20 DE AGOSTO DE 2024
107ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: EDUARDO SUPLICY, ALTAIR MORAES e ANDRÉ DO PRADO
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h10min.
2 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Tece comentários acerca do Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, comemorado em 19/08. Destaca os 20 anos de impunidade do Massacre da Sé.
4 - DR. JORGE DO CARMO
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - ALTAIR MORAES
Assume a Presidência. Convoca sessão extraordinária a realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos ou dez minutos após o término desta sessão.
6 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
GRANDE EXPEDIENTE
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Solicita a suspensão da sessão até as 16 horas e 30 minutos, por acordo de lideranças.
9 - PRESIDENTE ALTAIR MORAES
Defere o pedido e suspende a sessão às 14h48min.
ORDEM DO DIA
10 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Assume a Presidência e reabre a sessão às 16h31min. Coloca em votação e declara aprovados, separadamente, o PDL 34/24 e o PDL 35/24.
11 - DELEGADO OLIM
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
12 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 21/08, à hora regimental, com Ordem do Dia. Lembra sessão extraordinária a ser realizada hoje, às 16 horas e 42 minutos. Levanta a sessão às 16h32min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Eduardo Suplicy.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
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* *
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT
- Presente o número regimental de Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos
trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e
recebe o expediente. No Pequeno Expediente deste dia 20 de agosto, tem a
palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Simão
Pedro. (Pausa.) Deputado André Bueno. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) Deputado
Danilo Campetti. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputada Leci
Brandão. (Pausa.) Tem a palavra pelo tempo regimental o deputado Reis.
O
SR. REIS - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Cumprimentar o presidente, deputado Eduardo Matarazzo
Suplicy. Cumprimentar o público presente, os integrantes da Polícia Civil, da Polícia
Penal, da Polícia Militar, da Polícia Técnico-Científica. Cumprimentar todos os
funcionários da Assembleia Legislativa e todos aqueles e aquelas que nos
acompanham pelas redes sociais ou pela Rede Alesp.
Presidente, eu
quero deixar registrado, na data de hoje, a continuidade de um trabalho que, desde
que chegamos aqui, nós começamos a demonstrar para o governo a questão das
aposentadorias dos servidores públicos, que na Lei nº 1.354, no seu Art. 12,
parágrafo segundo, trouxe ali a existência de classe e nível. Quando a Emenda Constitucional
103, e as pessoas que me ouvem, que estão em suas casas, já estão até decorando
isso... A Emenda Constitucional 103 falou de cargo.
O que foi a Emenda
Constitucional 103? Foi a emenda que trouxe a reforma da previdência. Então, em
um dado momento, o governo federal resolveu fazer uma reforma na previdência
dos servidores públicos e a emenda 103 trouxe as regras, a aquisição de
aposentadoria, como se consegue aposentadoria, os critérios, requisitos. E os
estados, obviamente, tiveram que fazer as suas emendas e a sua legislação para
se adequarem a essa reforma, que foi feita na União, que foi feita em Brasília.
Só que o
governo de São Paulo legislou para mais, para além do que a Constituição
Federal estabeleceu. Nós aprovamos aqui o PLC 61 para corrigir essa distorção. O
governador, na condição de “vetador-geral” do Estado, aplicou o seu poder de
veto. A Assembleia Legislativa simplesmente se curva ao imperador e, por ela se
curvar ao imperador, ela não derruba o veto. O governador manda e a maioria dos
deputados governistas obedecem, porque eles poderiam, sim, derrubar esse veto.
Mas nós não
paramos no PLC 61: nós fomos ao Ministério Público do Estado de São Paulo, convencemos
o procurador-geral de Justiça a fazer um parecer e a representar na
Procuradoria-Geral da República. E, depois, nós convencemos a deputada federal
Gleisi Hoffmann a entrar com uma Adin, através do Partido dos Trabalhadores, a Adin
7676, de 2024.
