24 DE SETEMBRO DE 2024
130ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: EDUARDO SUPLICY, CARLOS GIANNAZI, VITÃO DO CACHORRÃO e CONTE LOPES
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h11min. Anuncia a presença dos alunos da Emef Osvaldo Quirino Simões, presentes nas galerias.
2 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - VITÃO DO CACHORRÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
5 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - VITÃO DO CACHORRÃO
Assume a Presidência.
7 - CONTE LOPES
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
9 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - CONTE LOPES
Assume a Presidência.
11 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
13 - PRESIDENTE CONTE LOPES
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 25/09, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h03min.
* * *
- Assume a
Presidência e abre a sessão o Sr. Eduardo Suplicy.
* * *
- Passa-se
ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata de
sessão anterior e recebe o expediente.
Vamos aos inscritos para o Pequeno
Expediente. Tem a palavra o deputado estadual Reis. (Pausa.) Deputado Jorge do
Carmo. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado Enio Tatto.
(Pausa.) Delegado Olim. (Pausa.) Deputado Rogério Santos. (Pausa.) Deputado
André Bueno. (Pausa.)
Deputado Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.)
Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputado Alex Madureira. (Pausa.) Deputado Oseias
de Madureira. (Pausa.) Deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo.
(Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.)
Deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi presente.
Deputado Giannazi, gostaria antes de
anunciar a visita guiada, no Plenário JK, dos alunos da EMEF Osvaldo Quirino
Simões, da Vila Dionísia, na cidade de São Paulo. Sejam muito bem-vindos.
(Palmas.)
Tem a palavra o deputado Carlos
Giannazi pelo tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Eduardo Suplicy, quero
cumprimentar a nossa rede municipal de ensino, as professoras, os alunos. Sejam
bem-vindos e bem-vindas à Assembleia Legislativa de São Paulo. Deputado Vitão
do Cachorrão, telespectador da TV Assembleia.
Sr. Presidente,
nós temos uma tragédia anunciada para a rede estadual de ensino. Hoje é dia 24
de setembro de 2024, uma terça-feira, Sr. Presidente. Nós já vamos entrando,
partindo praticamente para o final do ano. Eu tenho alertado, feito um trabalho
na Assembleia Legislativa para que não haja mais demissão em massa de professores
da rede estadual no final do ano.
É algo sério
que está acontecendo, e todo ano é a mesma coisa. No final do ano passado para
este ano, tivemos quase 40 mil professores categoria “O” sem contrato, sem os
seus respectivos contratos. Ou seja, desemprego em massa na rede estadual. Isso
vai acontecer novamente no final do ano se nada for feito.
O que mais me
preocupa é que, há alguns dias, a Secretaria da Educação, a Seduc, publicou
quatro resoluções. Uma delas diz o seguinte: que não haverá a renovação dos contratos
que se encerram em 2024. Ou seja, estamos falando daqueles contratos de 2021,
que se encerram agora em 2024.
E para piorar
ainda mais a situação, a resolução diz que não haverá também a recondução dos
contratos, a renovação dos contratos dos professores, aliás, das professoras
das séries iniciais do ensino fundamental, Sr. Presidente.
Então, ou seja,
nós teremos desemprego em massa novamente no final do ano se nada for feito. Eu
já apresentei dois projetos de lei para resolver essa situação. O primeiro é de
2015, que já tramitou, já foi aprovado em todas as comissões, inclusive já tem
regime de urgência, requerimento de regime de urgência aprovado. O projeto está
pronto para entrar na pauta de votação.
Eu me refiro
aqui ao PLC 24, de 2015, que acaba com essas interrupções dos contratos dos
professores categoria “O” e ainda garante que o professor categoria “O”, contratado
pela Lei nº 1.093, tenha também direito à assistência médica no Iamspe.
Esse é o
projeto que eu quero aprovar, Sr. Presidente, para resolver essa situação, para
acabar de vez com essas interrupções dos contratos dos professores categoria
“O”, com a quarentena ou com a duzentena. Isso não é mais... isso não pode mais
acontecer no estado de São Paulo.
Tanto é que eu
votei contra essa precarização em 2009, quando o projeto foi apresentado pelo
ex-governador Serra, quando ele aprovou o projeto, que depois foi sancionado, e
virou essa famigerada e perversa Lei nº 1.093, que precarizou a contratação dos
professores na rede estadual.
E hoje, Vitão
do Cachorrão, tem mais professor precarizado do que professor efetivo na rede
estadual de ensino. Nós temos quase 100 mil professores precarizados e apenas
80 mil professores efetivos.
