24 DE NOVEMBRO DE 2023

55ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DO COLAR DO MÉRITO LEGISLATIVO A HELENA DUTRA

         

Presidência: CARLOS GIANNAZI

         

RESUMO

         

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão. Nomeia a Mesa e demais autoridades presentes. Informa que a Presidência efetiva convocara a presente sessão solene para "Outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Helena Dutra Lutgens", por solicitação deste deputado.

         

2 - PATRICIA BIANCA CLISSA

Presidente da APqC - Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

         

3 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Informa que a homenageada fora eleita presidente da APqC - Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo.

         

4 - FÁBIO SANCHES

Membro do Coletivo Rede Nosso Parque, faz pronunciamento.

         

5 - LUCIENE CAVALCANTE

Deputada federal, faz pronunciamento.

         

6 - RAPHAEL LOCATELLI

Vereador à Câmara Municipal de Mogi Guaçu, faz pronunciamento.

         

7 - CELSO GIANNAZI

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, faz pronunciamento.

         

8 - HENRIQUE DUTRA LUTGENS

Filho da homenageada, faz pronunciamento.

         

9 - NEUZA

Irmã da homenageada, faz pronunciamento.

         

10 - ADDOLORATA COLARÍCCIO

Vice-presidente do Instituto Biológico da APqC - Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

         

11 - LUIZ BARRETTO

Assistente técnico de pesquisa do Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, faz pronunciamento.

         

12 - MARIE MADELEINE HUTYRA DE PAULA LIMA

Professora, faz pronunciamento.

         

13 - HELENA

Doutora, faz pronunciamento.

         

14 - JOAQUIM AZEVEDO

Ex-presidente da APqC - Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

         

15 - ANA

Amiga da homenageada, faz pronunciamento.

         

16 - ROGÉRIO RABELO

Faz pronunciamento.

         

17 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Tece considerações regimentais sobre a solenidade. Lê histórico da homenageada. Anuncia a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Helena Dutra Lutgens.

         

18 - HELENA DUTRA LUTGENS

Homenageada, faz pronunciamento.

         

19 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Senhoras e senhores, boa noite. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Helena Dutra Lutgens. Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.

Convido para compor a Mesa Diretora desta sessão solene, primeiramente, a nossa homenageada, a Helena Dutra. Uma salva de palmas. (Palmas.) Convido também para compor a nossa Mesa Diretora a Patricia Bianca Clissa, presidente da Associação de Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo. (Palmas.) Convido também o Fábio Sanches, do Coletivo Rede Nosso Parque. (Palmas.)

Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, minhas senhoras e meus senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, o deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo à Helena Dutra Lutgens.

Eu passo a palavra, então... Qual é a ideia? Vou quebrar um pouquinho a formalidade aqui, sem antes anunciar a honrosa presença da deputada federal Luciene Cavalcante, presente aqui no nosso evento, que fará uso também da palavra. (Palmas.) Registro também a presença do vereador Celso Giannazi, presente.

Registro também a presença do vereador de Mogi Guaçu, Raphael Locatelli, aqui também, aqui presente, seja bem-vindo, vereador. Depois nós vamos anunciando as outras pessoas.

E eu vou quebrar um pouco a formalidade. Qual é a ideia aqui... A Helena vai ser a última a falar aqui, pessoal. Ela fala por último, ela só vai falar na hora que todo mundo falar primeiro, quando ela receber, na verdade, a comenda.

Então, a ideia é que a gente faça as intervenções da Mesa - da Patricia, do Fábio -, depois a deputada Luciene Cavalcante vai precisar ir para um outro evento, o vereador Celso Giannazi também. E depois a gente vai franquear a palavra a vocês, para as pessoas que quiserem fazer intervenções, homenagear a Helena. Então, aqui o microfone será franqueado a todos vocês, pode ser?

Então, quero já começar com a Patricia, que é a presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo.

 

A SR. PATRICIA BIANCA CLISSA - Muito obrigada, deputado Giannazi. Obrigada pela presença de todos vocês, deputada Luciene, vereador Celso Giannazi, e aqui o nosso deputado.

Eu agradeço inicialmente, em nome da APqC, todo esse empenho em reconhecer o esforço que a Helena desempenhou, desempenha e vai continuar desempenhando, representando a nossa associação, representando os interesses públicos, dos institutos públicos de pesquisa.

Eu tenho poucas coisas para falar a respeito da Helena, porque eu acho que a gente teve pouco tempo, na verdade, de convivência. Eu conheço a Helena um pouco melhor há dois anos. Comecei a ouvir falar da Helena assim que foram extintos os institutos, a Helena estava sempre presente nas nossas “lives”, as coisas que a gente via com relação à extinção dos institutos do Meio Ambiente.

Então, ela foi uma das pessoas - junto a outras pessoas que a gente reconhece aqui - que mais defendeu, lutou, brigou - com o Fred, a Gláucia - pela não extinção dos institutos do meio ambiente.

Foi uma surpresa muito grande para todo mundo vir uma extinção de uma hora para outra. Não estava nos planos, não estava no papel, de repente foi colocado. Mas a Helena sempre soube colocar de uma forma muito firme, de uma forma muito digna, tudo o que representa os interesses da associação.

Então, ela tem uma fala mansa, ela tem uma fala um pouco devagar assim. A  gente, às vezes, tenta acelerar um pouco, a gente vive muito acelerado. Mas o fato de a pessoa ser do interior, viver nesse ritmo... para a gente que está de fora, a gente tem necessidade, sente falta desse ritmo mais calmo do interior.

Mas, mesmo com essa fala calma da Helena, ela representa muito bem a nossa luta, a nossa associação. Então, vou aproveitar o momento para agradecer a Helena por aceitar tocar a associação no próximo biênio - ela vai ser a próxima presidente da associação.

E eu tenho certeza de que a associação vai estar muito bem representada, que ela vai defender muito bem os interesses dos institutos públicos de pesquisa, porque quem passou por um baque como o que o pessoal do Meio Ambiente passou, fortalece.

Isso acaba fortalecendo a própria estrutura do raciocínio da pessoa, então a pessoa acaba ficando mais forte. Ela pode até não perceber, mas ela fica mais forte tendo que enfrentar o que a gente teve que enfrentar.

Então, é muito importante para a associação ter este reconhecimento por parte do deputado, por parte desta Casa, a gente conseguir registrar aqui, neste momento que é tão importante, representativo.

Eu agradeço novamente, eu tenho certeza de que é uma homenagem muito mais do que merecida. O que eu tinha para falar era isso.

Helena, muito obrigada pela sua luta. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Patricia, que já passou uma informação importante, uma notícia de que a Helena já foi eleita a presidenta da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo. Toma posse quando?

 

A SRA. PATRÍCIA BIANCA CLISSA - Em janeiro.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Em janeiro ela vai tomar posse. Então, são duas comemorações aqui, duas homenagens já.

Passa a palavra para o Fábio.

 

O SR. FÁBIO SANCHES - Foi um spoiler, eu não sabia que ela será a próxima. Deputado, eu acho que a minha presença nesta Mesa, que muito me honra, se deve a uma questão, que eu acho de alguma forma define a Helena, que é a militância.

