24 DE JUNHO DE 2025
22ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO
Secretaria: CARLOS CEZAR e DR. ELTON
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão às 19h26min. Coloca em discussão o PL 482/25.
2 - DONATO
Solicita verificação de presença.
3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
4 - DR. JORGE DO CARMO
Discute o PL 482/25.
5 - EDIANE MARIA
Discute o PL 482/25.
6 - DONATO
Discute o PL 482/25.
7 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Discute o PL 482/25.
8 - GUILHERME CORTEZ
Discute o PL 482/25.
9 - ANA PERUGINI
Discute o PL 482/25.
10 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Encerra a discussão do PL 482/25. Coloca em votação requerimento de método de votação ao PL 482/25.
11 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Encaminha a votação do requerimento de método de votação ao PL 482/25, em nome da Minoria.
12 - CARLOS GIANNAZI
Encaminha a votação do requerimento de método de votação ao PL 482/25, em nome da Federação PSOL REDE.
13 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Coloca em votação e declara aprovado requerimento de método de votação ao PL 482/25.
14 - GUILHERME CORTEZ
Solicita verificação de votação.
15 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feito o processo de verificação de votação pelo sistema eletrônico.
16 - ANDRÉA WERNER
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSB.
17 - ALTAIR MORAES
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do Republicanos.
18 - MARCELO AGUIAR
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do Podemos.
19 - GUILHERME CORTEZ
Declara obstrução ao processo de votação, em nome da Federação PSOL REDE.
20 - CAPITÃO TELHADA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PP.
21 - DONATO
Declara obstrução ao processo de votação, em nome da Federação PT/PCdoB/PV.
22 - CARLOS CEZAR
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PL.
23 - ROGÉRIO NOGUEIRA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome da Federação PSDB Cidadania.
24 - SOLANGE FREITAS
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do União.
25 - OSEIAS DE MADUREIRA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSD.
26 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Registra as manifestações. Anuncia o resultado da verificação de votação, que confirma a deliberação anterior. Coloca em votação o PL 482/25, salvo substitutivos, subemendas e emendas.
27 - EDUARDO SUPLICY
Encaminha a votação do PL 482/25, salvo substitutivos, subemendas e emendas, em nome da Minoria.
28 - RÔMULO FERNANDES
Encaminha a votação do PL 482/25, salvo substitutivos, subemendas e emendas, em nome da Federação PT/PCdoB/PV.
29 - BETH SAHÃO
Encaminha a votação do PL 482/25, salvo substitutivos, subemendas e emendas, em nome da Federação PT/PCdoB/PV.
30 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Coloca em votação e declara aprovado o PL 482/25, salvo substitutivos, subemendas e emendas, restando prejudicados os substitutivos 1 e 2.
31 - GUILHERME CORTEZ
Solicita verificação de votação.
32 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feito o processo de verificação de votação pelo sistema eletrônico.
33 - ANDRÉA WERNER
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSB.
34 - ALTAIR MORAES
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do Republicanos.
35 - ROGÉRIO NOGUEIRA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome da Federação PSDB Cidadania.
36 - GUILHERME CORTEZ
Declara obstrução ao processo de votação, em nome da Federação PSOL REDE.
37 - CARLOS CEZAR
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PL.
38 - DONATO
Declara obstrução ao processo de votação, em nome da Federação PT/PCdoB/PV.
39 - OSEIAS DE MADUREIRA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PSD.
40 - SOLANGE FREITAS
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do União.
41 - CAPITÃO TELHADA
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do PP.
42 - ROGÉRIO SANTOS
Declara obstrução ao processo de votação, em nome do MDB.
43 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Registra as manifestações. Anuncia o resultado da verificação de votação, que confirma a deliberação anterior. Coloca em votação e declara aprovadas as subemendas às emendas nºs 3 e 32, restando prejudicadas as emendas nºs 3 e 32. Coloca em votação e declara rejeitadas as demais emendas, englobadamente.
44 - GUILHERME CORTEZ
Declara voto favorável às emendas da Federação PSOL REDE, em nome da Federação PSOL REDE.
45 - DONATO
Declara voto favorável às emendas da Federação PT/PCdoB/PV, em nome da Federação PT/PCdoB/PV.
46 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Convoca reuniões conjuntas das comissões de Constituição, Justiça e Redação, de Administração Pública e Relações do Trabalho, e de Finanças, Orçamento e Planejamento, a ser realizada no dia 25/06, às 14 horas e 30 minutos, e às 15 horas, em segunda convocação; e de Constituição, Justiça e Redação, e de Finanças, Orçamento e Planejamento, a ser realizada no dia 25/06, às 14 horas e 30 minutos, e às 15 horas, em segunda convocação.
