5 DE FEVEREIRO DE 2024

2ª SESSÃO ORDINÁRIA

        

Presidência: CARLOS GIANNAZI, REIS, LUCAS BOVE, MAJOR MECCA e CONTE LOPES

        

RESUMO

        

PEQUENO EXPEDIENTE

1 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência e abre a sessão.

        

2 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

3 - REIS

Assume a Presidência.

        

4 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

6 - MAJOR MECCA

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

7 - LUCAS BOVE

Assume a Presidência.

        

8 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

9 - MAJOR MECCA

Assume a Presidência.

        

10 - LUCAS BOVE

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

11 - PRESIDENTE MAJOR MECCA

Comenta o pronunciamento do deputado Lucas Bove.

        

12 - CONTE LOPES

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

13 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

GRANDE EXPEDIENTE

14 - REIS

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

15 - CONTE LOPES

Assume a Presidência.

        

16 - CARLOS GIANNAZI

Por inscrição, faz pronunciamento.

        

17 - EDUARDO SUPLICY

Pelo art. 82, faz pronunciamento.

        

18 - CARLOS GIANNAZI

Assume a Presidência. Endossa o pronunciamento do deputado Eduardo Suplicy.

        

19 - EDUARDO SUPLICY

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

20 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI

Defere o pedido. Faz aditamento à Ordem do Dia. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 06/02, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão.

        

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.

 

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- Passa-se ao

 

PEQUENO EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o número Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da ata da sessão anterior e recebe o expediente.

Abrindo aqui a lista de oradores inscritos para o Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Reis. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra deputada Ediane Maria. (Pausa.)  Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) 

Com a palavra o deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino, que fará uso regimental da tribuna.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa. Sr. Presidente, eu vou retomar o assunto que eu já falei na sexta-feira, em relação ao projeto do Túnel Santos-Guarujá, que é um projeto que desde o mandato passado, de 11 a 15, que acompanhei pela Assembleia.

Nós já vimos vários governadores que passaram pelo estado de São Paulo, uns diziam que iam fazer uma ponte, outros que iam fazer um túnel. Cada vez que tinha mudança de governo, alguém vinha e anunciava essa obra tão importante, que liga Santos a Guarujá.

Então, eu queria rapidamente poder colocar aqui algumas informações. Primeiro, é uma obra que nós estamos falando há quase dez décadas, que vem esse debate de fazer essa ligação, e o projeto, que vai ter a parceria entre o governo federal e o governo do estado, tem uma previsão de seis milhões para a execução dessa obra.

Para atravessar o canal por meio de balsa, a espera hoje demora várias horas, ou, caso seja feito por via terrestre, também você acaba tendo um deslocamento muito grande entre Santos e Guarujá.

Queria rapidamente passar, Machado, aqui um vídeo que mostra um pouco dessa relação, para quem nos acompanha em casa.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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E aí é importante esse vídeo ora apresentado que demonstra a importância da parceria do governo federal com o Governo do Estado de São Paulo, que é uma obra que vai ser muito importante para a população do nosso estado. Então a relação entre os prefeitos, o governo do estado e o governo federal será fundamental para uma obra tão importante como essa.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Reis.

 

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Agora, além dessa obra nós teremos outras obras no estado de São Paulo, no caso do Rodoanel trecho norte, que também começou. Era para ser entregue em 2014, nós estamos em 2023 com 85% da obra praticamente concluída. Ficou alguns anos parada na gestão do PSDB no estado de São Paulo.

Agora essa obra retoma também. O BNDES vai liberar 1 bilhão e 350 milhões de reais. A previsão do trecho norte vai ligar à Marginal Tietê. São quase 80.000 veículos que acabam com essa interligação, quase 20 quilômetros de via entre as faixas e essa obra tem 14 túneis e 12 de extensão.

E é importante lembrar, nobre deputado Eduardo Suplicy, que em 2014, ainda a presidenta Dilma no governo do País, tinha liberado quatro bilhões de reais - dois bilhões do BNDES, dois bilhões do recurso do PAC - e o Governo do Estado deveria entrar com mais seis bilhões para conclusão dessa obra.

O problema da falta de gestão que teve de quem estava no governo naquele momento do governo estadual não conseguiu fazer a conclusão da obra e acabou ficando parada por um período e quem perde com isso é a população.

Então mais uma vez parabenizar o presidente Lula, demonstrando a importância das obras no estado de São Paulo, seja a ligação do túnel Santos-Guarujá, seja a retomada do rodoanel no trecho norte, que vai ajudar muito a população da Grande São Paulo.

Ou outros investimentos do PAC que nós iremos apresentar à população do estado de São Paulo nos próximos dias, mostrando que o governo federal, o governo do presidente Lula tem um compromisso com o estado de São Paulo e com certeza 2024, 2025, serão anos importantes para a consolidação do nosso trabalho no estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista de oradores, chamamos para fazer uso da palavra o deputado Simão Pedro. (Pausa.) Entrando na lista suplementar, o deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Reis, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, hoje é dia 5 de fevereiro de 2024 e nós estamos assistindo a uma das piores atribuições de aulas da rede estadual de todos os tempos, se não for a pior. Eu acompanhei a atribuição na semana passada presencialmente.

Fui até algumas diretorias de ensino, Sr. Presidente, e constatei o caos, o que já era previsível. O que nós já estávamos denunciando exaustivamente já no final do ano passado por conta das resoluções que tinham sido aprovadas, a começar pela demissão em massa de milhares e milhares de professoras e professores da categoria “O”.

Depois, com o não pagamento do que eles trabalharam e também o não pagamento das férias - uma violação aos direitos básicos trabalhistas, elementares - estão sendo aqui violados e agredidos pelo governo estadual, pela gestão Tarcísio/Feder - Feder, dono da Multilaser.

Agora só se chama Multi, mudou o nome da empresa dele, Sr. Presidente, mas não parou por aí. Na sexta-feira assistimos a um verdadeiro caos nas diretorias de ensino, na atribuição para as escolas PEI. Professores que tiveram boas avaliações não foram reconduzidos, pontuações erradas, Sr. Presidente.

Inscrições também foram feitas de forma incorreta, não aparecia o nome do professor que tinha feito a inscrição, mas o nome dele não aparecia no sistema. E agora nós vamos ter mais um processo de atribuição nessa semana com várias injustiças, com vários erros, com várias irregularidades que têm penalizado milhares e milhares de professores e professoras em todo o estado de São Paulo.

O caos está instalado, Sr. Presidente. É um dos maiores ataques à dignidade humana das professoras e professores da rede estadual de ensino, trazendo sérios prejuízos emocionais, psicológicos, econômicos, financeiros e também na vida dos nossos professores e professoras, que não conseguem mais se organizar, porque uma boa parte dos professores e professoras não voltarão mais para suas escolas de origem, onde eles estavam trabalhando no ano passado.

E, com isso, haverá uma grande interrupção do vínculo entre os professores e os alunos e com toda a comunidade escolar, sobretudo com o projeto pedagógico da escola. Ou seja, estamos assistindo a um verdadeiro crime contra a Educação no estado de São Paulo.

Ao atacar, ao humilhar os professores e professoras da rede estadual, o governo está atacando toda a Educação estadual, atacando também os nossos alunos e todas as comunidades escolares, porque houve um desarranjo, uma desorganização do projeto pedagógico de cada escola, porque esses professores não voltam mais. Então, não haverá mais a continuidade.

Eu já acionei o Ministério Público Estadual para que o Ministério Público faça uma intervenção e tome providências contra essa desorganização generalizada do processo de atribuição de aulas, da demissão em massa de professores. É isso o que está acontecendo. Eu tenho certeza que vários deputados e deputadas estão recebendo também denúncias nos seus gabinetes, nas suas redes sociais, sobre o que está acontecendo.

Eu já acionei o Ministério Público Estadual. Espero que o Geduc, que é esse grupo que atua na Educação, tome providências, faça uma intervenção, porque não é possível que a rede seja destruída dessa maneira, de uma forma irresponsável, leviana, Sr. Presidente. Então, aqui com a palavra o Ministério Público, que tem que agir agora para resolver essa situação gravíssima.

Mas eu acho, Sr. Presidente, para concluir, que não é só uma irresponsabilidade, não é só leviandade. É também, mas é mais do que isso. Eu aqui tenho que retomar a frase do grande Darcy Ribeiro, um grande intelectual brasileiro, educador, antropólogo, sociólogo, enfim, um dos idealizadores do Cieps, do Rio de Janeiro, quando ele disse que a crise da Educação não é uma crise, é um projeto.

