22 DE NOVEMBRO DE 2024

78ª SESSÃO SOLENE EM COMEMORAÇÃO AO DIA DOS POVOS DA PALESTINA E LÍBANO

        

Presidência: MAURICI

        

RESUMO

        

1 - MAURICI

Assume a Presidência e abre a sessão às 19h55min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a composição da Mesa. Convida todos a ouvirem, de pé, o "Hino da Palestina", o "Hino do Líbano" e o "Hino Nacional Brasileiro". Anuncia exibição de vídeo sobre os povos da Palestina e do Líbano.

        

3 - PRESIDENTE MAURICI

Cumprimenta as autoridades presentes. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene para a "Comemoração ao Dia dos povos da Palestina e do Líbano", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Informa que o Brasil possui o maior número de descendentes libaneses. Discorre sobre o que considera um massacre a palestinos e libaneses. Menciona a morte de 42 mil pessoas em Gaza, com um número de feridos incalculável. Lamenta que o conflito tenha sido exportado para o Líbano, onde cerca de um milhão e duzentas mil pessoas abandonaram suas casas. Presta homenagem ao presidente Lula, por ter sido o primeiro líder a denunciar o genocídio e impedido a compra de produtos de empresa israelense. Fala sobre a relação de outros países com Israel. Cita o mandado de prisão contra o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu, emitida pelo Tribunal Penal Internacional. Considera necessário o aumento do número de países contrários a Israel e ao aumento das sanções contra o país. Presta solidariedade aos povos libaneses e palestino como presidente da Comissão de Relações Internacionais desta Casa. Pede um cessar-fogo imediato. 

        

4 - WALTER PINHEIRO

Teólogo e pastor da Igreja Betesda, faz pronunciamento.

        

5 - GHASSAN ABDALLAH

Sheik, faz pronunciamento.

        

6 - ARIOVALDO RAMOS

Pastor, representante da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito - Feed, faz pronunciamento.

        

7 - MOHAMAD AL BUKAI

Sheik, líder religiosos da Mesquita Brasil em São Paulo, faz pronunciamento.

        

8 - JADE PERCASSI

Diretora nacional do MST, faz pronunciamento.

        

9 - HUSSEIN KHALILO

Sheik do Centro Islâmico e de Diálogo Inter-religioso e Intercultural, faz pronunciamento.

        

10 - NORIAN SEGATTO

Escritor e secretário de Saúde e Segurança da Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas, faz pronunciamento.

        

11 - JAMIL MURAD

Presidente da Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, faz pronunciamento.

        

12 - THIAGO TANJI

Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

13 - FUAD ASHCAR

Diretor da Federação de Entidades Americano-árabes, faz pronunciamento.

        

14 - ZIAD AHMAD

Diretor do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina, faz pronunciamento.

        

15 - NATHANIEL BRAIA

Representante do Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

16 - UALID RABAH

Presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil - Fepal, faz pronunciamento.

        

17 - EMIR MOURAD

Secretário-geral da Confederação Palestina da América Latina e Caribe - Coplac, faz pronunciamento.

        

18 - HASSAN GHARIB

Presidente da Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil - Arbib, faz pronunciamento.

        

19 - PRESIDENTE MAURICI

Diz ser uma honra compartilhar a Mesa com estas autoridades. Agradece aos presentes na solenidade e a todos os que lutam pela liberdade da Palestina e do Líbano. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h53min.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Maurici.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Boa noite, senhoras e senhores, sejam todos bem-vindos. Esta sessão solene tem a finalidade de prestar respeito e solidariedade às vítimas e familiares, bem como à comunidade árabe, que vive um triste conflito há mais de um ano. Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.

Convido, para que componha a Mesa Diretora desta solenidade, primeiramente, o presidente proponente desta sessão, o deputado Maurici. (Palmas.) Também convido à Mesa o cônsul-geral da Síria no Brasil, Emad Orfaly. (Palmas.)

Convido também o Sr. Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe Palestina no Brasil, a Fepal. (Palmas.) Também o Sr. Hassan Gharib, presidente da Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil, Arbib. (Palmas.)

Os convidados Walter Pinheiro, teólogo e pastor da Igreja Betesda; pastor Ariovaldo, representando a Frente de Evangélicos; sheik Mohamad Al Bukai, líder religioso da Mesquita Brasil em São Paulo; Jade Percassi, da Diretoria Nacional do MST; também o sheik Hussein Khalilo, do Centro Islâmico e de Diálogo Inter-Religioso e Intercultural. (Palmas.) Convido também Norian Segatto, escritor e secretário de Saúde e Segurança da Fenaj; Sr. Jamil Murad, presidente da Cebrapaz; Sr. Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas. (Palmas.)

Convido também o Sr. Fuad Ashcar, diretor da Federação de Entidades Americano-Árabes; o Sr. Ziad Ahmad Saifi, diretor do Centro de Divulgação do Islã para a América Latina; Nasser Taleb Al-Khazraji, diretor do Centro Islâmico do Brasil. (Palmas.)

Convido também Nathaniel Braia, representando o Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo. (Palmas.) Convido também o sheik Ali Al-Khatib, representante da Dar Al-Fatwa Libanesa no Brasil e na América Latina. (Palmas.) Convido também à Mesa o Sr. Emir Mourad, secretário-geral da Confederação Palestina da América Latina e do Caribe; o sheik Ghassan Abdallah, imame da Mesquita Mohammad Rasul Allah. (Palmas.)

Agradecemos a presença das presentes personalidades.

Agora, todos a se alocarem, se ajustarem.

Convido o presidente proponente, deputado Maurici, a dar a sua palavra para o início da noite.

 

O SR. PRESIDENTE - MAURICI - PT - Boa noite a todas as pessoas que atenderam ao nosso convite, todos são muito bem-vindos. Quero cumprimentar o senhor cônsul-geral da Síria em São Paulo, o Sr. Emad Orfaly. Quero cumprimentar o presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil, Fepal, Ualid Rabah, e cumprimentar também Hassan Gharib, presidente da Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil. Ao cumprimentá-los, cumprimentar todas as demais autoridades e representantes do mundo árabe aqui presentes.

Iniciamos nossos trabalhos nos termos regimentais. Senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação, com a finalidade de usar este plenário para abrir espaço e prestar solidariedade ao povo palestino, ao povo libanês, dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, estado cujo último censo estimava 11.476 palestinos e entre oito a dez milhões de brasileiros, sendo o Brasil o país com maior população libanesa entre descendentes e ascendentes desta origem.

Uma parte significativa do mundo ainda insiste em fechar os olhos ao massacre que está sendo imposto a palestinos e libaneses. Todos os dias, milhares de bombas explodem, deixando um rastro de sangue.

Em Gaza, já são mais de 42 mil mortos, dos quais 17 mil são crianças. O número de feridos é incalculável e inclui 3.500 amputados que, por consequência dessa guerra, terão que viver o resto de suas vidas sem um braço, sem uma perna, mutilados.

Agora, o conflito está sendo exportado para o Líbano, onde três mil pessoas já morreram e 20 mil ficaram feridas. Em um esforço para encontrar abrigo, um milhão e 200 mil libaneses abandonaram suas casas, um terço deles crianças. Trata-se de uma tragédia de dimensões colossais.

Essa guerra insana precisa parar imediatamente. É urgente uma reação ao genocídio promovido por Israel, que está ceifando vidas e semeando o horror em todo o Oriente Médio.

O presidente Lula saiu na frente. Foi o primeiro líder mundial a denunciar o genocídio. Também vetou a compra, pelo Exército Brasileiro, de 36 veículos blindados de combate, que seriam fornecidos por uma empresa israelense, em um negócio com potencial para atingir a cifra de um bilhão de reais.

Espanha e Irlanda vêm articulando com outros países da União Europeia a revisão do acordo de associação do bloco com Israel, por violação da cláusula de Direitos Humanos. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, pediu inclusive a suspensão do acordo de livre comércio entre a União Europeia e Israel.

Mês passado, a ONU declarou que os países que permitirem e ajudarem Israel na ocupação ilegal de territórios palestinos devem ser considerados cúmplices dos crimes de guerra que estão ocorrendo na região.

No mesmo dia do comunicado emitido pela ONU, os Estados Unidos, principal aliado político e militar de Israel, se manifestaram pelo fim da violência na Faixa de Gaza. Reino Unido, França e Alemanha acompanharam a posição estadunidense, aumentando a pressão sobre Israel.

