4 DE MARÇO DE 2024
18ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: EDUARDO SUPLICY e CARLOS GIANNAZI
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.
4 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
5 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
8 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - MAJOR MECCA
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
11 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
13 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Defere o pedido. Faz aditamento à Ordem do Dia. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 05/03, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.
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- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente. Oradores inscritos no pequeno
expediente. Primeiro, Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Luiz Cláudio
Marcolino. (Pausa.)
Deputada Márcia Lia. (Pausa.) Deputada
Professora Bebel. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.) Deputado Simão Pedro.
(Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Major
Mecca. (Pausa.) Deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado
Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi.
Tem a palavra pelo tempo regimental,
deputado líder do PSOL.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputada Leci
Brandão, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, hoje é dia quatro de
março e até agora o governo estadual não apresentou o reajuste das perdas
inflacionárias, a recomposição das perdas inflacionárias para os servidores
públicos do estado de São Paulo, como determina a Lei Estadual nº 12.391, de
2006 - aprovada pela Assembleia Legislativa - que estabelece o dia 1º de março
como o dia da reposição das perdas inflacionárias de todos os servidores
públicos do estado de São Paulo.
E o governo,
até agora, não apresentou nenhum índice de reposição dessas perdas
inflacionárias. E, normalmente, o governo não apresenta, ele demora para
apresentar. E isso prejudica os servidores públicos, que estão há muitos anos
com salários arrochados e defasados.
Além de terem
também, por exemplo, um vale de refeição de apenas R$ 12,00, conhecido como
“vale-coxinha”, que tem que ser reajustado imediatamente, aumentado, porque
isso é uma afronta aos servidores e servidoras que trabalham, que estão
atendendo a população lá na ponta, os profissionais da Educação, da Saúde, da
Segurança Pública e de outros setores importantes do funcionalismo público.
Repito, estão
com salários arrochados, defasados, e de fato não tem nada a ver com o que está
acontecendo e com um vale alimentação conhecido como “vale-coxinha” de apenas
doze reais. Deputada Leci Brandão, R$ 12,00 não dá para comprar nem a coxinha
mais hoje em dia, com a inflação, com o aumento dos preços, fica muito difícil.
Esse é o valor que o estado mais rico da América Latina oferece para os seus
servidores, doze reais.
E sem reajuste,
não saiu nada. O governador não apresentou ainda o índice. E todo ano eu
recorro ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas, porque o governo não
apresenta o índice na data correta.
Estou fazendo
exatamente o mesmo no dia de hoje. Estou acionando o Ministério Público
Estadual e o Tribunal de Contas, com duas representações, para que o governo
seja obrigado a respeitar a lei, porque o governo está fora da lei.
A lei está
aqui, a nº 12.391, de 2006, aprovada pela Assembleia Legislativa. Uma lei que
está em vigor. E que reflete, na verdade, também uma exigência do Art. 37 da
Constituição Federal, que exige essa reposição das perdas inflacionárias para
os servidores públicos. Então, o governo Tarcísio está desrespeitando a lei
estadual e também a lei federal, a Constituição Federal.
Então, os
servidores estão com perdas em todos os sentidos. Perderam as faltas abonadas
por conta da reforma administrativa feita na gestão anterior, na gestão do
Doria. Elas não existem mais. E elas existiam, deputado Leci Brandão, desde
1968. Mas aquela famigerada reforma administrativa que o Doria fez, nós votamos
contra, V. Exa. votou contra, eu também.
O deputado
Suplicy não estava aqui, não era ainda... deputado estadual, mas com certeza
votaria contra. Toda a oposição votou contra aquela lei da reforma
administrativa que retirou direitos dos servidores públicos estaduais e um
deles foi exatamente esse direito às seis faltas abonadas.
Nós perdemos
muitos, quando eu falo nós, os servidores. A reforma da Previdência que
dificultou, em 2020, que foi aprovada aqui com muita repressão, dentro da
Assembleia Legislativa, onde a reforma, que é fruto da reforma do Bolsonaro
também, porque o Bolsonaro aprovou em 2019, e o Doria aprovou a estadual em
2020, dificultando ainda mais o acesso à aposentadoria dos servidores,
sobretudo o nosso pessoal da educação.
A aposentadoria
especial do Magistério ficou prejudicada, porque vai ter que pagar pedágio.
Então, praticamente quase que não há mais, na prática, aposentadoria especial
para o Magistério. Então foram várias as perdas impostas aos servidores, do
ponto de vista funcional, do ponto de vista previdenciário e do ponto de vista
salarial.
