6 DE MARÇO DE 2025
20ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CAPITÃO TELHADA, MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS e GUILHERME CORTEZ
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CAPITÃO TELHADA
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Assume a Presidência.
4 - CAPITÃO TELHADA
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - GUILHERME CORTEZ
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - GUILHERME CORTEZ
Assume a Presidência.
7 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
9 - PRESIDENTE GUILHERME CORTEZ
Defere o pedido. Faz aditamento à Ordem do Dia. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 07/03, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h41min.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Capitão Telhada.
* * *
-
Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CAPITÃO TELHADA - PP - Senhoras e
Senhores, neste momento iniciamos a abertura da sessão ordinária. Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início à lista de oradores do
Pequeno Expediente, convidamos, para fazer uso da palavra, o Exmo. Deputado Dr.
Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Deputada Paula da
Bancada Feminista. (Pausa.) Deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputado
Reis. (Pausa.) Deputado Bruno Zambelli. (Pausa.) Deputado Marcelo Aguiar.
(Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. (Pausa.) deputado Lucas Bove. (Pausa.)
Iniciando a Lista Suplementar,
convidamos os Exmos. Deputados, Paulo Mansur. (Pausa.) Exma. Deputada Monica
Seixas do Movimento Pretas.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Bom,
neste Pequeno Expediente, na volta do Carnaval, o assunto é que, apesar da
conjuntura, apesar da alta dos alimentos, da inflação, da redução do poder de
compra da população empobrecida, que sofre em um Brasil que ainda não consegue
regular e regulamentar a vida dos mais pobres, o assunto do pós-Carnaval ainda
é a violência.
Não a violência
cotidiana que se manifesta no Carnaval, os furtos de celulares, os roubos, mas
a difícil convivência entre a população em festa e o poder estatal. A gente
assistiu durante o Carnaval as pessoas...
O Carnaval
sempre foi uma festa política, uma festa da ebulição dos mais pobres, de graça,
na rua, em festejo. A gente assistiu tomar as ruas do país um único grito, um
único coro: “Sem anistia”.
No Rio de
Janeiro, ao passar na frente do militar ainda vivo, após a morte, o assassinato
de Rubens Paiva, e a gente comemorar, celebrar o primeiro Oscar brasileiro com
o filme “Ainda Estou Aqui”, escrito pelo filho, o roteiro escrito pelo filho de
Rubens Paiva, o Marcelo, em memória à sua mãe, à sua família, que muito nos
orgulha, nos lembra de que a gente ainda tem uma dívida. Uma dívida com o
presente, não com o passado.
“Sem anistia”
não é só um grito para o futuro dos crimes contra a democracia recente, “sem
anistia” é um grito que nos lembra de que a gente tem uma conta a ver com o
passado. A Lei da Anistia aos militares golpistas, aprovada em 1979, portanto
anterior à nossa Constituição, não foi recepcionada por ela. Muitas leis foram
recepcionadas pela Constituição de 1988, transformadas ou revistas para se
adequar.
Quero aqui
citar o Art. 5º da Constituição: Ninguém deve ser submetido à tortura ou
situação degradante. Crimes como tortura, estupro, são hediondos, não
prescrevem, são inafiançáveis.
Portanto, o
Brasil tem uma conta a ver com essa lei que, apesar da sua ilegalidade
flagrante, continua a proteger aqueles que ainda hoje recebem salários públicos
e aposentadoria, como é o caso do militar ainda vivo que participou do
assassinato de Rubens Paiva.
Em 1979, os
militares ainda no poder organizaram a Lei da Anistia, dizendo que seus crimes
políticos não deveriam ser punidos. Ainda que isso seja extremamente
discutível, vou repetir, tortura, ocultação de cadáver, assassinatos, estupros,
não são crimes que prescrevem, não são crimes apenas políticos, são crimes de
lesa humanidade. Inclusive, violam a Constituição e artigos e leis internacionais,
dos quais o Brasil é signatário.
Nesse sentido,
é preciso que haja urgente a revisão da Lei da Anistia. Em 2010, o STF teve a
oportunidade de rever essa lei, mas ignorou os torturadores e os estupradores
que usaram de força demasiadamente violenta e repugnante contra ativistas
políticos durante a ditadura militar.
