26 DE JUNHO DE 2023

67ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO, DR. JORGE DO CARMO, RUI ALVES, PAULO FIORILO, CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - DR. JORGE DO CARMO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

4 - DR. JORGE DO CARMO

Assume a Presidência.

        

5 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - RUI ALVES

Assume a Presidência.

        

8 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

9 - PAULO FIORILO

Assume a Presidência.

        

10 - RUI ALVES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

11 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

12 - PAULO FIORILO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

14 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Tece comentários a respeito do Plano Diretor do município de São Paulo.

        

15 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

16 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

17 - CARLOS GIANNAZI

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

18 - CARLOS GIANNAZI

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

19 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Defere o pedido. Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi acerca dos subsídios fiscais concedidos à iniciativa privada. Tece considerações quanto à renda básica universal. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/06, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luiz Claudio Marcolino.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior, e recebe o expediente.

 Oradores inscritos no Pequeno Expediente. Com a palavra o nobre deputado Jorge do Carmo. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Luiz Claudio Marcolino, presidindo aqui o Pequeno Expediente nesta segunda-feira, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, público da TV Alesp, policiais presentes, assessores.

Sr. Presidente, venho a esta tribuna para falar que hoje eu estou deputado, mas moro na cidade de São Paulo, mais precisamente na Cidade Tiradentes, na periferia da cidade de São Paulo, uma região onde carece ainda, precisamos muito de infraestrutura, de melhorias da qualidade de vida, de políticas públicas, e hoje, na Câmara Municipal de São Paulo, os vereadores - deputado Reis, que já foi vereador em São Paulo - irão votar, em segunda votação, o PL 127, de 2023, que é o substitutivo de revisão do Plano Diretor da cidade de São Paulo.

Eu, advogado que sou, militante do movimento de moradia, do movimento de regularização, enfim, das causas sociais, vejo com bastante preocupação e expectativa. Esperamos que essa revisão não descaracterize, ex-vereador, deputado Reis, descaracterize aquilo que foi aprovado em 2016, quando o prefeito era o Fernando Haddad.

Esperamos que se garanta aquilo que nós pensamos para uma cidade melhor, que é a cidade de São Paulo, cheia de problemas. Problemas de Habitação, problemas de Transporte, problemas de Saúde, de Educação.

Enfim, mas que cidade nós queremos? Que cidade nós planejamos? E, quando os vereadores aprovam o Plano Diretor, ou revisam, eles estão pensando, imagino, e deve ser assim, qual cidade nós queremos para os próximos 10, 15, 20 anos.

Então, a expectativa é de que a gente não descaracterize, que os vereadores não descaracterizem as conquistas. Por exemplo, o Fundurb, que é o Fundo de Desenvolvimento Urbano, que serve para melhorar o transporte, melhorar a habitação, que garanta o HIS, que é Habitação de Interesse Social, que garanta as políticas que foram definidas lá na Lei nº 16.050, de 2014, quando foi aprovado o Plano Diretor.

Então, essa é a expectativa que nós temos. Imagino que os vereadores, a bancada dos vereadores do PT está atenta a isso. Esperamos que faça uma ótima votação, e que a gente tenha uma cidade cada vez melhor, que é a cidade de São Paulo, porque nós temos muitos problemas de Habitação, de Transporte, enfim, de políticas públicas.

Mas, Sr. Presidente, também quero aproveitar a oportunidade para saudar os companheiros do Sindicato dos Policiais Ferroviários Federais do Estado de São Paulo, o Sipoffesp.

A Polícia Ferroviária Federal foi instituída há 171 anos, deputado Reis, lá ainda na época do Império, pelo Decreto Imperial nº 641, de 26 de junho de 1852, e hoje, 26 de junho de 2023, essa Polícia Rodoviária Federal incompleta 171 anos.

Os companheiros do sindicato falam que pouco têm para comemorar, e muito ainda precisa ser feito para melhorar a qualidade de vida dos policiais ferroviários federais no Brasil.

Recebi uma comissão do sindicato, representantes do sindicato, porque a luta deles é sempre em defesa, evidentemente, do transporte sobre carga, para que a Polícia Ferroviária Federal tenha qualidade no trabalho.

Recebi lá no nosso gabinete os representantes do Sindicato da Polícia Ferroviária Federal, José Índio Bernardo, Luís Roberto de Oliveira Vitorino, Adalberto Andrade, companheiro Andrade, Edilson Lima, enfim, representantes desse sindicato que pediram para que, nesta data em que poder-se-ia comemorar muitas vitórias, muitas glórias do sindicato que já existe há quase dois séculos, 171 anos, mas, segundo eles, e eu acompanho a luta deles, eles dizem “Pouco nós temos a comemorar, mas muito a fazer, a luta sempre em defesa dos trabalhadores, daquela classe tão importante para o nosso Brasil”.

Então, parabenizar os policiais ferroviários federais no Brasil e dizer que o nosso mandato, instrumento de luta, sempre é em defesa dessa categoria tão importante.

Muito obrigado, Sr. Presidente. 

 

O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Dando sequência aos oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o nobre deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Reis. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos no Pequeno Expediente. 

 

O SR. REIS - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Saúdo o presidente Luiz Claudio Marcolino, que está presidindo os trabalhos na data de hoje. Saúdo o deputado Jorge do Carmo, o deputado Suplicy, o deputado Carlos Giannazi, os integrantes da Polícia Civil, os integrantes da Polícia Militar, os integrantes da Polícia Penal, os integrantes da Polícia Técnico-Científica, também saúdo todos aqueles e aquelas que nos acompanham pela rede Alesp.

Srs. Deputados, Sras. Deputadas, hoje, na Câmara Municipal de São Paulo, nós teremos lá uma sessão solene em que vai ser entregue o prêmio, o Colar Guilherme de Almeida. É um prêmio que foi instituído por um projeto de resolução de minha autoria.