Ontem o Tribunal Penal Internacional de Haia emitiu um mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, por crimes contra a humanidade e por crimes de guerra cometidos durante o conflito.

Ainda assim, essa guerra parece estar longe de acabar, infelizmente. Para que possamos ter a tão sonhada paz para palestinos e libaneses, é preciso aumentar de forma significativa o número de países contrários a esse genocídio e estabelecer sanções que obriguem o governo sionista de Israel a repensar sua postura. Também é preciso equilibrar a opinião pública.

Temos que furar a blindagem midiática que protege Israel, tirando o foco do agressor e solidificando no noticiário uma leitura enviesada do conflito. Temos que erguer a nossa voz e apresentar o outro lado, se quisermos equilibrar essa luta.

Quem se cala diante de uma injustiça escolhe o lado do opressor. E isso não acontecerá. Como presidente da Comissão de Relações Internacionais da Assembleia Legislativa de São Paulo, eu expresso toda a solidariedade aos povos palestinos e libaneses e defendo um cessar-fogo imediato. Muito obrigado. (Palmas.)

Iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo à minha solicitação, com a finalidade de usar este plenário para abrir espaço e prestar solidariedade aos povos libanês e palestino dentro da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, estado cujo último censo estimava 11.476 palestinos e oito a dez milhões de libaneses, sendo o Brasil o país com a maior população libanesa, entre descendentes e ascendentes, dessa origem.

Ao mestre de cerimônias.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Pois bem, agradeço as palavras do deputado Maurici. Convido a todos a prestar respeito. Vamos ouvir o Hino da Palestina.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Palestino.

 

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Agradeço a todos. Na sequência, ouviremos o Hino do Líbano e também o Hino Nacional Brasileiro.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Libanês.

 

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- É reproduzido o Hino Nacional Brasileiro.

 

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Nesta noite estamos unidos aqui em solidariedade aos povos palestinos, libaneses, entre outros que estão sendo afetados por esse violento conflito.

Gostaríamos também de aproveitar para registrarmos a presença das seguintes personalidades aqui, como o Sr. Zyad Alali, vice-cônsul geral da Síria em São Paulo; o sempre deputado Said Mourad; o Sr. Nasser Abdala, presidente da Sociedade Palestina de São Paulo; o Sr. Kháled Fayez Mahassen, presidente da Academia Árabe de Letras e também membro do Partido Comunista Libanês.

A Sra. Gabriela Rangel, chefe de gabinete do deputado Guilherme Cortez; a também sempre deputada federal Socorro Gomes. (Palmas.) Aproveito também para agradecer a presença do Sr. Assad Frangieh, representante dos Marabá. (Palmas.) E, por último, neste momento, o Sr. Mohamed El Orra, diretor da Câmara de Investimento Brasil-Arábia Saudita. (Palmas.)

Dito isso, convido a todos para acompanharmos um vídeo. Também avisamos que as imagens são fortes, as pessoas mais sensíveis já fiquem avisadas e, caso queiram, podem se retirar por um minuto para que possamos acompanhá-lo. Por favor.

 

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- É exibido o vídeo.

 

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Agradecemos a paciência de todos. Aproveitando também para cumprimentar a Sra. Nisrine Berri, diretora do Colégio Brasileiro Islâmico; o Sr. Kamal Kabawa, presidente do Salam Brasil; o Sr. Roberto Casseb, proprietário do “Jornal do Cambuci”; o Sr. Ahmed Awada, diretor da Associação Religiosa Beneficente Islâmica; o Sr. Francisco Freitas, diretor de saúde da Facesp, Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo, e a Sra. Socorro Gomes, diretora-executiva da Cebrapaz.

Dando sequência à sessão, convidamos para fazer uso da palavra os representantes das entidades presentes, começando pelo Sr. Walter Pinheiro, teólogo e pastor da Igreja Betesda.

 

O SR. WALTER PINHEIRO - Boa noite. Gostaria de cumprimentar a todos e todas desta Casa e começar este momento fazendo um ato de solidariedade a todos os irmãos da Palestina e do Líbano. Estamos com vocês. Fizeram-me uma pergunta esta semana: por que um cristão, um pastor cristão, estaria defendendo a Palestina? E, como eu tenho pouco tempo, eu quero contar uma história.

Eu tenho 30 anos de idade e eu lembro que, exatamente há dez, 11 anos, eu estava na faculdade. Eu era um jovem cristão conservador e, no meio cristão hegemônico, as lideranças evangélicas sempre defendem o Estado de Israel. Elas defendem o Estado de Israel, porque existe uma ideologia na cabeça das pessoas, o sionismo - ele tem o seu braço econômico, ele tem o seu braço político e ele tem o seu braço religioso.

Então, no ocidente, quase todos os cristãos são sionistas, e eles são sionistas sem saber o que estão defendendo. E eu era um desses jovens, um cristão sionista que estava dentro de uma igreja evangélica. E, quando tinha algum conflito ou quando a mídia ocidental noticiava que um terrorista muçulmano atacou Israel, nós defendíamos Israel, nós éramos convocados a orar e defender Israel.

Eu era estudante de geografia da faculdade Federal de Minas Gerais. Eu lembro que, em um desses episódios, convocaram cristãos para fazer um momento de oração por Israel.

E eu fui até esse evento, só que um amigo, um colega de classe, me fez uma pergunta: “Walter, por que você sempre ora por Israel, mas você não ora pelos palestinos, pelas crianças e mulheres palestinas que são mortas pelo Estado de Israel?”

E eu percebi que eu nunca tinha feito essa pergunta. Eu percebi que, na verdade, eu nem enxergava essas mulheres, essas crianças, esses homens palestinos mortos. Eu percebi que nem enxergava a existência da Palestina.

Então, depois desse momento, comecei a estudar a história da Palestina. Comecei a conhecer o movimento palestino, os refugiados palestinos da minha cidade, os refugiados muçulmanos de outros países na minha cidade.

E percebi que estava defendendo um Estado, um movimento político - estava defendendo tudo, menos aquilo que significava a minha fé. Sou o seguidor de Jesus Cristo, o Nazareno. Sou o seguidor de um homem que lutou e dedicou a sua vida pelos marginalizados. E eu percebi que eu estava do lado errado da história, eu percebi que eu estava do lado do império; eu percebi que eu estava do lado de Roma; eu percebi que eu estava do lado dos Estados Unidos; eu percebi que eu estava do lado de Israel.

Então deu tempo de eu mudar de opinião. Então, com 19 anos de idade, eu ingressei na causa palestina e comecei a defender todo o direito da luta palestina. Ingressei em movimentos, participei, estudei, fui para manifestações e sempre tive esse ímpeto de convocar os meus amigos e amigos cristãos para essa luta.

Jesus de Nazaré tem um sermão, o seu sermão mais famoso, o Sermão do Monte. Ele vai dizer das bem-aventuranças e vai dizer que “bem-aventurados são aqueles que têm fome e sede de justiça”.

Então, neste dia de solidariedade ao povo palestino e libanês, nós que temos hoje fome e sede de justiça por aquilo que vocês sofrem, não desistam, porque a resistência palestina, a resistência árabe e dos povos massacrados está sendo ouvida, e muitas pessoas estão somando a essa luta. Estou com vocês.

Obrigado pela oportunidade e obrigado pela amizade. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, Walter. Gostaria também de anunciar a presença do ex-deputado estadual Salvador Khuriyeh. (Palmas.)

Pela ordem, gostaria de chamar o sheik Ghassan Abdallah, imame da Mesquita Mohammad Rasul-Allah.

 

O SR. GHASSAN ABDALLAH - (Pronunciamento em língua estrangeira.)

 

O SR. TRADUTOR - Em nome de Deus, o clemente e o misericordioso, estamos neste belo encontro para afirmar o encontro dos campos, para afirmar a união das direções e dos caminhos e para afirmar a unidade desse sangue que está sendo derramado da Palestina ao Líbano, no querido Iêmen, no Iraque, na querida Síria, no Irã islâmico e a todas as vozes livres que se levantam na América e em todos os países do mundo em defesa desta causa humana. 

Em verdade, essas dores e sangue que estão testemunhando serem derramados certamente estão surtindo efeito, e um destes efeitos é a união entre as nações, entre a nação islâmica e a árabe, que têm o dever de se unir em seus principais assuntos e pontos de encontro.