E nós exigimos,
hoje aqui da tribuna da Assembleia Legislativa e agora, através do Ministério
Público e do Tribunal de Contas, que o governador apresente a proposta para
reajustar os salários de todos os servidores. Na verdade, o reajuste é a
recomposição das perdas inflacionárias, como determina a Lei estadual nº 12.391
e o Art. 37 da Constituição Federal.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito
obrigado, deputado Carlos Giannazi, pelo seu empenho em estar defendendo a
situação dos professores da rede estadual.
Agora tem a palavra o deputado Rogério
Santos. (Pausa.) Em seguida, serei eu. Então eu vou descer para falar.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando
sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente. Agora com a
palavra o nobre deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, ontem, domingo, 3 de março, meu
mandato integrou a missão à Baixada Santista, para a escuta de familiares das
vítimas das operações Escudo e Verão.
Estavam
presentes, além de representantes de mandatos parlamentares, a Ouvidoria da
Polícia do Estado de São Paulo; a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos; o
ex-ministro Paulo Vannuchi, representando a Comissão Arns; o Fórum Brasileiro
da Segurança Pública; o Sou da Paz; o Instituto Vladmir Herzog; a Conectas; o
Sindicato dos Advogados; o Condepe; a Comissão de Direitos Humanos; a HRW -
Human Rights Watch; a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio da
juventude preta, pobre e periférica; além de organizações locais.
Acompanharam
também a visita várias lideranças comunitárias. As famílias das vítimas da
violência policial fizeram uma caminhada carregando cruzes e cartazes em que se
lia “não existe confronto quando só um lado atira”, “justiça!”. A comitiva
conversou com vários moradores e familiares de vítimas. Os relatos são
estarrecedores.
A população que
mora nos territórios alvos das operações está com medo por seus jovens e por
suas crianças. Há relatos de que vítimas foram mortas na sua cama, voltando da
padaria de bicicleta com um saco de pão e um copo de café na mão, saindo do
trabalho. Há relatos de invasão do domicílio, de proibição de sair de casa, e
outros abusos.
A narrativa da
polícia se repete na descrição de um confronto que, segundo familiares e
testemunhas, não existiu. Lugares do crime não são preservados. Exames
balísticos não são solicitados. Policiais atuam sem câmeras corporais. Em
muitos casos, ouvimos relatos de que policiais vão ao velório de suas vítimas,
e tiram fotos.
Não é
admissível que a polícia não use da inteligência policial para debelar o crime
organizado. Já passamos de 60 mortes, contando com as 28 mortes decorrentes da
Operação Escudo, em apenas dois meses do ano passado. Eu aqui faço um apelo,
para o governador Tarcísio de Freitas, no sentido de que todos os policiais do
Estado de São Paulo passem a usar a câmera corporal de forma sistemática e
correta.
Também faço um
apelo para que o governador Tarcísio solicite a política de Segurança Pública, de forma a proteger
a população do estado de São Paulo para que proteja, em especial, a
população negra e periférica, que está perdendo os seus filhos tanto para a
violência policial, como para o crime organizado. O estado tem o dever de
proteger a todas essas pessoas.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando
sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, agora já na
Lista Suplementar, com a palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Enio Tatto. (Pausa.)
Com a palavra a nobre deputada Leci
Brandão, que fará o uso regimental da tribuna.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Excelentíssimo Sr.
Presidente, deputado Suplicy, nosso amigo antigo, querido e respeitoso,
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, funcionários desta Casa de todos os setores,
serviços gerais, gabinetes, policiais militares e civis, é com muita alegria
que depois de sexta-feira eu retorno a esta Casa.
Hoje é a
segunda vez que eu estou aqui, muito feliz de rever meus amigos e sempre
agradecendo a todas as pessoas que rezaram por mim, oraram por mim, bateram os
seus tambores, enfim, em todas as religiões pediram pela recuperação da minha
saúde. Graças a Deus, isso está acontecendo.
Eu acho que
todas as pessoas que acompanham a nossa vida sabem que, mesmo antes de chegar
até a Assembleia Legislativa, eu
sempre fui uma defensora da questão que se refere ao racismo, igualdade racial.
É uma coisa lógica, afinal de contas eu pertenço a esse grupo.