Eu, quando passei por aquela Casa, deixei três prémios através de resolução aprovada. O que são os prêmios? Prêmio Colar Guilherme de Almeida, prêmio Heitor Villa-Lobos e o prêmio Hely Lopes Meirelles.

O Guilherme de Almeida é para premiar a cultura, a televisão, o cinema. O Heitor Villa-Lobos para premiar os projetos de música, também é de minha autoria a lei que institui o ensino de música nas escolas municipais. E o prêmio Hely Lopes Meirelles é para premiar a eficiência na gestão. Nós temos que primar por uma gestão de resultados e com eficiência.

O colar Guilherme de Almeida, Guilherme de Almeida, o poeta de São Paulo e da epopeia de 32, foi criado por meio da Resolução nº 5, de 2015, na Câmara Municipal de São Paulo, por minha iniciativa juntamente com os vereadores Toninho Paiva, do PR, em memória, e do deputado Aurélio Nomura, do PSDB.

O colar Guilherme de Almeida, o poeta de São Paulo e da epopeia de 32, visa a reconhecer anualmente, por decreto legislativo, a no máximo nove pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que tenham prestado valiosa colaboração à literatura, ao cinema, ao teatro, à música, às artes plásticas e a outras formas artístico-culturais de manifestação, bem como a preservação e a divulgação da história da cidade de São Paulo.

Por que o nome desta premiação como Guilherme de Almeida? A premiação presta uma homenagem ao poeta e jurista, filho de Estevam de Araújo Almeida, professor de direito e jurisconsulto, e de Angelina de Andrade. Foi casado com Belkiss Barroso de Almeida, de cuja união nasceu o filho, Guy Sérgio Haroldo Estevam Zózimo Barroso de Almeida, que se casou com Marina Queirós Aranha de Almeida.

Com seu irmão Tacito de Almeida (1899-1940) foi importante organizador da Semana de Arte Moderna de 22, tendo criado em 1925 a conferência para a difusão da poesia moderna, intitulada “Revelação do Brasil pela Poesia Moderna”, que foi apresentada em Porto Alegre, Recife e Fortaleza.

Foi um dos fundadores da fundação escola de sociologia e política de São Paulo, onde lecionou ciência política. Guilherme de Almeida foi ainda nos fundadores da Revista Klaxon, que visava a divulgação de ideias modernistas, tendo realizado sua capa, assim como os arrojados anúncios da Lacta para a mesma revista. Elaborou também a capa da primeira edição do livro “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade. Foi o primeiro modernista a entrar para a Academia Brasileira de Letras, em 1930.

Combatente da Revolução Constitucionalista de 32, exilado em Portugal após o final da luta, foi homenageado com a Medalha da Constituição, instituída pela Assembleia Legislativa de São Paulo.

Sua obra maior de amor a São Paulo foi seu poema “Nossa Bandeira”. Ainda, o poema “Moeda Paulista” e a pungente oração “Ante a Última Trincheira”. É proclamado o poeta da Revolução de 32.

Escreveu a letra do Hino Constitucionalista de 1932, MMDC, “O Passo do Soldado”, de autoria de Marcelo Tupinambá, com interpretação de Francisco Alves. É de sua autoria a belíssima letra da “Canção do Expedicionário”, com música de Spartaco Rossi, referente à participação dos pracinhas brasileiros na Segunda Guerra Mundial.

Também é autor da letra do Hino da Televisão Brasileira, executado quando da primeira transmissão da Rede Tupi de Televisão, realizada por mérito de seu concunhado, o jornalista Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo. Foi presidente da Comissão Comemorativa do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo.

Nas palavras de Marcelo Tapia: “Espírito de amplo interesse, Guilherme dedicou-se a outras artes, além da literatura e da poesia.

Desenhista amador, cultivou também a heráldica, tendo criado, entre outros, o brasão da cidade de São Paulo e da cidade de Ribeirão Preto, em parceria com Wasth Rodrigues.

É de sua autoria também o brasão de Brasília, em cuja cerimônia de fundação leu sua “Prece Natalícia”, dedicada à cidade: manifestações artísticas diversas, unidas por um fim participativo, patriótico e, talvez, antes de tudo, paulista.

Encontra-se sepultado no Mausoléu do Soldado Constitucionalista de 1932, no Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, ao lado de Ibrahim de Almeida Nobre, o tribuno de 32.

A sessão solene de entrega do Colar Guilherme de Almeida, o poeta de São Paulo da Epopeia de 32, ocorrerá hoje, segunda-feira, 26 de junho, às 19 horas, no Plenário 1º de Maio, da Câmara Municipal de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Dr. Jorge do Carmo.

 

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O SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado Reis. Seguindo a lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, hoje tivemos a reunião da Comissão de Finanças e Orçamento, na qual a bancada do Partido dos Trabalhadores apresentou um voto em separado ao relatório apresentado pelo relator da LDO deste ano.

Estamos falando do Projeto nº 661, de 2023. Várias emendas apresentadas, o relator acatou, não só do PT, mas do PSOL e de diversos outros partidos, mas o relatório ainda é insuficiente para a necessidade do desenvolvimento do estado de São Paulo.

Entre as diretrizes apresentadas, que a nossa bancada encaminhou, uma delas foi acatada, em relação às universidades. Hoje, a USP, a Unesp e a Unicamp recebem anualmente um percentual de 9,57 do ICMS do estado de São Paulo. O governo tinha proposto tirar esse mínimo.

É o mínimo, tem que garantir pelo menos 9,57 do recurso do ICMS. O governador Tarcísio queria retirar esse mínimo, deixando um prejuízo ou um eventual prejuízo às universidades públicas do estado de São Paulo. Uma emenda que encaminhamos foi acatada pelo relator.

Ainda em relação às universidades, tinha uma outra emenda que propunha aumentar de 10 e uma outra para 11%, esse valor do ICMS, a qual foi rejeitada pelo relator.

