18 DE NOVEMBRO DE 2024
77ª SESSÃO SOLENE PARA PREMIAÇÃO DAS INICIATIVAS POSITIVAS PARA A SAÚDE DO SONO
Presidência: CLARICE GANEM
RESUMO
1 - CLARICE GANEM
Assume a Presidência e abre a sessão às 10h41min.
2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Nomeia as autoridades presentes. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".
3 - PRESIDENTE CLARICE GANEM
Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, para realizar a "Premiação das iniciativas positivas para a saúde do sono", por solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos. Destaca a importância do sono para a qualidade de vida. Dá conhecimento de estatísticas segundo as quais grande parte da população brasileira dorme mal. Menciona ações do seu mandato que dizem respeito a essa área.
4 - MARCELA SALA
Assessora jurídica da deputada Clarice Ganem, faz pronunciamento.
5 - EDILSON ZANCANELLA
Presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono - ABMS, faz pronunciamento.
6 - MESTRE DE CERIMÔNIAS
Anuncia a exibição de vídeo institucional da Associação Brasileira de Medicina do Sono - ABMS. Anuncia a entrega de menção honrosa à Dra. Dalva Poyares e aos Drs. Luciano Drager e Sergio Tufik, por suas iniciativas na área da saúde do sono.
7 - DALVA POYARES
Neurologista e professora da Universidade Federal de São Paulo, faz pronunciamento.
8 - LUCIANO FERREIRA DRAGER
Cardiologista e professor da Universidade de São Paulo, faz pronunciamento.
9 - SERGIO TUFIK
Médico do sono e professor da Universidade Federal de São Paulo, faz pronunciamento.
10 - PRESIDENTE CLARICE GANEM
Reitera a necessidade de conscientizar a população acerca da importância do sono para a saúde. Presta homenagem, com a entrega de menção honrosa, ao Dr. Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono - ABMS. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 11h44min.
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-
Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Clarice Ganem.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores,
bom dia. Nossa, eu gostaria de um bom dia.
TODOS
- Bom dia!
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigada. Sejam todos
bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene
tem a finalidade de “Homenagear as iniciativas positivas para a saúde do sono”.
Comunicamos aos presentes que esta solene está sendo
transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal do YouTube.
Convido para que componham a Mesa
Diretora: a deputada estadual Clarice Ganem, presidente e proponente desta
sessão solene (Palmas.); o Dr. Edilson Zancanella, presidente da Associação
Brasileira de Medicina do Sono, ABMS (Palmas.); a Dra. Marcela Sala, assessora
jurídica da deputada estadual Clarice Ganem. (Palmas.) Eu gostaria de agradecer
a presença de todos, mais uma vez, e da Sra. Tânia Noquelli,
vice-presidente comercial; Roberta Siufi Rizzo -
desculpe a entonação aqui -, presidente das Pessoas Operacionais; César Augusto
de Almeida, diretor de administração da Associação Brasileira do Sono.
Convido a todos os presentes para, em
posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.
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* *
- É
reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra
para a deputada Clarice Ganem, para que proceda à abertura desta sessão solene.
A
SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Abertura da
sessão solene. Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Senhores,
esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado
André do Prado, atendendo a minha solicitação, com a finalidade de “Premiar as
Iniciativas Positivas para a Saúde do Sono”.
Em 11 de dezembro de 2023, eu criei e
coordenei a Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono. Ela foi apoiada por 27
deputados desta Casa. Neste ano de 2024, o Dia Mundial da Saúde do Sono foi
comemorado no dia 15 de março. É celebrado sempre na sexta-feira anterior ao início
da primavera no hemisfério norte. Por isso, fizemos essa frente parlamentar
nesse dia, 15 de março.
E apresentamos também, nesse dia,
projetos de lei que instituem o Dia Estadual da Saúde do Sono e mais dois
projetos. Será celebrada anualmente, essa data, na terceira sexta-feira do mês
de março, para coincidirem as datas. O nosso projeto também prevê várias
diretrizes.
Resumidamente: campanhas de
conscientização sobre a importância do sono adequado para a saúde e o
bem-estar, destacando os riscos associados à privação do sono e distúrbios do
sono.
Segundo
pesquisas, 66% dos brasileiros dormem mal, dentre esses, as mulheres são as
mais afetadas, podendo ter um sono 10% pior que os homens. Uma noite mal
dormida pode afetar muito a vida das pessoas, podendo resultar em falta de
concentração durante o dia, irritabilidade, doenças ocasionadas pela má
qualidade do sono, sem contar acidentes de trânsito e de trabalho.
Infelizmente,
nós não damos o devido valor à qualidade do sono, simplesmente achamos natural
termos insônia. Na ocasião, nós recebemos na Frente Parlamentar vários
convidados ilustres da área médica e científica, que abordaram esse tema tão
importante quanto a qualidade do sono.
Agora eu vou
passar a palavra para a Dra. Marcela,
que é minha assessora jurídica, para ela explicar sobre os projetos que nós
criamos na Frente Parlamentar.
A SRA. MARCELA SALA - Bom dia. Bom,
como a deputada falou, a nossa primeira iniciativa coincidiu com a abertura,
com a inauguração da Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono, que nós
realizamos aqui na Assembleia no dia 15 de março.
E nesse dia,
além da abertura da Frente Parlamentar, nós também protocolizamos esse projeto
de lei para instituir o Dia Estadual da Saúde do Sono, com essas diretrizes. A
gente quis usar a data para ter um marco comemorativo, para ter uma
concentração de atenção sobre esse assunto em um dia específico no calendário.
E aí colocamos
esses pontos, que nós entendemos importantes, para que o dia não seja só uma
data, para que ele também tenha algum conteúdo, para que ele também tenha
pontos de atenção, para que o Poder Público possa instituir políticas públicas,
para que as empresas possam dar atenção para isso em relação aos seus
funcionários, para que as escolas possam ensinar isso aos alunos, para que os
alunos possam levar esses conhecimentos para suas casas e assim por diante. Para
que a população em geral tome consciência sobre a importância de ter um sono
regular, um sono que seja realmente reparador.