Essa nação há anos sofreu tentativas de não se unir em seus principais assuntos. Portanto, Gaza chegou para unir essa nação. Esse sangue puro não libertará apenas o ser humano árabe ou muçulmano, e sim todos os seres humanos de todas as religiões e ideologias do mundo.

Uma saudação aos guerreiros, uma saudação aos mártires e uma saudação a todas as vozes do mundo que se levantam para condenar a injustiça e o genocídio sionista. Uma saudação ao governo brasileiro. Uma saudação ao grande presidente Lula da Silva. (Palmas.)

Uma palavra de muito agradecimento a esse grande presidente, o qual carrega em seu coração todos os significados humanos. Agradecemos a esse presidente, que carrega as nossas dores e nossas esperanças, o qual tem vivido em seu coração as causas árabes e humanas, sem se importar com as pressões que seu governo e ele mesmo sofrem. Agradecemos a sua atenção especial no que diz respeito à repatriação dos brasileiros do Líbano e da Palestina.

Viva o Brasil, viva a Palestina livre e independente, viva o Líbano! E viva todas as vozes livres do mundo! Que a paz e a benção de Deus estejam com todos vocês. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido a palavra o senhor pastor Ariovaldo, representando a Frente de Evangélicos. 

 

O SR. ARIOVALDO RAMOS - Boa noite. É um privilégio estar aqui prestando solidariedade ao povo palestino e ao povo libanês. Há momentos na história da humanidade em que toda a noção de civilização é colocada à prova, e nós somos tentados a sentir vergonha de estar em um determinado momento da história humana. 

E é o que hoje nós estamos assistindo, um ato vergonhoso contra a humanidade, um ato perpetrado pelo sionismo contra os palestinos, que, na verdade, é a culminância de 75 anos de opressão.

Há 75 anos, todas as nações estão cientes, ou estavam cientes, de que este momento era uma consequência previsível diante de uma opressão consentida. É o custo de associar-se à opressão, de consentir a opressão de povos que são submetidos pela força à vergonha, à humilhação, ao desrespeito e à injustiça. É lamentável.

É lamentável estar em um dia como este na humanidade, porque o que nós estamos assistindo é um genocídio. E é um genocídio proposital, não é uma reação a qualquer ofensa, de qualquer natureza. É a consequência natural de 75 anos de opressão consentida pelo mundo, assistida de modo absolutamente frio, calculista, vergonhoso.

O meu colega de ministério, Walter, contou a história de como é vergonhoso para alguém que segue Jesus de Nazaré, que é palestino, que nasceu em território palestino, ter de assistir agora o que nós estamos assistindo. Nós não podemos ficar calados, nós não podemos naturalizar isso.

E nós temos de exigir o tempo todo que a humanidade reaja, que a humanidade se sinta absolutamente ferida e desrespeitada com o que está acontecendo com o povo palestino e agora também o libanês.

Minha solidariedade e meu testemunho de horror diante desse quadro de angústia, de violência e de assassinato.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Gostaria de agradecer ao pastor Ariovaldo. Nós temos bastantes falas aqui hoje, então vamos ao sheik Mohamad Al Bukai, líder religioso da Mesquita Brasil em São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. MOHAMAD AL BUKAI - Boa noite a todos. Eu quero saudar, também, com a nossa saudação islâmica. (Pronunciamento em língua estrangeira.) Que a paz de Deus esteja com todos vocês. Eu quero, em primeiro lugar, a partir desta Casa, a Casa do povo brasileiro, povo paulistano, quero mandar uma mensagem de agradecimento para o povo brasileiro, para o governo brasileiro, pela posição humanitária que eles tiveram.

É muito gratificante, irmãos, quando você vê um país como este, geograficamente muito longe dos nossos países, que tem um governo e tem um povo que está, neste momento, mandando, se unindo, sentindo a dor de um povo muito longe. É muito gratificante isso. Esse é o grande sinal de que ainda nós temos muita esperança.

Eu quero responder uma pergunta, uma dúvida, que o Alcorão, na verdade, é que respondeu. Uma dúvida que as pessoas podem até ter hoje. Aconteceu muitos problemas com os fiéis, até junto com os profetas no passado.

Os fiéis perguntaram: “por que Deus não apoia, não dá vitória para as pessoas injustiçadas?”. Aí o Alcorão e Deus respondem. Deus diz, se Deus quisesse fazer isso, Ele faria. É muito fácil para Deus fazer isso, mas tem propósito. Todas as dores que a gente enfrenta na nossa vida tem propósito. Um dos grandes propósitos é você descobrir o porquê - estamos em um teste. Isso para avaliar as pessoas, quantas máscaras caíram, quantas mentiras que já foram reveladas diante dessa crise que estamos presenciando.

Nós percebemos quando a palavra “direitos humanos” não é para todas as pessoas, nem todos os seres humanos têm direitos. Percebemos o Conselho de Segurança que não dá segurança, pode semear até um medo. Quantas coisas que aprendemos e deixamos para futuras gerações.

O mundo, irmãos, em que estamos vivendo é muito, muito esquisito, muito estranho. Se você nega hoje em dia, o Holocausto, por exemplo, um genocídio que nós não presenciamos, que aconteceu no passado em alguns países, você fica até preso.

Mas hoje estamos testemunhando e presenciando, vendo um genocídio, não só um, muitos genocídios que estamos vendo com os nossos olhos e, mesmo assim, você não pode falar disso. Muitos países, muitos governos não falam disso. Mas, vendo isso, vendo o exemplo do povo brasileiro, nós temos muita esperança.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Nesta pausa, agradecer também a presença de Amyra El Khalili, fundadora do movimento Mulheres pela Paz na Palestina; Fábio Chagas, diretor da Facesp; Sr. Nader Habib, diretor da Sociedade Islâmica de Campinas; Sr. Antônio Article, representando o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino em Campinas. (Palmas.)

Dando sequência, com a palavra a Sra. Jade Percassi, diretora nacional do MST. (Palmas.)

 

A SRA. JADE PERCASSI - Boa noite a todos e todas. Eu gostaria, primeiramente, em nome do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, agradecer ao presidente desta sessão, nosso companheiro e amigo deputado Maurici, pelo convite.

A nós nos honra muito estar junto de tantos homens e mulheres que não se calaram ao longo deste último ano. Vejo aqui neste plenário e ao meu lado pessoas que, ao longo desses mais de 400 dias, se recusaram a permanecer calados, se recusaram a naturalizar toda a barbárie, todo o genocídio que nós não nos acostumamos e nunca nos acostumaremos.

Muito foi dito até o momento, e eu prometo ser breve até em respeito às crianças e às mães presentes, sobre a gratidão, sobre tudo o que foi feito até o momento. Então acho que é importante para que a gente tenha também esse fortalecimento, talvez não religioso, como os que nos antecederam, mas daquilo que nós, na luta, chamamos da mística, que é essa fé e essa convicção na luta do povo, na nossa causa justa e na nossa vitória final.

Lembrar que, ao longo deste ano, nós não nos calamos, nós estivemos nas ruas, nós fizemos campanhas de arrecadação, nós fizemos campanhas de solidariedade, nós fizemos as nossas vozes serem ouvidas e aparecerem em lugares onde elas não eram desejadas ou desejáveis, nós fizemos tudo o que era possível para as pessoas civis fazerem, mas isso não é o suficiente. E mesmo tudo aquilo que o nosso governo até o momento foi capaz de fazer também não é suficiente.

É importante que a gente acolha e agradeça a cada irmão e a cada irmã que foi repatriada, mas para cada criança, para cada mãe que chega no nosso solo, tem uma família que ficou lá e que ainda é um alvo.

E nesse sentido, a nossa ação nos últimos dias, enquanto os grandes líderes mundiais estavam aqui reunidos no nosso País durante o G20, foi de promover, junto a várias das organizações aqui presentes e outras, em nível nacional e internacional, uma marcha de denúncia dos crimes de guerra cometidos no mundo hoje, em especial aqueles crimes cometidos pelo Estado genocida de Israel contra a Palestina e o Líbano, e a exigência de que o governo brasileiro, de que o presidente Lula rompa definitivamente as relações diplomáticas de qualquer natureza com o Estado de Israel. (Palmas.)

Para ficar em ata e, ademais, a gente assina embaixo de todas as palavras que estiveram no discurso de abertura desta sessão. Até a vitória.

Palestina livre, do rio ao mar! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, Jade. Convido o sheik Hussein Khalilo, do Centro Islâmico e de Diálogo Inter-Religioso e Intercultural.