Mas, ontem, eu
me deparei com uma notícia que me causou uma indignação. O livro “O avesso da
pele”, do escritor Jeferson Tenório, foi censurado na cidade de Santa Cruz do
Sul, estado do Rio Grande do Sul. Vocês vão dizer: “O que tem a ver o estado do
Rio Grande do Sul com São Paulo?”, tem a ver com o Brasil. Toda
questão racial que acontecer neste país e que eu não concordar eu vou sempre me
pronunciar, afinal de contas eu sou uma cidadã brasileira.
Uma obra que
foi lançada em 2020, venceu o maior prêmio literário do País, que é o Prêmio
Jabuti, na categoria romance. A censura foi feita no dia primeiro de março,
última sexta-feira, pela diretora de uma escola, é a Escola Ernesto Alves e o
nome dela é Janaina Venzon. Ela proibiu o livro na escola e pediu a retirada de
todos os exemplares das bibliotecas de Santa Cruz do Sul.
A diretora
acusa o livro de usar “palavras de baixo calão”, e vale dizer que foi ela mesma
quem selecionou a obra pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático,
o PNLD. “O avesso da pele”, que é o nome do livro, conta uma história sobre
racismo, violência e identidade, e revive as memórias de uma vítima de
abordagem policial violenta.
Bom, diante
desse absurdo da censura, é preciso questionar o que causa mais indignação: as
palavras usadas no livro ou o que essa obra denuncia? Faço do autor também as
minhas palavras, que diz o seguinte: “O mais curioso é que as ‘palavras de
baixo calão’ causam mais incômodo que o racismo, a violência policial e a morte
de pessoas negras.”
Portanto, eu
quero encerrar essa fala expressando toda a minha solidariedade ao autor,
Jeferson Tenório, e manifestar o nosso repúdio a essa censura vergonhosa que
não pode ser normalizada. Acho que não podemos aceitar que estudantes tenham
acesso... A gente não pode aceitar que não exista acesso a obras que vão
contribuir para a formação de uma visão crítica da sociedade em que vivemos.
Deixe os estudantes saberem a nossa história já que durante tantos anos essa
história foi escondida, foi oculta.
E eu também
quero aproveitar a oportunidade, Sr. Presidente, para parabenizar, agradecer e
reconhecer a força do deputado Carlos Giannazi, que sempre chega a esta tribuna
para colocar questões que são muito importantes para os servidores públicos,
são muito importantes para que haja o reconhecimento por parte do governo
Executivo de poder dar às pessoas aquilo que elas têm direito, sabe?
Eu acho que
essa coisa de não reajustar os preços, enfim, é muito ruim, é muito triste. E
fica todo mundo achando que: “Não, o deputado, o político, não vale nada, não
presta, só quer saber do seu umbigo”, e não é bem assim; nós temos as exceções.
E também
cumprimentar o sempre senador, nosso deputado Eduardo Suplicy, pela atitude,
iniciativa, de ter também colocado o seu mandato, os seus assessores, para
saberem dos problemas que o povo lá da Baixada Santista está enfrentando.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - As causas que
aqui relatou a deputada Leci... E passo a palavra agora ao deputado Delegado
Olim. (Pausa.) Professora Bebel. (Pausa.) Capitão Telhada. (Pausa.) Deputado
Carlos Giannazi, na lista suplementar.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado
Mecca, deputada Leci Brandão, público aqui presente, de volta à tribuna hoje eu
quero aqui comentar e repercutir uma gravíssima denúncia que foi - aliás, duas
- que foram publicadas, uma ontem na “Folha de S. Paulo”. Foi, inclusive, capa
da “Folha de S. Paulo”...
Eu quero
colocar aqui a primeira delas, que é um “card”, até para que as pessoas tenham
noção. Uma foi publicada ontem na capa da “Folha de S. Paulo” dando conta do
que vem acontecendo na cidade de São Paulo: obras bilionárias - não
milionárias, bilionárias - sendo feitas sem licitação, com direcionamento, com
fortes indícios de conluio e direcionamento e com certeza também com fortes
indícios de superfaturamento, Sr. Presidente.
É grave porque
envolve bilhões de reais. Quem fez essa matéria, quem já ingressou no Tribunal
de Contas e no Ministério Público foi o vereador Celso Giannazi, que fez um
trabalho de investigação com a sua assessoria em todos esses contratos e denunciou
ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público Estadual. Então: “Gestão Nunes
gasta dois bilhões sem licitação para concretar córregos e ignora obras
estruturais”.
É grave isso,
Sr. Presidente, porque são obras sem licitações que favorecem grupos econômicos,
empreiteiras, empresas e dessa denúncia nós temos uma outra, um desdobramento
de uma outra publicada agora também na capa do UOL, que eu quero colocar aqui,
que é essa aqui: “223 contratos emergenciais de São Paulo têm indício de cartas
marcadas”.