E aí, quando a
gente começou a tratar desses assuntos, o Dr. Edilson nos trouxe várias
demandas, desde questões problemáticas com diagnóstico, acesso ao diagnóstico,
acesso a tratamento.
Tudo isso são
coisas que a gente, aqui no Legislativo, não consegue executar diretamente, mas
a gente leva essas demandas para o Executivo. A gente cria projetos de lei na
intenção de trazer luz para esse assunto, para a gente tentar conseguir avançar
em políticas públicas. Aquilo que estiver ao nosso alcance, a gente se propôs a
fazer.
E aí, a partir
desse projeto do Dia Estadual da Saúde do Sono, nós criamos alguns outros e eu
vou colocar aqui para vocês. O selo Amigo do Sono, que a gente fez um projeto
de lei para que as iniciativas positivas voltadas à saúde do sono fossem
devidamente reconhecidas.
Esse selo ainda
não foi instituído, esse projeto de lei ainda está caminhando, ele está na
primeira comissão, a Comissão de Justiça e Redação. Mas ele vai poder ser
outorgado para escolas, universidades, estabelecimentos de Saúde, empresas,
órgãos públicos, enfim, todos aqueles que criarem alguma iniciativa, que
desenvolverem alguma iniciativa que seja positiva para promover a saúde do sono
estão aptos a receberem esse selo.
E aí, enfim, o
contemplado vai poder usar esse selo em campanhas publicitárias, ou de qualquer
outra maneira que entenda necessário para divulgar essa iniciativa. Então, a
gente tem esse projeto. Ele vai poder ser outorgado para qualquer pessoa que
desenvolva esse tipo de iniciativa, nos termos que está no projeto. É claro que
vai ter uma comissão julgadora para avaliar essas iniciativas.
Enfim, a gente
não conseguiu fazer esse projeto ser aprovado ainda nesse ano. Por isso criamos
esta sessão solene...
Nós pensamos:
“Já que não conseguimos fazer esse projeto se transformar em lei ainda nesse
ano, então nós vamos criar nós mesmos aqui, pela frente parlamentar coordenada
pela deputada, uma sessão solene para a gente poder já começar a reconhecer as
iniciativas positivas. Não vamos esperar a lei, vamos nós mesmos começar a
trabalhar por isso”.
Então, nós
chamamos hoje a sessão solene para isso, para que os primeiros pudessem já
começar a ser reconhecidos. E aí, no próximo ano, a gente consegue fazer isso
com mais corpo, com mais presença de mais iniciativas.
E também fizemos, por recomendação do
Dr. Edilson, o Dia Estadual da Hipersonia. No dia em que nós fizemos a abertura
da frente parlamentar, nós recebemos grupos de pessoas que, enfim, tinham
problemas, doenças do sono, entre elas a hipersonia.
A gente se aprofundou um pouco mais no
assunto e criamos o projeto de lei para instituir o Dia Estadual da Hipersonia,
para conscientizar sobre a existência dessa doença, para que as pessoas saibam
que existem algumas doenças relacionadas a isso, para que elas possam procurar
atendimento, possam procurar tratamentos, sempre com os profissionais
adequados, que são os médicos especialistas em saúde do sono.
Então, são esses os projetos que a
gente tem até o momento. A gente fica aberto para receber mais sugestões e,
sempre que possível, por via legislativa, a gente está à disposição para
trabalhar em mais iniciativas.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos para fazer
o uso da palavra o membro desta Mesa Diretora, Dr. Edilson Zancanella.
O
SR. EDILSON ZANCANELLA - Bom dia a todos. Bom
dia, deputada Clarice. Eu fico muito feliz e honrado por estar nesta sessão.
Nós temos aí alguns meses - e até acho que já um ano -, dentro daquilo que a
gente vem discutindo sobre a importância do sono. E este momento é um momento
muito especial, onde a gente tem a possibilidade de estar dentro desta Casa,
trazendo nomes que significam relevância, importância para aquilo que a gente tem
em Medicina do Sono.
Então, eu me sinto honrado por esta
oportunidade de trazer, neste momento, a possibilidade de fazer uma distinção a
esses que tanto fizeram e que, portanto, nos ensinaram e fizeram a Medicina do
Sono do Brasil ser hoje reconhecida mundialmente. Então, esse é um tópico que
vale muito a pena a gente explorar um pouco mais. Eu tenho alguns slides -
quando a gente é professor, a gente não deixa de mostrar alguns dos slides.
Então, nós temos esse selo, que foi um
selo criado, e isso é uma logomarca, dos Amigos do Sono. E a gente entende que
essa é uma iniciativa que vai poder realmente agregar muito às pessoas, que vai
fazer com que a gente possa somar oportunidades e fazer com que tudo aquilo que
aqueles que tenham o intuito de melhorar o discernimento, de melhorar a
qualidade e trazer a informação às pessoas sobre sono passam a cultuar e passam
a ter a possibilidade de ter uma distinção. Então, o Amigos do Sono é para
isso.
Então, hoje, nesta data, a gente vem
aqui justamente para fazer uma homenagem. E a ideia da data de hoje é realmente
fazer uma homenagem, porque a gente sabe que o sono tem uma importância
significativa em tudo aquilo que é o funcionamento do organismo.
E que, quando a gente dorme mal, várias
coisas acontecem. A memória fica muito alterada, o cognitivo, o humor, tem sono
ao longo do dia. E a gente sabe que vários outros impactos no funcionamento do
organismo também acontecem.
Então, liberação de insulina, cortisol,
aumento de doenças inflamatórias. E a gente sabe que os distúrbios do sono são
realmente impactantes na vida de todo mundo. A comorbidade, o risco de
acidentes e os altos custos associados à saúde são o que faz com que a gente
tenha que buscar alternativas para diminuir esses impactos. O próximo.
E a gente sabe que é uma temática
realmente significativa em saúde pública. E por isso que a gente se aproximou
de quem realmente nos ouviu para trazer essa iniciativa para a saúde pública.