 

O SR. HUSSEIN KHALILO - Em nome de Deus, o clemente misericordioso, boa noite a todos e todas. Agradecemos ao nosso querido deputado pela causa deste evento.

Nós estudamos na história que, no tempo da ignorância, as pessoas estavam enterrando as filhas vivas. Nós estudamos na história que os nazistas mataram as pessoas. Mas hoje a gente está observando que um grupo de sionistas está matando, massacrando um povo oprimido, seja na Palestina, seja no Líbano ou em outros lugares da região. Hoje se passaram, para nós, anos que o povo escolhido à Terra Santa não deixou o povo conhecer - esses grupos sionistas que são genocidas.

Mas hoje, por causa das pessoas justas, por causa da mídia, que alguns jornalistas realmente trabalham nesse caminho para mostrar a realidade para o povo do mundo, o povo do mundo cada vez mais está se despertando, acordando, descobrindo a realidade dos sionistas. Hoje, o povo do mundo se manifestando para defender o povo oprimido da Palestina e o povo oprimido do Líbano.

Hoje, certo de que eles não têm voz, o povo do mundo está cada vez mais sendo a voz deles. Exemplo disso, de que o povo do mundo é a voz do povo oprimido, dos palestinos, dos libaneses, aqui um exemplo: estamos na Casa do povo brasileiro, aqui em São Paulo, mostrando que o povo brasileiro está em apoio aos palestinos, aos oprimidos. Estão condenando esse genocídio que está acontecendo.

Estamos agradecendo também ao presidente livre, aos deputados livres que deixam, a cada vez, esse caminho mais firme. Andam para a frente. Com certeza, com o apoio desses presidentes, do mundo, que está acontecendo, com o apoio desses deputados livres e com o apoio desse povo que defende os oprimidos, com certeza vai acontecer aquele momento em que a Palestina vai ser livre e vai acabar esse genocídio.

 Agradecemos a presença de todos vocês e agradecemos ao nosso querido deputado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, sheik. A próxima palavra é de Norian Segatto, escritor e secretário de Saúde e Segurança da Fenaj.

 

O SR. NORIAN SEGATTO - Boa noite a todos e todas. Quero aqui fazer uma saudação a Ualid Rabah, esse guerreiro, e, em nome dele, a toda a diáspora; ao deputado Maurici, pela iniciativa muito bem-vinda sempre.

O deputado falou na abertura sobre o cerco midiático. Ele é jornalista, ele sabe muito bem do que está falando. Nós vimos aqui no vídeo da Fepal um jornalista falando. Sem nenhum trocadilho, não era uma posição “pontual” daquele jornalista. Era uma posição de grande parte da mídia brasileira, parte da mídia comprometida com os interesses sionistas, com os interesses estadunidenses, com os interesses da opressão.

Mas por que um jornalista está aqui deste lado, falando? Porque existem vozes dissonantes no País, e nós, o movimento social, o movimento sindical, jornalistas conscientes de sua causa, estamos aqui tentando romper o cerco dessa narrativa hegemônica. E conseguindo, como a Fepal fez com o seu vídeo; como nós, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, fazemos diariamente.

Nós mantemos em nossa página, no site, na primeira frente, um dossiê do genocídio, com a visão que não é divulgada na imprensa. Vocês viram alguma dessas imagens aqui? Saiu na imprensa? Saiu da Rede Globo? Alguém viu? Não, não viu, porque existe um bloqueio a isso, um bloqueio feito.

Então, é nossa função, como jornalistas, e de todas as pessoas que estão aqui, que estão nos ouvindo e nos vendo, trazer o outro lado dessa narrativa. É isso que estamos fazendo diariamente. É isso que fazem centenas de jornalistas que estão em Gaza. É por isso que Israel mata e assassina deliberadamente jornalistas.

No confronto em Gaza já morreram mais de 150 jornalistas, alvos sistemáticos da opressão israelense. Por que isso? Por que são pessoas perigosas, por que são homens-bomba, por que são “terroristas”?

Não, porque têm uma arma muito forte, que é o microfone, que é a câmera, que é a escrita. É disso que Israel tem medo. É por isso que mata, porque, matando o jornalista, está matando a informação. Matando a informação, está matando a verdade.

Israel hoje quer matar a verdade para não deixar o mundo saber de seus crimes, mas o mundo está sabendo. Nós estamos ganhando a guerra da informação. Israel vai ser cada vez mais desmascarado, e nós vamos estar à frente exigindo punição. E também exigimos que o governo brasileiro, que tem tido uma posição firme, radicalize ainda mais e rompa relações diplomáticas e econômicas com Israel.

Palestina livre! Líbano livre!

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, Norian, representante da Fenaj, que é a Federação Nacional dos Jornalistas. Importantíssimo. Convido agora o Sr. Jamil Murad, presidente do Cebrapaz.

 

O SR. JAMIL MURAD - Boa noite. Na pessoa do nosso deputado, presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputado Maurici, que preside esta sessão, do presidente da Fepal e do nosso diplomata da Síria, nosso líder religioso aqui presente na Mesa, as autoridades religiosas, as autoridades e lideranças civis que estão aqui, eu queria dizer que sou também da executiva do Cebrapaz, mas atualmente não sou mais presidente. É o companheiro José Reinaldo, mas, como ele está em Brasília, a deputada Socorro e eu viemos representar nossa entidade, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.

Companheiros, nós vimos o filme e ouvimos importantes pronunciamentos aqui. É importante, neste dia de solidariedade ao povo palestino e ao povo libanês, a gente fazer uma reflexão rápida.

Israel é dirigido pelo movimento sionista que, no século XX inteiro, matou, expulsou, prendeu e mantém muita gente presa. Israel procurou destruir as oliveiras que fornecem o fruto para produzir óleo, que é uma fonte de riqueza, de sobrevivência do povo palestino, e expulsou, desde 1947, 1948 e até antes, os palestinos das suas casas - destruíram as suas casas, puseram para fora e foram ocupando.

A ONU falou: “vão ter aqui dois Estados”. A ONU não tinha esse direito, mas fez isso. “Aqui vão ter dois Estados: o Estado de Israel e o Estado Palestino”. Mas o movimento sionista já estava de prevenção que não ia deixar fazer o Estado Palestino, como não deixou até agora.

Eles falam assim: “Nós estamos lutando contra o Hamas”. Que hipocrisia, que mentira. Parece que nós não temos pensamento, não temos a capacidade de enxergar a realidade. Antes de existir o Hamas, eles já expulsavam, já matavam e já prendiam. Antes de existir a OLP, eles já matavam, já prendiam, já expulsavam e já ocupavam.

Eu vi, com os meus próprios olhos, até onde colocaram aquele muro de separação, deputado Maurici. Onde tinha água, eles colocaram o muro para o palestino ficar sem água e para a água ficar para eles. Isso eu vi 35 anos atrás, participando da Primeira Intifada como médico.

A atrocidade, a violência e os crimes. Trinta e cinco anos atrás. Esse líder, esse mártir, o Silvan... É, o Sinwar. Esse líder devia ter dez, 15 anos de idade quando eu estive lá na Primeira Intifada.

Eu estou dizendo isso, porque eu vi o túmulo do Ahmed Yassin lá em Gaza. Eu fui lá no túmulo dele. Eles mataram um homem paraplégico e cego por causa das ideias dele, que ele queria a Palestina livre, o direito do povo Palestino.

Depois, surgiram novos líderes. Eles foram matando e estão matando até hoje. Matam libanês, líderes libaneses, do Hezbollah, matam no Líbano, na Síria, no Irã. Quer dizer, então, é uma política do sionismo. Agora eu já passei do tempo, então quero dizer o seguinte: nós precisamos derrotar o sionismo. O sionismo está contra a parede. Por quê? Porque os povos têm se manifestado contra eles.

Esse aparelhinho aqui quebrou a hegemonia da “Folha de S. Paulo”, do “Estado”, da Globo, da Rede Globo, porque nós vemos os fatos diretamente, na hora em que está acontecendo. Nós não dependemos do dono. O celular, sou eu quem estou mandando nele. Então todos nós acompanhamos as atrocidades. Israel nunca foi tão condenado, tão rejeitado como agora.

Nós vamos vencer. O Estado, lá no Líbano, Israel já foi expulso pelo Hezbollah na base do fuzil. Lá na Palestina também vai ser expulso. Os que sustentam as atrocidades de Israel eram donos do mundo, mas agora não são mais. Eles têm que obedecer a outros que têm também armamentos especiais, têm unidade do povo.