E o reflexo
disso a gente vê até hoje. Não só o grito de “sem anistia”, mas assistimos a
uma série de violências contra foliões que precisam ser discutidas. Em
Caçapava, uma vereadora foi agredida pela Polícia Militar. Em Itatiba, um
vereador foi detido por tentar evitar, com o próprio corpo, que foliões fossem
agredidos.
Estouram por aí
dezenas de vídeos da Polícia Militar, que foi reformulada durante a ditadura
militar para servir como braço reserva das forças militares e foi treinada para
reprimir movimentos sociais.
Ela ainda não
foi revista e o resultado disso é que a gente tem aumento de furtos, aumento de
roubos, aumento de estupros, ao mesmo tempo em que se insiste em usar tortura
como método de abordagem. Tortura como método de abordagem. Vou repetir:
tortura como método de abordagem. Isso não deveria ser aceito.
A gente
assistiu a espancamentos, a gente assistiu a ameaças, a gente assistiu a
humilhação, a gente assistiu a demasiado uso da força e, para terminar de
chocar, a gente assistiu a uma mulher denunciar dois policiais por estupro. A
sombra da anistia aos militares da ditadura militar faz com que o seu braço
armado ainda existente e não revisado, que é a Polícia Militar, continue a usar
métodos não democráticos e não constitucionais esperando anistia da Justiça
Militar.
O grito de “não
à anistia” significa que o Brasil precisa cumprir a própria Constituição. Tanto
pela eficiência, mas também por respeito à população, a gente precisa punir os
agressores da ditadura e inaugurar um período em que a tortura não será aceita.
Só mais um minuto, presidente. Só mais um minuto.
E aí eu quero
falar da eficiência. Apesar dos escritos que dizem do uso progressivo da força,
do respeito à humanidade, da não violação dos Direitos Humanos, a gente
continua a assistir a primeira abordagem ser à base de porrada, cassetete, isso
quando não usam balas e matam inocentes.
A Polícia
Militar precisa de uma reformulação urgente. A Polícia Militar precisa entender
e ser formada para não confundir abordagem policial com agressão. Não confundir
abordagem policial com agressão. E isso tem efeitos também práticos na sua
eficiência.
A gente está
assistindo ao aumento dos números de todos os crimes. Latrocínio virou uma
rotina nos bairros ricos. A gente está chocado com a morte de uma pessoa de
bicicleta por conta de um furto de celular. O número de estupros, o número de
roubos, o número de assaltos, tudo subiu, mas sabe o que sobe vertiginosamente?
O número da
violência policial. No ano passado, a polícia matou mais do que o crime. No ano
passado, a polícia matou mais do que o crime. Isso não resulta na segurança da
população.
Por isso, a
gente precisa discutir que crimes continuam sendo anistiados. A gente precisa
discutir: será mesmo que a Segurança Pública do estado de São Paulo, apesar do
seu discurso linha dura, está impondo alguma barreira contra o crime? Porque
enquanto eu assisto a pessoas perdendo seu celular, que parcelaram em dez vezes
com o suor do seu trabalho, a força dura, a bala e o cassetete continuam a
atingir foliões inocentes e a ebulição social.
Por isso, o STF
precisa rever urgente a Lei da Anistia. Punir quem, no passado, inaugurou esse
período em que as forças militares estão até hoje autorizadas a matar,
violentar, torturar, humilhar e estuprar pessoas. Isso não é condizente com os
valores democráticos.
Então, estou
feliz com o Oscar do Brasil, o primeiro, por “Ainda Estou Aqui”, mas o Brasil
ainda não segue os próprios valores democráticos, enquanto uma força estatal
estiver autorizada a não seguir os preceitos democráticos da sua própria
Constituição.
Obrigada,
presidente.
* * *
- Assume a Presidência a Sra. Monica
Seixas do Movimento Pretas.
*
* *
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Assumo a Presidência agora para convocar o próximo inscrito, o deputado
Telhada.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP -
Muito obrigado, Sra. Presidente, a todos que nos acompanham nesta tarde de
quinta-feira, retorno de feriado de Carnaval, desejo um excelente restinho de
semana a quem nos acompanha também pelos canais de comunicação da TV Alesp,
pelo YouTube, aos nossos policiais militares e policiais civis aqui da
Assembleia Legislativa, funcionários civis também, uma excelente tarde.
