, segundo informam os jornalistas Gustavo Côrtes e Marcelo Godoy, no jornal “O Estado de S.Paulo”. A proibição ocorreu após a empresa não cumprir o prazo de entrega de notebooks comprados pela Universidade Federal do Paraná.

A Controladoria-Geral da União determinou a inclusão da empresa na lista de proibidos de contratar - aquela declaração de inidoneidade, empresa inidônea -, impondo a punição por 15 dias, a partir de 1 de agosto. A empresa afirmou que irá recorrer da decisão. A Multilaser havia firmado contratos com a Secretaria de Educação de São Paulo, da qual Renato Feder é o responsável.

A empresa estava encarregada de fornecer notebooks e tablets para instituições educacionais, incluindo a universidade federal. No entanto, a empresa não conseguiu cumprir os prazos - o que acontece aqui em São Paulo também, ela não está cumprindo os prazos com a Secretaria da Educação estipulados para a entrega dos equipamentos, resultando na punição da Controladoria-Geral da União, a CGU.

O secretário Renato Feder é sócio da Multilaser por meio da “offshore” Dragon Gem, que detém uma parcela de 28,16% da empresa e possui sede em Delaware, um estado americano conhecido por suas vantagens fiscais. Essa ligação com a empresa levantou suspeitas de conflito de interesse, levando a uma investigação por parte da Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo.

A secretaria comandada por Feder é responsável pela execução e fiscalização dos contratos entre o governo e a empresa da qual ele é sócio. A falta de entrega dos equipamentos dentro do prazo gerou controvérsias, especialmente porque a secretaria havia ignorado o cronograma escalonado de entrega estabelecido no contrato.

Especialistas em Direito Administrativo e público observaram que o caso apresenta indícios de conflito de interesse, levando à necessidade de investigação por parte do Ministério Público estadual e outros órgãos de controle. A ausência de punição à empresa pela secretaria, apesar da proibição pela CGU, levantou questionamentos sobre as ações de Renato Feder no cargo de secretário da Educação.

É Feder quem está por detrás do plano de acabar com os livros nas escolas do estado de São Paulo. Então, essa relação promíscua, Sr. Presidente, tem que ser, sim, denunciada, e nós estamos fazendo esse papel, enquanto o Governo não tomar as providências que precisam ser tomadas.

Muito obrigado.

 

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado. Tem a palavra o deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, público presente nas galerias, telespectadores da TV Alesp, funcionários desta Casa, eu aqui vou fazer considerações sobre o mesmo tema que o deputado Reis acaba de aqui registrar em excelente artigo, “Nossos Alunos Precisam de Livros”, publicado no “Estado de S.Paulo” de hoje.

Jaime Pinsky, doutor livre-docente da USP, professor-titular da Unicamp, autor, coautor e organizador de 20 livros, entre os quais “A História da Cidadania”, diz que nosso sistema educacional não tem oferecido muitos motivos de orgulho para os brasileiros.

Nossos resultados em rankings internacionais, a perda de qualidade, a pretexto da universalização, são fatos conhecidos. É necessário ainda registrar certo marasmo da máquina pública educacional, algo facilmente percebido por todos os que já tentaram colaborar no aperfeiçoamento do sistema educacional.

Tiveram que enfrentar marasmo, má vontade, burocracia sem fim, ideias novas, olhares diferentes, a cada dia a rotina parece ameaçada para muitos ocupantes de cargos de relevo dessa máquina emperrada.

Dogmas e acomodação se unem para manter o mesmo, por pior que pareça. No fim das contas, ficamos com a impressão de que no frenesi de apresentar novidades, haveria muitas para serem apresentadas. Com o objetivo de melhorar a educação em nosso Estado, o governo estadual está errando o alvo pelo simples motivo de desconhecer o assunto.

Na melhor das hipóteses, o governo fez um movimento só, mas está atacando em duas frentes: liquida com o livro impresso em papel e acaba com a possibilidade da escola do livro pelo professor. Por mais que tenha jeito de coisa moderninha, já há um consenso científico contrário à ideia de que o digital substitui o impresso em todas as situações e em todos os tipos de texto.

Nada contra o digital, desde que bem-utilizado. Eu mesmo tenho um aparelho que carrego com um bom número de livros e não deixo de levá-lo comigo quando viajo e não posso transportar todos os livros físicos que lerei durante o período em que estiver fora. Também leio mensagem no celular, embora me recuse a estabelecer relação de dependência com ele.

Mas sou um adulto, estamos falando de criança e adolescentes em fase de formação, e aí, prezado governador Tarcísio de Freitas, temos de ouvir quem sabe, não quem simplesmente quer inovar.

Uma das mais importantes e respeitadas especialistas, a americana Maryanne Wolf, em seu livro “O Cérebro no Mundo Digital” deixa isso bem claro, particularmente quando demonstra que a leitura em papel permite maior concentração e aproveitamento, menos interferência de fatores externos, e com isso provocam um desenvolvimento cerebral mais intenso, duradouro e consequente.

Se o objetivo dos educadores e administradores do setor de Educação for como deveria ser, a formação de gente qualificada capaz de pensar por si própria a partir de um repertório sólido de informações, o texto escrito impresso em papel é fundamental. Nada contra o uso de material digital mais tarde nada contra a utilização do material digital complementar, mas não como um material exclusivo, particularmente no período de formação. De resto, é uma falsa novidade.

