26 DE SETEMBRO DE 2024
132ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e DANILO CAMPETTI
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - DANILO CAMPETTI
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - DANILO CAMPETTI
Assume a Presidência.
4 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - CONTE LOPES
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
GRANDE EXPEDIENTE
9 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
11 - PRESIDENTE DANILO CAMPETTI
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 27/09, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h56min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
* * *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Paulo Fiorilo.
(Pausa.) Com a palavra a deputada Márcia Lia. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra a deputada Dani Alonso. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz
Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra a deputada Professora Bebel. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Danilo
Campetti, que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde a todos, ao Sr.
Presidente, deputado Carlos Giannazi, quero cumprimentar também as Sras.
Deputadas, os Srs. Deputados, o deputado Eduardo Suplicy, os servidores da
Casa, os policiais civis, militares, as assessorias, aqueles que nos acompanham
nas galerias e aqueles que nos acompanham pela TV Alesp.
Sr. Presidente,
eu acabo de chegar do Palácio dos Bandeirantes, estava em uma cerimônia do
nosso governador Tarcísio, onde ele sancionou leis importantes, entre elas a
lei que cria definitivamente a Polícia Penal e também a lei que concede cartas
de crédito a policiais civis, militares, policiais penais, para aquisição de
moradias.
Além disso, foi
dada posse, a formatura, de mais de 3.500 policiais civis, entre
investigadores, escrivães e médicos legistas. Então, é o Governo de Estado
fortalecendo as nossas polícias, incentivando os policiais, dando respaldo, dando
valorização aos nossos policiais.
Eu, que de 1999
até 2007, fui investigador de polícia aqui no estado de São Paulo, fico muito
feliz - e que hoje sou policial federal -, mas fico muito feliz de ver os meus
pares recebendo essas políticas públicas do governador Tarcísio e do secretário
Derrite, um governador e um Governo que olham para as polícias.
Era um
compromisso de campanha do governador Tarcísio, e eu acompanhei desde a
campanha, em que nós estávamos juntos, e ele dizia: “olha, a regra número um,
nosso compromisso número um com a Polícia Penal é realmente criar efetivamente
a Polícia Penal”.
E com as
polícias civis, as polícias Civil e Militar aqui do estado de São Paulo, também
esse processo de valorização que se iniciou logo no começo do Governo, em 2023,
com o maior aumento da história, que teve média de 20% de aumento, e agora as
recomposições do pessoal.
Eu me lembro
que em 2004, 2005, nós éramos em 20 mil policiais, aliás, 40 mil policiais
civis, esse número se reduziu drasticamente, só vingando... são 20 mil, mas nós
temos um concurso em andamento com quatro mil policiais civis, mais esses 3.500
que se formaram hoje, que já estarão nas unidades e desempenhando as suas
funções.
Então, tem o
número de 30% de recomposição do quadro de policiais civis, mais 10 mil
policiais militares desde o começo do Governo. Então o governo Tarcísio está
trabalhando para que as polícias recuperem aquele efetivo de 20, 30 anos atrás.
Parabenizo
também esta Casa, Sr. Presidente, na pessoa de V. Exa., o presidente André do
Prado, V. Exa. está representando o presidente André do Prado, que também teve
um trabalho essencial na aprovação desses projetos de lei.
Também o
secretário de Administração Penitenciária, Marcello Streifinger; o secretário
de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco; o secretário de
Segurança Pública, Guilherme Derrite, que deram um avanço também com relação a
essa lei que hoje foi aprovada, no que se refere às cartas de crédito aos
policiais, à área de Segurança.
Ou seja, nós
temos dois patamares ali, até cinco salários mínimos, com taxa zero, e de cinco
a dez salários mínimos, com taxa de quatro por cento, e que favorece muito a aquisição
de imóveis, esse programa Moradia Segura, que com certeza vai trazer muitos
benefícios à carreira policial aqui no estado de São Paulo.
E para
terminar, mudando um pouco de assunto, mas só para evidenciar o que eu havia
dito ontem, nós viemos aqui para saudar um estadista, que é o presidente Javier
Milei, que teve a coragem ontem de falar na ONU - aliás, na segunda-feira -, de
falar na ONU, defender os valores que nós defendemos aqui, falar sobre
liberdade, falar sobre a soberania dos estados, e novamente reiterar o nosso
repúdio ao atual presidente, que foi lá para falar de regulação de redes.
É algo que nós
repudiamos veementemente aqui, e estaremos aqui nesta Assembleia, em absoluto,
defendendo a liberdade de todos os paulistas e de todos os brasileiros.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado,
deputado. Gostaria de chamar a V. Exa. para continuar presidindo a sessão, para
que eu possa fazer o uso da tribuna.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Danilo
Campetti.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Dando
sequência à lista de oradores, convido o deputado Rogério Santos. (Pausa.)