É um absurdo
isso, é um contrassenso. Nós queremos efetivar os professores categoria “O”,
que inclusive já prestaram concurso público e podem ser efetivados pelo
concurso. Dentro da lei, basta a Secretaria da Educação fazer a chamada desses
aprovados, não só de 15 mil, 18 mil, mas pode chamar 80, 90 mil, porque tem
vaga para todo mundo na rede estadual. Mas não é essa, me parece, a intenção da
Secretaria da Educação.
Então, eu apresentei
o PLC 24, que resolve essa situação, e também apresentei o PLC 1, de 2024,
também que renova, que prorroga os contratos de 2021, que estão vencendo agora
no final do ano, agora em dezembro, daí resolve momentaneamente essa situação.
Ao mesmo tempo,
a nossa luta é para que haja chamada dos aprovados no concurso, porque uma
coisa não impede a outra, porque tem vaga para todo mundo, para os efetivos,
categoria “O”.
Dá para renovar
os contratos, chamar os aprovados, até porque muitos desses professores categoria
“O”, que vão ter os seus contratos cancelados agora no final do ano foram
aprovados no concurso, eles podem ser chamados também.
Então, Sr. Presidente, as condições estão
todas dadas, do ponto de vista legislativo. Aqui a nossa parte está sendo feita,
dois projetos apresentados, mas, se o Governo não quiser aprovar os mesmos, não
tem importância.
Ele que
apresente um, e a gente aprova também aqui em regime de urgência. Tenho certeza
que os 94 deputados e deputadas votarão a favor de qualquer proposta que
prorrogue os contratos. Não haverá um voto contrário aqui na Assembleia
Legislativa.
Então, o
Governo pode ficar à vontade para encaminhar o projeto, que é até melhor, não
precisa ser o meu PLC 24 ou o meu PLC 1. Pode ser o do Governo, mas ele tem que
encaminhar, ele tem que ter a iniciativa de impedir, mais uma vez, a demissão
em massa, demissão perversa, cruel, de 40, 50 mil professores da rede estadual
de ensino que ficaram desempregados, e os seus alunos sem as suas respectivas
aulas.
Era isso, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Cumprimento,
deputado Carlos Giannazi, por sua sempre atenção de profundidade sobre a
Educação. Tem a palavra agora o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Conte
Lopes. (Pausa.)
Na Lista Suplementar, deputado Delegado
Olim. (Pausa.) Deputado Danilo Campetti. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos.
(Pausa.) Deputado Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Thainara Faria. (Ausente.)
Deputado Vitão do Cachorrão. Tem a
palavra pelo tempo regimental.
O
SR. VITÃO DO CACHORRÃO - REPUBLICANOS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos. Quero
cumprimentar também os alunos da Escola Osvaldo Quirino Simões, os professores,
os inspetores, os nossos mestres. Aqui vocês estão em casa, vocês merecem as
palmas.
Vou me
apresentar aqui. Os alunos acho que viram ali, Suplicy, “deputado Vitão do
Cachorrão”. E eu fiz questão de deixar esse nome, porque até hoje, em Sorocaba,
faz 30 anos que eu vendo hot dog ali na barraquinha e continuei atendendo o
povo. Por isso que é Vitão do Cachorrão. Peço que vocês também sigam a nossa
página lá na rede social.
Presidente,
quero agradecer aqui a Deus por mais um dia de vida. Independente da religião,
a gente não é nada sem Deus. Agradecer aqui à Polícia Militar, agradecer ao
pessoal que faz a limpeza aqui na Casa, que limpa os banheiros - pessoal muito
importante.
Eu nunca vou
esquecer de onde eu vim, vim de uma família simples, então faço questão de
lembrar dessas pessoas, porque a gente também não é melhor do que ninguém. A
gente aqui é empregado do povo.
E eu tenho uma
notícia boa, e eu quero agradecer, Giannazi. A gente tem cobrado aqui, tem
lutado, é a retomada da obra da escola em Itatinga. Eu não sei se tem as
imagens, se a gente passou. Eu estive em Itatinga à noite, um dia, filmando
essa escola, e estava só o alicerce.
Gastou-se uma
fortuna, e mais de dez anos parada, Giannazi. Essa escola parada... e eu fui lá
com o prefeito João Bosco, com a vereadora Arlete Morais, e os alicerces lá...
desculpa, desde 2016.
Oito anos
parada, e levamos a demanda para o governador e também para o Jean, que é meu
amigo, que era o presidente do FDE, em uma audiência no dia 20 de agosto, e a
resolução no dia 06 de setembro, pela Secretaria do Estado, que homologa o
convênio entre os municípios.
Itatinga e a
Secretaria de Educação do Estado e do FDE... as obras da construção do prédio
de uma nova escola estadual no município. É um absurdo, uma escola gigante
daquelas, está faltando ali escola para a cidade, os alunos têm que estudar, ir
a um bairro longe ou até ir a um outro município, e essa construção parada, o
dinheiro que se gastou ali no alicerce.
