13 DE JUNHO DE 2025

84ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão às 14h02min.

        

2 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY

Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.

        

6 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência. Defende a valorização da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

        

7 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

8 - EDUARDO SUPLICY

Assume a Presidência.

        

9 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

10 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência.

        

11 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

12 - EDUARDO SUPLICY

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

13 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Anota o pedido. Comenta artigo publicado no jornal "Folha de S.Paulo" a respeito da presença dos pais de Marco Aurélio Cardenas Acosta, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, para denunciar o governo estadual pela morte do filho.

        

14 - EDUARDO SUPLICY

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

15 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Defere o pedido do deputado Eduardo Suplicy. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 16/06, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h01min.

        

* * *

 

 - Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

* * *

 

 O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Dando início à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra do deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Com a palavra o deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Com a palavra o deputado Marcelo Aguiar. (Pausa.) Com a palavra o deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra o deputado Caio França. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Reis. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra a deputada Ana Perugini. (Pausa.)

Com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará o uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Carlos Giannazi, avalio que seja importante que nós estejamos acompanhando as ações do ativista Thiago Ávila, que hoje desembarcou no Brasil, às 6 horas da manhã, após ter sido preso em Israel.

Diz a notícia da Agência Brasil EBC, que o ativista brasileiro, Thiago Ávila, chegou ao Brasil nesta sexta-feira, desembarcou por volta das seis horas da manhã, no aeroporto de Guarulhos, e foi recebido por dezenas de pessoas que expressaram solidariedade a ele.

O brasileiro, juntamente com a ambientalista Greta Thunberge e outros dez ativistas da Coalizão da Flotilha da Liberdade, foram presos pela Marinha israelense na última segunda-feira. Por qual razão? Ora, tentavam levar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza e assim abrir um corredor humanitário para expor o quanto que tantas crianças, pessoas idosas e tudo estão ali com fome.

Após a prisão, Thiago ficou por quatro dias em greve de fome e foi punido e enviado para uma cela solitária. Thiago desembarcou hoje, enrolado na bandeira do Brasil, e falou sobre a situação.

“Cada irmão e irmã que falou sobre heróis: isso não tem nada a ver com herói. A verdade é que a gente não precisa de herói no mundo de hoje. A gente precisa de solidariedade, de coragem, de afeto, de amor, de humanidade nesse momento.

A gente tentou, o máximo que a gente pôde, levar a nossa missão humanitária com alimentos, medicamentos, muletas, filtros de água, próteses para crianças amputadas, e a gente foi impedido por um estado”, que ele qualificou como “racista, supremacista, que há oito décadas pratica genocídio, limpeza étnica.”

O Brasil pediu a libertação dos ativistas, pois considerou que houve violação do direito internacional. A Flotilha da Liberdade informou que três dos nove integrantes do veleiro Madleen continuam presos em Israel.

Thiago Ávila pediu um esforço mundial para superar os bloqueios feitos por Israel, seja por meio de manifestações, boicotes, cortes de investimentos e sanções. O brasileiro afirmou que o trabalho vai continuar, e citou o exemplo da Marcha Global para Gaza que espera reunir milhares de manifestantes na fronteira de Gaza no domingo, dia 15.

“Então a Marcha Global para Gaza - que deve ter milhares de pessoas no aeroporto do Cairo, agora - ou missões como a Flotilha continuam indo e desafiando em solidariedade ao povo palestino, porque eles estão fazendo de tudo para sobreviver. A Flotilha nunca parou.

Eles já assassinaram dos nossos, já sequestraram, já nos bombardearam, já fizeram muitas e muitas e muitas violações. Essa de agora não foi sequer a maior violação que eles já cometeram. E a gente não vai parar. Foi o que eu disse à juíza na minha audiência de custódia.

Se vocês não vão devolver o nosso barco para continuar a nossa missão para levar alimento e criar um corredor humanitário dos povos em Gaza, o que eu posso te dizer é que provavelmente a gente se vê em breve, novamente.”

Cerca de dois milhões de palestinos vivem em mais de três meses de bloqueio de Israel, que permite apenas que uma empresa sediada nos Estados Unidos forneça alimentos à população.

As Nações Unidas condenam o bloqueio de outras organizações e alertam que seis mil caminhões com ajuda humanitária estão na fronteira com o Egito, aguardando para ingressar em Gaza.

Assim, Sr. Presidente, achei importante registrar essa notícia, e mais uma vez aqui insistir com a necessidade de todos os lados envolvidos, seja os israelenses, os judeus, os palestinos, os árabes que estão solidários e também na Ucrânia, na Rússia, é preciso que em todos os lugares onde continuam conflitos, uso de armas, guerras que estão matando pessoas, muitas delas completamente inocentes de qualquer coisa, como as crianças, os idosos ali na faixa de Gaza.