Então, o que está acontecendo em São Paulo cabe perfeitamente nessa frase do Darcy Ribeiro. O que está acontecendo aqui, nós temos aqui... O governo Tarcísio/Feder tem um projeto de destruição da Educação estadual. Não é só incompetência, é proposital. É destruição, é ataque. É um ataque deliberado contra o Magistério, contra todos os profissionais da Educação.

Aqui eu só falei uma parte. Tem muitas denúncias que eu vou fazer aqui pela tribuna da Assembleia Legislativa. Muitas eu já levei ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas, Sr. Presidente, mas é isso. O governo Tarcísio tem um projeto de destruição da rede estadual de ensino e dos profissionais da Educação, mas nós estamos reagindo à altura, Sr. Presidente. Isso não será feito aqui no estado de São Paulo, porque depois ele vai embora e deixa esse rastro de destruição no nosso estado.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - O próximo orador é o deputado Eduardo Suplicy.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Reis, prezados deputados estaduais, Carlos Giannazi, Major Mecca, eu hoje venho apresentar um requerimento de informação a respeito da Operação Escudo.

Nos termos do Art. 20, inciso XVI, da Constituição do Estado de São Paulo, combinado com o Art. 166 do Regimento Interno requeiro seja oficiado o Sr. Secretário de Segurança Pública, Guilherme Muraro Derrite, para que preste as seguintes informações sobre as ações policiais em curso na Baixada Santista, em especial sobre a denominada Operação Escudo, que segundo definição da própria Secretaria de Segurança Pública tem como objetivo restabelecer a ordem pública e a sensação de segurança na comunidade local, além de prender os responsáveis pelas ações criminosas contra os agentes da Segurança.

São essas as perguntas: quais ações da Operação Escudo já ocorreram, em que locais, duração de cada e qual planejamento para que outras aconteçam? Quais são os indicadores dos níveis de desempenho e eficácia das Operações Escudo? A partir do momento em que uma ação da Operação Escudo é desencadeada, qual protocolo de ações passa a ser utilizado?

Qual o efetivo total mobilizado em cada uma das ações da Operação Escudo? Quantos policiais do total do efetivo mobilizado utilizavam câmeras corporais durante as ações da Operação? Nas novas ações da Operação Escudo está sendo garantida a utilização de câmeras corporais pelos policiais?

Em janeiro deste ano o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, a partir do trabalho de especialistas, exarou recomendações sobre as instalações dos equipamentos nos uniformes durante todo o expediente de policiais, dentre outros tópicos de procedimentos.

O governo estadual irá adotar as recomendações do Conselho Nacional de Política Criminal? Se sim, em que fase está o planejamento e qual a previsão para implementação das recomendações, qual o valor do investimento previsto para cada uma das recomendações? Se não, qual a justificativa para a não adoção das recomendações?

Quais medidas de inteligência estão sendo adotadas para a redução de ocorrências de letalidade, tanto de cidadãos quanto policiais? Quais medidas são comumente adotadas para que a população moradora das comunidades, objeto da Operação Escudo, em função de viverem em áreas suscetíveis à penetração do crime organizado, não seja penalizada pelas ações operacionais?

Os policiais envolvidos na Operação Escudo são os mesmos que realizam as operações da Operação Verão? Qual a relação entre essas operações? Todos os policiais envolvidos na Operação Verão na Baixada Santista utilizam câmeras corporais?

Quais investimentos estão sendo planejados e também quais procedimentos estão sendo adotados no que diz respeito ao armazenamento de dados das câmeras corporais?

Eis a justificativa: conforme matéria veiculada pela “Folha de S.Paulo” em 1º de fevereiro de 2024, no ano 2023, 353 pessoas foram mortas por policiais militares em serviço no estado de São Paulo ante 256 no ano de 2022, denotando um aumento de 38% na comparação dos dois períodos, dois fatos chamam particularmente a atenção.

Um deles diz respeito à constatação de que o aumento de mortes coincide com o período em que o governo de São Paulo parou de investir na aquisição de câmeras corporais. O outro relaciona-se especialmente à Operação Escudo na Baixada Santista em que 36 pessoas foram mortas pela Polícia somente entre julho e outubro de 2023.

A primeira ação da operação teve início após a morte de um soldado da Rota no Guarujá e a segunda intervenção em São Vicente, após ataque a um policial militar aposentado.

Matéria veiculada pela CNN, em janeiro deste ano, aponta outras duas mortes cometidas por policiais militares em nova ação da Operação Escudo também iniciada após a morte de um policial em Cubatão, vítima de latrocínio.

Além disso, neste ano de 2024, novas operações foram desencadeadas na região sul da Capital e nos municípios de Santo André, Piracicaba e Guarulhos, conforme a “Folha” informa em 21 de janeiro último.

Em janeiro deste ano, recebi o Ofício nº 13/2024 do gabinete do vereador Chico Nogueira, da Câmara Municipal de Santos, cuja cópia está anexa ao presente, relatando vários abusos que estão sendo cometidos contra a população da Baixada Santista nas ações da Operação Escudo.

Então é importante notar que, nesse ofício, Chico Nogueira mostra que, nos primeiros 40 dias da Operação Escudo no ano de 2023, 28 pessoas foram mortas e houve 958 prisões.

Segundo o portal “Outras Palavras”, os familiares se mobilizaram para frear os ataques. Foi realizada uma audiência pública na Unifesp em 25 de setembro. Segundo a defensora pública presente na audiência, 55% dos mortos não tinham passagem pela polícia; 76% não portavam drogas; 84% não foram apreendidos com armas; 67% eram negros. Nenhuma das pessoas presas ou mortas estava vinculada ao assassinato do policial da Rota.

Assim, esse ofício aponta a preocupação também com a Operação Verão na Baixada Santista, quando centenas de policiais, muitos dos quais em formação na Academia de Polícia do estado, descem para a Baixada Santista para fazer o policiamento durante a temporada.

Por todo o exposto, solicito as informações detalhadas em função de sua alta relevância, uma vez que o estado, como detentor do monopólio de legítima força, deve agir para garantir a integridade e a segurança dos cidadãos dentro dos princípios do Estado Democrático de Direito.

Agradeço a tolerância, deputado Reis, mas era importante completar a leitura deste requerimento.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Chamamos para fazer uso da palavra o Deputado Major Mecca.

 

O SR. MAJOR MECCA - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, deputado Reis; todos os deputados desta Casa; funcionários que estão aqui dando suporte ao nosso trabalho; nossos policiais militares e policiais civis, que vivem em um luto eterno.

A cada semana é um policial assassinado no estado de São Paulo e o povo brasileiro pergunta ao nosso Congresso Nacional, pergunta ao governo federal: vocês vão ficar sentados em cima de reformas do Código Penal, do Código de Processo Penal, das leis de execuções penais até quando? Até quando os políticos em Brasília vão assistir de camarote ao povo brasileiro morrer nas mãos de bandidos?

No último sábado, nós enterramos, aqui em São Paulo, no Cemitério do Araçá, o soldado Wesley Cosmo, integrante da Rota, morto dentro de uma comunidade em Santos na última sexta-feira por um criminoso que inclusive foi filmado pela body cam apontando a arma para o policial da Rota e dando um tiro, tirando a vida do policial.

Eu sou policial há 35 anos. Por 31 anos, no serviço ativo, defendendo o povo de São Paulo e convivendo com a miséria. A miséria imposta por partidos políticos que só pensam na sua manutenção no poder e esquecem, e abandonam, o povo.

No nosso País, é a segurança pública, é a educação, é a saúde... está tudo falido. E hoje, que eu estou político - porque eu não sou político, eu sou um policial militar e estou político -, a minha decepção com a política aumentou 50 vezes mais, por conviver e saber que os políticos não se preocupam com o povo.

Aqui dentro desta Casa, quem está preocupado com os policiais? Com cidadãos de bem? Com os jovens que estão morrendo nas mãos de bandidos por conta de um aparelho celular? Uma mãe de família que morre na mão de um criminoso porque não conseguiu tirar a aliança da mão? Morre por conta de uma corrente no pescoço. E nós temos que ouvir aqui, discursos dos partidos de esquerda defendendo bandido.

Nesse último sábado, nós tivemos que levar nossas condolências e apertar as mãos de um policial que enterrou o segundo filho nesse último sábado, o segundo. O primeiro filho era o Kennedy Cosmo, policial militar. O Kennedy é o soldado da esquerda, morto por criminosos em 2018.

E sábado agora, o policial Antônio Marcos Cosmo enterrou o seu segundo filho policial, que servia na Rota, morto com 35 anos de idade - deixou esposa e duas filhas gêmeas, de um ano e um mês - na mão de criminosos, de bandidos que subjugam a população.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Lucas Bove.