Até quem fez isso algum tempo já voltou atrás. No entanto, a meu ver, este não é sequer o problema mais grave. O projeto apresentado pelo governo estadual vai na contramão do seu apregoado liberalismo, de sua suposta visão democrática.

Vai, inclusive, na contramão de algo que o governador Tarcísio de Freitas gosta de alardear, principalmente quando quer mostrar seu distanciamento com relação aos demais políticos à prioridade que dá competência.

O projeto prevê aplicação de um conceito perigoso onde há existência da verdade única, uma vez que sugere existir um grupo de sábios, donos da verdade, essa mesma com “V” maiúsculo, que produziria um assustador livro único que substituiria todos os livros escritos e publicados por todas as editoras especializadas existentes no Brasil. A propósito, não estou ligado a nenhuma editora de livros.

Assustador, sim, se o governo federal falar em livro único, os liberais protestarão. Livro único existiu na União Soviética stalinista. Era o que circulava na Alemanha nazista; livro único cheira à pregação ideológica. No sistema atual, o Ministério da Educação banca os livros escolhidos por cada professor, em cada escola de cada um dos estados do país, e esperamos que não mude de rumo.

É muito provável que o professor seja a pessoa mais indicada para escolher o livro mais adequado para seus alunos. Ele sabe os alunos que tem na classe, o potencial de cada um deles, o universo em que vivem, suas referências culturais. Ou devo entender que o Sr. Secretário da Educação, que teve suspenso o sucesso como empresário, sabe melhor...

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Para a conclusão, deputado.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Que o professor sabe qual livro deve utilizar com seus alunos.

Eu depois quero ainda voltar ao tema para mencionar o excelente editorial sobre o tema da revista “Isto É”, denominado: “A Insensata Marcha contra o Livro”.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado.

Passamos à Lista Suplementar, chamando o deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Reis.

Tem novamente V.Exa. agora tempo na Lista Suplementar, por até cinco minutos regimentais.

 

O SR. REIS - PT - Retornando a esta tribuna, Sr. Presidente, para falar que nesta terça-feira, 15 de agosto, a categoria metroviária de São Paulo tem greve marcada contra a proposta do governo Tarcísio de Freitas de privatização do Metrô, da CPTM e da Sabesp, serviços essenciais à população que, se forem entregues à iniciativa privada, irão encarecer o acesso.

Vamos entender o que está acontecendo ali na ViaMobilidade, a grande quantidade de problemas. Inclusive, nós fizemos diligência, fomos lá visitar a sede da ViaMobilidade, apurar por que tanto problema e que aquela população que usa a Linha Lilás, que usa a linha que vem lá do Autódromo tem sofrido tanto com essa privatização que aconteceu, que é chamada a ViaMobilidade.

Os metroviários, no entanto, desafiam o governador, dispostos a liberar todas as catracas como forma de não prejudicar os passageiros durante a paralisação. Uma assembleia da categoria está marcada para hoje, dia 14, à noirte, quando haverá a deliberação sobre a luta.

A proposta entreguista do governador Tarcísio é um desastre para a cidade de São Paulo. Vejam a experiência com a ViaMobilidade, que tem deixado os paulistanos na mão dia sim e o outro também. E não é só a quebra e atraso nas linhas administradas pela ViaMobilidade, temos de falar também em incidentes e acidentes que podem vir a machucar um número imprevisível de pessoas.

O processo em torno da Linha 4-Amarela, que liga as estações Luz e Vila Sônia, trouxe prejuízos a São Paulo, pois segundo os metroviários, a concessão ocorreu desde o início das obras, em 2004.

O contrato com o governo previa pagamento de indenização à empresa concessionária até que todas as linhas fossem finalizadas, pois havia o entendimento de que a empresa perdia passageiros com os atrasos na obra. Ocorre que a obra também era de responsabilidade da iniciativa privada, portanto, o governo pagou sozinho por responsabilidades que eram, também, da empresa.

Ainda segundo os metroviários, as demais concessões, como a da Linha 5, e de todas as obras de expansão do metrô que estão previstas, possuem cláusulas contratuais extremamente onerosas ao estado. Eles explicaram que o governo dá a concessão e garante reembolso sobre futuros prejuízos. São muitas benesses oferecidas para a iniciativa privada.

Para os trabalhadores dessa linha, a completa precarização. Nessas empresas, os salários são menores, tem muito assédio, não há garantia de nenhum direito, sequer o pagamento de hora extra. Isso é correto?

Há relatos de metroviários com jornadas de 12 horas, o que é um perigo para a operação de transporte de milhões de passageiros diariamente. E isso nós constatamos lá no Centro de Operação da CPTM; o Centro de Operação da CPTM está divido.

Parte dele foi entregue para a ViaMobilidade, porque a ViaMobilidade ganhou a privatização, ganhou o contrato, o certame, e ela ainda não tem um centro de operação, ela está terminando o seu centro de operação lá na região de Osasco.

