18 DE NOVEMBRO DE 2024

77ª SESSÃO SOLENE PARA PREMIAÇÃO DAS INICIATIVAS POSITIVAS PARA A SAÚDE DO SONO

        

Presidência: CLARICE GANEM

        

RESUMO

        

1 - CLARICE GANEM

Assume a Presidência e abre a sessão às 10h41min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Nomeia as autoridades presentes. Convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

        

3 - PRESIDENTE CLARICE GANEM

Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, para realizar a "Premiação das iniciativas positivas para a saúde do sono", por solicitação desta deputada, na direção dos trabalhos. Destaca a importância do sono para a qualidade de vida. Dá conhecimento de estatísticas segundo as quais grande parte da população brasileira dorme mal. Menciona ações do seu mandato que dizem respeito a essa área.

        

4 - MARCELA SALA

Assessora jurídica da deputada Clarice Ganem, faz pronunciamento.

        

5 - EDILSON ZANCANELLA

Presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono - ABMS, faz pronunciamento.

        

6 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a exibição de vídeo institucional da Associação Brasileira de Medicina do Sono - ABMS. Anuncia a entrega de menção honrosa à Dra. Dalva Poyares e aos Drs. Luciano Drager e Sergio Tufik, por suas iniciativas na área da saúde do sono.

        

7 - DALVA POYARES

Neurologista e professora da Universidade Federal de São Paulo, faz pronunciamento.

        

8 - LUCIANO FERREIRA DRAGER

Cardiologista e professor da Universidade de São Paulo, faz pronunciamento.

        

9 - SERGIO TUFIK

Médico do sono e professor da Universidade Federal de São Paulo, faz pronunciamento.

        

10 - PRESIDENTE CLARICE GANEM

Reitera a necessidade de conscientizar a população acerca da importância do sono para a saúde. Presta homenagem, com a entrega de menção honrosa, ao Dr. Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono - ABMS. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 11h44min.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão a Sra. Clarice Ganem.

 

* * *

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Senhoras e senhores, bom dia. Nossa, eu gostaria de um bom dia.

 

TODOS - Bom dia!

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigada. Sejam todos bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de “Homenagear as iniciativas positivas para a saúde do sono”. Comunicamos aos presentes que esta solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal do YouTube.

Convido para que componham a Mesa Diretora: a deputada estadual Clarice Ganem, presidente e proponente desta sessão solene (Palmas.); o Dr. Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, ABMS (Palmas.); a Dra. Marcela Sala, assessora jurídica da deputada estadual Clarice Ganem. (Palmas.) Eu gostaria de agradecer a presença de todos, mais uma vez, e da Sra. Tânia Noquelli, vice-presidente comercial; Roberta Siufi Rizzo - desculpe a entonação aqui -, presidente das Pessoas Operacionais; César Augusto de Almeida, diretor de administração da Associação Brasileira do Sono.

Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra para a deputada Clarice Ganem, para que proceda à abertura desta sessão solene.

 

A SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Abertura da sessão solene. Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo a minha solicitação, com a finalidade de “Premiar as Iniciativas Positivas para a Saúde do Sono”.

Em 11 de dezembro de 2023, eu criei e coordenei a Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono. Ela foi apoiada por 27 deputados desta Casa. Neste ano de 2024, o Dia Mundial da Saúde do Sono foi comemorado no dia 15 de março. É celebrado sempre na sexta-feira anterior ao início da primavera no hemisfério norte. Por isso, fizemos essa frente parlamentar nesse dia, 15 de março.

E apresentamos também, nesse dia, projetos de lei que instituem o Dia Estadual da Saúde do Sono e mais dois projetos. Será celebrada anualmente, essa data, na terceira sexta-feira do mês de março, para coincidirem as datas. O nosso projeto também prevê várias diretrizes.

Resumidamente: campanhas de conscientização sobre a importância do sono adequado para a saúde e o bem-estar, destacando os riscos associados à privação do sono e distúrbios do sono.

Segundo pesquisas, 66% dos brasileiros dormem mal, dentre esses, as mulheres são as mais afetadas, podendo ter um sono 10% pior que os homens. Uma noite mal dormida pode afetar muito a vida das pessoas, podendo resultar em falta de concentração durante o dia, irritabilidade, doenças ocasionadas pela má qualidade do sono, sem contar acidentes de trânsito e de trabalho.

Infelizmente, nós não damos o devido valor à qualidade do sono, simplesmente achamos natural termos insônia. Na ocasião, nós recebemos na Frente Parlamentar vários convidados ilustres da área médica e científica, que abordaram esse tema tão importante quanto a qualidade do sono.

Agora eu vou passar a palavra para a Dra.  Marcela, que é minha assessora jurídica, para ela explicar sobre os projetos que nós criamos na Frente Parlamentar.

 

A SRA. MARCELA SALA - Bom dia. Bom, como a deputada falou, a nossa primeira iniciativa coincidiu com a abertura, com a inauguração da Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono, que nós realizamos aqui na Assembleia no dia 15 de março.

E nesse dia, além da abertura da Frente Parlamentar, nós também protocolizamos esse projeto de lei para instituir o Dia Estadual da Saúde do Sono, com essas diretrizes. A gente quis usar a data para ter um marco comemorativo, para ter uma concentração de atenção sobre esse assunto em um dia específico no calendário.

E aí colocamos esses pontos, que nós entendemos importantes, para que o dia não seja só uma data, para que ele também tenha algum conteúdo, para que ele também tenha pontos de atenção, para que o Poder Público possa instituir políticas públicas, para que as empresas possam dar atenção para isso em relação aos seus funcionários, para que as escolas possam ensinar isso aos alunos, para que os alunos possam levar esses conhecimentos para suas casas e assim por diante. Para que a população em geral tome consciência sobre a importância de ter um sono regular, um sono que seja realmente reparador.