Quer dizer, o mundo não é mais um centro no qual um só manda. O que os Estados Unidos querem fazer, a Rússia, a China, o Irã, outros, não deixam fazer. Então a coisa está diferente e melhor para nós. Ajuda a luta e a vitória do povo palestino e dos povos do mundo inteiro. Eu tenho certeza de que a vitória está do nosso lado.

Nós precisamos ter um Estado Palestino, não sou em quem vai determinar qual é o tamanho do Estado Palestino, quem vai dirigir, se vai ser capitalismo ou socialismo. Isso não é comigo, é com o povo palestino. Eu defendo a pátria palestina. Eu não vou escolher quem que vai ser o presidente da Palestina, porque isso é uma coisa do povo da Palestina, eles que vão escolher, não é? (Palmas.)

Então, companheiros, é unidade. Unidade. A Fepal tem feito um grande trabalho, mas nós temos que trabalhar sempre pela unidade do povo palestino, dos partidos, dos líderes religiosos, dos líderes acadêmicos, dos líderes sindicais.

Nós temos que ter a unidade do povo, porque lá a luta é pela nação palestina, pelo Estado Palestino. Não é se é socialista ou isso ou aquilo, de um partido A ou B - lá é unidade do povo. Tem que ser isso, unidade do povo para ter a sua pátria, e essa unidade vai determinar a vitória.

E nós, no mundo inteiro, estamos apoiando, vamos continuar apoiando e ampliando. Nós ajudamos a eleger o nosso presidente Lula, que nunca falhou no apoio à Palestina, desde 1982. (Palmas.)

Ele já foi para as ruas, já fez passeata, se pronunciou na ONU, se pronunciou no G20, em todo lugar. Ninguém intimida o Lula na defesa do povo e dos direitos do povo palestino. Nosso agradecimento ao nosso presidente, ao povo palestino, aos povos do mundo inteiro.

Palestina livre, Estado Palestino independente! É disso que nós precisamos. Viva os mártires palestinos, viva o povo, o heroico povo palestino, viva os povos do mundo inteiro que têm apoiado os palestinos e agora também o Líbano.

Obrigado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, caro Jamil. (Palmas.) Convido o Sr. Thiago Tanji, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

 

O SR. THIAGO TANJI - Bom, boa noite, companheiras, e boa noite, companheiros. Depois da fala do companheiro Jamil é difícil encontrar palavras, mas, em nome do companheiro Maurici, nosso colega jornalista, queria agradecer a presença de todas, de todos e também ao companheiro Ualid. A gente estava lembrando que, mais de um ano atrás, no congresso da CUT, a gente esteve presente, os companheiros da Fepal estiveram presentes, e nós nos falamos naquele momento, logo após o 07 de outubro.

Pessoal, contra o senso comum, contra todas as dificuldades, o nosso sindicato, o Sindicato dos Jornalistas, pequeno, modesto, naquele momento se posicionou de maneira muito contundente em defesa do povo palestino. Isso, pessoal, as mensagens que o pessoal, muito bem, da Fepal colocou, da Globo, da “Folha”... Muitas vezes os companheiros trazem para a gente: “pô, vocês são o Sindicatos dos Jornalistas e têm que dar alguma resposta”.

Eu digo para vocês o seguinte: essa dificuldade de furar a bolha é a dificuldade que nós, enquanto sindicato, temos todos os dias de confrontar essas empresas, mas, ainda assim, nós estamos presentes; ainda assim, nós fazemos os atos; ainda assim, nós fazemos nossas mensagens, como o Pedro colocou aqui, junto com a Fenaj, a Federação Nacional de Jornalistas, que congrega 31 sindicatos de jornalistas. A Fenaj aqui também apoia a causa palestina.

E dizer para vocês que, entre todos esses atos, na próxima terça-feira nós vamos ter uma nova atividade do nosso sindicato. Todas e todos estão muito convidados. A Fepal estará presente junto com outras companheiras, junto com outros companheiros. É muito importante a gente somar nessa luta.

Mas é o seguinte, pessoal: hoje quase 150 jornalistas foram assassinados na Palestina, no Líbano. Esse número nunca aconteceu na história recente. Na Segunda Guerra Mundial, não houve esse assassinato de jornalistas. Como o companheiro Norian falou muito bem, isso tem causa, isso é uma coisa que não é por acaso, e é por isso que eu digo que a nossa categoria de jornalistas no mundo também está a favor dessa luta, pessoal.

Porque a gente sabe que, se nós queremos um mundo sem explorados, sem exploradores, o que nós temos que lutar é lutar contra o que é o apartheid do século XXI, o que é o racismo do século XXI, o que é o supremacismo no século XXI. É por isso que nós temos que dizer de maneira muito determinada: viva o povo palestino, viva o povo libanês, viva a luta, viva a resistência!

Eu tenho certeza, pessoal, de que, mais cedo que tarde, a gente estará aqui também para comemorar a vitória da soberania, da determinação e da união de todos os povos, do povo palestino, do povo libanês, para que a gente possa ter o direito de viver em paz.

Pessoal, muito obrigado. A luta continua!

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Valeu, obrigado, Thiago. (Palmas.) Dando sequência, aproveitando para cumprimentar também uma presença ilustre, o Sr. Mohamed Mazloum, presidente da Associação Islâmica Brasileira em Guarulhos. (Palmas.)

Dando continuidade, convido agora o Sr. Fuad Ashcar, diretor da Federação de Entidades Americano-Árabes. (Palmas.)

 

O SR. FUAD ASHCAR - Sr. Deputado, presidente, em nome de quem cumprimento todos os demais presentes na Casa. Da Europa foram para a Palestina, terra que lhes era estranha. Eles nunca estiveram lá. Eles eram de outro lugar, de outro mundo, nem semitas eram. E lá se ocuparam, foram ocupando a nossa terra, foram ocupando a Palestina.

Fizeram a Nakba, o extermínio do povo palestino, mas eles não se contentam. A bandeira deles é muito clara: do Nilo ao Eufrates. Eles nunca vão se contentar, a não ser que sejam extirpados da região. A Síria é o próximo; agora é o Líbano.

Hoje atacaram duas vezes a Síria. Eles querem trazer toda a região para a guerra para, com apoio americano e de outros países, dominar a nossa terra. Vão continuar matando gente em todo lugar, e ninguém fala nada, o mundo silencia perante esse terrível genocídio que acontece no Oriente Médio. Estão destruindo também a história da humanidade.

Atacaram esta semana Palmira, atacaram Saida... atacaram Sídon, atacaram todas as áreas onde estão todos os itens da história de toda a humanidade. Então, alguém tem que fazer, ninguém vai fazer nada, e cabe a todos nós, em todo momento, falarmos e repetirmos sempre isso.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado. Convido Ziad Ahmad, diretor do Centro de Divulgação do Islam para a América Latina. (Palmas.)

 

O SR. ZIAD AHMAD - Em nome de Deus, o clemente misericordioso, que a paz e a bênção de Deus estejam com o profeta Muhammad e os outros mensageiros e com todos assim, até o dia do Juízo Final. Boa noite a todos. (Pronunciamento em língua estrangeira.)

Nobre deputado, foi uma honra receber o seu convite e estar aqui presente no dia de hoje. Em seu nome, eu gostaria de cumprimentar a todos, parlamentares, representantes, políticos e também o nosso nobre amigo, Dr. Ualid, companheiro, irmão e - por que não? - professor, porque eu acredito que aprendemos muito com o que vem acontecendo, doutor, e eu acredito que a Fepal teve um papel fundamental na informação. Como disse o nobre deputado Jamil Murad, isso nos ajudou muito, o nosso celular, porque a guerra não é só bombardeio, a guerra não é só matança.

Israel vem praticando o genocídio do povo, tanto palestino quanto do Líbano, há anos. Nós não poderíamos esquecer Jenin, nós não poderíamos esquecer Gaza - a gente chama de Faixa de Gaza, porque é o que sobrou de Gaza -, nós não poderíamos nos esquecer de Sabra e Chatila, no Líbano. Tudo isso por muitos... ficaram ocultos, pois não tínhamos acesso à mídia, nem às informações.

