25 DE ABRIL DE 2025
17ª SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AO DIA DAS TRABALHADORAS DOMÉSTICAS E DE CUIDADOS
Presidência: EDIANE MARIA
RESUMO
1 - EDIANE MARIA
Assume a Presidência e abre a sessão às 19h41min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a composição da Mesa. Convida o público para ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
3 - EDIANE MARIA
Informa que a Presidência efetiva convocara a presente solenidade para "Homenagem ao dia das trabalhadoras domésticas e de cuidados", por solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos. Relembra a dificuldade da sua trajetória até ser eleita deputada nesta Casa. Agradece a todos aqueles que além de votarem nela, pediram votos nas ruas em seu nome. Ressalta a atuação dos sindicatos e dos movimentos sociais. Diz ser a categoria a base que sustenta o País, composta por mais de seis milhões de trabalhadoras. Considera hoje um dia histórico, por ser a primeira vez em que uma solenidade da categoria das empregadas domésticas acontece neste Parlamento. Menciona o avanço ocorrido desde 2013, quando surgiram as leis próprias para a categoria. Afirma ser esta uma solenidade para que sejam ouvidas todas as necessidades das presentes. Destaca a luta pelos direitos. Pede respeito para a história da categoria. Cita a liberdade com direito garantido por esta Casa de Leis.
4 - LUCIANA LACERDA
Chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Cuidados e Família, faz pronunciamento.
5 - VERONICA OLIVEIRA
Influenciadora e idealizadora da página “Faxina Boa”, faz pronunciamento.
6 - VERA LÚCIA SILVA
Diretora do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas, faz pronunciamento.
7 - FERNANDA SOUZA
Coordenadora do “Contrate Quem Luta”, faz pronunciamento.
8 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Lê histórico de Laudelina de Campos Mello, importante representante da categoria. Anuncia homenagens, com entrega de placa comemorativa, para representantes da categoria.
9 - PRESIDENTE EDIANE MARIA
Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h02min.
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- Assume a Presidência e abre a sessão
a Sra. Ediane Maria.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Para começar, gente,
para todo mundo se ambientar, para a gente chegar, a gente vai abrir com uma
mística, com uma apresentação cultural que o MTST preparou. Essa mística começa
com uma releitura do filme “Que Horas Ela Volta?”. Quem já assistiu “Que Horas
Ela Volta?”? Muita gente, não é?
Então vamos lá. Pode começar, gente.
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- É feita a apresentação teatral.
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- É feita a apresentação musical.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado ao
MTST por essa abertura tão bonita. Agora eu vou convidar para compor a Mesa,
já, as nossas convidadas que vão fazer algumas falas nessa noite tão importante
de muitas homenagens.
Bom, vou começar com ela que é deputada
estadual, a primeira trabalhadora doméstica eleita aqui no estado de São Paulo,
nossa companheira de luta, deputada Ediane Maria. (Palmas.)
Bom, gente, vou convidar agora a
Luciana Lacerda, que é chefe de gabinete da Secretaria Nacional de Cuidados e
Família, do Ministério do Desenvolvimento Social. Muito bem-vinda, Luciana.
(Palmas.) Convidar também essa pessoa que é diretora do Sindicato das
Trabalhadoras Domésticas de Campinas, a Vera Lúcia. (Palmas.)
Vem para cá também a coordenadora do
“Contrate Quem Luta”, Fernanda Souza. (Palmas.) Para fechar essa Mesa com chave
de honra, vou convidar a Veronica Oliveira, que é influenciadora, escritora e
idealizadora da página “Faxina Boa”. (Palmas.)
Neste momento, gente, vou pedir para
todo mundo ficar de pé. Como parte deste evento oficial do estado de São Paulo,
a gente vai cantar o Hino Nacional. Então, fiquem em pé, em posição de
respeito, e aí vai começar o Hino Nacional. “Bora lá.”
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- É reproduzido o Hino Nacional
Brasileiro.
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Sem anistia, né, gente? Isso aí.
Bom, gente, vou fazer já algumas
saudações, porque esta noite está muito representativa, tem muitas entidades,
muitos movimentos que durante essas últimas semanas se mobilizaram para estar
aqui nesta sexta-feira à noite, nesta sexta-feira chuvosa.
Então, queria saudar o Sindicato de
Campinas, que está aqui presente; a Casa Laudelina; saudar o Sindicato das
Trabalhadoras Domésticas de Piracicaba, do ABC, da Grande São Paulo, do
município de São Paulo; saudar o Sindicato de Catanduva, que está aqui presente;
de Franca.
Fenatrad - Federação Nacional das
Trabalhadoras Domésticas também se faz presente hoje; saudar o “Conexão Babás”,
esse grupo que também está aqui representado hoje; o Movimento dos
Trabalhadores sem Direitos; saudar também a Ocupação Elza Soares, que também
está aqui; o “Contrate Quem Luta”, que está aqui também; o MST Taboão, que
veio. (Palmas.) O MTST, que veio também. (Palmas.)
Todo mundo aqui comeu uma janta
maravilhosa, que foi preparada com muito carinho, com muito amor, pelas
Cozinhas Solidárias. (Palmas.) Então, agradecer às Cozinhas Solidárias e
agradecer à chefe, dona Rosa, também, que preparou tudo isso, muito amor.
(Palmas.) Saudar também o VAT, o Movimento Vida Além do Trabalho, que está aqui
nesta noite. (Palmas.)
Priscila, muito obrigada pela sua
presença e a luta que o VAT vem fazendo é revolucionária e muito necessária.
Então, palmas para o VAT, gente. (Palmas.) E, bom, ao longo da cerimônia, vamos
saudando todo mundo que está aqui, muita gente vai ser homenageada também.
Então, não vou me prolongar, já vou
passar a palavra para a deputada Ediane Maria, para ela fazer a abertura
regimental e também já fazer a primeira fala da Mesa.
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Boa noite. Eu
queria ficar em pé, gente, é tão ruim ficar sentado, não é? Aqui não tem
microfone, acho que vou ficar em pé. Primeiro, eu quero saudar a cada
trabalhadora doméstica que, inclusive, hoje estava trabalhando e que
conseguiram chegar até aqui. Eu quero uma salva de palmas para todas vocês.
(Palmas.)
Quero saudar esta Mesa maravilhosa que
já foi falada aqui, a Fernanda, a Luciana, a Vera, a Veronica e todos vocês que
chegaram, que vieram os movimentos, sindicatos, organizações que chegaram até
aqui. A gente sabe que nossos passos vêm de muito longe, mas muito longe mesmo.
A gente é aquela que atravessa a cidade para conseguir chegar no centro.
E para chegar nesse lugar aqui, nesta
Casa, foi muito difícil. Foram quase 190 anos para a gente pisar o pé aqui.
Então, sou muito grata a cada uma de vocês que acreditaram, a cada um que foi
nas ruas, que pediram voto, que viraram voto, que convenceram os patrões e que
mostraram que seria possível a gente se colocar nesse espaço.
Quando cheguei aqui, gente, e é muito
importante a gente falar isso, porque já são dois anos que estamos neste
espaço, mas muita gente falou uma coisa que, naquele primeiro momento, me
entristeceu. Primeiro, falaram que não ia dar em nada, que aqui era uma Casa
onde nada acontecia, onde não passaria nenhum projeto. E eu falo que a nossa
construção, que a minha construção aqui dentro é...