E nós vimos que os trabalhadores da CPTM têm uma carga horária bem menor e os trabalhadores da ViaMobilidade estão expostos a períodos, a escalas de 12 horas de trabalho, que isso é muito perigoso, porque nós estamos falando de vidas, nós estamos falando de transporte de pessoas. Imagina aquele operador que está ali, oito, nove, dez horas, doze horas naquela escala fatídica...

Então, tudo isso é motivo desse movimento que os metroviários estão fazendo. Hoje, em assembleia, vão deliberar se vão parar amanhã. Eles aguardam que o governo Tarcísio possa, sim, negociar com eles e melhorar as condições de trabalho desses trabalhadores, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado. Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, novamente, pelo tempo, agora, na Lista Suplementar.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Na insensata marcha contra o livro, o editorial de “Istoé” coloca de maneira muito clara: “foi concebida dias atrás, uma das esdrúxulas ideias de que se tem notícia há muito tempo no plano da Educação no País.

Talvez por birra ideológica ou até, provavelmente, por interesses muito específicos de alguns dos proponentes desta bizarra alternativa, a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo resolveu simplesmente extinguir a distribuição de livros didáticos impressos, passando a adotar, em um lampejo de genialidade discutível, o ensino digital como fórmula básica e praticamente exclusiva de aprendizado para os seus alunos. Seria modelo incorporado à grade já no ano letivo de 2024, logo ali.

Na prática e no pano de fundo das movimentações que amparam esse desatino, está a decisão do governo paulista de não aderir ao Plano Nacional do Livro Didático do MEC, dispensando a entrega federal de nada menos que 10 milhões de exemplares fornecidos gratuitamente. Trata-se de uma aberração pedagógica em todos os sentidos. É um despropósito que amplia as desigualdades e atenta contra os direitos mais elementares dos estudantes.

Irresponsabilidade imperdoável seria a definição correta. Estabeleceram um sistema de ensino digital sem consultar o corpo docente e sem sequer considerar que não é feita uma transição didática dessa magnitude, do impresso ao digital, em um piscar de olhos.

Automaticamente, denota, no mínimo, falta de conhecimento da mecânica e da complexidade do setor. E a formação acadêmica, como fica? No todo, há uma precariedade de motivos por trás da escolha ao tomá-la de afogadilho.

O Estado deixou de considerar a necessária adaptação do material e até as revisões inevitáveis na forma do ensino, que seriam exigidas em situações assim. O movimento foi tão absurdo que desconsiderou o fato de muitos dos alunos, especialmente do sistema público, não possuírem nem mesmo computador para tal aprendizado.

O Estado iria disponibilizá-lo? Imagina, hoje não está conseguindo comprar e fornecer o mínimo previsto, que são os uniformes escolares, o material básico de uso - caderno, lápis, réguas. O que dizer, então, do computador? Salta aos olhos outro... Outra procedente questão: seria este o meio eficaz de ensino?

O exemplo deixado pela experiência vivida durante o isolamento da Covid fala por si. Milhares de alunos ficaram sem aprender nada, sem entender ou mesmo ter acesso ao conteúdo.

Um desastre cujas consequências ainda estão completamente dimensionadas e que representou anos de atrasos na formação dos estudantes. O governo alega que vai colocar mais computadores nas escolas. Resolverá em quê? A medida não contempla as necessidades básicas.

Como o coitado do aluno vai, por exemplo, fazer os estudos em casa, ao lado do familiar ou responsável que normalmente o auxilia na tarefa? Como aprender sem um livro?

E os impactos na saúde decorrentes de uma leitura sistêmica dos computadores, no caso de quem tiver a sorte de acesso? Diversos estudantes se queixaram de problemas de vista justamente depois que tiveram que fazer o aprendizado a distância durante a pandemia.

No Estado com o maior número de estudantes públicos e privados do País, certamente sendo milhares deles carentes, projeta-se um caos de proporções diluvianas diante da reação negativa com manifestações de instituições, livreiros.

O governador Tarcísio de Freitas voltou parcialmente atrás, alegando que será disponibilizada alternativa de imprimir o material, a um custo naturalmente bem maior, o que, de certo, não equivale a fornecer o livro.

Aulas apostiladas no lugar de obras completas repletas de recursos de aprendizagem é um contrassenso reducionista na base do ensino e que cai na prova. Para se ter uma dimensão desse disparate, escolas particulares de ponta usam os tais livros rejeitados que o governo do senador Tarcísio de Freitas dispensou sob alegação de que não eram adequados, tomando por base um caso internacional emblemático.

Mesmo a Suíça, que chegou a testar a tal transição para o digital - dentro de um planejamento muito mais detalhado, diga-se de passagem - resolveu voltar atrás e resgatar o uso dos livros. Os principais autores do País são unânimes em apontar...

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Deputado Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - ...riscos no aprendizado.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Deputado Suplicy, até para o senhor ter mais tranquilidade, nós encerraríamos agora o Pequeno Expediente e começaríamos o Grande, e Vossa Excelência é o primeiro inscrito no Grande Expediente.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Ah, sim.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - O senhor teria mais dez minutos para desenvolver o seu tema com tranquilidade. Pode ser?

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Com muito prazer.

 

 O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Então, só um minutinho. Neste momento, então, por não ter mais inscritos, nós encerramos o Pequeno Expediente e passamos ao Grande Expediente.

