27 DE SETEMBRO DE 2024
133ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO SUPLICY
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Endossa o pronunciamento do deputado Eduardo Suplicy.
4 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
5 - CARLOS GIANNAZI
Inscrito, faz pronunciamento.
6 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Valoriza o pleito eleitoral a ser realizado no dia 06/10.
7 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
8 - EDUARDO SUPLICY
Inscrito, faz pronunciamento.
9 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
10 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 07/10, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h45min.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o Expediente.
Dando início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Delegado Olim.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Reis. (Pausa.) Com a palavra o deputado André Bueno. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado Tomé Abduch. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Donato. (Pausa.) Com a palavra o deputado Lucas Bove.
(Pausa.)
Com a palavra o
deputado Eduardo Suplicy, que fará uso regimental da tribuna.
O SR. EDUARDO SUPLICY
- PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro
presidente, deputado Carlos Giannazi, que tem estado aqui presente de forma
muito significativa, sempre expressando as suas opiniões, inclusive como líder
do PSOL, meus cumprimentos.
Eu gostaria
hoje de lhes falar a respeito do livro que acaba de ser lançado pela Editora
Jaguatirica, que é do Rio de Janeiro, livro de Marcus Eduardo de Oliveira, “A
civilização em risco - a humanidade na contramão do equilíbrio ecológico”.
Marcus Eduardo
de Oliveira é economista e ativista ambiental. Mestre em Integração da América
Latina pelo Programa de Estudos Latino-Americanos (Prolam), da Universidade de
São Paulo.
Nos últimos
anos tem se dedicado a estudar a relação da economia com o meio ambiente. Suas
publicações mais recentes: “Economia Destrutiva” e “Civilização e Desajuste com
os Limites Planetários” de 2017 e dezoito.
Mas agora este
novo livro, inclusive, contém a minha apresentação que passo a ler nos
seguintes termos: “A tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul desde 27 de abril deste
ano, em que chuvas fortíssimas provocaram mais de 107 mortes, cerca de 50 mil
desabrigados, mais de 150 mil desalojados, mais de 400 municípios atingidos
dentre os 497 existentes no Estado, bem como os desastres climáticos que
ocorreram em Petrópolis, São Sebastião, dentre tantos outros, tornam muito
relevantes para nós os ensinamentos reunidos pelo autor Marcos Eduardo de
Oliveira nesse livro “Civilização em Risco, a Humanidade na Contramão do
Equilíbrio Ecológico”.
Ressalto que
ainda ontem, novamente o Rio Grande do Sul foi atingido por fortes enchentes. E
também muitas áreas florestais do Brasil sofreram incêndios. Essa obra
constitui um alerta de grande importância sobre as relações entre os seres
vivos e o meio ambiente em que vivem, bem como suas recíprocas e influências.
Traz o
depoimento de inúmeros autores, como Albert Jacquard e Christian de Duve,
segundo os quais estamos fabricando uma Terra na qual ninguém de nós gostaria
de viver. E marchamos em ritmo acelerado para uma grande instabilidade. O autor
chama a atenção. Para a queda da cobertura florestal em várias regiões, tais
como a Mata Atlântica, onde 82% das espécies de árvores exclusivas do bioma
estão sob ameaça de desaparecer para sempre.
Preocupa-se com
o avanço do aquecimento global e com a devastação da Amazônia, onde 47% do
bioma pode ficar sem recursos para se regenerar, com grave risco de extinção.
Nunca a
humanidade havia assistido ao abate de 15 bilhões de árvores por ano, jamais já
estivemos tão perto do caos climático, segundo Jorge (Inaudível.): infringimos
este ano mais anos aos sistemas vivos do Planeta do que nos 100 mil anos anteriores.
A crise é gigante, multidimensional e atinge todos os aspectos da vida, segundo
Edgard Morin.
Marcos Eduardo
de Oliveira ressalta que ainda estamos vivendo numa economia cada vez mais
deturpada, socialmente injusta, ecologicamente lesiva e precisamos enfrentar a
lógica do lucro econômico imediato para conter a grave crise ecológica e,
assim, tirar a civilização do risco dos mais de 8 bilhões de habitantes, pelo
menos 10% - aquela parcela que possui 75% da riqueza mundial - nunca se
importaram em procurar adaptar o jeito de viver dentro dos limites da biosfera.