Então, é importante que digamos a todos, a todas as pessoas envolvidas em todos os lados: agora é hora de sentar, dialogar com respeito, amor, carinho, solidariedade e fim da violência, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Eu que agradeço, deputado Eduardo Suplicy, e convido V. Exa. para continuar presidindo esta sessão do Pequeno Expediente para que eu possa também fazer uso da tribuna.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Continuando a lista de oradores, tem a palavra agora o deputado Rômulo Fernandes. (Pausa.) O deputado Gil Diniz. (Pausa.) O deputado Dr. Elton. (Pausa.) A deputada Marina Helou. (Pausa.) O deputado Luiz Fernando Ferreira. (Pausa.)

A deputada Solange Freitas. (Pausa.) O deputado Lucas Bove. (Pausa.) O deputado Conte Lopes. (Pausa.) E agora, já na Lista Suplementar, convido o deputado Carlos Giannazi, do PSOL, para usar o tempo regimental do Pequeno Expediente.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, telespectador da TV Assembleia, eu quero aqui comentar o envio do Projeto de lei Complementar nº 20, de 2025, enviado aqui à Assembleia Legislativa pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Defensoria que nós sempre apoiamos, os defensores, e sobretudo os servidores.

A Defensoria Pública é uma conquista histórica da população do estado de São Paulo, cujo projeto foi aprovado aqui em 2006 e eu tenho participado ativamente na defesa da valorização salarial funcional e da melhoria das condições de trabalho dos servidores e dos defensores e das defensoras também da Defensoria Pública do Estado de São Paulo.

Esse projeto é muito importante. Ele trata da questão da reposição das perdas inflacionárias e ele trata também da questão do aumento do número de defensoras e defensores, servidores e servidoras, que é uma reivindicação que a gente tem feito já há muitos anos, porque o estado de São Paulo é o maior estado da América Latina.

Nós temos aqui praticamente 42 milhões de habitantes e nós temos poucos defensores, poucos servidores para atender a população. Então nós temos que aumentar o número de defensores e de servidores. Então nisso o projeto está correto e vai ter todo o nosso apoio.

Porém, Sr. Presidente, tem um aspecto do projeto que nós não podemos concordar, que é uma possível interferência nos núcleos que funcionam dentro da Defensoria Pública, que têm inclusive uma autonomia em várias áreas os núcleos ligados à área da Educação, da Habitação, do Combate à Violência.

Então, eu apresentei, inclusive já conversando com vários defensores e inclusive com o apoio de servidores, uma emenda, que é a Emenda nº 1 a esse projeto de lei complementar, para retirar essa parte do projeto. Então nós vamos aqui votar o projeto. Ele é importante, mas vamos retirar essa possível interferência nos núcleos, na independência dos núcleos.

A Emenda nº 1 foi publicada no “Diário Oficial” e eu peço o apoio de todos os deputados, mas peço também à própria defensora pública do estado de São Paulo, Sr. Presidente, que para facilitar inclusive a aprovação do projeto, que ela possa, na verdade, antecipar-se a uma possível crise e enviar um aditivo, enviar já uma alteração retirando esses itens que comprometem esse importante projeto.

Então fica o nosso apelo porque a imprensa está explorando, Sr. Presidente, de uma forma até negativa o projeto. Tem aqui a matéria da “Folha de S. Paulo” de hoje, olhe: “PL de defensor aliado de Tarcísio pode limitar ações contra o governo de São Paulo”.

Isso é uma matéria negativa, não é? Que compromete a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, dando a entender que ela está a serviço do governo, que ela será amordaçada, que ela será controlada, agora, nos seus núcleos que sempre tiveram independência e nós não podemos permitir isso.

Então, eu faço aqui um apelo à defensora pública que faça a mudança, que encaminhe à Assembleia Legislativa um projeto aditivo, para que nós possamos retirar toda essa parte que tem discordância de vários defensores e de várias entidades, inclusive dos movimentos sociais, entidades de direitos humanos.

Aí sim, nós vamos aprovar esse projeto, porque, olhe, nós não podemos passar por esse processo, Sr. Presidente, de uma matéria como essa dando a entender que agora o governador Tarcísio vai controlar a Defensoria Pública do Estado de São Paulo, que sempre teve autonomia, que sempre investigou e que sempre defendeu os interesses fundamentais da população.

Eu acompanho o trabalho importantíssimo da Defensoria, dos defensores e das defensoras na área da Educação, na área da habitação popular, na área do combate à violência, isso em todos os níveis.

E a Defensoria tem feito um trabalho extraordinário no estado de São Paulo, defender os excluídos, as pessoas que mais precisam dos serviços do Estado, sobretudo, para que a população tenha acesso aos direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal.

Então, nós não podemos de nenhuma forma comprometer a imagem, a história da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Então ficam aqui dois apelos. Primeiro, que a defensora pública do estado de São Paulo apresente imediatamente uma mudança nessa lei. E, caso isso não ocorra, que a nossa emenda seja aprovada quando o projeto entrar em votação.