Deputada Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Donato. (Pausa.) Deputada Ediane
Maria. (Pausa.) Deputado André Bueno. (Pausa.) Deputado Dr. Jorge do Carmo.
(Pausa.)
Deputada Solange Freitas. (Pausa.)
Deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira. (Pausa.) Deputado Rômulo Fernandes.
(Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.)
Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Enio
Tatto. (Pausa.) E deputado Carlos Giannazi.
Vossa Excelência tem a palavra pelo
tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado,
deputado Danilo Campetti, deputado Suplicy, público aqui presente,
telespectador da TV Assembleia; Sr. Presidente, ontem eu estive conversando com
vários servidores e servidoras da Secretaria da Fazenda, e eles estão
extremamente preocupados com o não pagamento da Bonificação por Resultados,
famoso bônus, que é estipulado por lei estadual que foi aprovada, inclusive,
aqui dentro desse plenário.
Refiro-me aqui
à Lei 1361, de 2021, que estabelece essa Bonificação por Resultados para vários
segmentos do funcionalismo público e estadual. E, até agora, a Secretaria da
Fazenda não pagou a bonificação para os seus servidores. Nós já vamos entrar
num período de final de ano, Sr. Presidente, e não houve reajuste salarial, não
houve até agora também reposição das perdas inflacionárias.
O governador
Tarcísio de Freitas mantém os salários arrochados e defasados praticamente de
todo o funcionalismo público estadual, afrontando, violando a lei que
estabelece a data-base do funcionalismo público, que foi aprovada aqui em 2006,
e afrontando também, violando o Art. 37 da Constituição Federal, que obriga os
entes federativos, municípios, estados e a União a fazer, no mínimo, a
reposição das perdas inflacionárias.
Então, o
governo Tarcísio está desrespeitando, está violando a Constituição Federal e a
legislação estadual, porque não deu nada, não deu reajuste e, muito menos
também, a reposição das perdas da inflação para os servidores do estado de São
Paulo, inclusive para os da Fazenda também.
Então, eles não
tiveram nem a reposição, nem o reajuste e não tiveram nem o bônus, que seria
uma forma, Sr. Presidente, de compensar minimamente, que não compensa muito
também, porque não incorpora no salário, não vai para a aposentadoria essa
bonificação, mas nem isso o governo está pagando para os servidores e
servidoras da Secretaria da Fazenda que estão na mesma situação do
funcionalismo público estadual.
Então, eu faço
aqui, Sr. Presidente, um apelo e uma exigência para que a Secretaria da Fazenda
crie as condições e faça o pagamento, porque não é falta de dinheiro.
Nós
acompanhamos a arrecadação, nós acompanhamos a execução orçamentária e São
Paulo tem dinheiro no cofre, São Paulo tem condições de dar um reajuste
salarial para todos os servidores e pagar a bonificação para todos os
servidores. Mas, infelizmente, não é isso que tem acontecido.
O Secretário da
Fazenda até agora não acenou com a bonificação, não tem data. Nós já estamos entrando praticamente, como eu
disse, no final do ano, logo daqui a uns dias. No dia 30 vai chegar a Lei
Orçamentária, a gente vai começar a debater a Lei Orçamentária para 2025.
O ano vai se
encerrar e os servidores da Fazenda não tiveram até agora, repito, nem
reposição das perdas inflacionárias, nem reajuste e nem a Bonificação por
Resultados, Sr. Presidente. Então, fica aqui o nosso apelo e a nossa exigência:
não é falta de recurso, recurso tem, repito mais uma vez, Sr. Presidente.
Quero ainda,
Sr. Presidente, aproveitar para aqui parabenizar os servidores e servidoras de
Jacareí, do município de Jacareí, que conseguiram uma vitória importante,
sobretudo os aposentados e pensionistas.
Eles
conseguiram derrotar, na data de ontem, o confisco das aposentadorias e
pensões, como nós fizemos aqui na Assembleia Legislativa em 2022, quando nós
votamos um projeto, através, primeiramente, de uma ampla mobilização nós
aprovamos o fim do confisco das aposentadorias e pensões.
E ontem a Câmara
Municipal de Jacareí derrubou o veto do prefeito, porque a Câmara tinha
aprovado o projeto derrubando o confisco das aposentadorias e pensões, mas o
prefeito do PSDB da cidade vetou o projeto aprovado na Câmara.
O projeto
voltou para a Câmara Municipal e a Câmara Municipal derrubou o veto em uma
votação. Então hoje, em Jacareí, não existe mais confisco para uma parte,
logicamente, dos aposentados e pensionistas.