Estamos diante
de decisiva escolha, ou cuidamos da Terra, ou diminuímos os impasses no meio ambiente,
ou arriscamos a nossa própria destruição. Então, de acordo com Edward O. Wilson:
se a degradação dos habitats naturais e outras atividades humanas destrutivas
prosseguirem no ritmo atual, mesmo das espécies de plantas e animais da Terra
podem desaparecer, ou pelo menos estarem fadada a extração precoce até o final
do século.
Cabe ressaltar
a advertência do historiador Arnold Toynbee em um estudo de história: grandes
civilizações não são exterminadas, mas acabam com a própria existência.
Além disso,
vale lembrar importante mensagem da jovem Greta Thunberg, que também se
destacou nesses últimos tempos em favor de termos um tratamento climático mais
adequado. “Nossa casa está em chamas”, disse ela.
Marcos Eduardo
de Oliveira denuncia a irresponsabilidade ambiental como uma espécie humana, ao
dizer que os recursos de maior patrimônio cultural, a natureza, estão passando
por um processo de destruição-morte para, ironicamente, dar vida ao
funcionamento econômico global.
Seu diagnóstico
é de que, de mais de 3,5 bilhões de anos de evolução, é de que estamos
liquidando com a biodiversidade planetária, produto de mais de 3,5 bilhões de
anos de evolução. A degradação de ecossistemas arrasta o mundo em direção à
degradação entrópica da Terra. E, consequentemente, deixa para o futuro muitas
incertezas.
Segundo Pascal
Acot, historiador do clima, esse uso exclusivo está no fato de que retiramos
mais água, mais minerais, mais árvores, mais peixes do que a quantidade que os
ecossistemas podem produzir. Ou seja, estamos comendo o nosso capital.
Devoramos o ambiente com uma velocidade tal que terminamos com muitas das
belezas que nos circundam.
O
climatologista Baruch Mankiewicz diz que está previsto que tudo mude. O ar que
respiramos, a comida que comemos, a água que bebemos, as paisagens que vemos,
os oceanos, as estações, a rotina diária, a qualidade de vida.
A floresta não
é recurso econômico, mas é, antes de tudo, um pilar da vida. Com menos
florestas, há menos água. E sem água, há menos alimentos, adverte Marcos
Eduardo.
Alguns extremos
de calor recente, observados na última década, e até nos últimos dias, teriam
sido extremamente improváveis de ocorrer sem a influência humana no sistema
climático.
Dalai-lama nos
chama a atenção, é senso comum que não conseguiremos sobreviver se continuarmos
trabalhando contra a natureza. Preservar a diversidade biológica é fundamental,
para que haja o equilíbrio do meio ambiente.
Marcos pondera
que, num cenário em que será preciso alimentar toda a população mundial daqui a
pouco tempo, ao menos três desafios intercalados já estão no caminho da luta. A
segurança alimentar de cada um de nós, a redução das emissões de gases estufa
e, por fim, o controle da expansão das terras agrícolas sobre áreas de
preservação.
Diante do
pensamento que criou a crise, na frase de Albert Einstein, e que, obviamente,
faz aumentar a complexidade interna, especialmente nos entornos, não é difícil
concluir que o econômico tem sido colocado acima do ecológico, a rentabilidade
acima do projeto humanitário e as miragens da modernidade, todas, desde sempre
conhecidas, colocadas acima da regência da ordem social.
António
Guterres, secretário-geral da ONU, tem alertado em diversos pronunciamentos que
os ecossistemas do mundo enfrentam ameaças sem precedentes. O autor ressalta
que a economia moderna não pode crescer indefinidamente, desconsiderando os
limites ecológicos de um planeta finito e negligenciando que a natureza não tem
recursos inesgotáveis.
Ressalta,
ainda, o alerta de Noam Chomsky, de que a lógica capitalista, se não for
limitada, é uma receita para a destruição. E concorda com Ailton Krenak, o
nosso grande líder indígena. Ou aprendemos a falar a língua da terra, ou vamos
ser expulsos do corpo da terra, como uma coisa estranha a esse organismo que
produz a vida.
Marcos elogia a
carta da terra, destacando que os benefícios do desenvolvimento não estão sendo
divididos equitativamente, e o fosso entre ricos e pobres está aumentando.