Então hoje isso cabe a nós também divulgar e espalhar cada vez mais as informações, porque não adianta só desmascarar Israel. Lógico, nós queremos ganhar a guerra, lógico que a gente quer parar com o genocídio, mas se a gente não parar o sionismo, isso não para no dia de hoje, não vai parar no dia de amanhã.

Então nós temos que desmascarar Israel, nós temos que desmascarar o sionismo, porque o nazismo da Europa não acabou. Derrubaram a Alemanha, mas a implantaram em cima da Palestina, e cabe à nossa luta levar - aonde nós conseguirmos levar - a informação e desmascarar cada vez mais o Estado sionista judaico de Israel.

Quando a gente fala Palestina livre, é porque a Palestina existe, nós não temos que lutar por uma Palestina independente ou um país soberano. Ela já é, ela já era. O que nós temos que dizer é que chega de matança, chega de sionismo, e liberdade à Palestina.

Boa noite a todos. (Pronunciamento em língua estrangeira.) (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Convido o Sr. Nathaniel Braia, representando o Sindicato dos Escritores do Estado de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. NATHANIEL BRAIA - Boa noite. Boa noite, presidente da Mesa; boa noite, camarada Ualid e demais companheiros. Meu nome é Nathaniel Braia, e eu aqui acho que estou representando uma comunidade, que é a comunidade judaica.

Os valores do judaísmo eu pretendo representar neste momento, que são os valores humanos, os valores de solidariedade, os valores de afirmação da verdade humana, de uma das religiões mais antigas que surgiram e da civilização das mais antigas na face da Terra.

Que o sionismo, através de sua concepção racista, supremacista, criou um regime de apartheid em Israel, que é exatamente a negação desses valores. Então aqui estão presentes os representantes da religião cristã, da religião islâmica e, na verdade, de todas as religiões e da civilização humana.

Então é nesse sentido que eu me dirijo a vocês, para dizer que eu trago a seguinte mensagem: todos já aqui denunciaram os fatos que vêm acontecendo há 75 anos, mas nós estamos diante de um fato novo que nos chama à ação.

O primeiro-ministro de Israel foi condenado, acaba de ser condenado por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Isso significa que nós devemos avançar na nossa concepção, nas nossas exigências, nas colocações que nós devemos fazer daqui para frente.

É cadeia para Netanyahu, em qualquer lugar do mundo em que ele se encontre. Que Israel se torne, na verdade, aquilo que já é, um Estado pária, onde suas autoridades máximas não possam circular pelo mundo, serão repudiados por todo mundo e tenham que se isolar cada vez mais.

Nós presenciamos também, há poucos dias, os Estados Unidos vetarem na ONU mais uma resolução, a resolução pelo cessar-fogo, pelo fim do extermínio em Gaza e no Líbano. E nós aqui hoje fazemos essa solidariedade, nós não estamos sozinhos, o mundo inteiro está se levantando.

E foi essa pressão, esse trabalho dos companheiros da Fepal aqui, dos companheiros palestinos no resto do mundo, que levou o Tribunal Penal Internacional, que antes só condenava líderes africanos, que há pouco tempo condenou o Putin.

Pois esse mesmo tribunal teve que, agora, expedir um mandado de prisão contra o ex-ministro da Defesa de Israel e contra o Benjamin Netanyahu, esse facínora, esse assassino, esse criminoso genocida.

Então, a partir de agora, a minha ideia é que nós tenhamos na nossa consciência, e que seja levado não apenas na Assembleia Legislativa de São Paulo, mas em todos os parlamentos do Brasil, câmaras municipais.

E que a gente também mande essas informações para todos os parlamentos do mundo inteiro, repudiando esse apartheid, lançando a consigna de prisão para Netanyahu.

Porque muitos companheiros aqui denunciaram justamente o sionismo, a ideologia sionista, os crimes de Israel há 75 anos, mas hoje esses crimes têm um comandante, têm um assassino. Estão dizendo aqui que o meu tempo está esgotado, eu vou pedir somente uns dois minutinhos para concluir.

Então esse assassino, esse criminoso tem que sentir o peso e a força dos povos do mundo. Nesse sentido, eu proponho que a Assembleia Legislativa faça uma moção exigindo do governo brasileiro que adira a decisão da corte penal internacional e decrete a prisão em solo brasileiro de Netanyahu, que também se dissemine a ideia. (Palmas.)

O Brasil é um dos únicos países do mundo, foi pioneiro em determinar o racismo como crime imprescritível, então apoiar Israel é apoiar o racismo. É crime de racismo e, nesse sentido, nós devemos, também, pedir que o governo brasileiro, que o Congresso Nacional legisle contra aqueles que, sendo brasileiros, servem no exército de Israel.

Não é possível que um cidadão do Brasil saia daqui para pegar em armas e agredir um povo irmão, como é o povo palestino. Então, nesse sentido, a gente deve, na minha opinião, criar um grupo de trabalho dentro da Assembleia Legislativa para estudar essas leis, para formular a legislação e não dar, a partir de agora, um minuto de descanso para esses criminosos. Palestina livre!

Só queria terminar dizendo, nós ouvimos aqui com muita emoção todos os hinos, em especial o Hino Brasileiro. Queremos dizer que o exemplo do povo palestino, o apego do povo palestino a sua pátria é um exemplo para o povo brasileiro.

Nós também precisamos libertar o nosso País da exploração colonialista, dos resquícios do imperialismo e ter um país glorioso, progressista, desenvolvido, como é o anseio, o sonho e o direito do povo brasileiro. (Palmas.) O povo brasileiro, junto com o povo palestino, venceremos o imperialismo. Junto com os povos do mundo, haverá justiça e paz, sem opressão.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado, Nathaniel. Dando sequência, convido o presidente da Fepal, Federação Árabe Palestina do Brasil, o Sr. Ualid Rabah. (Palmas.)

 

O SR. UALID RABAH - Boa noite, meus irmãos e minhas irmãs. Boa noite, deputado Maurici, muito obrigado por nos ter brindado com esta noite, nesta sessão solene. Obrigado a todos os presentes à minha direita e à minha esquerda, que compõem esta Mesa estendida. Parabéns ao povo do Líbano e sua diáspora aqui por sua data nacional, que é exatamente hoje, o Dia da Independência do Líbano.

Quero cumprimentar muito efusivamente a totalidade da diáspora brasileiro-árabe e, portanto, estendê-la ao nosso glorioso e grande povo sírio, que está representado pelo cônsul, Dr. Renato. Agradecer ao povo brasileiro, que é majoritariamente solidário ao povo palestino, majoritariamente contrário ao genocídio em curso.

Quero cumprimentar, especialmente, os meus irmãos e as minhas irmãs de Gaza aqui presentes, que vivem um genocídio na forma de extermínio de seus familiares diariamente. Os que estão aqui, pelo que me consta, não perderam poucos familiares.

O que nos traz aqui, enquanto palestino-brasileiros, é uma regra imposta pelo nosso calendário nacional. Todo dia 29 de novembro lembramos o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino, instituído no dia 29 de novembro de 1977, quando completava 30 anos daquele dia fatídico, 29 de novembro de 1947, quando, sob chantagem estadunidense, o ocidente resolveu seguir o extermínio do povo palestino, iniciado em uma outra data, também 29 - 29 de setembro de 1923 -, quando o mandato da Palestina começa com os britânicos impondo aquilo que viria a ser a tentativa de limpeza ética da Palestina, que segue até hoje.

Foi quando completou 100 anos, 29 de setembro do ano passado, oito dias depois, 07 de outubro, eles iniciam a fase mais genocidária desse processo, no dia 07 de outubro. De lá para cá, nós tivemos, deputado Maurici, 54.800 exterminados na Faixa de Gaza, considerando os dez mil desaparecidos sob escombros.

Isso dá 2.46% da demografia de Gaza, equivalente a 5.2 milhões no Brasil, e equivalente a 18 milhões e meio na Europa de hoje, por sua demografia atual para a geografia da Segunda Guerra Mundial.

Quando nós olhamos para... Aliás, quando nós nos servimos do que a revista “The Lancet”, considerada a mais importante publicação médica do mundo, que nos informou, em 05 de julho deste ano, que, para cada uma morte em decorrência dos efeitos bélicos, outras quatro já estão garantidas.

Nós temos, neste momento, 225 mil exterminados em Gaza, 9.8% da sua demografia, aproximadamente 20 milhões no Brasil - aproximadamente 80 milhões na Europa atual. E se durasse seis anos a guerra, o que durou a Segunda Guerra Mundial, nós teríamos 376 milhões... Aliás, perdão, 444 milhões de exterminados na Europa.