É uma grande
vitória, que se alia a outras vitórias, como a nossa de São Paulo, do estado de
São Paulo, de Sergipe, de Alagoas e de outros estados que derrubaram também
esse famigerado confisco de aposentadorias e pensões, que é um crime. Aqui em
São Paulo a nossa luta hoje é pela devolução do que foi confiscado durante os
dois anos da gestão Doria/Rodrigo Garcia. Tem que devolver.
Aqui, na cidade
de São Paulo, nós estamos em luta também para derrubar o confisco de São Paulo.
Fica aqui o exemplo para o prefeito da cidade, o prefeito Ricardo Nunes, que
insiste em manter o confisco criminoso para 100 mil aposentados e pensionistas
da cidade de São Paulo.
Se uma cidade
pequena, menor, como Jacareí, derrubou, por que a Câmara Municipal de São Paulo
não derruba também o veto? Porque nós temos um PDL na Câmara Municipal aqui de
São Paulo, que é o PDL 92, do vereador Celso Giannazi, que acaba com o confisco
das aposentadorias.
A Câmara
Municipal, se tivesse realmente um compromisso com a população, aprovaria esse
projeto. Se o prefeito vetasse, ela poderia derrubar o veto, e o PDL viraria
uma lei.
Mas,
infelizmente, o prefeito mantém confisco aqui, mas nós vamos derrubar, Sr.
Presidente. O Supremo já formou maioria contra o confisco de aposentadorias e
pensões, vai ter eleição municipal e o Guilherme Boulos já se comprometeu
publicamente a fazer a revogação imediata desse confisco, caso ele seja eleito.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS -
Muito obrigado, deputado Carlos Giannazi. Convido o deputado Eduardo Suplicy.
Vossa Excelência tem a palavra pelo tempo regimental.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente Danilo Campetti, prezados Srs.
Deputados, Carlos Giannazi e Sras. Deputadas, gostaria hoje de assinalar uma
contribuição importante do coordenador do Instituto Cidades e do Fórum São
Paulo, Jorge Abrahão, que escreveu, publicou na “Folha” o seguinte artigo,
“candidata(o)s, faz sentido perder quase três horas por dia no trânsito?”.
Quanto tempo
você dedica por dia às suas relações de afeto com companheiros(as), filhas(os),
parentes e amigas(os)? E para os cuidados com o corpo, aprendizado, cultura e
lazer? Provavelmente bem menos que as quase três horas gastas no trânsito pelos
moradores e moradoras que utilizam transporte público em São Paulo.
Estas horas
desperdiçadas todos os dias em ônibus, trens e metrô - 2 horas e 47, para ser mais exato -, começam
com uma longa espera nos pontos e terminais, continuam em veículos lotados e
terminam em uma longa viagem diária, de ida e volta, na qual é difícil utilizar
o tempo para outras atividades. Em resumo, quem mora em São Paulo passa um mês
por ano no trânsito.
Para quem tem
condições e opta pelo conforto dos automóveis, o tempo gasto também é grande,
de 2 horas e 28 minutos por dia, na média.
É importante
lembrar que a qualidade ruim do ar em São Paulo, que afeta a todos, tem a ver
com uma frota de 13 mil ônibus movida a diesel. A partícula fina do diesel é a
responsável por milhões de pessoas acometidas por doenças respiratórias, sendo
que a transição para uma frota livre do combustível fóssil avança de forma
absurdamente lenta. Temos somente 380 ônibus, 3%, movidos a energia elétrica.
Eu aqui sou um
dos atingidos por... uma das pessoas acometidas por doença respiratória. Estou
procurando me curar. As limitações de renda também se refletem na mobilidade.
Quatro em cada dez pessoas deixam de visitar parentes e amigos devido ao custo
das passagens. Faltam pesquisas para fazer a relação entre ansiedade e falta de
afetos.
Este é o
retrato da mobilidade em São Paulo, a maior e mais rica cidade da América do
Sul, revelada na pesquisa lançada nesta última semana pela Rede Nossa São
Paulo, realizada pelo Ipec.
Pouco mais da
metade da população se utiliza de transporte coletivo, ônibus, metrô e trem, e
quase um quarto prefere os automóveis. No último ano, houve um aumento na utilização
de automóveis por aplicativo de 3% para 5%, e a utilização de táxi ficou
estável com dois por cento. Quanto à mobilidade ativa, quase 10% se locomove
exclusivamente a pé todos os dias e somente 1% de bicicleta.
A insegurança e
a péssima condição das calçadas são responsáveis pelo reduzido número de
pessoas que caminham e pedalam pela cidade. Sem esquecer de mencionar o absurdo
da lei que deixa as calçadas sob a responsabilidade dos proprietários dos
imóveis, o que impede a padronização da qualidade.