Uma outra também, que veta o contingenciamento, que nós sabemos que tem áreas importantes no estado de São Paulo que não necessitam de que haja contingenciamento ao longo do exercício do Orçamento e a universidade é uma delas.

Nós fizemos aqui a Emenda nº 769, que dava esse contingenciamento, da mesma forma que nós propusemos também na Emenda nº 871 para que não houvesse contingenciamento em algumas áreas como a Cultura, que é a nº 767, na Segurança Pública, que é a nº 806, na Habitação, que é a Emenda nº 855, na Educação, que é a Emenda nº 771, que são áreas que na nossa avaliação - Cultura, Educação, Habitação, Saúde, Segurança - o estado de São Paulo não deveria mexer; não ter contingenciamento quando há a necessidade de adequação do Orçamento no Estado.

Apresentamos ainda também como emendas em relação ao Iamspe. Hoje são os servidores públicos do estado de São Paulo que garantem o funcionamento do Iamspe. Nós gostaríamos de ter colocado uma emenda ou, pelo menos, garantir na LDO a recomposição para garantir até que a metade do recurso que hoje paga o servidor fosse também complementado com recursos do Poder Público estadual.

Vamos imaginar que para cada 2% que o servidor do Iamspe garante para manutenção do Iamspe, o Estado deveria entrar com mais 2%, e o governo não aceitou a emenda que nós apresentamos, aceitou apenas uma complementação.

Caso haja déficit no Iamspe, o Tesouro do Estado vai complementar o eventual déficit que venha a ter no futuro em relação ao Iamspe, mas queremos melhorar essa proposta durante esta semana, que é a semana que vai debater a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Fizemos aqui outras emendas. Emendas importantes também em relação aos devedores da dívida ativa do estado de São Paulo, que ficam proibidos de receber isenção de qualquer tipo de renúncia fiscal do estado de São Paulo.

Propusemos também a Emenda 766, a 805, a 923, a 737, a 757, a 766 e a 779 para garantir a recomposição e a revisão salarial dos servidores públicos do estado de São Paulo, visto que temos muitas categorias hoje no estado de São Paulo que não tiveram a sua recomposição salarial como deveria.

Tem aqui também um debate em relação às contratações de servidores públicos no estado de São Paulo, principalmente o item de criar um mecanismo para garantir concurso público no estado de São Paulo. Então aqui são algumas das adequações que nós propusemos.

Propusemos também que como existem hoje nove regiões metropolitanas no estado de São Paulo, quatro delas inclusive sem uma regulamentação, a criação de um Fundo de Desenvolvimento Metropolitano, que faz uma alteração no Art. 22 a partir da Emenda nº 37, para garantir não só a industrialização da Região Metropolitana, tanto a questão da gestão como o transporte, e queremos que haja um processo de transparência na execução do Orçamento do Estado.

E na Emenda nº 47, vai acrescentar o Art. 23, que é para garantir uma abertura bimestral das receitas e despesas do Orçamento do Estado. Tudo isso vai garantir mais transparência e acompanhamento dos deputados e das deputadas estaduais ao Orçamento do estado de São Paulo a partir da diretriz que vai ser debatida esta semana.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado Luiz Claudio Marcolino. Seguindo a lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra a deputada Marta Costa. (Pausa.) (Pausa.) Com a palavra a deputada Valeria Bolsonaro. (Pausa.) Com a palavra a deputada Thainara Faria. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Eduardo Matarazzo Suplicy. Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos, deputado.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Prezado presidente, deputado Rui Alves, quero aqui falar da importantíssima votação e debate sobre o futuro da cidade de São Paulo, que está em andamento na Câmara Municipal de São Paulo, o PL 127/23, sobre a revisão do Plano Diretor de São Paulo.

O Plano Diretor em vigor, aprovado em 2014, foi conduzido com muita seriedade, responsabilidade e paciência por seu relator, Nabil Bonduki, urbanista e professor da FAU-USP, em um processo amplamente debatido por diversas oficinas, seminários, audiências públicas, em um período muito mais extenso do que está sendo debatido o processo atual, feito muito apressadamente.

O plano em vigor foi laureado por diversos prêmios, dentre estes, por uma iniciativa conjunta da ONU-Habitat, Rede Mercocidades, Federação Latino-Americana de Cidades, Municípios e Associações Municipalistas, Governo da Espanha, Fórum Ibero-Americano de Melhores Práticas, e foi reconhecido por seu propósito de tornar a cidade mais humana, moderna e equilibrada, por meio do emprego e da moradia, para enfrentar as desigualdades socioterritoriais.

O propósito do PDE é tentar orientar o crescimento da cidade de São Paulo, mas de forma que se controle a ação do mercado imobiliário e almeje a diminuição das desigualdades socioterritoriais, aproximando emprego de moradia, melhorando, assim, questões de mobilidade urbana e também qualificando ambientalmente a cidade como um todo.

Essas são diretrizes fundamentais do plano, que estão ameaçadas por esse texto de lei que está em votação. Apesar das excelentes diretrizes, a cidade sofre muitas pressões do mercado imobiliário e o que se observou, no entanto, no tempo de vigência do PDE em vigor, segundo estudos do LabCidade, da urbanista e professora da FAU, Raquel Rolnik, que aumentou o número de unidades habitacionais em eixos de transporte, mas o mercado imobiliário encontrou subterfúgios para não construir moradia popular nestes eixos valorizados, além de conseguir meios de construir mais vagas de garagem nos empreendimentos localizados nesses eixos, fato que desestimula o uso do transporte público.

O que se observou neste período, por razões diversas, para além do PDE, é que a renda está cada vez mais concentrada e o número de pessoas em situação de rua está cada vez maior.