Então, quero
agradecer aqui. Eu mandei, liguei para o governador, expliquei a situação, e o
secretário da Educação, Renato Feder, junto ao Jean Pierre do FDE, com toda a
sua equipe, atendeu a população.
Então, aqui a
vitória é do povo, a vitória é dos professores, dos servidores, dos alunos, das
mães de alunos. Então, com alegria no coração, eu agradeço ao governador. As
obras vão ser retomadas em Itatinga. Obrigado, prefeito João Bosco e vereadora
Arlete.
Quero dizer que
tenho implorado, desde o dia em que cheguei, sobre a carreta de mamografia.
Isso aqui é o planejamento, os relatos, que a deliberação da comissão de
planejamento da escola, que se manifesta favorável à aceleração do convênio.
Então a escola
já tá aqui, olha. Pela Secretaria, já vão começar as obras. Está lá o
documento, a resposta, do FDE e da Secretaria da Educação.
Agora eu volto
a falar em saúde. Eu, desde que entrei aqui, pensando nas mulheres em todo o
estado, imagine lá em Itararé, em Itapeva, na Aparecida do Norte, onde uma
pessoa precisa de um diagnóstico precoce do câncer. Então tenho quase 30
municípios aqui, quase 30 cidades, o rei dos votos, o presidente Suplicy, que
solicitaram a carreta de mamografia.
E fica muito
mais em conta você ter o diagnóstico precoce, para quem é médico que tá
assistindo também. A chance de cura é 90% maior, em que as pessoas, às vezes,
iniciando o tratamento, não sempre... sendo inserida no programa Hebe Camargo,
essa pessoa vai ter a sua vida salva, e o Governo vai gastar até menos, que não
vai nem precisar, muitas vezes, fazer a rádio, nem a quimioterapia, porque vai
dar tempo de fazer ali uma cirurgia.
E eu falo com
propriedade, eu quero agradecer aqui a minha equipe. “Você é deputado estadual,
Vitão”, mas eu continuo atendendo as pessoas. Eu tenho dois escritórios em
Sorocaba, um em Itapeva, e também atendo as pessoas na rua.
E só ontem, eu
vou ser breve aqui, deputado Eduardo Suplicy, eu abri dez ouvidorias na
Secretaria de Saúde do estado e também do município de pessoas com câncer,
pessoas que precisam iniciar o tratamento senão vão morrer.
Se essa carreta
da mamografia tivesse ido até os municípios e feito o diagnóstico, muitas
vidas, muitas mulheres seriam salvas, e o câncer não escolhe, não. Não escolhe
se é o rico, se é o pobre ou se é o milionário. Eu pedi para mais de 30
cidades; só foi uma cidade atendida até agora, que foi Guaratinguetá.
Trinta
municípios que vêm no meu gabinete e imploram pela carreta da mamografia e o
diagnóstico precoce do câncer para que salvem a vida das mulheres e das
pessoas.
Que Deus
abençoe a todos.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Vou pedir ao
deputado Carlos Giannazi para assumir a Presidência, para que eu possa também
usar da palavra.
Muito obrigado.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando
sequência à lista de oradores inscritos, agora no Pequeno Expediente, já na
Lista Suplementar, com a palavra o deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.)
Com a palavra o nobre deputado Eduardo
Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Carlos Giannazi, prezados alunos da
EMEF Oswaldo Quirino Simões, sejam sempre bem-vindos, os professores também.
Estamos hoje
cada vez mais impressionados com os conflitos de guerra que estão acontecendo
em diversas partes do mundo e gostaria aqui de justamente ler o discurso do
presidente Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU nº 79, em que ele
ressalta a importância da realização da paz no mundo.
Diz o
presidente Lula: “Meus cumprimentos ao presidente da Assembleia Geral, Philemon
Young. Saudar o secretário-geral António Guterres, que justamente tem feito um
apelo para o término dos conflitos, especialmente no Oriente Médio, entre
Rússia e Ucrânia, e Israel e Palestina, e agora com ataques tão fortes de
Israel ao Líbano.
Dirijo-me em particular à delegação palestina
que integra a primeira vez a sessão de abertura, mesmo que na condição de
país-membro observador e quero saudar a presença do presidente Mahmoud Abbas.
Adotamos ontem,
aqui neste mesmo plenário, o Pacto para o Futuro. Sua difícil na aprovação
demonstra o enfraquecimento de nossa capacidade coletiva de negociação e de
diálogo. Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo.
Andamos em
círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes. Nem
mesmo com a tragédia da Covid-19 fomos capazes de nos unir em torno de um
tratado sobre pandemias na Organização Mundial da Saúde. Precisamos ir muito
além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças
vertiginosas do panorama internacional.