 

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Eu falei ao secretário de Segurança Pública, no sábado, ao coronel Cássio: a Operação Escudo tem que vir com suporte do Judiciário, com mandato de busca coletivo, pois nós estamos recebendo denúncias de famílias que são ameaçadas pelo crime, para que guardem drogas, para que guardem, em suas residências, armas e escondam bandidos, traficantes, procurados pela Justiça.

Ou seja, o nosso povo está na mão dos criminosos. E o que está sendo feito em Brasília? O que o Congresso Nacional faz sentado em cima de leis? Que endureça as penas, aumente as penas de roubo, de receptação, que acabe com o privilégio de bandidos dentro da cadeia, acabe com saída temporária.

E saiam nas ruas e conversem com as pessoas, se o que eu falo aqui da tribuna da Assembleia Legislativa não representa o sentimento do povo Brasileiro, do povo no estado de São Paulo. Se algum deputado falar o contrário, os senhores me desculpem, mas estão conversando não sei com quem no nosso estado. Talvez esteja indo conversar com familiares de presos na fila das cadeias, porque esses, sim, não gostam de Polícia.

Ou é bandido, ou família de bandido, porque o restante, idolatra os policiais e sabe que nossos policiais são heróis que estão derramando o seu sangue em nome da defesa do nosso povo.

Só que essa situação precisa de um basta, seja aqui em nosso estado, seja em todo território nacional.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - LUCAS BOVE - PL - Obrigado, deputado Major Mecca. Parabéns pelas firmes e necessárias palavras. Chama agora pela lista suplementar o deputado Reis. Vossa Excelência tem o tempo regimental.

 

O SR. REIS - PT – Quero cumprimentar o presidente, deputado Lucas Bove, o deputado Carlos Giannazi, o deputado Suplicy, o deputado Major Mecca, os funcionários desta Casa, o público presente, os policiais militares, os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Penal e todos aqueles que nos acompanham pela Rede Alesp. Presidente, eu quero dizer que a polícia... às vezes a gente começa a cobrar um, cobrar outro, mas a polícia de São Paulo está desmontada.

Faltam 20 mil policiais militares, faltam 17 mil policiais civis. Eu tenho cansado de vir aqui à tribuna para falar e denunciar isso. E o governador falava que era um problema do governo anterior, mas nós já estamos indo para o segundo ano da gestão. Não houve um policial civil contratado, não houve uma posse de policiais civis durante esse período. Em que pese que nós tínhamos concursos que foram feitos no ano anterior, em 2022, e que havia policiais aprovados, eles não foram contratados.

Então, essa questão de Segurança Pública, envolve uma série de questões, uma série de problemas. Eu acabei de receber uma reclamação aqui, de uma rua lá no Portal do Morumbi, que teve seis roubos em um único dia. E ela está próxima, inclusive, de uma base da Polícia Militar. Seis roubos em um único dia.

Agora, a base física não sai dali para prender ninguém. O policial, muitas vezes, tem de ficar lá na base para atender o povo. Então, não existem rondas.

Agem o crime organizado e o desorganizado. Fala-se muito do crime organizado, mas o que mais opera é o crime desorganizado. Para combatê-los, é preciso haver prevenção. É preciso haver inteligência.

Sobre essa história de mortes, ocorrência de mortes de policiais, desde quando eu entrei na PM, em 1988, vários colegas meus tiveram suas vidas ceifadas. Vários e continua acontecendo. E entra o governo, sai o governo, entra o governo, sai o governo, e as coisas não acontecem. Não há investimento.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Major Mecca.

 

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A Polícia Militar sofre muito no dia a dia. Quem trabalha na rua, e o deputado Major Mecca sabe disso, quem trabalha sabe o que está passando. Quem está lá numa delegacia para atender o povo - e eu estive lá na Delegacia do Lajeado na semana passada – há um investigador para atender todo mundo. Não tem escrivão, não tem delegado, não tem funcionários para trabalhar.

Então, se eu não tenho funcionários, obviamente que o crime vai avançar. Se eu não tenho prevenção, se não tenho aquela câmera que fica filmando ali...  Aliás, falam muito do Detecta... Mas, eles não descem para prender ninguém. Quem prende as pessoas são os seres humanos. Quem faz a inteligência são os policiais.

Então, o governo tem que se ater a isso. Ele tem que se ater à necessidade de investimento em inteligência, de contratação de policiais, de ter mais rondas efetivas, e a atacar o crime, de forma que não deixe que ele prospere e fazer apreensão de armamentos.

Se o criminoso está atirando é porque ele tem arma na mão. Tem que ter inteligência, investimento em inteligência. E tem que ter ronda, tem que ter policial na rua.

Hoje nós não temos policiais na rua. Os que há estão trabalhando por dez. Quem está na rua hoje, quem faz ronda sabe disso. Ele trabalha por si e por aqueles que deviam estar lá, mas não existem. Quem está numa delegacia trabalha por si e por aqueles que deviam estar lá, mas não estão.

Então o governo precisa apressar os processos de contratação de policiais. Não dá para ficar com a polícia sucateada da forma como ela está e ficar culpando os governos anteriores. Tem que tomar atitude, providências, e melhorar o salário dos policiais. O policial dá a vida por três mil e 500 reais, deputado Bove, ele dá a sua vida por conta de três mil, quatro mil reais. É um absurdo!

E corre risco pedindo carona na rua, porque o governo revogou uma portaria que dava direito à gratuidade. Assim, os policiais não têm mais direito à gratuidade. Houve um acordo com as empresas - e o deputado Major Mecca sabe disso - para que, cada ônibus intermunicipal, que vai de uma cidade para outra, transporte apenas dois policiais por viagem. Mas às vezes tem oito ou dez ali esperando.

Eu, inclusive, conversei naquele dia que a V. Exa. estava aqui, que o secretário da Casa Civil estava na Casa. Nós precisamos resolver essa questão para que os policiais tenham o direito de se locomover da sua casa para o trabalho e do trabalho para a sua casa. Ou, então, o governo melhorar a proximidade do trabalho do policial da sua residência, porque hoje está muito difícil para eles.

Eles ficam nos pedágios pedindo carona. Com isso, estão correndo risco. E nós temos que cuidar da segurança dos policiais. E começa com as atitudes do governo atual. Não adianta ficamos culpando, culpando. O governo tem que tomar providências.

Muito obrigado!

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Muito obrigado, deputado Reis. Dando sequência à lista dos oradores inscritos no Pequeno Expediente, deputado Lucas Bove. Tem V. Exa. cinco minutos regimentais para o uso da tribuna.

 

O SR. LUCAS BOVE - PL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos. Presidente Major Mecca, assessores, policiais civis e militares, imprensa, todos que nos acompanham pela TV Alesp e pelas mídias sociais.

É um novo ano e velhos problemas, não é, comandante Mecca? Nós continuamos tendo de subir a esta tribuna, para lamentar a morte de mais um policial militar que tombou em serviço.

Eu acho curiosas algumas falas que a gente ouve aqui no plenário, no sentido de culpar governos anteriores e tudo mais. Na verdade, não há aqui nenhum objetivo de culpar governos anteriores, porque isso não resolve nada. Mas é necessário que se explique o que aconteceu.

O próprio deputado que me antecedeu à tribuna, um deputado do PT, disse, muito bem dito, que há mais de 20 mil cargos em defasagem na Polícia Militar e quase isso na Polícia Civil.

Mas isso não aconteceu do dia para a noite. Isso é resultado de décadas de governos de esquerda que comandaram o Estado de São Paulo e que, até então, grande parte da população não sabia que tais governos se comportavam como governos de esquerda.

Votavam em pessoas como Geraldo Alckmin, que foi um dos grandes, se não o grande responsável pelo desmonte das forças de Segurança Pública do estado de São Paulo e que hoje volta à cena do crime com o “descondensado”, o ex-presidente e hoje reconduzido, Lula.

Mas eu não quero aqui trazer o assunto para a pauta direita e esquerda, porque o assunto é muito triste, deputado Reis. Eu estive, no sábado, junto ao Major Mecca, ao deputado Capitão Telhada, Gil Diniz, deputado Tomé, governador Tarcísio, secretário Derrite, presidente Bolsonaro... Estivemos todos no Cemitério do Araçá enterrando mais um colega, servidor público, que - como o senhor bem disse - deu a sua vida por muito pouco.

Mas, deputado Reis, na verdade, estes homens e mulheres que compõem as fileiras, as tropas das polícias paulistas, não estão lá por dinheiro. Eu tenho dois militares reformados trabalhando comigo hoje no meu gabinete. Eu digo a você, sem medo de errar, que são dois dos melhores funcionários que eu tenho hoje.

E um deles me disse uma vez: “Comandante, a gente entra na polícia sabendo que a gente não vai ganhar dinheiro no presente e não vai ganhar dinheiro no futuro.” Eles já têm isso, infelizmente. Eles já têm isso dentro deles e, ainda assim, eles ingressam na corporação. Porque isso é uma coisa de vocação.