Semana passada,
nós fomos até Brasília. Procuramos lá o ministro do Supremo Tribunal Federal,
Flávio Dino, e também procuramos o procurador-geral da República. Fomos lá na
PGR. Nós constatamos que aquela representação deveria ser aditada, porque se
atacou a Lei nº 1.354, mas a Constituição do Estado recebeu a emenda 49 e a
emenda 49 também prevê esse cargo classe ou nível. Então, também, se nós
tirássemos só da Lei nº 1.354, a Constituição do Estado continuaria validando
essa norma inconstitucional. Isso foi objeto de uma nova representação nossa ao
Partido dos Trabalhadores e a Gleisi Hoffmann, a deputada federal Gleisi
Hoffmann, presidenta do Partido dos Trabalhadores, determinou ao jurídico que
fizesse um aditamento. E esse aditamento, presidente Suplicy, já foi
protocolado no Supremo Tribunal Federal e já está nos autos. Já está nos autos.
O aditamento é
justamente esse, incluindo nessa Adin também a Emenda Constitucional nº 49,
para que a Emenda Constitucional nº 49 também seja invalidada, porque foi assim
o parecer da AGU. Nós também tivemos acesso ao parecer da Advocacia-Geral da
União, em que ele falou da lei, mas falou que teria que atacar também a Emenda
Constitucional nº 49, para que ela não produzisse os seus resultados.
Então, nós
estamos esperando ansiosos para que o Supremo, agora, assim que for feito esse
aditamento e que ele receba da PGR o parecer da PGR, que ele possa julgar e
declarar a inconstitucionalidade da Emenda nº 49 e também da Lei nº 1.354, no
Art. 12, § 2º, excluindo da lei classe ou nível e garantindo que todos os
servidores públicos... Porque não são só os policiais.
Nós, depois,
fomos fazer uma investigação mais aprofundada e descobrimos também que
professores, médicos, que todos os que têm classe, que têm nível na sua
carreira, são vítimas dessa famigerada inconstitucionalidade que foi promovida,
na época, pelo João Agripino Doria. A gente precisa lutar contra isso e o
governador de plantão não teve coragem de mandar um projeto para fazer a
correção. O governador de plantão, o governador Tarcísio convive com a norma
ilegal.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Havendo a
necessidade de o deputado Reis se ausentar, então o próximo orador agora é o
deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Em seguida, serei eu, Eduardo Suplicy.
Então, se me permitem os deputados presentes, eu falarei aqui da Presidência o
que eu falaria ali, no Pequeno Expediente.
Ontem foi o Dia Latino-Americano de
Luta da População em Situação de Rua. A Regina Maria Manoel, falecida há poucos
dias, costumava dizer: “não nos olhem como se fôssemos do outro mundo, porque
não somos, não. Somos frutos dessa sociedade, dessa sociedade injusta que gera
uma população que não tem casa, que não tem moradia e trabalho”.
Em 19 de agosto de 2004, 20 anos atrás,
foi iniciado o Massacre da Sé, um episódio de violência extrema contra pessoas
em situação de rua que dormiam na Praça da Sé, em São Paulo, que levou à morte
sete pessoas em situação de rua e feriu mais oito. Todas as vítimas continuam
sem justiça até hoje, assim como tantas outras que vivem em situação de rua
hoje, no Brasil e pelo mundo. Mas a memória não foi e não será esquecida.
Transformando luto em luta, a população
em situação de rua juntou forças para se organizar e lutar pela garantia de
seus direitos, se organizou em movimentos sociais, uniu forças com a América Latina.
O dia de hoje é marcado como o Dia Latino-Americano de Luta da População em
Situação de Rua - foi ontem, não é?
A luta é necessária, porque as
violações de direitos persistem. Hoje, as pessoas que estão nas ruas são
expulsas dos poucos lugares que têm para ficar, são criminalizadas, sofrem
agressões e têm seus pertences retirados em ações de zeladoria urbana. Os
centros de acolhida continuam indignos; os banheiros, as lavanderias e
bebedouros públicos são insuficientes e vêm sendo fechados; ameaçam multar quem
doa marmitas.
Quais alternativas de superação da
situação de rua são criadas neste dia? Marcando 20 anos de impunidade do
Massacre da Sé, exigimos do Poder Público. Quem assina isso é o Fórum da Cidade
de São Paulo em Defesa da População em Situação de Rua. Quais alternativas de
superação da situação de rua são criadas?