O autor conclui
que é hora de optar por uma economia solidária, na essência a valorização do
ser humano, e não a valorização do deus mercado, do deus dinheiro, e assim por
diante; e ecologicamente equilibrada, que olhe prioritariamente para a
conservação da vida.
De forma
consistente com o seu diagnóstico, permita aqui sugerir que, para solucionar o
problema da crescente desigualdade que caracteriza o desenvolvimento de tantos
países, inclusive o Brasil, seria importante logo avançar a implementação e a
universalização da renda básica de cidadania, o direito de todas as pessoas,
não importa a sua origem, raça, sexo, condição civil ou mesmo socioeconômica,
de receber uma renda suficiente para atender às suas necessidades vitais, como
explicitam as Leis nºs 10.835, de 2004, e 14.601, de 2023, e assim
participarmos da riqueza comum de nossa Nação.
Estaremos,
assim, seguindo as recomendações de Philippe Van Parijse Yannick Vanderborght em ‘Renda Básica - uma Proposta
Radical para uma Sociedade Livre e uma Economia Sã’, e do papa Francisco, em
“Vamos Sonhar Juntos - o Caminho Para um Futuro Melhor”, em que ele diz,
abrindo aspas para o papa Francisco: ‘Reconhecer o valor do trabalho não
remunerado para a sociedade é vital para repensarmos o mundo pós-pandemia. Por
isso, acredito que seja a hora de explorar conceitos como o da renda básica
universal’.”
Meu caro
presidente Carlos Giannazi, muito obrigado pela tolerância para que eu pudesse
ler este prefácio de um livro que eu recomendo muito, de Marcos Eduardo de
Oliveira.
Muito obrigado.
Posso, então, voltar à Presidência,
para que possa fazer o seu pronunciamento, também, com toda a disponibilidade
de tempo que for necessária.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito
obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Parabéns pela sua intervenção, sempre
divulgando esse projeto tão importante, esse programa de renda mínima
universal, que é a saída para a humanidade, para a sustentação da humanidade,
principalmente neste momento histórico tão difícil que nós estamos vivendo, de
profundas desigualdades sociais e econômicas, sobretudo no Brasil.
Então, passo a Presidência a V. Exa.,
para que eu possa utilizar a tribuna.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Próximo orador,
então, deputado Danilo Campetti. (Pausa.). Deputado Carlos Giannazi. Tem a
palavra pelo tempo que for necessário.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputado Gil
Diniz, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, há cinco meses eu
realizei uma importante audiência pública aqui na Assembleia Legislativa com
profissionais da Educação do município de Guarulhos, com supervisores e
supervisoras escolares, com diretoras e diretores, com professoras e
professores, com entidades, com representantes da Câmara Municipal.
E nós ouvimos relatos tenebrosos de
perseguição, de assédio, de constrangimento, de não investimento na rede
municipal, em todos os níveis. Ouvimos relatos de uma política de esvaziamento
da função da supervisão escolar, de terceirizações, de precarização de
contratações de professores, de arrocho salarial, de defasagem salarial, do não
pagamento correto do Piso Nacional do Magistério.
Lá, não há
repercussão na carreira; lá, o piso virou teto, e não piso. Foram várias as
denúncias, Sr. Presidente.
E nós agora
fomos surpreendidos, porque essa perseguição continuou; perseguição, assédio,
tudo isso, mesmo com a nossa audiência pública... Utilizei a tribuna da Alesp,
fiz pronunciamentos contra o que vinha acontecendo.
E
recentemente nós tivemos aqui uma triste notícia de uma das pessoas que
mobilizava o grupo. Uma pessoa histórica da rede municipal de Guarulhos, a
professora Patrícia de Oliveira, que foi perseguida, que foi assediada, que foi
constrangida durante todo esse tempo, e que inclusive em alguns momentos teve
que tirar licença médica por conta dessa perseguição. Porque a sua saúde mental
foi abalada, e com razão, ela não conseguiu permanecer na rede.
Por conta do
assédio, da perseguição, ela pediu exoneração do cargo de supervisora escolar.
Um cargo que ela entrou, que ela ingressou através do concurso público. Ela já
era professora da rede desde 2003.
Depois, desde
2014, ela assumiu a supervisão escolar da rede municipal de Guarulhos. Ela
sempre denunciou todas essas injustiças, tudo o que vem acontecendo. E fez
parte inclusive da nossa audiência pública. Eu quero colocar uma foto aqui.