Agora, quando você chega a um velório e é obrigado a cumprimentar o pai do policial que está dentro do caixão... Aliás, o segundo filho daquele pai. Há menos de cinco anos, aquele mesmo pai estava naquela mesma situação enterrando também um outro filho que ele perdeu para o crime.

E quando um policial toma um tiro, quando um policial toma um tapa na cara, quando o policial é desrespeitado pela bandidagem, é o próprio estado de São Paulo que está sendo desrespeitado pela bandidagem. É a própria população de São Paulo que está sendo desrespeitada pela bandidagem.

E veja que triste, dois policiais da rota tombaram desde o início desse governo. Dois. Algo que, salvo engano, nunca tinha ocorrido antes, dois policiais da rota, em menos de um ano, tombarem no cumprimento de seu dever. E os dois estavam com a câmera corporal. Veja que engraçado.

Os dois estavam com a câmera corporal. Então, dizer que a câmera corporal está ali para proteger o policial, para proteger o cidadão de bem, é uma grande mentira. Eu nunca fui da Segurança Pública. Eu nunca tive a honra de vestir essa farda cinza que esses homens vestem.

Eu nunca tive a honra de fazer o bem para a população que pessoas como o nosso deputado Conte Lopes, que está aqui, e foi sempre um bravo defensor do estado de São Paulo, e Major Mecca, fizeram.

Mas não precisa estar lá para entender que aquela câmera inibe a ação do policial. Hesita, faz com que o policial hesite, ainda que inconscientemente, na hora de prosseguir, porque só sendo realmente muito utópico ou muito romântico para achar que o policial, no cumprimento do seu dever, no meio ali da trincheira, em uma área de guerra, ele tem condição de fazer um carinho no vagabundo. Ou que o vagabundo vai respeitá-lo um pouco mais porque estava com a câmera.

O meliante foi identificado com a câmera. E daí? O que isso muda? Conte, não tinha antigamente câmera. Vocês deixaram de caçar algum vagabundo porque a câmera não reconheceu? Nunca. A Polícia Militar do Estado de São Paulo cumpre o seu dever há décadas e nunca precisou de câmera para nada.

Existem certas tecnologias que vêm para o bem. Outras, nem tanto. Você quer colocar a câmera na viatura? Quer colocar a câmera na Polícia Rodoviária, que percorre longos trajetos aí, muitas vezes sozinho, o policial? Vamos discutir.

Agora, nos batalhões especiais, nas operações especiais, onde tem incursão dentro de favela... Vocês devem ter assistido ao vídeo - quem não assistiu, assista, porque é muito triste. Então, a política precisa mudar de fato aqui no estado de São Paulo.

Nós já vimos ao longo desse primeiro ano que, apesar de muitos avanços, eu aqui faço coro às palavras do Mecca e elogio as ações do secretário Derrite e do governador Tarcísio, mas não está funcionando.

Está morrendo polícia na rua como nunca morreu. O vagabundo está à vontade hoje em dia, meu Deus do céu. Não está funcionando. Nós precisamos fazer a lição de casa aqui no estado de São Paulo. O Poder Legislativo tem obrigação de cobrar o Executivo e de também se reunir com o Judiciário.

O Major Mecca já está trabalhando nesse sentido aqui para que o Tribunal de Justiça nos ajude, para que tenham aí os mandados de busca coletiva, como o Major falou, expedidos, para que a polícia possa, de fato, fazer uma investigação.

Porque se ela entrar na favela, mas não puder entrar na casa dos bandidos, vai acontecer o que a gente já viu: é cidadão de bem sendo coagido a esconder arma dentro de casa, a esconder droga dentro de casa, a esconder até jornalista da Globo dentro de casa. Então, aqui a banana está comendo o macaco mesmo.

E lá em Brasília, deputado Reis - o senhor que é um especialista em Segurança Pública, que fala tanto e tão bem aqui de Segurança Pública - lá em Brasília, o sangue está nas mãos daqueles que fazem as leis ou que deixam de fazer as leis.

Porque não adianta a gente contratar 20, 30, 40, 50 mil policiais militares aqui, modernizar a frota, modernizar o armamento, colocar câmera, trazer tecnologia, se o policial prende e a Justiça solta. Tem vagabundo que já foi preso mais de dez, 20, 30 vezes. O sistema falhou. O Estado faliu. E os policiais continuam morrendo.

Para quem acha que não há pena de morte no Brasil, eu sugiro, e fica aqui o convite, porque infelizmente, infelizmente, muito em breve, nós teremos o enterro de mais um policial. Certamente. Porque nós falhamos.

E eu deixo, desde já, o convite aos deputados de esquerda, que defendem direitos humanos, que defendem uma política de ressocialização mais branda, que defendem que vagabundo tem que ter uma chance, que defendem que a câmera é boa, que o trabalho está sendo bem feito e que os bandidos são vítimas da sociedade, deputado Reis.

Eu convido os senhores a irem ao próximo enterro conosco e dizerem para a mãe, para o pai, para a avó, para a esposa daquele soldado, que tem duas filhas gêmeas de um ano, que estava ali enterrando o seu marido, desfalecendo-se. Eu sugiro que vocês digam a elas, a essas pessoas, que o trabalho está sendo bem feito, que nós precisamos ter um olhar mais solidário para o bandido.

Vidas policiais importam. A esquerda, enquanto não entender isso, nós continuaremos tendo homens e mulheres de farda, infelizmente, tombando em serviço.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Obrigado, deputado Lucas Bove. Na sequência dos oradores inscritos, deputado Conte Lopes. Só para fazer uma observação, deputado Lucas, no ano passado foram 31 policiais militares mortos pelo crime.

No mês de janeiro agora, o soldado Wesley Cosmo foi o terceiro. Três policiais militares mortos por criminosos agora, em janeiro de 2024. Deputado Conte Lopes, o senhor, que está na tribuna, tem a palavra.

 

O SR. CONTE LOPES - PL - Sr. Presidente, quando acabar o debate entre o deputado Reis e o nobre deputado Lucas Bove a gente vai falar. Realmente, o rabo está correndo atrás do cachorro, e não é de agora, não.

Quando assumiu o Doria, que o secretário era o general Campos, eu cobrei do general Campos, na primeira vez que ele veio aqui, Major Mecca, V. Exa. lembra, a morte de um cabo da Rota lá na Baixada, o cabo Fernando. De folga, saindo de casa, foi morto por bandidos. Depois começaram a matar policiais aposentados lá na Baixada, onde o crime dominou. É um terror.

Eu vi, muita gente foi ao enterro. Eu não fui ao enterro, porque eu estava lá no Guarujá. Estava lá na praia sentado, vendo algumas viaturas passarem, porque a viatura passa e não sabe quem é quem, está todo mundo de calção lá, até eu - está todo mundo de calção lá -, e o soldado do bombeiro falando comigo que está com medo, porque ele mora ali e os bandidos o enfrentam, o ameaçam e a polícia, também, não pode fazer nada.

Então, desde aquela época nós já estamos vivendo essa situação de crescimento do crime organizado em São Paulo e na Baixada Santista. Eles tomaram conta. Tem uma declaração do presidente Lula aí falando: “Nós temos que tratar os crimes com humanidade, os crimes menores, agora o crime pesado, esses grandes bandidos nós... Eu nem sei o que eu vou falar”.

Nem ele sabe o que vai fazer, porque ninguém sabe também. O crime tomou conta e mata qualquer um. Agora, eu não posso ir mais para a praia, presidente Major Mecca? Então, não posso ir mais. Você não pode ir para a praia. Ninguém pode sair de casa.

Talvez, até a hora que começar a matar deputado, governador, secretário, vai levantar a orelha de muita gente. Só mata soldado, por enquanto. Então, por enquanto, vamos lá, vamos deixar correr.

Realmente, alguma coisa está errada. Se nós estamos perdendo a guerra, está tudo errado. Estão erradas as leis, errada a polícia - a polícia que não pode trabalhar -, as câmeras. Honestamente falando, quem tem coragem de tirar essas câmeras hoje? A imprensa toda falando, até o Supremo está falando em pôr câmera.

A câmera, realmente, inibe o policial. Por quê? Porque o policial, nobre deputado Carlos Giannazi, não foi... Aprendeu a usar câmera. Ele não entrou na polícia usando câmera. Ele não sabe o que é isso aí.

Por exemplo, eu trabalhei na polícia e não havia nem colete à prova de balas. Na Rota, era um 38. A gente usava um... E não tinha um bandido que crescia aqui não. Não tinha bandido que fazia nome não.