Nós vamos aprovar, logicamente, o projeto, mas sem esses dispositivos que possam controlar o trabalho dos núcleos. Nós não queremos nenhum tipo de interferência nesse sentido. Repito, porque a Defensoria Pública cumpre um papel fundamental hoje no estado de São Paulo, garantindo o acesso à Justiça da população, que mais precisa desse serviço.

Era isso, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Caro deputado Carlos Giannazi, quero dizer que como deputado estadual também ouvi as observações, ponderações de inúmeras defensoras que... Defensoras e defensores que estão preocupados com esse aspecto que V. Exa. mencionou.

É importante que venhamos a assegurar a total liberdade dos defensores públicos de realizarem o seu trabalho da forma mais imparcial e correta possível. Se puder estar aqui, vamos nos rever.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Eduardo Suplicy. Quero agradecer o apoio de V. Exa. nessa causa importante da Defensoria Pública, deixando claro que nós defendemos a valorização salarial dos servidores e servidoras.

É importante o reajuste salarial. É importante a abertura de concurso público para que haja novos ingressantes nessa área e também o aumento do número de defensores públicos, bem como a valorização salarial de ambos.  Então essa é a nossa grande luta. O que nós não podemos permitir é qualquer tipo de interferência no trabalho independente dos núcleos, Sr. Presidente.

Então com a palavra o deputado Eduardo Suplicy que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Giannazi, eu fiquei preocupado com a notícia hoje publicada pela “Folha” de que “a Vila dos Idosos, prédio da Prefeitura destinado para a moradia de pessoas com mais de 65 anos de baixa renda, tem atualmente cerca de um terço dos apartamentos vazios.

Apenas 98 das 145 unidades estão ocupadas. O número é confirmado pela gestão Ricardo Nunes, do MDB, que afirma que, apesar disso, o projeto está mantido e não vai ser descontinuado. Ora, o programa de locação social ao qual pertence a Vila dos Idosos está em pleno funcionamento e é destinado à garantia do direito à moradia com foco na autonomia e na convivência comunitária, diz a nota.

Questionada, a prefeitura não explicou o motivo do empreendimento ter quase um terço das unidades vazias. Também não respondeu sobre qual é a demanda para morar no local e há pessoas na fila. Uma placa da prefeitura e da Cohab, Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo, indica obras de manutenção preventiva e corretiva nas instalações que ficam no Pari, na região central da cidade.

O início das obras foi em 18 de dezembro de 2024, e o prazo de conclusão era de quatro meses, com custo de 1,4 milhão de reais. Na última terça-feira, dia dez, quase dois meses depois do prazo previsto, as obras seguiam em andamento. A prefeitura admite que o prédio está em obras, mas não explica o motivo dos atrasos.

Para ter o direito a morar no local, a pessoa precisa ter mais de 60 anos, ganhar até o teto de três salários mínimos e não ter participado de outros programas sociais de habitação. O idoso paga um valor que varia de dez a 15% do valor da aposentadoria ou benefício de prestação continuada, além de uma taxa de condomínio. É a própria Cohab que faz o encaminhamento das pessoas para morarem no prédio.

Os moradores apontam que alguns apartamentos chegam a ficar mais de um ano fechados depois que os antigos ocupantes morreram, sem que os objetos pessoais tenham sido sequer retirados. Segundo a prefeitura, 14 unidades encontram-se em trâmite para manutenção.

Um dos elevadores, logo na entrada do conjunto, está quebrado faz um mês, e a previsão é de que o conserto, segundo moradores, demore pelo menos mais três meses. Segundo a prefeitura, há um contrato de manutenção dos elevadores, sendo que dois estão em atividade e o outro em processo de modernização.

Criada na gestão Marta Suplicy, do PT na época, e hoje novamente, e inaugurado pelo então prefeito Gilberto Kassab, então no DEM, hoje no PSD, em 2007, a Vila dos Idosos é a primeira unidade de um projeto de atendimento à demanda habitacional deste público, principalmente para aqueles que mantém um alto nível de autonomia, não tem parentes próximos e podem morar sozinhos.

A prefeitura, no entanto, segundo relatos, tem demonstrado dificuldade de tratar da mudança de status de alguns moradores que perdem autonomia e acabam desamparados dentro de seus apartamentos. Uma moradora de 88 anos foi internada no dia 7 de março, no pronto-socorro do Tatuapé. Teve alta por dois meses e meio depois. Segundo vizinhos, ela foi levada de ambulância e deixada em seu apartamento com a autorização da portaria da Vila.

A partir de então passou a depender dos outros moradores para suas refeições e tomar remédios, porque não tem condições de caminhar. Suas pernas estão bastante inchadas e com manchas vermelhas dos derrames. Como não tinha retirado os benefícios previdenciários nos meses anteriores, ela teria que ir pessoalmente regularizar a situação, mas os vizinhos não conseguem retirá-la da cama.