Ela é a
Patrícia de Oliveira, que participou, há cinco meses, de uma importante
audiência que nós realizamos aqui. Ela deu um riquíssimo depoimento, fez um
relato do que estava acontecendo na rede.
De tão
perseguida que foi, pela sua chefia imediata, pela Secretaria da Educação, pela
gestão atual da Prefeitura de Guarulhos, ela pediu exoneração, para preservar a
sua dignidade. Para preservar a sua saúde mental, ela resolveu sair da rede
municipal.
E quem perde?
Primeiro, nós perdemos uma educadora, uma supervisora escolar que cumpria o seu
dever. A rede municipal de Guarulhos perde uma grande educadora, uma
supervisora escolar que tinha um trabalho importantíssimo. E perde toda a
população de Guarulhos, quando uma supervisora de ensino, uma servidora pública
de carreira, concursada, pede exoneração, porque foi assediada e perseguida.
A perseguição
continua contra as outras supervisoras, que estão tendo as suas funções
esvaziadas. Há todo um controle, uma tentativa de esvaziar, de desqualificar o
trabalho dessas supervisoras e dos profissionais da Educação como um todo.
Então nós vamos continuar denunciando, e cobrando, da prefeitura, que
providências sejam tomadas.
Já há inclusive
representação no Ministério Público estadual. E nós vamos exigir que o
Ministério Público acelere as investigações. Porque isso é inconcebível, o que
aconteceu. Então, aqui da tribuna da Assembleia Legislativa, eu quero
manifestar o nosso total apoio e solidariedade à luta dos profissionais da
Educação de Guarulhos, à supervisão escolar.
E sobretudo à
Patrícia de Oliveira, que foi vítima desse assédio e dessa perseguição que eu
citei aqui. Que o Ministério Público tome as devidas providências, e ponha um
fim ao que está acontecendo na Secretaria Municipal de Guarulhos.
Eu quero ainda
aproveitar, antes de encerrar o meu pronunciamento. Ontem, quinta-feira, houve
uma consulta e uma audiência pública, na Secretaria da Educação, que eu já
tinha anunciado aqui, há alguns dias atrás, sobre a privatização de 143 escolas
estaduais. Sendo 70 delas da centro oeste, e 73 da leste 5, o primeiro lote de
privatizações das escolas estaduais.
Foi uma
audiência pública, uma consulta só para inglês ver, porque não haveria nenhuma
possibilidade de cancelamento. É uma espécie de consulta onde as pessoas não
teriam poder de vetar essa privatização. O que eles querem fazer, o que a
Secretaria da Educação já está fazendo, é o que já fez o estado do Paraná,
através da sua Secretaria da Educação, privatizando escolas.
Eles começam privatizando
a parte administrativa, que eles chamam de gestão administrativa, dizendo que
não haverá privatização da gestão pedagógica. Mas, na verdade, a escola, Sr. Presidente, não pode, a gestão da escola
como um todo tem que ser pública, porque a escola é pública. É um absurdo eles
usarem esse tipo de metodologia.
E nós estamos
cansados, na rede estadual, de ver o que acontece com empresas privatizadas
dentro das nossas escolas. Por exemplo, as empresas de limpeza, essas empresas
terceirizadas, que a todo momento atrasam os pagamentos, que não pagam as suas
funcionárias e as escolas ficam abandonadas, sem limpeza, sem aulas, inclusive,
Sr.
Presidente.
Eu faço constantemente denúncias sobre isso.
Então,
privatização de escola pública não funciona. Nós não podemos ter empresas
terceirizadas dentro das nossas escolas. Até porque a escola não é espaço para
lucro de empresas. A escola pública é pública e toda a gestão dela deve ser
pública, gestão administrativa, financeira, gestão pedagógica.
Então, não tem
sentido o que a Secretaria está fazendo. Tem sentido para ela, que quer
transferir dinheiro público para as grandes empresas, para os grandes
empresários terem lucro com o dinheiro público da Educação. É isso que está
acontecendo hoje no estado de São Paulo.
Então, foi uma
audiência fake, uma consulta fake, que nem o secretário teve coragem de
participar, Sr. Presidente, dessa audiência, dessa consulta pública. E agora o governo
já anunciou também, eu já denunciei aqui na tribuna da Assembleia Legislativa, que
haverá o leilão de 33 escolas, agora no final do ano.