Venho, nesta
oportunidade, trazer um pouquinho das informações positivas do legado que a
Segurança Pública tem deixado para o nosso estado de São Paulo e para a nossa
cidade, a nossa Capital aqui, diante dos últimos carnavais.
Eu,
particularmente, sou uma pessoa que não costuma aproveitar o feriado de
Carnaval com as festividades típicas de Carnaval, até pela minha religião,
também pelo costume familiar. Nunca fui de pular Carnaval, nem quando jovem,
nem hoje em dia.
Então,
aproveitei bastante para ficar em casa, com a família, com as crianças, para
descansar e para organizar os pensamentos, mas também aproveitei para
trabalhar, para trabalhar junto às nossas polícias.
Estive
presente, inclusive, principalmente na minha região, na Zona Oeste, aqui da
capital, em São Paulo, em diversos bloquinhos para verificar como estava a
segurança, como os policiais estavam colocados no terreno, como estava também o
suporte tanto às guardas civis municipais quanto aos policiais militares.
E, hoje,
quinta-feira, após todos esses dias de Carnaval, eu posso, com muito orgulho,
trazer aqui esse feedback, esse retorno, trazer a conhecimento de todos que nos
acompanham no estado de São Paulo que, mais uma vez, nós da Segurança
Pública...
Quando eu digo
nós, é desde o comandante-geral, o delegado-geral até o soldado, até o
investigador mais novo recém incorporado na carreira, os trabalhos que a
inteligência tem feito. Nós, como Estado, como forças de segurança, junto com
as guardas civis em cada município, mais uma vez derrubamos todos os índices
criminais no Carnaval.
Nesse Carnaval
de 2025, em comparação com 2024, foram 37% a menos de roubo de celular. Eu vou
repetir esse número: 37% de redução de roubo de celulares, 28% de redução de
furto de celulares, porque é diferente.
Muitos não
sabem a diferença de furto e roubo; o roubo tem a violência, o roubo tem a
subtração sob uma grave ameaça, batendo, empurrando, retirando, apontando uma
arma de fogo, agredindo a vítima, e o furto é aquele larápio, aquele
“pickpocket”, como hoje em dia tem na Europa, aquele punguista. Enfim, no que
tange a crimes patrimoniais, todos caíram.
E tem um
detalhe: em 2024, no ano passado, a Segurança Pública de São Paulo, sob a
condução do governador Tarcísio, sob a condução do secretário de Segurança,
Guilherme Derrite, já tinha derrubado em 48% esses índices quando comparados a
23.
Então, quando
você tem um número bom, é muito difícil você continuar aquela queda. Em 2024 já
havia ocorrido 48% de redução. Não contentes, os nossos policiais trabalharam
com afinco, dobrando escala na Operação Delegada, operação Dejem, de maneira
inteligente.
Aqui no
Ibirapuera, em frente à nossa Casa do Povo, a Assembleia Legislativa, nós
pudemos notar tendas de acolhimento às mulheres que passassem, eventualmente,
por qualquer caso de importunação sexual. Nós notamos também as bases elevadas
para a observação do público, onde o policial conseguia verificar.
Foram diversas
ações de inteligência, inclusive com a Polícia Civil disfarçada, fantasiada,
vamos colocar assim, mas em meio aos foliões ali com fantasias de Carnaval,
trabalhando e realizando prisões, quando notavam que alguém estava na prática
de um ilícito.
Foram
veiculadas durante o Carnaval diversas prisões, com policiais civis fantasiados
de Power Rangers, ou então de Mario Bros, ou então de Chapolin, enfim,
fantasias que acabavam passando batido em meio ao público. E quando o bandido
se sentia à vontade e achava que estava tudo bem e podia roubar, estava lá o
policial para efetuar a prisão em flagrante.
E essas
ocorrências causaram um efeito preventivo, porque outras quadrilhas, outros
criminosos que também vieram aqui em São Paulo para roubar e para furtar, agora
têm informação que, em meio aos blocos, tem policiais disfarçados que podem
efetuar essa prisão. E esse recado é muito importante para que a gente não aja
apenas após o cometimento do crime, mas com o caráter preventivo.