Agora, aqui entre nós, é bom nem falar essas coisas, mas com vagabundo, eles agem com sacanagem, então, tem que agir com sacanagem com eles também.

Então essa é a grande verdade: se não souber jogar o jogo do bandido, você vai perder sempre. Se tiver tudo na mão dele, ele decide, mata mulher, como ele mata policiais femininas, mata policial em casa, fardado, mata quem quiser. Então eles agem dessa maneira.

De que forma vai se agir, eu não sei. Aí é quem comanda. Eu não comando nada. As vezes que eu comandei, eu fiz. No meu turno de serviço, nunca morreu um policial, civil ou militar, que o bandido não veio preso. Se veio em pé ou deitado, era problema dele. Mas, que ele vinha, ele vinha.

Vizinhos meus, na Vila Galvão, morreram 12, em tiroteio comigo. E eu morei na mesma casa. Todo dia, ligavam para o Copom, que eu ia morrer naquela noite, e estou aqui até hoje. Mas também nunca dei colher de chá para eles. Então, o que eu acho? Alguma coisa tem que se fazer.

Não pode, o presidente da República, falar que não sabe o que fazer. E não sabe mesmo, porque vai fazer o quê? Os caras têm fuzil, têm metralhadora, têm avião, têm helicóptero, têm carro, têm o que eles quiserem. Eles entram em cana, os maiores bandidos do mundo, os traficantes, e são liberados pelo Supremo Tribunal Federal.

Num sábado à tarde, o cara é o maior bandido, o cara que a Polícia Civil ficou um ano, cinco ou 10 anos para prender o cara, ele foi numa audiência, entraram com habeas corpus. O ministro liberou o cara, um dos maiores bandidos, que é aquele André do Rap. É um dos maiores bandidos procurados pela polícia. No mesmo sábado, o advogado entra onde está o ministro do Supremo, de plantão, e o ministro libera o cara.

“Ah, mas era o maior bandido do mundo.” Aí ele escreve embaixo: “Prenda-se.” Quer dizer, a polícia ficou 10 anos para pegar o André do Rap, o ministro do Supremo solta numa penada, e depois manda pegar. Pegar aonde, no mundo? Tem que andar pelo mundo atrás dele. O crime não está mais aqui não. Como o próprio Lula está falando, “está aqui não”. Está onde? Está em todo lado.

Então olha, honestamente falando, eu não vejo luz no fundo do túnel, não. Está aqui o Centro de São Paulo, o terror. Cracolândia, atacam mulheres na rua. Eles nem arma usam mais. Enchem mulheres de porrada, jogam no chão, roubam o que têm, arrastando as mulheres e pessoas idosas, homens. Nem armas os bandidos usam mais.

Então eu acho que alguma coisa tem que se fazer. Que nós estamos perdendo a guerra, aí eu estou com o Lucas Bove mesmo. Estamos perdendo a guerra, alguma coisa tem que ser feita. Porque, achar que está tudo bonito e, na estatística, uma maravilha. A estatística é aquilo lá: eu como um frango sozinho, nós estamos em quatro, cada um comeu um quarto do frango.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Obrigado, deputado Conte Lopes. Na sequência dos oradores inscritos, deputado Carlos Giannazi. Vossa Excelência tem cinco minutos regimentais. 

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Mecca, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, de volta à tribuna no dia de hoje.

Sr. Presidente, eu quero fazer uma gravíssima denúncia contra os dois governos: o governo estadual e o governo municipal. Me refiro ao prefeito Ricardo Nunes. Colocaram em curso, na cidade de São Paulo, uma municipalização da Educação de escolas estaduais, ao arrepio da lei.

Sem portaria, sem decreto, sem lei aprovada na Câmara Municipal, sem previsão orçamentária, no Orçamento da prefeitura, sem consulta à comunidade escolar, afrontando o princípio constitucional da gestão democrática da escola pública. Está lá na Constituição Federal, na LDB, em toda a legislação, na nossa Constituição Estadual, na Lei Orgânica municipal.

Nós sabemos que, por detrás dessa municipalização clandestina, envergonhada, escondida, e ao arrepio da lei, deve ter um verdadeiro acordo eleitoreiro, porque o governador Tarcísio já anunciou que pretende reduzir o orçamento da Educação.

Ele até encaminhou uma PEC, uma Proposta de Emenda à Constituição Estadual, que está tramitando aqui na Alesp, e nós não deixamos aprovar a PEC nº 9 para reduzir o orçamento de 30% para 25%. Todos estão acompanhando esse debate. Então, ele pretende reduzir o orçamento da Educação.

Então, ele já começa a se livrar das escolas estaduais. Nós tivemos acesso a documentos das duas secretarias da Educação dando conta de que, inicialmente, ele pretende municipalizar 50 escolas na Capital. Ou seja, ele vai entregar, vai se livrar de 50 escolas da rede estadual e entregar para a prefeitura de São Paulo sem decreto, sem portaria, sem resolução, sem nada. E esse processo já começou, repito, ao arrepio da lei.

Na sexta-feira eu estive na Escola Estadual Prof.ª Clarina Amaral Gurgel, na região do Grajaú, no Jardim Eliana, que pertence à diretoria Sul 3, Diretoria de Ensino Sul 3, Sr. Presidente.

Olha só, a escola é Escola Estadual Prof.ª Clarina Amaral Gurgel, uma escola estadual e, na sexta-feira, foi colocada uma placa do outro lado da escola - que eu vou mostrar agora aqui - com o nome, já, da escola municipalizada. De um lado a escola é estadual, do outro lado a escola é municipal. Olha, ali é EMEF.

Então, a escola estadual virou uma escola municipal de ensino fundamental, Prof.ª Clarina Amaral Gurgel, prefeitura de São Paulo. Isso está sendo feito, Sr. Presidente, de uma forma escondida, envergonhada e clandestina. Os professores não estão sabendo de nada, a direção da escola, os pais não estão sabendo.

Do nada, a escola foi municipalizada. Ainda aqui: “Informamos que nos dias 30 e 31 não haverá atendimento presencial na escola”, porque eles estão fazendo esse processo, repito, ao arrepio da lei.

Eu já ingressei com uma representação do Ministério Público, juntamente com o nosso coletivo da Educação, que é formado pela deputada federal Luciene Cavalcante, pelo vereador Celso Giannazi, da Câmara Municipal, onde nós acionamos também, além do Ministério Público, o Tribunal de Contas de São Paulo, da Prefeitura, que tem que tomar providências, Sr. Presidente.

Isso é um acinte, é uma violação à legislação essa municipalização, que vai prejudicar os professores e funcionários da rede estadual, vai criar mais desemprego ainda na rede estadual, e vai penalizar também a rede municipal, Sr. Presidente, que não dá conta de atender corretamente a Educação Infantil, que tem salas superlotadas, que tem salários arroxados para os seus servidores da Educação.

É uma rede que não está preparada, que não tem condições de atender ainda corretamente, por falta de investimento, tanto a Educação Infantil quanto o próprio Ensino Fundamental.

Então, todos sabem que o governador Tarcísio está anunciando apoio eleitoral ao Ricardo Nunes - é o prefeito da cidade de São Paulo. Então, logicamente, que o Ricardo Nunes, o prefeito da cidade de São Paulo, vai ajudar o governador Tarcísio a reduzir o orçamento da Educação, a partir do momento que ele recepciona essas escolas na rede municipal.

Agora, Sr. Presidente, eu espero que o Ministério Público Estadual tome providências e o Tribunal de Contas, porque os alunos também estão sendo prejudicados.

As aulas da rede municipal de ensino têm início no dia de hoje, exatamente hoje, mas nessas escolas que estão municipalizadas nós tivemos informações de que as aulas só vão começar no dia 15. Mas por que se as escolas, então, são municipais?

São muitas contradições, os alunos estão tendo prejuízos, a comunidade não foi consultada. É uma agressão à lei, Sr. Presidente, é uma vergonha isso que está acontecendo na cidade de São Paulo. Por interesse eleitoreiro, os dois governos estão colocando em curso uma municipalização ao arrepio da lei, com a palavra o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Município de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Encerro, neste momento, o Pequeno Expediente.

 

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- Passa-se ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

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O SR. PRESIDENTE - MAJOR MECCA - PL - Inicio o Grande Expediente com a lista dos oradores inscritos, deputado Mauro Bragato. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.)  Deputado Reis. Tem V. Exa. dez minutos regimentais para o uso da tribuna.

 

O SR. REIS - PT - Presidente Major Mecca, deputado Major Mecca, deputado Conte Lopes, deputado Suplicy, deputado Carlos Giannazi. Bom, primeiro eu quero dar boas-vindas, pois é o primeiro dia que eu estou falando na tribuna, e na primeira vez que falei, não pude dar as boas-vindas.