Como é que a gente pode mobilizar
realmente as pessoas aqui para que a saúde pública possa aparecer. Então,
dentro daquilo que a gente tem que abordar, temos aí a insônia, que realmente
tem sintomas frequentes. E a gente tem vários estudos mostrando... Passa mais
um clique, por favor.
E a gente vê que, dos nomes que eu vou
homenagear hoje, vocês vão ver que são os que publicaram a grande maioria
desses estudos. E são esses estudos que realmente nos balizam a mostrar que
realmente sono é importante e quanto eles realmente buscaram essa informação na
população e nos trazem com todos esses detalhes para dizer assim: “Prestem
atenção no sono. O sono é importante e ele tem que melhorar a vida de todos
nós.” O próximo.
Esse estudo aqui é um marco mundial.
Ele mostrou que as pessoas têm muito mais apneia do sono do que a gente
suspeitava. E isso, quem teve a ideia de buscar essa informação de uma forma
ativa, foi aqui em São Paulo. O professor Sergio é um dos homenageados aqui.
Ele que trouxe, dentro de um grupo,
toda essa dinâmica em realmente mostrar que isso acontecia muito mais, e quanto
isso trouxe à literatura e ao mundo inteiro a relevância de se buscar
informações de qualidade. O próximo. Não apareceu.
Bom, aí são os dados estatísticos que a
gente tem da prevalência populacional. O próximo. Então, 32,9% da população em
idade produtiva na cidade de São Paulo tem apneia do sono. Esse número...
Foi a primeira vez que esse número foi
levantado na literatura. Isso mexeu com todo mundo que, até então, usava um
número que era de dois a quatro, de dois a quatro. E aí a gente via que era muito
mais. Próximo. Mais um.
Então, a gente sabe que todos esses
números aqui realmente acontecem na população. E a gente não tinha dados
estatísticos para dizer o quanto isso era importante. Então, os trabalhos que
foram desenvolvidos por esses professores que aqui estão, realmente ajudaram
muito a gente entender toda essa dinâmica. O próximo.
Esse último estudo aqui, então, com o
professor Luciano, a gente tem aí um levantamento um pouco mais recente de como
é que a população, no geral, sofreu com a questão do sono e quanto isso chama a
atenção. A gente tem mídia própria para falar de sono; as pessoas buscam essa
informação a todo momento e trazem a preocupação de que: “Estou dormindo mal.
Como é que isso pode melhorar?” Próximo. O próximo.
E a gente tem algumas análises, e essas
análises de custo-efetividade dão como fator de certeza que os distúrbios do
sono levam a consequências que a gente chama de comorbidades. E que os
distúrbios do sono são diagnosticáveis, tratáveis e, algumas vezes, curáveis.
Como é que a gente aborda isso? Como é
que a gente faz isso acontecer na população que realmente precisa desse
atendimento? Como é que a gente os aborda? Como é que a gente faz diagnóstico?
Como é que a gente trata? É justamente isso que a gente busca com essas
iniciativas. Próximo.
Saúde nas estradas. A gente vê que o
segundo maior problema de saúde pública no Brasil são os acidentes, e que esses
acidentes automobilísticos podem ter a ver com sonolência. Como é que a gente
vai tratar isso? Como é que a gente busca essa informação? Próximo.
Bom, e dentro, eu sou um dos que apoia
essa iniciativa, que é o Maio Amarelo. A gente tem
campanhas para dizer assim: “Não use o celular ao volante”. Velocidade, tem
radar; álcool, tem o bafômetro. E para o sono, o que a gente faz?
Então, a ideia é de realmente mostrar essa importância, a relevância disso. Próximo. Próximo. Próximo. O próximo. Já está acabando. E alguns estudos até mais antigos mostram que, com um dólar gasto para tratamento de apneia do sono em motoristas, nós iríamos ter uma redução de 3,5 quanto à questão do risco de acidente. Ou seja, paga, vale a pena, e a gente tem que cultuar isso.
Próximo. A nossa população está envelhecendo. A prevalência populacional, com o envelhecimento, de distúrbios do sono também aumenta significativamente. Então nós temos que estar muito atentos a esses números. O próximo. E a gente chega neste momento aqui, que é custo-efetividade: o que eu posso fazer para tratar?
Próximo. Apneia do sono: como são as terapias que a gente pode usar? O próximo. E como a gente necessita ter um grupo multidisciplinar para fazer isso acontecer?
Esse é um estudo extremamente importante mostrando que a gente gasta muito mais em liminares para fornecer equipamentos de tratamento, e essas liminares custam muito caro a todos nós. E se a gente instituísse a política pública para acesso à população desses equipamentos, provavelmente o custo seria muito mais baixo.
O próximo. Então essa foi a nossa ideia, de trazer a quem tem a possibilidade de nos escutar. E eu tenho que agradecer à deputada Clarice por ter nos ouvidos e ter dito assim: “Puxa, esse tópico é importante. Esse assunto realmente é importante à população. Vamos sentar juntos. O que a gente pode fazer para trabalhar nesse sentido?”
E aí a gente teve, então, o mérito de todo esse empenho, a criação da Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono. E a gente fez isso no dia 15 de março, que foi o Dia Mundial do Sono. O próximo. A gente tem aqueles todos que estiveram aqui para nos ajudar a mostrar toda essa importância. O próximo. E a gente fez uma foto com todos os envolvidos.
E o deputado Bruno nos ajudou e vem nos ajudando nisso. Então essa é uma iniciativa que a gente entende que também pode ser federal. E que a gente busca a possibilidade de mostrar isso em outros âmbitos que não, por e simplesmente, nessa situação de trazer mais oportunidades e envolver mais gente dentro dessa dinâmica. O próximo.
E a gente vê que o sono tem uma história muito recente, o sono tem muito pouco tempo de estudo. O próximo. E a gente vê que, mesmo assim, tem nomes que são extremamente importantes a se cultuar dentro daquilo que foi a história do sono. E, por isso, hoje vira uma data extremamente importante, porque a gente pode cultuar e trazer as pessoas que também contribuíram muito para que o sono acontecesse no Brasil. O próximo.