A mulher conta que está na vila desde a inauguração. Aposentou-se depois de trabalhar como cabeleireira e na limpeza de casas de famílias. Solteira, sem filhos nem outros parentes próximos, morava em quartos de pensão, porque não tinha condições financeiras de morar em um apartamento até se tornar beneficiária do programa.

Uma vizinha conta que teve dificuldades de conseguir que a idosa passasse a receber atendimento diário do Programa de Atendimento de Idosos (PAI) e que, diante da gravidade da situação, a presença uma vez ao dia é insuficiente. Além dos dois horários de medicação, ela necessita de apoio na hora das refeições e reclama da solidão de ficar sozinha no quarto o dia inteiro. Diz que esse caso não é o único dentro da vila.

A prefeitura afirma que, além do PAI, a paciente é acompanhada pela Equipe de Estratégia Saúde da Família todos os dias da semana. A gestão Nunes diz ainda que, no mesmo dia em que foi questionada pela “Folha”, a paciente recebeu a visita de um ‘acompanhante de idoso e um auxiliar de enfermagem, e está em andamento o processo para sua transferência para uma Instituição de Longa Permanência para Idosos’. Não divulgou nenhum prazo para que isso aconteça.”

Acho importante que aqui está uma atividade importante do jornalismo de Leonardo Fuhrmann, que nos traz essa notícia importante para alertar o prefeito Ricardo Nunes e a sua administração sobre o cuidado que temos que ter com os idosos de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Convido V. Exa. novamente para continuar presidindo a sessão de hoje ainda, agora no Pequeno Expediente, já na Lista Suplementar.

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Agora tem a palavra, na Lista Suplementar, o deputado Carlos Giannazi, do PSOL, pelo tempo regimental.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, eu quero aqui parabenizar a deputada federal Profa. Luciene Cavalcante, do PSOL aqui de São Paulo, que tem feito uma luta, que tem sido a principal lutadora, a principal representante da luta em defesa do descongelamento da evolução funcional da época da pandemia.

Nós sabemos que, no auge da pandemia, o ex-presidente Bolsonaro, agora condenado pela Justiça, aprovou a famigerada e nefasta Lei Complementar nº 173, que congelou os concursos públicos, os salários e sobretudo a evolução funcional de todos os servidores do Brasil. Acabou a pandemia, porém não houve descongelamento.

A deputada federal Luciene Cavalcante apresentou um projeto de lei que já foi aprovado em todas as comissões da Câmara dos Deputados. E agora, recentemente, ela conseguiu mais um avanço para que o projeto vá ao Plenário e seja votado imediatamente e a gente possa descongelar, esta evolução funcional, aqui em São Paulo, por exemplo, nós temos os quinquênios, que são importantes para esse tipo de evolução.

Temos muitos servidores e servidoras esperando esse descongelamento para poder incorporar o quinquênio e, em seguida, pedir a sua aposentadoria. E ela conseguiu agora um feito importantíssimo, porque ela é uma grande articuladora na Câmara dos Deputados. Tanto é que conseguiu aprovar nas três comissões, fazendo ali um grande esforço de diálogo, de conversação com todas as forças políticas.

E agora conseguiu, na reunião de líderes, ela estava representando a liderança do PSOL, ela conseguiu que o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta, designasse uma relatora para o “Projeto do Descongela”, conhecido como “Projeto Descongela Já”, que é a deputada federal Socorro Neri, que fará o relatório para que o Projeto seja votado, enfim, no plenário.

Então, é uma luta importante, Sr. Presidente, que vai beneficiar todos os servidores públicos do Brasil, que foram injustiçados por essa famigerada lei complementar lá do governo Bolsonaro, a Lei 173. É um momento importante na luta do “Descongela Já”.

Quero até passar o vídeo desta informação, Sr. Presidente, que está circulando nas redes sociais, para que todos tenham acesso a essa informação e possam pedir aos deputados para que votem favoravelmente ao projeto, também em caráter de extrema urgência. Quero colocar o vídeo da deputada aqui.

 

* * *

 

- É exibido o vídeo.

 

* * *

 

Parabéns, deputada federal Luciene Cavalcante. É um grande avanço e uma notícia importante para todos os servidores e servidoras públicas do Brasil. Sr. Presidente, quero ainda aqui comentar esta notícia da “UOL”, da “Folha de S.Paulo”, de hoje, sobre o Ministério Público Estadual, que vai receber agora 30% dos recursos das ações contra a lavagem de dinheiro no Estado, para um fundo especial.

Tem até uma matéria aqui. Vou pedir para o Machado colocar a do MP - não, essa não, essa aqui é da Udemo, que vou falar depois. Tem uma outra que mandei anteriormente, que é a notícia da “Folha” de hoje, Sr. Presidente, que é essa aqui: "Tarcísio turbina fundo especial do Ministério Público de São Paulo em meio à expansão de supersalários”.