E aí, quando a gente começou a tratar desses assuntos, o Dr. Edilson nos trouxe várias demandas, desde questões problemáticas com diagnóstico, acesso ao diagnóstico, acesso a tratamento.

Tudo isso são coisas que a gente, aqui no Legislativo, não consegue executar diretamente, mas a gente leva essas demandas para o Executivo. A gente cria projetos de lei na intenção de trazer luz para esse assunto, para a gente tentar conseguir avançar em políticas públicas. Aquilo que estiver ao nosso alcance, a gente se propôs a fazer.

E aí, a partir desse projeto do Dia Estadual da Saúde do Sono, nós criamos alguns outros e eu vou colocar aqui para vocês. O selo Amigo do Sono, que a gente fez um projeto de lei para que as iniciativas positivas voltadas à saúde do sono fossem devidamente reconhecidas.

Esse selo ainda não foi instituído, esse projeto de lei ainda está caminhando, ele está na primeira comissão, a Comissão de Justiça e Redação. Mas ele vai poder ser outorgado para escolas, universidades, estabelecimentos de Saúde, empresas, órgãos públicos, enfim, todos aqueles que criarem alguma iniciativa, que desenvolverem alguma iniciativa que seja positiva para promover a saúde do sono estão aptos a receberem esse selo.

E aí, enfim, o contemplado vai poder usar esse selo em campanhas publicitárias, ou de qualquer outra maneira que entenda necessário para divulgar essa iniciativa. Então, a gente tem esse projeto. Ele vai poder ser outorgado para qualquer pessoa que desenvolva esse tipo de iniciativa, nos termos que está no projeto. É claro que vai ter uma comissão julgadora para avaliar essas iniciativas.

Enfim, a gente não conseguiu fazer esse projeto ser aprovado ainda nesse ano. Por isso criamos esta sessão solene...

Nós pensamos: “Já que não conseguimos fazer esse projeto se transformar em lei ainda nesse ano, então nós vamos criar nós mesmos aqui, pela frente parlamentar coordenada pela deputada, uma sessão solene para a gente poder já começar a reconhecer as iniciativas positivas. Não vamos esperar a lei, vamos nós mesmos começar a trabalhar por isso”.

Então, nós chamamos hoje a sessão solene para isso, para que os primeiros pudessem já começar a ser reconhecidos. E aí, no próximo ano, a gente consegue fazer isso com mais corpo, com mais presença de mais iniciativas.

E também fizemos, por recomendação do Dr. Edilson, o Dia Estadual da Hipersonia. No dia em que nós fizemos a abertura da frente parlamentar, nós recebemos grupos de pessoas que, enfim, tinham problemas, doenças do sono, entre elas a hipersonia.

A gente se aprofundou um pouco mais no assunto e criamos o projeto de lei para instituir o Dia Estadual da Hipersonia, para conscientizar sobre a existência dessa doença, para que as pessoas saibam que existem algumas doenças relacionadas a isso, para que elas possam procurar atendimento, possam procurar tratamentos, sempre com os profissionais adequados, que são os médicos especialistas em saúde do sono.

Então, são esses os projetos que a gente tem até o momento. A gente fica aberto para receber mais sugestões e, sempre que possível, por via legislativa, a gente está à disposição para trabalhar em mais iniciativas.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos para fazer o uso da palavra o membro desta Mesa Diretora, Dr. Edilson Zancanella.

 

O SR. EDILSON ZANCANELLA - Bom dia a todos. Bom dia, deputada Clarice. Eu fico muito feliz e honrado por estar nesta sessão. Nós temos aí alguns meses - e até acho que já um ano -, dentro daquilo que a gente vem discutindo sobre a importância do sono. E este momento é um momento muito especial, onde a gente tem a possibilidade de estar dentro desta Casa, trazendo nomes que significam relevância, importância para aquilo que a gente tem em Medicina do Sono.

Então, eu me sinto honrado por esta oportunidade de trazer, neste momento, a possibilidade de fazer uma distinção a esses que tanto fizeram e que, portanto, nos ensinaram e fizeram a Medicina do Sono do Brasil ser hoje reconhecida mundialmente. Então, esse é um tópico que vale muito a pena a gente explorar um pouco mais. Eu tenho alguns slides - quando a gente é professor, a gente não deixa de mostrar alguns dos slides.

Então, nós temos esse selo, que foi um selo criado, e isso é uma logomarca, dos Amigos do Sono. E a gente entende que essa é uma iniciativa que vai poder realmente agregar muito às pessoas, que vai fazer com que a gente possa somar oportunidades e fazer com que tudo aquilo que aqueles que tenham o intuito de melhorar o discernimento, de melhorar a qualidade e trazer a informação às pessoas sobre sono passam a cultuar e passam a ter a possibilidade de ter uma distinção. Então, o Amigos do Sono é para isso.

Então, hoje, nesta data, a gente vem aqui justamente para fazer uma homenagem. E a ideia da data de hoje é realmente fazer uma homenagem, porque a gente sabe que o sono tem uma importância significativa em tudo aquilo que é o funcionamento do organismo.

E que, quando a gente dorme mal, várias coisas acontecem. A memória fica muito alterada, o cognitivo, o humor, tem sono ao longo do dia. E a gente sabe que vários outros impactos no funcionamento do organismo também acontecem.

Então, liberação de insulina, cortisol, aumento de doenças inflamatórias. E a gente sabe que os distúrbios do sono são realmente impactantes na vida de todo mundo. A comorbidade, o risco de acidentes e os altos custos associados à saúde são o que faz com que a gente tenha que buscar alternativas para diminuir esses impactos. O próximo.

E a gente sabe que é uma temática realmente significativa em saúde pública. E por isso que a gente se aproximou de quem realmente nos ouviu para trazer essa iniciativa para a saúde pública.

Como é que a gente pode mobilizar realmente as pessoas aqui para que a saúde pública possa aparecer. Então, dentro daquilo que a gente tem que abordar, temos aí a insônia, que realmente tem sintomas frequentes. E a gente tem vários estudos mostrando... Passa mais um clique, por favor.