Vivemos
momentos de crescentes angústias, frustrações, tensões e medo. Testemunhamos a
alarmante escalada de disputas geopolíticas e de rivalidades estratégicas. O
ano de 2023 ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a
Segunda Guerra Mundial.
Os gastos
militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo. Atingiram 2,4 trilhões
de dólares; mais de 90 bilhões de dólares foram mobilizados com arsenais nucleares.
Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e
enfrentar a mudança do clima. O que se vê é o aumento das capacidades bélicas.
O uso da força sem amparo no Direito Internacional está se tornando a regra.
Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem
confrontos generalizados. Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se
estender sem perspectiva de paz.
O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano. Já
está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos
pela via militar.
O recurso a armamentos cada vez mais destrutivos traz à memória os
tempos mais sombrios do confronto estéril da Guerra Fria.
Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é
crucial neste momento. Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que
China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das
hostilidades.
Em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises
humanitárias da história recente, e que agora se expande perigosamente para o
Líbano. O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis
israelenses inocentes tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São
mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de
defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a
liberação de reféns e adia o cessar-fogo.
Conflitos esquecidos no Sudão e no Iêmen impõem sofrimento atroz a
quase trinta milhões de pessoas.
Este ano, o número dos que necessitam de ajuda humanitária no mundo
chegará a 300 milhões. Em
tempos de crescente polarização, expressões como ‘desglobalização’ se tornaram
corriqueiras, mas é impossível ‘desplanetizar’ nossa vida em comum. Estamos
condenados à interdependência da mudança climática.
O planeta já
não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos
não cumpridos, está cansado de metas de redução de emissão de carbono
negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. O
negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global.
Dois mil e
vinte e quatro caminha para ser o ano mais quente da história moderna. Furacões
no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na
Europa deixam um rastro de mortes e de destruição.
No sul do
Brasil tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior
estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já
devoraram cinco milhões de hectares apenas no mês de agosto.
Meu governo não
terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas
sabemos que é preciso fazer mais. Além de enfrentar o desafio da crise
climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental. Não
transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e com o crime
organizado. Reduzimos o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e vamos
erradicá-lo até 2030.
Não é mais
admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos
indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nelas. Nossa
visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da
bioeconomia.
O Brasil
sediará a COP-30 em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho
para superar a urgência climática. Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada
será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento
da temperatura do planeta a um grau e meio.
O Brasil
desponta como celeiro de oportunidades neste mundo revolucionado pela transição
energética. Somos hoje um dos países com a matriz energética mais limpa.
Noventa por cento da nossa eletricidade provêm de fontes renováveis como a
biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica. Fizemos a opção pelos
biocombustíveis há cinquenta anos, muito antes que a discussão sobre energias
alternativas ganhasse tração.
Estamos na
vanguarda em outros nichos importantes, como a produção de hidrogênio verde. É
hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e
trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fosseis.
Na América
Latina vive-se, desde 2014, uma segunda década perdida. O crescimento médio da
região nesse período foi de apenas 0,9%, metade do verificado na década perdida
de 1980. Essa combinação de baixo crescimento e altos níveis de desigualdade
resulta em efeitos nefastos sobre a paisagem política. Tragada por disputas,
muitas vezes alheias à região, nossa vocação de cooperação e entendimento se fragiliza.
É injustificado
manter Cuba em uma lista unilateral de estados que supostamente promovem o
terrorismo e impor medidas coercitivas unilaterais, que penalizam indevidamente
as populações mais vulneráveis. No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar
a ordem pública e promover o desenvolvimento.
No Brasil, a defesa da democracia implica
ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias, que
espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento.
Brasileiras e
brasileiros continuarão a derrotar os que tentam solapar as instituições e
colocá-las a serviço de interesses reacionários. A democracia precisa responder
às legítimas aspirações dos que não aceitam mais a fome, a desigualdade, o
desemprego e a violência.
No mundo globalizado
não faz sentido recorrer a falsos patriotas e isolacionistas. Tampouco há
esperança no recurso a experiências ultraliberais que apenas agravam as
dificuldades de um continente depauperado.
O futuro de
nossa região passa, sobretudo, por construir um estado sustentável, eficiente,
inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. O estado que estamos
construindo é sensível às necessidades dos mais vulneráveis.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Vitão do Cachorrão.
* * *
As condições
para acesso a recursos financeiros seguem proibitivas para a maioria dos países
de renda média e baixa. O fardo da dívida limita o espaço fiscal para investir
em Saúde e Educação, reduzir as desigualdades e enfrentar a mudança do clima.