Uma coisa que nós vamos deixar marcada
na história do estado de São Paulo, nós temos uma data. Hoje nós existimos para
o estado de São Paulo. Esse é um passo para nós muito importante, porque, para
que venham os outros direitos, é necessário que eu exista.
Então, nossos passos são os passos da
Laudelina de Campos Mello, é o passo da Benedita da Silva, são os passos de
tantas de nós que constroem sindicatos, mas que constroem também movimentos
sociais. É importante a gente trazer que a base, a base das lutas deste país
são as trabalhadoras domésticas.
É importante falar que quando uma
trabalhadora doméstica, uma babá, uma mulher que hoje está no trabalho do
cuidado tiver direitos, todas as outras categorias já tiveram, porque nós somos
a base que sustenta este País. Somos mais de seis milhões, mais de seis milhões
que estamos nesse espaço.
Então, esta sessão solene, para quem
está assistindo, acompanhando em casa, eu quero saudar a TV Alesp, quem está
acompanhando hoje ao vivo esse momento histórico.
É a primeira vez que a gente faz uma
atividade como essa, é a primeira vez que nós podemos falar de nós. E quero
saudar também o setor de arte e cultura do MTST, eu quero uma salva de palmas,
porque abrimos muito bem, onde várias de nós se emocionaram. (Palmas.)
Então, eu quero saudar também, gente,
aqui... Porque para que isso tudo acontecesse no lugar que não iria dar em
nada, nossos projetos tramitam aqui nesta Casa, quando é “pautão” da
trabalhadora doméstica, em regime de urgência. É urgente que nós passamos, é
urgente a denúncia que a gente faz nesta Casa.
Então, eu quero, essa também é
audiência pública, está sendo puxada e foi possível, também eu quero que vocês
saúdem o presidente desta Casa, que é o presidente André do Prado, porque é
importante a gente também falar como é o andamento desta Casa.
Então, depois das saudações, hoje é um
dia histórico, a gente está fazendo história, porque é pela primeira vez... E
quando as pessoas falavam para nós que, olha, não vai dar em nada, olha, nada
disso vai acontecer, olha o que a Laudelina fez, olha o legado de tantas
mulheres que se organizam na base.
Eu estava aqui olhando, várias de vocês
estavam aqui chorando, mas também estavam aqui festejando na hora do samba,
quando a dona Lucia estava aqui cantando, que também é uma trabalhadora
doméstica, que trabalhou, várias de nós estão doentes. Nós somos as mulheres
que, depois dos 40 anos, 45, nós adoecemos. É um trabalho árduo.
A gente cuida de casas, sem muitas
vezes ter casa para voltar. A gente cuida de lares seguros, sendo que o nosso
nem comida tem muitas vezes, e é um lar violento. Somos aquelas também que
sofremos violência doméstica, somos aquelas, na sua grande maioria, hoje é
importante...
Falaram para mim: “Ediane, você tem que
falar de dados”. É importante falar dos dados, mas é importante... Nesses
dados, estamos nós, pessoas físicas. Vimos um avanço muito grande, muito
importante lá em 2013, foi um avanço muito duro, para nós foi o único momento
na história do nosso país que nós pudemos negociar com os nossos patrões.
Quantas de nós estavam ali há 12, há
13, há 20, há 30 anos, sem registro em carteira, sem poder negociar? Foi o
único momento que, inclusive, eu pude olhar e falar, olha, eu quero meu
registro em carteira, mas porque eu sabia que tinha alguém me protegendo, que
tinha uma lei me protegendo.
Quando a gente fala das Casas de Leis, é importante falar que esta Casa, hoje sim, eu estou a vendo
muito bem representada. Hoje eu estou sentindo o nosso cheiro, a nossa
angústia, mas também a nossa luta.
Porque esta
Casa é um lugar que mostra para nós que parece que não é possível chegar aqui.
Quantas vezes viemos aqui em ato e nem éramos recebidas? Às vezes, era uma
bomba de gás lá na porta, e hoje, nós ocupamos uma cadeira aqui dentro.
Não sou só eu,
somos nós que ocupamos esse espaço aqui dentro da Assembleia Legislativa de São
Paulo. E agora sim, nós podemos falar de nós aqui, da nossa necessidade. Então,
eu estou muito feliz por estar abrindo caminhos para que mais mulheres possam
falar, manifestar-se e dizer qual é a sua necessidade.
Quando a gente
fala do “banquetaço”, que vai acontecer dia 27, a gente olha e fala: “Nossa,
que coisa linda!” Pela primeira vez, quem sempre serve será servida. Pela
primeira vez, várias de nós vão pisar na Paulista. Pela primeira vez, várias de
nós pisaram nesta Casa.
Então, esta
sessão solene é para ouvir vocês, é para dizer que sejam bem-vindas. Esta Casa
é nossa. Tem que entrar de cabeça erguida. E que bom que o estado de São Paulo
me elegeu.
Que bom que eu
posso fazer um processo. (Palmas.) Que bom que a gente pode fazer juntas um
processo de reparação. Muita gente fala de reparação. Reparação. A reparação se
faz quando todas as categorias podem falar e quando a gente pode ser ouvida.
Que bom que a gente está sendo ouvida aqui hoje.
Quando eu saio
com um projeto aqui na mão, quero saudar também a minha equipe. Eu quero uma
salva de palmas para toda a minha equipe, que faz com que a gente consiga
caminhar nesse espaço. (Palmas.) Não é um espaço fácil. Não é fácil caminhar
aqui, mas que bom que eu tenho vocês que caminham junto comigo. Que bom que a
gente consegue ouvir as reivindicações. Que bom que a gente pode pensar
projetos e pensar leis.
Então, hoje,
gente, hoje é uma sessão para nos homenagear. Hoje é um dia em que nós vamos
chorar, nós vamos sorrir, nós vamos dançar. Eu falo sempre o seguinte: o quarto
da empregada doméstica, essa travessia que a gente faz, vindo de outros
estados, assim como eu, que vim lá do sertão de Pernambuco, é uma travessia
árdua, mas é também uma travessia que mostra que o estado de São Paulo tem
jeito.
Aquele ônibus de Itapemirim, ele traz sonhos, ele
traz perspectiva, ele traz uma jovem, muitas vezes uma mulher preta ali dentro,
na sua grande maioria, até porque a categoria hoje, 66% é composta por mulheres
negras. Ele traz muito sonho. É uma mulher que vem do lugar de uma família
muito sofrida e que olha para São Paulo, assim como Luiz Gonzaga dizia: que São
Paulo tem muito ouro, correm pratas pelo chão. O dinheiro corre tanto que
várias de nós não pegam, não.
Então, chegar aqui, esses ônibus, essa travessia,
traz sonhos. O quarto da empregada, ele prende a nossa carne, somente a carne,
porque a nossa alma é livre. Nossa alma é livre, e a gente pensa o tempo
inteiro. E quando a gente olha para as periferias do Brasil, mas o estado de
São Paulo, que é composto por nordestinos, a gente olha para aquela periferia
que está de braços abertos.
