4 DE AGOSTO DE 2025

96ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: EDUARDO SUPLICY e REIS

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h11min.

        

2 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - REIS

Assume a Presidência.

        

4 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

6 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - CAPITÃO TELHADA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - REIS

Assume a Presidência.

        

9 - CONTE LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

11 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

12 - CAPITÃO TELHADA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - CONTE LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

14 - CONTE LOPES

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

15 - PRESIDENTE REIS

Defere o pedido. Tece comentários ao pronunciamento do deputado Capitão Telhada. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 05/08, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h36min.

 

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ÍNTEGRA

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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 - Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior e recebe o expediente. Vamos aqui chamar os deputados conforme a lista dos oradores que se inscreveram para falar no Pequeno Expediente.

Tem a palavra o Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Tem a palavra o deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.)  Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Marcelo Aguiar. (Pausa.)

Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Deputado Reis, presente. Tem a palavra pelo tempo regimental, caro deputado Reis, do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. REIS - PT - Muito obrigado, presidente, deputado, Eduardo Suplicy.

Quero abrir aqui a minha fala já dando os parabéns para V. Exa. por conta da sua participação do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, e que V. Exa. fez a sua exposição sobre esse programa de distribuição de renda, que V. Exa. persegue há muitos anos, desde sua primeira experiência no Senado. E a experiência na cidade de São Paulo, na época com a prefeita Marta Suplicy, com o programa de renda mínima, que começou pelo Capão Redondo.

É bom a gente lembrar que hoje nós temos, sim, o programa “Bolsa Família”, que atende milhões de pessoas no País, mas a primeira experiência, que foi muito exitosa, foi com a prefeita Marta Suplicy, quando ela estava a frente da Prefeitura de São Paulo e começou a experiência pelo Capão Redondo, que era uma região muito pobre, muito carente.

A partir do momento que começou a distribuir renda naquela região, os comércios foram abrindo as suas portas, lojas de nome como Pernambucanas e Casas Bahia foram para o Capão Redondo, porque passou a circular dinheiro em uma região que a economia estava tão estagnada.

Então quero deixar registrado aqui o reconhecimento, nosso reconhecimento, do povo de São Paulo, do Partido dos Trabalhadores com a sua luta por um programa de distribuição de renda para todos, conforme é o projeto que V. Exa. já aprovou lá em Brasília e que a gente espera que, muito em breve, possa ser regulamentado e atender todos os cidadãos e cidadãs do nosso país.

Quero também, deputado Suplicy, cumprimentar aqui o público presente, os integrantes da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Técnico-científica, da Polícia Penal, todos os funcionários desta Casa e também todos aqueles e aquelas que nos acompanham diuturnamente pela Rede Alesp. E dizer da minha felicidade de estar retornando após o recesso. Não pude estar aqui na sexta-feira porque estava em viagem para Brasília, assim como, também, V. Exa. estava lá.

Mas hoje eu estou aqui para ser um dos primeiros a falar. E o que eu quero falar hoje? Eu quero, assim, descomemorar os 5%, porque não dá para comemorar, não é, gente? Os 5% do governador Tarcísio de Freitas que os funcionários públicos, depois de tanto tempo, vão receber agora no 5º dia útil. Cinco por cento que, para algumas categorias, não vai dar nem para fazer uma feira, mas foi o que ele disponibilizou para os servidores públicos.

Ele poderia ter sancionado esse Projeto nº 1.425, que virou a Lei nº 1.425, de 2025... Esse projeto poderia ser sancionado no dia seguinte à aprovação, porque no dia 14 de maio o presidente da Assembleia mandou o autógrafo para o Palácio dos Bandeirantes.

E eu, inclusive, na bancada, deputado Suplicy, quando veio o debate de que os servidores estavam contrários e que talvez tivesse que obstruir a aprovação dele, fui um dos que falei que era muito importante que se aprovasse o quanto antes, para que não fôssemos cobrados depois do projeto ter demorado tanto para ser sancionado.

Então nós fizemos a nossa lição de casa. Agilizamos a aprovação, porque é muito pouco 5%, mas é alguma coisa, não é nada. É um grão de areia. Mas é melhor ter esse grão de areia do que não ter sequer esse grão de areia. E nós aprovamos com muita rapidez.

No dia 14 de maio, o governador recebeu o autógrafo desta Casa. E ele esperou passar o mês de maio todinho e só em junho, no dia 2 de junho, sancionou esse projeto, com aquela cláusula do Art. 13 que valeria no mês seguinte, no primeiro dia do mês seguinte da data de sua aprovação.

Logo, passou-se o mês de junho todinho sem os 5%, começou a valer a partir do dia 1º de julho, e agora, no dia 7, então, os servidores vão ter lá no seu holerite esse reajuste insignificante, porque o governo poderia ter melhorado, ter reconhecido, ter valorizado melhor os seus servidores e pago, pelo menos, pelo menos, a inflação de 2023 e a inflação de 2024 que nós, então, estaremos falando de 9,45. Pelo menos os 9,45.

Mas, não, ficou em cinco por cento. Eu até falei que era o modelo Sylvia Design: o primeiro pagamento só para agosto. E agora, então, estamos em agosto e os servidores podem, então, descomemorar os 5% que o Sr. Tarcísio colocou para eles.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito obrigado.

Meus cumprimentos, deputado Reis, por sua constante combatividade e sempre estando presente aqui na medida do possível em quase todas sessões plenárias. Agradeço se puder presidir agora a sessão, para que eu, então, possa usar da palavra.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

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O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista de oradores, chamo para fazer uso da palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Deputado Emídio de Souza. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.)

Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputada Solange Freitas. (Pausa.) Deputado Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Deputado Oseias de Madureira. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Reis, que esteve comigo neste 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, que reuniu - neste último final de semana, sexta, sábado e domingo - cerca de mil militantes, participantes deste encontro notável, que deu posse à nova direção do partido, ao novo presidente, o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, e tivemos lá a oportunidade de debater emendas para o nosso governo, e eu apresentei uma emenda.

Agradeço, se o Machado puder colocar o vídeo da defesa que fiz, e me sinto muito honrado, deputado Reis, por ter, então, aplaudido esta minha fala sobre aquela emenda que foi aprovada por consenso relativa à renda básica universal. Por favor, pode passar.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Poxa vida. Olha, Reis, eu fiquei emocionado, tanto ali... Mas quero aqui registrar que essa emenda, por mim apresentada lá no Congresso Nacional, tem o seguinte teor: é fundamental que o Partido dos Trabalhadores defenda de forma incansável a implementação da Lei nº 10.835, de 2004, que institui a renda básica de cidadania, articulando e mobilizando o apoio às propostas de transição gradual do programa “Bolsa Família” até a consolidação da renda básica universal e incondicional, conforme expressa a Lei nº 14.601, de 2023, promulgada pelo presidente Lula em 19 de junho de 2023, e de acordo com o apresentado pelo grupo de trabalho da renda básica, junto ao Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável, chamado Conselhão, criado pelo presidente Lula, desde 2024.