Eu não sou parente, eu não sou um profissional que trabalha com ela, eu não sou da APqC, eu não convivi com ela durante a longa carreira que ela teve nessa área do serviço público. Eu sou um militante que defende uma ideia, junto com o Coletivo Rede Nosso Parque... e de defesa das áreas verdes do estado de São Paulo.

E a minha presença aqui deve-se, portanto, a uma proposta da Helena, que me parece acertadíssima e me parece uma defesa que ela tem de vida, que não tem a ver com qualquer caráter institucional ou interesseiro, é o desejo dela.

Ora, isso, deputado, me parece algo extremamente importante de se destacar, porque trata-se de uma funcionária pública que é militante. A diferença que isso faz em termos de São Paulo hoje é essencial, porque você tem homens públicos hoje que não veem a coisa pública, que não observam aquilo que eles têm sob o seu mandato, sob a sua gestão.

A questão pública está relegada a lobbys, está travada por diversas burocracias. A Helena está aqui para provar que isso não é estrutural do serviço público. Ela está aqui para mostrar que no serviço público há pessoas pensando, sim, no bem público.

Então, a presença dela na Rede Nosso Parque, e também de outros integrantes da APqC - o Fred, a Glaucia e outros mais -, indica para esse outro grupo de militantes, dos parques... os militantes de várias redes, que vão se formando na defesa desse imenso sistema ambiental paulista, vão mostrando a importância dos institutos de pesquisa que antes desconhecíamos.

É um trabalho de divulgação científica e cultural que a APqC realiza nesse grupo, e que a Helena vem trazer - e tem muita paciência, eu diria - para explicar como tem funcionado tudo. Hoje, nós sabemos do que se trata e levamos a defesa aos institutos de pesquisa aonde vamos.

Então, nada é em vão, essa militância não é vã. Ela é algo que constrói, que constitui discursos, algo que nos permite trabalhar e fazer o que é nosso dever, o que é nosso desejo mais profundo, que é constituir um sistema público decente e em favor da população.

Esse trabalho de militância é admirável, e acho que se torna importantíssima esta nomeação, esta premiação, um Colar de Honra. Honra é uma palavra que tem que ser dita, tem que ser falada. A nomeação é algo extremamente importante, porque ela define.

Eu me lembro da Elis Regina, a cantora, quando resolveu sair por aí de braços dados com o Adoniran Barbosa e fez disco, fez música, fez clipe, fez um monte de coisa com o Adoniran. Aí perguntaram para ela: “Mas Elis, o que acontece? Que agora você está saindo com o Adoniran”. E ela disse: “Porque ele merece”. Ele tem que ser visto, tem que ser falado.

Então, a nomeação, o dizer o que as pessoas são quando elas aqui estão, é extremamente necessário. E quando a gente fala em honra, a gente está falando da constituição de um afeto que não pode se perder. A honra, em um momento em que você tem, por exemplo, a privatização da Sabesp, uma empresa que lucra dois bilhões líquidos por ano, e você vai vender dizendo que será melhor se livrar desse peso. Que honra há nisso?

Está se estragando, está se rasgando qualquer conceito, qualquer pensamento, qualquer raciocínio lógico possível e imaginável. Está se assumindo, de maneira aberta, a hipocrisia.

Quando se dá à Helena, essa militante, essa funcionária pública digna de nome, um colar de honra, acho que a gente está andando no fio da história, acho que a gente está andando no fio dos afetos que são necessários neste País.

Está de parabéns, deputado. Está de parabéns a APqC, que terá essa presidenta. E está de parabéns a Helena por este merecido prêmio.

Quero registrar, também, que nesse tempo em que tenho a honra de conversar, de dialogar com a Helena nas nossas reuniões, discordamos. Discordamos porque ela escolheu um logotipo para a Rede Nosso Parque e eu escolhi outro. Mas deixamos o que ela escolheu, eu perdi. Já estávamos em um momento que brigar com a Helena, por qualquer motivo, era impossível.

Boa noite a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Fábio.

Agora, eu quero abrir a palavra para vocês. Quero chamar a deputada federal Luciene Cavalcante, que veio diretamente de Brasília, acabou de chegar aqui. Aterrissou em São Paulo e já veio para a nossa solenidade. Estamos aqui com representações parlamentares importantes, tem Câmara Federal, Câmara Municipal de São Paulo e Câmara Municipal de Mogi Guaçu.

 

A SRA. LUCIENE CAVALCANTE - Boa noite. Boa noite para todo mundo nesta noite tão importante, tão alegre, onde o estado de São Paulo reconhece e homenageia essa mulher, essa pesquisadora, essa avó, essa pessoa imprescindível para o nosso País, que é a Helena Dutra.

A Helena tem desenvolvido um trabalho extremamente importante na defesa da pesquisa científica, mas não é qualquer pesquisa científica. É, sem dúvida nenhuma, a área mais importante, hoje, para o planeta, que é a questão ambiental.

Então, professor Carlos Giannazi, o senhor está de parabéns por fazer esta homenagem, porque veja, no momento em que a gente atravessa uma emergência climática da magnitude que a gente está enfrentando...

Todo mundo aqui está percebendo a situação, como está difícil, cada vez mais difícil, a gente conseguir viver. As ondas de calor, as queimadas. A gente vê desastres socioambientais no Brasil inteiro, o que está acontecendo no sul do nosso País, o que acontece hoje em Manaus. A situação é urgente.

Fazer esta homenagem é marcar com muita clareza um posicionamento do seu mandato e, também, de valorização de qual é o caminho certo das políticas públicas. O caminho certo é esse que a gente pode ver representado na pessoa da Helena Dutra.

É através da ciência, é através da coerência, do respeito. Através da pesquisa científica ambiental, dos nossos institutos públicos. Porque o Meio Ambiente não pode ser entregue à iniciativa privada, porque a iniciativa privada visa o lucro, é só isso que ela tem interesse. Essa é a lógica natural dela.

A pesquisa pública, científica, visa a manutenção e o desenvolvimento de toda a nossa sociedade como um todo. Então, são interesses que são antagônicos, e você, Helena, representa tudo isso. Representa de uma forma extremamente importante, porque é uma pessoa que tem uma consciência de classe.

Ela se reconhece como uma trabalhadora, uma trabalhadora que vem desenvolvendo toda uma luta em defesa dos direitos trabalhistas dos cientistas, dos pesquisadores. Algo que é muito difícil em um país como o nosso, muito difícil. A gente vive uma precarização geral do trabalho e um ataque enorme à ciência.

Então, homenagear você... o Estado reconhecer toda a sua contribuição, reconhecer a contribuição de todos os pesquisadores científicos para a nossa sociedade, é fundamental nesse momento, também, como lembrou muito bem o colega, em que a gente discute esse absurdo, esse escárnio, que é a tentativa de privatizar a Sabesp. Todo mundo sabe onde isso vai parar.

Então, é reafirmar todos esses valores que a gente pode sentir. Todo mundo que conhece você, conhece seu trabalho, conhece a sua luta, entende isso tudo consignado em você, Helena.