O processo de revisão deveria, portanto, trabalhar para melhorar estes aspectos, que não foram alcançados com o PDE de 2014. Eu me aproprio das palavras do Nabil Bonduki, em reportagem da “Folha” de hoje, em que ele afirma que o plano diretor não pode ser aprovado sem o respaldo da sociedade, em um processo cuja discordância é generalizada, urbanistas, associações de bairros, movimentos sociais e cidadãos comuns.

Menciono também o artigo da mesma autoria, de 23 de maio, da “Folha”, sobre o substitutivo aprovado em primeira votação do relator vereador Rodrigo Goulart, do PSD.

Nabil Bonduki então diz que ele é muito pior, um enorme retrocesso, praticamente anula a estratégia de estruturação urbana do PDE, propondo uma verticalização de espécies sem limites, elitizando ainda mais os eixos do transporte coletivo e comprometendo definitivamente os miolos dos bairros.

Sem estudos técnicos para respaldar suas propostas, o substitutivo da Câmara desconsiderou as vozes das associações de bairros e os mais de 230 estudos e pesquisas apresentados nos Fóruns SP-21, SP-23, promovidos por entidades profissionais e acadêmicas, assumindo sem pudor a maioria das sugestões da Associação Brasileira das Incorporadoras, a Abrainc, e afirma que embora o texto tenha excluído algumas excrecências da proposta anterior, criaram-se novas, como a ilegal isenção do ISS, imposto sobre serviços, nos estádios de futebol, proposta feita sem estudos tributários a contragosto do prefeito Ricardo Nunes, e manteve a ampliação exagerada e dispersa da área passível de uma verticalização sem limites.

O Estatuto da Cidade exige que ele seja formulado com critérios técnicos, de forma participativa que não se limita às audiências públicas formais. A participação deve criar consensos progressivos para respaldar uma decisão legislativa que terá forte impacto na vida da cidade e dos cidadãos.

O atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando prefeito na gestão que o PDE em vigor foi aprovado, é contrário ao texto da lei que está sendo votado, pois, dentre muitos motivos, gera mais utilização nos bairros, com mais estrutura e distorce a diretriz do Plano Diretor de aumento da densidade populacional nos locais próximos ao transporte coletivo. A revisão do PDE, conduzido pela Prefeitura e pela Câmara, não teve efetiva participação popular.

Além do atual texto em votação caminhar na contramão do que se discute em urbana e direito à cidade, é um PL que concentra a renda e não a distribui. Quem sabe possa a Câmara Municipal adiar este processo de votação, que está em andamento exatamente agora, para que a sociedade tenha mais tempo de debater uma lei de grande complexidade e importância que é o Plano Diretor.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Rui Alves.

 

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O SR. PRESIDENTE - RUI ALVES - REPUBLICANOS - Continuamos agora com a lista dos oradores inscritos, deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.) E deputado Carlos Giannazi. Conforme o Regimento, você tem cinco minutos, deputado.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia.

Sr. Presidente, no último sábado, dia 24, foi publicado no Diário Oficial o Decreto nº 67.771, de 2023, que trata da questão do adicional de local de exercício, famoso ALE da rede estadual de ensino, que vem sendo vítima de vários golpes do governo estadual. O governo deveria, por lei, reajustar o valor do ALE agora no ano de 2023, mas recentemente ele publicou um decreto estendendo esse reajuste, estendendo não, adiando, na verdade, para 2024.

No entanto, nós denunciamos esse golpe nos profissionais da Educação, na verdade, no ALE, nos profissionais da Educação que estão sendo também prejudicados, o governo recuou e revogou o próprio decreto, e deixou um vazio que neste mês os servidores da Educação, os profissionais da Educação ficassem sem o pagamento do ALE, eles tiveram uma redução nos seus salários, porque não teve pagamento no ALE. Olha só o absurdo, a irresponsabilidade, a leviandade desse governo com os profissionais da Educação.

Só agora que o governo publicou um novo decreto reestabelecendo o que já existia sem nenhum tipo de alteração. Não vai ter reajuste, não vai ter a equiparação dos valores pagos entre os agentes de organização escolar e os professores, porque, lembrando, que os agentes de organização escolar ganham muito menos no ALE e eles estão na mesma escola, ficam mais tempo, inclusive, que os professores dentro das escolas e estão sendo penalizados.

E não houve a correção nesse decreto, isso nós denunciamos exaustivamente. Inclusive, naquele dia que o secretário esteve aqui, naquele dia na semana passada, eu cobrei publicamente o secretário, Renato Feder, sobre esse aspecto. Então, não haverá... Olha só, é um decreto que deixa tudo como está.

Na verdade, parece-me que o governo colocou um bode na sala, retirou, e agora ele vai restabelecer o que já existia. Espero que ele faça, já que o decreto foi publicado, uma folha suplementar de pagamento e pague o ALE para os profissionais da Educação.

Mas o fato é que ele não reajustou os valores que tem que reajustar, ele adiou mesmo para 2024, que ele não equipara os valores recebidos do ALE pelos agentes de organização escolar e os professores.

Nós estamos também exigindo que todos os servidores da Educação recebam o ALE, como uma forma de compensação dos baixíssimos salários pagos pelo governo estadual, Sr. Presidente. E nem corrigiram aquelas distorções gravíssimas que nós há muitos anos estamos denunciando, desde de que o ALE foi implantado na rede estadual de ensino.

Refiro-me aqui ao fato que em muitas regiões do Estado, escolas no mesmo bairro, na mesma rua, aliás escolas que dividem quase que o mesmo terreno, que são separadas apenas por um muro, uma tenha o ALE e a outra não. Então, é de uma incoerência sem precedentes, e escolas que precisam do ALE não têm.

Eu tenho feito aqui várias denúncias, várias cobranças em relação ao ALE para muitas escolas que não recebem, escolas distantes, de difícil acesso, de alta vulnerabilidade.  E nada, o Estado não paga o ALE nessas escolas.