É por isso que nós afirmamos com muita tranquilidade, e não temos medo de sermos cobrados por isso, e afirmamos isso há bastante tempo, afirmamos nas nossas mídias e nos nossos documentos: esse é o maior extermínio de civis da história humana.

Ele supera a Segunda Guerra Mundial, que exterminou 70 milhões. Ele supera em número de crianças, como nunca houve matança igual em qualquer tempo da nossa história, em qualquer genocídio ou em qualquer guerra.

Nós temos agora quase 22 mil crianças exterminadas em Gaza, o equivalente a duas milhões no Brasil. Mas nem é o número absoluto o mais assustador, é o número relativo: 9.800 crianças exterminadas por milhão de habitantes, quando, na Segunda Guerra Mundial, em seis anos - não em 413 dias - foram 2.813 por milhão de habitantes. Os Estados Unidos, os verdadeiros donos desse genocídio televisionado, com o seu kapo de momento, Israel, extermina, 3.5 vezes mais do que no período hitleriano, crianças palestinas.

Quando nós consideramos os seis anos daquele momento, nós temos que são 21 vezes mais. Mas não é só isso, deputado Maurici. Quando completou dois anos, e daqui a pouco completa três, a guerra Rússia e Ucrânia, foram 2.5 crianças por milhão - isso em dois anos. O que quer dizer que, em menos de um ano, Israel e os Estados Unidos exterminam quatro mil vezes mais crianças em Gaza do que a guerra Rússia e Ucrânia. Essa é a diferença de uma guerra regular de dois exércitos e um extermínio, um genocídio, uma solução final.

Se nós formos aqui dar todos os números, será exaustivo. Mas eu quero dar um último, porque tem um dos jornalistas, a tentativa do extermínio daqueles que estão televisionando o primeiro genocídio televisionado da história.

Mas, mais do que isso, eles estão tentando, juntamente com o extermínio dos médicos e das estruturas hospitalares, apagar as testemunhas e todos os vestígios do genocídio, porque eliminar jornalistas e seus equipamentos destrói as provas desse genocídio e elimina as testemunhas.

E eliminar os médicos e os prontuários médicos também significa apagar as provas do genocídio, deste julgamento que está acontecendo agora, que ontem teve um dia glorioso, que foi a decretação da prisão do Netanyahu, o primeiro genocida de Israel, bem como Yoav Gallant, o seu açougueiro para Gaza.

E nós precisamos ter consciência, muita consciência, de que nós também estamos aqui para defender o direito internacional; nós estamos aqui para defender o sistema ONU; nós estamos aqui para defender as suas resoluções e as convenções que nós fizemos desde a Segunda Guerra Mundial.

A convenção para o genocídio, de 11 de dezembro de 1948, exatamente o dia em que a raça humana aprovou o texto final da convenção para o genocídio... Quando nós tivemos a Resolução nº 194, do retorno dos refugiados, a mesma data; a convenção para o apartheid, que é de 73; a convenção contra o colonialismo. Muita gente não acredita no sistema ONU, mas nós estamos persistindo no direito internacional, nas convenções e na ONU.

E agora nós temos o segundo ocidental julgado pelo sistema ONU. Temos o segundo com decretação de prisão. Os segundos, porque os primeiros foram os nazistas, e os nazistas são ocidentais, europeus, brancos; os campos de concentrações são ocidentais; as câmaras de gás são ocidentais, a matança de 70 milhões de pessoas na Europa, em solo europeu, é ocidental.

Esse é um crime de lesa-humanidade do ocidente contra o povo palestino, contra o povo libanês, contra o povo iraquiano, contra o povo iemenita, contra o povo sírio, contra o povo afegão. Como eles fizeram contra o Congo, contra a África do Sul, contra o Vietnã, as bombas atômicas contra o Japão. Como eles fizeram no genocídio ameríndio. Como eles fizeram com a escravidão, que provavelmente levou ao extermínio de mais de 100 milhões de seres humanos arrancados do continente africano. A Primeira Guerra Mundial é deles.

Enfim, a totalidade dos crimes coloniais são deles, e nós estamos aqui para refletir sobre isso, para acusar isso, para nunca mais permitir que isso aconteça, porque não existe um “nunca mais” apenas: Nunca mais é para todos os genocídios.

E nós estamos aqui também para agradecer ao povo brasileiro, agradecer a opinião pública, agradecer às instituições, organizações e lideranças que organizam conosco a solidariedade ao povo palestino.

Sem isso, não teria sido possível; sem as igrejas, as mesquitas e seus líderes espirituais; sem as presidências dos partidos; sem deputados como o deputado Maurici. Então, nós somos muito gratos.

Nós estamos aqui para finalizar dizendo que queremos a solidariedade de todos vocês, precisamos dela, mas precisamos especialmente da unidade do povo palestino. Nós nunca estivemos tão unidos.

Graças aos céus, graças a Deus, graças a todos os esforços, em Pequim, selamos um acordo de unidade entre todas as forças palestinas para enfrentar esses genocidas. Unidos, e unidos com o povo árabe, mulçumano e cristão, naquela terra que deu a nós um deus desracializado.

Nós somos um povo invencível. O povo palestino é um povo que resiste há mais de 100 anos, e não será uma gangue de kapos, a serviço do novo nazismo nos Estados Unidos, com a nova ideologia nazista, o sionismo, que nos superará. São dezenas de ocupações que nós enfrentamos, vencemos todas elas em, aproximadamente, oito, nove mil anos. Não será essa gangue que nos colocará de joelhos. Nós somos indobráveis e invencíveis.

Muito obrigado.

Palestina Livre! Viva o Brasil! Viva o Líbano! Viva a Síria! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito obrigado pela fala. Convido o Sr. Emir Mourad, secretário-geral da Confederação Palestina da América e Caribe. (Palmas.)

 

O SR. EMIR MOURAD - Boa noite a todos e todas, deputado Maurici, presidente deste ato; meu irmão Ualid Rabah, da Fepal, e nobre cônsul da Síria, meu querido irmão Hassan Gharib. O irmão Ualid já agradeceu aqui o que tinha que agradecer, e eu só posso reafirmar as palavras do meu irmão Ualid e dizer para vocês que a Coplac, a Confederação Palestina Latino-Americana e do Caribe, foi fundada aqui em 1984 neste plenário. A abertura desse congresso de fundação foi aqui.

Eu estava sentado ali, escutando o Luiz Inácio da Silva, que era sindicalista na época. Ele participou da fundação da nossa entidade. Eu podia ter trazido até o discurso que ele pronunciou aqui, que a gente tem, mas fica para uma próxima oportunidade. Falando nisso, eu quero reafirmar os nossos agradecimentos, de toda a diáspora palestina, da América Latina, ao líder, presidente desta Nação brasileira, Luiz Inácio Lula da Silva. (Palmas.)

É evidente que a gente quer mais e mais, porque não é uma questão nossa de querer, são exigências e necessidades que o povo palestino tem, que o povo libanês também tem agora.

E a luta do povo palestino se resume em duas questões: a autodeterminação e o retorno dos refugiados. É isso que está no dia a dia da luta do povo palestino desde 1930 - para não dizer antes - até os dias de hoje. O Estado soberano e o retorno dos refugiados.

Eu tenho aqui comigo uma resolução da ONU que pouca gente conhece, que é a resolução de 03/12/1982, Resolução 37/43:

“Reafirma a legitimidade da luta dos povos pela independência, integridade territorial, unidade nacional, libertação da dominação colonial estrangeira por todos os meios ao seu alcance, inclusive a luta armada.

Reafirma o direito inalienável do povo palestino e todos os povos sob dominação estrangeira e colonial, à livre determinação, à independência nacional, à integridade territorial, à unidade nacional e à soberania, sem ingerência estrangeira”.

Portanto, é direito do povo palestino resistir, e é dever do ocupante se retirar da Palestina e do Líbano. A resistência continua, a resistência está sendo vitoriosa, o custo em sangue está sendo muito grande, brutal.

E o objetivo desse genocídio é exterminar e expulsar o povo palestino de Gaza, dobrar o povo libanês para que se vire contra a resistência libanesa e contra a resistência palestina. Eles querem colocar os dois povos contra a resistência, porque o custo em sangue está sendo muito alto.