Então, tem-se uma história que a primeira certificação em sono nos Estados Unidos é de 2007. O próximo. E a gente tem aqui um histórico. Desde 1980, brasileiros indo para fora do Brasil para tentar realmente aprender sono, e depois as iniciativas aconteceram no Brasil. E essas iniciativas foram as que formaram médicos que realmente atuam em sono, e a gente tem aqui o exemplo de como isso é muito bem feito, de como isso realmente pode acontecer de uma forma adequada.
Em 2012, foi quando criamos os programas de residência médica em medicina do sono. O próximo. Então veja, em 2007, lá nos Estados Unidos; 2012, no Brasil. E a gente vê que a primeira certificação em medicina do sono aqui no Brasil foi em 2012. Próximo.
A gente tem todas essas especialidades
médicas envolvidas: a otorrino, a neuro, a pneumo, a psiquiatria, a clínica médica, a pediatria. E,
por iniciativa do professor Luciano Drager, a cardiologia acabou fazendo parte
desse grupo e trouxe um grupo imenso, importante, de médicos que atuam em
inúmeras áreas e que vão contribuir, sem dúvida alguma, para o desenvolvimento
do sono no Brasil.
A gente tem... E isso está em letras
minúsculas, mas o importante disso é mostrar que alguém que vai fazer sono, eu
tenho que aprender tudo aquilo que está escrito ali. Não é pouca coisa. É muita
coisa. E, por isso, a importância de ter grupos que formam as pessoas, que
tenham um padrão de formação e que tenham uma qualidade para isso acontecer.
Isso foi publicado em 2021. Então a
gente tem uma diretriz, uma matriz em competência para formação em sono. E essa
área de atuação em medicina dura um ano; são 2.880 horas. E nós temos poucos
centros no Brasil que fazem isso; são sete. E nós temos 22 vagas anuais para
isso acontecer.
A gente tem uma ideia do mapa do
Brasil. A gente vê que tem muito espaço para formação médica em medicina do
sono. E temos esses números: no Brasil inteiro, são praticamente 500 médicos e
especialistas em sono. É um número muito baixo. E a gente tem que divulgar e
aproveitar, inclusive, este momento para mostrar que essa difusão é necessária,
que precisamos de mais gente atuando dentro dessa área.
Temos alguns centros, infelizmente,
alguns estados, que não têm exames para diagnosticar quem tem essa doença. E
temos alguns outros locais que, mesmo sem o exame, tratam as pessoas. Mas olha
quanto isso é importante, em mostrar para o País inteiro essa necessidade, essa
demanda.
E temos algumas iniciativas enquanto leis,
ajudamos nessa aqui, e frente ao Conselho Federal de Medicina... O quanto é
importante a gente normatizar e mostrar que realmente sono pode ser praticado
de uma forma ética e adequada e seguindo normas.
E temos uma preocupação muitíssimo
grande, porque as pessoas associam sono a tomar algum tipo de remédio. E o
Brasil é um dos que mais vendem medicamentos para sono. E esses são familiares
daquilo que chamamos de faixa preta, então eles ganham uma importância muito
grande pela dependência que eles trazem em curtíssimo espaço de tempo.
E a gente fez algumas notas junto com a
ABMS. O Dr. Luciano teve uma contribuição extremamente importante em mostrar à
população quanto isso é importante, quanto tem novidade e quantas novidades têm
que ser trabalhadas de uma forma adequada, nível de evidência científica. E
tudo isso acontecendo.
E esse aqui é um link que dá para
passar para os deputados federais e senadores, para que eles possam realmente
assinar uma iniciativa que é do deputado Bruno, para que a gente possa fazer
também a Frente Federal em Prol da Saúde do Sono. E é isso que a gente espera
em pouco tempo, também em levar esse tema à Brasília.
Temos já em andamento um projeto de lei
que traz - por iniciativa do deputado Bruno - a ideia de que haja a necessidade
de haver uma prescrição médica para o uso de equipamentos de CPAP. Por incrível
que pareça, no Brasil isso não é exigido, e entendemos que isso faz com que o
tratamento não dê certo.
E fizemos algumas iniciativas, até
junto à Anvisa, para justamente mostrar junto ao CFM quanto isso é importante.
Eles entenderam e disseram que, realmente, isso vai acontecer em muito pouco
tempo.
Então, depois de falar tanto, eu tenho
que falar que é uma honra de trazer Amigos do Sono para esta sessão, que foram
aqueles que contribuíram de uma forma extremamente significativa, importante,
para estarmos neste momento, que temos a oportunidade de celebrar. O próximo.
Tem mais poucos slides, mas aí é só para mostrar algumas fotos. A professora
Dalva é médica neurologista, especialista em medicina do sono pela Associação
Médica Brasileira.
Ela fez doutorado pela Universidade
Federal de São Paulo; tem uma formação em medicina pela Stanford University, na
Califórnia; participou ativamente da criação da disciplina de medicina e
biologia do sono no Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de
São Paulo, que foi a que iniciou a formação dos médicos aqui no Brasil sobre
essa área.
Teve mais de 500 médicos que ela
formou, e ela realmente nos representa ativamente em vários locais, mundo
afora. Ela tem um papel extremamente importante na World Sleep
Society e ela faz parte de consensos, publicações.
É extremamente ativa em aulas e agrega,
extremamente, muito dentro daquilo que é o sono. E, junto ao professor Sergio
Tufik, foi uma das organizadoras do primeiro Congresso Mundial de Sono, que aconteceu
no Brasil no ano de 2009.
Veja. Em 2009, o Brasil trouxe,
organizou aqui e trouxe especialistas do mundo inteiro, e foram eles que
organizaram isso. Ela é membro, então, de uma força internacional que faz com
que a saúde do sono seja focada mundo afora. Tem mais de 130 publicações
internacionais e é ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono.
Tem dois slides ali. Um, da foto aqui,
mostra tudo isso que eu li, resumidamente ainda. E temos aqui um histórico dos
que antecederam a mim nesse cargo que hoje eu ocupo. E a Dra. Dalva foi uma das
que me antecedeu aqui. Então toda essa história é extremamente importante em
ser mostrada. Próximo.
O professor Luciano Drager é professor
associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP; o
atual presidente da Associação Brasileira do Sono.