 

* * *

 

- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Convidando para fazer uso da palavra o deputado Eduardo Suplicy. Vossa Excelência tem o tempo que precisar, fique tranquilo. Vossa Excelência tem agora dez minutos regimentais, até dez minutos, para falar no Grande Expediente, deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Agradeço muito a sua gentileza, presidente Gilmaci Santos, porque primeiro vou concluir aqui o editorial que eu estava lendo.

Os principais autores do País são unânimes em apontar os riscos no aprendizado, temendo a queda na qualidade e compreensão do que é ali lançado. O secretário da Pasta, Renato Feder, que está à frente da pretendida mudança, figura como sócio, com quase um terço das ações na empresa de tecnologia Multilaser, e passou a ser investigado por conflito de interesse em contratos de fornecimento de notebooks, como o deputado Reis há pouco havia aqui expresso.

Complicado. Tudo conspira para impressão de estar em marcha um retrocesso educacional grave. O ensino sem papel, dada a realidade brasileira, equivale a uma negligência inconcebível junto a uma parcela considerável dos discentes. Mal comparando, para muitos é como ter um carro sem rodas.

Especialistas apontam que ferramentas de ensino analógicas e digitais são complementares, e ainda serão por muito tempo, e indissociáveis. Levantamentos apontam que o aprendizado via computador vem gerando, invariavelmente, maior dispersão, previsível pelo mar de opções que oferece.

O quanto antes o governo paulista deveria desistir dessa estultície, fruto de mente despreparada de quem acredita que slides em “PowerPoint”, como é em grande TV, podem substituir a inestimável contribuição do papel e da caneta na absorção do conhecimento e das aulas. Um mínimo de lucidez, por favor.

Eu, que complemento os meus estudos, formação, com uso do computador, jamais iria deixar de realizar as leituras dos livros mais importantes em cada um dos temas que nós nos sentimos obrigados a estudar e a ler para nossa formação.

Gostaria aqui de ler uma carta que a professora Lena Lavinas me encaminhou a respeito dos acontecimentos que estão acontecendo no Equador. “Querido Eduardo, muito grata por seu telefonema e por expressar neste momento de barbárie e ameaça seu compromisso com os direitos humanos e a democracia também, junto ao povo do Equador. Muito me emociona.

Como sabe, teremos eleições em breve no Equador. Mais uma vez, serão essas eleições difíceis, em que a questão do respeito aos direitos humanos, à dignidade humana e à defesa do meio ambiente, reconhecendo a emergência climática, está em jogo.

Se considerarmos os anos de gestão correísta e pós-correísta que antecedem este pleito, nesses anos os movimentos indígenas e populares, em particular aqueles de resistência ambiental, defesa da natureza e do direito dos trabalhadores, das mulheres e das minorias, foram duramente reprimidos e criminalizados.

Foi também enterrado o compromisso constitucional de busca de um novo modelo de sociedade, igualitário e respeitoso, do Planeta e de seus limites. A pobreza e a violência urbana crescem. Por essa razão, um grupo de acadêmicos, parlamentares e ativistas no Brasil e, também, no exterior criamos o Comitê Internacional de Apoio à Coalizão “Claro que se puede”, cujos candidatos são o líder quéchua, defensor da água, Yaku Pérez - ver “short bill” anexada -, e acadêmica Nory Pineda.

O manifesto que justifica nosso apoio a essa chapa está anexado a este e-mail, juntamente com a proposta inicial do programa de governo dessa frente ampla.

Destacamos a importância de apoiar uma alternativa emergente que oferece um caminho de combate à extrema direita e ao neoliberalismo, que não cedem ao populismo progressista.

Diante da emergência climática, existe uma alternativa comprometida com novos marcos de vida coletiva solidária e consciente dos desafios que a transição ecológica impõe.

O que se passa no Equador nos diz respeito, apoiar a chapa Yaku e Nory é crucial, porque abrem novos horizontes políticos, culturais e morais. A sua vitória trará repercussões na construção e consolidação de novas esquerdas radicalmente democráticas em todo o mundo.

Agradecemos a sua leitura, e caso nos honre com seu apoio, pedimos-lhe que nos comunique respondendo a este e-mail. Em solidariedade, Lena Lavinas.”

E, eu quero aqui dizer que apoio, e não apenas apoio, mas lerei este manifesto do Comitê Internacional de Apoio à Frente Ampla “Claro que se Puede” no Equador, de Yaku Pérez Guartambel e Nory Pinela, candidatos à presidência e vice-presidência.

“No próximo 20 de agosto, o povo equatoriano irá às urnas para eleger seu presidente e renovar a Assembleia Nacional, formada por 137 representantes. Tais eleições foram convocadas em caráter excepcional, após a dissolução da atual Assembleia pelo presidente Guillermo Lasso. Dentre as oito candidaturas em disputa, manifestamos o nosso apoio e solidariedade à Frente Ampla de Esquerda “Claro que se Puede”.