A fortuna dos
cinco principais bilionários mais que dobrou desde o início desta década, ao
passo que 60% da humanidade ficou mais pobre. Os super-ricos pagam
proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora.
O número de
pessoas passando fome ao redor do planeta aumentou em mais de 152 milhões desde
2019. Isso significa que 9% da população mundial, 733 milhões de pessoas, estão
subnutridas. Mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome
no mundo.
Este é o
compromisso mais urgente do meu governo, acabar com a fome no Brasil, como
fizemos em 2014. Assim ... ”.
O SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO - REPUBLICANOS - Vossa Excelência pode concluir,
Suplicy?
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sim, Sr. Presidente. Peço
desculpas, mas este pronunciamento do presidente Lula, que peço que seja
transcrito na integra, é muito importante e merece a repercussão de todos nós
brasileiros e dos nossos parlamentares.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - VITÃO DO CACHORRÃO - REPUBLICANOS - Obrigado,
deputado Suplicy. Seguindo a lista do Pequeno Expediente, deputado Conte Lopes.
Tem V. Exa. o tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. CONTE LOPES - PL
- Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, públicos que nos acompanha
pela TV Assembleia. Realmente, a violência está em todos os lugares, a
violência impera em todos os sentidos. Parece que está todo mundo meio louco,
agredindo por agredir.
A gente vê até
nos debates de televisão, para prefeitura, os candidatos mostrando como vai ser
a Segurança em São Paulo e acaba um dando cadeirada no outro, o Datena lá no
Pablo Marçal; uma cadeirada no outro. E também não acontece nada. E continuou
ontem, saiu porrada também. Pelo menos ontem foi parar na Polícia. Foi parar na
Polícia, e a violência está aí.
Todo mundo
pregando que nós estamos na Suíça, Suécia. E, pelo contrário, um delegado de
Polícia de 59 anos de idade andava tranquilamente com a esposa ali na Lapa,
quando foi atacado por bandidos. Ele de bermuda, ela também. Os bandidos o
atacam. Por quê? Porque ele tinha uma corrente. E é evidente.
Era um delegado
do DEIC, se for descoberto que ele é policial e não estiver armado, ele morre.
Os bandidos matam. E, no caso específico, o delegado entregou a corrente, foi
reagir, matou o bandido, mas também foi baleado mortalmente, acabou perdendo a
vida. Então é essa situação de São Paulo e do Brasil, infelizmente, onde a
Polícia prende e a Justiça solta.
Esse bandido já
foi preso quatro vezes por roubo à mão armada. E por incrível que pareça, o
bandido estava em prisão domiciliar. O bandido estava em prisão domiciliar.
Então é um
absurdo que isso aconteça. Como é que pode? Aquele que agride, aquele que
espanca, e não acontece nada? Nós somos contrários a isso, somos contrários.
Não é por aí que anda a coisa.
Como a gente
não aceita cadeirada em debate, porrada em debate, a gente não pode aceitar que
bandidos continuem matando, ou agredindo pessoas. Somos contrários a agredir
pessoas também.
Somos
contrários, ninguém pode ser agredido. É que hoje, infelizmente, a vida do
cachorro vale mais do que a de uma pessoa. Não que não valha, o valor do
animal, mas hoje é ao contrário. Se a gente tem uma carreira na Polícia
salvando gente, salvando crianças, salvando tudo, é meio diferente a situação.
Mas fica aí a
minha colocação. Um delegado de Polícia assassinado num sábado pela manhã na
Lapa, acompanhado da esposa, acompanhado da esposa. E não adianta, seu
Maurício, se o cara está desarmado, morre também. Sabe que é policial, morre.
Vai morrer. Então, a gente só tem uma alternativa, tentar reagir, tentar
reagir. Foi o que o delegado fez e perdeu a vida.
Agora, o duro
de tudo é o bandido. O bandido está em prisão domiciliar. Um assaltante, a
Justiça dá prisão domiciliar para ele. Olha, a Justiça do Brasil, é bom não
falar muito, mas é uma piada. Chega a ser piada. Chega a ser engraçado, não se
toma providência. Agride-se, espanca-se e a Justiça não faz nada, infelizmente.
E fica aquele
discurso na televisão, como nós estivéssemos tranquilos. E volto a repetir: se
um delegado é morto por causa de uma correntinha, qual é a ideia que nós vamos
ter? Andar pelas ruas pelado, todo mundo nu? Porque no meu tempo eu caçava
bandido. Não, eu não caçava dona de casa. Eu caçava bandido, criminosos. Hoje,
os bandidos caçam as pessoas de bem.