Ele é um cardiologista; tem doutorado
pela USP em 2007; pós-doutorado pela Johns Hopkins University, nos Estados
Unidos; é livre-docente pelo Departamento de Cardiopneumo;
e é bolsista de produtividade em pesquisa 1B do CNPq. Atividades de pesquisa
desde 2003, com várias publicações, com vários prêmios e com várias lideranças
em mostrar a importância do sono no Brasil.
Atualmente ele tem atuado para,
justamente, mostrar essa relevância do sono. E conseguiu trazer uma
especialidade significativa, a que ele faz parte para compor tudo aquilo que o
sono pode realmente atuar e nos trazer enquanto impacto.
O Dr. Luciano esteve envolvido também
nas gestões anteriores da ABMS e, atualmente, na ABS, tem contribuído de uma
forma relevante para que a gente possa somar esforços para fazer as coisas
realmente acontecerem, de uma forma mais ampla e de uma forma mais
significativa para todos nós. Próximo.
Então aí estão todos os dados que eu
li, de uma forma breve. Porque se não, era muita coisa. Próximo. E o professor
Sergio Tufik, formado médico em 1972; fez mestrado em Fisiologia em 1976;
doutorado em 1978; ele é professor titular do Departamento de Psicobiologia da
Escola Paulista de Medicina. Ele é fundador da Associação Brasileira do Sono, é
presidente da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa; teve cargos
administrativos importantes, como vice-reitor de administração da Unifesp.
O professor Sergio tem 1.549
publicações em sono. Hoje, é o recordista mundial dessas publicações. Isso faz
com que a relevância do Brasil, em realmente ocupar um espaço dentro daquilo
que é a produção científica em sono, tornou-nos uma referência para isso
acontecer. Dez livros publicados, 81 capítulos de livros, 32 teses de mestrado,
38 teses de doutorado, 15 supervisões de pós-doutorado.
Então, a fundação da Sociedade
Brasileira do Sono foi anterior a esse momento, mas ter se tornado uma
estrutura tão pujante quanto a gente tem hoje em dia realmente veio depois que
o professor Sergio assumiu esse espaço.
A gente tem aí alguns detalhes de como
ele trouxe, de como ele fez isso acontecer. E a gente tem alguns dados do
Instituto do Sono, a questão de pioneirismo, de quantos leitos de sono existem,
atuais. Eu lembro de alguns números que me deixavam assustado, porque tinha
países que não tinham o mesmo número de leitos que o professor Sergio organizou
dentro de uma instituição, dentro do Brasil.
Então, isso é um mérito fantástico e
faz com que a gente fique orgulhoso de ter a oportunidade de conviver, aprender
e de homenageá-lo neste dia. Então, nessa linha do tempo, fica muito claro o
quanto de contribuição realmente aconteceu desde 78, quando ele foi estudar
sono e publicou uma tese, até os dias atuais.
Eu realmente fico até emocionado por
estar, neste momento, homenageando e trazendo quem realmente... É lógico que
tem muitos outros, mas aqueles que eu sinto como expoentes e que fazem com que
a gente fique cada vez mais animados, dedicados e que a gente possa se espelhar
em grandes mestres para que a gente possa fazer o acontecimento, daqui em
diante, ser melhor do que a gente teve inicialmente, que a gente possa aprender
e mostrar isso de uma forma muito mais ampla.
Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Doutor, esses
estudos e iniciativas são muito recentes ainda, não é?
O
SR. EDILSON ZANCANELLA - A senhora sabe que a
história que a gente tem da medicina do sono é muito curta. A gente descobriu
elementos importantes no sono nos anos 1950.
Então, tem muito a se descobrir, tem
muito a se desvendar, e é isso que a gente entende enquanto necessário, porque
vai desde a pesquisa básica, aquilo que é mostrar por que o sono realmente
acontece, até melhores métodos para diagnosticar e como tratar.
Então, é um campo extremamente aberto a
isso tudo.
A
SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - É a parte mais
difícil, né? Como tratar.
O
SR. EDILSON ZANCANELLA - É. E o que a gente
vê... Eu fico sempre buscando tentar entender por que alguém, em algum momento
longínquo, falou assim: “Eu vou estudar isso aqui. Eu vou buscar informações
disso e vou me empenhar para fazer isso acontecer”.
Então, eu tenho essa curiosidade de
tentar entender o que é que motiva o ser humano a fazer algumas iniciativas. O
sono é uma delas, porque é um campo vastíssimo para se desenvolver e está na
vida de todo mundo. A gente dorme todas as noites e a gente sabe muito pouco do
que significa isso.
A
SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Nós,
enquanto população, agradecemos imensamente ao senhor e a esses seus ilustres
homenageados, porque vocês estão trabalhando por isso. A gente tem certeza que,
em breve, nós teremos grandes avanços nessa parte, não é, doutor?
O
SR. EDILSON ZANCANELLA - É o que a gente
espera. O apoio que a senhora trouxe, tão claro e de forma tão brilhante, fez
com que essa perspectiva de trazer à população que ainda tem demandas imensas,
como a gente viu naqueles mapas anteriores... Tem alguns estados que não tem
isso disponível.
Sei que estamos dentro do estado de São
Paulo, que tem uma iniciativa muito grande, mas, mesmo no próprio estado, tem
locais que não ofertam esses exames que a gente precisa, e nem tem médicos
ainda formados para poderem atuar de forma mais adequada nisso.
Então, essa iniciativa é extremamente
importante, um marco, realmente, dentro daquilo que é a história do sono no
Brasil.
A
SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Nós
agradecemos bastante a vocês sobre isso.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Eu gostaria de
registrar a presença da Simone Valente, editora da “Revista do Sono”. Gostaria
de... Agora, assistiremos a um vídeo institucional da Associação Brasileira de
Medicina do Sono.
*
* *
- É exibido o vídeo.
*
* *
O
SR. EDILSON ZANCANELLA - É um vídeo curto no
qual nós vamos mostrar um pouco da história que a gente tem em formação de
medicina do sono. Eventos que foram feitos até durante a pandemia, mas que
podem, realmente, agregar às pessoas e mostrar que o sono é cultuado de uma
forma clara, objetiva.