    Ela é formada pelos partidos Unidad Popular, Partido Socialista Ecuatoriano, Democracia Sí, Partido Indígena Pachakutik e pelo Movimiento Somos Agua. Eles se reuniram em torno do nome de um líder indígena kichwa, Yaku Pérez, e da vice-reitora da Universidad Ecotec, Nory Pinela, para romper com a cultura extrativista e expropriatória prevalecente, que inibe processos democráticos e inclusivos mais profundos e imobiliza as forças progressistas em busca de um novo contrato socioambiental, assentado na justiça e na reconstrução da esfera pública e dos comuns.

Yaku Pérez tem liderado uma oposição democrática e consciente dos desafios urgentes colocados pela emergência climática, potencializando a efetiva participação das comunidades indígenas e das camadas populares no processo político e decisório daquele país, com impactos em toda a região.

Em 2019, foi eleito governador da provincial de Azuay, quando realizou, com imenso apoio popular, um referendo histórico que levou à “desprivatização” da água. Em 2021, nas últimas eleições presidenciais, Yaku Pérez, então candidato do Partido Pachakutik, perdeu a chance de ir para o segundo turno contra o candidato correísta em um pleito altamente contestado. Foi inicialmente reconhecido como estando no segundo turno e, posteriormente, colocado fora do páreo.

Ainda assim, sua liderança levou a que pela primeira vez na história do país fossem eleitos 27 membros indígenas ao Congresso. Apoiamos Yaku no processo eleitoral de 2023, para tornar esse bravo defensor da água e da natureza o primeiro presidente indígena do Equador, porque ele expressa a possibilidade de uma transição real para um modelo de sociedade assentado na ideia da interdependência entre os seres humanos e a natureza.

Sua candidatura integra distintas temporalidades, contemplando a dimensão ancestral e a contemporaneidade das lutas em favor de todas as formas de cidadania. Sua candidatura defende um modelo de democracia participativa em que mecanismos de consulta serão implementados e respeitados, a exemplo do seu engajamento irrestrito em favor do referendo acerca da exploração de petróleo no território Yasuni, cujo voto terá lugar, em simultâneo, à eleição presidencial e legislativa de agosto.

Sua candidatura representa, portanto, uma ruptura na velha política oligárquica latino-americana, porque promove a pluralidade verdadeira, trazendo populações que foram tradicionalmente marginalizadas, e que reivindicam participar da construção da comunidade política equatoriana, em igualdade de condições, voz e voto.

Assim, Sr. Presidente, eu venho adicionar minha assinatura a este manifesto de apoio aos candidatos Yaku Pérez e Nory Pinela nas eleições à presidência da República do Equador em 2023, ao lado de centenas de outras personalidades que já assinaram esse manifesto.

Muito obrigado, presidente Gilmaci.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado. Com a palavra, deputado Marcos Damasio. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputada Ana Perugini. (Pausa.) Deputado Leonardo Siqueira. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.)

Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Reis.

 

O SR. REIS - PT - Sr. Presidente, volto a este Grande Expediente para falar, porque é muito importante falar. Cumprimentar o comandante e deputado capitão Conte Lopes. Cumprimentar novamente o Suplicy.

Eu quero falar um pouco sobre a Polícia Civil, Sr. Presidente. O secretário Derrite, recentemente, ele fez uma resolução para tratar da política de prevenção ao adoecimento policial. Só que ele só considerou a Polícia Militar. Ele deixou de lado a Polícia Civil.

Isso já gera manifestação de protesto nas entidades de classe, porque o número de suicídios na Polícia Civil é pandêmico. É mais de 30 por 100 mil a proporção. Isso já foi objeto de debates. Eu quero trazer esse debate, através da Frente Parlamentar em Defesa da Polícia Civil. Mas eu gostaria de pedir ao governo, na pessoa do secretário de Segurança Pública, que desse tratamento isonômico para as polícias. Não dá para tratar uma de um jeito, e a outra do outro.

Eu já disse, em vários momentos, que hoje nós não temos uma Secretaria da Segurança Pública. E sim, uma Secretaria da Polícia Militar. Todas as políticas que são pensadas não são estendidas à Polícia Civil na mesma lógica. Isso se dá com essa resolução. Se dá também com a distribuição dos recursos, de 2,6 bi, que foi dado para a questão do aumento, do reajuste esse ano, que também a gente percebe, nas entrelinhas, a diferenciação.

O investigador de Polícia de classe especial teve cerca de 15% de aumento. O de primeira classe, 16 por cento. O de segunda classe, 20 por cento. E o de terceira classe, 24 por cento. Já houve uma diferenciação muito forte, não prestigiando aqueles que estão na última classe da sua carreira, e principalmente os aposentados, porque quando eu dou um aumento menor para a classe especial, para a primeira classe, eu também estou atingindo fortemente os aposentados, que é onde está a maioria dos policiais.

Como é o caso do terceiro sargento, que teve um reajuste menor, e do segundo tenente. Porque também são nessas duas graduações da Polícia Militar, onde está o maior número de aposentados. Então, a gente precisa cobrar que o estado olhe mais para a Polícia Civil também. A Polícia Militar tem o posto imediato.

Estou tentando aprovar um projeto, é minha prioridade aprovar um projeto, aqui nesta Casa - que está na lista, inclusive, os deputados e vários partidos precisam dar um ok -, que trata do policial civil poder se aposentar na classe em que ele estiver, porque o entendimento que o João Agripino Doria teve - quando mandou a reforma para esta Casa - é de que o policial tem que ter cinco anos na classe, no nível ou no cargo. Sendo que a Emenda Constitucional no 103 tratou de cargo.