A Polícia
Militar com uso de tecnologia foi uma ferramenta também muito utilizada aqui em
São Paulo, com os drones, com as câmeras de identificação e reconhecimento
facial do Smart Sampa aqui em São Paulo. Quase 20 mil câmeras reconhecendo os
rostos, as identificações visuais e efetuando prisões.
Só de
procurados aqui no Carnaval em meio aos blocos, nas manifestações culturais de
Carnaval, foram detidos e capturados 13 foragidos da Justiça, entre
traficantes, assassinos e estupradores.
Nesse programa
Smart Sampa, para que fique registrado aqui também, são mais de 700 indivíduos
que estavam foragidos, recapturados e reconduzidos ao cárcere. A gente não está
falando de pouca coisa e não estamos falando de indivíduos que estavam
procurados por pensão alimentícia; eram indivíduos perigosos, procurados em
vários estados do Brasil.
Aqui em São
Paulo não tem mais espaço, porque hoje as ruas são monitoradas, é um programa
que dá certo, que respeita a dignidade humana e defende o cidadão de bem,
protege a vida e a integridade física do cidadão de bem e leva o criminoso ao
cárcere. Só no Carnaval agora, além dos 13 foragidos recapturados pelo programa
Smart Sampa, também foi responsável por dez prisões em flagrante de indivíduos
que estavam cometendo crimes nos bloquinhos.
Os drones da
Polícia Militar, também outra ferramenta importantíssima. Foram veiculadas
imagens em que os drones também identificaram o agressor, o meliante, foram
acompanhando, informando os policiais no terreno e conseguiram realizar as
prisões.
Vamos sair dos
números, vamos falar com os foliões, converse você, converse com um amigo que
esteve aqui curtindo o Carnaval, que foi no bloquinho para se divertir,
pergunte para ele qual a sensação de segurança. Eu fiz isso, conversei com
vários, pessoas aleatórias que eu não conhecia e amigos que foram curtir o
Carnaval.
Diga de
passagem, o maior Carnaval do Brasil, hoje, aqui em São Paulo, todos elogiaram
a sensação de segurança, a presença da Polícia Municipal, a presença da Polícia
Militar, a presença de ambulâncias, o CET e a Mobilidade sendo colocadas também
de maneira inteligente, dando fluxo, porque as pessoas conseguiam chegar,
estacionar e aproveitar o seu bloquinho.
Então foi uma
operação de sucesso, que não só prendeu em flagrante criminosos que roubavam
lá, como a partir desses chegaram a outras quadrilhas, chegaram a pessoas que
receptavam esses celulares. E hoje, quando a gente fala de roubo de celular,
não falo só de um aparelho, que é só para vender o aparelho e ganhar ali 1.000
reais na venda de um Iphone, de qualquer que seja a marca, a gente fala da vida
das pessoas que está toda aqui dentro, das senhas bancárias.
Hoje em dia,
tem hackers que trabalham para o crime organizado, para acessar toda a sua vida
aqui, fraudar, agredir a sua conta bancária, seus familiares, enganando, aplicando
golpes.
Então é muito
mais grave, tanto que, bem lembrou a deputada que me antecedeu que esse crime,
o roubo de celulares é tão grave, que os meliantes já chegam atirando para
subtrair um telefone, como foi o caso do ciclista Vitor Medrado aqui no Parque
do Povo, em São Paulo.
Aconteceu sim,
mas me permita dizer que a responsabilidade desse crime e de outros crimes de
potencial violência contra pessoas despreparadas ou pessoas inocentes, que são
os nossos civis que estão por aí pelas ruas, a responsabilidade é da impunidade
que mora hoje no Brasil, que ainda permeia a nossa legislação, e de
autoridades, principalmente federais, que incentivam os crimes com as suas
falas irresponsáveis.
E não é
responsabilidade só da polícia, porque é muito fácil sempre colocar a culpa na
polícia. A polícia é aquela que está na ponta da linha e se vê obrigada a agir
mesmo sem ter a retaguarda jurídica e nem legal.