Em 2014, há
exatos dez anos, o tempo médio de deslocamento da cidade era praticamente o
mesmo, o que prova a incapacidade de gestão pública em resolver o problema e
priorizar o investimento na infraestrutura, pois falta coragem de tomar
decisões que contrariam os interesses das empresas que dominam o transporte
coletivo.
Neste mesmo
período de dez anos de uma São Paulo engarrafada e imobilizada, Paris, por
exemplo, conseguiu reduzir drasticamente a utilização de automóveis para só 4%
da população, com a combinação de medidas restritivas e alternativas de
mobilidade, triplicou a utilização de bicicletas e a locomoção a pé tornou-se o
meio de locomoção”.
Eu quero
saudar, cumprimentar Jorge Abrahão, do Instituto Cidade, da Rede Nossa São
Paulo, por essa reflexão muito importante.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS -
Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Prosseguindo na lista de oradores e
inscritos, convido o deputado Carlos Cezar. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.)
Deputado Caio França. (Pausa.) Deputada Ana Perugini. (Pausa.) Deputado Marcos
Damasio. (Pausa.) Deputado Felipe Franco. (Pausa.)
Encerrada a lista ordinária, agora
vamos para a Lista Suplementar. Convido o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Convido
o deputado Conte Lopes.
Vossa Excelência tem a palavra pelo
tempo regimental.
O
SR. CONTE LOPES - PL -
Senhor Presidente, deputado Campetti, que estava conosco ontem lá no Palácio,
junto ao governador, e alguns deputados, aniversário da Casa Militar. Mas eu
queria falar hoje a respeito dos nossos debates na televisão. A palavra mais
usada desde que começou a campanha política é o Primeiro Comando da Capital.
O PCC está no
ônibus, o PCC está na merenda, eu não sei que candidato é ligado ao PCC. E nós,
que estamos na política há 40 anos, mas há quase 60 na polícia, eu acho que não
se deve brincar com isso, né. Porque o crime não cobra cargos políticos, não
cobra apoio político; ele cobra com sangue.
Até ontem, ouvi
a ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, falando a
respeito do debate. Eu acho que a ministra tem que ver esse lado, né. O que tem
de concreto em tudo isso? O crime está prevalecendo mesmo? De vez em quando, a
gente vê deputados assumindo esta tribuna, falando a respeito das suas cidades,
onde o crime está financiando candidatos.
Só ontem, aqui
no estado de São Paulo, dois vereadores foram mortos. Um, inclusive, foi
encontrado amarrado, pés e mãos, e enforcado. É próprio do crime, né. São
coisas do crime. Outro foi morto da mesma forma. Um passou na televisão: o cara
está na porta do comitê dele, com a camiseta, passa um cara de moto atirando.
Uma candidata,
eu não sei de que partido, lá do Guarujá, com a filha no carro e com mais uma
motorista que estava com ela, teve o carro todo furado de bala. Então, eu acho,
sim, ministra Cármen Lúcia, que tem que começar a ver esse lado, né. O que tem
de concreto em tudo isso. Porque o crime não brinca. E se eles estiverem
financiando alguém, eles vão cobrar.
Infelizmente, a
gente sabe de algumas cidades, realmente, que a gente vai na campanha política:
“não deixa encostar no governador, porque esse candidato aí está ligado ao
prefeito, e o prefeito é do PCC”. E o deputado vai lá e ganha a eleição.
Ninguém encosta, aí ganha.
Bom, eu só
estou dizendo, na nossa experiência de quase 60 anos na polícia, onde entramos
em 67 - como falei ontem para o governador no Palácio, e os demais membros -
como soldado, entrei na polícia, a coisa só piora. E realmente, se os caras
começarem a conseguir eleger políticos, aí o bicho vai pegar mesmo. Porque
crime não tem honra.
Não tem
candidato, não tem mulher de candidato, não tem filhos. Eles dão uma ordem para
qualquer moleque de 15, 16, 17, 18 anos matar; eles vão e matam qualquer um. A
gente conhece isso de experiência; estamos há quase 60 anos combatendo o crime.
Se marcar para ser morto, vai ser morto.
Então, eu acho
que não é brincadeira. Agora, a gente ouve um debate que parece brincadeira,
né. “Não, está o PCC no ônibus, está o PCC na merenda, você é o tchutchuca do
PCC”. Parece até uma brincadeira. Nós estamos combatendo o PCC aqui desde 93,
quando se formou, depois do episódio do Carandiru, do governo Covas. E de lá
para cá só cresceu, tanto que hoje é o partido mais falado da campanha política
aqui em São Paulo, infelizmente.
A gente que
combate isso há não sei quanto tempo, infelizmente... Agora, é bom analisar:
vereadores estão sendo... Eu vi ontem isso: dois mortos. Um estava na frente do
comitê, e o cara passa de moto e sai atirando nele, ele escapou por pouco. E
uma candidata a prefeita do Guarujá - eu li a reportagem, não sei nem de que
partido é - teve seu carro todo furado de bala. Ela estava no carro com a filha
menor e com a motorista.