Se vocês virem a mídia lá, vão ver que não é nada disso que o povo está querendo. O povo está resistindo junto com a sua resistência. O povo é resistência. E ele será vitorioso, como sempre foi nos anos passados e na história, como disse o meu irmão Ualid. Resistência até a vitória.

Viva a Palestina, viva o Líbano e viva o povo brasileiro! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Passo a palavra a Hassan Gharib, presidente da Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil - Arbib. (Palmas.)

 

O SR. HASSAN GHARIB - (Pronunciamento em língua estrangeira.) Boa noite a todos, que a paz e a benção de Deus estejam com nosso querido profeta Muhammad e com todos que me antecederam.

Nossas estimadas saudações ao deputado estadual, Sr. Mário Maurici de Lima Morais, que hoje preside esta honrosa sessão solene em solidariedade ao povo palestino e do Líbano.

Nossas calorosas saudações ao presidente da Fepal, Sr. Ualid Rabah; ao cônsul-geral da República Árabe Síria em São Paulo, Sr. Emad Orfaly. Em nome dos mártires da tempestade de Al-Aqsa e dos mártires do Líbano, saudamos a presença de todas as autoridades religiosas, políticas, diplomáticas, sociais, culturais e dos organizadores deste evento. Senhoras e senhores, uma abençoada noite.

Quatrocentos e dez dias de massacre. Quatrocentos e dez dias de genocídio. Quatrocentos e dez dias de destruição em massa. Quatrocentos e dez dias se passam, e o mundo ainda continua de braços cruzados, assistindo às crianças sendo assassinadas, às mulheres e idosos sendo decepados pelos mísseis americanos, a uma população por inteiro sendo injustamente arrastada de seus lares.

Um êxodo sem tamanho, e tudo isso televisionado em tempo real, além da tentativa de dizimação em curso de um povo milenar que jamais se curvou nas diversas circunstâncias, mesmo na época da fundação do Estado artificial de Israel, denominado o Dia de Nakba, a catástrofe.

O diálogo sempre foi o primeiro passo para qualquer situação de anormalidades, em qualquer canto deste mundo e nas mais diversas áreas. O povo palestino fez de tudo para retomar os lares de legítimo direito, mas os ouvidos externos permaneceram isentos e surdos, até surgirem as primeiras revoltas logo após a ocupação. Daí em diante esse bravo e digno povo luta incessantemente para ter somente o que lhe é de direito.

Esse movimento sionista não tem limites com as suas perversas ideologias e ganância, usando da força usurpadora ao seu modo imperialista, colonizador, assassino e genocida com o intuito de conquistar o mundo, como se fosse um Deus, desviando-se totalmente dos princípios humanos, éticos e morais, com as suas regras e normas, e tendo os Estados Unidos da América como seu tutor e fiador nas mais diversas barbáries cometidas até hoje ao redor do mundo.

A resistência a esse sujo e deturpante movimento sionista surge com todo o significado da própria palavra e em todas as suas vertentes, dimensões e capacidades, a fim, com o único objetivo de expulsar o invasor, o causador dessa catástrofe do século.

O que o povo palestino vem praticando de resistência, desde 1948, ou até mesmo antes dessa data, tem, como possui, todo o direito de usar o seu direito de resistir, para a sua justa sobrevivência, a qualquer movimento que ameace a sua própria existência dentro do território palestino.

Somos da paz e lutamos com o nosso sangue, alma e vida para que a paz seja estabelecida. Tudo nesta vida tem o seu limite; mais cedo ou mais tarde a verdade e o direito serão esclarecidos a todos aqueles que julgaram, sem fonte alguma, o que foi a verdadeira ideologia da própria resistência.

Curvar-se, jamais; vender a Palestina, como muitos dos países ao redor, a vender, está fora do radar do eixo da resistência. O preço é caro, as vidas também, a destruição é enorme, mas a honra e a dignidade valem muito mais do que viver sem caráter e sob o domínio de um regime de apartheid.

Hoje, a Arbib, Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil, como as demais entidades árabes e islâmicas do Brasil, vem agradecer imensamente ao nosso querido presidente da República Federativa do Brasil, S. Exa. Luiz Inácio Lula da Silva, por todas as suas posições perante a questão palestina, como também agradecer-lhe pelo carinho e atenção que deu aos libaneses, salvando-os da guerra, trazendo-os até o Brasil.

Agradecer também às Forças Aéreas Brasileiras, FAB, e a seus comandantes; ao SUS; ao MDS; a todas as autoridades governamentais e ONGs que, juntas, estão empenhadas neste trabalho, e às demais associações beneficentes, entidades filantrópicas.

Somos gratos ao Brasil por esse acolhimento, carinho e atenção dados não só ao povo árabe e, sim, a todos os que aqui chegam. Os árabes não mediram, nem irão medir esforços para sempre estar cada vez mais contribuindo com esse abençoado Brasil, em todas as situações e no que for preciso para mantermos esta rica convivência, harmonia e progresso nacional.

Algumas questões que não podemos também deixar de fora e que precisam ser ditas com muita veemência: independentemente do desfecho que possa haver nesse injusto conflito e genocídio cometido contra o povo palestino, todas as destruições e estragos de vidas, assassinatos e massacre, consequências pós-guerra ou conflito que seja, esses filhos do mundo livre, estas gerações presentes não deixarão passar em vão todo o ocorrido desde 1947. Serão cobrados através da justiça da Terra e pagarão muito, antes de serem cobrados pela justiça divina.

O Tribunal Penal Internacional, muito tarde, já deu o seu primeiro passo, condenando Netanyahu à prisão. Vamos torcer para que continue com as justas causas. O choro de uma mãe vale todo este universo em que vivemos. O sangue de um injustiçado, não tem preço que pague. A conta está por vir. Nós, tribunais da Terra... Hoje ou amanhã esse dia chegará.

Segundo ponto: como sempre frisamos, e algumas entidades já trabalham nesta questão, que é a da conscientização do nosso querido povo brasileiro dos fatos que ocorrem na Palestina e sua verdadeira história.

A mídia paga é subordinada, deturpa demais o ocorrido; chega a dar nojo você ver uma mídia querendo esconder com a peneira as mais de 42 mil mortes já contabilizadas na Palestina, com a desculpa de legitimidade da defesa das tropas sionistas israelenses contra o terrorismo.

É um absurdo. Mídia, o mundo já acordou e não consegue mais engolir as diversas mentiras, depois de 410 dias. Tarde, mas acordaram, porque essa história começou em 1947.

Terceiro - e último -, não posso, como não podemos deixar de homenagear todos os mártires da Palestina, do Líbano e de todo o eixo da resistência, que, com as suas vidas, doaram, aos livres do mundo, esperança e um novo dia, a ser desenhado com mais garra e força para seguirmos em frente: Ismail Haniya, Yahya Sinwar, Ahmed Yassin e todos os valentes combatentes, que abriram, com as suas vidas, um novo caminho.

O mundo ainda desconhece o homem do século. Sim, o homem do século, que se tornou mártir recentemente, defendendo o ser humano e seus princípios, sem distinção de crença, religião ou nacionalidade.

Sim, Sayyid Hassan Nasrallah, o símbolo da justiça do século XXI, o símbolo dos mártires deste século, o símbolo da esperança. A você, Hassan Nasrallah, a nossa homenagem, pelo sacrifício de sua vida em prol da defesa de todos os oprimidos da Terra.

Mais uma vez, agradecemos a esta Casa e ao deputado Maurici por receber a voz da Palestina.

Viva o Brasil e viva a Palestina! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - É com gratidão e honra que agradeço a presença, novamente, do Sr. Cônsul-Geral da Síria em São Paulo, o Sr. Emad Orfaly, que está aqui presente. Aproveito e devolvo a palavra ao deputado Maurici.

 

O SR. PRESIDENTE - MAURICI - PT - Esgotado o objeto da presente sessão, eu reitero a minha honra por compartilhar esta Mesa com Emad Orfaly, Hassan Gharib, Ualid Rabah.

Agradeço a todos aqueles e aquelas que atenderam ao nosso convite para estarem hoje aqui, homenageando aqueles e aquelas que ofereceram suas vidas em holocausto pela liberdade da Palestina, bem como aqueles e aquelas que ainda hoje lutam, todos os dias, todos os momentos, pela vida, pela liberdade da Palestina e do Líbano. E deixo aqui a minha crença de que sionistas assassinos não passarão. (Palmas.)

Está encerrada a presente sessão.

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 53 minutos.

 

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