Então para
encerrar, Sra. Presidente, eu quero parabenizar as autoridades, e nomeá-las
aqui, porque quando a gente tem que cobrar, cobra e quando tem que criticar,
critica e quando tem que reconhecer, reconhece.
Eu tenho que
reconhecer o trabalho da Prefeitura de São Paulo, sob a batuta do prefeito
Ricardo Nunes, com esse programa “Smart Sampa” e com toda a equipe da
Secretaria de Cultura, Secretaria de Turismo, de Desenvolvimento, Secretaria de
Mobilidade Urbana, junto com o “Smart Sampa”, que ajudaram a tornar o Carnaval
de São Paulo o mais atrativo do Brasil. E ano que vem vai ser melhor ainda.
Eu quero parabenizar
o governador Tarcísio, o secretário de Segurança Guilherme Derrite pela redução
dos índices, não só na Capital, mas em todo o Estado. Os números estão aí, só
não acredita quem não quer, ou melhor quem quer criticar, vai sempre criticar.
A população sabe
do que eu estou falando. A população acompanha o trabalho. O cidadão de bem
confia na sua polícia. Muito obrigado, principalmente a cada homem e mulher que
esteve lá no terreno, no campo, colocando seu suor, sua força de trabalho, para
levar segurança àqueles que mais precisam.
Deus abençoe a
vida de cada um de vocês.
Contem sempre
com nosso trabalho.
Obrigado,
presidente.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL
- Chamando o próximo orador inscrito, deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito boa tarde, presidente deputada Mônica Seixas,
meus colegas servidores desta Casa, público que nos acompanha através da rede
Alesp ou no plenário.
Estamos
voltando do feriado de Carnaval. Infelizmente, aqui na Alesp, parece que ainda
é clima de Carnaval. Estamos com o plenário vazio. Nós, como a imensa maioria
dos brasileiros, já voltamos a trabalhar. Até para fazer valer o investimento
que o povo do estado de São Paulo paga caro para manter esta Assembleia
funcionando.
Espero que todo
mundo tenha vivido um bom feriado de Carnaval. É sempre muito bonito a gente
poder ver a cultura popular brasileira ser celebrada, mover emoções e alegrias,
movimentar a economia.
Esse Carnaval
foi diferente porque, além da alegria da nossa maior festa, essa alegria ficou
ainda maior porque o Brasil ganhou o seu primeiro Oscar pelo belíssimo filme
“Ainda Estou Aqui”. Como eu disse na semana passada, nos relembra, nos rememora
os horrores da ditadura militar brasileira.
Conta a
história de um deputado federal de São Paulo que teve a sua família impactada,
destruída, quando ele foi sequestrado e assassinado a mando da ditadura
militar. E de uma grande mulher, chamada Eunice Paiva, que lutou até o fim da
sua vida pelos direitos humanos.
E justamente
por conta disso eu tomei a liberdade de apresentar um projeto de lei para que a
gente possa mudar a nomenclatura da rodovia Castelo Branco, que hoje homenageia
o primeiro presidente da ditadura militar, e um dos articuladores do golpe de
1964, pelo nome de Eunice Paiva.
Eu acho que
essa mudança seria muito positiva e muito simbólica. Porque um povo que não
conhece a sua própria história está fadado a repetir, no presente e no futuro,
os erros do passado.
E é isso que a
gente está vendo hoje, quando tantos anos depois da ditadura militar, mais uma
vez, o nosso País enfrenta a ameaça daqueles que são inimigos da democracia,
aqueles que tentaram dar um golpe para desrespeitar o resultado da eleição,
aqueles que invadiram e depredaram as instituições da República, dos Três
Poderes, em Brasília.
Eu acho que o
estado de São Paulo deveria dar um justo reconhecimento para pessoas que, como
Eunice Paiva, lutaram pela nossa liberdade, pelos nossos direitos, pelo nosso
direito de poder estar aqui, dentro da Assembleia, discutindo, se opondo,
representando o povo. Que é justamente isso que a ditadura queria apagar,
queria silenciar. Ditadores, na minha humilde opinião, não merecem as nossas
homenagens. Eles têm que ser lembrados: lembrados pelos horrores que eles
praticaram.