Não dos servidores, mas dos promotores e procuradores. Os supersalários, que há um debate sobre este tema hoje, aqui em São Paulo e no Brasil. O fato, Sr. Presidente, é que nós não temos nada contra - nós defendemos o trabalho do Ministério Público Estadual, dos promotores, dos procuradores. O Ministério Público é uma instituição importante, é a voz da população, e o Ministério Público tem que receber mais recursos do que tem recebido.

Então, por isso, é importante, sem dúvida, que ele receba mais recursos, inclusive deste fundo também. Porém, Sr. Presidente, a ressalva que faço aqui é para que todos os recursos, sobretudo deste fundo, que ele possa oferecer folga no orçamento do Ministério Público, de tal forma que os servidores sejam valorizados, os servidores que estão lá na ponta.

Eles devem ter o reajuste salarial digno, uma reposição salarial que esteja de acordo, de fato, com a valorização salarial, porque esses servidores, os servidores que sustentam todo o Ministério Público, que dão apoio para o funcionamento dos promotores e dos procuradores, estão, Sr. Presidente, com os salários arrochados e defasados há muitos anos e estão em luta, com campanha salarial, para melhoria salarial, funcional e melhoria das condições de trabalho.

Então, eu queria só fazer, Sr. Presidente, essa observação importante, que esse recurso que está sendo destinado agora, de 30% das ações contra a lavagem de dinheiro, que ele dê folga, porque esse recurso, parece-me que não pode ser utilizado diretamente para o pagamento de salários, mas, como ele dará folga ao orçamento do MP, então, que essa folga seja destinada à valorização dos servidores, Sr. Presidente, repito, que estão com os salários defasados, arrochados, então, é um momento importante.

Que o Ministério Público possa fazer justiça com os seus próprios servidores. Repito, servidores que são os responsáveis pela sustentação do MP, porque, sem eles, o Ministério Público não funciona. Não adianta ter só promotor e procurador, se não tem toda a base de apoio, os analistas, todos os servidores e todos os cargos. 

Então, é nesse sentido que nós fazemos um apelo aqui para que esse recurso dê folga, de tal forma que os servidores possam ter um reajuste digno, Sr. Presidente, que as reivindicações, que são muitas, na verdade, sejam atendidas.

E quero ainda, Sr. Presidente, aqui, aproveitando no Pequeno Expediente, na Lista Suplementar ainda, divulgar uma nota importante, um ofício que todos os deputados estão recebendo, que é um documento da Udemo, que é o Sindicato dos Especialistas, dos diretores e diretoras da rede estadual, que é esse aqui, Sr. Presidente, que está aqui no telão da Assembleia Legislativa, que quero divulgar, assinado pelo seu presidente, o presidente Chico Poli, em que ele apoia o nosso projeto, o PL, Projeto de Lei nº 546, que institui a avaliação de desempenho do secretário da Educação e dos dirigentes de ensino, já que a Secretaria da Educação, tanto zela pela avaliação, a avaliação 360, ela veio agora para avaliar todo mundo.

Todos são avaliados agora na Secretaria da Educação, inclusive os alunos estão avaliando os professores, sem a mínima condição de fazer essa avaliação, sem maturidade, sem preparação, Sr. Presidente, inclusive se vingando dos professores.

As redes sociais estão cheias, lotadas de vídeos dos alunos tripudiando em cima do magistério, vingando-se dos professores, que foram um pouco mais rígidos, que eles não gostam, então foi um desastre total o que o secretário fez com essa avaliação 360, que tem prejudicado toda a rede estadual de ensino.

Eles estão avaliando professores, diretores, então eles serão avaliados também, porque o Projeto 546 que eu apresentei, ele vai avaliar o secretário da Educação, o secretário Renato Feder será avaliado pelos profissionais da Educação, e nós já começamos a avaliação dele nas nossas redes sociais, Sr. Presidente, e os dirigentes de ensino também, que são nomeados, que são cargos de confiança, cargos políticos.

Muitas vezes são nomeados com a influência de partidos políticos, de deputados, de vereadores, e de aliados do próprio governo, quando não aliados do próprio secretário da Educação, que de secretário da Educação ele não tem nada, Sr. Presidente. É um empresário, dono da Multilaser, que tem um contrato milionário com a própria Secretaria da Educação, de 200 milhões de reais e que está enriquecendo as indústrias, as empresas de plataformas digitais.

Então, nesse sentido, é muito importante que o nosso projeto seja aprovado e os profissionais da Educação possam também avaliar o secretário de Educação, Renato Feder, e seus dirigentes de ensino, que estão impondo essa política destruidora, nefasta, perversa de Educação para toda a rede estadual, destruindo a rede estadual. Essa é a verdade. Então, eles serão também avaliados.

Eu quero saudar essa decisão da diretoria do conselho deliberativo da Udemo, que é um sindicato combativo, que está presente em todas as lutas em defesa não só dos diretores, mas em defesa dos servidores em geral, e que tem lutado contra as reformas previdenciárias, reformas administrativas, que tem um papel importante junto com as outras entidades da Educação aqui do estado de São Paulo. Então, quero agradecer a Udemo, na pessoa do seu presidente, Chico Poli, por esse apoio importante.