E a gente vê que, dos nomes que eu vou homenagear hoje, vocês vão ver que são os que publicaram a grande maioria desses estudos. E são esses estudos que realmente nos balizam a mostrar que realmente sono é importante e quanto eles realmente buscaram essa informação na população e nos trazem com todos esses detalhes para dizer assim: “Prestem atenção no sono. O sono é importante e ele tem que melhorar a vida de todos nós.” O próximo.

Esse estudo aqui é um marco mundial. Ele mostrou que as pessoas têm muito mais apneia do sono do que a gente suspeitava. E isso, quem teve a ideia de buscar essa informação de uma forma ativa, foi aqui em São Paulo. O professor Sergio é um dos homenageados aqui.

Ele que trouxe, dentro de um grupo, toda essa dinâmica em realmente mostrar que isso acontecia muito mais, e quanto isso trouxe à literatura e ao mundo inteiro a relevância de se buscar informações de qualidade. O próximo. Não apareceu.

Bom, aí são os dados estatísticos que a gente tem da prevalência populacional. O próximo. Então, 32,9% da população em idade produtiva na cidade de São Paulo tem apneia do sono. Esse número...

Foi a primeira vez que esse número foi levantado na literatura. Isso mexeu com todo mundo que, até então, usava um número que era de dois a quatro, de dois a quatro. E aí a gente via que era muito mais. Próximo. Mais um.

Então, a gente sabe que todos esses números aqui realmente acontecem na população. E a gente não tinha dados estatísticos para dizer o quanto isso era importante. Então, os trabalhos que foram desenvolvidos por esses professores que aqui estão, realmente ajudaram muito a gente entender toda essa dinâmica. O próximo.

Esse último estudo aqui, então, com o professor Luciano, a gente tem aí um levantamento um pouco mais recente de como é que a população, no geral, sofreu com a questão do sono e quanto isso chama a atenção. A gente tem mídia própria para falar de sono; as pessoas buscam essa informação a todo momento e trazem a preocupação de que: “Estou dormindo mal. Como é que isso pode melhorar?” Próximo. O próximo.

E a gente tem algumas análises, e essas análises de custo-efetividade dão como fator de certeza que os distúrbios do sono levam a consequências que a gente chama de comorbidades. E que os distúrbios do sono são diagnosticáveis, tratáveis e, algumas vezes, curáveis.

Como é que a gente aborda isso? Como é que a gente faz isso acontecer na população que realmente precisa desse atendimento? Como é que a gente os aborda? Como é que a gente faz diagnóstico? Como é que a gente trata? É justamente isso que a gente busca com essas iniciativas. Próximo.

Saúde nas estradas. A gente vê que o segundo maior problema de saúde pública no Brasil são os acidentes, e que esses acidentes automobilísticos podem ter a ver com sonolência. Como é que a gente vai tratar isso? Como é que a gente busca essa informação? Próximo.

Bom, e dentro, eu sou um dos que apoia essa iniciativa, que é o Maio Amarelo. A gente tem campanhas para dizer assim: “Não use o celular ao volante”. Velocidade, tem radar; álcool, tem o bafômetro. E para o sono, o que a gente faz?

Então, a ideia é de realmente mostrar essa importância, a relevância disso. Próximo. Próximo. Próximo. O próximo. Já está acabando. E alguns estudos até mais antigos mostram que, com um dólar gasto para tratamento de apneia do sono em motoristas, nós iríamos ter uma redução de 3,5 quanto à questão do risco de acidente. Ou seja, paga, vale a pena, e a gente tem que cultuar isso.

Próximo. A nossa população está envelhecendo. A prevalência populacional, com o envelhecimento, de distúrbios do sono também aumenta significativamente. Então nós temos que estar muito atentos a esses números. O próximo. E a gente chega neste momento aqui, que é custo-efetividade: o que eu posso fazer para tratar?

Próximo. Apneia do sono: como são as terapias que a gente pode usar? O próximo. E como a gente necessita ter um grupo multidisciplinar para fazer isso acontecer?

Esse é um estudo extremamente importante mostrando que a gente gasta muito mais em liminares para fornecer equipamentos de tratamento, e essas liminares custam muito caro a todos nós. E se a gente instituísse a política pública para acesso à população desses equipamentos, provavelmente o custo seria muito mais baixo.

O próximo. Então essa foi a nossa ideia, de trazer a quem tem a possibilidade de nos escutar. E eu tenho que agradecer à deputada Clarice por ter nos ouvidos e ter dito assim: “Puxa, esse tópico é importante. Esse assunto realmente é importante à população. Vamos sentar juntos. O que a gente pode fazer para trabalhar nesse sentido?”

E aí a gente teve, então, o mérito de todo esse empenho, a criação da Frente Parlamentar em Prol da Saúde do Sono. E a gente fez isso no dia 15 de março, que foi o Dia Mundial do Sono. O próximo. A gente tem aqueles todos que estiveram aqui para nos ajudar a mostrar toda essa importância. O próximo. E a gente fez uma foto com todos os envolvidos.

E o deputado Bruno nos ajudou e vem nos ajudando nisso. Então essa é uma iniciativa que a gente entende que também pode ser federal. E que a gente busca a possibilidade de mostrar isso em outros âmbitos que não, por e simplesmente, nessa situação de trazer mais oportunidades e envolver mais gente dentro dessa dinâmica. O próximo.

E a gente vê que o sono tem uma história muito recente, o sono tem muito pouco tempo de estudo. O próximo. E a gente vê que, mesmo assim, tem nomes que são extremamente importantes a se cultuar dentro daquilo que foi a história do sono. E, por isso, hoje vira uma data extremamente importante, porque a gente pode cultuar e trazer as pessoas que também contribuíram muito para que o sono acontecesse no Brasil. O próximo.