Será necessário repensar o sistema econômico atual e defender soluções institucionais e inovadoras, capazes de promover dignidade, elevar o grau de justiça social e garantir a todos os indivíduos a participação na riqueza da Nação.

Assim, cada pessoa, independentemente de sua origem, raça, sexo, idade, condição civil ou mesmo socioeconômica, poderá, por meio da renda básica de cidadania, satisfazer suas necessidades básicas, ampliar sua liberdade e dignidade.

Uma sociedade justa e fraterna, como a que propomos, deve assegurar a todos a oportunidade de se desenvolver em condições de igualdade longe da miséria. Cabe ressaltar que a legislação que institui por etapas, começando pelos mais necessitados, como faz o “Bolsa Família”, até que se torne universal a renda básica de cidadania, foi aprovada por consenso de todos os partidos.

E há, inclusive, uma resolução em 2021 do Supremo Tribunal Federal, determinando que o governo federal precisa colocar em prática a renda básica de cidadania. Então quero muito colaborar com o presidente Lula e esse grupo de trabalho, que está estudando como será possível realizar essa transição ao longo dos próximos anos.

Muito obrigado, caro presidente, deputado Reis.

Se desejar falar mais uma vez, eu assumirei a Presidência da sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Fico no aguardo de V. Exa. assumir a Presidência.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra agora o deputado Felipe Franco. (Pausa.) Dani Alonso. (Pausa.) Ediane Maria. (Pausa.) Marina Helou. (Pausa.) Caio França. (Pausa.) Guilherme Cortez. (Pausa.) Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.) Marcos Damasio. (Pausa.) Beth Sahão. (Pausa.) Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Conte Lopes. (Pausa.) Ana Perugini. (Pausa.) Delegado Olim. (Pausa.) Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.)

Passemos à Lista Suplementar. Capitão Telhada. (Pausa.) Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Reis, do Partido dos Trabalhadores, tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. REIS - PT - Sr. Presidente, eu tenho dois temas para tratar. Eu vou falar desses dois temas, eu vou ultrapassar um pouco o tempo e aí eu subo para V. Exa. descer e continuar aqui no Pequeno Expediente.

Bom, primeiro tem um vídeo - eu vou pedir para o Machado colocar - sobre o nosso colega, da minha seccional, que foi vítima de uma tragédia lá no Campo Limpo, na Rua Miguel Auza, em uma comunidade que tem lá, Favela do Fogaréu, conforme eles chamam, Comunidade do Fogaréu, na Rua Miguel Auza, próximo ali do Jardim Marcelo, no Capão Redondo. Por favor.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Muito obrigado, Machado. Bom, eu trouxe esse vídeo porque os meus colegas lá da minha seccional ficaram... Isso aí trouxe um trauma para eles, porque o Rafael é uma pessoa muito bem quista. E a gente pode deduzir... Essa tragédia... Às vezes, não se trata de dividir, de pôr um contra o outro. Mas eu entendo que tanto a Polícia Civil, como a Polícia Militar têm que aperfeiçoar melhor os seus protocolos para evitar que isso aconteça.

A Polícia Civil estava fazendo uma operação. Bom, ela poderia ter informado os órgãos de comunicação que tinha uma operação da Polícia Civil para prender um latrocida naquela favela, naquela comunidade ali, da Miguel Auza, em que pese que a viatura da Rota já tinha passado por lá, já tinha deparado com as viaturas da Polícia Civil que estavam nas proximidades nessa operação.

A outra questão que não está bem explicada é a chave. Porque ele diz que achou a chave na escadaria, mas ele foi no portão certinho. Ele não ficou testando os portões para saber qual o portão que aquela chave abriria. A própria câmera dele não mostra ele achando a chave, mostra ele correndo, indo até o portão e abrindo, enfiando a chave no portão da biqueira. Entrou ali na biqueira e acabou acontecendo essa tragédia.

Essa tragédia que, também, do ponto de vista da Polícia Militar, poderia ter sido evitada. Porque, obviamente que, se eu entro em uma favela e deparo com alguém armado, eu primeiro tenho que gritar que ele solte a arma, que ele deite no chão, que ele coloque as mãos para cima.

Então existem alguns protocolos que precisam ser seguidos. E são protocolos que vêm da Academia, que vêm da escola. Então uma tragédia que poderia ter sido evitada. E hoje nós temos, então, uma família que perdeu um pai de família, o Rafael, e que, para nós, foi muito sofrimento o que aconteceu. Foi muito sofrido o que aconteceu com o nosso colega, o Rafael, lá do Cerco da 3ª Seccional.

Outro tema que eu quero deixar registrado, presidente, é sobre o esgoto que está vazando no Rio Pinheiros. Houve uma falha nas bombas, bombas vencidas. Então a Sabesp, desde que foi privatizada, há uma série de reclamações com relação à água, à qualidade da água, à água que não está subindo em alguns locais, à água que está saindo nas torneiras com cheiro, que está saindo turva, que está saindo escura.

E agora, hoje, está em toda a mídia, está em todos os meios de comunicação, a grande mancha de esgoto no Rio Pinheiros, que até o governo anterior vinha fazendo um tratamento para recuperar aquelas águas do Rio Pinheiros, e agora virou um esgoto a céu aberto.

“Um problema na estação elevatória do Rio Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, fez com que o esgoto vazasse no local na sexta-feira. A Sabesp, que opera o equipamento, foi multada em 1,1 milhão. A falha aconteceu em uma das bombas da estação, que estão vencidas desde 2020.

Segundo a Sabesp, as bombas operam de forma instável porque passaram por cinco anos de vida. O vazamento foi contido e bombas velhas passaram por manutenção. A Sabesp enviou técnicos até o local em uma manutenção emergencial, para evitar novos problemas nas bombas atuais, e tem previsão máxima de 60 dias para resolver o problema.

Novas bombas foram encomendadas em um projeto de renovação da estação, que custou 20 milhões. As bombas novas terão 13 metros de altura e são produzidas na Suíça. A substituição total das bombas pode demorar quase um ano. Segundo a Sabesp, o material é produzido sob medida e a troca das novas bombas deve acontecer até o final de 2026.

Problemas operacionais são recorrentes desde 2000, diz a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Em nota, o órgão confirmou que multou a Sabesp e tem aplicado novas sanções. A Sabesp alega que a troca das bombas demorou porque não tinha recursos.”

Imaginem vocês, a quantidade de dinheiro que essa empresa pagou para os seus acionistas, a quantidade de dinheiro que essa empresa arrecada no seu dia a dia, e os serviços só têm precarizado. Ou seja, a privatização da Sabesp ainda não deu o retorno que o governo, que fez a maior propaganda para vendê-la, disse que teria.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus cumprimentos, deputado Reis.

Agora, o próximo orador inscrito é o Capitão Telhada, que tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. CAPITÃO TELHADA - PP - Muito obrigado, presidente, deputado Eduardo Suplicy.