A gente faz eventos científicos
justamente para mostrar isso, como a gente pode fazer campanhas de
conscientização que buscam mostrar, todo o ano, que tem gente que também dorme
do outro lado, e esses que também dormem precisam de ações para que a qualidade
do sono seja mais adequada.
Então, são essas iniciativas que a
gente gostaria de mostrar e dizer que a gente precisa de apoio, precisa de mais
gente para trabalhar junto, e que a gente tem a oportunidade de transformar
isso em algo que seja melhor para a população. É isso que nos traz alegria em
fazer.
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos para virem
à frente os membros da Mesa Diretora, juntamente com os homenageados, para a
entrega da menção honrosa aos Amigos do Sono.
A deputada Clarice Ganem, juntamente
com o Dr. Edilson Zancanella, gostaria de homenagear a Dra. Dalva Poyares, que
vem acompanhada do seu esposo André e do Diogo, seu filho. (Palmas.) Diogo, se
você quiser ficar com os seus pais. Por favor.
*
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- É entregue a homenagem.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de chamar o
Dr. Luciano Drager para ser homenageado pela deputada e pelo Dr. Zancanella.
(Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido o Prof. Dr.
Sergio Tufik para receber a homenagem da deputada Clarice Ganem e do Dr.
Zancanella. (Palmas.)
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- É entregue a homenagem.
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A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido os outros
homenageados, Dra. Dalva e Luciana, que se juntem para a gente fazer a foto.
Convido a Mesa para retornar aos seus lugares, os convidados também. Eu
gostaria de passar a palavra para os homenageados. Dra. Dalva Poyares.
A SRA. DALVA POYARES - Muito bom dia.
Estou muito feliz por estar aqui. Agradeço imensamente à estimada deputada
Clarice Ganem; ao nosso querido amigo Dr. Edilson Zancanella, presidente da
Associação Brasileira de Medicina do Sono. Muita honra por estar com meu
mentor, um pioneiro nessa área, que é o Prof. Sergio Tufik; e o meu querido
amigo, nosso atual presidente da Associação Brasileira de Sono, Luciano Drager.
Minha homenagem para vocês também.
Gostaria de
dizer que essa força-tarefa no Brasil... O Brasil representa um marco na
medicina do sono, conforme nosso amigo Zancanella acabou de descrever. E nesse
cenário, nós temos que colocar isso no mundo.
Então, eu e o
Zancanella, como parte dessa força-tarefa, estaremos empenhados junto à
Associação Brasileira do Sono, Associação Brasileira de Medicina do Sono e à
World Sleep Society, Associação Mundial de Sono, numa
força-tarefa para colocar o sono como um pilar da saúde junto à Organização
Mundial de Saúde. Essa é a nossa meta agora, para além do Brasil.
Muito obrigada
pela homenagem. (Palmas.)
A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido
o Dr. Luciano Drager para proferir as suas palavras de homenagem.
O SR. LUCIANO FERREIRA DRAGER - Bom
dia a todos e todas. É com imensa alegria e satisfação que nós estamos aqui
hoje nesta menção, nesta homenagem capitaneada pela deputada estadual Clarice
Ganem, a qual agradeço muito o seu empenho; ao Dr. Edilson Zancanella,
presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, que também tem
capitaneado muito essa frente parlamentar; à Marcela Sala, pela sua assessoria jurídica.
Aliás, fiquei muito impressionado com você no evento anterior, vendo,
realmente, as suas ideias na colocação, no crescimento.
É muito
satisfatório para mim estar aqui hoje sendo homenageado frente a tantos e
recebo isso com muita humildade, em paralelo ao professor Sergio Tufik, que
realmente é um visionário na área do sono e que a gente se espelha muito; a
professora Dalva Poyares, uma amiga, realmente, de grande convivência e muito
aprendizado.
Nós dedicamos
muitos anos no estudo do sono, na formação de pessoas, na geração de
conhecimentos, foi aqui muito bem colocado, que certamente compõem um pilar que
a gente entende do conhecimento.
E o Brasil, já
foi aqui falado, para a nossa alegria, tem se destacado no mundo do sono com
bastante pujança em termos da qualidade, da quantidade de publicações, na
presença nos congressos nacionais e internacionais, e cada vez mais ampliando a
nossa participação em outros congressos de outras áreas. Isso de forma
multidisciplinar, sempre, mas também envolvendo outras áreas médicas, como aqui
foi mencionada a Cardiologia.
Se nós falarmos
que um terço da nossa vida é passado no sono, talvez hoje um quarto, cada vez
mais nós estamos roubando o sono frente às inúmeras demandas da nossa
sociedade, frente ao estímulos visuais, frente aos problemas do dia a dia,
frente, obviamente, a transtornos de humor , etc. e que têm limitado e
prejudicado a qualidade do nosso sono.
Olha a
quantidade de repercussões, também, mostradas pelo Dr. Edilson Zancanella.
Então isso mais do que justifica que as universidades, as pessoas que lidam com
o sono, estreita em parcerias com o poder público, com forças como essa, com
atitudes como essa, que essa frente parlamentar de melhorar a qualidade de
saúde do sono do brasileiro possa estreitar e trazer benefícios.
Eu acredito
piamente que não adianta nada nós fazermos pesquisas se essa pesquisa não
atinge na ponta, não chega nas pessoas que tem que chegar, melhorando a
qualidade do sono. Eu acho que é para isso que a gente faz pesquisas.
E eu tenho,
como presidente atual da Associação Brasileira do Sono, lutado em diferentes
frentes, também, para mover e continuar o trabalho feito por antecedentes, para
ampliar a nossa capacitação, aumentar o número de profissionais das diferentes
áreas que compõem o sono.
No interesse de
dedicação, nós precisamos de mais profissionais qualificados e capacitados. Foi,
aqui, mostrado a área médica, mas as outras áreas também carecem de bons
profissionais, para que a gente possa promover.