Então, tem-se uma história que a primeira certificação em sono nos Estados Unidos é de 2007. O próximo. E a gente tem aqui um histórico. Desde 1980, brasileiros indo para fora do Brasil para tentar realmente aprender sono, e depois as iniciativas aconteceram no Brasil. E essas iniciativas foram as que formaram médicos que realmente atuam em sono, e a gente tem aqui o exemplo de como isso é muito bem feito, de como isso realmente pode acontecer de uma forma adequada.

Em 2012, foi quando criamos os programas de residência médica em medicina do sono. O próximo. Então veja, em 2007, lá nos Estados Unidos; 2012, no Brasil. E a gente vê que a primeira certificação em medicina do sono aqui no Brasil foi em 2012. Próximo.

A gente tem todas essas especialidades médicas envolvidas: a otorrino, a neuro, a pneumo, a psiquiatria, a clínica médica, a pediatria. E, por iniciativa do professor Luciano Drager, a cardiologia acabou fazendo parte desse grupo e trouxe um grupo imenso, importante, de médicos que atuam em inúmeras áreas e que vão contribuir, sem dúvida alguma, para o desenvolvimento do sono no Brasil.

A gente tem... E isso está em letras minúsculas, mas o importante disso é mostrar que alguém que vai fazer sono, eu tenho que aprender tudo aquilo que está escrito ali. Não é pouca coisa. É muita coisa. E, por isso, a importância de ter grupos que formam as pessoas, que tenham um padrão de formação e que tenham uma qualidade para isso acontecer.

Isso foi publicado em 2021. Então a gente tem uma diretriz, uma matriz em competência para formação em sono. E essa área de atuação em medicina dura um ano; são 2.880 horas. E nós temos poucos centros no Brasil que fazem isso; são sete. E nós temos 22 vagas anuais para isso acontecer.

A gente tem uma ideia do mapa do Brasil. A gente vê que tem muito espaço para formação médica em medicina do sono. E temos esses números: no Brasil inteiro, são praticamente 500 médicos e especialistas em sono. É um número muito baixo. E a gente tem que divulgar e aproveitar, inclusive, este momento para mostrar que essa difusão é necessária, que precisamos de mais gente atuando dentro dessa área.

Temos alguns centros, infelizmente, alguns estados, que não têm exames para diagnosticar quem tem essa doença. E temos alguns outros locais que, mesmo sem o exame, tratam as pessoas. Mas olha quanto isso é importante, em mostrar para o País inteiro essa necessidade, essa demanda.

 E temos algumas iniciativas enquanto leis, ajudamos nessa aqui, e frente ao Conselho Federal de Medicina... O quanto é importante a gente normatizar e mostrar que realmente sono pode ser praticado de uma forma ética e adequada e seguindo normas.

E temos uma preocupação muitíssimo grande, porque as pessoas associam sono a tomar algum tipo de remédio. E o Brasil é um dos que mais vendem medicamentos para sono. E esses são familiares daquilo que chamamos de faixa preta, então eles ganham uma importância muito grande pela dependência que eles trazem em curtíssimo espaço de tempo.

E a gente fez algumas notas junto com a ABMS. O Dr. Luciano teve uma contribuição extremamente importante em mostrar à população quanto isso é importante, quanto tem novidade e quantas novidades têm que ser trabalhadas de uma forma adequada, nível de evidência científica. E tudo isso acontecendo.

E esse aqui é um link que dá para passar para os deputados federais e senadores, para que eles possam realmente assinar uma iniciativa que é do deputado Bruno, para que a gente possa fazer também a Frente Federal em Prol da Saúde do Sono. E é isso que a gente espera em pouco tempo, também em levar esse tema à Brasília. 

Temos já em andamento um projeto de lei que traz - por iniciativa do deputado Bruno - a ideia de que haja a necessidade de haver uma prescrição médica para o uso de equipamentos de CPAP. Por incrível que pareça, no Brasil isso não é exigido, e entendemos que isso faz com que o tratamento não dê certo.

E fizemos algumas iniciativas, até junto à Anvisa, para justamente mostrar junto ao CFM quanto isso é importante. Eles entenderam e disseram que, realmente, isso vai acontecer em muito pouco tempo.

Então, depois de falar tanto, eu tenho que falar que é uma honra de trazer Amigos do Sono para esta sessão, que foram aqueles que contribuíram de uma forma extremamente significativa, importante, para estarmos neste momento, que temos a oportunidade de celebrar. O próximo. Tem mais poucos slides, mas aí é só para mostrar algumas fotos. A professora Dalva é médica neurologista, especialista em medicina do sono pela Associação Médica Brasileira.

Ela fez doutorado pela Universidade Federal de São Paulo; tem uma formação em medicina pela Stanford University, na Califórnia; participou ativamente da criação da disciplina de medicina e biologia do sono no Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, que foi a que iniciou a formação dos médicos aqui no Brasil sobre essa área.

Teve mais de 500 médicos que ela formou, e ela realmente nos representa ativamente em vários locais, mundo afora. Ela tem um papel extremamente importante na World Sleep Society e ela faz parte de consensos, publicações.

É extremamente ativa em aulas e agrega, extremamente, muito dentro daquilo que é o sono. E, junto ao professor Sergio Tufik, foi uma das organizadoras do primeiro Congresso Mundial de Sono, que aconteceu no Brasil no ano de 2009.

Veja. Em 2009, o Brasil trouxe, organizou aqui e trouxe especialistas do mundo inteiro, e foram eles que organizaram isso. Ela é membro, então, de uma força internacional que faz com que a saúde do sono seja focada mundo afora. Tem mais de 130 publicações internacionais e é ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono.

Tem dois slides ali. Um, da foto aqui, mostra tudo isso que eu li, resumidamente ainda. E temos aqui um histórico dos que antecederam a mim nesse cargo que hoje eu ocupo. E a Dra. Dalva foi uma das que me antecedeu aqui. Então toda essa história é extremamente importante em ser mostrada. Próximo.