Agora, quando a
gente nomeia uma rua, uma obra, um prédio, um viaduto, uma rodovia, a gente
está rendendo uma homenagem a essas pessoas. Eu acho que as nossas homenagens
não deviam ser para quem participou, fez conluio contra a nossa democracia,
para quem assinou documentos que resultaram na morte, na tortura, no sequestro,
no assassinato, no estupro de tantas pessoas.
Eu acho que o
estado de São Paulo faz muito melhor em homenagear quem lutou pela nossa
liberdade durante os anos de chumbo, quem sacrificou a sua vida, a sua
segurança, a sua família, para lutar para que hoje a gente pudesse estar aqui,
para que hoje a gente pudesse viver em um regime democrático. Dentre as
pessoas, Eunice Paiva.
Então as
pessoas nos perguntam: “Mas não tem coisa mais importante para fazer do que
ficar mudando o nome de rodovia?”. Eu fico feliz de ser um dos deputados dessa
legislatura que mais apresentou projeto de lei. Nós estamos todo dia aqui,
lutando pela Saúde, pela Educação, contra a privatização do Saneamento Básico,
por serviços públicos de qualidade para a população.
Agora, não é
menos importante a nossa memória histórica. Justamente porque, hoje, boa parte
dos problemas que a gente está vivendo é porque a gente não acertou as nossas
contas com os nossos demônios e com os nossos problemas do passado.
A persistência
da violência de Estado hoje, que, no final do ano passado, a gente estava
denunciando, tem raízes na ditadura militar que a senhora estava falando, no
mesmo modus operandi das forças policiais, das forças militares, que foi
incentivada desde a ditadura militar e que hoje, mesmo na democracia, segue
perseguindo, jogando de pontes, de viadutos, assassinando civis inocentes, sem
julgamento.
Então eu acho
que é muito importante para o estado de São Paulo, para que a gente possa fazer
justiça, para que a gente possa lembrar a memória e para que a gente possa colocar
os pingos nos is, os ditadores e quem atentou contra a vida de brasileiros e
contra a democracia, no esquecimento, na vergonha e na lata do lixo da
história. Eunice Paiva e tantas pessoas que lutaram pela nossa dignidade, pelos
nossos direitos, esses, sim, merecem todas as nossas homenagens.
Então eu fico
muito feliz com toda a repercussão que esse projeto está tendo - mesmo nestes
tempos tão difíceis -, nesta Casa que sempre flerta em tentar reescrever o que
foi a ditadura militar. O que é curioso, porque isto aqui é uma Casa de
parlamentares eleitos pelo povo, que na ditadura não poderiam estar aqui.
Então, é
estranho quando a gente vê parlamentares defendendo um regime que seria
contrário ao próprio trabalho que eles fazem. São sintomas mórbidos deste tempo
estranho que a gente vive.
Mas espero que
essa vitória brilhante de “Ainda Estou Aqui”, que trouxe para o nosso País o
seu primeiro Oscar de melhor filme internacional, o cinema brasileiro, é claro,
não precisa de reconhecimento de Oscar nenhum, de cinema estrangeiro nenhum,
porque ele sempre foi grande por essência.
Mas que bom que
cada vez mais gente pode conhecer, apreciar a nossa arte, a nossa cultura, e
pode conhecer a história e o legado de Rubens, Eunice Paiva, que pode se
relembrar neste momento que se tenta reescrever a história, negar a verdade do
que foi de fato a ditadura militar.
Espero que com
esse nosso projeto a gente possa dar mais um passo para que a ditadura não seja
esquecida, mas também não sejam esquecidos aqueles que lutaram contra ela, pela
nossa democracia.
Então,
presidente, agradeço muito a você.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Caro colega, se V. Exa. me permitir, eu gostaria de usar a tribuna mais uma
vez.
O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Nós trocamos.
A
SRA. PRESIDENTE - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Obrigada.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Guilherme Cortez.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Assumindo a
Presidência - quando o plenário está vazio, a gente tem que ficar se revezando,
infelizmente. Mas agora eu aproveito para chamar a minha colega, a deputada
Monica Seixas, para usar a tribuna pelo tempo de cinco minutos.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Que
gostoso chamar o senhor de V. Exa. e dizer a V. Exa. também que o seu projeto é
muito bonito. Vou ficar feliz de votar favorável caso a gente consiga vencer os
desafios dos intermináveis acordos para que os projetos sejam pautados aqui, na
Assembleia Legislativa, porque é muito difícil fazer eles chegarem.