Então, eu quero desejar boas-vindas a todos os colegas, os deputados, as deputadas. Esperar que seja um ano promissor, um ano que esta Casa possa realmente produzir, porque aqui se fala muito, mas esta Casa produz pouco. Ela produz muito pouco.

Há uma série de projetos de lei dos deputados e das deputadas, que inclusive podem ajudar muito os policiais, os policiais civis, os policiais militares. Podem melhorar bastante a Segurança Pública.

Muitas vezes fazemos uso da tribuna. Falamos, falamos, falamos, falamos, mas esta Casa é improdutiva. Não é? Vossas Excelências sabem disso. Aprovar um projeto durante 12 meses é muito pouco. Vou dizer assim. Eu acho que a nossa ação, tem que estar também ligada aos resultados, à produção.

Então, boas-vindas a todos. Vamos esperar que este ano seja um ano de resultados. Que, pelo menos, possamos aprovar um projeto a cada três meses. Um projeto a cada dez meses ou doze meses é muito pouco para querermos dar um bom exemplo para a população aí fora.

Para dizermos que estamos trabalhando, que estamos buscando soluções para as questões que afligem a sociedade, principalmente, as questões da Segurança Pública, da Educação e da Saúde.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Conte Lopes.

 

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  E esperarmos que o vetador-geral do estado não vete os nossos projetos. Porque a gente vem aqui, tem o maior trabalho para aprovar. Não é isso, deputado Major Mecca? Passa pelas comissões naquele debate todo, vai a voto, chega nas mãos do governador e ele veta. Em muitos casos, não há base para os projetos serem vetados.

Muitos projetos foram vetados sem base. Porque a base seria ser inconstitucional ou contrariar o interesse público. Não se pode vetar por vetar. “Ah, vou vetar porque eu não gosto do deputado Giannazi, pois ele é de esquerda”. A direita tem ojeriza à esquerda. Aliás, já se disse que a esquerda é inimiga. Aí veta-se porque é da esquerda: “É do PSOL, é do PT! Nós vamos vetar”.

Não pode acontecer isso e esta Casa também não pode se curvar ao governo. Esta Casa tem que ter sua autonomia. Assim, nós esperamos que o presidente André do Prado, que conduz os trabalhos desta Casa, possa realmente garantir essa autonomia e garantir que os projetos das Sras. Deputadas e dos Srs. Deputados possam prosperar, possam ganhar vida, e não morrer no seu nascedouro.

Depois essa questão: o deputado Bove vem aqui e chama o Lula de descondenado. Descondenado quer dizer inocentado. Lá no dicionário está dizendo que é inocentado. Então, como a argumentação dele é fraca, ele ataca o presidente Lula, ataca a esquerda, e vem falar da câmera dos policiais.

O governador dele disse que ia tirar as câmeras. Por que ele não tira? Vai lá e tira. O governador não é do partido dele? Tem que ter coragem para fazer as coisas. Não adianta falar. Se realmente é o bom, é o “bambambã”, vai lá e tira. Porque não adianta vir aqui atacar as câmeras, sendo que é o partido do governo que está mantendo.

É o partido do Sr. Tarcísio, o Tarcinóquio, o Thorcísio. Ele que está mantendo as câmeras. Vai lá e tira. É o governo dele que está mantendo. É contraditório o discurso que é feito aqui por ele. É contraditório.

O discurso do deputado Conte Lopes, desde quando eu era criança, que ele fala a mesma coisa. Desde quando eu tinha lá meus 16, 17 anos, que eu ficava ouvindo o seu programa, deputado Conte Lopes. Você fala isso há 40 anos. Há 40 anos. Ou seja, o sistema de Segurança está falido há 40 anos, porque há 40 anos V. Exa. tecia os mesmos comentários que tece na data de hoje.

Então, nós temos que entender que há problemas na Segurança, há problemas dos governos e não adianta vir aqui: “O policial trabalha porque ele é um sacerdote. Não, ele não precisa ganhar salário. Ele não precisa ser valorizado”.

Que discurso é esse? Como não precisa ser valorizado? “É por vocação”. Então é por vocação e não precisa pagar escola, não precisa pagar a escola do filho, o aluguel, a farmácia, o mercado? Não é assim! Primeiro, todo esse combate à violência passa pela valorização do policial. O policial tem que ser valorizado.

Ele tem que ser vocacionado e deve-se dar valor a essa vocação. Então, ele tem que ganhar bem. Ele tem que ter um bom salário, deputado Conte Lopes. Depois ele tem que ter pessoas para trabalhar junto com ele. Não dá para ele trabalhar sozinho. Eu me lembro muito bem que numa época, eu não sei, acho que foi do governador Fleury, não tinha policiais. Aí eles criaram a solitária. O senhor lembra da solitária? O que era a solitária?

 O policial trabalhava sozinho na viatura. Isso é temerário, porque o nosso protocolo diz que, no mínimo, você tem que estar em dois. Então, como não tinha policiais para dirigir a viatura, para fazer o patrulhamento, criou-se o policiamento solitário.

Muito em breve nós vamos para essa lógica. “Você trabalha?” “Não, eu estou no sistema solitário”, ou seja, sozinho. E a Rota está fazendo o papel da rádio patrulha, porque como faltam policiais, como não tem policiais de área, como não tem ronda, que antigamente fazia-se com o Fusquinha, que o povo chamava de baratinha. Não era isso? A baratinha circulava o bairro todo, fazia prevenção.

Hoje não tem nada disso. Hoje a polícia chega depois que acontece o crime, depois que acontece o delito, por falta de pessoas, de profissionais. Não tem gente para trabalhar. Assim como faltam professores, faltam médicos também...

Talvez o Tarcísio vá resolver isso no último ano de governo dele, porque é comum na lógica governamental deixar para fazer as coisas no último ano por conta da reeleição. Enquanto isso os policiais estão morrendo.

Não só os policiais, mas o cidadão de bem também está morrendo porque se fala muito do policial, mas não se fala do cidadão de bem. O cidadão também está morrendo e os policiais estão morrendo. Há falha na gestão de Segurança Pública, há falha governamental.

O governo se emociona, mas falta capacidade, falta competência governamental para dar resposta para a sociedade, lamentavelmente. Falta capacidade, falta competência, falta conhecer o estado, porque o governador não conhece São Paulo; ele veio do Rio de Janeiro. A turma até o chama de forasteiro, porque ele não conhece São Paulo.

Para terminar minha fala, presidente deputado Conte Lopes, eu preciso falar um pouco sobre a Papiloscopia. Vale mencionar o caso criminal mais famoso e precursor do método da Papiloscopia.

Foi o chamado Will e William West. “Dois homens, sem qualquer relação de parentesco, foram presos na Penitenciária Leavenworth, no Kansas. Eles se chamavam William West e Will West. Will chegou à prisão um tempo depois que William havia sido solto e a sua semelhança, além do mesmo nome, fez com que os guardas acreditassem que se tratava da mesma pessoa.

Um dos guardas mostrou a ficha criminal com a foto de William a Will, o qual disse que jamais havia sido preso anteriormente. Ainda, ambos possuíam as mesmas medidas do método Bertillon, que é uma técnica policial antiga, em que se mensurava os ossos e as partes do corpo do investigado para identificá-lo com precisão.

Apenas um tempo depois, foi possível concluir que Will e William não eram a mesma pessoa, sequer parentes e nem se conheciam. Para isso, foi necessária uma investigação muito detalhada utilizando-se da Papiloscopia.

Graças a essa situação, as impressões digitais começaram a ser usadas como forma de identificação no meio policial. Prova disso é que a técnica foi oficialmente inserida nos Estados Unidos no ano seguinte ao ocorrido, com base no método utilizado pela polícia inglesa”.

Eu estou falando isso, deputado Conte Lopes, porque hoje, cinco de fevereiro, é o dia do papiloscopista. É o Dia Nacional do Papiloscopista. Então, eu quero aqui parabenizar todos os papiloscopistas, que são especializados na identificação de pessoas. Eles identificam autores de crimes, vítimas e cadáveres ao revelarem impressões digitais em superfícies e objetos.

Eles também realizam identificação por meio da face e contribuem para a cidadania, ao colher as digitais para emissão das carteiras de identidade. Essa função, como outras de profissionais da Segurança, é muito importante para a sociedade, porque o seu trabalho subsidia as conclusões e até mesmo o rumo das investigações.

Então, hoje os papiloscopistas lutam para serem equiparados aos peritos criminais, até porque eles surgiram antes dos peritos criminais, mas recebem um salário de nível médio, enquanto os peritos criminais recebem um salário de nível superior.

Essa luta deles é uma luta que nós e que os deputados desta Casa, que falam tanto em ajudar a polícia, poderiam sentar juntos com o presidente desta Casa e apresentar uma proposta.