O professor Luciano Drager é professor associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP; o atual presidente da Associação Brasileira do Sono.

Ele é um cardiologista; tem doutorado pela USP em 2007; pós-doutorado pela Johns Hopkins University, nos Estados Unidos; é livre-docente pelo Departamento de Cardiopneumo; e é bolsista de produtividade em pesquisa 1B do CNPq. Atividades de pesquisa desde 2003, com várias publicações, com vários prêmios e com várias lideranças em mostrar a importância do sono no Brasil.

Atualmente ele tem atuado para, justamente, mostrar essa relevância do sono. E conseguiu trazer uma especialidade significativa, a que ele faz parte para compor tudo aquilo que o sono pode realmente atuar e nos trazer enquanto impacto.

O Dr. Luciano esteve envolvido também nas gestões anteriores da ABMS e, atualmente, na ABS, tem contribuído de uma forma relevante para que a gente possa somar esforços para fazer as coisas realmente acontecerem, de uma forma mais ampla e de uma forma mais significativa para todos nós. Próximo.

Então aí estão todos os dados que eu li, de uma forma breve. Porque se não, era muita coisa. Próximo. E o professor Sergio Tufik, formado médico em 1972; fez mestrado em Fisiologia em 1976; doutorado em 1978; ele é professor titular do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina. Ele é fundador da Associação Brasileira do Sono, é presidente da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa; teve cargos administrativos importantes, como vice-reitor de administração da Unifesp.

O professor Sergio tem 1.549 publicações em sono. Hoje, é o recordista mundial dessas publicações. Isso faz com que a relevância do Brasil, em realmente ocupar um espaço dentro daquilo que é a produção científica em sono, tornou-nos uma referência para isso acontecer. Dez livros publicados, 81 capítulos de livros, 32 teses de mestrado, 38 teses de doutorado, 15 supervisões de pós-doutorado.

Então, a fundação da Sociedade Brasileira do Sono foi anterior a esse momento, mas ter se tornado uma estrutura tão pujante quanto a gente tem hoje em dia realmente veio depois que o professor Sergio assumiu esse espaço.

A gente tem aí alguns detalhes de como ele trouxe, de como ele fez isso acontecer. E a gente tem alguns dados do Instituto do Sono, a questão de pioneirismo, de quantos leitos de sono existem, atuais. Eu lembro de alguns números que me deixavam assustado, porque tinha países que não tinham o mesmo número de leitos que o professor Sergio organizou dentro de uma instituição, dentro do Brasil.

Então, isso é um mérito fantástico e faz com que a gente fique orgulhoso de ter a oportunidade de conviver, aprender e de homenageá-lo neste dia. Então, nessa linha do tempo, fica muito claro o quanto de contribuição realmente aconteceu desde 78, quando ele foi estudar sono e publicou uma tese, até os dias atuais.

Eu realmente fico até emocionado por estar, neste momento, homenageando e trazendo quem realmente... É lógico que tem muitos outros, mas aqueles que eu sinto como expoentes e que fazem com que a gente fique cada vez mais animados, dedicados e que a gente possa se espelhar em grandes mestres para que a gente possa fazer o acontecimento, daqui em diante, ser melhor do que a gente teve inicialmente, que a gente possa aprender e mostrar isso de uma forma muito mais ampla.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Doutor, esses estudos e iniciativas são muito recentes ainda, não é?

 

O SR. EDILSON ZANCANELLA - A senhora sabe que a história que a gente tem da medicina do sono é muito curta. A gente descobriu elementos importantes no sono nos anos 1950.

Então, tem muito a se descobrir, tem muito a se desvendar, e é isso que a gente entende enquanto necessário, porque vai desde a pesquisa básica, aquilo que é mostrar por que o sono realmente acontece, até melhores métodos para diagnosticar e como tratar.

Então, é um campo extremamente aberto a isso tudo.

 

A SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - É a parte mais difícil, né? Como tratar.

 

O SR. EDILSON ZANCANELLA - É. E o que a gente vê... Eu fico sempre buscando tentar entender por que alguém, em algum momento longínquo, falou assim: “Eu vou estudar isso aqui. Eu vou buscar informações disso e vou me empenhar para fazer isso acontecer”.

Então, eu tenho essa curiosidade de tentar entender o que é que motiva o ser humano a fazer algumas iniciativas. O sono é uma delas, porque é um campo vastíssimo para se desenvolver e está na vida de todo mundo. A gente dorme todas as noites e a gente sabe muito pouco do que significa isso.

 

A SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Nós, enquanto população, agradecemos imensamente ao senhor e a esses seus ilustres homenageados, porque vocês estão trabalhando por isso. A gente tem certeza que, em breve, nós teremos grandes avanços nessa parte, não é, doutor?

 

O SR. EDILSON ZANCANELLA - É o que a gente espera. O apoio que a senhora trouxe, tão claro e de forma tão brilhante, fez com que essa perspectiva de trazer à população que ainda tem demandas imensas, como a gente viu naqueles mapas anteriores... Tem alguns estados que não tem isso disponível.

Sei que estamos dentro do estado de São Paulo, que tem uma iniciativa muito grande, mas, mesmo no próprio estado, tem locais que não ofertam esses exames que a gente precisa, e nem tem médicos ainda formados para poderem atuar de forma mais adequada nisso.

Então, essa iniciativa é extremamente importante, um marco, realmente, dentro daquilo que é a história do sono no Brasil.

 

A SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Nós agradecemos bastante a vocês sobre isso.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Eu gostaria de registrar a presença da Simone Valente, editora da “Revista do Sono”. Gostaria de... Agora, assistiremos a um vídeo institucional da Associação Brasileira de Medicina do Sono.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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O SR. EDILSON ZANCANELLA - É um vídeo curto no qual nós vamos mostrar um pouco da história que a gente tem em formação de medicina do sono. Eventos que foram feitos até durante a pandemia, mas que podem, realmente, agregar às pessoas e mostrar que o sono é cultuado de uma forma clara, objetiva.