O governo vai
leiloar, vai colocar escolas na Bolsa de Valores de São Paulo, lá na B3. Uma
coisa inédita, que nunca aconteceu. Ou seja, e com abertura para o capital
internacional.
Empresas
internacionais poderão participar desse leilão, inicialmente de 33 escolas. Ou
seja, a empresa que ganhar o leilão vai construir escolas e vai administrar
essas escolas, recebendo dinheiro público, dinheiro do Orçamento da Educação.
Aliás, dinheiro
que o governador quer cortar da educação com a PEC 9. A PEC que vai reduzir o
Orçamento da Educação de 30 para 25%, reduzindo o Orçamento das escolas
estaduais em dez bilhões de reais, Sr. Presidente.
Então, é uma
incoerência muito grande. Esse governo me parece que foi contratado mesmo para
destruir a educação estadual. De um lado, ele corta recursos, tenta aprovar a
PEC 9, e nós fazemos a resistência aqui no plenário.
Do outro lado,
ele começa a privatizar as escolas, entregando as escolas para os empresários
terem lucro em cima do dinheiro público da Educação. Então, é privatização.
De outro lado,
ele tenta militarizar escolas, que nós também suspendemos. Conseguimos uma
vitória importante, mesmo que provisória, porque, através de uma ação da Apeoesp,
aqui no TJ, e através da nossa Adin do Supremo Tribunal Federal, a implantação
da escola cívico-militar está suspensa no estado de São Paulo.
E, ao mesmo
tempo, o governo municipaliza as escolas na Capital. Já municipalizou 25
escolas e pretende municipalizar mais 25 no ano que vem. Ou seja, ele começa a
enxugar a rede com demissões em massa de professores categoria “O”.
Não chama os
professores aprovados no concurso público. Ele mantém a rede com contratações
precarizadas, com mais de 80 mil professores categoria “O”, e muitos deles
foram aprovados no concurso e não são chamados. Não houve chamada para as aulas
de filosofia, de sociologia.
É um número
muito reduzido de professores que assumiram aulas, porque não tem chamada,
presidente. Nós temos quase 100 mil vagas, ou até mais que isso, e o governo só
chamou até agora de 15 a 18 mil professores aprovados no concurso público.
Porque o
governo não quer professor efetivo. Ele quer manter a precarização dos
contratos, fechamento de salas, fechamento de turnos de escolas, impedimento de
funcionamento de cursos noturnos na área do Ensino Médio regular, fechamento de
EJA em várias escolas, em várias diretorias de ensino. EJA é a Educação de
Jovens e Adultos, Sr. Presidente.
E até mesmo
fechamento de escolas como um todo - como está acontecendo agora em Cotia -, além
do assédio, além da perseguição em cima dos professores, além da máfia e da
ditadura das plataformas digitais que estão destruindo a Educação estadual,
impedindo a autonomia pedagógica do Magistério e, sobretudo, prejudicando a
aprendizagem dos nossos alunos. Esse é o retrato da rede estadual de ensino.
Então, Sr. Presidente,
nós estamos em luta aqui em defesa da escola pública, contra as privatizações,
contra a militarização das escolas, contra a demissão em massa de professores
categoria “O”, pela chamada imediata dos aprovados no concurso, pela
prorrogação dos contratos de 2021... Que haja a prorrogação dos contratos.
Nós temos
projetos aqui tramitando que resolvem isso, e também pela prorrogação de todos
os contratos das professoras do ensino fundamental, Sr. Presidente, das séries
iniciais, que o governo anunciou, através da resolução publicada recentemente
no Diário Oficial, que vai encerrar os contratos.
É um desmonte
jamais visto na Educação do Estado de São Paulo. Mas estaremos em luta aqui e nas
ruas - e junto com as entidades da Educação.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Caro deputado,
caro Giannazi, eu agradeço se puder ainda presidir um pouco, para que eu fale
mais de outros assuntos. Mas gostaria de fazer uma sugestão à V. Exa., que nós
estamos a uma semana agora das eleições municipais tão importantes para São
Paulo e todos os municípios brasileiros.