O quarto da empregada nos espera no centro, mas a
periferia nos espera de braços abertos e sempre disposta a construir, a pensar,
a se movimentar. É isso que me enche de orgulho. É isso que me enche de orgulho
de ocupar esses espaços. (Palmas.) Existir no calendário significa lutar por
direito. Nós iremos passar por esta Casa, mas o calendário não.
Daqui a cem anos, duzentos anos, trezentos anos,
nós existimos nesta Casa. Nós mudamos esta Casa. Nós entramos com outra
perspectiva. O estado de São Paulo, esse lugar que é tão frio para várias de
nós, que vêm às vezes com uma roupa de calor lá do norte e do nordeste, e que
chega aqui e tem que se adaptar a passar, às vezes, muito frio, a tomar banho
gelado, porque não sabe que existe chuveiro quente.
Aquele quarto, que nos condiciona também, vai nos
condicionando e vai nos mostrando essa realidade. É lá no fundo. Quem já morou,
quem já conheceu um quarto de empregada como ele é? Ele é no fundo. Ele é lá na
área de serviço. Na área de serviço. É um quarto pequeno. Na área cabe só uma
cama. Uma cama e um sonho gigante de quem o ocupa.
Você passa pela área de serviço, você passa pela
cozinha, e essa menina ou essa mulher, que era tão livre na sua cidade, no seu
estado, ela é condicionada a trabalhar. A trabalhar dez horas, 12 horas.
Acorda muito cedo, dorme muito tarde. Para quem é
do nordeste, sabe disso: a gente dorme muito cedo. A gente tem um carinho na
nossa mãe, um carinho no nosso pai. Nós temos nossos irmãos, nossos tios. A
gente pertence à cidade. As pessoas nos conhecem.
São Paulo, eu falo que a primeira coisa que eles
tiram de nós é a nossa identidade, é quem a gente é. Mas olha como São Paulo é
acolhedora também. Porque são os nossos que a constroem. São eles que nos
ensinam. É aquele ônibus que vai para tal canto: “Ó, tem um forrozinho ali,
vamos junto?” “Que dia que é sua folga?” A gente sabe o dia da folga.
E várias de nós, que moram na casa de família, às
vezes não sabem que têm uma folga. A gente não sabe que tem direito ao registro
em carteira. E são as nossas amigas, nossas cúmplices. Nós somos cúmplices.
Somos nós que orientamos as mais novas que chegam. Que esse estado respeite a
nossa história. Que esse estado respeite os nordestinos que o constroem.
Então, estar aqui hoje é para dizer, e para falar e
reivindicar: aqui, nós estamos reivindicando
respeito e memória. É memória, as paredes têm memória, nós construímos este
estado. Não é possível que a única imagem que nós temos, retratadas em nós, é
uma mulher quando é resgatada em trabalho análogo à escravidão.
Então eu quero gritar aqui mais uma
vez, Sônia Maria de Jesus livre! Não é possível que continuemos falando de uma
mulher negra que está, ainda, em situação de trabalho análogo à escravidão. Com
esses patrões, nós precisamos gritar mais.
Então hoje é um dia de uma sessão
solene emocionante, para falar de nós, para olhar para nós mesmas e dizer que
nós somos livres. Somos felizes e essa Casa aqui tem um papel fundamental, que
é de garantir essa liberdade, mais direitos, porque liberdade sem direito não é
liberdade. Não adianta um estado que abre a porta e fecha a janela. Precisamos
de um Estado, de fato, que garanta direitos.
Então estamos aqui hoje é para dizer:
nós existimos gente, existimos finalmente. Nossa presidenta nos viu, a Benedita
nos viu, o sindicato nos viu, os movimentos sociais nos viram, nós existimos e
resistimos. Então viva a luta das trabalhadoras domésticas e de cuidados aqui
do estado de São Paulo. (Palmas.)
O poder é popular, é para criar, é para
criar, o poder é popular. Bom, gente, e assim começa a nossa sessão solene
maravilhosa. Aqui está o povo sem medo, sem medo de lutar, aqui está o povo sem
medo, sem medo de lutar. Muito obrigada, gente, sigamos a nossa sessão solene.
(Palmas.)
Ah gente, tem as questões regimentais,
agora vamos lá. Iniciamos os nossos trabalhos, nos termos regimentais. Senhoras
e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de
Leis, deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação, com a finalidade
de homenagear as trabalhadoras domésticas e de cuidados, em virtude do seu dia,
27 de abril, instituído pela Lei nº 1.611, de 2023. É isso, gente, que comece a
sessão solene nossa. (Palmas.)
E agora é a Tabata que vai, não é,
Tabata? Vamos lá.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Vamos, “simbora”.
Depois eu só falo, é até difícil continuar, mas eu vou passar a palavra agora
para a Luciana Lacerda. Ela vem representando a Secretaria Nacional de Cuidados
e Família do Ministério do Desenvolvimento Social, do governo federal. Ela é a
chefe de gabinete desta secretaria.
Então, Luciana, bem-vinda e fique à
vontade para fazer a sua fala.
A
SRA. LUCIANA LACERDA - Boa noite a todas e a
todos. Bom, para honrá-las e honrá-los também, porque nós temos alguns homens
presentes também, que são trabalhadores domésticos e representam a classe, eu
honro vocês por meio de Laudelina de Campos, por meio de Luiza Batista, por
meio da nossa deputada Ediane Maria.
E digo, ainda, que é uma honra para mim
estar aqui com vocês, não só representando o nosso Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, não só a Secretaria Nacional da
Política de Cuidados e Família, mas a mim também é uma questão muito particular,
porque a primeira vez que eu vi a deputada Ediane, eu fui correndo atrás dela
pelas escadas para dar um abraço nela, superemocionada. Eu estava chorando e
tudo, porque minha mãe, eu sou filha de empregada doméstica. (Palmas.)
Minha mãe foi empregada doméstica por
grande parte da vida dela, e trabalhou desde os 13 anos e só terminou, só saiu
para casar com meu pai. Então, assim, depois de 20, 24 anos, mais ou menos,
trabalhando como empregada doméstica, ela foi fazer o trabalho de cuidados não
remunerado.
Portanto, eu digo aqui a vocês, o
trabalho doméstico, o trabalho de cuidados, ele abre as cidades. A gente
costuma dizer que ele abre as cidades, porque é o nosso trabalho dentro de
casa, seja dentro de casa que a gente já começa o trabalho de forma não remunerada.
Na realidade, a gente não para de trabalhar. Então, especialmente quem trabalha
fora, quem trabalha de maneira não remunerada, que depois chega em casa, tem
mais trabalho de cuidado para fazer.
Então, o trabalho de cuidado, o
trabalho remunerado, ele abre as cidades. Se não fosse o trabalho doméstico, se
não fosse o trabalho de cuidado, as cidades não existiriam, porque, para eu
estar aqui hoje, para vocês estarem aqui hoje, para a deputada estar aqui hoje,
alguém fez um trabalho de cuidado por nós, seja ele indireto, seja ele direto.
Mas tem sempre lá, o cuidado com a
comida, o cuidado com a roupa, o cuidado com a filha ou com o filho, isso a
gente já começa para poder depois ir para os nossos locais de trabalho. E aí,
nesse local de trabalho, você ainda vai exercer o trabalho doméstico
remunerado, o trabalho de cuidado também, porque você vai cuidar de alguém,
você vai cuidar de uma pessoa idosa, você vai cuidar de uma casa, você vai
cuidar de criança, enfim.