Uma excelente tarde a todos os presentes, a todos que nos acompanham pela Rede Alesp, pelos canais oficiais da Assembleia Legislativa, pelo YouTube e demais. Uma excelente tarde a todos os funcionários da Assembleia Legislativa, funcionários civis, funcionários militares, a todos que nos acompanham. Excelente início de semestre, segundo semestre de 2025 começando.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

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O tempo voa, não é? Já se foram sete meses aí de 2025. Dia 1º de agosto, retomamos as atividades parlamentares, as atividades legislativas. E hoje, segunda-feira, dia 4 de agosto, de maneira um pouco mais concreta, retornando aí as atividades na Casa. Uma expectativa de que este segundo semestre seja uma oportunidade para debatermos temas importantes para o estado de São Paulo, para que a gente possa trazer à tona, trazer aqui à discussão, ao debate na Assembleia Legislativa, os temas que irão refletir diretamente na vida do nosso cidadão de bem.

Inclusive, temas caros ao nosso mandato, ao nosso segmento, que são os temas da Segurança Pública. Nós estamos atentos e com uma expectativa alta de que, neste segundo semestre, nós consigamos alcançar alguns objetivos, dentre os quais temos compromisso do nosso governador, Tarcísio de Freitas, de que sejam atendidos.

Nós temos temas aí para serem publicados, como a assinatura e a liberação das cartas de crédito do programa de habitação segura para agentes da Segurança Pública - Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal -, que já era para ter saído em julho, pelo que tínhamos aí o compromisso, não aconteceu ainda.

Então nós estamos atentos, estamos cobrando para que, o mais breve possível, seja uma realidade, seja anunciado esse grande pacote de recurso público, que vai influenciar diretamente no bem-estar da vida do nosso policial.

Um projeto que envolve a Secretaria de Segurança Pública, que envolve a Secretaria de Habitação, que a gente tem conhecimento que já está praticamente pronto, passou em debate aqui na Assembleia, foi aprovado, e nós estamos atentos e cobrando que seja, o quanto antes, anunciada a liberação desse programa.

Também temos outras demandas: a assinatura do PLC 135 já foi aprovada aqui na Assembleia, um importante avanço para os policiais militares, e a gente tem cobrado o governador Tarcísio para que, o quanto antes, seja aprovada também, sancionada, esse projeto de lei complementar que já foi aprovado aqui.

Estamos atentos, pessoal, principalmente a tudo o que acontece no Brasil. O momento é muito complicado. A gente vem acompanhando as últimas notícias, dia após dia, evoluindo assuntos, até para lados negativos. Todo dia uma notícia nova e, infelizmente, todo dia uma notícia ruim. Injustiças gigantes que vêm acontecendo com políticos e com cidadãos de bem aqui no Brasil.

Não bastasse os absurdos do 8 de janeiro, as milhares de vítimas, pessoas de bem que se encontram encarceradas lá, de maneira totalmente imparcial por parte dos juízes que julgam lá no STF essa ação, inquéritos que não acabam nunca, que a cada dia são acrescentados aí novos incisos, novas investigações, novas frentes.

Ontem, inclusive, domingo, dia 3 de agosto, estivemos presentes na manifestação aqui na Avenida Paulista, centro de São Paulo. Ela aconteceu concomitante no mesmo dia, no mesmo domingo, em 62 cidades por todo o Brasil - cidades maiores, cidades menores, capitais. Em todas, em todas as oportunidades, em todas as cidades, as manifestações se demonstraram gigantescas.

Eu gostaria... Eu mandei a foto aí ou não? Não? Eu vou mandar uma foto, por favor, vou pedir para colocar na tela. Eu gostaria de... Não, mandei, sim. Acho que mandei, sim. Pode colocar na tela, por favor, um registro que a gente fez ontem na Avenida Paulista, do carro de som, ali da Paulista com Peixoto Gomide?

Não sei se dá para ver ao certo o fundo: ali do meu lado esquerdo da tela tem o Masp, e, pelo menos, pessoal, vocês que assistiram por televisão, imagens de drones, podem verificar na internet, uns sete ou oito quarteirões da Av. Paulista, para um lado de onde estava posicionado o caminhão, mais uns três ou quatro quarteirões do outro lado de onde estava posicionado o caminhão, mas, assim, nos surpreendeu, inclusive a nós, que estamos presentes em todas as manifestações há pelo menos três ou quatro anos. Em todas as manifestações, nós marcamos presença lá na Paulista.

Essa de ontem, de verdade, nos surpreendeu, porque foi sem a presença do presidente Bolsonaro, que está sofrendo medidas cautelares totalmente absurdas, praticamente preso, não pode sair da cidade, sair de casa das sete às 19, não pode falar, não pode dar entrevista. Órgãos de imprensa, órgãos jornalísticos da mídia não podem, inclusive, publicar qualquer entrevista, qualquer fala do presidente Bolsonaro.

Então, uma manifestação que não contou com a presença do presidente Bolsonaro, que não contou com a presença do governador Tarcísio, porque estava operado, está, após cirurgia, em recuperação; não teve a presença de outros governadores. Existia uma interrogação: como será essa manifestação? Será realmente grande ou não?

Quando chegamos lá, estava o deputado Conte Lopes conosco, outros deputados estaduais, deputados federais, vereadores, autoridades e lideranças políticas. Nós nos surpreendemos de maneira positiva. Quando vislumbramos lá a quantidade de cidadãos patriotas, de brasileiros presentes neste domingo, dia 3 de agosto, nós nos surpreendemos positivamente.

Digo até e afirmo: uma manifestação que ultrapassou a última, que foi em junho, que estava inclusive com a presença do Bolsonaro, com a presença do Tarcísio. Essa manifestação de ontem ultrapassou o número de presenças.

O que isso demonstra? Para encerrar, presidente: demonstra que o cidadão de bem, o cidadão brasileiro está colocando, através desse recado, da presença em todas as cidades do Brasil - Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e outras -, está demonstrando o tamanho da sua insatisfação, como o cidadão de bem percebe quando a injustiça está sendo praticada contra pessoas que não merecem.

Não são bandidos, não são traficantes, não são assassinos. São pessoas trabalhadoras que estão presas desde 8 de janeiro, em que pese terem praticado um ato de quebra-quebra, de dano, estão pagando por algo muito desproporcional a sua ação.

Da mesma maneira, uma injustiça que está sendo praticada contra o presidente Bolsonaro com essas medidas cautelares, calando a sua voz, mas a direita e o cidadão de bem, principalmente, estão demonstrando nas ruas o tamanho da sua indignação e que estão prontos para lutar por um Brasil melhor, um Brasil decente, um Brasil justo.

Nós estamos atentos e acompanhando cada ato, não só acompanhando, mas apoiando fisicamente, presencialmente, nas redes, na tribuna, e não nos calaremos enquanto tivermos essa oportunidade e essa liberdade.