A gente faz eventos científicos justamente para mostrar isso, como a gente pode fazer campanhas de conscientização que buscam mostrar, todo o ano, que tem gente que também dorme do outro lado, e esses que também dormem precisam de ações para que a qualidade do sono seja mais adequada.

Então, são essas iniciativas que a gente gostaria de mostrar e dizer que a gente precisa de apoio, precisa de mais gente para trabalhar junto, e que a gente tem a oportunidade de transformar isso em algo que seja melhor para a população. É isso que nos traz alegria em fazer.

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convidamos para virem à frente os membros da Mesa Diretora, juntamente com os homenageados, para a entrega da menção honrosa aos Amigos do Sono.

A deputada Clarice Ganem, juntamente com o Dr. Edilson Zancanella, gostaria de homenagear a Dra. Dalva Poyares, que vem acompanhada do seu esposo André e do Diogo, seu filho. (Palmas.) Diogo, se você quiser ficar com os seus pais. Por favor.

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de chamar o Dr. Luciano Drager para ser homenageado pela deputada e pelo Dr. Zancanella. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido o Prof. Dr. Sergio Tufik para receber a homenagem da deputada Clarice Ganem e do Dr. Zancanella. (Palmas.)

 

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- É entregue a homenagem.

 

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A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido os outros homenageados, Dra. Dalva e Luciana, que se juntem para a gente fazer a foto. Convido a Mesa para retornar aos seus lugares, os convidados também. Eu gostaria de passar a palavra para os homenageados. Dra. Dalva Poyares.

 

A SRA. DALVA POYARES - Muito bom dia. Estou muito feliz por estar aqui. Agradeço imensamente à estimada deputada Clarice Ganem; ao nosso querido amigo Dr. Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono. Muita honra por estar com meu mentor, um pioneiro nessa área, que é o Prof. Sergio Tufik; e o meu querido amigo, nosso atual presidente da Associação Brasileira de Sono, Luciano Drager. Minha homenagem para vocês também.

Gostaria de dizer que essa força-tarefa no Brasil... O Brasil representa um marco na medicina do sono, conforme nosso amigo Zancanella acabou de descrever. E nesse cenário, nós temos que colocar isso no mundo.

Então, eu e o Zancanella, como parte dessa força-tarefa, estaremos empenhados junto à Associação Brasileira do Sono, Associação Brasileira de Medicina do Sono e à World Sleep Society, Associação Mundial de Sono, numa força-tarefa para colocar o sono como um pilar da saúde junto à Organização Mundial de Saúde. Essa é a nossa meta agora, para além do Brasil.

Muito obrigada pela homenagem. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido o Dr. Luciano Drager para proferir as suas palavras de homenagem.

 

O SR. LUCIANO FERREIRA DRAGER - Bom dia a todos e todas. É com imensa alegria e satisfação que nós estamos aqui hoje nesta menção, nesta homenagem capitaneada pela deputada estadual Clarice Ganem, a qual agradeço muito o seu empenho; ao Dr. Edilson Zancanella, presidente da Associação Brasileira de Medicina do Sono, que também tem capitaneado muito essa frente parlamentar; à Marcela Sala, pela sua assessoria jurídica. Aliás, fiquei muito impressionado com você no evento anterior, vendo, realmente, as suas ideias na colocação, no crescimento.

É muito satisfatório para mim estar aqui hoje sendo homenageado frente a tantos e recebo isso com muita humildade, em paralelo ao professor Sergio Tufik, que realmente é um visionário na área do sono e que a gente se espelha muito; a professora Dalva Poyares, uma amiga, realmente, de grande convivência e muito aprendizado.

Nós dedicamos muitos anos no estudo do sono, na formação de pessoas, na geração de conhecimentos, foi aqui muito bem colocado, que certamente compõem um pilar que a gente entende do conhecimento.

E o Brasil, já foi aqui falado, para a nossa alegria, tem se destacado no mundo do sono com bastante pujança em termos da qualidade, da quantidade de publicações, na presença nos congressos nacionais e internacionais, e cada vez mais ampliando a nossa participação em outros congressos de outras áreas. Isso de forma multidisciplinar, sempre, mas também envolvendo outras áreas médicas, como aqui foi mencionada a Cardiologia.

Se nós falarmos que um terço da nossa vida é passado no sono, talvez hoje um quarto, cada vez mais nós estamos roubando o sono frente às inúmeras demandas da nossa sociedade, frente ao estímulos visuais, frente aos problemas do dia a dia, frente, obviamente, a transtornos de humor , etc. e que têm limitado e prejudicado a qualidade do nosso sono.

Olha a quantidade de repercussões, também, mostradas pelo Dr. Edilson Zancanella. Então isso mais do que justifica que as universidades, as pessoas que lidam com o sono, estreita em parcerias com o poder público, com forças como essa, com atitudes como essa, que essa frente parlamentar de melhorar a qualidade de saúde do sono do brasileiro possa estreitar e trazer benefícios.

Eu acredito piamente que não adianta nada nós fazermos pesquisas se essa pesquisa não atinge na ponta, não chega nas pessoas que tem que chegar, melhorando a qualidade do sono. Eu acho que é para isso que a gente faz pesquisas.

E eu tenho, como presidente atual da Associação Brasileira do Sono, lutado em diferentes frentes, também, para mover e continuar o trabalho feito por antecedentes, para ampliar a nossa capacitação, aumentar o número de profissionais das diferentes áreas que compõem o sono.

No interesse de dedicação, nós precisamos de mais profissionais qualificados e capacitados. Foi, aqui, mostrado a área médica, mas as outras áreas também carecem de bons profissionais, para que a gente possa promover.