Primeira, a apuração dos culpados pelo
Massacre da Sé e a sua responsabilização; segunda, a reconstrução do monumento
de memória do Massacre da Sé; terceira, a efetivação prioritária e ampla de
políticas de moradia; quarta, o fim da retirada de pertence pela zeladoria
urbana; quinta, a criação de um centro de defesa da população em situação de
rua na cidade; sexta, qualificação das estruturas dos centros de acolhida;
sétima, a implantação do “Plano Ruas Visíveis” em São Paulo;
Oitava, o desenvolvimento de política
de promoção de trabalho e renda; nona, prioridade e aprimoramento de espaço de
participação, como o Comitê Pop Rua; décima, qualificação das políticas
públicas existentes para o tratamento adequado de pessoas em situação de rua
com vulnerabilidades sobrepostas, como mulheres, pessoas LGBTQIA+, pessoas com
deficiência, crianças, adolescentes e outros. Décima primeira, que se
implemente e expanda políticas preventivas, como a Renda Básica Universal, a
“Locação Social” e o Despejo Zero. São Paulo, 19 de agosto de 2024 - com o meu
apoio -, assinado, Fórum da Cidade de São Paulo em Defesa da População em
Situação de Rua.
Tem agora a palavra o deputado
Sebastião Santos. (Pausa.) Agora o deputado Dr. Jorge do Carmo tem a palavra
pelo tempo regimental.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado, sempre, senador Eduardo
Suplicy, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público da TV Alesp, assessores presentes,
público da galeria, policiais aqui também presentes, sempre nos apoiando.
Sr. Presidente,
venho a esta tribuna falar, mais uma vez, de um problema muito grave que a
cidade de São Paulo... E, olhe que eu estou deputado estadual, mas sou morador
dessa cidade, especialmente da periferia da cidade.
Quero falar,
Sr. Presidente, sobre a privatização do serviço funerário que aconteceu na
cidade de São Paulo por determinação do projeto do atual prefeito, Ricardo
Nunes, evidentemente, com o apoio da maioria das vereadoras e vereadores que
dão sustentação ao governo municipal de São Paulo do prefeito Ricardo Nunes.
Sr. Presidente,
o serviço funerário sempre foi custeado e administrado pela prefeitura
municipal de São Paulo. Muitas vezes, as pessoas, no momento que mais precisam
- certamente, em uma dificuldade quando tem um familiar, um amigo, uma pessoa
que está com dificuldades para fazer, custear o serviço funerário -, muitas
vezes, recorrem à própria prefeitura, que tem uma lei, ou tinha uma lei, que garante
essa gratuidade.
No entanto, o
prefeito, sob o argumento de que o serviço funerário estava precário e
precisava melhorar, privatizou e aprovou na Câmara Municipal de São Paulo, por
37 votos contra 17, a privatização do serviço funerário.
Quero aqui registrar
que a bancada do Partido dos Trabalhadores, a bancada do PSOL e mais alguns
vereadores e vereadoras votaram contra essa atrocidade. Dizem as matérias:
“após um ano de privatização funerária de São Paulo, as funerárias ficaram 14
vezes mais caras”; “negligência da Prefeitura deixa mais de um milhão e meio
sem acesso ao serviço funerário”, ou seja, o serviço funerário foi entregue
para a iniciativa privada para fazer negócio, enquanto isso, a população
trabalhadora, que precisa custear esse serviço, que por si só já é caro... Hoje
um trabalho, um serviço funerário custa, em média, cinco mil reais na cidade de
São Paulo.
Veja bem, qual
é o trabalhador, que tem uma renda baixa, que consegue pagar esse valor? É
muito difícil. Eu tenho andado por essa cidade, tenho conversado muito com as
pessoas e já ouvi diversos relatórios que me deixaram extremamente comovido com
a situação. Por exemplo, outro dia ligou uma pessoa para mim - e isso é praxe -
e dizia assim: “deputado, nós não temos como fazer o serviço de sepultamento do
nosso parente, de um trabalhador, e a gente precisava fazer rateio, precisava
fazer vaquinha”. Enquanto não arrumar o recurso ou não apresentar um cartão de
crédito lá para custear em média cinco mil reais, o corpo fica lá esperando, porque
o que vale mais é o capitalismo. Por isso, outro dia a pessoa falou que para
fazer uma oração, uma oração naquele período, na capela - não é nem velório -
por 15 ou 20 minutos, 524 reais é a taxa, e se não pagar, não faz, faz na rua
mesmo, faz ali de frente.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Altair Moraes.