E para já ir terminando a minha intervenção, eu quero, na pessoa da sua neta, cadê ela?

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - É a Sofia.

 

A SRA. LUCIENE CAVALCANTE - É a Sofia. Na pessoa da sua amada neta - todo mundo que conhece a Helena conhece da sua luta, da sua defesa intransigente da pesquisa científica, dos institutos ambientais, das florestas, mas também conhece a Sofia.

Ela não deixa um minuto, um dia, de falar da Sofia, porque toda essa dimensão de dedicação à nossa sociedade, à construção de um outro país, de uma outra vida, exige uma participação muito ativa de toda a família.

São muitos os dias, os momentos, que a Helena não pôde estar com a sua família para poder estar fazendo toda essa luta, e quem é mulher sabe de todo o trabalho, da invisibilidade do trabalho, do cuidado que existe, infelizmente, ainda no nosso País. E a Helena tem feito isso com uma grande dedicação.

Na pessoa da Sofia, quero estender esta homenagem para toda a família da Helena, porque a gente não faz nada na vida sozinho. Então, certamente se a Helena é essa pessoa incrível e maravilhosa que é, é porque ela tem o apoio e o acolhimento de toda a sua família e de todos os seus companheiros e de suas companheiras.

Viva a vida da Helena Dutra! (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Quero chamar, agora, para fazer uso da Tribuna o vereador de Mogi Guaçu, Raphael Locatelli. Por favor. Ele veio de longe e então vai ter prioridade na fala. O vereador Celso Giannazi fica para depois, porque ele é da capital, então vai esperar um pouquinho.

 

O SR. RAPHAEL LOCATELLI - Boa noite a todos. É uma alegria poder estar presente neste dia especial.

Assim que recebi o convite da Helena, disse que estaria presente, porque para mim é uma honra. Ainda sou muito novo nessa militância pública, sou vereador de primeiro mandato, e a Helena é uma das figuras públicas que me inspiram. Então, eu não poderia deixar de estar presente neste dia tão especial para você, Helena.

Como professor, também tenho uma grande admiração pelo senhor, deputado. Não é fácil militar na área pública, seja na Educação ou no Meio Ambiente. Em todas as esferas, a luta é muito grande contra o bem comum. Nós defendemos a natureza, nós defendemos o ser humano. Então, é um desafio muito grande.

Neste momento de hoje, especial, gostaria de dizer sobre a minha admiração pelo seu trabalho. Estava olhando ali. Em 2017, a gente comemorava os 75 anos da Fazenda Campininha. Esse local de preservação, onde meu avô trabalhou durante muito tempo como servidor público do Instituto Florestal, extinto. E isso nos aproximou naquele momento de luta.

E dizer que a luta nunca é em vão. A gente pode ter dias de dificuldades, mas um outro dia virá e pessoas como você e tantos que estão aqui neste dia de hoje com certeza têm dado sua contribuição para construirmos uma sociedade melhor.

Parabéns, no dia de hoje, Helena.

É uma alegria muito grande. Você é uma inspiração para mim e para todos nós. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, vereador Raphael Locatelli.

Agora, sim, eu chamo o vereador Celso Giannazi, representando a Câmara Municipal de São Paulo.

 

O SR. CELSO GIANNAZI - Boa noite. Boa noite a todas, boa noite a todos. Cumprimentar, aqui, os componentes da Mesa - o Fábio, Patricia. Cumprimentar a iniciativa... parabenizar a iniciativa do deputado Carlos Giannazi, de conceder esta honraria à Helena Dutra, a maior honraria da Assembleia Legislativa que é concedida à Helena Dutra.

Saudar, também, a nossa homenageada, que merece mil aplausos e a nossa gratidão. Você nos representa muito, Helena. Estar aqui para poder falar algumas palavras de você é um privilégio nosso.

Cumprimentar aqui, saudar os familiares da Helena, porque a gente, conversando com os familiares da Helena, a gente percebe que essa luta em defesa da democracia, essa luta em defesa do serviço público, do Meio Ambiente, também está enraizada dentro da família da Helena. Nesse pequeno tempo que ficamos ali, conversando, a gente percebe que isso já está na raiz da família da Helena.

É importante que a gente faça um resgate. A Helena Dutra está... Primeiro que ela está... O deputado Carlos Giannazi, ao aprovar aqui o Colar do Mérito aqui, na Assembleia Legislativa, ele coloca a Helena Dutra nos anais da Assembleia Legislativa.

Ela vai ser pesquisada, um dia, e ela vai estar constando como... Foi aprovado o Colar do Mérito pela Assembleia Legislativa, pelos deputados, então ela faz parte do rol da legislação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Lá na Câmara Municipal, quando a gente concede a maior honraria da Câmara Municipal, que é o título de cidadão ou cidadã paulistana - esse é um projeto de lei, é aprovado e a pessoa vira uma lei na cidade de São Paulo e é homenageada com a maior honraria...

A Helena Dutra é, hoje, no estado de São Paulo, a partir de agora ela faz parte da legislação da Assembleia Legislativa. E, rapidamente, a gente fala. A Helena esteve aqui na defesa do Instituto Florestal quando o governador Dória fez essa crueldade da extinção do Instituto Florestal.

Ela estava aqui no PL 529. Eu lembro exatamente. A gente veio aqui, tomou bomba, tomou gás lacrimogêneo, fomos tirados da Assembleia Legislativa. A Helena estava lá, firme e forte nessa luta em defesa do Instituto Florestal e em defesa do serviço público, o que é muito importante para que a gente tenha a noção da grandeza do que é a defesa do serviço público.

A pauta ambiental é importantíssima, a deputada Luciene Cavalcante falou do movimento em que a gente vive, da destruição do meio ambiente. Vivemos tempos sombrios nos últimos quatro anos no nosso País, com a destruição total do meio ambiente.

E aqui no estado de São Paulo, o ex-governador Dória, que passou por aqui, seguiu o passo do governo federal, destruindo. Em plena pandemia, o PL 529 foi aprovado aqui, na Assembleia Legislativa - em plena pandemia.

Foi uma covardia. Extinguiu vários institutos do Meio Ambiente, institutos ligados à área da Saúde, em plena pandemia. E a Helena, neste momento, estava aqui. Era uma voz marcante na defesa do Instituto Florestal.

E hoje, Helena, você, ao receber esta honraria da Assembleia Legislativa, eu tenho certeza, é para você, com certeza. Mas é para todos os pesquisadores científicos que estão também sendo homenageados através de você, da sua presença, e tenho certeza de que você, à frente da Associação, será uma presidenta aguerrida.

A gente continuará se orgulhando muito da sua atuação. Você não sairá da cena política e aqui da Assembleia Legislativa, lutando pelo Meio Ambiente do estado de São Paulo.

Parabéns. Parabéns à família, por ter uma pessoa tão magnífica, tão lutadora e guerreira entre vocês, familiares. E a gente se sente prestigiado e honrado, também, de ter a presença de alguém ao nosso lado, na nossa luta em defesa do serviço público.