E eu agradeceria muito se V. Exa. pudesse
falar ainda hoje para uma análise das suas recomendações para que o povo
paulista possa escolher da melhor forma possível qual nosso futuro prefeito. Então,
depois da minha fala, se puder fazer, eu venho presidir a sessão. Está bom?
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos
Giannazi.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL -
Dando sequência à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente - já
estamos na lista, agora, Suplementar. Com a palavra o deputado Delegado Olim.
(Pausa.) E com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará o uso regimental
da tribuna.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Giannazi, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
no último dia 25 de setembro, quinta-feira passada, o Núcleo Especializado de
Situação Carcerária da Defensoria Pública do Estado de São Paulo promoveu
importante audiência pública sobre as dificuldades de aproximação familiar no Sistema
Penitenciário.
A audiência
contou com a presença de dezenas de familiares de pessoas encarceradas e de
egressos que fizeram depoimentos muito sensíveis sobre as formas como as
famílias são impactadas pelo encarceramento.
Os principais
problemas relatados dizem respeito ao gasto que as famílias têm com o
deslocamento, uma vez que os presos, em desrespeito a todas as leis e tratados
que determinam a aproximação familiar, são colocados em unidades prisionais
cada vez mais distantes de sua cidade de origem.
Além disso, as
famílias são obrigadas a manter o “jumbo” - alimentos, medicamentos e produtos
de higiene pessoal que não são fornecidos pelo Estado - por Sedex, o que as onera
ainda mais. Outro problema que relataram diz respeito à forma cruel e
desrespeitosa com que são tratados no ambiente prisional e o estigma social que
sofrem em razão de terem seu familiar preso.
A fala de uma
das mulheres presentes à audiência retrata bem essa questão: “Nós estamos
presas junto com eles; cumprimos a pena também, passando por várias
necessidades e muitas humilhações.” Outra mulher relatou: “Não sei se uso o
dinheiro para mandar remédios para o meu marido ou se uso para alimentar a
minha família. Não é verdade - como dizem - que eles têm tudo lá; falta tudo.”
Todos os
depoimentos explicitaram um quadro de dor constante, marcado pela angústia da
separação, pelas dificuldades e humilhações. Os familiares falam do desespero
ao verem seus direitos negados durante as visitas, sendo revistados de forma
degradante, e da sensação de impotência diante da ausência do cumprimento do
papel do Estado. Essas vozes expõem o quanto o sistema carcerário brasileiro,
além de aprisionar corpos, aprisiona também o futuro dessas famílias,
deixando-as ainda mais vulneráveis e emocionalmente devastadas.
Infelizmente, a
Secretaria de Administração Penitenciária, o Ministério Público e o Tribunal de
Justiça de São Paulo não compareceram à audiência, embora tivessem sido
convidados.
A pesquisadora
do tema, Sofia Fromer Manzalli, doutoranda em saúde coletiva na Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, também presente à audiência,
apontou as consequências dessa forma de gestão perversa da Secretaria de
Administração Penitenciária e do peso financeiro, emocional e social que esse
quadro traz para familiares e presos.
O afastamento
das pessoas presas como punição aos familiares, o rompimento de vínculos, os
problemas de saúde física e mental, elevado tempo despendido, altos custos com
os deslocamentos para visitas, comprometendo ainda mais o sustento e a dinâmica
familiar.
Altos custos
com envios de jumbo, situação degradante nos presídios, humilhações e
dificuldades de conexão familiar, inclusive na ocorrência de agravamentos de
saúde ou de mortes de presos.
Esses dados são
um grito de alerta sobre como o sistema prisional afeta não apenas os presos,
mas também suas famílias, além de dificultar, de todas as formas possíveis, o
processo de reintegração social.
A luta pela
dignidade das famílias encarceradas é uma questão de justiça social. O
encarceramento, da forma como é conduzido hoje, expõe nossa sociedade a uma
perpetuação da pobreza, de violências e de exclusão.
Faço aqui um
apelo às autoridades do Poder Executivo para que realizem uma gestão mais
racional e adequada do sistema prisional, adotando com urgência todas as
medidas necessárias a sanar esse quadro de violações.
A esta Casa
Legislativa cabe fiscalizá-las, além de propor e aprovar um quadro normativo que
dê sustentação à urgente reforma desse perverso e violento estado de coisas.