Nunca para, não é gente? Nunca para. A
gente fica até assim, meio sufocado, mas é importante dizer que este trabalho
agora não é mais invisível, principalmente para o nosso governo federal, que
nós conseguimos, por meio da Secretaria Nacional da Política de Cuidados e
Família, instituir uma lei, ou seja, nós temos uma lei, a Lei nº 15.069, que
foi instituída no dia 23 de dezembro, agora de 2024.
Nós tivemos muita articulação, muita
ajuda dos nossos parlamentares, seja nos estados, seja os nossos parlamentares
federais, nós tivemos muito apoio da deputada Benedita, que é assim uma rocha.
Ela é, eu falo, uma entidade. A gente passa perto dela assim, chega, começa a
tremer.
Então, nós tivemos apoio de vários
parlamentares de base, os parlamentares de oposição também, porque é um
problema, não é um problema, é um trabalho que na realidade perpassa por todo
mundo: seja de classe média, seja de classe C, classe D, classe A, enfim, claro
que de uma maneira muito particular, como a gente viu, inclusive, na
representação que iniciou a nossa sessão solene.
Então, nós temos hoje uma lei que
institui a Política Nacional de Cuidados. A Política Nacional de Cuidados visa
garantir o direito ao cuidado. E uma coisa que é superinovadora, porque a
política de cuidados, na realidade, já tem várias iniciativas pela América
Latina, pelo mundo, mas, aqui no Brasil, nós não sabíamos o que é o trabalho de
cuidados. Ou seja, as pessoas não entendiam que esse trabalho doméstico,
remunerado ou não, é um trabalho de cuidado. Então, ele perdeu agora essa
invisibilidade.
Hoje, o trabalho é visto como um
trabalho, seja ele dentro de suas casas, ou seja, dentro das casas onde nós
trabalhamos. Então, não somos mais invisíveis. Hoje a gente tem uma lei, uma
lei nacional que visibiliza o trabalho doméstico e de cuidado. E essa lei
também tem como principal, tem como público prioritário as trabalhadoras
domésticas e trabalhadores do cuidado.
E nós temos públicos prioritários, nós
temos públicos específicos, e dentre esses é a trabalhadora doméstica, a
trabalhadora de cuidados, trabalhadoras/trabalhadores, para deixar bem claro,
mas a maioria de nós mulheres é que exercemos esse trabalho de cuidado dentro
das nossas casas e fora das nossas casas.
E além de ser um trabalho feminizado, é
um trabalho racializado. Nós percebemos que, em grande parte, ou seja, mais de
dois terços, o trabalho doméstico remunerado ou não remunerado é feito por
mulheres e por mulheres negras.
Então, eu quero assim... (Palmas)
Gente, eu fico aqui falando. A gente fica mais à vontade aqui e tudo mais, e
vai falando sobre isso. Então eu quero dizer que nós temos uma lei que vai
também garantir o trabalho decente à trabalhadora e ao trabalhador doméstico e
de cuidados. Está na lei.
A lei também diz que nós temos um plano
nacional de cuidados a ser lançado. Então, ela estabelece isso e a gente está
finalizando, já trabalhando para que esse plano nacional saia ainda este ano, e
o que também não impede que os nossos estados e municípios façam seus planos
estaduais e municipais de cuidados com base na lei que já está instituída.
Então, assim, não sei se vocês
perceberam, eu estou um pouquinho nervosa, porque também estou do lado dessas
pessoas aqui. Mas eu queria deixar registrada a importância do trabalho
doméstico de cuidado, remunerado, principalmente, porque é o que hoje a gente
representa aqui, vejo em vocês representados.
E agradecer, agradecer por vocês
poderem abrir as cidades para nós. E para vocês poderem abrir a cidade de São
Paulo, o estado de São Paulo, que é uma máquina de moer gente, mas mesmo assim
vocês estão aqui, nós estamos aqui, firmes, fortes e vamos seguir.
Então, muito obrigada.
Eu agradeço demais a vocês me
permitirem estar aqui hoje compartilhando desse momento.
Muito obrigada. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada,
Luciana.
Vou passar a palavra agora para
Veronica Oliveira, influenciadora, escritora e idealizadora da página Faxina
Boa e que vem levando essa luta, esse debate para outros espaços, o espaço da
rede social. Vai lá, Veronica.
A
SRA. VERONICA OLIVEIRA - Eu queria muito usar
esse daqui rapidão. Obrigada, gente. Eu nunca pude fazer isso antes, estou
emocionada. Não, mas tudo bem, eu posso falar com esse daqui. É, inclusive é, a
falta de costume de ocupar um lugar como esse é que me faz pedir desculpa. Eu
gosto porque todo evento sempre tem uma cota para a pessoa esquisitinha, meio
doida. Obrigada por me deixar fazer parte desse evento como a cota da pessoa
maluca.
Digo isso porque além de nunca ocupar
um espaço como esse, eu tinha certeza de que eu não conseguiria. Eu não falo
bonito como a Ediane fala, dá uma vontade de chorar, você é louco. E aí, tem o
vocabulário; é um vocabulário muito específico que eu não consigo utilizar.
Eu fico pensando: como que se fala com
a Ediane? Vossa Excelência, majestade, porque tem formas e formas de se falar
com alguém que tem um cargo como o dela, então eu nem isso eu sei, e eu acho
bonito falar o “data vênia”.
A pessoa fala “data vênia” e depois ela
manda lá um esculacho em cima da outra pessoa, eu acho maravilhoso. Eu gosto
demais, eu gosto demais deste lugar aqui, mas o fato de me sentir não
pertencente a isso aqui pela forma de as coisas funcionarem, não faz com que a
minha militância ocupe um outro lugar.
Então, a minha existência é política, o
que eu faço hoje nas redes sociais é político, e eu consigo, dentro do meu
jeitinho, fazer com que as pessoas reflitam sobre a forma que elas cuidam, que
elas tratam as trabalhadoras domésticas, a forma que a gente cuida de nós mesmos
e dos nossos clientes, que a gente atende.
Então, eu acredito que tendo esse
espaço para fazer uma transformação, a gente tem que usar. Até então, eu não me
lembro, eu comecei a atuar nas redes sociais em 2016. Até então, eu nunca tinha
visto uma trabalhadora doméstica que usasse aquele espaço para fazer uma
reflexão social. Para fazer, não só os questionamentos, mas apontamentos de
cuidado, de carinho para nós mesmas.
Eu não conseguia também achar que era
muito importante o que eu fazia. Até receber uma mensagem de uma seguidora que
disse: "Eu trabalho como empregada doméstica, eu ganho bem, eu ganho mais
do que a minha irmã que é professora, mas a minha mãe só tem vergonha de mim,
porque é indigno o que eu faço”.
Eu comecei a acreditar nisso. Aí eu vi
você, e você fala com tanta firmeza, com tanto orgulho, que você gosta do que
você faz, que eu também gosto agora. E eu sou uma faxineira, uma empregada
doméstica que tem muito orgulho de quem eu sou e do que eu faço.