Helena, parabéns, você merece demais. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, vereador Celso Giannazi, representando aqui a Câmara Municipal de São Paulo.

Eu quero agora abrir a palavra a vocês - família, familiares, pesquisadores, militantes. É só ir para a tribuna. Pode ir, então. É só falar o nome, se identificar.

 

O SR. HENRIQUE DUTRA LUTGENS - Boa noite a todos, eu sou o Henrique, filho da Helena. Eu nem ia falar, nem tinha pensado nisso, mas vendo vocês falarem sobre ela eu fico até emocionado.

E acho que eu deveria falar, porque essa luta que ela tem com toda a garra e dedicação, ela tem com tudo. E se estou aqui hoje, presente neste momento especial da minha mãe, é porque ela, assim como luta pela causa dela e de vocês, do Meio Ambiente e pesquisadores, ela lutou muito por mim e sempre vai lutar muito por tudo aquilo que ela acredita e não vai abrir mão.

Como ela mesmo fala, ela não está lutando para vencer. Ela luta porque acredita, porque é aquilo que é importante para ela... e não para ela, ela pensa em todos.

Eu sou muito grato e feliz por ter uma mãe como ela.

Te amo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito obrigado, Henrique. A palavra continua aberta, fiquem à vontade. Quem mais?

 

A SRA. NEUZA DUTRA - Boa noite a todos. Sou a Neuza, sou irmã da Helena, com muito orgulho.

Realmente, ela conquistou o título de gênia da família. Uma família que tem muitos gênios, mas ela realmente se destacou. E alguém disse que a Helena, “ai, por ser do interior”. A Helena não é do interior. A Helena optou pelo interior. A Helena é metropolitana, entende? Aqui, de São Paulo. Nós somos da Zona Norte e, sabe, é lá...

Uma família numerosa, o meu pai era motorista de ônibus da CMTC. Nós éramos dez filhos; atualmente, nove. Mas era uma família numerosa e meu pai sempre... Uma coisa que eu lembro muito do meu pai é dele falar: “Eu quero que todas as minhas filhas estudem. Eu não quero filha sendo empregada de marido.” Isso, gente, lá atrás, não se usava isso, entende? Meu pai e minha mãe deram muita força para nós.

Então, toda a vizinhança, pessoal, ia trabalhar e tal, nós íamos estudar. Depois, a gente começou a trabalhar e estudar, mas o estudo era assim, tipo, obrigação. Ninguém repetia de ano, ia todo mundo bem na escola, sabe?

Aquelas coisas assim, a coisa pegava lá, nesse ponto. E a Helena se destacou. Ela queria muito fazer medicina, estudou muito para fazer medicina, e quando entrou na faculdade de medicina ela desistiu para fazer ecologia. Foi um choque para a família.

Uma família de periferia, a gente queria uma médica, uma doutora. A gente estava achando o máximo ela ser uma médica. Aí, ela foi fazer ecologia. Mas o que era ecologia? A gente nem sabia direito. Sabe, a gente chamava ela de “chata”, porque na praia ela ficava obrigando a gente a enterrar o cigarro na areia. Levava baldinho para a gente pôr... Sabe? A gente falava: “Ah, meu Deus, o que vai dar nisso? O que ela estuda, afinal? É para limpeza? Sei lá, o que é”.

E hoje a gente está vendo a importância da carreira que ela escolheu e que ela seguiu, e que ela é tão vitoriosa. Porque a gente, que conhece a Helena como irmã, como pessoas da família, a gente sabe que o objetivo dela é realmente batalhar pelo meio ambiente. E sempre foi. Não é de hoje. Faz 40 anos ou mais que ela faz isso.

Então, é muita honra para a gente, muito orgulho. Eu acho que ela merece esta comemoração.

E outra coisa, também, que eu acho. É muito bom a gente ver esse tipo de honraria sendo dada para uma causa dessa. Uma causa ambiental. Porque houve tempo, acho que vocês se lembram, que eles condecoravam o Adriano lá, que matou a Marielle, sabe? Tinha umas coisas assim.

Graças a Deus mudou. Hoje em dia, essa turma a gente põe para correr. Não tem mais essa gente. Graças a Deus. Graças a Deus e a todos vocês, a todos nós. Eu também gosto muito de lutar pela democracia, mas eu acho que essa causa ambiental, realmente, hoje é premente.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Quem mais tinha levantado a mão? A Dora, ótimo.

 

A SRA. ADDOLORATA COLARÍCCIO - Boa noite. Boa noite a todos. Eu sou pesquisadora científica do Instituto Biológico de São Paulo, sou vice-presidente da APqC, colega da Helena. E eu gostaria de dizer, em nome dos pesquisadores científicos, que realmente é um orgulho muito grande para todos nós esta honraria que você recebeu, Helena.

Agradeço ao deputado Carlos Giannazi, pela maneira que ele dá uma atenção a todos os institutos de pesquisa e aos pesquisadores científicos aqui do estado de São Paulo.

A Helena tem lutado muito, nós temos lutado muito, porque os institutos de pesquisa vêm sofrendo um grande assédio, digamos assim, na tentativa de nos privatizar. Eu acredito que esse é o grande objetivo. E nós estamos aqui lutando contra e muito nos envaidece.

E eu te parabenizo, Helena, pela luta, e eu me sinto também representada por você neste momento.

Muito obrigada.

Boa noite. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Dora. A palavra continua aberta. Luiz Barretto.

 

O SR. LUIZ BARRETTO - Boa noite a todos. Meu nome é Luiz Barretto, eu sou assistente técnico de pesquisa do Instituto de Botânica, da Secretaria do Meio Ambiente. E fiz questão de tecer algumas palavras neste momento tão importante, tão simbólico, que estamos tendo a honra de presenciar.

A palavra-chave que eu ouvi nessas falas foi militância. E eu gostaria de lembrar que a questão da militância não é uma questão “ad aeternum”. A Associação dos Pesquisadores Científicos tem mais de 50 anos de existência, e ela foi formada por militantes, servidores públicos militantes, aguerridos, que viram um processo de sucateamento das mesmas instituições públicas de pesquisa por uma lei do empresariamento dos institutos de pesquisa durante o governo Laudo Natel.

A história se repete. E nós precisamos sempre da militância para resistir a esse... A destruição da coisa pública está ocorrendo em todos os níveis. Hoje vivemos um processo de empresariamento muito mais voraz do que há 50 anos.

Porém, se não fossem os militantes... faço questão, aqui, de enaltecer Alba Aparecida de Campos Lavras, Bernardo Goldman - representado aqui pela sua neta, Helena Goldman -, Dr. Carlos Pimentel (Inaudível.), (Inaudível.) Cavalieri, José Reis - que foi o primeiro presidente da APqC, Dr. Oswaldo Fidalgo... que ficou apenas três meses, e foi em seguida, por razões de saúde, substituído pelo saudoso Dr. Oswaldo Fidalgo, ainda vivo, com uma mente lúcida e aguerrida.

Então, eu quero dizer para vocês que essa militância tem que continuar sempre, porque nós vamos sempre ser ameaçados, o servidor público está sendo sempre ameaçado.