Então, o policial civil estando cinco anos no cargo, ele se aposenta naquele cargo. Só que o Doria acrescentou: classe ou nível. Ou seja, se ele estiver quatro anos e nove meses na primeira classe, ao pedir a sua aposentadoria, ele volta para a segunda classe, o que é uma situação complicada. É muito desonesto o que o Doria fez, esse tratamento que foi dado.

Nós estamos propondo, pelo menos, corrigir isso. O ideal era que pudéssemos ter a classe imediata, mas todos os governos, eles até gostam bastante da polícia, mas não muito da Polícia Civil, porque quando se fala em estender essa lógica ao policial civil - para que pudesse, também, se aposentar na classe imediata - a gente não vê o governo aceitar isso muito bem.

Então, o ideal era o policial civil, ao chegar à primeira classe, pedir a sua aposentadoria e se aposentar na classe especial. Se ele estiver na classe especial, que ele possa ter um acréscimo no seu salário, proporcional à diferenciação da primeira classe para a classe especial. Então, se é 7%, que ele pudesse se aposentar com mais 7%, para que isso fosse considerado posto imediato.

E, obviamente, tem partidos pondo óbice nessa questão, de que pelo menos seja na própria classe, na classe que o policial estiver. Eu estou discutindo com as lideranças partidárias, porque é uma prioridade do nosso mandato e uma prioridade daqueles partidos que se dizem defensores da polícia. Se defende a polícia, como é que vão se posicionar contra? Eu acho que isso não é muito interessante.

Então, o que nós queremos é que, nesse primeiro momento, esse PL 61 seja aprovado dentro daquela quota, porque nós vamos ter, esse ano, talvez, um ou dois projetos, no máximo, aprovados para cada deputado.

Aquela experiência, que eu tenho na Câmara Municipal, de todo mês aprovar projetos, não se repete aqui. Nós gostaríamos de que esta Assembleia pudesse aprovar mais propositura dos senhores deputados.

E, obviamente, se o governo acaba vetando os projetos dos deputados... Mas tem que entender, que a última palavra é a dos deputados. A última palavra é do povo, não é do governo.

Então, mesmo os vetos podem ser derrubados, mas é claro, tem que haver a vontade política, tem que haver, realmente, a visão de que isso seja uma política adequada e interessante, uma política que dê resposta para essa categoria que está abandonada. Nós estamos com 16.000 vagas na Polícia Civil.

Outro dia, eu fui à Academia e estava sendo feita prova oral de um concurso anterior, um concurso que foi feito lá atrás, na gestão dos governos anteriores, concurso que já deve ter mais de dois anos que foi colocado o edital na praça.

E, agora, estavam fazendo a prova oral, ou seja, esses policiais, esses candidatos a policias, que se inscreveram nesse período lá atrás, no governo anterior, ainda não foram nomeados, não há posse deles. E depois que eles forem nomeados e empossados, eles têm que frequentar o curso de formação.

Então, nós temos cerca de 100 policiais pedindo aposentadoria por mês. E o governo Tarcísio, até uns dias atrás falava: “Não, mas foi o governo anterior”.

Mas já são oito meses: oito meses de inércia, oito meses sem agilizar os procedimentos e oito meses em que, até então, não existe nenhum edital para novos concursos. Você pega aquele jornal do concurso, eles mandam ali nas redes sociais deles toda semana: “Olha, concurso da Polícia Civil em breve, 3.500 vagas”, mas o governo vai deixar para o último dia do ano?

É muito ruim, porque cada vez mais nós estamos tendo um efetivo menor, o efetivo da Polícia Civil está sendo reduzido mês a mês, não há a reposição imediata, mesmo quanto ao concurso anterior, ainda não se tomou nenhuma providência, não se nomeou, não se deu posse, não se deu início ao curso de formação.

Tudo isso causa um atraso na contratação desses novos policiais, e a sociedade fica bastante prejudicada, porque as investigações ficam prejudicadas. Como que vai se fazer investigações sem o devido efetivo?

Então, é pedir para o governador Tarcísio ter um lugar melhor para a Polícia Civil. “Ah, eu gosto muito da Polícia Militar” - ótimo! Parabéns! Mas que ele possa gostar também da Polícia Civil, possa realmente repor o efetivo e tratar dessas questões simples: questão da promoção, do posto imediato, da valorização do policial civil.

É preciso valorizar toda a polícia. Nós temos a questão da Polícia Penal, que está em andamento ainda, e amanhã, dia 15, é o prazo que o governo tem para entregar, para mandar para esta Casa a lei orgânica da Polícia Penal.

Então, nós também estamos aguardando que isso possa acontecer, e que o governo, que é muito identificado com as polícias porque os policiais votaram para ele, fizeram a campanha para ele...