* * *
Outro dia, em
uma reunião, uma pessoa falou assim: “Deputado, o esposo dela faleceu lá há
dois, três anos, quando foi pra exumar e remover os ossos, custava 1.800
reais”, aí ela falou: “Eu não tenho esse dinheiro”. Sabe o que o pessoal do
serviço funerário, esse que foi privatizado e entregue pelo prefeito Ricardo
Nunes, falou para ela? “Se a senhora não pagar, vai para o lixo.” É esse o
tratamento que o prefeito da cidade de São Paulo, o Sr. Ricardo Nunes, está
dando para as pessoas quando passam por um momento tão difícil como esse. Por
isso, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, não é possível que a
gente veja tanta maldade.
Nós estamos
vivendo isso, a população trabalhadora está sofrendo, está passando por essa
dificuldade, e isso é preciso se reverter, porque a maioria dos vereadores da
Câmara Municipal, com exceção dos vereadores do PT e do PSOL, votaram a favor
disso por orientação e determinação do prefeito Ricardo Nunes. Então, não à
privatização do serviço funerário, porque a população não aguenta mais tanta
humilhação, tanto assédio, tanta dificuldade que passa na cidade de São Paulo
por conta de uma determinação de um prefeito insensível.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ALTAIR
MORAES - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado
Jorge. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, nos termos do Art. 100, inciso I, do
Regimento Interno, convoco V. Exas. para uma sessão extraordinária, a
realizar-se hoje, às 16 horas e 30 minutos, ou dez minutos após o término da
presente sessão, em cumprimento ao interstício mínimo previsto no parágrafo
terceiro do Art. 100 do Regimento interno, com a finalidade de ser apreciada a
seguinte Ordem do Dia:
*
* *
- NR - A
Ordem do Dia para a 41a Sessão Extraordinária foi publicada no D.O.
de 21/08/2024.
*
* *
Seguindo a lista de oradores, quero
chamar o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Enio Tatto.
(Pausa.) Deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Pela
Lista Suplementar, convocação do deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Delegado
Olim. (Pausa.) Ediane Maria. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.)
Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.)
Deputada Thainara Faria. (Pausa.) Deputado
Enio Tatto. (Pausa.) Deputada Beth Sahão. (Pausa.)
Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Capitão Telhada. (Pausa.)
Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputado
Major Mecca. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Luiz
Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado
Altair Moraes. Sou eu, mas eu vou passar. Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.)
Deputado Eduardo Suplicy, que tem a palavra agora pelo tempo regimental.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Altair Moraes, no último dia 17
faleceu o Silvio Santos, aos 93 anos, um dos maiores comunicadores de nossa TV.
Grande empreendedor, iniciou sua vida como vendedor ambulante, construiu uma
rede de TV e encantou milhões de fãs por muitas décadas.
Diversas vezes
eu estive presente no Teleton, a seu convite, para dar meu apoio às causas
sociais. Em 2000, estive no SBT para acompanhar o último episódio da Casa dos
Artistas, que teve a participação de meu filho Supla. Nós nos encontramos
várias vezes e tivemos um ótimo convívio junto ao meu saudoso amigo José Celso
Martinez Corrêa para preservar o Teatro Oficina e encaminhar a criação do
Parque do Rio Bixiga no terreno ao lado do teatro.
Felizmente, a
lei que criou o parque foi aprovada e sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes,
com aprovação consensual de 53 vereadores que disseram “sim”. Meus sentimentos
para sua esposa, Íris, para suas seis filhas e para todos os familiares e
amigos.
Sobre o Parque
do Rio Bixiga, aproveito para contar um pouco sobre uma reunião da qual participei
na tarde de ontem no Ministério Público do Estado de São Paulo. A reunião
contou com a presença da sociedade civil, incluindo as associações do bairro do
Bixiga e de Cerqueira César, do promotor Sérgio Marques, de membros do Teatro
Oficina, do maestro João Carlos Martins - que foi secretário da Cultura quando
o teatro foi tombado e também ativista do parque -, do secretário do Verde e do
Meio Ambiente, Rodrigo Rabelo, e de parlamentares.