Então, se for
esse o caminho, realmente a gente vai de mal a pior. Agora, parece que as
pessoas tratam como se fosse uma brincadeira, como se fosse tudo normal, tudo
natural. Só volto a repetir: o crime cobra, só que o crime se paga com sangue,
não tem colher de chá. É com sangue que eles cobram.
Obrigado, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS -
Obrigado, deputado Conte Lopes. Seguindo a lista de oradores, pela Lista
Suplementar, convido o deputado Carlos Giannazi. Vossa Excelência tem a palavra
pelo tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Danilo Campetti, deputado
Suplicy, deputado Conte Lopes.
De volta à
tribuna no dia de hoje, eu quero dizer que hoje o governador sancionou, assinou
o nosso PLC 37, aprovado aqui, que regulamenta, na verdade, a Polícia Penal.
Que regulamenta a PEC que nós aprovamos, também aqui na Assembleia Legislativa,
em 2022, que virou depois a emenda constitucional estadual que, por sinal,
regulamentava a emenda constitucional de 2019, aprovada pelo Congresso
Nacional.
Ou seja,
primeiro nós tivemos a aprovação da emenda, em 2019. E aqui em São Paulo,
depois de uma ampla mobilização, com os servidores e servidoras do sistema
prisional e com as suas entidades representativas, nós conseguimos que a
Assembleia Legislativa também aprovasse uma emenda à Constituição, criando a
Polícia Penal.
E só agora foi
regulamentada, através do PLC 37, que foi aprovado pela Assembleia Legislativa.
E hoje a lei foi sancionada. Deve ser publicada amanhã no Diário Oficial. Foi
uma conquista importante de uma categoria estratégica na área da Segurança
Pública. Mas fruto de muita mobilização, e durante muitos anos de luta. Eu
acompanho já a luta desses servidores e servidoras desde 2007, desde o meu
primeiro mandato aqui na Assembleia Legislativa.
Eles também
continuam com os salários arrochados, defasados. Não há valorização, nem
salarial, nem funcional, para esses servidores da Segurança Pública. Mas,
enfim, a lei foi sancionada. Faltam agora também as publicações dos decretos.
Sobretudo, sobre a questão das promoções, para que haja o mínimo de evolução na
carreira e de valorização salarial.
O projeto
aprovado recebeu mais de 80 emendas. Infelizmente elas não foram incorporadas.
Sobretudo, emendas que tratavam da questão da incorporação de outros segmentos
importantes do sistema prisional. Como, por exemplo, os oficiais operacionais
motoristas, que ficaram de fora. Os oficiais administrativos, os servidores das
outras áreas, da Saúde, por exemplo, também ficaram de fora.
Eles deveriam
ser incorporados. Nós tínhamos alternativas. Até porque, elas foram
apresentadas e incorporadas também em outros estados. Mas aqui em São Paulo
não: eles ficaram de fora. Então nós vamos continuar lutando para valorizar
todos esses servidores que ficaram de fora, para que eles sejam valorizados do
ponto de vista salarial, do ponto de vista funcional também.
Mas me preocupa
bastante a situação dos operacionais motoristas. Porque, além deles terem
ficado de fora, eles estão sendo agora perseguidos pela atual administração.
Nós recebemos, e vários deputados devem ter recebido também, um documento muito
comovente da situação desses servidores. Eu quero ler só uma parte aqui, Sr.
Presidente.
“Oficiais
operacionais motoristas abandonados, adoecendo, e sofrendo assédio moral no
sistema prisional de São Paulo.”
O que diz o
documento?
“Os oficiais
operacionais motoristas da SAP de São Paulo, profissionais que dedicaram anos
de suas vidas ao transporte de presos e à Segurança Pública, estão vivendo uma
crise sem precedentes. Após a exclusão injusta da Polícia Penal, esses
trabalhadores estão sendo submetidos a uma situação de abandono, desvalorização
e adoecimento mental e físico.
Observa-se um
aumento alarmante de casos de depressão, ansiedade, sofrimentos psicológicos, e
até mesmo problemas físicos, como dores de barriga, cefaleia, hipertensão
arterial, tonturas que vêm sendo relatadas por todos esses servidores que, sem
aviso nenhum, tiveram as suas atribuições de décadas suspensas.
E agora estão
relegados a ficarem em disponibilidade nas unidades prisionais, sem ter função
claramente definida. Em alguns casos, sem ao menos uma estrutura física digna.
É um documento extenso, fala da questão do adoecimento e desvalorização, fala
também a questão do aumento de acidentes com risco de segurança, de abuso de
poder e ameaças veladas a esses servidores.”