Eu ia pedir voto para eles e eles falavam: “Não, aqui nós estamos fechados com o Tarcísio”, mas é importante que o Tarcísio também feche com eles - e feche com eles não dando atenção só para o primo rico, vamos cuidar também do primo pobre.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. GILMACI SANTOS - REPULICANOS - Obrigado, deputado. Tem a palavra o deputado Donato. (Pausa.)  Deputado Vitão do Cachorrão. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputada Marta Costa. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson. (Pausa.) Deputado Tenente Coimbra. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputada Thainara Faria. (Pausa.) Deputada Fabiana Barroso. (Pausa.) Deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nobre deputado Reis, acompanhava a colocação do nobre deputado Reis, do PT, sobre o problema das polícias e acredito que o governador Tarcísio de Freitas fez uma coisa que nenhum governador fez: colocou a polícia sob comando da polícia.

Semana passada mesmo, eu estive no 3º Batalhão de Choque, Batalhão de Humaitá, que aniversariava, e lá estava o comandante geral da Polícia Militar, um homem bastante experiente, que é o coronel Cássio; e estava o Dr. Artur, delegado-geral que foi prestigiado, foi homenageado, e eu vejo que a polícia estava trabalhando unida.

Eu acho que essa união só ocorreu, no meu tempo de polícia, na época do Erasmo Dias, que conseguia colocar Rota junto com Garra - uma viatura da Rota e uma da Garra trabalhando juntas em policiamento.

Agora a gente vê essa união das duas polícias, e eu gostei mesmo, mas o governador Tarcísio está lá há sete meses, como falou o próprio deputado Reis, então tem que se modificar muitas coisas. Agora, eu acho que a polícia está unida, está trabalhando, está combatendo o crime dentro das suas possibilidades.

Veja o trabalho que está sendo feito na Baixada, que há muito tempo está sob domínio de bandidos. Eu mesmo cobrei aqui várias vezes, cobrei ao governador a morte de policiais veteranos aposentados no litoral, que os bandidos estão matando policial por matar, e a polícia está agindo.

Agora, eu também acho que muitas coisas poderiam se mudar na polícia. Então, lanço um desafio aqui ao deputado Reis, ao presidente Lula, que até outro dia, na semana passada, estava falando no combate ao crime, criticando a morte de uma criança no Rio de Janeiro.

O que morre de criança com bala perdida é uma brincadeira, né. Toda hora tem criança morrendo lá com bala perdida; parece que acerta mais as crianças do que o bandido ou a polícia.

E o Lula estava criticando. E falando que tem que se combater o crime organizado. Então, veja: o próprio Lula está falando isso, que é necessário combater o crime organizado.

Agora, deputado Reis, V. Exa. que é especialista em Segurança Pública, um dos porta-vozes do Partido dos Trabalhadores, ora, tem uma definição boa para isso aí: unificar as polícias, deputado Reis. Vossa Excelência que já foi policial militar e hoje é policial civil. Vamos unificar as polícias.

Se eu falar isso aqui, tem coronel que não vai gostar. “Pelo amor de Deus, como é que eu vou fazer agora?”. Não. Eu acho que para o povo seria melhor. Opinião sincera minha, como eu sempre falei. Porque o que acontece? A polícia tem que servir ao cidadão; não é servir a mim, que sou policial militar, nem ao policial civil. Tem que servir ao cidadão. E o que acontece, muitas vezes? O cara para uma viatura da Polícia Militar. “Vai lá na delegacia”. Ele vai à delegacia, os caras da delegacia falam: “liga 190”.

Então, se talvez nós tivéssemos uma polícia única, muitas dessas coisas não aconteceriam, e teríamos um apoio muito maior entre as próprias polícias. Talvez o resto não queira isso; talvez os poderes não queiram uma polícia forte, uma polícia única, um ramo à paisana e um ramo fardado, uniformizado, como acontece nos Estados Unidos, em outros locais.

E eu sou favorável, para poder combater, inclusive, aquilo que o presidente da República, Lula, falava: o crime organizado. Se nós não estamos unidos - civis e militares - que dirá o resto?

Então, pelo menos isso o governador Tarcísio está tentando, através do secretário Derrite: unir as polícias. Mas olha, é algo de se mudar lá em Brasília. Quem é contra isso? Por que não tem uma polícia só de São Paulo? Por quê? Aí vai ter igualdade para todo mundo, porque às vezes o PM também reclama do civil; o civil reclama... Isso aí é natural.

Agora, se fosse uma polícia única, obviamente, e trabalhando unificada, contra o crime... Contra o crime, com todas as vantagens e garantias dos policiais civis e militares. A Polícia do Estado de São Paulo.

Nós teríamos a Polícia do Estado de São Paulo. Está aí uma ideia. E nada melhor do que o governo federal fazer isso lá, o Partido dos Trabalhadores, que está criando até uma Guarda Nacional. Por que não se cria, então, uma polícia única nos estados? Vai ser muito mais forte. Talvez os políticos tenham medo disso, deputado Reis. A partir daí, a união é maior.

A gente sabe muito bem que quando a gente tem um delegado que é amigo da gente, você vai à delegacia conversar com o delegado, o seu trabalho é muito melhor. Como o delegado também, quando tem um comando de companhia que o apoia, ele precisa de um apoio, é muito maior; não tem essa divisão: “eu sou civil, eu sou militar”. Não. Já pensou uma polícia única em São Paulo, para combater o crime organizado e dar Segurança à população?