Então, esse ofício está sendo recebido por todos os 94 deputados e deputadas, de tal forma que a gente tem que acabar com isso, com essas avaliações, essas falsas avaliações, que são avaliações autoritárias, punitivas, que visam desmoralizar o magistério e perseguir professores e diretores.

Agora a ordem é essa, da Secretaria da Educação: as escolas que não atingirem as metas, as professoras e professores, as diretoras e diretores, e também agora os supervisores, serão punidos se não atingirem as metas, mas principalmente as metas relacionadas à utilização das plataformas que estão enriquecendo as empresas dessa área. Esses serão todos punidos.

Está lá, é o que o secretário está fazendo: afastando em massa diretoras e diretores. Já tem quase 100 diretores e diretoras afastados da Rede Estadual de Ensino. Professores também serão punidos, que não atingirem sobretudo essas metas das plataformas.

Então, o nosso Projeto nº 546, o projeto que apresentei, vai também avaliar o secretário da Educação. Até agora, Sr. Presidente, do que eu vi, ninguém aprovou nem o secretário nem os dirigentes de ensino. É nota 0,0 para todos até agora, principalmente para o secretário da Educação, que tanto defende a “Avaliação 360”, avaliação autoritária e punitiva.

Então, muito obrigado à Udemo; obrigado, professor Chico Poli.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Se V. Exa. puder presidir mais uma vez, eu inclusive depois posso dar mais uma oportunidade ao colega e companheiro.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com certeza. É uma honra presidir a sessão para que V. Exa. venha à tribuna fazer uma intervenção.

Antes, Sr. Presidente, quero aqui, só para contribuir, para a gente depois encerrar, quero só dizer que nós não podemos aceitar a decisão da Secretaria da Educação de fazer atribuição de aulas em dezembro. Novamente, vamos ter a reprodução do caos, da tragédia que acontece todos os anos com a Secretaria da Educação fazendo atribuição em dezembro.

Nós queremos, nós exigimos que a atribuição de aula seja feita no final de janeiro, uma atribuição presencial, justa, transparente, que leve em conta, sobretudo, Sr. Presidente, em primeiro lugar, o tempo de serviço dos professores, a experiência e a formação. Isso para nós é fundamental. Temos que valorizar a experiência de quem já está na rede.

Por isso, é muito importante que ela seja feita lá na frente, no final de janeiro, de tal forma que os professores tenham direito ao recesso e às férias, que é um direito trabalhista que a secretaria tem atropelado e negado e prejudicado durante toda essa gestão, principalmente.

Então, nesse sentido, exigimos que - repito - a atribuição de aulas para o ano que vem seja feita no ano que vem, no final de janeiro, e que ela seja transparente, presencial, justa, com a participação, com a fiscalização das entidades representativas, que elas possam fiscalizar e acompanhar, as entidades da Educação, do Magistério, a Apeoesp, a Udemo, a Apase, o CPP, que elas possam participar desse processo fiscalizando todo o processo de atribuição.

Repito: que os critérios sejam critérios que levem em conta, Sr. Presidente, a experiência, o tempo de serviço no Magistério e também a formação.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Agradeço, deputado Carlos Giannazi. Se eu puder ainda utilizar a tribuna mais uma vez...

 

* * *

 

- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, na Lista Suplementar, com a palavra o nobre deputado Eduardo Suplicy, que fará uso da tribuna de acordo com o nosso Regimento Interno.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Giannazi, vou utilizar o tempo para tratar de dois temas. O primeiro é o registro de como o trabalho infantil tem crescido 45% em São Paulo nos últimos cinco anos. Conforme “O Globo” de ontem, o estado de São Paulo registrou um aumento de 45% no número de denúncias de trabalho infantil nos últimos cinco anos. O levantamento foi feito com base em dados da plataforma Disque 100, do Painel da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.

“Nesta quinta-feira, 12 de junho, que é Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, é necessário informar que, em 2023, foram registradas 903 denúncias, média de 75 por mês. É o maior volume da série histórica recente. Em 2020, foram 626 casos; em 2021 e 2022, uma leve queda para 585 e 589, respectivamente. Mas o índice voltou a subir de forma significativa em 2023 e atingiu um novo pico no ano passado, de 2024.

Especialistas em infância e juventude apontam que o aumento nas denúncias também reflete uma maior conscientização da população, que tem se mostrado menos tolerante com a violação dos direitos das crianças e adolescentes, especialmente quando estão fora da escola para trabalhar.

Em todo o país, entre 2023 e abril deste ano, mais de 6.300 crianças e adolescentes foram identificados em situação de trabalho infantil e retirados dessas atividades. Grande parte atuava em funções que envolvem riscos à saúde e à integridade física, como na agricultura pecuária e oficinas de manutenção de veículos.