E cada vez mais, com muito orgulho, nós temos ações como a Semana do Sono atingindo a população, falando em uma linguagem clara, melhorando a qualidade de vida. E, certamente, as pesquisas também vão contribuir para novas terapêuticas, novos avanços nesse sentido.

A Sociedade Brasileira do Sono, eu aqui falo em nome da diretoria, tem se empenhado muito também em promover ações como o CPAP Solidário - e aqui eu peço a homenagem ao Dr. Pedro Genta, coordenador geral desse evento - onde nós lançamos essa proposta de doação de equipamento para que uma pessoa que tenha uma apneia do sono, por exemplo, e não esteja sendo tratada possa receber esse equipamento.

Então nós começamos isso como um projeto embrionário. Já temos 50 doações de CPAPs promovidas pelas empresas que estão doando o equipamento, e nós estamos, através de um aplicativo, fornecendo, na mesma cidade, um projeto piloto para aumentar o acesso.

Nós estamos desenvolvendo pesquisas que mostram a importância, dentro do que o Dr. Edilson Zancanella falou, do nosso tempo de espera, da nossa peregrinação do nosso paciente para chegar a um diagnóstico, a um tratamento adequado.

Nós precisamos aumentar, também o nosso arsenal terapêutico para tratamentos como insônia, narcolepsia, entre tantas outras doenças.

Eu finalizo aqui a minha fala, na verdade, dizendo que se hoje eu fui reconhecido, certamente é o trabalho de muitas pessoas, a começar pela minha família que está aqui representada pela minha esposa, Tatiana Galvão, e meus filhos; aos meus alunos, que abrilhantam comigo e fazem parte da minha história, das pesquisas que eu trilho; aos meus mentores, desde o Dr. Geraldo Lorenzi; professor Eduardo Krieger, meu orientador; professor Seva Polotsky, na Johns Hopkins University; e a tantos pesquisadores que eu tenho aqui uma colaboração e uma autoestima nesse sentido.

Deputada Clarice, Dr. Edilson, Marcela, nós ficamos realmente lisonjeados com essa homenagem, e isso só nos instiga e nos motiva a fazer cada vez mais para o sono dos nossos brasileiros.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de convidar o professor Dr. Sergio Tufik para as suas palavras.

 

O SR. SERGIO TUFIK - Bom dia a todos. Eu queria primeiro dizer que estou impressionado de ter a deputada interessada nesse sono, sua colega Marcela trabalhando e parabenizar o Edilson por todo este evento.

Eu estou impressionado, Clarice, porque eu tenho algum tempo já nessa área, e a primeira vez que eu fui trabalhar nisso foi em cima de um produto que era muito importante. Porque a grande revolução do sono foi quando apareceu a polissonografia, porque antes disso ninguém sabia como diagnosticar, medir... Você ia fazer o quê? Ficar olhando o jeito de dormir? Não era possível você ter alguma coisa...

E a polissonografia foi o grande acontecimento e foi a primeira coisa que eu tentei colocar... Isso foi na década de 90, quando o Serra era ministro. E eu consegui colocar no SUS o exame de polissonografia. Nós trabalhamos em cima disso e, realmente, foi muito importante.

Não funciona em nada hoje, porque o preço era de 100 reais, não paga nem a hotelaria, e se tivesse residência e pós-doação dava uns 300, que na época até era possível, mas como nunca mais reajustou em 30 e poucos anos, não é possível hoje. Mas foi a primeira atuação que eu tive buscando no setor público, realmente, esse acontecimento.

O segundo foi que, realmente, nós nunca... Na nossa universidade não tinha departamento de sono, disciplina de sono. Então isso foi nascendo agora, há pouco tempo. Mas quando eu comecei, na década de 78, vocês viram aí, a situação era muito precária. Inclusive não tinha nada.

A primeira classificação de estudo de sono foi em 79, e o primeiro Congresso Americano de Medicina do Sono foi junto com o nosso aqui, em 86. Então foi uma coisa muito interessante que os brasileiros, junto com os americanos, nós conseguimos junto com eles fazer o primeiro Congresso de Sono.

Então essa história do sono, realmente, aqui no Brasil, foi muito dependente da polissonografia, que nós... Eu, desde o início, quando eu vi aquele... Que o Edilson falou, dois a quatro por cento de apneia, eu sempre desconfiei que não era, porque tinha muito apneico, gente, na prática.

Mas eu só consegui fazer isso em 2007, quando nós construímos o nosso Instituto do Sono, com 80 leitos, e aí nós conseguimos trazer uma amostra representativa da população, de mais de mil pessoas para fazer polissonografia, tirar sangue, ver DNA, RNA. Aí sim nós conseguimos um trabalho robusto para mostrar realmente para o mundo que um terço da população tem apneia.

Então isso é gravíssimo. Quer dizer, os últimos que a gente conseguiu em aderência foram os cardiologistas. Eles não acreditavam, de jeito nenhum, que a apneia teria alguma influência na parte cardiovascular. Mas quando vieram também, vieram em peso.

No último... No congresso de 2009, nós tivemos que fazer duas, três salas de cardiologistas porque aí eles vieram para valer mesmo. Mas era importante, porque a principal consequência é cardiovascular - na questão da apneia. Mas, de qualquer jeito, tudo isso foi importante, porque nada é mais importante na homeostase - e que a gente gaste mais tempo para fazer homeostase -, do que o sono.

Então o meu colega falou agora em dois terços. Estamos diminuindo para um quarto, não é isso? Mas... Bom, tem a turma que dorme bastante, tem a turma... Mas o que está acontecendo, na verdade, é que tem que entender a importância do sono na nossa homeostase. Isso que a população não entende muito bem.

Muitos até me perguntam: “Dá para dormir menos? Porque eu quero viver mais”. Entendeu? Assim, tudo bem, até dá para dormir menos, mas você tem um custo muito grande em doenças, em tudo o que o Edilson mostrou aí. Então uma parte importante disso é passar isso para as pessoas.