Eu vou
disponibilizar aqui nas nossas redes esse documento, Sr. Presidente, mas é grave a situação desses servidores, que
devem ser tratados com dignidade.
Então, por isso
que nós vamos continuar a luta também em defesa desses segmentos que ficaram de
fora da Polícia Penal. Nós temos que ter uma alternativa, nós não podemos
largar a mão de nenhum segmento do sistema prisional.
Muito obrigado,
sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Obrigado,
deputado Carlos Giannazi, e convido o deputado Eduardo Suplicy. Vossa
Excelência tem a palavra pelo tempo regimental.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente,
Danilo Campetti, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, há pouco falei sobre o
trânsito em São Paulo, o artigo de Jorge Abrahão, mas volto ao tema agora
falando das mortes no trânsito da cidade de São Paulo, que são as maiores desde
2015, conforme registra hoje a “Folha de São Paulo”, em matéria de Fábio
Pescarini.
“Com 689 mortes
entre os meses de janeiro e agosto, a letalidade no trânsito da Capital
paulista é a maior para o período de oito anos. A quantidade de pessoas mortas
em sinistros de trânsito no Município em 2024 só é inferior a 2015, quando
começou a série histórica do Detran, Departamento de Trânsito paulista. Naquele
ano foram 768 óbitos.
Os dados foram
disponibilizados nesta semana pelo Infosiga, sistema de governo estadual de
monitoramento da letalidade no trânsito. Tanto no Estado quanto no Município,
na comparação entre os dois primeiros meses de 2023 e 2024, houve alta nas
mortes.
Em todos os
municípios paulistas, a quantidade de vítimas passou de 3.339 para 4.088
pessoas, alta de 22,5 por cento. Já no caso da cidade de São Paulo, o aumento
foi de 23,6%, saltando de 557 para 689 óbitos. Para efeito de comparação nos
dois casos, o crescimento da frota foi de 3,5% nos dois períodos comparados.
As principais
vítimas do trânsito paulistano são motociclistas e pedestres. Juntos,
representam 82,5% em todos os óbitos. Por outro lado, a quantidade de mortos em
acidentes com automóveis caiu, passou de 74 para 68, cerca de 8% a menos.
‘Os números
confirmam uma tendência acentuada grave no aumento das mortes de vulneráveis na
cidade de São Paulo’, afirma Sérgio Avelleda, coordenador do Núcleo de
Mobilidade Urbana do Laboratório Arquitetos Futuro de Cidades, do Instituto de
Ensino e Pesquisa, Insper.
O especialista
critica a flexibilização na fiscalização e cita a diminuição de agentes da CET,
Companhia de Engenharia do Tráfico. Como mostrou a ‘Folha’, o número de
‘marronzinhos’ nas ruas, no fim de 2023, era 20% menor do que em 2014.
A gestão
Ricardo Nunes informou na época que havia um concurso público em fase final
para a convocação de 254 aprovados. As multas de trânsito na cidade de São
Paulo desabaram 52% sob o Ricardo Nunes, do MDB, no primeiro semestre deste
ano, quando o prefeito tentará a reeleição.
O prefeito
chegou a criticar, durante entrevista coletiva neste ano, a instalação
indiscriminada de radares com fins arrecadatórios, em discurso afinado com o
bolsonarismo e a tese de que haveria uma indústria da multa. Isto gera sensação
de impunidade, o que provoca anarquia, com desrespeito à legislação de
trânsito, diz Avelleda.
Em nota, a
prefeitura afirma que é o desrespeito à sinalização e às leis de trânsito a
principal causa para esses acidentes violentos. Dentre as infrações, a que gera
consequências mais graves é o excesso de velocidade. Na nota, a administração
municipal disse que, somente em 2023, a CET destinou 54,1 milhões de reais para
atividades de educação no trânsito.
A educação que
mais funciona no trânsito é a fiscalização. Politicamente, em um primeiro
momento, fiscalização é uma medida antipática, mas no médio e no longo prazo, a
cidade gosta, afirma o especialista.
Sobre ações de
segurança a motociclistas, a prefeitura cita a criação da faixa azul,
sinalização no solo que separa as motos dos demais veículos. Sem mensurar
dados, afirma que os 200 quilômetros de faixa exclusiva implantados, reduziram
a gravidade nos acidentes.
Também foi
proibida a circulação de motos nas pistas expressas das marginais e implantadas
mais de 700 frentes seguras, afirma trecho da nota. A administração municipal
frisa que, desde 2015, o número de motocicletas da Capital aumentou 50%,
passando de um milhão para um milhão e meio.
A pandemia
também trouxe mudanças de comportamento que ampliaram o número de motos em
circulação e a motivação dos deslocamentos de serviços de entrega.