Obrigado, presidente.

Mais uma vez, um excelente semestre a todos.

Contem comigo.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Chamo para fazer uso da palavra o deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente Reis, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, o presidente Lula é ex-presidiário. Ficou 580 dias preso. Não sou eu que estou falando, nobre deputado Reis. Vossa Excelência fica bravo, nervoso, mas ele ficou preso 580 dias. Não fui eu que contei. Ele que trocava cartas com a Janja 580 vezes.

Agora, o presidente Bolsonaro está praticamente recolhido e, obviamente, vai ser condenado. Eu pergunto: o mundo consegue entender isso? Como é que advogados de Lula vão julgar Bolsonaro? Dias Toffoli, Zanin, foram advogados do Lula, do PT. Tem mais um, o Alexandre de Moraes, que, quando ele abre a sessão do Supremo, ele já falou, tomou, já votou o que ele vai decidir. Então, aqui aos 40 anos, eu acho... Fico surpreso com isso.

Eu participei de uma ocorrência, quando eu era capitão da Polícia Militar, de um cara que matou o Jesus, o cidadão; o DHPP foi para lá, presidente Reis. Ele baleou o investigador Roberto no peito, o suspeito, um tal de Ozeias, tinha baleado, matou o Jesus e baleou o investigador Roberto no peito. Foi o Tático Móvel para lá. Ele matou o tenente Rágio, um jovem tenente de 21 anos, o Ozeias matou.

O Ozeias segurava uma mulher e quatro crianças como reféns dentro de uma casa. Em seguida foi a Rota. Ele baleou o policial Celso Vendramini. Eu era comandante da tropa, foram me chamar, foram me buscar em casa.

Não é como o Caco Barcelos escreve no livro dele, que eu ia para a ocorrência para aparecer; é que eu era o comandante. Todo mundo baleado, eu fui lá, lá na periferia de São Paulo, na zona sul de São Paulo. Chegando lá, toda a polícia cercando, era umas 11 horas da noite, o cara dentro da casa com a mulher, com as crianças, os policiais do lado de cá, tudo armado.

Eu escuto um tiro, foi depois que eu cheguei, ainda avisei o tenente Gilson Lopes que eu tinha chegado, que era comandado meu. Ele disse para mim: “Espera um pouco”. Eu escutei um tiro, achei que o Gilson tinha acertado o cara. Mas aí o Gilson cai baleado. Tivemos que retirar o Gilson.

O Ozeias grita lá de dentro: “Acertei mais um aí, hein?” Eu falei: “Você acertou”. “E quem vier me buscar aqui, eu vou acertar.” Eu falei: “Então solta a mulher e as crianças, que eu vou te buscar”. “Não, não. E a Rota já chegou?” Eu falei: “Não, a Rota não chegou, porque se a Rota chegar, você vai morrer.” Ele falou: “Não, eu quero matar dez caras da Rota, depois eu posso morrer”.

Bom, conclusão. Nessa conversa, eu percebi que ele, onde ele estava, dentro de um banheiro, com a mulher e com as quatro crianças, ele saía e atirava em todo mundo. E eu atirei nele e o acertei na cabeça. Eu acertei na cabeça. Quando ele caiu, a mulher gritou, fomos lá, pegamos o revólver, ele estava sentado de cueca dentro da privada do banheiro, praticamente. Ele caiu lá dentro de costas. A mulher era mulher dele, deputado Reis.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Foi no Jardim Vera Cruz?

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Na zona sul. As quatro crianças eram filhos do cara, que até dias atrás ligaram para mim, ficam com esse negócio de WhatsApp aí, o cara me xingando: “Você é um assassino, matou meu pai.”

Eu falei: “Por causa dele, do risco que ele correu com a sua família, ele matou um tenente e baleou um investigador, baleou um outro tenente, baleou um soldado, e nós não invadimos por causa de você, que eu achei que você era filho dele”, e a mulher era uma refém, porque todos eram reféns desde aquele momento.

Bom, só a conclusão. Eu estou contando uma ocorrência só para dizer: depois de 20 anos, eu vim ser deputado e fui para o Tribunal de Justiça, ser julgado por 25 desembargadores. No meio dos 25 desembargadores, havia um, presidente Reis, que foi professor meu de Direito, na Academia do Barro Branco.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Coronel José Vicente?

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Não, não foi o José Vicente, não. E esse professor meu, que estava como desembargador, no dia do julgamento, ou quando o julgamento veio no pleno, ele se considerou suspeito, porque ele deu aula para mim, ele falou que ele não podia me julgar, o Alvaro Lazzarini, que era o desembargador.

Agora eu vejo: o cara julga o cara que o outro pôs, depois o outro vai lá e prende o outro que o cara pôs. Onde nós vamos parar? Acho que o mundo não consegue entender o que está acontecendo no Brasil. E estou falando o que eu sempre falei aqui, eu acho um absurdo que o cara tinha um apartamento na beira da praia  Presidente da República com apartamento na paria e foi preso?

E agora nós estamos na mesma coisa, onde vamos parar com isso aí? A gente está ficando velho já. Ontem o Edinho Silva, que assumiu a presidência do PT dizia: “O que nós vamos fazer sem o Lula?” Na verdade, o tempo passa para todo mundo. Agora, onde nós vamos parar com isso aí?

Hoje tem um senador de tornozeleira, que o Alexandre de Moraes determina ao Alcolumbre, presidente do Supremo, para tirar o salário dele, tirar tudo do cara. E aí, onde vamos parar? Honestamente não dá para entender, parece que é normal prender político agora. Prende e pronto, o cara que se vire, o cara que se vire.

Mas é isso, Sr. Presidente. Ontem também estivemos, sim, na manifestação, foi no Brasil inteiro, então é uma guerra. Agora entrou os Estados Unidos com o Trump também, com o tarifaço, que está ferrando todo mundo, vai ferrar todo mundo.

Então, fica aí se nós estamos com o caminho certo ou tem que se mudar algumas coisas para... Quem pode até explicar para nós melhor é o senador Suplicy aí porque eu não consigo entender como se prende todo mundo e aí vai prendendo, vai prendendo, tornozeleira. Mais fácil é ser bandido hoje em dia do que ser político.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Chamo para fazer uso da palavra o deputado Eduardo Suplicy pelo tempo remanescente do Pequeno Expediente.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Reis, eu também terei dois assuntos aqui.

Primeiro que foi criado um espaço de Cannabis medicinal, da Flor da Vida e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Meus colegas parlamentares, hoje venho compartilhar um marco histórico para a saúde pública para os trabalhadores e para a justiça social em nosso estado de São Paulo.

Na última quinta-feira, 31, foi inaugurado em São Bernardo do Campo o primeiro espaço de Cannabis medicinal voltado ao atendimento popular, fruto de uma parceria pioneira entre a Associação Terapêutica Cannabis Medicinal Flor da Vida e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Nesse projeto não se representa esperança para milhares de pessoas, mas também apontam um caminho inovador para o acesso democrático à saúde no nosso estado de São Paulo e do Brasil.