Ou seja, é o
que nós estamos dizendo: há fortes indícios de conluio nessas obras
emergenciais sem as suas respectivas licitações. São 223 obras e tem aqui uma
matéria que eu vou colocar também do próprio UOL resumindo um pouco, que é uma
denúncia um pouco complexa, mas mostrando que três empresas que são
responsáveis por esse... Os indícios levam a crer que essas três empresas, que
são controladas pelo mesmo grupo, pela mesma família, estão fazendo o conluio
econômico.
Mas a
investigação já está no Tribunal de Contas e no Ministério Público por conta
das representações feitas pelo vereador Celso Giannazi. Eu quero colocar aqui
essa matéria da “UOL”, ou um trecho dela, pelo menos, que explica de uma forma
bem didática a complexidade dessas obras sem licitações.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Sr. Presidente,
não dá para colocar toda a matéria, mas está na “UOL”, as pessoas podem acessar
e entender melhor como que se dá esse tipo de conluio. Agora, é um absurdo,
porque são quase cinco bilhões de reais que a prefeitura está disponibilizando
para essas obras emergenciais que são vítimas desse conluio. Dinheiro que faz
falta na área da Educação, da Saúde Pública, da Assistência Social.
Uma cidade que
tem quase 50 mil pessoas em situação de rua, abandonadas, Sr. Presidente, e, no
entanto, há aí esse forte indício de conluio. Repito: já vai ser investigado
pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público a partir da denúncia feita,
das representações feitas pelo vereador Celso Giannazi, na Câmara Municipal.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Cumprimento o
deputado Carlos Giannazi. Tem a palavra agora o deputado Major Mecca, pelo
tempo regimental.
O
SR. MAJOR MECCA - PL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
* * *
Boa tarde Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, os nossos policiais militares e civis que aqui estão
garantindo o nosso trabalho parlamentar, a todos que nos acompanham pela TV
Alesp e pelas redes sociais.
O povo do
estado de São Paulo, cidadãos de bem, gostaria de perguntar ao Sr. Ouvidor das
polícias, o Sr. Cláudio Silva, ao presidente do Condepe, o Sr. Dimitri Sales,
quem são as vítimas que eles indicam nas entrevistas que eles estão dando.
Quem são as pessoas
que eles apontam, que dizem... Eles estão dizendo que 39 pessoas foram
executadas pela Polícia Militar na Operação Verão, que essa última Operação
Verão foi a operação mais letal da história.
Como sempre, a
esquerda constrói uma narrativa para querer proteger bandido. Eu não vi o Sr.
Ouvidor, o Sr. Cláudio Silva, nem o Sr. Dimitri Sales, do Condepe, amparando
nenhum familiar de policial morto por criminoso. Eu nunca vi o Sr. Ouvidor, nem
o presidente do Condepe e nenhum deputado de esquerda na casa de algum familiar
que foi vítima de um bandido.
Uma mãe de
família morta por um criminoso por conta da bolsa que enroscou e ela não teve
tempo hábil para entregar. Nós socorremos a família de uma senhora de 46 anos
em um latrocínio na Rua Parapuã.
Ela segurou a
bolsa e o ladrão efetuou dois disparos para levar a bolsa dela, porque ela
tinha acabado de sacar mil reais em uma agência bancária. Morreu com dois
tiros, uma senhora de 46 anos. Eu não vi nenhuma dessas pessoas estendendo a
mão aos familiares.
Então, o povo
de São Paulo pergunta a essas figuras, ouvidor das policias, Sr. Presidente do
Condepe: os senhores existem para defender bandido, para defender criminoso? O
povo do estado de São Paulo já está por aqui de defensor de bandido, já não
suporta mais.
Sabe por que
aumentou o número de bandidos mortos lá em Santos? Porque a Operação Verão,
agora, não é como era nos governos anteriores, em que você era proibido de sair
da orla da praia e você era proibido de abordar.
Se alguém
reclamar do seu trabalho, se algum ladrão fizer alguma queixa contra uma
abordagem sua, você será transferido para um quartel do outro lado do estado, o
mais longe possível da sua família. É porque era assim as operações nas
policias de São Paulo.