É o que eu falo aqui várias vezes: não é problema de ser de direita, de esquerda; o crime é um só. Bandido é bandido; bandido não respeita ninguém. Se ele for assaltar o deputado Reis, ele mata o deputado Reis, como mata a mim também. Não é porque o deputado Reis é do PT ou eu sou do PL. Para ele, assalto é assalto, e acabou. Tanto é que veja bem o que aconteceu na Bahia: a polícia da Bahia entrou em entrevero com bandidos lá, e morreu mais bandido lá do que aqui no Guarujá. E o governador é do Partido dos Trabalhadores. Porque o policial não tem esse lado.

Ora, quem decide se vai haver tiroteio ou não é o bandido. Se ele se entrega, obviamente ele vai ser preso. Hoje em dia, tem câmeras em todo lugar; o próprio policial, em São Paulo, tem uma câmera no peito.

Então, para ele, não interessa fazer justiça com as próprias mãos e ir parar na cadeia, largar a família aí a ver navios, como acontece com muita gente. Porque ninguém protege o policial. Numa ocorrência, em dúvida, ele se ferra de cara; ele é o primeiro a ser prejudicado. Ele vai parar no Romão Gomes. Ele já é recolhido...

O bandido não é recolhido; pelo contrário, às vezes alguns saem até do Supremo, né. Os maiores traficantes do Brasil, num belo sábado à tarde, alguém entra com habeas corpus, e um ministro que estava de plantão solta o Artur do Rap. E vai embora. “Ah, não sabia que era ele”.

E manda uma ordem: “prenda de novo”, como se fosse fácil prender, não é? Às vezes, a Polícia Civil ou a Militar fica anos e anos para por a mão no cara e quando leva lá, solta o cara.

Então fica aí uma ideia. Talvez uma polícia única resolvesse muitos problemas, eu acho que sim. Primeiro que eu sempre tive amigo na Polícia Civil, na Civil, na Guarda Municipal. Meu inimigo é bandido, não gosto de bandido, não gosto de bandido, criminoso eu não gosto. Minha briga não é com a esquerda, com a direita, com o centro, eu sou contra bandido, meu princípio maior foi esse aí.

Eu acho que... Até o presidente Lula está falando isso, tem que se combater o crime organizado, não matar criancinha no morro, eu também acho. Também acho. Bom, Rio de Janeiro, então tem que ter um tiroteio no Rio de Janeiro, tudo, criança de três anos, quatro anos, cinco anos. Ninguém quer isso aí, nem nós, é evidente. Graças a Deus isso não acontece aqui em São Paulo.

Mas sou favorável de uma polícia forte e atuante, como aconteceu na Bahia. Lá é problema de direitos humanos, de direita, de esquerda. Enfrentaram os policiais, os bandidos estão em todo o Nordeste, estão em todo lugar. O crime organizado está entrando em todo lugar com a força total, eles andam de fuzis, que nós não temos, a polícia muitas vezes não tem, a maior parte não tem e eles estão com o fuzil na mão desfilando, fazendo e acontecendo.

Então fica aí uma ideia. Quem sabe, partindo lá de Brasília? É o Art. nº 144, nos estados, haverá uma polícia, pronto. Vai ter o ramo civil e o ramo uniformizado, não tem problema. No meu modo de ver, é a melhor coisa que pode ser, porque quando você chegar numa delegacia, o delegado é teu amigo e vice-versa.

Quando o delegado ou investigador ligar para o 190, vão chegar os policiais amigos deles também. É o mesmo time, não é “eu sou melhor que aquele lá, eu sou pior que aquele lá”, lógico que não, eu acho que o inimigo é o bandido e a polícia deve trabalhar unificada.

Então, nesse aspecto, meus parabéns ao governador Tarcísio de Freitas que, pelo menos, está tentando unir. Há dificuldade, até no aumento teve, nós brigamos aqui e tentamos acertar.

E virão outros aumentos, porque a gente acredita que um estado que tenha Segurança, melhora economicamente, está aí um exemplo do “tolerância zero” em Nova Iorque, lógico que melhora.

O cara vai ao cinema, o cara vai ao teatro, o cara vai ao futebol. Nem no futebol a gente pode ir porque não tem segurança. E o que faz o Ministério Público? Impede de ter os dois torcedores, vai uma torcida só, do que adianta isso aí? A briga continua a mesma coisa. Então, não, precisa de ter Segurança para o povo, para melhorar o turismo, o cara sair para passear, para namorar, para ir para... Brasileiro não pode ir para a praia.

O grande Guarujá como é que ficou? Guarujá de Silvio Santos, de Pelé, de Hebe, dos ricos e dos milionários, todos tinham casa no Guarujá. Hoje, o cara é assaltado na lombada, toma tiro na lombada, parou na lombada e os caras te assaltam.

Cadê o Guarujá? Tão vendendo tudo porque ninguém tem coragem de ir. Então, fica aí a nossa colocação. Somos favoráveis, sim, à uma polícia cada vez mais forte, atuante e à valorização do policial.

Obrigado, Sr. Presidente, obrigado.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela ordem, deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Havendo acordo entre todas as lideranças aqui em plenário, deputado Reis e eu, solicito o levantamento da sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - É regimental. Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 3 minutos.

 

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