Essa iniciativa surge como uma alternativa vital frente às limitações impostas pelo atual modelo de acesso à Cannabis e seus compostos para fins de saúde. Atualmente, o panorama privilegia produtos farmacêuticos importados, caros, inacessíveis à maioria da população. Enquanto multinacionais dominam o mercado, trabalhadores e famílias de baixa renda são excluídos de tratamento que pode aliviar dores crônicas, epilepsia, Parkinson, depressão e tantas outras condições.

Essa união entre movimento sindical e associações de pacientes prova que outro modelo é possível, um modelo popular, com preço social e foco na saúde da classe trabalhadora.

Como bem destacou Andréa Souza, diretora do sindicado, essa é uma luta por acesso justo e igualitário, e Enor Machado, presidente da Flor da Vida, lembrou que o trabalho das associações é um contraponto essencial à falta de regulamentação federal, mostrando que o cultivo associativo e familiar pode reparar injustiças históricas, disputando espaço com setores que visam ao lucro.

Eu mesmo sou testemunha dos benefícios da Cannabis medicinal. Posso afirmar, e isso eu me pronunciei perante todos lá, naquela cerimônia, posso afirmar que o tratamento com essa planta transformou minha saúde e minha vida.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Suplicy, como o tempo venceu, do Pequeno Expediente, eu vou encerrar o Pequeno Expediente e entrar no Grande Expediente. Vossa Excelência, só um minutinho.

Encerrado o Pequeno Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Entrando no Grande Expediente, chamo para fazer uso da palavra a deputada Marina Helou. (Pausa.) Deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy, por permuta com o deputado Teonilio Barba. Tem V. Exa. dez minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Agradeço a atenção, deputado Reis, porque, assim, eu poderei completar a minha fala sobre esse tema, que é muito significativo, pois eu sou testemunha dos benefícios da Cannabis medicinal.

O tratamento com essa planta tem melhorado a minha saúde e minha vida. E não estou só. O deputado Barba relatou como sua filha, que dependia de um remédio de 70 mil reais, hoje tem qualidade de vida graças ao tratamento com a Cannabis.

Esse é o poder de um remédio democrático, como definiu a associação, um direito que deve chegar a todos que precisam via SUS, Sistema Único de Saúde, como já ocorre em Ribeirão Pires, como a primeira clínica pública do País.

Esse modelo, com acolhimento especializado e parcerias, como a futura expansão com a Central Única dos Trabalhadores, CUT, deve inspirar sindicatos e governos. Afinal, mesmo em países onde a Cannabis é legalizada, o acesso popular falhou.

Essa iniciativa exemplifica que, quando o movimento social e a força trabalhista se unem, criamos políticas públicas reais. Esperamos em breve trazer indicadores que mostrem os resultados dessa parceria.

Esta Casa deve apoiar iniciativas como essa, garantindo recurso, legislação e reconhecimento para que a Cannabis, em prol da saúde, seja, de fato, um direito de todos. Que essa semente plantada no ABC floresça em todo o Brasil, trazendo saúde e esperança aos que mais precisam.

Eu quero dizer que estive lá presente também representando a Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, que é coordenada, presidida pelo deputado, meu amigo e companheiro, Caio França. Ele, logo que eu cheguei aqui, me convidou para ser vice-presidente, ou vice-coordenador, dessa frente parlamentar.

Gostaria, Sr. Presidente, de também aqui expressar o meu apoio ao ministro Alexandre de Moraes e também registrar que a Universidade de São Paulo divulgou hoje uma importante nota pública em solidariedade ao professor da USP e ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Eis a íntegra dessa manifestação.

“Na quarta-feira passada, 30 de julho, foi imposta uma sanção econômica ao professor da Universidade de São Paulo e ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. A medida impõe restrições sobre propriedades e contas bancárias nos Estados Unidos, com repercussão internacional. Essas ações visam a criar constrangimento e ferir a autonomia de um dos mais destacados juízes brasileiros.

As restrições que agora são impostas contra o professor Alexandre de Moraes não têm sustentação jurídica, nem amparo na razão, assim como não encontram guarida na tradição das relações históricas entre o Brasil e os Estados Unidos.

A Lei Magnitsky, de 2016, utilizada como fundamento jurídico para a medida, não é aplicável ao caso. Estamos, portanto, diante de episódio típico de desvio de finalidade. Não se faz segredo que tal medida busque interromper um processo penal no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

O ministro Alexandre de Moraes sofre perseguição porque cumpre seu dever legal, conduzindo o processo em que - não é demais lembrar - se assegura amplo e total direito de defesa aos acusados, e que será analisado de forma colegiada pelo Supremo Tribunal Federal.

Em face dessa agressão despropositada, a Universidade de São Paulo expressa publicamente sua integral solidariedade ao ministro, com o qual tem orgulho de contar como professor titular da sua Faculdade de Direito, no Largo de São Francisco.

A medida, que visa a intimidar nosso professor, ofende a nossa instituição. A independência do magistrado e a autonomia do professor são princípios inegociáveis, e jamais poderiam ser pretendidos como instrumentos de barganha para qualquer finalidade. O professor Alexandre de Moraes sabe que não está sozinho: a USP está solidária, em sinal de respeito e admiração, por sua atuação como professor e como juiz do Supremo Tribunal Federal.”

Parabenizo a USP pelo importante posicionamento em nota pública divulgada hoje. E quero me solidarizar e juntar, pois também aqui me declaro como inteiramente solidário ao ministro Alexandre de Moraes. Eu considero totalmente inadequada esta iniciativa do presidente Trump e de todos os que estão acompanhando esta problemática.

Muito obrigado, deputado Reis.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista de oradores, chamo o deputado Paulo Mansur. (Pausa.) A deputada Paula da Bancada Feminista. (Pausa.) O deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) O deputado Capitão Telhada, em cessão de tempo pelo deputado Delegado Olim, tem V. Exa. o tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. CAPITÃO TELHADA - PP - Muito obrigado, presidente. Retorno à tribuna neste Grande Expediente, nesta segunda-feira, para trazer à tona e à luz uma ocorrência desse final de semana agora, entre o dia 31 de julho e primeiro de agosto.

Na verdade, de quinta para sexta-feira última. Uma ocorrência extremamente complexa, que testou todo o conhecimento, toda a capacidade operacional dos nossos policias militares e, principalmente, da nossa instituição, da Polícia Militar.

Uma ocorrência que, confesso, até os mais criativos instrutores, nas aulas de procedimento operacional padrão, na Escola de Soldados ou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco, teriam dificuldade em elucubrar, em criar uma ocorrência com tal complexidade.