E se nós não continuarmos com essa militância, nós não vamos conseguir sobreviver à ganância do poder econômico em cima das nossas instituições públicas, das nossas áreas, dos nosso equipamentos, das nossas unidades de conservação, porque existem grandes interesses das áreas dos agronegócios, dos fármaco-negócios e da especulação imobiliária, que estão de olho nas nossas unidades.

Eu gostaria também, não poderia deixar de falar da Helena, que está honrando essa militância. Eu sei que ela entrou no Instituto Florestal como funcionária de apoio à pesquisa.

E é nesse sentido que eu quero enaltecer que a militância, nesse caso, não é apenas dos pesquisadores científicos, mas também dos servidores de apoio. Assim como esta Casa Legislativa, deputado Giannazi, não funciona apenas com parlamentares; ela funciona por causa de um staff de técnicos, de assistentes, de assessores, de cinegrafistas, fotógrafos e outras séries de profissionais altamente capacitados, para que esta máquina legislativa funcione.

Da mesma forma, os institutos de pesquisa precisam não apenas dos pesquisadores, mas precisam de um corpo técnico especializado para dar suporte à atividade do pesquisador, para que ele produza conhecimento e não fique entrando em atividades burocráticas, como atualmente está ocorrendo, deixando de produzir conhecimento científico e tecnológico simplesmente porque não há mais funcionários de apoio. Esses funcionários de apoio estão indo embora.

Então, Helena Dutra, conheço a sua trajetória, porque você entrou pela porta da frente, foi funcionária de apoio à pesquisa, e não deu as costas à sua origem. Ela continuou defendendo enfaticamente a criação de uma carreira de apoio à pesquisa, e continuará defendendo, sim. Eu tenho certeza.

E ela continuará lutando por valores que são atemporais, e é por isso, Dra. Helena, que eu quero parabenizá-la, em nome dos funcionários de apoio à pesquisa, e certamente, estão vendo pela TV Alesp, a importância de estarmos juntos e unidos, porque, sem essa união, não conseguiremos chegar a lugar algum.

E eu gostaria de terminar essa minha fala com uma frase célebre de John Stuart Mill: “Existem dois tipos de cidadãos: os ativos e os passivos. Os governantes preferem os últimos; a democracia precisa dos primeiros”. Helena, você faz parte dessa primeira categoria de cidadãos. Nós precisamos de servidores públicos ativos, e dos usuários dos institutos de pesquisa...

Todos vocês são usuários ativos, para defender o patrimônio público que seus avós e bisavós ajudaram a construir através de impostos, que hoje está sendo subtraído pela ganância da especulação imobiliária, para a ganância dos agronegócios e para a ganância dos fármaco-negócios.

Defendam os institutos públicos de pesquisa. Defendam os servidores públicos de pesquisa, para que esse legado seja deixado para as futuras gerações.

Parabéns, Dra. Helena.

Parabéns, deputado Carlos Giannazi, pela iniciativa; Patricia, pelo seu empenho nessa última atuação à frente dessa entidade. Mas vamos reverenciar aqueles que nos antecederam, de cabelos brancos, que não estão mais aqui na Terra, mas que ajudaram a construir esse sistema de ciência e tecnologia.

Obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Quem mais tinha levantado a mão?

 

A SRA.  MARIE MADELEINE HUTYRA DE PAULA LIMA - Boa noite. Estou muito emocionada. A Helena é uma pessoa fantástica, e eu a conheço faz pouco tempo, mas muito bem. E das falas que me antecederam, eu consegui reunir uma série de fatos muito interessantes.

Primeiro: a Helena queria ser médica, e ela adotou medicina, a medicina preventiva, porque cuidar do meio ambiente faz parte disso. O médico não faz milagres se não tiver uma prevenção, que o sistema ambiental nos proporciona.

Por outro lado, a Helena é funcionária pública estatutária pesquisadora. Se ela não fosse estatutária, ela não poderia agir com toda a coragem que ela age. Então, são fatos que, reunidos, mostram as possibilidades que a Helena teve para exercer a sua coragem, a coragem de militância como funcionária pública, pesquisadora, defensora do Meio Ambiente.

E isso nos dá uma sensação de que esta homenagem é extensiva aos funcionários públicos estatutários todos. E a questão do Meio Ambiente tem que ser levada em conta como prioridade, e a pesquisa científica na área ambiental idem, também.

Então, esta homenagem que o deputado Carlos Giannazi está possibilitando, por meio de aprovação da Assembleia Legislativa à Dra. Helena Dutra, é merecidíssima.

E eu fico feliz de poder contar com o trabalho de Helena Dutra por muito tempo.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado. Quem mais? Dra. Helena.

 

A SRA. HELENA - Boa noite a todos. Enquanto os maravilhosos discursos, que resumem tudo o que eu gostaria de falar... eu fui dar um google para ver o significado de honra no dicionário. E honra é aquele que tem a conduta proba, corajosa, reservada apenas aos heróis. Olha o significado.

Parabéns à Assembleia Legislativa de São Paulo, parabéns ao deputado por estar escolhendo uma verdadeira heroína de carne e osso para hoje ganhar esta honraria. A gente pensa em heróis que são construídos e muito no nosso imaginário. Hoje, a gente tem uma mulher, como falaram, mãe, avó da Sofia, e que luta.

Ela é pesquisadora estatutária e poderia também muito bem ficar em casa quando teve a extinção dos institutos. Eu escutei de vários deputados: “o que vocês estão fazendo aqui? Vocês são estatutários, vocês não vão perder os seus empregos, por que vocês estão vindo aqui lutar?”.

Quer dizer, nunca foi algo pessoal, sempre foi uma luta pelo Meio Ambiente. E eu agradeço, porque é uma luta intergeracional; não é uma luta para agora, esse trabalho que se faz aqui; esse reconhecimento é uma coisa para o futuro.

Hoje, se não fosse esse trabalho que vem exercendo essa luta - porque a Helena é sinônimo de luta, por todos os discursos aqui, é claro isso -, muitas áreas já teriam sido concedidas, vendidas, alienadas.

Até onde hoje encontra-se o Instituto Florestal, o instituto de pesquisas ambientais, nem mais ali estaria. Desde os próprios do ex-secretário Ricardo Salles etc.

Então, é uma luta que não é só de agora, não é daquela época, é uma luta que vem de muitos e muitos anos atrás. E eu quero agradecer à Helena por esse trabalho incrível, por essa luta. Eu quero agradecer em meu nome, em nome da minha família, em nome dos meus filhos, em nome de todo mundo, porque é exatamente isso.

Muito obrigada e parabéns. Parabéns, deputado. Parabéns à Assembleia Legislativa, é uma homenagem maravilhosa.

E eu tenho certeza de que cada um, com esta homenagem aqui, está sentindo também orgulho dentro do coração. É um orgulho impressionante, porque todo mundo sabe que todo mundo aqui também luta por isso, então vê-la representada significa que todo mundo também está fazendo certo.

Então, é extensivo a todos nós.

Muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Dra. Helena. Quem mais? A palavra continua franqueada a vocês, familiares, pesquisadores. Joaquim, que foi presidente também da associação.

 

O SR. JOAQUIM AZEVEDO - Boa noite a todos. Cheguei atrasado, mas é um pouco culpa do serviço e um pouco culpa do trânsito.

No caminho, a gente vinha falando de uma coisa que foi citada aqui, que o ideal seria dez funcionários para cada pesquisador, mas se a gente tivesse três, a gente já estaria muito contente. Mas hoje, ou a gente tem zero, ou tem zero vírgula um ou zero vírgula dois.

Há 15 anos, eu acho, 2005, eu falei essa mesma fala aqui. Os nossos institutos só têm cabeça, mas nós estamos sem braços e sem pernas, por falta de funcionários de apoio, pessoas que são imprescindíveis para o nosso dia a dia, e que são desvalorizados tanto na carreira em parte salarial, quanto em ainda não haver o concurso.

E sempre os nossos executivos, os nossos dirigentes, os governantes, dizem que isso é possível de ser feito com a terceirização. E já se passaram 25 anos, e a gente vê que isso não é possível. Não tem como você terceirizar uma coisa que tem que ser feita com dedicação e com conhecimento.

Tirar o leite de uma vaca como produtor é uma coisa. Tirar o leite de uma vaca fazendo pesquisa, é outra coisa completamente diferente. A mesma coisa em plantar um milho: produção é uma coisa, pesquisa é outra coisa completamente diferente.

Mas eu subi aqui só querendo falar uma coisa - e acabei falando outra coisa -, que a coragem que a gente encontra na Helena é rara. Essa coragem de ir, de lutar, de persistir, de resistência, de persistência, porque, infelizmente, nós temos uma classe de pesquisadores muito acomodada, que vê as coisas erradas, mas não coloca isso ao público - por não querer ter um desconforto, ou por medo de alguma coisa, de represália -, e isso nunca vi na Helena.

Vamos falar assim, eu a conheço de uns dez anos para cá, mas no dia a dia. Então, ela tem essa coragem de falar a verdade, não importa a quem doer.

Então, parabéns, Helena, pela sua coragem.

Obrigado ao deputado por reconhecer isso. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Joaquim. Quem mais? Mais alguém? Acho que tem o Rogério e a Ana. Vai a Ana e depois o Rogério.

 

A SRA. ANA - (Inaudível.) Como ela era tão bonita quando ela era criança, nós duas brincávamos de “mamãe e filhinha”, de boneca... fazia carinho uma na outra, e eu sempre amei você, Helena.

Você é o meu amor. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Aninha, pelas suas palavras. Rogério.

 

O SR. ROGÉRIO RABELLO - Boa noite a todos. Giannazi, parabéns pela homenagem. Meu nome é Rogério Rabello. Parabenizo toda a Mesa, a Patricia, o Fábio, a Helena, principalmente. Muito merecida a homenagem.

E eu queria colaborar um pouquinho com vocês hoje, depois de tudo o que foi dito aqui, trazendo um pouco para vocês da visão...

Eu, como conselheiro, que já fui, de duas unidades de conservação da região da Serra da Mantiqueira. Eu sou de Guaratinguetá, mas participo de uma associação de moradores que fica no bairro rural do Gomeral, em Guaratinguetá, na borda do Parque Estadual de Campos do Jordão.

Então, no nosso bairro rural, com potencial turístico, existe uma estrada que liga ali Guaratinguetá a Campos do Jordão. E além do parque estadual, ali nós temos duas APAs federais: a APA federal da Serra da Mantiqueira, que eu já fui conselheiro; e também a APA federal Mananciais Paraíba do Sul - tem um fragmento ali, e inclusive, está sem conselho e não tem nem plano de manejo até hoje, é uma questão que a gente tem que olhar.

E já que a gente falou, citei há pouco, tem a questão de plano de manejo, gestão do parque, o quão é importante a pesquisa científica, isso nos três níveis da federação, a gente está falando aqui do Estado.

Os institutos, inclusive, que foram extintos e aglutinados no Instituto de Pesquisas Ambientais, mas a gente entende que os outros três faziam o papel que hoje o Instituto de Pesquisas Ambientais não está podendo fazer da forma que deveria fazer.

E a gente percebeu isso no conselho, como a coisa funcionava, como a coisa acontecia, e uma coisa que está acontecendo paralela à questão dessa extinção, que foi feita de forma arbitrária, e de fato para viabilizar outra questão, que é a das privatizações, ficou muito claro para a gente isso lá.

A partir da privatização, a partir da concessão do parque estadual, e a gente entendeu, em um primeiro momento, que seria interessante, que iria deixar os pesquisadores, os analistas livres para fazer a conservação do parque.

Na prática, nada disso. A gente viu que a concessionária passa por cima da gestão do parque, ela desabilita a gestão participativa. A pesquisa, eu nem sei como está hoje, porque tinha grupos de trabalho que funcionavam, de pesquisa, o grupo de trabalho que tratava da questão da estrada parque entre Guaratinguetá e Campos do Jordão.

Jogaram de lado a estrada parque, agora só se fala de estrada cênica, que não tem nenhum regramento estadual para ser desenvolvido.

Então, a gente percebe que a narrativa do governo - o anterior com João Dória, atualmente com Tarcísio - é muito bonita, mas na prática... Vamos modernizar o Estado, vamos enxugar, vamos reduzir custos, enfim.

Na prática, o que eles acabam fazendo é deixando de lado pesquisadores como a Helena, para dar espaço para empresários inescrupulosos. É isso que a gente está vendo acontecer. Isso, na prática. Flexibilizando a questão da pesquisa, do licenciamento ambiental.

Então, a gente não vê propósito do lado do governo, o anterior e o atual, no sentido do bem comum. Não é. São alguns grupos empresariais que apoiam tais grupos políticos. E por conta disso, eles desagregam a pesquisa científica, e estão afetando não só a atual geração, mas as presentes que virão.

Então, eu agradeço. Acho que a honra - voltando agora mais uma vez à homenagem - é nossa. Agradeço muito o convite, Helena. Parabenizo a Patricia pela trajetória, a Helena agora está vindo como presidente a APqC. E mais uma questão que eu gostaria de colocar para finalizar...

Mais uma questão que eu queria colocar para finalizar. A gente viu a força que foi feita para desestruturar em um nível federal - eu falo, inclusive, do INPE, eu trabalho há dois anos no INPE. Mas a gente, apesar de todo esforço... em um nível estadual, a gente teve um avanço muito maior na questão da desagregação da pesquisa científica e da governança ambiental.

A gente tem que recuperar, não deixar a coisa retroceder em nível federal, a gente avançar. Em nível estadual, a gente está aí, com a Rede Nosso Parque, e contamos com mandatos como o do deputado Giannazi para poder impedir que esse processo continue, e a gente faça de novo, inclusive, a recuperação dos institutos que foram extintos.

Muito obrigado a todos.

Parabéns, Helena.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito obrigado, Rogério. Nós já estamos aqui, partindo para a parte final da nossa solenidade, mas tem um tempinho, ainda. Quem gostaria de fazer...