A pauta foi
sobre como deveria ser o projeto do parque, se deveria haver concurso público
ou não, qual deveria ser o seu futuro nome. Relembro que a histórica luta pela
construção do Parque do Rio Bixiga, cujo movimento pela sua criação possui mais
de 40 anos, foi uma batalha de vida do meu célebre e eterno amigo José Celso
Martinez Corrêa, um dos maiores dramaturgos da história do Brasil.
Destaco que
desde 2019 atuei intensamente com meu mandato para que a Câmara Municipal,
junto à Prefeitura, aprovasse o projeto de lei de minha autoria que previa a
criação do Parque do Rio Bixiga. O projeto foi uma nova tentativa de criar o
parque após o PL 805, de 2017, construído com o movimento, de autoria do então
vereador Gilberto Natalini, que acabou sendo vetado pelo prefeito em exercício
na época, Eduardo Tuma.
Posteriormente,
em 2022, encabecei a criação de um grupo de trabalho pela criação do parque, e
a minha querida vereadora Luna Zarattini também entrou como coautora no PL. Ela
encabeçou de forma engajada essa importante articulação na Câmara,
intermediando reuniões com o movimento e com o Executivo. O parque finalmente
foi inserido no quadro de parques do Plano Diretor graças à mobilização de
diversas pessoas e também pela importante articulação da atual gestão da Prefeitura,
que encontrou recursos para viabilizá-lo. O futuro Parque do Rio Bixiga
configura-se como um equipamento de crucial importância para a cidade de São
Paulo, em especial para o histórico bairro do Bixiga, na Bela Vista, região
ainda com a menor quantidade de área verde por habitante.
Finalmente,
podemos começar a celebrar a realização de um sonho, a transformação de um
estacionamento impermeável de 10 mil metros quadrados em uma área viva e
permeável que abrigará muitas árvores e diversas formas de vida. É urgente
abrirmos espaço para a criação de áreas permeáveis em grandes centros para
mitigarmos efeitos da crise climática.
Também
fiquei muito contente em ver que o Ministério Público ainda continuará
acompanhando o tema até a sua execução. O promotor Sérgio Marques ajudou a
viabilizar o Parque Augusta e também está extremamente empenhado na criação do
Parque do Rio Bixiga. A atuação do Ministério Público neste processo é de
grande importância. Sobre a possibilidade e concurso público para a criação do
parque, antes de lançar qualquer edital de concurso, que sejam realizadas
audiências públicas para que a população expresse o que gostaria de vivenciar
no parque e, assim, o edital deverá conter esses anseios.
O
segundo ponto que sugeri foi que, na banca julgadora dos projetos, estejam
também representantes da sociedade civil que atuam historicamente na luta pelo
Parque do Rio Bixiga.
E,
por fim, que os melhores projetos classificados no concurso passem por um
plebiscito popular para que toda a população decida qual parque queremos. São
medidas nunca antes feitas em projetos de obras públicas. Essas medidas
demonstrariam um marco histórico de inovação na participação popular, fazendo
jus ao que representam Zé Celso e o Teatro Oficina para a cultura e para o
bairro do Bixiga.
E
aqui, se for possível transcrever, Sr. Presidente, a carta escrita pelo
movimento de criação do parque, que tanto tem trabalhado no tema, se for
possível...
O SR. PRESIDENTE -
ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Será feito.
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT - Gostaria
também de requerer a impressão e divulgação desse documento também.
Muito
obrigado, caro presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Obrigado,
deputado Suplicy.
Não havendo mais oradores inscritos,
está encerrado o Pequeno Expediente, e agora nós entramos no Grande Expediente.
*
* *
- Passa-se ao
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - A
lista de oradores: deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Por permuta, o deputado
Eduardo Suplicy tem mais uma fala. O senhor vai querer usar, deputado?
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Se não for demais...
O
SR. PRESIDENTE - ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - O
senhor fique à vontade.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Aproveito para ler as
considerações para a criação do Parque do Rio Bixiga, escrita pelo movimento da
criação do Parque.