E eu fiquei extremamente feliz de perceber
que tinha esse cunho. Para mim, eu estava só postando, não sabia, não fazia
ideia de quem estava lendo, se tinha gente lendo. De repente, perceber que eu
abri um espaço para algo inédito até então, foi muito importante.
Eu acho que tudo isso veio, a
brincadeira de falar: "Meu Deus, eu estou aqui, vou falar no microfone e
tal, tal, tal", é uma forma de honrar quem veio antes, quem vai vir
depois. Porque eu tenho uma família que eu brinco muito, que eu falava que a
minha mãe não trabalhava. Com 25 anos de idade, a minha mãe já tinha cinco
filhos. E na minha cabeça ela não trabalhava, ela não fazia nada, porque ela
estava dentro de casa.
Só depois de adulta e depois de ser mãe
é que eu fui entender que a minha mãe trabalhava, e trabalhava para caramba. E
eu sou neta de uma empregada doméstica. A minha avó, ela trabalhou mais de 30
anos na mesma casa. Embora ela tenha criado os filhos da patroa dela, ela nunca
foi permitida comer a mesma coisa.
Aí por outro lado, em 30 anos ela
observou tanto, ela desenvolveu um gosto gastronômico impressionante, ela
aprendeu a apreciar bons vinhos e ela aprendeu a falar o básico de francês
prestando atenção na patroa dela. Então, a minha avó não tem estudo, ela não
teve estudo formal. Ela era tipo o guia de São Paulo.
Assim, você perguntava qualquer coisa,
porque ela via o que a família da patroa fazia, e aí ela me contava tudo. E eu
fui crescendo com várias referências de lugares chiques. Para mim, isso é bem
impressionante.
Porque eu comecei a ver a mulher que
era a minha avó muito tempo depois, quando ela já estava para partir. De
perceber a grandeza, a potência dela, a força dela, mas ao mesmo tempo ela não
pôde sentir esse orgulho que eu senti. Ela não teve essa mesma percepção do
trabalho, porque ela não tinha nenhum direito garantido.
Aí eu penso: começo a fazer faxina aos
37 anos de idade. E começo a impor respeito, a dizer o que eu quero, o que eu
não quero, o que eu aceito, o que eu não aceito, como eu vou cobrar, se o que
eu cobro faz sentido para mim. Porque com este dinheiro eu vou ter um plano de
saúde, eu vou pagar a minha condução, eu vou comprar minha comida.
Eu percebi que são gerações diferentes,
com histórias diferentes, com trabalhos diferentes. Depois de tudo que nós
passamos, a minha filha está aqui, ela tem 25 anos, e ela é formada na
faculdade, e eu também não tenho estudo. Então eu não queria que ela viesse a
trabalhar com a faxina, como a mãe, como a avó, a bisavó.
Não porque é um trabalho ruim, mas
porque a gente não vê os direitos serem garantidos para quem trabalha com isso.
Então, pelo contrário, eu tenho um baita de um orgulho do meu trabalho. Mas eu
queria que os direitos fossem resguardados.
Então eu penso que essa trajetória de
acompanhar, dentro da minha família, diferentes três formas de viver o
trabalho, de lidar com o trabalho, é o que faz com que a gente continue
lutando, que a gente continue tendo força para batalhar e desejar o melhor. É
isso que eu espero fazer quando eu entro nas redes sociais.
Obrigada.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada,
Veronica, que relato importante. Vou passar a palavra agora para Vera Lúcia,
que veio representando o Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas, o
sindicato mais antigo, fundado por Laudelina de Campos.
A
SRA. VERA LÚCIA SILVA - Bora lá! Boa noite, pessoal. Deputada, toda a Mesa, prazer.
Gente, nós de Campinas temos a honra de estar instalado, o sindicato, na casa
onde a Laudelina viveu. É uma casa em uma vila popular. O acesso, isso nem é
muito fácil. Mas eu digo que lá tem a energia, porque você não consegue entrar
lá, até porque tem objetos que são dela. Deputada, já fui lá. E é uma honra
para a gente.
Eu penso assim: que o nosso sindicato
não é mais importante que nenhum outro. Não é o mais antigo, né, também, mas a
luta de lá deu muita força para que fossem formados mais sindicatos.
Então eu acho, como a deputada falou,
nossos passos não vêm, não são de hoje. A gente tem muito a caminhar na questão
de direitos. É uma luta árdua por conta de... Está mudando, a trabalhadora
doméstica. Hoje nós temos que ter a luta pela diarista. Nós temos as babás, nós
temos as cuidadoras. E está sendo uma luta, assim, árdua. Mas é de passos
lentos que a gente está conseguindo as coisas.
Eu queria também dizer que a gente
precisa equiparar direitos com os outros trabalhadores. Nós não somos menores;
pelo contrário. O deputado ou o médico estão atarefados, estão estudando, quem
está cuidando da casa dele? Quem é que está deixando os seus, atravessando a
cidade para ir cuidar da casa dos outros? Então, assim, nós merecemos a
equiparação dos direitos.
E uma outra coisa: quando se fala que
os passos vêm de longe, nós temos várias outras mulheres, temos a Laudelina, e
seguindo muitas outras, né? E eu queria citar uma aqui também, mulher preta,
trabalhadora doméstica - a dona Luiza Batista, que trabalhou tanto pela nossa
categoria e, infelizmente, nos deixou, recentemente. Então, assim, ela foi uma
lutadora. Eu a vi não muitas vezes, mas sei da história.
E quero falar que lá em Campinas, no
dia 29, terça-feira, nós também vamos entregar uma medalha para as
trabalhadoras que se dedicaram e ajudaram no direito da nossa categoria, nos
avanços. Então vai ser uma sessão solene na Câmara Municipal, onde nós vamos
homenagear a dona Creuza Maria de Oliveira, doutora “honoris causa”, que é de
Salvador, e também a dona Zenilda, que é do sindicato de São Paulo. Estão todos
convidados para comparecerem lá.
E meu muito obrigado.
Essa é a minha fala. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada, Vera.
Para encerrar as falas da Mesa, vou convidar Fernanda Souza, que é coordenadora
do “Contrate Quem Luta”.
A
SRA. FERNANDA SOUZA - Gente, difícil, né.
Depois de todas essas mulheres maravilhosas, como que eu falo agora? Aperta o
botão primeiro.
Boa noite meu povo, “minha pova” de
luta, gente linda! (Palmas.) MTST! É pra criar, é pra criar! Fé na luta! Ai que
delícia! Ainda bem que eu fiz uma colinha, né gente? Porque falar depois de
vocês, gente... Primeiramente, Ediane maravilhosa, é muito bom estar aqui,
obrigada pelo convite.
Veronica, já vi a Veronica lá fora.
Meu, eu acompanho todos os dias tudo o que ela posta; é muito linda. As
companheiras que estão aqui também: é uma honra estar aqui ao lado de vocês.
Estou fazendo o curso na UFABC, estou
adorando. Amanhã já vou chegar lá: “gente, olha do lado de quem eu estive”.
Falando da dona Laudelina, que iniciou nos anos 70, deixando o seu legado para
nós. E aqui temos mulheres maravilhosas continuando esse legado.