Mas, antes de que eu mesmo fale sobre a ocorrência, eu gostaria de solicitar... O vídeo tem cinco minutos; eu vou passar um minuto e 30, dois minutos, que eu acredito que seja o principal. Mas, antes de passar o vídeo, é uma ocorrência ali na área do 38º Batalhão, zona leste de São Paulo, área do 49º DP. Os policiais que vão aparecer ali são policiais militares da força tática do 38º Batalhão, que estiveram envolvidos diretamente nessa ocorrência de sucesso. Por favor, pode passar o vídeo.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Então, policiais militares do tático e da Rocam, próximo à madrugada, abordam dois homens vestidos de policiais civis. Colete, distintivo. Os policiais militares solicitam a identificação, solicitam a funcional. Os indivíduos mantêm a arma na cintura.

Nesse momento, os policiais militares estão realizando o algemamento dos indivíduos. Os indivíduos resistindo à prisão. Essa é a vítima. Ok, pode parar o vídeo. Acho que aí já deu para entender a complexidade da ocorrência.

Então os policiais militares estavam em serviço, receberam a ligação pelo 190 emergência de que dois indivíduos vestidos, equipados e caracterizados como policiais civis...

Então dois supostos policiais civis teriam adentrado em uma residência na zona leste de São Paulo, Rua Papagaio, área do 49° DP. Estaria ocorrendo, não se sabia ao certo, uma tentativa de roubo, uma tentativa de extorsão. Os policiais militares chegaram com toda cautela.

Inicialmente, depois do vídeo vai mostrar, mas eles identificam um veículo parado, um Corsa, tem uma pessoa dentro, a pessoa tem o documento do carro, não tem passagem, é abordada, fica ali na posse dos policiais militares. E nesse momento, quando vão adentrar a rua, acabam se deparando com esses dois policiais civis; na verdade não eram, mas até o momento não se sabia.

Identificados, quando são abordados ou pelo menos interpelados pelos PMs: “Opa, me mostra a sua funcional. Você é policial civil? Qual a sua delegacia? Você está trabalhando com qual delegado? Tem aí um documento? Tem aí uma funcional?”

A todo momento eles tentam escapar da ação dos policiais militares, que, através da perspicácia, do tirocínio, através do raciocínio rápido, através da maturidade conseguem controlar a questão emocional, mesmo os dois ali, ambos, mantendo a mão na cintura.

Os dois bandidos ali, vestidos de policiais civis, estão com a mão na cintura. Foi apreendido uma arma, um revólver - um deles estava armado, pelo menos. Foi identificado uma arma, eu tenho o B.O. do 49º DP.

Depois do questionamento, eles não conseguem responder e acabam sendo abordados e aí tudo se revela. Surgem as vítimas, eram duas mulheres, um homem e duas crianças que moravam nessa residência, são estrangeiros, se não me engano bolivianos, e tiveram os seus aparelhos celulares subtraídos.

Os bandidos exigiam uma quantia em dinheiro, 50 mil reais, exigiam equipamentos eletroeletrônicos, joias e como não tinha na casa, tentaram levar o veículo da família, mas o veículo não funcionava. Eles tiraram fotos, agrediram os adultos, as vítimas, principalmente o homem, e falaram que voltariam no sábado, mas aí a Polícia Militar se fez presente e prendeu os dois indivíduos.

Por que eu mostrei essa ocorrência? Primeiramente para parabenizar os policiais componentes da Força Tática do 38º, eu faço questão de elogiar aqui nominalmente cada um dos policiais militares. São eles: tenente Viessa, sargento Nilson, sargento Tulio, cabo Félix, soldado Maia, Zaparoli, Rodrigues, Menezes, Carmona, Railander, Sobreira, Nascimento e Davi.

E faço nominalmente. Por quê? Quando acontece alguma coisa negativa, os policiais militares são expostos publicamente nos jornais nominalmente com foto, com imagem e com os nomes - até endereço da casa de policial militar eu já vi ser exposto em jornal nacional da Rede Globo.

Então, quando a gente tem que elogiar, a gente tem que elogiar nominalmente também. Esses policiais... Além do elogio que eu quero deixar registrado aqui publicamente na tribuna da Assembleia Legislativa, eu quero trazer luz justamente a complexidade desse tipo de ocorrência.

Deputados aqui, anteriores a mim, trouxeram ocorrências envolvendo a Polícia Militar e a Polícia Civil, deputado Reis citou uma ocorrência fatídica, uma ocorrência triste, uma ocorrência que ninguém deseja enfrentar no seu dia a dia, na sua atividade policial, que é justamente um erro, um confronto com alguém que está do seu lado, um outro policial vestido ali, trajado civilmente.

Isso já aconteceu, deputado Conte citou aqui outras ocorrências e fatalidades que aconteceram a confusão, um policial militar de folga fazendo uma prisão e passa uma viatura, acha que é bandido, acha que é um roubo.

Essas confusões, esses erros infelizmente acontecem, mas a complexidade da nossa profissão é gigantesca e nós não podemos jamais confundir uma situação complexa que foi fatal, que foi triste, que poderia ser evitada ou não, cabe agora as investigações, as corregedorias verificarem.

Não podemos jamais julgar e condenar um caso sem que ele tenha respeitado todo o devido processo legal, não podemos condenar as nossas palavras nas publicações em mídias sem que os policiais tenham a oportunidade de se defenderem e de colocarem ali a realidade dos fatos.

Olha essa ocorrência, poderia ter acontecido inúmeras situações, poderia ser dois policiais civis ali de fato que estivessem em uma averiguação sendo abordados por uma equipe da Polícia Militar.

Poderia ser ao contrário, policiais militares do serviço reservado sendo abordados por uma viatura da Polícia Civil ostensiva. Nem tudo na profissão policial a gente consegue antever, a gente consegue prever.

A gente sabe que todo dia o policial começa o seu serviço e não sabe como vai terminar, não sabe com o que ele vai se deparar naquele dia. Muitas vezes um policial trabalha 30 anos na mesma companhia, no mesmo bairro, na mesma cidade só que nunca um serviço é igual ao outro.

Essa é a natureza da nossa profissão policial, é justamente lidar com o desconhecido, lidar com aquilo que você, muitas vezes, não previu, mas tem que ter a capacidade operacional de lidar com isso.

As instituições estão a todo momento se reinventando, treinando os seus homens, seus agentes, todas as instituições policiais. Só que, infelizmente, o ser humano é passível de erro. Nós todos somos. Nós já participamos de ocorrências também similares a essa, e não podemos jamais julgar uma instituição ou pré-julgar homens e mulheres dignos que nunca querem errar. Nós sempre atuamos, colocamos a cara a tapa.

O policial vai lá, coloca o seu peito para tomar tiro. Inclusive, suscetível a erro, mas nunca na intenção de errar. É sempre na intenção de acertar. É sempre procurando ao máximo cumprir a sua missão constitucional, cumprir o seu juramento. É sempre procurando cumprir a lei, se manter vivo e voltar para casa, voltar para a sua família.