O perfil das vítimas também chama atenção: três em cada quatro são meninos, a maioria com idade de 16 a 17 anos, 12% menos de 13 anos, idade em que qualquer tipo de trabalho é proibido pela legislação brasileira.

O governo federal afirmou que o combate ao trabalho infantil é uma prioridade da atual gestão e que o crescimento das denúncias é reflexo do fortalecimento de campanhas de incentivo à população para identificar e relatar casos. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque 100, disponível 24 horas por dia.”

Mas também, Sr. Presidente, gostaria de registrar que reportagem do “Jornal Metrópoles” desta última terça-feira trouxe uma importante reportagem sobre a disparidade das ações da Polícia Militar em casos de saúde mental.

Diz: “Dois casos envolvendo abordagens de policiais militares a homens que estavam em aparente surto em dezembro de 2024 ilustram como o CEP de uma ocorrência pode influenciar na sobrevivência do suspeito na cidade de São Paulo.

O primeiro caso ocorreu em um apartamento na região chamada de Cracolândia, e o segundo foi em uma cobertura em Pinheiros, bairro nobre da zona oeste paulistana. Ambos compõem a reportagem “A política da bala”, publicada pelo “Metrópoles”, com base em documentos referentes a todas as ocorrências que resultaram em morte por intervenção policial na capital paulista do ano passado.

Os dados revelam que das 246 pessoas mortas pela PM, em 2024, ano mais letal da gestão do governador Tarcísio de Freitas e do secretário Guilherme Derrite, da Segurança, 85 não portavam arma de fogo e 47 foram baleadas pelas costas.”

O caso do homem em surto da região da Cracolândia.

Era véspera de Natal quando a polícia foi chamada para uma suspeita de gritos de uma criança na rua Aurora, Campos Elíseos, perto de onde fica o fluxo de usuários do craque. Quando os agentes chegaram ao local, encontraram o colombiano Michael Stiven Ramirez Montes, 33 anos, em um aparente surto. O homem estava sentado no chão do apartamento, esfaqueando um cão de raça bull terrier.

Assim que entram no prédio, os PMs escutam o som dos tiros. Ao chegarem no andar, o homem também, em aparente surto, grita lá de dentro para que...”

Desculpe, pulei uma página sem querer.

“As câmeras corporais dos policiais mostram os agentes de arma em punho em um corredor do lado de fora, tentando negociar para que o homem largasse a faca. ‘Não vale a pena’, um deles disse. Michael, com a faca na mão e o cão ensanguentado nos braços, não responde e continua a ferir o animal. De repente o policial dispara. Foi o primeiro de muitos estampidos que lembraram um pelotão de fuzilamento.

Ao todo foram 44 tiros; 25 atingem o corpo do colombiano. O cachorro foi vítima de quatro disparos e também morreu. Logo depois um superior se aproxima dos policiais perguntando se o homem estava com a faca. ‘Estava chefe’, responde um dos praças.

Ele emenda com o questionamento se o suspeito foi para cima deles. ‘Chefe, toda hora ele tentou várias vezes esboçar. No momento em que ele tentou’, dizia um PM, antes de ser cortado pelo superior, ‘foi para cima?’ Questionou de maneira que apresenta induzir as respostas dos subordinados.

Um dos agentes acaba respondendo que sim, embora as imagens mostrem que o homem permanecia no chão quando foi baleado. O chefe então sentencia que o uso da força foi necessário, versando os policiais no boletim de ocorrência.

O documento também registra o encontro de 320 gramas de maconha e dois invólucros de cocaína.”

E agora a “História do homem surto em cobertura de Pinheiros.

No dia 6 daquele mesmo mês, a seis quilômetros do cenário de morte de Michael, policiais da Rota, a tropa de elite da PM, foram chamados para uma ocorrência bem mais grave. O CAC, colecionadores de armas, atiradores e caçadores, Marcelo Berlinck Mariano Costa, 31 anos, havia feito disparos do alto de uma cobertura de Pinheiros, bairro nobre da capital paulista.

Assim que entram no prédio, os PMs escutam o som dos tiros. Ao chegarem no andar, o homem também, em aparente surto, grita de lá de dentro para que a equipe entre. No entanto, logo em seguida, ele fez um disparo em direção à porta onde estavam os agentes. Os PMs retrocedem e resolvem chamar o Grupo de Ações Táticas Especiais, Gate, setor da PM especializado neste tipo de ocorrência.

Até que os especialistas cheguem, eles permanecem no local para a contenção da situação. Os policiais então utilizam explosivos para arrombar a porta do apartamento. Um cão policial entra no imóvel e consegue imobilizar o homem. Os policiais prendem Marcelo sem disparar um único tiro.

Lá dentro a polícia encontra pequenos sacos plásticos com cocaína, além de outros, já vazios, o que indica que teriam sido consumidos anteriormente. No imóvel foi localizado um arsenal com 152 armas de fogo.