O Governo do
Estado punia os policiais que trabalhavam. Hoje, não. Hoje a determinação é
patrulhar todas as vias, principalmente as comunidades, porque lá dentro das
comunidades, mais de 90% são cidadãos de bem, trabalhadores, que merecem também
a presença da polícia. A polícia não pode deixar esses cidadãos sob o subjugo
do crime organizado, de traficantes: traficantes de droga, traficantes de
armas, traficantes de pessoas e de órgãos.
O crime
organizado que fez dos morros do litoral de São Paulo seu entreposto para
receber e para enviar drogas e armas para a Europa, América do Norte, para a
Ásia e assim alimentar um comércio nefasto de pessoas, de mulheres que são
traficadas para outros países, com a promessa de bons empregos. E chegam lá são
escravizadas.
Só para concluir, Sr. Presidente, nessa
última Operação Verão 301 presos que estavam procurados pela Justiça foram
recapturados, 301; 797 bandidos presos que estavam infernizando a vida dos
trabalhadores; mais de meia tonelada de droga apreendida, e mais de 86 armas
aprendidas, incluindo fuzis.
Agora, eu pergunto: vocês acham que a
população de bem do estado de São Paulo não está aplaudindo a Polícia Militar,
a Polícia Civil, a Polícia Técnico-Científica? Se quiserem continuar se
enganando, continuem, pois o povo de São Paulo está aplaudindo a ação das
polícias do nosso estado.
Muito obrigado, presidente.
O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI -
PSOL - Com a palavra o nobre deputado Eduardo Suplicy, que
fará uso regimental da tribuna.
O SR. EDUARDO SUPLICY -
PT - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Sr. Presidente, deputado Carlos Giannazi; caro Major Mecca; no próximo
dia 13 teremos aqui a oportunidade de ouvir o ouvidor Cláudio Silva, que tem
acompanhado entidades em defesa dos direitos humanos ali no litoral, na Baixada
Santista.
Eu vou ler aqui uma reportagem do G1 de
hoje mesmo, dia 4 de março: “Mortes por PMs em São Paulo cresceram 94% no
primeiro bimestre. O número de mortes cometidas por policiais militares no
estado de São Paulo cresceu 94% no primeiro bimestre deste ano em comparação com o mesmo
período de 2023, primeiro ano de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente do
governo de São Paulo.
Houve um salto de
69 para 134 mortes no período. É o que aponta um levantamento feito pela
Globo News e pelo G1 com base nos números divulgados pelo Grupo de Atuação
Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp),
do Ministério Público Estadual.
Na avalição do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, os dados são alarmantes.
‘Há uma preocupação com esse
crescimento acentuado de mortes provocadas por intervenções policiais,
especialmente em serviço’, diz Samira Bueno, diretora-executiva do
Fórum.’
Chama atenção
também o número de mortos na Baixada Santista, que mostra um dos efeitos
deletérios da Operação Verão e como ela tem se convertido na prática, numa
espécie de operação vingança por causa do assassinato do soldado Cosmo.
Os mortos pela Polícia no 1º
bimestre, em São Paulo, em 2024, 134; 2023, 69; 2022, 52; 2021, 129; 2020, 183;
2019, 125; 2018, 141; 2017, 163.
Em nota ao g1, a Secretaria de Segurança Pública do governo,
gerida por Guilherme Derrite, afirmou que ‘não comenta pesquisas cuja
metodologia desconhece’ e que a ‘opção pelo confronto é sempre do suspeito, que
coloca em risco a vida do policial e da população’ (...).
Esses números
incluem mortes cometidas por PMs de serviço e de folga em todo território
paulista. De acordo com os dados do Gaesp, a alta foi puxada pelas mortes
cometidas por PMs em serviço, que saltaram 129% (de 49 para 112) entre os
primeiros bimestres de 2023 e 2024. Já as mortes cometidas por PMs de folga
cresceram 10% (de 20 para 22) no mesmo comparativo.
Os números do
Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade
Policial apontam um mês de fevereiro com uma letalidade policial mais alta do
que a registrada em janeiro deste ano.
Segundo o
Gaesp, em fevereiro deste ano, 79 pessoas foram mortas pela PM no estado de São
Paulo, o que representa uma alta de 147% em relação às 32” pessoas mortas
“contabilizadas em fevereiro de 2023. Em janeiro deste ano, a PM matou 55
pessoas no estado, 49% a mais do que as 37 registradas em janeiro do ano
passado, segundo números do Gaesp.
Foi em
fevereiro deste ano que a Secretaria da Segurança Pública deflagrou uma nova
fase da Operação Verão, com reforço do policiamento na Baixada Santista. A ação
ocorreu como resposta ao assassinato do soldado Samuel Wesley Cosmo”, da Rota,
Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar. “O governo chegou a transferir o gabinete
da Segurança Pública para a região.”