Eu tenho
também, colega, um projeto de mudança do nome da Castelo Branco, mas eu acho o
seu maravilhoso. E, repito, vou ficar feliz de votar favorável a ele. Sou velha
amiga da família Paiva, inclusive devo a Marcelo também parte da minha
trajetória.
O Marcelo foi a
primeira pessoa que escreveu sobre mim em jornal grande, quando fui candidata.
Daí nasceu uma amizade, antes mesmo de eu identificar a família. Ele escreveu
sobre mim no “O Globo”, quando lancei minha primeira candidatura coletiva. Vou
ficar muito feliz.
Realmente é uma
família que até hoje luta pelos desaparecidos e assassinados pelo Estado, não
só na ditadura, mas no presente momento. A Vera Paiva está constantemente junto
ao movimento de mães que tiveram seus filhos assassinados pelas forças do
Estado no presente momento. É uma família que fala muito sobre a luta pela
democracia, ainda não é presente em todos os cantos deste País.
Mas, sobre os
projetos que apresentei, é preciso que a gente mude os nomes que homenageiem os
ditadores, os autoritários e os bandeirantes no estado de São Paulo, porque são
torturadores do povo preto e indígena.
E a Castelo
Branco a gente propôs, na legislatura passada, que se chamasse Carolina Maria
de Jesus. E a nossa obsessão de mudar o nome da Rodovia Bandeirantes para Povos
Originários Guarani, que são os povos originários do estado de São Paulo.
Mas eu quero
falar de um outro tema aqui, agora nesses três minutos que me restam. Hoje as
escolas estaduais devem voltar às aulas. Oitocentos e cinquenta mil estudantes,
segundo o levantamento feito pela agência pública, estudam em prédios, nas
escolas estaduais, mais quentes que a temperatura externa.
Oitocentos e
cinquenta mil crianças estão voltando para prédios mais quentes do que o calor
que a gente enfrenta nas áreas externas da cidade, onde já está quente para
caramba. Com a exceção da Fatec. Várias unidades, a maioria das unidades da
Fatec, não voltarão às aulas presenciais hoje. Elas estão em EAD.
A Fatec segue
uma arquitetura brutalista, de concreto puro, e o concreto é muito quente. E é
uma rede esquecida pelo Governo do Estado de São Paulo; não tem nem água
refrigerada para os estudantes beberem.
Hoje eu escrevi
um ofício pedindo água refrigerada nas Fatecs. E me constrange saber que a
gente está pedindo água para os estudantes de uma rede de faculdades públicas
do estado de São Paulo. Mas a Fatec não tem condições de ter aula nesse
calorão, então eles estão em EAD.
Nesse sentido,
é preciso dizer o óbvio: a gente precisa adaptar o funcionamento do cotidiano
aos fenômenos climáticos extremos. O calorão vai fazer parte do nosso dia a dia
a partir de agora.
Ano após ano,
está ficando mais quente. Ano passado foi o ano mais quente da história; esse
ano deve ser o ano mais quente da história de novo; ano que vem vai ser o ano
mais quente da história de novo. E, portanto, a gente precisa começar a se
adaptar.
E é por isso
que a gente está protocolando o projeto “Escola Mais Fresca”. O projeto “Escola
Mais Fresca” não fala apenas de ar-condicionado, embora ele seja importante. O
programa “Escola Mais Fresca” determina que as escolas têm que ser adaptadas e
não podem ser mais quentes que o ambiente externo.
A gente
assistiu a alunos passando mal, professores desmaiando. Ficam inviáveis as
salas de aula agora - saunas de aulas no estado de São Paulo. E esse conjunto
de medidas para evitar que as escolas fiquem mais quentes que o externo podem
ser ecológicas.
A gente está
falando de medidas simples e de baixo custo, que podem diminuir muito a
temperatura das Fatecs, por exemplo: substituir o concreto por uma pintura
branca já reflete bastante o calor e pode diminuir até três graus dentro dos
prédios; cobrir com vegetação telhados, que também podem ser pintados de
branco; posicionar árvores adultas no lugar onde o sol nasce e onde o sol se
põe, para proteger os prédios da incidência solar.