O sargento Mendes e a equipe lá da Rota, que eu conheço todos, estão respondendo agora na Justiça. Podem ter certeza. Quando o policial civil precisou, inclusive, de doação de sangue, todo efetivo da Rota ou quem esteve disponível foi voluntário para doação de sangue, para tentar ajudar ao máximo.

Conversei com o Dr. Nico, agora, semana passada, justamente sobre essa ocorrência. Nosso secretário adjunto estava, inclusive, na função de secretário de Segurança Pública. O Dr. Nico, que é delegado de polícia, sobre essa ocorrência, ele próprio colocou todo o seu entendimento, a sua experiência, e deixou muito claro a fatalidade que foi essa ocorrência.

Então nós não podemos fazer de um erro, que vai ser, justamente, verificado, que vai ser julgado, que vai ser processado pelas autoridades, pela instituição e pela Justiça... Não podemos fazer desse erro um palanque político.

Muito menos, não podemos, de maneira irresponsável, colocar as nossas instituições policiais, que tanto trabalham em conjunto, que tanto atuam de maneira sinérgica, unindo esforços contra o inimigo em comum - que é o bandido, vagabundos, esses sim são os nossos inimigos -, nós não podemos jamais, como parlamentares, como autoridades, justamente como conhecedores da profissão, colocar instituições umas contra as outras.

E devemos, sim, identificar erros pontuais, melhorá-los, melhorar em treinamentos, é claro, mas, principalmente, compreender, estar consciente da magnitude e da complexidade das nossas operações, que não são operações lineares, infelizmente.

Nós atuamos em um país que a Segurança Pública foi, por muitos anos, deixada de lado. E, agora, à nossa geração cabe resgatar isso. Valorizarmos o homem, valorizarmos a nossa mulher, equiparmos, investirmos e construir para o futuro e para o cidadão de bem uma cidade, um estado e um país melhores.

Obrigado, presidente.

Desculpe o tempo que ultrapassei.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista de oradores, chamo para fazer uso da palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Deputado Fábio Faria de Sá. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.)

Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) Deputada Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira. (Pausa.) Deputado Ricardo Madalena. (Pausa.)

Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputada Thainara Faria. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Emídio de Souza. (Pausa.)

Deputada Beth Sahão. (Pausa.) Deputado Alex de Madureira. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputado Edson Giriboni. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado Vitão do Cachorrão. (Pausa.) Deputada Maria Lúcia Amary. (Pausa.) Deputado Conte Lopes.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Obrigado, Sr. Presidente. Srs. Deputados, Sras. Deputadas, volto a esta tribuna diante das colocações do nobre deputado Capitão Telhada.

Deputado Reis, deputado Suplicy, ambos do PT, eu acho que tenho a solução para isso. Eu sei que muitos não vão gostar do que eu vou falar aqui, mas que tem solução, tem. Eu estou na polícia, entrei na polícia 60 anos atrás. Não é fácil, não. 67, quase 60 anos atrás.

Primeiro, a Polícia Militar, às vezes, quer fazer o trabalho da Polícia Civil. E o policial civil às vezes quer fazer o trabalho da Polícia Militar. Tem várias atividades da Polícia Civil, deputado Reis, e os caras fardados na rua. É, a Polícia Civil é para andar fardada, para fazer a investigação, diligência? É fardado? Os uniformes... Então tem solução, deputado Reis.

Na hora que o deputado Reis falar, eu vou falar para ele essa solução. Deputado Reis, fala para o presidente da República, Luiz Inácio da Silva, na PEC, unificar as polícias. Acaba tudo isso aí, Polícia Civil... O cara que vai fazer investigação vai estar à paisana, às vezes sem documento e às vezes até sem arma. É verdade. Às vezes até sem arma. Para não ser identificado como um policial civil.

Como é que você vai fazer investigação fardado? Da mesma forma, a Polícia Militar, que não tem que fazer investigação civil. Então, está simples, está a PEC lá, faz isso na PEC, deputado Reis.

Unifica as polícias. “Ah, não, mas coronel não vai querer. Ele tem a viatura dele, ele tem o brindado, o cara que leva”. O delegado também não quer, deputado Reis, porque ele tem a parte dele lá, que ele fica na boa e tal. Então, não é isso que interessa, nós temos que estabelecer o seguinte: o que serve para a sociedade? A polícia que está aí serve para a sociedade? Para mim, não serve, honestamente.

Tanto é que eu vim para cá, porque o Sr. Temer, quando o secretário de Segurança Pública, foi presidente da República... Também foi preso, viu, deputado Reis? Para quem não sabe, o Temer, deputado, senador Suplicy, o Temer também foi preso. Com 90 anos, quase 90 anos, os caras tudo com fuzil, cercando o carro dele aqui, como se ele fosse um dos maiores bandidos do mundo.

Mas o Temer, quando o secretário de Segurança Pública, ele me tirou da polícia, por isso que eu vim parar aqui. E desde que eu cheguei aqui, em 86, deputado, a gente tenta melhorar e nós só pioramos.

Não adianta fazer discurso aqui, essa é a pura verdade. Não estou dizendo que a polícia era pior, só que o bandido cresceu, o crime se organizou e nós não, nós estamos na marcha lenta, um matando o outro ainda. É para o cara andar fardado, como mostrou o capitão Telhada aí?

É, realmente, era para chegar... Como é que o cara anda fardado, com a roupa, escreve investigador e sai cercando os outros na rua? Então só tem uma forma, a PEC está lá, unifica as polícias. Nós estamos perdendo a guerra para o crime, nós estamos perdendo. Estão criando guarda municipal em todo lugar agora, é o outro rolo que vai ter de novo.

Isso que está acontecendo agora com a Civil, daqui a pouco vai estar acontecendo com os guardas, que vão querer fazer investigação também, V. Exa.  sabe disso, porque é um homem especialista em Segurança, deputado Reis. E vai sair mais morte, não é a primeira vez que acontece isso não, quantas e quantas vezes? Policial mata o outro. Quantas e quantas vezes?

Agora, tem uma... É melhor para o povo se der uma polícia só? Chega, deputado Reis, do cidadão ir para a delegacia, o investigador e o delegado, mandarem ele ligar o 190, e chega do cara ligar o 190, deputado Reis, e o cara que atendeu lá, manda ele para a delegacia. Então acabou, alguma coisa está errada nisso aí.

Ninguém gostar de mim, não vai gostar, é por isso que a gente tem dificuldade para política, não é? É por causa disso, o cara não quer ouvir a verdade, mas a verdade é essa, a verdade é essa aí.

Se nós estivéssemos lutando uma guerra, o povo estivesse tranquilo, ninguém pode andar nas ruas. Ninguém pode andar pelas ruas, porque é assaltado, mulheres são mortas, são estupradas, são barbarizadas, criança, jovem, é celular, é o diabo a quatro.