“Neste
ano de 2024, completamos 44 anos de uma das lutas urbanas mais extraordinárias
travadas entre o interesse público e o privado no Brasil. Trata-se da luta para
transformar o terreno privado entre as ruas Jaceguai, Santo Amaro, Abolição e
Japurá, no Bixiga, em uma terra pública. É preciso muita coragem, ousadia,
dedicação, convicção, vontade e confluência da sociedade para sustentar quatro
décadas de um desafio permanente de luta, reatualizando seus sentidos,
magnetizando alianças, mantendo acesso ao fogo coletivo e sua viabilidade, tendo
em vista o campo de batalha desproporcional entre as forças envolvidas,
artistas, sociedade civil, instituições, movimentos e coletivos culturais do
bairro do Bixiga, uma periferia central da cidade, ao lado de alianças de
outros territórios em luta, tendo a cultura, em especial o teatro, como
importante ferramenta de luta em contracenação com a
máquina descomunal e aparelhada do mercado imobiliário.
Nos
últimos seis anos dessa luta, nascíamos coletivamente como um movimento pela
criação do Parque do Rio Bixiga, voltávamos à aprovação de seu primeiro PL 805,
2017, fruto do Legislativo em aliança com a luta popular. A memória de todas as
lutas importa, é a memória que guarda toda a justiça e que vêm do seu
esquecimento todas as políticas de apagamento. A comunidade do Bixiga vem
manifestar sua demanda perante essa 1ª Promotoria, reconhecendo o trabalho do
Ministério Público de São Paulo, em especial do promotor Sérgio Marques, como
decisivo para que estivéssemos aqui, agora.
Como movimento
pela criação do Parque do Rio Bixiga, desejamos que toda a genealogia e os
frutos dessa luta sejam considerados pela administração pública como
fundamentos para as próximas etapas do processo e que o projeto do Parque do
Rio Bixiga, construído ao longo dos últimos 43 anos dessa disputa territorial,
seja apreciado à altura de sua qualidade, com o marco inicial da implementação
do parque.
Junto a grande
esforço de entidades do Bixiga, José Celso Martinez Corrêa se destaca como
importante personalidade em uma luta de quatro décadas, que vingou até aqui
pela sua sabedoria coletiva, entendendo que a força do coro e das alianças é
grande protagonista.
O Teatro
Oficina junto a figuras históricas, à comunidade do Bixiga e da Bela Vista
foram e continuam a ser sujeitos ativos na construção de uma concepção do
parque território, vivo e permanente, vir a ser agroecológico, comunitário,
cultural, artístico, diverso, parque floresta legítimo, que precisa abrigar
soluções baseadas na natureza, que seja território de mães, crianças,
adolescentes, juventude, população idosa do bairro e que a implantação desse
território público não apague a memória quilombola popular e garanta a presença
da população preta, de artistas nordestinos, imigrantes, LGBTQIA+, refugiados e
da vocação cultural.
O movimento e
as muitas comunidades do bairro que aqui se aliam, organizados em sociedade
civil e instituições que subscrevem esta carta, anseiam que os poderes públicos
não transformem a vitória da conquista deste parque em uma derrota para sua
memória e trajetória legítima de luta, descaracterizando a vocação e a
característica cultural e ambiental desse parque, revelada por anos de estudos,
pesquisas técnicas, diálogo, experiência e vivências, o projeto pensado pela
comunidade do Bixiga.
Técnicos
especializados trazem ainda soluções para os históricos problemas de drenagem
decorrentes do tamponamento do córrego e do crescimento da metrópole que impactam
diretamente na hiperimpermeabilização, sobretudo
nesse território que sofre com alagamentos recorrentes. Uma arquitetura
sustentável é imprescindível para colaborar com a redução das ilhas de calor e
compor o sistema de contenção de águas pluviais de forma perene.
Nesse sentido,
ainda que os certames públicos sejam mecanismos juridicamente fundamentais como
solução democrática para evitar a apropriação dos bens públicos, nos preocupa
os parâmetros que serão estabelecidos pelo Executivo municipal para a
realização do concurso anunciado, sem diálogo com a comunidade diretamente
afetada e com o movimento pela criação do parque.
Espanta-nos,
enquanto movimento diretamente ligado a essa histórica luta, que tenhamos
ficado sabendo do anúncio do concurso, ressaltada a respeitabilidade e
expertise do Instituto de Arquitetos do Brasil, por meio de reportagens
televisivas. Preocupa-nos que interesses meramente eleitorais estejam ditando o
processo, uma vez que o concurso foi proclamado sem mesmo ter havido qualquer
formalização dos trâmites da ação.