E sim, é
possível remanejar árvores adultas; governos fazem isso o tempo todo para
paisagismos de praças, avenidas etc., enquanto as escolas estão recebendo
incidência solar diretamente, em prédios sem cortina - instalar cortina é uma
das medidas necessárias - e sem ventilação.
Um dos
princípios ecológicos para redução térmica, coisa conhecida há séculos, é a
ventilação cruzada. As salas de aula seguem um princípio de presídio no estado
de São Paulo. E a maioria nem janela que se abra tem. Elas têm aquelas janelas
basculantes, que abrem só um pouquinho, geralmente usadas nos nossos banheiros,
e isso não permite a ventilação.
Se você
substitui - ainda que com grades, para proteção das crianças, porque a gente
tem prédios altos, como escolas no estado de São Paulo - por janelas que de
fato abram, protegidas por uma camada de cortina clara que deixe passar a luz,
mas não o calor, você já aumenta bastante a ventilação, cruzando isso com a
porta, para que o ar circule.
Então esse
conjunto de medidas de baixo custo, ecológicas, que não impactem sobre o
aumento da energia, é necessário para ontem. E o governo segue ignorando que
nós temos crianças de um a nove graus - nove graus, bicho - mais quentes que a
temperatura externa, trancadas durante seis horas nas PEIs - escolas de período
integral -, sem merenda, que está faltando. Aliás, comida está faltando em todo
lugar. Estudando em saunas de aula.
Por isso, a
gente está protocolando o projeto “Escola Mais Fresca”. Mas está cobrando,
também, do estado de São Paulo, medidas urgentes pra mitigar o calor excessivo
nas Fatecs e Etecs, que, em sua maioria, seguem essa arquitetura de concreto
puro, que está fazendo os estudantes ficarem fora da sala de aula essa semana,
porque não tem condições de ter aula nas Fatecs, que não têm inclusive água
para os seus estudantes.
Obrigada pela
paciência e pelo tempo, presidente.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Não havendo oradores, peço o levantamento da presente sessão.
O
SR. PRESIDENTE - GUILHERME CORTEZ - PSOL - Obrigado,
deputada Monica. Antes de dar por levantada a sessão, esta Presidência,
cumprindo determinação constitucional, adita à Ordem do Dia os seguintes
projetos vetados, uma longa lista: Projeto de lei Complementar nº 85, de 2023;
Projeto de lei nº 1.641, de 2015; Projeto de lei nº 1.095, de 2017; Projeto de
lei nº 835, de 2019; Projeto de lei nº 137, de 2020.
Agora sequência: Projeto de lei nº 426,
de 2021; Projeto de lei nº 470, de 2021; Projeto de lei nº 844, de 2021;
Projeto de lei nº 885, de 2021; Projeto de lei nº 270, de 2023; Projeto de lei
nº 537, de 2023; Projeto de lei nº 576, de 2023; Projeto de lei nº 624, de
2023; Projeto de lei nº 714, de 2023; Projeto de lei nº 945, de 2023; Projeto
de lei nº 954, de 2023; Projeto de lei nº 1.167, de 2023; Projeto de lei nº
1.264, de 2023; Projeto de lei nº 1.356, de 2023; Projeto de lei nº 1.468, de
2023; e Projeto de lei nº 1.669, de 2023.
Mas não acabou ainda: Projeto de lei nº
100, de 2024; Projeto de lei nº 187, de 2024; Projeto de lei nº 339, de 2024;
Projeto de lei nº 343, de 2024; Projeto de lei nº 395, de 2024; Projeto de lei
nº 466, de 2024; Projeto de lei nº 526, de 2024; e Projeto de lei nº 726, de
2024.
Essa é a curta lista dos projetos de
lei vetados pelo Governo do Estado de São Paulo que são aprovados aqui na
Assembleia e agora voltam para a Ordem do Dia. Havendo acordo de líderes - agora
sim -, e antes de dar por levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a
sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a presente sessão.
Muito obrigado a todos e todas.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 41
minutos.
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