Eu posso dar um exemplo aqui, talvez o mais grave de todos é em relação às escolas que ficam lá no município de Iporanga, as escolas quilombolas que ficam naquela região. Elas não têm o ALE, lá o professor tem que caminhar 10 quilômetros na mata fechada, atravessando cachoeiras. O professor tem que dormir na escola, porque não consegue voltar, não tem como ele voltar, e no entanto...

Refiro-me aqui às escolas bomba de cima, bomba de baixo, que são duas escolas quilombolas. Os professores não têm o ALE, até hoje não foi implantado o ALE, e olha que eu fiz já várias cobranças, denúncias, já mostrei os vídeos, mostrando como os professores sofrem para chegar até lá.

Enfim, então foi publicado o decreto e a notícia é apenas que não vai mudar nada, o decreto foi publicado, não tem reajuste, não tem correção das injustiças, das contradições, e o que a gente espera é que pelo menos o governo faça o pagamento imediato, Sr. Presidente, através de uma folha suplementar, que ele deve isso aos profissionais da Educação.

E nós vamos questionar isso, ele tem que reajustar agora nesse ano e resolver essa questão da pendência, da falta de equiparação, e também que ele estenda para todas as escolas o ALE.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Paulo Fiorilo.

 

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O SR. PRESIDENTE - PAULO FIORILO - PT - Obrigado, deputado Carlos Giannazi.

Próximo deputado, deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Lucas Bove. (Pausa.)

Lista Suplementar, deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.)  Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Rui Alves.

O deputado Rui Alves tem a palavra pelo tempo regimental.

 

O SR. RUI ALVES - REPUBLICANOS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos, a todos os servidores aqui dessa Casa, a você que nos acompanha pela TV Alesp, você que nos acompanha pelas mídias sociais da TV Alesp; hoje subo à tribuna para fazer um convite aos nossos nobres colegas deputados. Nesta quinta-feira, dia 29 de junho, às 18 horas, nós estaremos promovendo uma audiência pública intitulada Violência nas Escolas, como está a Saúde Emocional dos Nossos Alunos.

O objetivo dessa audiência pública é trazer esse tema de relevante importância devido a tudo o que tem acontecido em todo o território nacional, e aqui mesmo no nosso estado de São Paulo.

Essa audiência pública tem o objetivo de trazer ideias, promover os profissionais da Educação, da Segurança, para que a gente possa criar alternativas para cuidar desses alunos que muitas vezes, depois do que acontece, ficam abalados emocionalmente.

A gente tem o objetivo muito forte de ajudar essas pessoas, não deixando de lado a iniciativa do nosso governador, que investiu pesado junto à Secretaria de Educação para a contratação de 550 psicólogos, para que possam dar essa sustentação a esses alunos que, muitas vezes, passam por dramas pós essas violências que acontecem dentro das escolas. Isso é importante e eu tenho certeza de que vai ajudar muitos.

Então eu convido você, que está nos acompanhando pela TV Alesp, todas as pessoas que estão nos assistindo, a participar dessa audiência pública, que será no dia 29 de julho, às 18 horas, aqui, na Alesp.

Boa tarde.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Paulo Fiorilo, que fará uso regimental da tribuna. 

 

O SR. PAULO FIORILO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, quem nos acompanha aqui, presencialmente, quem nos acompanha pela rede Alesp, hoje nós tivemos aqui, neste plenário, a homenagem aos 115 anos da imigração japonesa.

Estiveram presentes o deputado Eduardo Suplicy, que fez uso da palavra, assim como o deputado Felipe. Tivemos a presença do cônsul-geral do Japão. Também tivemos aqui a representação do Eresp, que é a representação do Itamaraty no estado de São Paulo.

Essa homenagem tem vários elementos importantes que nós devemos destacar aqui. Primeiro é que 115 anos atrás o estado de São Paulo recebeu 781 imigrantes japoneses, que vieram e desceram no Porto de Santos.

Hoje, nós temos uma comunidade japonesa muito grande aqui, no estado de São Paulo, e que tem uma importância econômica para o Estado que é fundamental, tanto com as empresas que se instalaram aqui, como com as parcerias.

Aliás, fiz referência hoje que o Governo do Estado, em março, assinou a continuidade de um projeto com a Jica, que é uma agência do governo japonês que estabelece parcerias com países de desenvolvimento e com o Brasil.

Já tinha essa parceria há 20 anos e ela continua para os próximos cinco anos, para pesquisa climática, para a questão de desenvolvimento regional. Então isso tem uma importância muito grande e nós tivemos a oportunidade de fazer aqui essa comemoração.

Agora, para além disso, outro destaque que eu quero fazer, deputado Suplicy, foi a possibilidade que o Japão proporcionou a nove deputados e senadores de fazer uma visita em março, durante oito dias, àquele país. Entre os deputados e as deputadas que foram convidados, eu estava presente.

A gente teve a oportunidade de conhecer um pouco a política, a cultura, a gastronomia e, também, os desafios que enfrenta o Japão, tanto do ponto de vista da disputa territorial, mas em especial da discussão que o senhor trouxe aqui sobre a paz. Então isso tem uma importância muito grande. O Japão tem dialogado essa questão, tem evitado conflitos, até porque eles assinaram um acordo sobre isso, mas é preciso avançar, porque existem vários problemas, inclusive problemas territoriais que dizem respeito à ilha.

Nós teremos outras possíveis atividades com o Japão, de parcerias, mas acho que é importante deixar essa porta aberta, porque a Assembleia Legislativa tem um papel muito grande, tanto do ponto de vista de mostrar para os países, em especial para o Japão, o que nós temos de importante para além da Capital e das regiões metropolitanas, mas o que o Estado pode, de fato, oferecer para parcerias. Então isso tem um peso muito grande.