Vejam um senhor
aí que é espancado, um senhor idoso que trabalha ainda com carro, com táxi,
atacado por dois, três caras, jogado no chão, espancado em São Vicente, saiu
daqui de São Paulo até lá, espancado, tomando chute, pontapé e ninguém faz
nada, o cara é preso, vai lá na Justiça, audiência de custódia solta o cara.
Então, eu sou
contrário a qualquer tipo de punição. E, na minha opinião, o Datena tem que ir
preso também, como o outro foi, ele também tinha que ir, porque não é esse o
procedimento, senão você leva essa violência para toda a sociedade. Não se
ataca a mulheres também. Não se ataca, não. Não é assim, não. Não se ataca,
não. A gente é totalmente contrário a isso.
Então, fica a
minha colocação. Pregam na televisão uma Suíça e um delegado de Polícia de
quase 60 anos de idade é morto num sábado de manhã fazendo uma caminhada no
bairro da Lapa.
Então, você não
pode ter uma corrente no pescoço? Você não pode ter um relógio e você pode ser
assassinado, caçado por bandidos de moto em todos os lugares?
Obrigado, Sr.
Presidente.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Meus
cumprimentos, deputado Conte Lopes, por suas observações relativas à Segurança
Pública em nossa cidade e no Brasil.
Próximo orador inscrito, deputado
Carlos Giannazi, pelo tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado
Conte Lopes, público aqui presente, telespectador da TV Assembleia. Sr.
Presidente, olha, hoje é dia 24 de setembro, uma terça-feira, 2024, e até agora
o governador Tarcísio de Freitas não apresentou nenhuma proposta de reposição
das perdas inflacionárias para os servidores e servidoras do estado de São
Paulo.
Lembrando que a
data-base do funcionalismo público é o dia 1º de março de cada ano. Então o dia
1º de março já foi, faz tempo, por isso que eu disse que estamos em setembro,
dia 24 de setembro, e até agora nada, os nossos servidores e servidoras
continuam com os salários arrochados, achatados, Sr. Presidente, e com
vale-refeição, vale-coxinha de 12 reais.
É isso que o
governador oferece como vale-alimentação para os servidores do estado de São
Paulo, para os servidores da Segurança, para os servidores da Educação, da
Saúde, para amplos setores do funcionalismo estadual, o valor é de 12 reais por
dia. Como uma pessoa vai se alimentar? Tanto é que o apelido dado a esse vale é
vale-coxinha, mas hoje não dá nem para comprar mais a coxinha, Sr. Presidente.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Conte Lopes.
* * *
O governador
está desrespeitando a lei aprovada aqui na Assembleia Legislativa, que
estabeleceu a data-base do funcionalismo público estadual, que é a Lei 12.391,
de 2006. O governador está afrontando, violando essa lei.
O dia 1º de
março é a data-base de todo o funcionalismo estadual. Ele afronta também o Art.
37 da Constituição Federal, que obriga todos os entes federativos, estados,
municípios e União a fazer a reposição anual das perdas inflacionárias. O fato
é que o governador está afrontando a lei, é um Governo fora da lei, esse
Governo do Estado de São Paulo.
Além disso, Sr.
Presidente, ele também está afrontando a Lei do Piso Nacional do Magistério,
que ele cumpre de forma ilegal, através de abono complementar. Então, essas
duas violações, de duas leis - da Lei da Data-Base, nº 12.391, de 2006, mais a
do piso, nº 11.738, 2008, lei federal... ele está prejudicando não só os
servidores e as servidoras da ativa, mas também os aposentados e pensionistas,
que ficam sem o reajuste. Não é nem reajuste, Sr. Presidente, é reposição das
perdas inflacionárias, nem isso o governador está fazendo.
Eu já acionei o
Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo para
pressionar o Governo a cumprir a lei, porque o Ministério Público tem essa
função.
Tem que cumprir
a lei, governador Tarcísio, tem que dar a reposição das perdas inflacionárias
para os servidores do estado de São Paulo, que estão com salários, repito,
arrochados há muitos anos, e nada foi feito até agora. O governador, fora da
lei.
Então, Sr.
Presidente, eu já acionei... quero deixar claro que o Ministério Público já foi
acionado por mim no mês de março. Logo que passou a data, eu vi que o Governo
não ia apresentar nenhum reajuste, então eu ingressei com uma representação no
Ministério Público e com uma outra no Tribunal de Contas do Estado de São
Paulo.
Então, o
governador está desprezando, mais uma vez, tratando, reproduzindo a política de
ódio do tucanistão, dos governos do PSDB contra os servidores.
Porque o
governo só pensa em privatizar, em vender o patrimônio público para a
iniciativa privada. Essa Sabesp que ele já privatizou, agora ele tem aí um
pacotaço de privatizações, ele quer privatizar escolas, quer privatizar a
Fundação Casa, quer privatizar as balsas, quer privatizar rodovias, instalando
mais pedágios.