Inclusive, eu trouxe todos eles aqui para falar com o presidente André do Prado e apresentar uma proposta e dando respostas para as categorias policiais. Questão do salário dos investigadores de polícia, também nível médio, quando deveria ser de nível superior. Então, tem uma série de problemas. Os funcionários, os oficiais administrativos que perderam a insalubridade no grau máximo, por exemplo.

Uma série de questões que esta Casa pode resolver. Ela tem que ter vontade política, porque a gente faz o discurso, a gente cobra, mas se não partir para ação, não vai aparecer o resultado. E nós estamos sendo cobrados, presidente Conte Lopes. No dia a dia, nós somos cobrados, nós recebemos e-mails cobrando.

Então essa é a mensagem que eu deixo aqui de agradecimento a todos os papiloscopistas, parabenizando-os por esta data. E esperar que muito em breve o governo possa dar uma resposta mais efetiva para as demandas dos papiloscopistas, para as demandas dos policiais civis, para as demandas dos policiais militares, para as demandas dos policiais técnico-científicos, para as demandas dos policiais penais.

 Que esta Casa possa, pelo papel que ela tem, trabalhar para que esses resultados aconteçam. Então, parabéns a todos os papiloscopistas pelo seu dia nacional.

Muito obrigado, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Agradecemos ao nobre deputado Reis. Seguimos com a lista dos deputados inscritos no Grande Expediente. Deputado Dr. Elton. (Pausa.) Nobre deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Nobre deputado Donato. (Pausa.) Nobre deputado Tomé Abduch. (Pausa.) Nobre deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Nobre deputado Carlos Giannazi.

Vossa Excelência tem o prazo regimental de dez minutos.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Conte Lopes, Srs. Deputados, Suplicy, deputado Reis, telespectador da TV Assembleia, de volta à tribuna mais uma vez no dia de hoje, agora no Grande Expediente, Sr. Presidente.

Eu gostaria de dizer que nós estamos vivendo um verdadeiro caos na área da Educação, como eu já disse nos meus pronunciamentos anteriores. As injustiças, os erros, as irregularidades no processo de atribuição de aulas. Enfim, a demissão em massa de professores, Sr. Presidente.

A situação de caos é generalizada hoje na rede estadual, mas agora também, Sr. Presidente, com o início das aulas que serão feitas exatamente no dia 15 de fevereiro. As escolas não estão recebendo mais os recursos para fazer as reformas e as adequações para recepcionar os nossos alunos e os nossos professores.

Aquele procedimento que existia que a escola tinha autonomia para fazer os investimentos, que ela recebia um determinado recurso para fazer, ela, as obras, não existe mais.

As escolas não estão recebendo e a gestão escolar não está conseguindo preparar, Sr. Presidente, a escola para a volta às aulas porque o programa foi interrompido. Ou seja, esse governo está centralizando os recursos novamente na FDE.

Foi muito difícil, muita luta, muita pressão para descentralizar pelo menos uma pequena parte, mas, no entanto, houve um retrocesso com a gestão do Renato Feder, e me parece que o dinheiro volta para a FDE, que quer controlar todas as obras. Por que será, Sr. Presidente, que ela pretende controlar todas as obras, se a FDE não funciona corretamente, tem várias denúncias de corrupção.

Houve até aqui já a instalação de uma CPI para investigar as gravíssimas denúncias contra a FDE por corrupção, superfaturamento de construções escolares, de compra de material escolar.

A FDE sempre esteve nas páginas policiais, Sr. Presidente, com várias denúncias contra ela nessa área. E ao invés de descentralizar, dando autonomia para que as escolas possam fazer pelo menos as pequenas e médias reformas e obras, não.

Eles centralizam novamente e as escolas estão com sérias dificuldades, Sr. Presidente. Então nós queremos que o programa seja restabelecido para que as escolas tenham também autonomia financeira para realizar essas obras, pequenas e médias obras, reparos. Enfim, Sr. Presidente, esse é o cenário de volta às aulas da rede estadual de ensino.

Nós temos ainda, Sr. Presidente, além de tudo que está acontecendo, que eu já falei da atribuição, demissão em massa de professores, municipalização ao arrepio da lei que está ocorrendo, nós temos também, tivemos agora no início do ano a publicação de duas resoluções extremamente autoritárias atacando a gestão escolar, Sr. Presidente.

Uma atacando a supervisão escolar, tentando controlar o trabalho de fiscalização da supervisão escolar, que é a Resolução nº 1, Resolução Seduc nº 1, de 2024, e uma outra também autoritária, uma outra resolução, a Resolução nº 4, Seduc nº 4, de 2024.

Essas duas resoluções, Sr. Presidente, essa atacando aí a direção escolar, implantando um modelo de avaliação, Sr. Presidente, que é, na verdade, uma avaliação para controlar, para assediar, para constranger e perseguir a gestão escolar.

Uma avaliação totalmente descabida que afronta a própria legislação que versa sobre a avaliação, a avaliação que se preocupa mais com os aspectos quantitativos, dizendo que o diretor tem que... ele será avaliado de acordo com a utilização dos aplicativos dessas plataformas digitais.

Que aliás nós queremos... estamos denunciando que é uma máfia, uma máfia desses aplicativos, dessas plataformas digitais que são caríssimas, Sr. Presidente. Nós já pedimos a investigação desses valores.

E olha só... então o diretor vai ter que referendar. Ele, para ser bem avaliado e permanecer na escola, ele não vai ser julgado, não vai ser avaliado pelos professores, pelos alunos, pela comunidade escolar.

Não, pelo governo. Então, ele tem que mostrar serviço na utilização das plataformas digitais, que são compradas pela Secretaria da Educação por valores milionários. Cada plataforma dessa custa 50, 60, 70 milhões de reais. Então, eles querem instrumentalizar os diretores, Sr. Presidente.

É um absurdo esse modelo de avaliação de desempenho que não tem nada de avaliação. Ou seja, na verdade eles vão instrumentalizar essas avaliações. Essas duas resoluções vão, na verdade, obrigar supervisores e diretores a controlar ainda mais os professores. Na verdade, são duas resoluções contra todo o Magistério, não só contra a supervisão e contra a direção escolar.

Então, eu já apresentei dois PDLs, dois projetos de decreto legislativo, Sr. Presidente, para revogar, para anular tanto a Resolução nº 1 como a Resolução nº 1. Sei também que o Udemo já entrou com uma ação na Justiça - o seu presidente Chico Poli - para derrubar, para anular essa Resolução nº 4, e a Apase também acionou o Ministério Público contra a Resolução nº 1.

Então as nossas entidades estão ativas e denunciando esse fato. Nós, aqui pela Assembleia Legislativa, estamos apresentando... Eu já apresentei dois PDLs para revogar essas duas resoluções autoritárias, Sr. Presidente. Então este é o cenário hoje da rede estadual de ensino: perseguição, assédio, controle. Um absurdo.

Quero ainda, Sr. Presidente, no pouco tempo que me resta, dizer que nós estamos acompanhando em todo o Brasil, mas aqui em São Paulo também, o ressurgimento, a volta da dengue. Muitas pessoas estão contaminadas no Brasil inteiro e no estado de São Paulo também.

Eu quero dizer, Sr. Presidente, que a volta da dengue aqui em São Paulo tem a ver também com a extinção da Sucen, a Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo, que era um órgão da Secretaria Estadual de Educação, do SUS, do Sistema Único de Saúde, que foi extinta pelo governo Doria/Rodrigo Garcia e pela Assembleia Legislativa, que votou favoravelmente ao famigerado PL 529, que depois foi sancionado, virou a Lei 17.293.

Nós votamos contra, obstruímos, mas a base do governo aprovou esse projeto que extinguiu não só a Sucen - em plena pandemia, no auge da pandemia, tudo isso aconteceu em 2020 - mas também o Instituto Florestal, o Instituto Geológico, o Instituto de Botânica e extinguiu, em tese, a CDHU. Foi um projeto extremamente perverso que prejudicou toda a população do estado de São Paulo.

A Sucen, Sr. Presidente, tinha um trabalho muito importante de combate à dengue, à malária, à febre amarela, à febre maculosa, à doença de Chagas e a tantas outras doenças, mas ela foi extinta pelo ex-governador Doria. Nós estamos há muito tempo lutando para que ela seja recriada para combater a dengue. É por isso que a dengue está voltando ao estado de São Paulo.

Então nós queremos exigir que o governo Tarcísio recrie a Sucen, traga de volta a Sucen para a Secretaria da Saúde. Novecentos funcionários, entre eles pesquisadores, foram dizimados, Sr. Presidente, espalhados por aí. Era a Sucen que fazia o controle da dengue no estado de São Paulo e não há mais esse controle, porque eles dizimaram.