Então a sua iniciativa é fundamental. É o primeiro agente público que eu vejo... Teve uma deputada também, lá em Minas Gerais, que foi uma vez... Ela propôs que - acho que era federal - todas as cartas “D” e “E” fizessem polissonografia. Porque boa parte do que o Edilson mostrou, dos acidentes e das... (Inaudível.) Cinquenta mil mortes por ano, é distúrbio de sono.

O cara dorme no motor e atropela meio mundo. Quando você vê um caminhão passando de uma pista para a outra é porque dormiu. Aí o desastre é total, não é? Nós conseguimos incluir na lei dos exames médicos para motorista. Não dava para fazer todos, porque, imagine, são dois milhões.

Nós tínhamos a possibilidade de fazer 100 mil polissonografias por ano. Não dá para fazer de dois milhões de motoristas, o que a deputada, na época, propôs. Então o que a gente conseguiu é colocar na lei uma possibilidade que a gente medisse. Mas que não funciona também, não é? Como, no Brasil, boas coisas não funcionam, isso não funciona.

Eu até renovei minha carta agora. Fiquei até irritado porque só me deram três anos; a minha idade não permite ter mais do que três anos de carta. Eu perguntei para o médico: “Vocês não estão vendo apneia não?” “Não, ninguém está vendo”.

Então tem na lei, ninguém vê e fica por isso mesmo. Mas é o grande problema que nós temos no País, em termos de morte, pelo menos, assim, em acidentes, é o sono, é dormir na direção.

Sempre quando eu faço alguma palestra, eu pergunto: “Quantos dormiram alguma vez na direção, que deram uma apagada?” E se eu perguntar aqui? Quantos já dormiram? Levantem a mão. Quantos já tiveram um pequeno cochilo na direção? Levantem a mão, por favor.

Olha, você viu a quantidade? Esses são os vivos, está certo? Porque boa parte de quem teve isso morreu. Morreu. Então, eu diria que nós temos que tomar alguma providência pública, não é?

Nós começamos a ver a questão do CPAP na época que o Barradas era secretário de Saúde de São Paulo. Formamos um grupo que estava tudo... Ele morreu, morreu o negócio com ele e nada foi para frente. Porque nós precisamos ter diagnóstico.

A prefeitura até nos procurou agora para fazer exame, tem uns 20 mil pedidos de exames aí. Como é que vai se fazer isso? Quer dizer, o SUS não tem estrutura e nem paga para isso. Quem faz, faz por idealismo. Idealismo porque não tem uma estrutura social para isso.

E tratamento? Você faz, tudo bem, diagnosticou. Você tem uma tremenda apneia, 50 apneias por hora, e aí não tem o CPAP, porque o sistema público também não fornece o CPAP. Então essa iniciativa que o Drager falou de doações e tal, nós precisamos de milhões de CPAPs, essa é a verdade.

Então, eu acho que a sociedade, de alguma maneira, tem que ver que isto é muito importante. Primeiro, as faculdades começarem a ensinar, em todas as faculdades, porque não tem em todas as faculdades. Sono é um terço da nossa vida e temos que fazê-lo bem feito, porque, se não fizer, nós vamos ter muitas deficiências.

Eu trabalhei com privação de sono. Privação de sono detona tudo, todos os sistemas que nós temos no nosso corpo. Se for privado de sono, a desgraça é total, em todos os trabalhos que a gente vê, em qualquer sistema.

O sistema neural, que eu comecei, foi o meu primeiro trabalho em 1978, neurotransmissão, depois endócrino, gástrico, cardio, tudo tem problemas. O sistema imunológico é o pior deles, porque privação de sono dá imunossupressão. E aí você pega qualquer coisa e qualquer negócio, porque aí você fica realmente indefenso.

Então, parabéns, Clarice, fiquei super emocionado. Parabéns, Marcela e Edilson, por terem feito isso. Eu sou um dos dinossauros que começou tudo isso, desde a fundação da Associação de Sono, desde o primeiro, de pôr a polissonografia, e depois essa lei também que não funciona para os motoristas, pelo menos de carta “D” e “E”, que são os que mais matam. Mas tudo isso eu acho que pode trazer uma grande evolução para todos nós e poupar muitas vidas.

Muito obrigado. Parabéns pela iniciativa. (Palmas.)

 

A SRA. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passamos a palavra para a deputada Clarice Ganem, para que proceda ao encerramento desta sessão.

 

A SRA. PRESIDENTE - CLARICE GANEM - PODE - Gente, quando nós tivemos a nossa frente parlamentar, realmente, eu fiquei impressionada com as pesquisas e as estatísticas que vocês, os nossos ilustres convidados, trouxeram na época, principalmente com relação ao acidente de trânsito com caminhões.

Os motoristas profissionais que não podem... Esses exames que vocês sugeriram, se eles fizerem... Eles têm que seguir um horário e eles não seguem, porque senão eles vão perder dinheiro, porque cada hora trabalhada significa o ganha-pão deles, então eles vão levando isso. E não só eles sofrem o acidente, como eles levam pessoas, carros, a participarem desse acidente e morre muita gente, realmente, por causa dessa privação do sono.

Então todos nós temos muito a agradecer a vocês que fazem esses estudos, inclusive mundialmente, e trazem resoluções que são viáveis, às vezes nem tanto, mas vamos chegar lá.

E, como não podia deixar de ser, eu queria agradecer muito ao Dr. Zancanella, que foi o idealizador dessa frente parlamentar que nós fizemos. Ele foi o nosso mentor, ele também merece a nossa homenagem, então eu gostaria de agradecer. (Palmas.)

Bom, agora, gente, esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço a todos os envolvidos na realização desta solenidade, assim como agradeço a presença de todos. E como eu brinquei na outra, na frente parlamentar, espero que vocês todos tenham hoje uma ótima noite de sono.

Esta sessão está encerrada, esta sessão solene.

Bom dia a todos. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 11 horas e 44 minutos.

 

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