A terceira questão que eu queria trazer aqui é a ideia de a gente construir grupos de amizade entre o Brasil e o Japão, mas também entre o Brasil e o estado de São Paulo e outros países que têm consulados aqui, no nosso Estado. Isso pode fortalecer as nossas relações, fazendo com que a gente traga para o estado de São Paulo parcerias importantes para o desenvolvimento econômico regional.

Aliás, aproveitando o gancho do deputado Carlos Giannazi, que preside a sessão, nós vamos ter oportunidade, deputado, de levar possivelmente a cônsul da Alemanha para conhecer a região do Petar, onde o senhor fez referência às escolas que estão em Bombas de Baixo e Bombas de Cima.

Eu disse aqui, e o senhor deve se recordar. Fiz uma visita a Bombas, três horas a pé. A gente pôde constatar, “in loco”, a situação daquela escola, daquela comunidade. Tratamos desse assunto, inclusive, com o secretário adjunto da Educação. Porque ali é preciso que se faça uma reforma urgente. Até para poder acolher os professores, quando precisam dormir naquela comunidade.

Para além dessa questão do auxílio, que os professores deveriam receber, porque é inadmissível você andar três horas a pé, e não ter um auxílio distância, por exemplo, ou não ter uma recompensa salarial.

Porque ali, na minha opinião, significa mostrar que o professor tem vocação, e vai porque acredita na importância da Educação para aquelas comunidades, tanto Bombas de Baixo quanto Bombas de Cima.

Espero, sinceramente, que a gente possa, nesse debate agora, com relação ao reajuste salarial, pautar outros temas importantes que o Estado tem deixado de lado, e que poderiam ser aproveitados nessa discussão do pífio aumento salarial que está sendo proposto, de 6% para as outras categorias, quando a gente teve, em média, 20% para algumas categorias.

Então deixo registrada essa questão. Conte também com esse deputado para fazer esse debate. Em especial naquela região tão importante do Estado.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Paulo Fiorilo. Com a palavra agora, deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna por até cinco minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Deputado Carlos Giannazi, nós estamos vivendo um momento difícil, com respeito ao Plano Diretor da cidade.

Como a imprensa tem noticiado, o prefeito, hoje ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ele tem tido uma discordância com respeito ao plano, tal como está sendo votado.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, retirou o aval que havia dado ao PT, ao apoio da revisão do Plano Diretor Estratégico de São Paulo, na segunda votação, após a constatação de que o texto substitutivo, apresentado pelo relator, Rodrigo Goulart, não estava de acordo com o que ambos haviam conversado a respeito do tema.

Informa a “Folha de São Paulo”, hoje, que o PT tem a maior bancada do legislativo paulistano, com oito vereadores, como mostrou o “Painel”. O ministro disse, na terça-feira, ao partido, que concordava com que o voto fosse favorável no segundo turno, diante do recuo sinalizado por Goulart.

Mas, no começo da semana, Haddad ligou para o relator, para o presidente Milton Leite, do União Brasil, para tratar do assunto. E, após evento na sede da pasta, em Brasília, Fernando Haddad, após evento na cidade, ele disse que, no entanto, o ministro ficou frustrado, nos dias seguintes, ao constatar que, segundo disse a aliados, o texto não expressava o que havia sido combinado entre eles.

Diante dessa avaliação, Haddad tem comunicado que o aval não existe mais. E que hoje trabalha contra a aprovação da revisão do Plano Diretor, proposta pela gestão Ricardo Nunes.

Um dos principais incômodos do ministro foi com a questão do tamanho do raio em torno das estações de metrô e trem para construção de prédios mais altos. Após pressão da oposição, o relator mudou a distância de um quilômetro para 700 metros, o que ajudou a encaminhar o acordo inicial entre oposição e governo.

Entretanto, o texto substitutivo também mudou o critério de demarcação para quadras alcançadas, e não mais quadras internas, como é hoje. Um quarteirão atingido pelo raio seria inteiramente transformado em área de estímulo de verticalização, o que expandiria consideravelmente o raio de 700 metros e foi visto como uma pegadinha por urbanistas e críticos do texto.

Entre outros pontos, o ministro também reprovou a manutenção de dispositivo que flexibiliza a cota-parte de terrenos para unidades habitacionais nos eixos. Dessa forma, ficarão autorizados apartamentos sem limite de tamanho nos eixos de transporte, gerando elitização nos bairros com mais estrutura e distorcendo a diretriz, do plano diretor, do aumento de densidade populacional nos locais próximos ao transporte coletivo.

A atual versão do plano diretor foi elaborada durante a gestão Haddad na prefeitura, em 2014. A primeira versão da revisão do plano, aprovada em maio pelos vereadores, foi recebida com críticas da oposição e de urbanistas, que viram uma forte tendência de incorporação de demandas do setor imobiliário. O projeto absorveu 18 de 26 propostas feitas por associação de incorporadoras.

Bem, hoje, há pouco, eu conversei com o líder do Partido dos Trabalhadores, vereador Senival Moura. Se me permite, presidente, dizer os principais pontos discutidos pela bancada do PT na Câmara Municipal, que resultaram em mudanças no substitutivo ao PL 127, de 2023: exclusão da zona de concessão; exclusão da possibilidade de criação de uso com coeficiente de aproveitamento igual a 3; exclusão da possibilidade de pagamento de outorga onerosa em obras públicas; exclusão do quadro com novos fatores de incentivos maiores do que 1 para transferência de potencial construtivo; alteração na regra de transição proposta para operações urbanas; exclusão do artigo que revoga a lei de proteção do Mirante de Santana; proteção das vilas residenciais, através da exclusão destas das áreas de influência dos eixos; exclusão da possibilidade de criação de praças privadas através de transferência do potencial construtivo; alteração das possibilidades de transferência de potencial construtivo que causava impacto na arrecadação do Fundurb; prazo de quatro anos para notificação dos imóveis subutilizados ou abandonados; exclusão da ZPR, ZCOR e ZT do perímetro dos eixos; e, finalmente, discussão do perímetro dos eixos de transporte que resultou na modificação do Art. 77, do plano diretor, determinando que a inclusão ou exclusão de quadras tocadas pelo perímetro dos raios e eixos seja estudada na revisão da lei de zoneamento, evitando a criação do raio de um quilômetro inicialmente proposto.