Esse governador
só pensa em agradar os grandes empresários, o patronato. Ele não tem nenhum
compromisso com o povo do estado de São Paulo. Só se vota aqui privatização na
Assembleia Legislativa, só se fala nisso.
Então, para
agradar o mercado financeiro, para agradar quem tem dinheiro, quem tem o poder
econômico do estado de São Paulo, o governador mobiliza a sua base de governo,
aprova o que ele quer aqui dentro, Sr. Presidente.
Mas nós estamos
mobilizados, e agora com a palavra, o Ministério Público do Estado de São Paulo
e com o Tribunal de Contas, que tome as devidas providências para obrigar o
governador Tarcísio de Freitas a dar a reposição das perdas inflacionárias para
os servidores e servidoras da ativa e para os aposentados e pensionistas
também.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Continuamos
com a Lista Suplementar, com a palavra o nobre deputado, e sempre senador,
Eduardo Suplicy. Vossa Excelência tem um prazo regimental de cinco minutos.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado Conte Lopes, gostaria antes
de saudar Carlos Tramontina, que ontem estava coordenando e presidindo o debate
entre os candidatos à Prefeitura.
E estava
caminhando muito bem. Eu estava gostando que, pela primeira vez, acho que nos
sete debates ocorridos, estavam os candidatos se respeitando, colocando as suas
proposições.
Mas eis que, ao
final do debate, o Pablo Marçal acabou usando de ofensas para com o prefeito, e
daí houve um conflito ao final, terminado o debate, e eu espero que este
exemplo não se repita mais.
Este candidato
precisa aprender que tais atitudes acabam simplesmente fazendo com que a
população não queira que tais ações caracterizem a história da Prefeitura
Municipal.
A respeito, a
“Folha de S. Paulo” está apresentando perfis de alguns dos prefeitos que
marcaram época entre os mais de 50 que comandaram a cidade ao longo do período
republicano, para jogar luz sobre as ações do poder público municipal que foram
determinantes para o avanço ou para a estagnação da Capital paulista, além de
rememorar movimentos relevantes a passagens curiosas das gestões.
E ela faz
uma... E Catia Seabra faz uma reconstituição muito interessante a respeito de
como Luiza Erundina de Souza foi a primeira mulher a governar São Paulo,
eleitas em 1988, ocasião em que eu, depois de ter sido candidato a prefeito em
1985, quando o Jânio Quadros venceu, a Luiza Erundina era a minha candidata a
vice-prefeita.
Em 88, eu
estava lecionando na Escola de Administração de Empresas de São Paulo, onde fui
professor concursado, desde 1976. E, então, o PT me convidou para ser candidato
a vereador, para ajudar na eleição de Luiza Erundina. E, felizmente, ela foi
eleita.
Não havia dois
turnos. E diz Catia Seabra: “Eu tive 201 mil votos e, por esta razão, fui
eleita presidente da Câmara Municipal durante a gestão de Luiza Erundina. E
aqui sou testemunha de como ela procedeu da maneira mais educada e imparcial
possível para com todos os vereadores”.
Luiza Erundina
dificilmente seria eleita prefeita de São Paulo em 88 se a disputa fosse em
dois turnos. Mas uma conjuntura singular, incluindo a pluralidade de candidatos
de centro-direita, permitiu que uma assistência social petista e solteira fosse
a primeira mulher a governar a maior cidade da América Latina, 35 anos atrás.
A constatação é
da própria Erundina, 89 anos. Hoje deputada federal pelo PSOL, ela diz ter
consciência de que não foram apenas seus méritos pessoais que garantiram a
vitória em 88, reconhecendo, ainda, que os demais partidos se uniriam para
derrotá-la caso houvesse segundo turno naquela eleição. “Ganhei porque era
turno único e porque os partidos da ordem não estavam bem”, lembra ela, que
acabou derrotada por Celso Pitta no segundo turno de 96.
Em 1988, 14
candidatos concorreram à prefeitura: o PMDB e o recém-criado PSDB lançaram
candidaturas próprias. O candidato do PDT desistiu da disputa às vésperas da eleição,
e o prefeito Jânio Quadros, sem partido, enfrentava protestos após decisões
impopulares, como demissão de servidores e até a proibição da prática de skate,
medidas que foram revogadas por Erundina em 89.
A eleição se
deu em meio à comoção provocada pelo assassinato, pelo Exército, de três
trabalhadores durante a greve da CSN, Companhia Siderúrgica Nacional, seis dias
antes da votação.
Foi nesse
ambiente de alvorecer da democracia e da crise econômica enfrentada pelo
governo Sarney que Erundina, à época filiada ao PT, obteve 29,84% dos votos.