Propomos também
que algumas condicionantes sejam estabelecidas pelo Ministério Público, na
qualidade de defensor do processo de implementação do Parque. Quais sejam: que
seja assegurado o processo de debate verdadeiro, amplo, aberto, sobre as fases
de concepção, termos de referência, critérios de seleção e desclassificação que
respondam às demandas da comunidade, do movimento pela criação do Parque do Rio
Bixiga, com a devida apreciação das diretrizes do primeiro projeto desenvolvido
para a área, antes de se iniciar o andamento de um concurso.
A fim de
assegurar o respeito à legislação, à segurança construtiva, que, enquanto se
debatem os temas elencados acima, sejam realizados estudos de impacto ambiental,
arqueológico e social de sondagem de solo e de mitigação desses impactos, tendo
em vista o entorno tombado e o Teatro Oficina, bem imediatamente afetado, por
sua óbvia localização.
Que a
secretaria do Verde e Meio Ambiente entabule diálogo efetivo com a comunidade sobre
como seguir com o processo, preferencialmente mediado pelo Ministério Público
de São Paulo, a fim de contornar eventuais conflitos. Que as diretrizes do
projeto atentem para o respeito à recente conquista da comunidade em
estabelecer política de proteção ao direito à cidade, permanência no entorno do
parque para a população lindeira, conforme previsto na nova lei do Plano
Diretor Estratégico do TICP Bixiga, expandida ao entorno do parque. Que seja
instituído um conselho comunitário provisório anterior à execução do parque,
para acompanhar todo o desenvolvimento da obra, assegurando a participação
social e do movimento. E que o Rio Bixiga seja respeitado e entendido como
importante agente constituinte do território do parque.
Estamos diante
de uma possibilidade de virar a chave dos processos de urbanização de São
Paulo, e a chance de o Bixiga e a Bela Vista terem uma horta, uma escola
pública coletiva capaz de gerar segurança alimentar para o bairro. É a
oportunidade única de as infâncias terem o direito de brincar entre árvores,
com um rio ao céu aberto, uma piscina pública. E - por
que não? - é a chance de São Paulo se posicionar com um projeto piloto no
enfrentamento das emergências climáticas de parques permeáveis, nascido em uma
periferia do centro da cidade, território indígena quilombola, de povos
LGBTQIA+, de luta, de teatros, de imigrantes, de refugiados. Uma reparação
histórica, ecológica e cultural.
Sem a memória
de uma luta, nada de vitalidade se cria. É sobre passado, futuro e presente -
um presente para São Paulo, para o Bixiga, para a Bela Vista. Que venha o tão
desejado Parque do Rio Bixiga.”
Assim, Sr.
Presidente, agradeço muito por essa oportunidade de falar desse tema - sobre
Sílvio Santos e José Celso Martinez Corrêa. Felizmente, hoje ambos devem estar
em paz lá no céu.
Muito obrigado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Havendo concordância
das lideranças, solicito a suspensão da sessão.
O
SR. PRESIDENTE - ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS -
Até 16 horas e 30 minutos? Ok, deputado. Está certo, é regimental. Está
suspensa até 16 horas e 30 minutos. Obrigado, deputado.
*
* *
- Suspensa às 14 horas e 48 minutos, a
sessão é reaberta às 16 horas e 31 minutos, sob a Presidência do Sr.
André do Prado.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Ordem do Dia.
*
* *
- Passa-se à
ORDEM
DO DIA
*
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O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Projeto de decreto legislativo nº 34, de 2024, de autoria da Mesa.
Em votação o Projeto de decreto
legislativo nº 34, de 2024. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que
estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
Item 2. Projeto de decreto legislativo
nº 35, de 2024, de autoria da Mesa.
Em votação o Projeto de decreto
legislativo nº 35, de 2024. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que
estiverem de acordo permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado.
O
SR. DELEGADO OLIM - PP - Pela ordem, Sr.
Presidente. Tendo acordo entre as lideranças, peço o levantamento da sessão.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Havendo acordo
entre as lideranças, antes de dar por levantado os trabalhos, convoco V. Exas.
para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com o remanescente da
Ordem do Dia de hoje, lembrando-os, ainda, da sessão extraordinária a
realizar-se hoje, dez minutos após o término desta sessão.
Está levantada a sessão.
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Levanta-se a sessão às 16 horas e 32 minutos.
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