Sr. Presidente,
se me permite ainda assinalar que, felizmente, a taxa de desemprego no Brasil
foi de 6,6% no trimestre encerrado em agosto, segundo a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios Contínua, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. Esta foi
a menor taxa de desemprego para o mês de agosto em toda a série histórica do
PNAD, iniciada em 2012. Uma taxa tão baixa quanto 6,6% foi atingida pela última
vez em dezembro de 2014.
Com relação ao
trimestre imediatamente anterior, encerrado em maio, houve queda de 0,5% na
taxa de desocupação, que era 7,1 por cento. No mesmo trimestre de 2023, a taxa
era de 7,8 por cento. Com os resultados, o número absoluto de desocupados caiu
6,5% contra o trimestre anterior, atingindo 7,3 milhões de pessoas. Na
comparação anual, o recuo é de 13,4 por cento.
No trimestre
encerrado em agosto, também houve alta de 1,2% na população ocupada, estimada
em 102,5 milhões de pessoas - novo recorde da série histórica iniciada em 2012.
No ano, o aumento foi de 2,9, com mais 2,9 milhões de pessoas ocupadas.
Com o número de
ocupados em patamares recorde, acima dos 102,5 milhões de brasileiros, o IBGE
registrou novamente recordes nos números de trabalhadores com e sem carteira
assinada. Entre os empregados com carteira assinada, o número absoluto de
profissionais chegou a 38,6 milhões, maior patamar da série histórica do Pnad
Contínua, desde 2012.
Já os
empregados sem carteira somam 14,2 milhões, também recorde. A alta para o
trimestre foi de 4,1%, com aumento de 565 mil trabalhadores no grupo. No
comparativo com 2023, houve um aumento de 7,9%, ou de 1 milhão de pessoas. Portanto,
essa é uma notícia positiva. Cumprimento, sobretudo, o presidente Lula, o
ministro da Fazenda, Fernando Haddad e toda a sua equipe.
E gostaria
ainda de, finalmente, assinalar que o Tribunal de Contas do Estado encontrou
falhas em equipamentos estaduais de prestação de serviço a mulheres
vítimas de violência.
Promoveu nesta
quinta-feira, dia 26, uma fiscalização surpresa em 140 municípios paulistas com
o objetivo de verificar a prestação de serviço de atendimento a mulheres
vítimas de violência doméstica e família nos equipamentos estaduais.
A ação que
ocorreu das 8 às 16 horas envolveu 245 servidores que inspecionados 229
órgãos, incluindo 143 delegacias de polícia da mulher, 66 institutos
médicos legais, 19 hospitais especializados e uma central de referência de
apoio.
Na região de
Bauru, foram visitados dez equipamentos de atendimento onde foram identificadas
falhas em comum, segundo o balanço da operação. Não funcionam todos
os dias nem 24 horas para atendimento das mulheres vítimas de violência.
Quando fora de
horário de expediente, os atendimentos são realizados no plantão
policial. Não há servidores com capacitação específica para atendimentos à
mulher vítima da violência. Unidades não dispõem de atendimento
multidisciplinar, psicológico, jurídico, assistencial, todos os dias no
horário do expediente.
Nas instalações,
não há vagas de estacionamento exclusivo para vítimas da violência e não há
protocolos de atendimento específicos para mulheres vítimas da violência.
As estruturas
de atendimento são inadequadas com más condições de conservação. Há falta
de equipamentos necessários ao trabalho, equipamentos de informática e de
acesso à internet.
Há falta de
AVCBs, licença sanitária e banheiros acessíveis. Faltam vagas de
estacionamento para mulheres vítimas da violência. Os órgãos serão
notificados sobre as irregularidades encontradas, exigindo explicações e
planos de ação para a correção destas falhas.
Eu volto então
à Presidência para que o deputado Carlos Giannazi possa ainda também se
pronunciar.
Muito
obrigado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente, eu
fiz uma sugestão que talvez não seja permitida, de estarmos falando das
eleições que ocorrem no dia seis de outubro, mas eu tinha pensado que como na
próxima semana não haverá Pequeno e Grande Expediente, seria interessante
aqui uma reflexão a respeito, mas eu vou respeitar as normas e, por isso,
então, peço o levantamento da sessão em havendo concordância de todos os
líderes.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo
acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas para a sessão ordinária do dia sete de outubro,
segunda-feira, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 45
minutos.
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