A primeira vez em que eu pisei aqui na
Alesp... A gente fala muito do quartinho da doméstica. E a gente veio aqui dois
anos atrás, quando a Ediane trouxe a APL, que hoje está aqui homenageando a
todas nós, trabalhadoras. Foi num outro lugar aqui, outro plenário, como é que
chama? O Teotônio Vilela. A gente estava lá, eu estava me sentindo como se
estivesse lá no quartinho da doméstica. Estava apertadinho, um monte de gente,
e a gente ainda meio que invisível, né? Porque a Ediane estava começando a trazer.
E hoje é muito maravilhoso ouvir que a
Ediane trouxe o primeiro dia para a gente comemorar, que é dia 27 de abril. E
olha aqui, que lugar lindo onde nós estamos. Nós viemos ocupar, viemos fazer
história e estamos começando a partir daqui, né? Então é uma honra muito grande
estar aqui.
Eu tenho uns agradecimentos para fazer.
E assim, recordando esse dia em que a gente esteve aqui, eu fico pensando: se a
gente está aqui hoje, nesta sala enorme, maravilhosa, daqui para a frente, a
gente vai só aumentar os espaços que nós vamos ocupar.
A Ediane está iniciando isso para nós,
é uma honra muito grande. Eu quero agradecer aos clientes que nós temos, do “Contrate
Quem Luta”. Porque o “Contrate Quem Luta” veio através do núcleo de tecnologia
do MTST, trazendo a soberania digital e popular, porque toda a periferia tem
que ter internet, todo pobre tem que ter acesso à internet.
E é isso. Eu estou muito honrada, muito
feliz. Que a gente tenha nossos direitos de aposentadoria, que a gente tenha
direito de férias. Pode cutucar, minha flor. Ai meu Deus, a minha vida antes do
“Contrate Quem Luta”... Eu era bem invisível, né? Eu fui assistente financeira.
Trabalhei muito tempo em RH. Eu era CLT e não podia sair para levar minha filha
ao médico. Eu não podia chegar atrasada, era descontado. Eu perdia a DSR,
perdia a cesta básica.
Aí eu falei: “Cansei, não quero mais
ser CLT”. Eu comecei a fazer faxina. Quando entrou o “Contrate Quem Luta”, eu
conheci pessoas maravilhosas e hoje eu faço a comparação. Antes de eu entrar no
“Contrate”, eu trabalhava em casas enormes e o salário era pouco. E eu tinha
que comer regulado.
A mulher servia, a patroa servia para
mim. E eu ficava com fome, porque lavar o chão, esfregar a parede, cansa e dá
fome. A gente tem que comer. Pelo menos um cafezinho a gente tem que ter, e não
tinha. E, no “Contrate Quem Luta” tudo isso começou a mudar. O “Contrate Quem
Luta” veio para fazer a revolução.
E hoje eu falo, é interessante, a gente
começa a falar com cafezinho. Estou me tremendo, desculpe, gente. Quando eu
chego nas casas, eu falo: “Primeiro eu vou tomar meu café”. E os clientes
falam, vem cá, vem tomar café com a gente. O que você quer comer? No almoço, a
mesma coisa.
Vou pedir aqui uma comida para nós. O
que você gostaria hoje? Então, o “Contrate Quem Luta” veio trazendo revolução
para nós. E, com a Ediane, os nossos direitos. E, daqui para frente, vamos
alcançar muito mais coisas. Hoje, nós temos trabalhadoras que são CLT,
domésticas, que têm o salário justo, mas, infelizmente, ainda é a minoria. A
maioria está no trabalho informal.
A maioria ainda é diarista, é
faxineira, não tem seus direitos. A maioria está invisível. Mas, agora, vamos
começar a ser visíveis. Eu sou faxineira e diarista. Não sou CLT, mas estou
programando a minha aposentadoria, estou programando as férias com as crianças
através de estudos, educação financeira.
E isso a gente vem buscando trazer
também para as “manas” dentro do contrato. A gente tem “mana” que tem MEI, que,
para poder trabalhar nos lugares, tem que ter os seus... O MEI a ajuda a ter a
aposentadoria, a ter os seus direitos, mas ainda não é o suficiente.
Eu não gosto de falar “nosso”, mas o
governador atual não quer que nós tenhamos esses direitos. A Ediane estava
falando isso ontem no vídeo e eu fiquei observando. Como pode o governador não
querer que nós tenhamos os nossos direitos? Então, é isso.
Vamos ocupar mais espaços, vamos lutar
mais por nossos direitos e vamos conquistar a visibilidade de todas as trabalhadoras
domésticas.
Muito obrigada a todos.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigada, Fernanda.
A
SRA. FERNANDA SOUZA - Eu tenho uma frase.
Desculpe. Eu tenho uma frase. Falar sentado - eu sou que nem a Ediane - é
difícil, é muito difícil. E eu quero que vocês ouçam com bastante atenção que é
da ocupação que venho, que é a Rosa Luxemburgo.
A Rosa Luxemburgo foi uma filósofa que,
durante o seu tempo de política, foi presa e, enquanto estava presa, escrevia
seus pensamentos. E um deles eu gosto demais: “É por um mundo onde sejamos
socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”. MTST! É para
criar, é para criar.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigada. Todas
as falas da Mesa foram muito importantes, e a Fernanda falou que esse primeiro
evento foi o lançamento da Frente Parlamentar do Trabalho Doméstico e de
Cuidados, a primeira também no País e no estado de São Paulo. E foi realmente
no Teotônio Vilela, pequenininho.
A professora Eliete estava lá também.
E, hoje, olhe onde estamos. Sabe quem senta nessas cadeirinhas aí? Os
deputados. Então, chegamos aqui, gente. Fizemos uma Mesa de trabalhadoras
domésticas, ocupamos o lugar onde que os deputados sentam, porque as
trabalhadoras domésticas chegaram com força.
E aí, gente, vocês chegaram aqui e
sentaram na cadeira dos deputados para serem homenageadas. Então, agora, vamos
começar esse momento tão importante das homenagens. Vou convidar a Ediane para
ficar aqui na frente, neste momento.
Enquanto ela vem aqui para frente,
vamos fazer essa primeira homenagem para figuras históricas e uma entidade
também que está fazendo história, que é histórica também para a história desse
país. E essas duas pessoas que vamos homenagear já foram citadas aqui e isso
demonstra o quanto elas precisaram caminhar, elas caminharam para que
pudéssemos chegar aqui hoje.
Então, vamos homenagear essa primeira
pessoa, que é a Laudelina de Campos Mello, na figura de Dogmar Camisão, Manoele
Vitória Rocha e Eliete Silva, que são parte da Casa Laudelina de Campos Mello,
de Campinas.
Vou convidar essas três companheiras
que eu citei o nome para virem aqui na frente, por favor. Enquanto elas vêm, só
queria reforçar o que todo mundo aqui já sabe, boa parte das pessoas aqui já
sabem, que a Laudelina foi a pioneira na luta pelos direitos das trabalhadoras
domésticas, porque ela fundou, em 1936, a primeira associação da categoria, lá
em Campinas. Ela dedicou a sua vida à valorização do trabalho doméstico, à
formação política das trabalhadoras.
E, se a gente está aqui hoje, é porque
a Laudelina abriu esse caminho lá atrás. Então, queria pedir uma salva de
palmas para essas companheiras que estão aqui, que partilharam desse momento
com a Laudelina também, que fazem permanecer seu legado lá em Campinas.