Paulo Maluf chegou em segundo, com 24,45 por cento.
No secretariado
de Erundina, nomes como Paulo Freire na Educação, Marilena Chauí na Cultura e
Paulo Singer no Planejamento imprimiam ares de ministério ao primeiro governo
petista na maior cidade brasileira.
A expectativa
era que, ao lado de Olívio Dutra, em Porto Alegre, e Celso Daniel, em Santo
André, a gestão dela servisse como amostra do modo petista de governar para a
disputa presidencial de 89, a primeira enfrentada pelo presidente Lula.
Seis apoiadores
apontam a inversão de prioridades, com investimentos voltados para a periferia,
como marca do governo Erundina. Citam os mutirões habitacionais, a construção
de seis hospitais, a regularização fundiária, o Estatuto do Magistério, a
renovação da frota de ônibus como exemplos de um governo democrático e popular.
A inauguração
do Sambódromo do Anhembi e a saúde financeira da cidade também são listados
como pontos positivos de sua gestão.
Mas, sem
maioria na Câmara, ela viu frustrado o plano de tarifa zero para os ônibus do
município. Em 90, a Câmara rejeitou a proposta de aumento do IPTU para
subsidiar a gratuidade do transporte público a partir de 91.
Erundina até
lançou cinco linhas de ônibus de graça para circular em Cidade Tiradentes, na zona
leste. O projeto vigorou até 2000, quando foi encerrado pelo prefeito Celso
Pitta.
A implantação
do IPTU progressivo enfrentou resistência na Câmara, onde os partidos de
esquerda somavam 19 de 53 cadeiras. Ela também sofreu derrotas na tentativa de
aprovação de um plano diretor para a implantação das subprefeituras. Na disputa
pela prefeitura em 2016, lembrou essas dificuldades, descrevendo-se como alvo
de perseguição.
Filha de
camponeses que migrou para São Paulo por sofrer ameaças durante a ditadura
militar, Erundina conta que à época indagavam qual era o homem que governava em
seu lugar. “Não foi fácil entender o mérito de uma política, sobretudo com o
meu perfil, uma mulher nordestina, de esquerda e solteira. A minoria que
detinha desde sempre o poder da cidade ficou assustada”.
Os desafios não
eram impostos apenas pela oposição, mas vinham até do PT, partido que ajudou a
fundar. Erundina sustentou sua administração em uma ala do partido que excluía
o seu próprio vice, Luiz Eduardo Greenhalgh.
No início do
governo, durante a campanha de Lula à Presidência, a decisão de aumentar a
tarifa de ônibus serviu de argumento para a criação de um conselho político
composto por dirigentes do PT. Apesar das dificuldades, manifestações de rua,
mobilização petista, e o endosso de personalidades públicas impediram que suas
contas fossem rejeitadas pelos vereadores.
O projeto reúne
histórias, curiosidades e sobrenomes que administram a Capital paulista. A
então secretária da Habitação de São Paulo, a arquiteta e urbanista Erminia
Maricato, ressalta o governo Erundina dentro do que chama de ciclo de
prefeituras democráticas e populares, marcado por iniciativas como o orçamento
participativo e a gestação de conselhos populares.
A secretária
das administrações regionais, Aldaíza Sposati, lembra a resistência para levar
adiante propostas como a descentralização. “Luiza teve muita coragem, muito
enfrentamento de situações que diziam que a cidade não dava conta”, afirma.
Além de 96,
Erundina concorreu à prefeitura mais três vezes: 2000, 2004, 2016, sem sucesso.
Em 93, licenciou-se do PT para ocupar um ministério do governo Itamar. Está no
sétimo mandato da Câmara dos Deputados. E agora apoiando firmemente as
candidaturas de Guilherme Boulos e Marta Suplicy.
Eu quero aqui
homenagear essa primeira prefeita de São Paulo. Uma mulher que tem honrado
tanto todos os mandatos que foram confiados a ela pelo povo de São Paulo.
Parabéns, Luiza
Erundina.
E espero que
Guilherme Boulos e Marta Suplicy possam honrar o seu trabalho como uma primeira
prefeita dos partidos progressistas, PT e PSOL.
Um abraço,
muito obrigado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Prezado presidente
Conte Lopes, agradeço a sua tolerância. E havendo concordância dos líderes,
peço que seja levantada a presente sessão.
O
SR. PRESIDENTE - CONTE LOPES - PL - Agradeço as
palavras de Vossa Excelência. Agradeço o público também.
É regimental. Havendo acordo de
lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos, convoca
V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, com a mesma
Ordem do Dia de hoje. Está levantada a presente sessão.
* * *
- Levanta-se a sessão às 15 horas e 03
minutos.
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