E cada vez
mais, com muito orgulho, nós temos ações como a Semana do Sono atingindo a
população, falando em uma linguagem clara, melhorando a qualidade de vida. E,
certamente, as pesquisas também vão contribuir para novas terapêuticas, novos
avanços nesse sentido.
A Sociedade
Brasileira do Sono, eu aqui falo em nome da diretoria, tem se empenhado muito
também em promover ações como o CPAP Solidário - e aqui eu peço a homenagem ao
Dr. Pedro Genta, coordenador geral desse evento -
onde nós lançamos essa proposta de doação de equipamento para que uma pessoa
que tenha uma apneia do sono, por exemplo, e não esteja sendo tratada possa
receber esse equipamento.
Então nós
começamos isso como um projeto embrionário. Já temos 50 doações de CPAPs
promovidas pelas empresas que estão doando o equipamento, e nós estamos,
através de um aplicativo, fornecendo, na mesma cidade, um projeto piloto para
aumentar o acesso.
Nós estamos
desenvolvendo pesquisas que mostram a importância, dentro do que o Dr. Edilson
Zancanella falou, do nosso tempo de espera, da nossa peregrinação do nosso
paciente para chegar a um diagnóstico, a um tratamento adequado.
Nós precisamos
aumentar, também o nosso arsenal terapêutico para tratamentos como insônia,
narcolepsia, entre tantas outras doenças.
Eu finalizo aqui a minha fala, na
verdade, dizendo que se hoje eu fui reconhecido, certamente é o trabalho de
muitas pessoas, a começar pela minha família que está aqui representada pela
minha esposa, Tatiana Galvão, e meus filhos; aos meus alunos, que abrilhantam
comigo e fazem parte da minha história, das pesquisas que eu trilho; aos meus
mentores, desde o Dr. Geraldo Lorenzi; professor Eduardo Krieger, meu
orientador; professor Seva Polotsky, na Johns Hopkins University; e a tantos
pesquisadores que eu tenho aqui uma colaboração e uma autoestima nesse sentido.
Deputada Clarice, Dr. Edilson, Marcela,
nós ficamos realmente lisonjeados com essa homenagem, e isso só nos instiga e
nos motiva a fazer cada vez mais para o sono dos nossos brasileiros.
Muito obrigado. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de convidar
o professor Dr. Sergio Tufik para as suas palavras.
O
SR. SERGIO TUFIK - Bom dia a todos. Eu queria
primeiro dizer que estou impressionado de ter a deputada interessada nesse sono,
sua colega Marcela trabalhando e parabenizar o Edilson por todo este evento.
Eu estou impressionado, Clarice, porque
eu tenho algum tempo já nessa área, e a primeira vez que eu fui trabalhar nisso
foi em cima de um produto que era muito importante. Porque a grande revolução
do sono foi quando apareceu a polissonografia, porque antes disso ninguém sabia
como diagnosticar, medir... Você ia fazer o quê? Ficar olhando o jeito de
dormir? Não era possível você ter alguma coisa...
E a polissonografia foi o grande
acontecimento e foi a primeira coisa que eu tentei colocar... Isso foi na
década de 90, quando o Serra era ministro. E eu consegui colocar no SUS o exame
de polissonografia. Nós trabalhamos em cima disso e, realmente, foi muito
importante.
Não funciona em nada hoje, porque o
preço era de 100 reais, não paga nem a hotelaria, e se tivesse residência e
pós-doação dava uns 300, que na época até era possível, mas como nunca mais
reajustou em 30 e poucos anos, não é possível hoje. Mas foi a primeira atuação
que eu tive buscando no setor público, realmente, esse acontecimento.
O segundo foi que, realmente, nós
nunca... Na nossa universidade não tinha departamento de sono, disciplina de
sono. Então isso foi nascendo agora, há pouco tempo. Mas quando eu comecei, na
década de 78, vocês viram aí, a situação era muito precária. Inclusive não
tinha nada.
A primeira classificação de estudo de
sono foi em 79, e o primeiro Congresso Americano de Medicina do Sono foi junto
com o nosso aqui, em 86. Então foi uma coisa muito interessante que os
brasileiros, junto com os americanos, nós conseguimos junto com eles fazer o
primeiro Congresso de Sono.
Então essa história do sono, realmente,
aqui no Brasil, foi muito dependente da polissonografia, que nós... Eu, desde o
início, quando eu vi aquele... Que o Edilson falou, dois a quatro por cento de
apneia, eu sempre desconfiei que não era, porque tinha muito apneico, gente, na
prática.
Mas eu só consegui fazer isso em 2007,
quando nós construímos o nosso Instituto do Sono, com 80 leitos, e aí nós
conseguimos trazer uma amostra representativa da população, de mais de mil
pessoas para fazer polissonografia, tirar sangue, ver DNA, RNA. Aí sim nós
conseguimos um trabalho robusto para mostrar realmente para o mundo que um
terço da população tem apneia.
Então isso é gravíssimo. Quer dizer, os
últimos que a gente conseguiu em aderência foram os cardiologistas. Eles não
acreditavam, de jeito nenhum, que a apneia teria alguma influência na parte
cardiovascular. Mas quando vieram também, vieram em peso.
No último... No congresso de 2009, nós
tivemos que fazer duas, três salas de cardiologistas porque aí eles vieram para
valer mesmo. Mas era importante, porque a principal consequência é
cardiovascular - na questão da apneia. Mas, de qualquer jeito, tudo isso foi
importante, porque nada é mais importante na homeostase - e que a gente gaste
mais tempo para fazer homeostase -, do que o sono.
Então o meu colega falou agora em dois
terços. Estamos diminuindo para um quarto, não é isso? Mas... Bom, tem a turma
que dorme bastante, tem a turma... Mas o que está
acontecendo, na verdade, é que tem que entender a importância do sono na nossa
homeostase. Isso que a população não entende muito bem.
Muitos até me perguntam: “Dá para
dormir menos? Porque eu quero viver mais”. Entendeu? Assim, tudo bem, até dá
para dormir menos, mas você tem um custo muito grande em doenças, em tudo o que
o Edilson mostrou aí. Então uma parte importante disso é passar isso para as
pessoas.