Mortes por PMs
no 1º bimestre em São Paulo: no estado, foram 134; na Baixada Santista, 63. Ao
todo, 43 pessoas foram mortas na região da Baixada entre 3 e 29 do mês passado.
A Baixada
Santista já havia registrado o dobro de mortes do que a Capital de São Paulo
(20 a 10) nas mortes registradas em janeiro, fato inédito desde 2017 - ainda de
acordo com o Ministério Público.
“O aumento das
mortes em intervenções da PM ocorre em meio a operações de combate ao crime
organizado, segundo o governo, e em resposta aos assassinatos de policiais
militares na região.” Três PMs foram os policiais militares Marcelo Augusto da
Silva, Samuel Wesley Cosmo e José Silveira dos Santos, mortos na Baixada
Santista.
Em 12 dias,
morreram: em 26 de janeiro, Marcelo Augusto da Silva morreu vítima de disparos
ao voltar do serviço na Rodovia Anchieta, em Cubatão; atuava no 38º Batalhão,
na Fazenda da Juta, zona leste de São Paulo; em 2 de fevereiro, Samuel Wesley
Cosmo foi assassinato com um tiro no rosto ao patrulhar uma viela em Santos;
integrava a Rota; a câmera corporal no uniforme do PM registrou o momento em
que ele foi baleado; em 7 de fevereiro, José Silveira dos Santos morreu baleado
em patrulhamento, já em ações decorrentes da morte de Cosmo.
Em visita à
Baixada Santista no domingo, a Ouvidoria das Polícias de São Paulo afirmou que
vê intimidação da PM após 39 mortes dentro da Operação Verão. O ouvidor,
Cláudio Aparecido da Silva, citou ter obtido provas de coação. "Nós temos
prova da intimidação. A prova da intimidação que a gente colheu aqui hoje é um
vídeo em que os policiais invadem uma cerimônia de sepultamento de uma
vítima".
“O g1 apurou
que o Ministério Público de São Paulo criou um grupo com quatro promotores para
acompanhar as operações policiais na Baixada Santista. Os trabalhos têm duração de seis
meses, que podem ser prorrogados, para investigar todas as mortes da Operação
Verão a partir do assassinato do PM Cosmo, em dois de fevereiro.
Samira Bueno, diretora-executiva do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública, também acompanha os trabalhos. Neste
domingo, dia três, ela esteve com os familiares de pessoas mortas durante a
Operação na Baixada Santista.
O grupo, composto por representantes
de órgãos públicos e organizações da sociedade civil, ouviu familiares de oito
pessoas mortas por PMs ao longo do mês passado.
‘A SSP não
comenta pesquisas cuja metodologia desconhece e ressalta que os dados oficiais
sobre as mortes decorrentes de intervenção policial serão publicados de acordo
com o cronograma previsto. Em janeiro, foram registradas 46 ocorrências desta
natureza no estado, o que representa 0,2% do total de 16.811 presos apreendidos
no período.
As MDIP são
consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia. A opção
pelo confronto é sempre do suspeito, que coloca em risco a vida do policial e
da população. Todas as ocorrências são rigorosamente investigadas pelas
polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder
Judiciário.
A pasta da
Segurança Pública investe permanentemente na capacitação dos policiais,
aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo, e em políticas públicas
para reduzir a letalidade policial. Os cursos ao efetivo são constantemente
aprimorados e comissões direcionadas à análise dos procedimentos revisam e
aprimoram os treinamentos, bem como as estruturas investigativas’.”
Isso é o que diz a Secretaria de
Segurança Pública. Sr. Presidente, agradeço a tolerância para que eu pudesse
registrar, na íntegra, este fato jornalístico importante, de interesse de todos
nós três aqui presentes hoje.
Muito obrigado.
O SR. EDUARDO
SUPLICY - PT - Havendo acordo de lideranças, eu
peço que seja levantada a sessão.
O SR. PRESIDENTE -
CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência,
cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia os seguintes
projetos vetados: Projeto de lei Complementar no 138, de 2023; e
Projeto de lei no 1.124, de 2019.
Havendo
acordo de líderes, antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas.
para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma Ordem do Dia
da última quarta-feira, com os aditamentos ora anunciados.
Está
levantada a sessão.
*
* *
- Levanta-se a sessão às 14 horas e 53
minutos.
*
* *