Muito obrigada.
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
A segunda pessoa que vai ser
homenageada aqui também, uma homenagem em memória, é a Luiza Batista. E vou
convidar a Rosa Maria, que é diretora da Fenatrad e também do Sindicato das
Trabalhadoras Domésticas de Franca, para vir aqui na frente.
A Luiza Batista nos deixou este ano,
mas ela foi uma das principais e maiores lideranças das trabalhadoras
domésticas do Brasil e da América Latina, do mundo, a gente pode dizer assim.
Ela foi coordenadora-geral da Fenatrad por bastante tempo, presidenta do
Conselho Nacional dos Trabalhadores Domésticos.
Ela dedicou a sua vida à luta por
dignidade, justiça e direitos da categoria. Ela viveu 68 anos dedicando a sua
vida à luta das trabalhadoras domésticas e esse é um legado que a gente não
pode deixar morrer nunca. Então, Luiza Batista, presente. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Bom, gente, para fechar este primeiro
bloco de homenagens, a luta de Laudelina chegou em Luiza Batista, chegou aqui e
deu origem também à Secretaria Nacional de Cuidados, da Política de Cuidados e
Família, do Ministério do Desenvolvimento Social.
Então, vou convidar a Luciana para vir
aqui na frente para receber esta homenagem também. (Palmas.) Porque esse espaço
institucional no governo federal é a realização de muitos sonhos, como a Ediane
trouxe, e é uma conquista indispensável para o nosso país. Então, uma salva de
palmas para essa Secretaria, na figura de Luciana, que vem representando o
Ministério. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Eu vou pedir para a Luciana permanecer
aqui na frente, pode deixar a homenagem aí em cima, que agora a gente vai
homenagear um segundo bloco de pessoas que têm levado essa discussão para
outros lugares, como a Veronica trouxe e como outras pessoas aqui também têm
feito.
E a primeira pessoa que eu vou chamar é
uma pessoa que tem levado essa discussão para dentro da academia, para dentro
da universidade. Vou chamar aqui a Prof.ª Dra. Eliete Barbosa, que é
pesquisadora, tem uma trajetória toda voltada na luta dos direitos das mulheres
negras e das trabalhadoras do cuidado.
Ela é autora do livro “Negras
Lideranças, Mulheres Ativistas da Periferia de São Paulo”, e ela vem sendo essa
ponte entre os movimentos sociais e a produção de conhecimento. Eliete, esta
homenagem é para você, para honrar toda a contribuição que você tem feito e a
luta que a gente sabe que não é fácil dentro da academia. Uma salva de palmas,
gente. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Vou convidar, agora, a Veronica
Oliveira, que vem fazendo essa disputa no espaço das redes sociais também -
Luciana, permanece -, que é um espaço tão importante de a gente ocupar, porque
a gente sabe que as trabalhadoras domésticas estão nesse lugar e é importante
que a gente fale dos nossos direitos, da importância dessa categoria dentro
desse espaço também. Então, que emocionante, não é, gente? Uma salva de palmas
para a Veronica. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
E vou convidar também uma outra pessoa
que a Ediane conheceu aqui, trabalhando aqui na Alesp, e que vem ganhando cada
vez mais espaço dentro do TikTok. Quem está no TikTok aqui, gente? Todo mundo!
Que é a Ana Paula Osório, trabalhadora da limpeza aqui da Alesp por bastante
tempo, e que hoje vem levando essa discussão, vem levando para dentro do espaço
do TikTok, para chegar em mais pessoas. Muito obrigada, Ana Paula.
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Bom, gente, para dar continuidade aqui
às nossas homenagens, a gente vai convidar agora... Pode sentar, viu, Veronica.
Fica à vontade. Vocês ainda não, vocês ficam aí.
Agora a gente vai convidar os
sindicatos e as entidades que há muito tempo vêm lutando para que a nossa
categoria seja visibilizada. E a gente entende que estar aqui hoje também é um
resultado da luta cotidiana dessas trabalhadoras que se organizaram em
sindicatos e em entidades. Porque só tem um caminho para resolver uma questão
que não é individual, é coletiva: organizando-se.
Então vou convidar novamente a Rosa
Maria, representando a Fenatrad e também o Sindicato das Trabalhadoras
Domésticas de Franca. Mas espera aí, Rosa, só um minutinho. Vou convidar quatro
pessoas por vez. Então vou chamar quatro, vêm as quatro, depois vou chamar mais
quatro.
Então, representando a Casa Laudelina de
Campos Mello, Creuza; representando o Grupo “Conexão Babás”, Mariana Senna e
representando o “Contrate Quem Luta”, a Fernanda Souza. Venham para cá, por
favor. (Palmas.)
Nayara, do “Contrate Quem Luta”, pode
vir também, vem cá. Vamos fazer uma foto bem bonita.
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Vou convidar também, agora, a Vera
Lucia Alves dos Santos, a tia Vera, aqui representando o Movimento dos
Trabalhadores Sem Direito. (Palmas.)
Vou convidar também a Janaína Souza,
representando o Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande
São Paulo e a Federação das Trabalhadoras Domésticas da Grande São Paulo
também.
Venha para cá, Janaína. Sindicato das
Trabalhadoras Domésticas de Campinas, venha para cá, Terezinha. E o Sindicato
das Trabalhadoras Domésticas de Piracicaba, Ivone Rodrigues, pode vir também.
Presidente do sindicato, venha. (Palmas.)
Podem ficar aqui na frente, que a gente
vai fazer uma “fotona geral” no final. Bom, gente, para encerrar vou convidar
também, do Sindicato dos Empregados Domésticos de São Caetano do Sul e Região,
Jorge Ednar, do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos, no Município de São
Paulo, Regina Maria da Silva, dos Sindomésticas de Catanduva e Região, Maria
Amélia Pereira. Uma salva de palmas, gente. (Palmas.) Vamos fazer uma foto,
todo mundo? Juntem mais. (Palmas.)
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Bom, gente, eu vou pedir para todo
mundo se sentar, porque nós vamos homenagear, agora... Você fica. Depois a
gente vai ter um momento para tirar foto de todo mundo, gente. Bom, mas eu vou
convidar agora as trabalhadoras.
Como a Luciana disse, se a gente saiu
de casa hoje, se a gente conseguiu chegar até aqui hoje, encontrar este espaço
próprio para a gente usar, para a gente, enfim, confraternizar, foi porque
muitas trabalhadoras e muitos trabalhadores aqui da Assembleia Legislativa do
Estado de São Paulo estão aqui fazendo o seu turno ainda.
Então eu vou chamar aqui à frente,
agora, as trabalhadoras, os trabalhadores da limpeza aqui da Alesp, para
receberem esta homenagem também. Então venham para cá, por favor. Podem ficar
em pé e virem para cá. Estou vendo vocês aí atrás, se escondendo. Podem vir,
este momento é de vocês também. Se vocês não vierem, a gente vai aí.
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - E a gente vai
mesmo, hein! Bom, quero uma salva de palmas, com muito amor, com muito carinho,
assim como é nas ocupações dos sindicatos. Estas trabalhadoras resistem aqui
dentro, fazem um trabalho maravilhoso, me receberam com muito carinho.