Então a sua iniciativa é fundamental. É
o primeiro agente público que eu vejo... Teve uma deputada também, lá em Minas
Gerais, que foi uma vez... Ela propôs que - acho que era federal - todas as
cartas “D” e “E” fizessem polissonografia. Porque boa parte do que o Edilson
mostrou, dos acidentes e das... (Inaudível.) Cinquenta mil mortes por ano, é
distúrbio de sono.
O cara dorme no motor e atropela meio
mundo. Quando você vê um caminhão passando de uma pista para a outra é porque
dormiu. Aí o desastre é total, não é? Nós conseguimos incluir na lei dos exames
médicos para motorista. Não dava para fazer todos, porque, imagine, são dois
milhões.
Nós tínhamos a possibilidade de fazer
100 mil polissonografias por ano. Não dá para fazer de dois milhões de
motoristas, o que a deputada, na época, propôs. Então o que a gente conseguiu é
colocar na lei uma possibilidade que a gente medisse. Mas que não funciona
também, não é? Como, no Brasil, boas coisas não funcionam, isso não funciona.
Eu até renovei minha carta agora.
Fiquei até irritado porque só me deram três anos; a minha idade não permite ter
mais do que três anos de carta. Eu perguntei para o médico: “Vocês não estão
vendo apneia não?” “Não, ninguém está vendo”.
Então tem na lei, ninguém vê e fica por
isso mesmo. Mas é o grande problema que nós temos no País, em termos de morte,
pelo menos, assim, em acidentes, é o sono, é dormir na direção.
Sempre quando eu faço alguma palestra,
eu pergunto: “Quantos dormiram alguma vez na direção, que deram uma apagada?” E
se eu perguntar aqui? Quantos já dormiram? Levantem a mão. Quantos já tiveram
um pequeno cochilo na direção? Levantem a mão, por favor.
Olha, você viu a quantidade? Esses são
os vivos, está certo? Porque boa parte de quem teve isso morreu. Morreu. Então,
eu diria que nós temos que tomar alguma providência pública, não é?
Nós começamos a ver a questão do CPAP
na época que o Barradas era secretário de Saúde de São Paulo. Formamos um grupo
que estava tudo... Ele morreu, morreu o negócio com ele e nada foi para frente.
Porque nós precisamos ter diagnóstico.
A prefeitura até nos procurou agora
para fazer exame, tem uns 20 mil pedidos de exames aí. Como é que vai se fazer
isso? Quer dizer, o SUS não tem estrutura e nem paga para isso. Quem faz, faz
por idealismo. Idealismo porque não tem uma estrutura social para isso.
E tratamento? Você faz, tudo bem,
diagnosticou. Você tem uma tremenda apneia, 50 apneias por hora, e aí não tem o
CPAP, porque o sistema público também não fornece o CPAP. Então essa iniciativa
que o Drager falou de doações e tal, nós precisamos de milhões de CPAPs, essa é
a verdade.
Então, eu acho que a sociedade, de
alguma maneira, tem que ver que isto é muito importante. Primeiro, as
faculdades começarem a ensinar, em todas as faculdades, porque não tem em todas
as faculdades. Sono é um terço da nossa vida e temos que fazê-lo bem feito,
porque, se não fizer, nós vamos ter muitas deficiências.
Eu trabalhei com privação de sono.
Privação de sono detona tudo, todos os sistemas que nós temos no nosso corpo.
Se for privado de sono, a desgraça é total, em todos os trabalhos que a gente
vê, em qualquer sistema.
O sistema neural, que eu comecei, foi o
meu primeiro trabalho em 1978, neurotransmissão, depois endócrino, gástrico, cardio, tudo tem problemas. O sistema imunológico é o pior
deles, porque privação de sono dá imunossupressão. E aí você pega qualquer coisa
e qualquer negócio, porque aí você fica realmente indefenso.
Então, parabéns, Clarice, fiquei super
emocionado. Parabéns, Marcela e Edilson, por terem feito isso. Eu sou um dos
dinossauros que começou tudo isso, desde a fundação da Associação de Sono,
desde o primeiro, de pôr a polissonografia, e depois essa lei também que não
funciona para os motoristas, pelo menos de carta “D” e “E”, que são os que mais
matam. Mas tudo isso eu acho que pode trazer uma grande evolução para todos nós
e poupar muitas vidas.
Muito obrigado. Parabéns pela
iniciativa. (Palmas.)
A
SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passamos a palavra
para a deputada Clarice Ganem, para que proceda ao encerramento desta sessão.
A
SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Gente, quando
nós tivemos a nossa frente parlamentar, realmente, eu fiquei impressionada com
as pesquisas e as estatísticas que vocês, os nossos ilustres convidados,
trouxeram na época, principalmente com relação ao acidente de trânsito com
caminhões.
Os motoristas profissionais que não
podem... Esses exames que vocês sugeriram, se eles fizerem... Eles têm que
seguir um horário e eles não seguem, porque senão eles vão perder dinheiro,
porque cada hora trabalhada significa o ganha-pão deles, então eles vão levando
isso. E não só eles sofrem o acidente, como eles levam pessoas, carros, a
participarem desse acidente e morre muita gente, realmente, por causa dessa
privação do sono.
Então todos nós temos muito a agradecer
a vocês que fazem esses estudos, inclusive mundialmente, e trazem resoluções
que são viáveis, às vezes nem tanto, mas vamos chegar lá.
E, como não podia deixar de ser, eu
queria agradecer muito ao Dr. Zancanella, que foi o idealizador dessa frente
parlamentar que nós fizemos. Ele foi o nosso mentor, ele também merece a nossa
homenagem, então eu gostaria de agradecer. (Palmas.)
Bom, agora, gente, esgotado o objeto da
presente sessão, eu agradeço a todos os envolvidos na realização desta
solenidade, assim como agradeço a presença de todos. E como eu brinquei na outra,
na frente parlamentar, espero que vocês todos tenham hoje uma ótima noite de
sono.
Esta sessão está encerrada, esta sessão
solene.
Bom dia a todos. (Palmas.)
*
* *
- Encerra-se a sessão às 11 horas e 44
minutos.
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