Bem, eu espero que a discussão que está se dando no dia de hoje possa levar ainda a um adiamento da votação, para que alguns dos pontos que estão sendo objeto de significativa divergência, inclusive, no âmbito da bancada de oito vereadores do PT, que se encontra presentemente ainda dividida...

Então, por enquanto, não está havendo consenso na bancada do PT. Estivesse eu lá, estaria realizando um esforço grande para chegarmos a um consenso.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Gostaria de chamar V. Exa. para continuar presidindo os nossos trabalhos.

Quero me associar ao que disse o deputado Eduardo Suplicy sobre o Plano Diretor da cidade. Esse Plano Diretor é um plano a serviço da especulação imobiliária, a serviço das grandes empreiteiras, que só pensam no lucro, deputado Eduardo Suplicy. É por isso que nós somos contra esse modelo de plano, e ele tem que ser modificado rapidamente.

Sem contar que ainda tem jabutis: tem uma proposta de embutir a isenção do ISS para os clubes de futebol, dando um prejuízo de mais de 400 milhões por ano para a cidade de São Paulo, um absurdo total.

É por isso que nós somos também contra esse projeto do jeito que ele está sendo aprovado. Repito: ele não é um projeto que beneficia a cidade, mas, sim, apenas o setor dos grandes empresários, as grandes empreiteiras e a grande especulação imobiliária da cidade.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Tem a palavra agora o deputado Carlos Giannazi, para falar pelo tempo regimental de cinco minutos no Pequeno Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR -Presidente Eduardo Suplicy, eu ingressei com uma representação no Ministério Público estadual denunciando mais uma irregularidade em relação às terceirizações que vêm ocorrendo no Iamspe.

O Iamspe está terceirizando tudo ali no Hospital do Servidor Público Estadual. Já terceirizaram até mesmo o pronto-socorro, a enfermagem. Tem médicos terceirizados, enfermeiras terceirizadas por empresas privadas, um absurdo.

Ao invés de ter concurso público para que nós tenhamos profissionais da Saúde de carreira no Iamspe, o Iamspe, há algum tempo, além de terceirizar várias áreas - laboratório e tantas outras áreas -, também está terceirizando até a área-fim, que é a área médica mesmo e da enfermagem. Isso vem acontecendo, e eu, inclusive, já acionei o Ministério Público, dois anos atrás, em relação à terceirização da enfermagem e do pronto-socorro.

 O MP acatou a minha representação e abriu uma ação civil pública contra esse modelo de terceirização, Sr. Presidente, mas elas continuam mesmo assim. Tem uma investigação do Ministério Público, uma ação civil pública, mas mesmo assim nós temos mais e mais terceirizações dentro do Iamspe. Eu me refiro aqui à terceirização de tecnologia da informação, conhecida como TI.

Olhem só o absurdo: houve uma licitação, inclusive, Sr. Presidente, que está sendo já investigada pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. O próprio Tribunal de Contas está dizendo que tem indícios de irregularidades na licitação e no contrato da empresa Ekan Soluções e Sistemas Integrados Ltda. Essa empresa está faturando 31 milhões, em 15 meses. Isso daria mais ou menos dois milhões por mês para fazer o trabalho de tecnologia da informação do Iamspe, olha só.

O Iamspe só tem, Sr. Presidente, quatro servidores concursados efetivos nessa área. Com esse valor, daria para contratar, por concurso público, mais servidores, que estariam no quadro estável, dando continuidade ao trabalho, mas não, o Iamspe prefere terceirizar, entregar o dinheiro, praticamente dos servidores, que contribuem com 2% ou 3%, para essas empresas terem lucro em cima desse serviço prestado.

Ou seja, não há necessidade, porque nós poderíamos ter servidores também de carreira nessa área, que fossem contratados através do concurso público, Sr. Presidente. Então, agora o que nos chama atenção é que essa empresa, Ekan Soluções, tem o mesmo quadro societário da empresa anterior que eu citei, que está sendo investigada também, que é 11 Care, que é uma empresa que terceirizou a parte do pronto-socorro, da enfermagem.

Então, é o mesmo grupo controlando, me parece, Sr. Presidente, tudo leva a crer que tem um grupo ali, um lobby, um grupo poderoso monopolizando uma parte das terceirizações do Iamspe.

Então, como já tem uma ação civil pública contra essa empresa, das terceirizações, que eu citei, do pronto-socorro, da enfermagem, agora nós vamos ter também...

Espero que o MP tome as providências em relação a essa empresa, a esses indícios de irregularidades dos contratos e também do contrato e da licitação da empresa Ekan Soluções, como nós apresentamos na nossa representação.

Repito, já há também uma investigação do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Então, são 31 milhões, Sr. Presidente. Com esse dinheiro, daria para contratar vários servidores concursados, efetivos, sem que houvesse a necessidade de transferir esse trabalho para uma empresa privada, que cobra esse valor porque ela tem lucro em cima do trabalho realizado na área de informática.

Mas o que eu quero chamar atenção é que essa empresa me parece que está associada a outra, que já é investigada também, e, Sr. Presidente, não dá mais para aguentar tanta terceirização no Iamspe. Têm mais de 20 empresas terceirizadas lá dentro.

Então, espero que o MP tome providências para pôr fim às terceirizações, que estão destruindo o Hospital do Servidor Público Estadual, que pertence aos servidores do estado de São Paulo, porque são eles que pagam, que financiam. O estado tem retirado os recursos, tem cada vez mais diminuído o investimento no nosso Iamspe, Sr. Presidente.