Para tentar
coibir atropelamentos, a prefeitura afirma ter implantado áreas calmas, regiões
com redução de velocidade e 12 mil novas faixas de pedestres, além do aumento
do tempo para atravessar em mais de mil cruzamentos na cidade.
Sobre as mortes
no estado, o Detran diz que desenvolve constantemente políticas públicas que
aumentam a segurança viária e a conscientização. Entre as ações, o Departamento
de Trânsito também aponta o aumento na fiscalização.
De janeiro a
agosto, foram 28% de blitz a mais do que no mesmo período anterior, com alta de
83% nos veículos abordados. Além disso, desde o início de 2023, foram
realizadas 15 campanhas educacionais. Uma das mais recentes é sobre o respeito
à faixa dos pedestres, afirma o órgão estadual.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
Se ainda houver
o Grande Expediente, eu estou inscrito.
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* *
- Passa-se ao
GRANDE
EXPEDIENTE
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O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS
- Muito obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Não havendo mais oradores no
Pequeno Expediente, eu encerro o Pequeno Expediente e abro imediatamente o
Grande Expediente, convidando, de acordo com a lista de oradores inscritos, o
deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.) A deputada Márcia Lia. (Pausa.)
O deputado delegado Olim. (Pausa.)
Deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Deputado
Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado
Rogério Santos. (Pausa.) Deputado Leci Brandão. (Pausa.) Deputado Donato.
(Pausa.) Deputado Ediane Maria. (Pausa.) Deputado André Bueno. (Pausa.)
Deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)
Deputada Solange Freitas. (Pausa.)
Deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira. (Pausa.) Deputado Rômulo Fernandes.
(Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.)
Deputado Major Mecca. (Pausa.) Deputado Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputado Enio
Tatto. (Pausa.) Deputado Carlos Giannazi. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy.
Vossa Excelência tem a palavra pelo
tempo regimental.
Eu gostaria de
registrar que a minha assessoria participou nesta segunda e terça-feira, 23 e
24 de setembro, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, do seminário
“Repensando a Guerra às Drogas”, promovida pelo grupo Repensando a Guerra às
Drogas, pelo grupo Direito e Políticas Públicas da Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo, pela Plataforma Justa e pela Humanitas360.
Foram dois dias
extremamente ricos em que os operadores do sistema de Justiça e especialistas
discutiram os efeitos deletérios do modelo de guerra às drogas que adotamos no
Brasil e que, em 100 anos, não produziu os resultados desejados.
Muito pelo
contrário, esse modelo tem apenas alimentado um ciclo perverso de violências,
de morte e de encarceramento em massa, marcado por moralismo, racismo e
exclusão.
O seminário
debateu os seguintes temas: “A Guerra às Drogas e o fortalecimento das milícias
e facções no Brasil”; “O Proibicionismo e racismo de Estado”; “Tráfico e
standard probatório: testemunho policial, busca pessoal, ingresso domiciliar e
câmeras corporais”; “Drogas, cuidado e tratamento: saúde mental, populismo
manicomial e exclusão”; “Drogas e Constituição: os limites da intervenção
penal”; “O STF e Congresso Nacional: a política de drogas entre o reformismo e
o retrocesso” e “Usos terapêuticos, ausência de regulação adequada e
judicialização”.
Durante as discussões, promotores, defensores
públicos, acadêmicos e especialistas concluíram que uma nova política de drogas
deve combater o proibicionismo e o punitivismo, vigentes até hoje no Brasil, e
garantir de maneira integrada o respeito aos direitos humanos.
Os
especialistas avaliam que é o Estado brasileiro quem deve regulamentar a
produção, comércio e uso de drogas. Quando o Estado deixa de fazê-lo, o crime
organizado, que só cresce no País, assume esta função da pior forma possível.
Foi debatido o
necessário uso das imagens das câmeras corporais como condição de
admissibilidade dos processos criminais, além de um correto uso do equipamento
pelos policiais, para que se tenha transparência da atividade policial,
qualificação das provas e controle do uso da força.
O debate girou
em torno também de se pensar novos modelos regulatórios para o futuro e, ao
mesmo tempo, as responsabilidades que o sistema de justiça tem hoje para não
fomentar essa guerra da qual somos todos perdedores.
E o outro tema
que gostaria de aqui comentar é que metade das plantações queimadas em agosto,
em São Paulo, pegou fogo no mesmo dia, conforme reportagem Clayton Castelani,
na “Folha de S. Paulo” hoje.
“Técnicos e executivos representantes
de 2.000 produtores de cana-de-açúcar ainda analisavam, no final da noite desta
quarta-feira, 25, dados de satélite para medir a cicatriz deixada pelas
queimadas nas plantações do estado de São Paulo. O relatório apresentado nesta
quinta, 26, tenta explicar uma situação climática extrema que em um único dia
potencializou incêndios em uma área duas vezes maior do que a da Capital
paulista.