A Assembleia Legislativa é responsável também porque ela votou a favor da extinção da Sucen. Então ela tem que ser recriada imediatamente, juntamente com o Instituto Florestal, o Instituto de Botânica e o Instituto Geológico, que são institutos importantes também da área, sobretudo na questão do meio ambiente.

Nós temos uma degradação, vivemos uma crise climática. O ex-governo Doria, com o apoio da Assembleia Legislativa, extinguiu também esses institutos, e nós podemos recriá-los.

Esta é a nossa exigência imediata, Sr. Presidente, ao governo estadual, ao governo Tarcísio: a recriação já da Sucen para combater a dengue, a febre amarela e tantas outras doenças no estado de São Paulo - ela sempre fez isso e fez muito bem, com seus profissionais - e a recriação urgente também do Instituto Florestal, do Instituto de Botânica e do Instituto Geológico.

Por fim, Sr. Presidente, para concluir o meu pronunciamento de hoje, eu não posso deixar de registrar aqui a nossa indignação, a nossa revolta. Hoje é segunda-feira, dia 5 de fevereiro de 2024, Sr. Presidente, e até agora o governo não encaminhou o projeto de lei para a regulamentação da Polícia Penal.

Nós aprovamos em 2022 a PEC criando a Polícia Penal. Aprovamos uma proposta de emenda à Constituição com base na proposta aprovada no Congresso Nacional da Polícia Penal.

O governo fez várias promessas durante todo o ano de 2023, e até agora o projeto não veio para a Assembleia Legislativa de São Paulo, o projeto tem que ser encaminhado.

Nós temos que regulamentar a Polícia Penal, para que os servidores do sistema prisional tenham acesso ao reajuste salarial digno, como teve a Polícia Civil, a Polícia Militar, e o governo não deu o reajuste, o mesmo reajuste da Polícia Civil, da Polícia Militar aos servidores do sistema prisional, porque ele disse que não tinha a regulamentação da lei ainda.

Olha que absurdo, Sr. Presidente, mas... Então, tem que regulamentar. A Assembleia Legislativa vai votar em caráter de urgência o projeto, mas ele tem que vir do governo. É iniciativa do Executivo. O governo enganou os servidores durante um ano, enganou as entidades representativas, prometeu e não cumpriu. Então, o projeto tem que chegar aqui.

E, logicamente, nós vamos aperfeiçoar esse projeto. Nós não podemos deixar de fora vários segmentos de servidores e servidoras do sistema prisional, como os motoristas, que são, de fato, servidores, são policiais penais, Sr. Presidente, e vários outros segmentos de trabalhadores e trabalhadoras do sistema prisional.

Então, fica aqui a nossa exigência ao governador Tarcísio: que cumpra a promessa de encaminhar em caráter de extrema urgência o projeto para regularizar a Polícia Penal do Estado de São Paulo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Nós que agradecemos. Próximo orador inscrito, o nobre deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Nobre deputado Guto Zacarias. (Pausa.) Nobre deputado Vinicius Camarinha. (Pausa.)  Nobre deputado Conte Lopes, na presidência. (Pausa.) Nobre deputado Marcos Damásio. (Pausa.) Nobre deputado Teonilio Barba. (Pausa.)

Nobre deputada Ediane Maria. (Pausa.) Nobre deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Nobre deputado Major Mecca. (Pausa.) Nobre deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) O nobre deputado Simão Pedro. (Pausa.)

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Pela ordem, o nobre deputado Eduardo Suplicy. Grande senador.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Agradeço por poder falar pelo Art. 82, pela liderança do PT.

 

O SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Vossa Excelência tem o prazo regimental de cinco minutos.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - PELO ART. 82 - Senhor presidente, o advogado Júlio Canovas, do Teatro Oficina Uzyna Uzona, encaminhou à Justiça a seguinte comunicação sobre o ocorrido hoje pela manhã, às seis horas da manhã, no Teatro Oficina, quando o grupo Silvio Santos ali agiu de uma maneira que me parece inadequada.

O grupo Silvio Santos ajuizou ação, em 2014, buscando, dentre outros pleitos, a retirada da escada colocada no entorno do Teatro Oficina, cedido em comodato ao referido teatro, bem como o refazimento da parede divisória com o fechamento de uma abertura.

O desfecho se deu em 2019, favoravelmente ao grupo Silvio Santos, e desde então está sendo discutido no cumprimento da sentença, se a retirada da escada e o fechamento do espaço não estariam, porventura, violando as regras de tombamento do teatro.

 

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- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.

 

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Após análise técnica do Ministério Público e após largo tempo de discussão a respeito, o Ministério Público chegou à conclusão de que a escada poderia ser retirada, mas que o fechamento da referida abertura deveria ser precedido de autorização dos órgãos responsáveis pelo tombamento do teatro.

Tal manifestação do Ministério Público foi reiterada, em janeiro deste ano, com amparo no parecer técnico elaborado pela CAEx, enquanto a executada obtém, junto aos órgãos preservacionistas responsáveis, a aprovação da obra para refazimento da parede divisória.

Ocorre que, na terça-feira passada, 30 de janeiro, o teatro requereu a suspensão do feito por 90 dias, devido à superveniência de fatos novos fundamentais. Em dezembro de 2023, num acordo celebrado pelo Ministério Público e a Prefeitura de São Paulo, se decidiu que parte dos recursos que integram ajuste judicial feito com a Uninove seriam destinados à construção do tão desejado Parque do Rio Bixiga, exatamente na área do entorno do teatro.

Ou seja, exatamente a área onde se localiza a escada. E é importante ressaltar que o projeto de criação do Parque do Rio Bixiga foi já aprovado em primeira instância na Câmara Municipal de São Paulo.

Na última sexta-feira, dois de fevereiro, o juiz intimou o Grupo Silvio Santos para se manifestar sobre o pedido de suspensão. A resposta não poderia ser mais insólita.

Exatamente na manhã do primeiro dia útil após essa intimação, o Grupo Silvio Santos iniciou a retirada da escada, sem nenhum aviso prévio, além de promover o fechamento da referida abertura em uma das paredes do teatro.

Se é verdade que existe autorização judicial para a retirada da escada, também é verdade que o momento escolhido para esse ato, exatamente quando se aguarda a decisão do juiz sobre o pedido de suspensão do processo, causa estranheza e surpreende pela precipitação.

De outra parte, o fechamento da mencionada abertura foi feito ao arrepio de determinação judicial, pois o posicionamento do Ministério Público a esse respeito é o de que se aguarde a autorização prévia dos órgãos responsáveis pelo tombamento, o que efetivamente não ocorreu. Em outras palavras, existe a possibilidade de que tal fechamento viole as regras do referido tombamento.

Por essa razão, o Teatro Oficina pleiteará hoje ao juiz que sejam apuradas as responsabilidades do Grupo Silvio Santos pela possível violação às referidas regras. Então, esse é o comunicado de Juca Novaes, advogado da OAB, do Teatro Oficina.

Então, Sr. Presidente, eu quero aqui registrar como que os integrantes do Teatro Oficina foram surpreendidos na manhã desta segunda-feira, às seis horas da manhã, com o fechamento dos Arcos do Beco, no fundo da arena teatral.

Os funcionários que emparedaram o local são do Grupo Silvio Santos, que trava há anos uma disputa pelo terreno vizinho, mas que agora já está praticamente definido: aquela área vai ser parte do Parque do Rio Bixiga.

Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado, deputado Suplicy. Quero me associar, me filiar ao seu pronunciamento e dizer da nossa indignação.

Nós estamos acompanhando também esse fato, essa notícia, de que o Grupo Silvio Santos foi retirar uma escada de ferro e também fechou uma porta do teatro, agredindo o patrimônio histórico, material e imaterial do estado de São Paulo.

Aliás, é um patrimônio tombado pelo governo federal, estadual e municipal. Isso é um crime que tem que ser apurado. Porque já há um acordo entre o Ministério Público e a Prefeitura, em desapropriar o terreno para que ali seja instalado o Parque Bixiga.

Também já há a aprovação de um projeto, como V. Exa. disse; é um dos autores do projeto de lei na Câmara Municipal, para a instalação do Parque Bixiga. Então, isso tem que ser apurado imediatamente. É um caso policial, é um crime.

Deputado Suplicy, parabéns pela sua intervenção.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Muito obrigado. Em havendo acordo, peço o levantamento da sessão, Sr. Presidente, Carlos Giannazi.

 

O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta Presidência, cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia o Projeto de lei nº 497, de 2021, vetado. Havendo acordo de líderes, antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, a hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia de 14 de dezembro, com o aditamento ora anunciado.

Está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 34 minutos.

 

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