Então, gente, ocupar os espaços é mudar
as estruturas, é garantir que estas mulheres tenham visibilidade.
Muito obrigada, meninas.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - São poucas as que
estão aqui hoje. O turno está mais curtinho, está mais enxuto - elas estão
descendo -, mas todas elas vão receber a sua homenagem ao longo da semana
também, gente. (Palmas.) Um grande viva a vocês.
Muita gratidão e muita luta por
direitos também.
*
* *
- É entregue a homenagem.
*
* *
Bom, gente, vou pedir para vocês
sentarem novamente. Permanece a Ediane e Luciana aqui embaixo, porque agora
chegou o momento da homenagem que eu acho que é o que dá sentido a tudo isso,
que é homenagear as trabalhadoras domésticas e as trabalhadoras do cuidado, os
trabalhadores também. Para isso, vou pedir para cada um ficar em pé agora.
Todas vocês que já foram, que são hoje trabalhadoras domésticas e trabalhadoras
do cuidado, fiquem em pé.
A gente tem aqui o nome de todas vocês.
Eu vou citar Conceição Evaristo, em nome de todas vocês. Ela tem um poema que
muita gente aqui já conhece, mas acho que demonstra o que a gente está fazendo
aqui hoje, não é?
“A voz da minha bisavó / ecoou criança
/ nos porões do navio / Ecoou lamentos / de uma infância perdida. / A voz de
minha avó / ecoou obediência / aos brancos-donos de tudo. / A voz de minha mãe
/ ecoou baixinho revolta / no fundo das cozinhas alheias / debaixo das trouxas
/ roupagens sujas dos brancos / pelo caminho empoeirado
rumo à favela / A minha voz ainda / ecoa versos perplexos / com rimas de sangue
e fome. / A voz de minha filha / recolhe todas as nossas vozes / recolhe em si
/ as vozes mudas caladas / engasgadas nas gargantas. / A voz de minha filha /
recolhe em si / a fala e o ato. / O ontem – o hoje – o agora. / Na voz de minha
filha / se fará ouvir a ressonância / O eco da vida-liberdade.”
Então vocês, hoje, são filhas de muitos sonhos e na voz de vocês, no momento em que vocês vierem para receber esta homenagem, estão ecoando muitos sonhos, muitas vozes de liberdade e lutas por direitos. Gente, então uma grande salva de palmas para vocês. Se olhem e se aplaudam, é para vocês essa homenagem. (Palmas.)
E por fileiras, a gente vai convidar vocês para virem aqui. Podem se sentar. Todas as que estão nesta primeira fileira podem vir aqui receber a homenagem, na sequência já vem a segunda.
A gente vai chamando, gente. Pode vir a segunda fileira fazendo a fila. Se tiver gente nas galerias que também é trabalhadora doméstica, que já foi trabalhador doméstico, podem descer aqui também para receber a sua homenagem.
Pode vir a terceira fileira. Venham
para cá. E já prepara a quarta fileira aqui. Levanta a mão. A quarta fileira
pode vir também. Podem ficar aqui na frente, porque vamos fazer uma foto geral.
Podem ficar aqui no cantinho perto de mim. Podem ficar aqui pertinho de mim.
Quem já recebeu vem para cá. Vem as duas últimas fileiras também. Podem ficar aqui
na frente.
* * *
- São entregues as homenagens.
* * *
Agora vamos juntar todo mundo aqui para
a gente tirar a nossa foto. Quem já recebeu? Fica aqui na frente. Todo mundo
que está aqui do meu ladinho vai indo para lá. Podem vir para cá, gente, por favor.
Levanta o seu certificado. Vamos ali para o cantinho.
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Gente, quero
saudar aqui todas as companheiras de Guarulhos, da zona leste de São Paulo que
vieram, que estão aqui, inclusive, companheiras que estavam comigo na ocupação
Maria da Penha, em Guarulhos, fazendo uma denúncia muito importante, uma
denúncia da violência doméstica e o descaso do Estado.
Então hoje é um dia de muita festa, é
um dia de comemorar a nossa luta, os nossos passos, dizer que veio de muito
longe e dizer que vai continuar avançando nos nossos filhos, nossos netos.
Então aqui é apenas um começo, um
começo muito importante para todas nós. É isso gente. Está maravilhoso demais.
Vamos tirar aquela “fotona” bonita. Todo mundo aqui bonito agora. Professor
Denis, vem para cá, não fica triste aí não, professor.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Vira para cá, vira
para frente, levanta o certificado.
A
SRA. PRESIDENTE - EDIANE MARIA - PSOL - Viva a luta de
todas as trabalhadoras domésticas e as cuidadoras do estado de São Paulo.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gente, todo mundo pode
se sentar de volta agora, todo mundo que está aqui na frente. Vou pedir para a
Ediane, a Luciana voltarem, também, para a Mesa. Todo mundo voltando para os
seus lugares. Todo mundo já sentou? Agora nós vamos encerrar a nossa sessão,
mas para encerrar a Ediane tem que fazer uma fala regimental. Então, Edi, vou pedir
para você fazer esta fala, por favor.
Todo mundo que está sentado, gente, a
gente vai fazer uma foto agora com o certificado, então levantem os
certificados, por favor. O fotógrafo vai fazer a foto aqui de cima. Vamos lá,
um, dois, três e viva a luta das trabalhadoras. (Manifestação das galerias.)
Luiza Batista, presente. Laudelina. (Manifestação das galerias.) Isso aí, uma
salva de palmas, gente. (Palmas.)
Bom, para encerrar, agradeço a presença
de todas as pessoas aqui, que todo mundo tenha um bom retorno para casa. A
Ediane vai fazer a última fala para encerrar.
A SRA. PRESIDENTE EDIANE MARIA - PSOL - Bom, gente, o horário está se estendendo, a caminhada é
longa, até porque muita gente vai para Guarulhos, vai para Taboão da Serra, vai
para o ABC, vai para Campinas, vai para vários lugares.
Eu quero, primeiro,
agradecer a todas e a todos que chegaram até aqui hoje, dizer que essa luta é
nossa. Estou muito feliz por cada sorriso, por cada abraço, por cada afeto.
Dizer que a política
do cuidado da trabalhadora doméstica é feita disso, é feita de amor, é feita de
afeto, é feita de empatia, até porque a gente não reproduz um carro, um copo, a
gente reproduz a vida.
Então que essa vida
seja justa com a gente e que esta Casa seja sinônimo de garantia de direitos
sociais e trabalhistas. Viva as trabalhadoras
domésticas, viva as trabalhadoras do cuidado. É isso, gente, “simbora”.
“Simbora”, trabalhadora doméstica. (Palmas.)
Agora vou encerrar esta sessão de um
jeito, que aí tem que encerrar mesmo, gente, porque as trabalhadoras, os
trabalhadores e os funcionários desta Casa moram também no fundão. Então eles
precisam também ir embora. Amanhã é sábado, é dia de alguns descansarem e
outros não.
Esgotado o objeto da presente sessão,
agradeço a todos os envolvidos na realização desta solenidade, assim como
agradeço a presença de todos.
Está encerrada esta sessão solene.
Então, muito obrigada.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 21 horas e 2
minutos.
*
* *