Dos
658,6 mil hectares de plantações queimadas em agosto no estado, 328,2 mil
hectares pegaram fogo no dia 23 do mês. Isso significa que metade da área plantada atingida
foi incendiada em um único dia, segundo levantamento do Canaoeste, a Associação
dos Plantadores de Cana do Oeste paulista.
A marca do fogo
analisada não faz distinção entre culturas agrícolas, mas o segmento afirma que
praticamente todas as cidades que registraram 100 ou mais focos estavam
em áreas cuja principal produção é a de cana-de-açúcar. Pitangueiras foi a cidade com
mais focos, 354. Sertãozinho, com 296, e Altinópolis, com 252, também estão no
topo da lista de municípios mais atingidos.
São Paulo
registrou 11.628 focos de incêndios em agosto, número 227% maior do que a média
histórica para o mês, que é de 3.550 focos. É também o maior número de focos já
registrados no mês, superando os 8.076 focos de 2021. O levantamento tem dados
desde 2012.
Análises
climáticas da entidade apontaram como principais fatores para o espalhamento do
fogo os ventos de até 45 km/h, umidade do ar a 8% e calor de 30ºC, disse
à Folha o gestor
executivo da Canaoeste, Almir Aparecido Torcato, enquanto analisava os dados em
apuração nessa terça-feira.
‘Uma condição
climática que preocupa muito para o risco de incêndios é a chamada ‘triplo 30’,
quando o vento está acima de 30 km/h, a umidade abaixo de 30% e a temperatura
supera os 38ºC, como ontem e hoje está acontecendo. Os dados estão mostrando
uma situação extrema de triplo 30’, comenta.
Apesar de
extremos, os eventos climáticos de 23 de agosto não seriam capazes de, sem a
intervenção humana, promoverem queimadas na proporção observada, afirma
Torcato.
Com base na experiência
das equipes agronômicas que rotineiramente vão a campo analisar o solo das
áreas queimadas, ele diz que muitos incêndios acidentais são provocados por
hábitos como incinerar lixo ou mato em chácaras, rituais religiosos, e ainda
pela ação de criminosos que usam fogo para derreter o revestimento de fios
roubados em propriedades rurais.
Na atual crise,
porém, indivíduos ateando fogo propositadamente em matas e plantações também
entram para a lista de suspeitos, principalmente devido à velocidade com que os
focos surgiram.
‘Há pessoas que
sentem prazer em destruir patrimônio público e privado, vândalos, que tiveram
suas ações extremamente potencializadas pelo clima’, diz Torcato. ‘A motivação
dessas pessoas é uma incógnita, penso na teoria da janela quebrada: alguém vê
uma vidraça quebrada em um prédio e se sente estimulado a apedrejar outras
vidraças. Mas não consigo ver, objetivamente, uma ação organizada’, comenta.
Passado o ápice
da crise, o setor diz esperar respostas das autoridades para encontrar os
responsáveis enquanto tenta se preparar para uma condição climática que poderá
ser mais frequente. Além disso, tenta demonstrar para a sociedade que está
entre os segmentos mais prejudicados pelos incêndios.
Desde 2014, a
produção de cana não utiliza fogo para queimar a palhada e facilitar a colheita
manual da cana em São Paulo. Produtores usam colheitadeiras mecânicas que
dispensam a necessidade de fogo. Além disso, a palhada deixada sobre o solo
preserva nutrientes para a safra seguinte.
Caso fosse queimada,
como no passado, a cana ainda enfrentaria rejeição das usinas, pois prejudica o
processamento para a produção de açúcar e desvaloriza o produto, segundo o
executivo da Canaoeste. Sem vitimismo, se ao menos fôssemos respeitados e não
rechaçados já nos facilitaria a vida, diz Torcato.
Eu quero, caro
presidente Danilo, transmitir essa preocupação que todos temos que ter com
esses incêndios em nosso estado. Seja aqui na cidade, seja também no interior,
o cuidado que precisamos ter tem que ser muito maior.
Sr. Presidente,
se quiser ainda falar me disponho a presidir a sessão, mas se não, muito
obrigado.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Se houver acordo entre
as lideranças, pode levantar a sessão, por favor.
O
SR. PRESIDENTE - DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Muito
obrigado, deputado Eduardo Suplicy.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V.Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora
regimental, sem Ordem do Dia.
Agradeço aos que nos acompanharam aqui
nas galerias, às assessorias, servidores da Casa, aos que nos acompanharam pela
TV Alesp.
Está levantada a presente sessão.
Que Deus abençoe a todos, uma boa
tarde.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 56
minutos.
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