Há uma disparidade. O caso envolvendo o CAC aconteceu na região de Pinheiros, onde foi registrada a ocorrência de resistência seguida de morte. Já o caso da região da Cracolândia se desenhou no 3º DP Campos Elíseos, com um índice cinco vezes maior de ocorrências com mortes por PMs. A disparidade de casos se repete em outras regiões da cidade.

O 89º DP do Morumbi fica no bairro onde talvez haja a desigualdade social mais visível na Capital. Um cenário marcado pelas mansões do bairro que dá nome ao distrito, e outro pelas construções precárias da maior favela da cidade, Paraisópolis. Foi ali que os escrivães registraram mais casos de resistência seguida de morte: 14 no total.”

Essa reportagem trouxe exemplos e dados impactantes de como a política de Segurança Pública varia de acordo com o território. Bairros que concentram riqueza encontram policiais com atitude legalista, como deveria sempre ocorrer.

Já em regiões mais pobres, temos assistido a execuções sumárias. Não há outro nome. As notícias de crime e abuso policial se avolumam nos noticiários, mostrando dia após dia a violência e perversidade com que tem ocorrido número significativo de mortes decorrentes de intervenção policial.

O governador Tarcísio de Freitas precisa determinar que a Secretaria de Segurança Pública dê um basta a esse cenário de barbárie. Crimes cometidos por agentes públicos armados, que atuam em nome do Estado, não podem ser tidos como política de enfrentamento ao crime. Não podem ser autorizados, tolerados ou normalizados nem pelo Governo do Estado, nem pelo Ministério Público, que tem competência de fazer o controle externo da atividade policial.

Ressalto, por fim, no caso que acabo de ler, as câmeras corporais se mostram essenciais para contrapor narrativas fabricadas de que a morte se deu em decorrência de confronto policial.

Esta Casa tem a responsabilidade de se manifestar sobre o que está ocorrendo na Polícia Militar paulista. Tem a responsabilidade de exigir uma atuação legalista e não seletiva da polícia, sob pena de ser conivente com um dos momentos mais violentos da Polícia Militar em período democrático.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Obrigado pela tolerância também.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Havendo concordância dos Srs. Líderes e das Sras. Líderes, peço que seja levantada a sessão, Sr. Presidente Carlos Giannazi.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy.

Antes de levantar a sessão, eu gostaria aqui de dar visibilidade a uma notícia importante publicada, uma matéria publicada hoje, na “Folha de S. Paulo”, dentro dessa toada, nesse diapasão que V. Exa. acabou de trazer ao plenário da Assembleia Legislativa. Eu me refiro aqui a esta matéria: “Pais de estudante de medicina morto pela PM vão à ONU denunciar gestão Tarcísio”.

Segundo pai de Marco Aurélio Acosta, Estado cometeu crimes de homicídio, xenofobia e prevaricação. Os pais do estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, 22 anos, morto com um tiro por um policial militar em novembro do ano passado, vão à ONU, Organização das Nações Unidas, com o propósito de fazer denúncias contra a gestão Tarcísio de Freitas, Republicanos.

Julio Cesar Acosta Navarro e Silvia Mônica Cardenas Prado vão apresentar o caso do seu filho, com fotos e vídeos, na próxima sessão do Conselho de Direitos Humanos, que será realizada entre os dias 16 de junho e 9 de julho, em Genebra, na Suíça.

“Iremos fazer denúncias por homicídio qualificado, racismo, xenofobia, tortura, associação criminosa, uma constelação de crimes contra meu filho”, diz Julio, pai do Marco Aurélio. “O último curso para apelar é a ONU. Como o Tarcísio já disse, de uma forma muito insensível, podem ir à ONU, na Liga da Justiça.

Então eles estão indo. Estou abrindo mão do meu trabalho para reivindicar justiça pelo meu filho, prosseguiu o pai.” Na época, Tarcísio... O médico reclama que, no momento de dor pela morte do filho, sentiu como uma afronta as declarações do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Semanas depois do assassinato do estudante, Derrite, cuja política vinha sendo questionada pela escala da violência policial, disse que pequena parte da sociedade se incomodava com o êxito do bem contra o mal.

Então, olha, é importante isso, né? Essa ida dos pais do Marco Aurélio à ONU, já que nenhuma providência foi tomada aqui no Brasil. Nós fizemos, inclusive, uma audiência pública aqui em apoio a essa luta do Julio e da Silvia, os pais do Marco Aurélio, mas eles não se sentiram contemplados, porque não houve a efetivação da justiça e, por isso, eles estão indo à ONU e têm todo o nosso apoio.

Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Permite apenas expressar o meu apoio à iniciativa que tomou para apoiar a atitude dos pais do rapaz que, infelizmente, foi morto.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Eduardo Suplicy, pelo apoio à família do Marco Aurélio - o seu pai, Julio, e a sua mãe, Silvia.

Está levantada sessão.

 

* * *

 

- Levanta-se a sessão às 15 horas e 01 minuto.

 

* * *