Então, quer mexer numa PEC? Por que não mexe certo? Unifica as polícias. A Polícia Civil faz o trabalho dela de investigação, de inquéritos, e o pessoal da Polícia Militar vai fazer o policiamento ostensivo. Como acontece até nos Estados Unidos, deputados Reis, o cara começa a trabalhar uniformizado, depois que ele tem uma certa experiência, ele vai trabalhar à paisana, à civil.

Por que eu estou falando isso? Porque nós estamos perdendo a guerra, não adianta falar que não. Um briga contra o outro, um briga contra o outro, cada um quer ter razão e o povo que se dana, porque quem acaba sofrendo as consequências é a população. É isso que eu tenho que falar, infelizmente, a respeito disso. Vão continuar acontecendo mais...

Só estou falando, porque a PEC está lá, está na mão do Lula, está lá no Congresso. Ficar inventando não adianta nada, criar a lei que não funciona também não adianta nada. A lei sem força é uma palavra vã, não vale nada. Então a forma que tem é de você unificar. A polícia vai ser mais forte e ela vai ser responsável pela segurança do povo de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Amazonas.

Não é que fala: “Não, a culpa é da Civil. Não, a culpa é da Militar. A culpa não é minha, não, é da Civil. Não, não, é da Militar”. E quem sofre é o povo, como vê essa senhora aí, a boliviana aí chorando.

E acontece nas ruas de São Paulo todos os dias. Então, tem solução? Tem, na minha opinião, não é? Se vale ou não vale, a gente aqui é deputado, a gente vem aqui para falar, é um direito que a gente tem, e essa é a realidade.

A gente tem o direito de falar, então a gente vem aqui falar. É o que eu acho de tudo isso. Para mudar, a gente teria que unificar as polícias, que a polícia vai ter mais força. Até o policial militar, quando chegar numa delegacia de polícia, ele levar um bandido lá, ele pode voltar no outro dia e falar: “O que aconteceu com o bandido que eu trouxe aqui? Ele entregou alguma coisa? Ele deu alguma coisa? Vocês estão investigando?”

Hoje, não. Você vai lá, entrega o cara, vai embora. Desde a minha época, não é hoje não, desde a minha época. Você entrega lá no Deic, entrega não sei onde, e não sabe o que foi feito do bandido, se ele entregou alguma coisa, se ele fez. Aliás, até brigas saíam do secretário com o Comando-Geral, que a gente pegava o preso, depois o outro falava que foi ele que pegou, a Civil, e aí é uma briga desgraçada.

Até hoje sempre foi isso aí. Tem uma solução? Está lá na mão do Lula, está a PEC da Segurança. Quer a PEC da Segurança? Faça isso. Muda tudo, cria uma polícia só no estado de São Paulo, ela vai ser responsável pela segurança do povo. Não é para o delegado falar que o culpado é a Civil, é a Militar; e nem para Militar falar que o culpado é a Civil.

É duro de ouvir? Não estou falando para o geral, não, estou falando para as autoridades, para os... É duro... Os Vicente, Zé Vicente da vida. É duro de ouvir, que nunca pegou ninguém. Vou voltar a falar aqui, se ele prendeu um cara na vida, eu renuncio ao meu mandato, eu falei isso aí 30 anos atrás.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Mas parte do que V. Exa. sabe, aprendeu na sala de aula com ele.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Ele é psicólogo, mas vale a pena os discursos da imprensa, ou a imprensa escala quem é especialista em uma coisa e quem é especialista na outra. É mais ou menos igual na política, não é verdade? O cara se preparou muito para ser, estudou, mas tudo bem. Mas fica aí, é um exemplo aqui de um velho capitão de Rota: unifique as polícias.

O cara é policial, é investigador, é policial civil, ele trabalha à paisana. Ele não tem que ter escrito “polícia” e nem ter a arma na cintura aparecendo. Se ele estiver com a arma, ele que esconda a arma, porque ele investiga. E o policial ostensivo é o policial de rua que o povo vê. Essa é a diferença.

Está na Constituição. Policiamento ostensivo é esse, é o cara de rua. Ah, é o policial. Chama ele lá, para a viatura. E o outro é para investigar. Enquanto houver essa briga entre ambos, nós não vamos chegar em lugar nenhum. Mas como nós estamos no Brasil, é lugar de brincadeira, não é? Então, cada um acha uma coisa e vai tocando a vida. É só isso aí que eu queria falar, Sr. Presidente, com relação a isso.

Mas parabéns ao deputado Capitão Telhada por trazer, realmente, até uma confusão do outro dia, que teve com a Rota lá, que acabaram matando o investigador dentro de uma favela.

Então, fica aí a minha colocação do mero capitão aqui, que trabalhou muitos anos na rua e viu muito, não é? Se quiser fazer, está na mão. Crie uma polícia do estado de São Paulo.

Crie a polícia. Seu delegado vai continuar delegado. O coronel vai continuar coronel. O capitão de rua vai continuar capitão de rua. E está bom. O investigador vai ser investigador. Cada um vai cumprir a sua missão. Só que eles vão estar unidos contra o crime organizado, que é o crime organizado, não é? Eles são organizados. E nós somos os desorganizados.

Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Vossa Excelência, pode...

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, havendo acordo entre as lideranças, solicito o levantamento dos nossos trabalhos, tendo em vista que não tem mais ninguém, como falou o nobre senador Suplicy. Sempre os mesmos aqui, mas tudo bem, não é? O resto é TikTok.

Um abraço.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o requerimento de V. Exa., mas eu só quero deixar registrado, com relação ao que foi dito aqui, inclusive pelo Capitão Telhada, o deputado Capitão Telhada, se a gente for analisar as duas ocorrências, tanto a ocorrência do que aconteceu na Favela do Fogaréu como a abordagem dos falsos, dos pseudopoliciais, dá para analisar bem os protocolos de abordagem, que é muito diferente do que aconteceu na Favela do Fogaréu. Caso o integrante da Polícia Militar, da Rota, tivesse tido uma cautela mais precisa, talvez o Rafael não teria sido vítima dessa fatalidade.

Não se trata de palanque político. Nós temos que falar, porque, se a gente não registrar esses fatos, eles podem ser repetidos, eles podem acontecer lá na frente. Então, uma forma de a gente falar é buscar que os protocolos sejam aperfeiçoados para que, no tempo, isso não possa mais acontecer. Aperfeiçoar os protocolos.

Eu já me deparei com várias ocorrências, inclusive aquela que o deputado Contes Lopes falou aqui, lá no fundão da zona leste. Naquele dia eu estava de ronda setorial. Eu estava de ronda setorial naquela região. Eu já me deparei com várias ocorrências terríveis.

Então, a gente tem que analisar as ocorrências, ver os erros e tentar ir aperfeiçoando no tempo para evitar que fatos como esses aconteçam. Então, foi um prejuízo para a família do Rafael, um prejuízo irreparável, e, com o aperfeiçoamento dos protocolos, casos como esses podem ser evitados.

Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia de 1º de julho último.

Está levantada a sessão.

Tenham todos uma excelente tarde.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 36 minutos.

 

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