 

O SR. FÁBIO SANCHES - Pessoal, só... Desculpe, deputado. Só para mostrar o logotipo da Helena, aqui.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Então, vamos lá. Olha... Primeiro, eu quero agradecer a todas as pessoas que fizeram intervenções homenageando a Helena Dutra. Dou sequência à nossa sessão solene dizendo o seguinte:

O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. Foi criado em 2015, e é concedido a pessoas naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico do nosso estado, como forma de prestar-lhes pública e solenemente uma justa homenagem.

Esta sessão solene homenageia com a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo, a Sra. Helena Dutra Lutgens.

Aqui tem uma biografia dela, é até desnecessário a gente falar, porque já falaram muito sobre a vida dela, o histórico da Helena, mas vou ler rapidamente só para ficar registrado nos anais da Assembleia Legislativa e para as pessoas que estão acompanhando pela TV Assembleia, pelas nossas Redes Sociais e pelo YouTube da Alesp.

Então, vamos. A Helena Dutra Lutgens é ecóloga pela Unesp de Rio Claro, mestre em conservação e manejo de recursos e doutora em ecologia de recursos naturais. Atualmente, é pesquisadora do Instituto Florestal do estado de São Paulo, trabalhando em planejamento ambiental, manejo de unidades de conservação e educação ambiental. Em suas próprias palavras:

“A ecologia não entrou na minha vida de forma imediata. Durante minha época de colégio, eu nem sabia que havia um curso superior de ecologia. Eu queria cursar medicina e fiz curso preparatório para vestibular, cursinho, durante quatro anos, para isso. Mas, no quarto ano de cursinho, comecei a abrir minha mente para outras possibilidades, também. Gostava muito de biologia, de uma forma geral, e ecologia em especial.

Tive um professor no cursinho que me incentivava muito nesse ramo, e, por isso, decidi prestar ecologia na Unesp de Rio Claro. Prestei os vestibulares e tive resultados positivos em ambos os cursos, e uma dúvida muito grande preencheu o meu coração, pois finalmente havia passado em medicina, mas a ecologia já havia tomado lugar.

Depois de alguns percalços e insatisfação em uma parte da família, eu percebi que o que mais me fazia realizada era seguir nos estudos em ecologia.

Aventurei-me em Rio Claro em uma época quando havia muito menos reconhecimento desse ramo frente à sociedade. Foi uma decisão importante, da qual me orgulho muito. A minha irmã mais velha e o meu pai me ajudaram e apoiaram nessa decisão. Durante a graduação, estagiei em áreas relacionadas à ecologia de invertebrados, ecologia aquática e marinha.

Era uma aluna que estava sempre no departamento, tinha amizade com os docentes e funcionários. Fazia iniciações científicas e de entrega por completo ao curso, pois era o que gostava. E sabia que tinha de fazer de tudo para que isso desse certo. Carregava o peso de ter abandonado um curso...”. Realmente, de medicina.

“Que poderia propiciar a possibilidade para uma carreira incerta. Tinha compromisso com a minha família, foi durante a disciplina que se chamava ‘Parques e Reservas’, ministradas pela professora Maria Inez Pagani e professor Felisberto Cavalheiro, que entendeu que o manejo de áreas naturais e unidades de conservação seriam as áreas que gostaria de me aprofundar.

A disciplina oferecia uma viagem de campo que mudou minha vida. Iniciei um estágio voluntário no Instituto Florestal, por indicação do professor Felisberto. Logo depois de formada e nessa instituição, construí toda minha história profissional. Fui estagiária por um ano e meio, depois contratada, sendo a primeira ecóloga do Instituto Florestal. Em 1994, prestei concurso para assistente de pesquisa. Em 2004, entrei para a carreira de pesquisadora científica.

Sigo como lutadora contra a extinção do Instituto Florestal, que criou e manejou a maioria das unidades de conservação do estado de São Paulo até 2006. Tive chance de ver de perto essa inserção da proteção ambiental no contexto das comunidades e da sociedade. O instituto tem impacto direto na sociedade e no meio ambiente, pois atende as demandas necessárias e trabalha para que as pessoas tenham direito e acesso a um ambiente saudável e um maior bem-estar.

Assim, os impactos são diretos no desenvolvimento ante a interação com conservação, pesquisa e produção florestal sustentável.”

Então, agora, a gente vai entregar a comenda para a Helena. Mas antes eu quero, agora...

Aqui foi um texto oficial, e tenho o direito de tecer umas palavrinhas para a Helena - te admiro muito. Você foi uma professora para todos nós, para o nosso mandato, porque o nosso mandato sempre atuou na área da Educação, da Cultura e em outras áreas importantes. No Meio Ambiente também, mas não com essa profundidade. Nós aprendemos muito com a Helena, ela foi uma guia para nós.

Principalmente no momento em que os institutos de pesquisa estavam sendo atacados com o PL 529. Nós estávamos no auge da pandemia, e encontrávamos a Helena em várias lives, em várias audiências pelo computador, pelo celular.

Depois, nós conhecemos a Helena em carne e osso, ela participou de outras atividades aqui na Assembleia Legislativa. Mas ela esteve presente o tempo todo na luta contra a extinção dos institutos de pesquisa, dos três institutos, e está, também, na luta pela recriação desses institutos.

Acompanhei uma parte da trajetória da vida dela. Fui até a casa dela, onde ela estava morando, naquela área de conservação em Mogi Guaçu. Ela me mostrou, também, Itirapina; conheci a reserva de Itirapina com ela.

Fiquei encantado pela região toda - inclusive, quero voltar lá. Inclusive, quando ela falou que morou lá por um tempo, fazendo pesquisa, fiquei morrendo de inveja, porque é um lugar muito bonito. Não sei se vocês conhecem Itirapina. Vale a pena.

Enfim, mas a Helena também foi muito perseguida, foi muito assediada enquanto servidora pública, porque ela fez os enfrentamentos necessários. Ela é uma servidora pública, uma pesquisadora, uma pessoa extremamente preparada, qualificada e com credenciais na área da ciência, da pesquisa.

Mas ela também é uma militante, é uma pessoa que defende os serviços públicos, defende os institutos, defende os pesquisadores e as pesquisadoras do estado de São Paulo, os servidores em geral. Então, ela está antenada com várias lutas, principalmente no momento em que os servidores são atacados pela PEC 32.

Há um projeto de reforma administrativa na Assembleia Legislativa. Então, homenagear a Helena é homenagear todos os servidores e servidoras dos Institutos de Pesquisa do estado de São Paulo, que foram aprovados em concursos públicos e que estão defendendo uma prestação de serviço público, em todas as áreas, com qualidade para a população.

Helena, é uma honra enorme a gente aprovar uma comenda para você, aqui na Assembleia Legislativa de São Paulo, que é o maior Parlamento estadual da América Latina. Você está, agora, registrada como um projeto de resolução que foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Como disse o vereador Celso Giannazi, você agora é lei.