Era isso. Sr. Presidente, só queria fazer mais um pronunciamento aqui, pelo Art. 82, antes de terminar.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Está encerrado o Pequeno Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - O deputado Carlos Giannazi tem a palavra pelo Art. 82 então.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PELO ART. 82 - Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy, presidente desta sessão. Deputado Suplicy, olha, nós estamos acompanhando agora pela imprensa que as contas do governo anterior, do tucanistão, Doria/Rodrigo Garcia, estão sendo analisadas e questionadas no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

Saiu uma matéria agora, no final de semana, dando conta de que o Tribunal de Contas vai fazer diligências nas contas, porque descobriu várias irregularidades na área da Saúde, da Educação, de irregularidades no investimento, mas também, Sr. Presidente, além das irregularidades na área da Educação e da Saúde, muitas delas denunciadas por nós exaustivamente durante os quatro anos dessa perversa e cruel gestão Doria/Rodrigo Garcia...

Mas além disso, tem uma questão gravíssima, que também nós estamos denunciando já há um bom tempo, e que persiste, mesmo nesta gestão, do governador Tarcísio, que incorporou as maldades do PSDB na sua administração.

Refiro aqui às isenções fiscais sem transparência, que, na prática, significam transferência de dinheiro público para os grandes empresários. Dinheiro do ICMS é transferido para os grandes empresários, amigos do governo, logicamente, não é para qualquer empresário, por isso não há transparência nenhuma.

Então, um dos pontos de investigação, de diligência do Tribunal de Contas é em relação aos 53 bilhões de reais de isenções fiscais sem transparência. Olha só, nem o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo consegue investigar, controlar e ter acesso aos dados e às justificativas que levam a tanta isenção fiscal.

Saiu até matéria na Folha, vamos colocar aqui, Machado, por favor, aqui: “TCE adia julgamento e anuncia diligências em caixa preta nas contas de Doria e Rodrigo”. Eu não gosto de usar essa palavra, caixa preta, eu acho que ela é muito racista, mas o jornal usou.

“Conselheiros questionam a falta de dados sobre a renúncia fiscal bilionária. Governo prometeu dar informações”. Olha só, então nem os conselheiros têm acesso aos números, à justificativa. É um absurdo.

Isso vem acontecendo já há muitos anos no estado de São Paulo e anualmente eu tenho denunciado isso, provocado o debate aqui na Assembleia Legislativa, no entanto, o Tribunal de Contas, pela primeira vez, está tomando uma atitude mais concreta para investigar, para fazer uma diligência.

Eu, recentemente, Sr. Presidente, dentro desse tema, acionei o Tribunal de Justiça através de uma ação popular, acionei o TCE e o MP sobre um decreto do governador Tarcísio. Agora no começo da gestão, ele publicou um decreto dando isenção fiscal para as empresas que produzem embalagens metálicas.

Olha só, deu isenção fiscal, diminuiu drasticamente os impostos pagos por esse setor que até então arrecadava, Sr. Presidente, mais de 400 milhões de reais por ano, que não serão mais arrecadados. É um absurdo, sem justificativa alguma, sem que o estado saiba o que ele ganha com isso.

Espero que o Tribunal de Contas, que o MP e, sobretudo, que o Tribunal de Justiça, sobretudo o TJ, onde nós temos uma ação popular, o TJ está pedindo agora informações ao governo sobre o nosso questionamento.

Espero que o TJ entre com uma ação para que essa isenção não seja dada a esse grupo. Nós vamos perder pelo menos 300 milhões de isenção fiscal, dinheiro que vai fazer falta para a escola pública, para o SUS, para a assistência social, para a segurança pública.

São praticamente 300 milhões que a gente perde, porque a redução é drástica, Sr. Presidente. Esse é um exemplo, tem outros exemplos para os quais eu pretendo também acionar o TJ, o MP e o TCE, mas esse é um caso exemplar de como as isenções são dadas para os amigos do rei, para os grandes grupos econômicos no estado de São Paulo.

Então é uma boa notícia essa, de que o Tribunal de Contas vai avançar na investigação, na diligência, e que isso venha a público, porque o governo Tarcísio segue a mesma orientação, e aprofundando, na verdade, os valores, porque se essa investigação é sobre 53 bilhões de reais, eu quero registrar, para concluir, Sr. Presidente, que no Orçamento agora de 2023 a previsão de benefícios e isenções fiscais beira os 80 bilhões de reais. Não são 53, subiu para 80, quase que foi dobrado o valor de isenções fiscais.

Quando eu falo isenção, eu falo transferência de dinheiro público, dos nossos impostos para os grandes grupos econômicos, muitos deles devedores, sonegadores da dívida pública.

Era isso, Sr. Presidente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, não havendo mais nenhum orador presente e havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento desta sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Permita, deputado Carlos Giannazi, uma reflexão sobre o que acaba de dizer.

Se nós verificarmos o total de isenções fiscais, subsídios, na economia brasileira atualmente e somarmos isso com o valor do Bolsa Família, de aproximadamente 175 bilhões, vamos chegar a uma quantidade de mais de 700 bilhões de reais. Se isso for dividido pelos 208 ou 209 milhões de brasileiros, teríamos uma significativa renda básica universal.

Aqui em São Paulo, pelos dados que acabou de registrar, se, de fato, neste ano, vamos ter 80 bilhões de transferência de renda, ou de isenções fiscais, que podemos qualificar de transferência de renda para o setor da população que tem mais, então teríamos uma soma significativa que, dividida por 12 milhões de habitantes, também daria uma renda básica significativa para população.

Eu só cito isso para dizer que temos já uma lei para instituir a Renda Básica de Cidadania no Brasil, aprovada por todos os partidos. Um possível caminho para a tornarmos viável é somarmos as transferências de renda, dando igualmente para todos os brasileiros e brasileiras. Só para reflexão de V. Exa., querido deputado Carlos Giannazi.

Então, havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e oito minutos.

           

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