E quero estender esta homenagem aos seus familiares que estão aqui; a todos os pesquisadores, pesquisadoras; as pessoas que fizeram intervenção, e agradecer a oportunidade de te conhecer e de fazer esta homenagem. Para nós é uma honra enorme. Este evento de hoje ficará marcado aqui, nas nossas mentes, nos nossos corações e nos anais da Assembleia Legislativa.

Quero chamar você para ir até ali, no microfone, para a gente entregar a comenda - e aí ela vai falar. Agora ela é quem vai falar um pouco. É o momento esperado. (Palmas.)

 

* * *

 

- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Agora nós vamos ouvir a Helena. O momento mais esperado da nossa solenidade.

 

A SRA. HELENA DUTRA - Já foi dito aqui que eu falo muito devagar.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Eu queria dizer, Helena, que uma vez o Plínio de Arruda Sampaio, aqui mesmo na Assembleia Legislativa, em um evento, disse assim: “O Giannazi é um revolucionário de fala mansa”.

Eu quero estender para você, também. Você é uma revolucionária de fala mansa.

 

A SRA. HELENA DUTRA - Então, o devagar eu já tinha ouvido, mas que era mansa a minha fala eu não tinha ouvido ainda, não.

Mas, enfim, eu quero só registrar a emoção de estar passando por isso aqui hoje. Uma coisa que em momento algum eu imaginei, algum momento da minha vida. Até porque eu sempre estive do outro lado. Do lado de quem está questionando, do lado de quem está brigando. Receber uma honraria era uma coisa que eu não imaginava acontecer.

Estou muito emocionada, porque eu vi passar aqui, nesta tribuna, a minha história de vida. Por estar aqui com boa parte da minha família - embora falte muita gente; pessoas com quem eu trabalhei, pessoas com quem eu trabalho.

Tem uma colega aqui presente com quem eu trabalhei no meu primeiro contrato dentro do Instituto Florestal, que é a Sandra, uma pessoa que me acompanha, já, há anos. Então, tudo isso é muito forte; meus filhos, minha neta, meus irmãos, minhas irmãs, meus sobrinhos, amigos.

E eu queria dizer que em muitos momentos foi colocado que esta honraria era extensiva a todos os pesquisadores, e de fato, é. Ela é extensiva a todos os meus colegas, e um grupo em especial, de pessoas que se indignaram diante da extinção dos institutos de pesquisa do estado de São Paulo e que não se subordinaram a essa situação. Se indignaram, resistiram e continuam resistindo.

Quero registrar o nome da Gláucia, do Frederico, meus colegas de instituição e de luta, e meus grandes amigos. E outros, que não puderam estar aqui, mas que também têm essa condição. Também estão dentro da APqC, também estão lutando e, até alguns que não estão no APqC, mas que também continuam lutando.

Às vezes, tem que lutar meio de uma forma meio escondida, meio na sombra, porque, como bem disse o deputado, sempre sobra um assédio, sobra uma represália. Mais pessoas que se indignam.

Da mesma forma, quando o Fábio Sanches disse o porquê que ele estava na mesa, o porquê de ele estar na mesa...

Ele está na mesa representando, assim como a Patricia, as instituições que acolheram essa luta. Os coletivos e instituições que acolheram essa luta, bem como o deputado Giannazi, e que nos deram voz e força para seguir lutando.

Então, a primeira instituição a quem nós recorremos no momento da surpresa e do choque de ver o Instituto Florestal em um projeto de lei para ser instinto foi a APqC, a Associação de Pesquisadores, que passou a ser a nossa guardiã, o nosso espaço.

Onde a gente pode se sentir acolhido e protegido, de certa maneira, para a gente continuar lutando com o apoio da Associação e dos colegas. A gente foi sendo acolhido por diversas organizações e coletivos.

A gente gostaria de ter aqui hoje o Carlos Bocuhy, mas por motivos pessoais ele não pode vir. A organização dele, o Proam, foi uma das primeiras organizações que nos acolheu e nos fortaleceu.

Foi assim com o Nosso Parque, o pessoal da Cachoeira de Emas... Eu poderia citar as pessoas lá da União Guaçuana, em defesa do ambiente; eu poderia citar muitos coletivos.

Mas a gente trouxe alguns representantes, então esta Comenda é de todos nós, todos que continuamos lutando, todos aqueles que se indignam e não baixam a cabeça, e que seguem na luta, e que são necessários e indispensáveis. Bem como lembrou muito bem a deputada Luciene Cavalcante, parece tão óbvio que há a necessidade de uma mudança. E não é uma mudança de adaptar...

No tempo da faculdade, como foi lido no texto que o deputado apresentou... Faz muito tempo isso, foi em um momento em que estava surgindo a questão...

O curso de ecologia era muito novo, mas a própria questão ambiental, o movimento ambientalista era muito novo e recente para nós. E muito se havia a falar que: “Ah, a gente precisa encontrar alternativas de desenvolvimento, alternativas... E mostrar que proteger o meio ambiente também pode ser lucrativo, também pode ser interessante”.

E, hoje, eu vejo que não. A gente não tem que se adaptar ao sistema. A gente tem que mudar o sistema. Não há chance nesse sistema, não tem alternativa. Nós estamos chegando na beiradinha do precipício.

Não há como. Não tem essa história de crédito de carbono, vender floresta, entregar unidade de conservação para a iniciativa privada, entregar água, entregar energia. Isso é se jogar no precipício, é correr em direção a ele. Não há alternativa neste sistema.

A gente veio para dizer: “Olha, muda o sistema. É preciso ser diferente. É preciso pensar no coletivo. É preciso ser para todos”. E vamos em frente nessa luta.

Eu agradeço muito, deputado Giannazi, não apenas por esta honraria tão emocionante e tão surpreendente, mas todo o seu apoio, todo o seu envolvimento com a nossa e com as diversas causas que você apoia, que você envolve, e que são as causas da sociedade, as causas pelo bem comum.

Não são causas para defender esse ou aquele interesse específico, de determinados setores poderosos. São as causas pela sociedade, pelo conjunto. Sou muito grata pela sua luta e pela sua história dentro desta Casa.

Não poderia deixar de dizer que é um gostinho muito bom de receber uma homenagem dentro desta Casa, que aprovou o PL 529 e que aprovou a extinção do Instituto Florestal, do Instituto Geológico, do Instituto de Botânica e, inclusive, da Sucen, que não é do Meio Ambiente. Mas, como bem disse a Madeleine, saúde e meio ambiente são coisas interligadas.

Então, obrigada, deputados, pela honraria. Espero aqui retornar no dia em que for aprovada a recriação dos nossos institutos de pesquisa. Agradeço a todos. Alguns vieram de longe; alguns vieram do trabalho, cansados; minha família, meus amigos e meus colegas; deputado Giannazi, é claro.

E é isso, é uma festa, agora.

Obrigada gente, muito obrigada. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, Helena.

Bom, esgotado o objeto da presente sessão, agradeço às autoridades, à nossa equipe, aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia, da fotografia, do serviço de atas, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da imprensa da Casa, da TV Alesp, das assessorias policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram com o pleno êxito desta solenidade.

Está encerrada esta solenidade, esta sessão. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 03 minutos.

 

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