47 - GIL DINIZ
Para comunicação, faz pronunciamento.
48 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Encerra a sessão às 21h56min.
*
* *
-
Abre a sessão o Sr. André do Prado.
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* *
O SR. PRESIDENTE -
ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número
regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior.
Ordem
do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM DO DIA
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e
votação adiada do Projeto de lei nº 482, de 2025, de autoria do Sr. Governador.
Continua em discussão. E tem um tempo remanescente de 13 minutos e 21 segundos
o deputado Dr. Jorge do Carmo, para discutir contra.
O
SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Donato.
O
SR. DONATO - PT - Para uma verificação de presença,
para que o Dr. Jorge possa ser escutado por mais pessoas, por mais deputados e
deputadas.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Sim, é
regimental o pedido de V. Exa., deputado Donato. Então, solicito ao deputado
Carlos Cezar e ao deputado Dr. Elton, que estão aqui ao meu lado, que possam fazer
uma verificação de presença das Sras. Deputadas e Srs. Deputados, para darmos
início à nossa discussão do projeto.
*
* *
- Verificação de presença.
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* *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado
o quórum regimental, agradeço ao deputado Carlos Cezar e ao deputado Dr. Elton,
que fizeram a verificação de presença e devolvo a palavra ao nosso deputado Dr.
Jorge do Carmo pelo tempo remanescente de 13 minutos e 21 segundos para sua
discussão.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT –
SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente, deputado André do Prado. Eu
iniciei aqui falando na sessão anterior, mas não consegui completar o
raciocínio por conta que acabou a sessão, né? E agora retomando, Sr.
Presidente, antes de falar do PL 482/25, estava falando sobre a importância da
Lei de Diretrizes Orçamentárias que nós vamos discutir e votar aqui nesta Casa
antes do recesso.
E hoje eu
estava vendo uma matéria lá no “SP1”, na TV Globo, que falava sobre a
importância de colocar obras públicas na Lei de Diretrizes Orçamentárias do
município de São Paulo. E um assunto me chamou muita atenção porque eu moro na
região leste e atuo muito ali na região do Itaim Paulista.
E quem conhece
aquela região, quem vê a estação da CPTM e o movimento que tem, tanto na parte da
manhã quanto na parte da tarde, pelos trabalhadores acessando de maneira muito
precária, inclusive porque falta estrutura, faltam condições de mobilidade, há
necessidade de construir ali um terminal.
E esse terminal
para dar conforto e mobilidade, ele estava previsto numa obra chamada por nome
de Perimetral Leste, que saía do terminal São Mateus, passando pela Raguebi
Chohfi, seguindo pela Estrada do Iguatemi, Estrada da Passagem Funda, Rua
Saturnino Pereira, Estrada do Lajeado Velho, Estrada Dom João Nery e depois
seguindo até a Avenida Marechal Tito, quando do lado posterior nós temos a
estação de trem da CPTM da Linha 12-Safira, no Itaim Paulista.
Então, se os
vereadores da Capital e o governo não acharem que é importante essa obra lá
dessa região, e não aprovarem isso, não apontarem isso como uma diretriz para o
Orçamento, dificilmente vai acontecer.
É o que nós
vamos discutir aqui na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Por isso eu achei
importante que essa obra, se vier a acontecer lá, se os vereadores e a
prefeitura de São Paulo aprovarem, vai ser muito bom para melhorar a mobilidade
e a qualidade de vida da população da zona leste de onde eu sou.
Mas, Sr.
Presidente, eu me inscrevi hoje para falar sobre o Projeto de lei nº 482, de
2025, que já foi tão discutido aqui pelos colegas, deputadas e deputados, que
me antecederam.
É o famoso
projeto que prevê, cria o “Programa de Superação da Pobreza”. Olhando assim,
escutando e vendo o nome, que é tão bonito, não é? Qual deputado ou deputada
aqui não pensa e não trabalha para superar a pobreza, seja ela em São Paulo, no
Brasil, no mundo?
Quem é que
gostaria de ver alguém nessa desigualdade? Quem é que gosta e fica contente com
essa desigualdade social? Só aqueles que não sabem o que é isso. Então o
Projeto 482 está lá no seu artigo 1º: “Fica instituído, no âmbito do estado de
São Paulo, o ‘Programa de Superação da Pobreza’, com a finalidade de romper o
ciclo intra e intergeracional da pobreza e promover a autonomia e a melhora das
condições de vida das famílias em situação de vulnerabilidade.”
Como eu disse,
o nome “SuperAção” está mais para uma palavra de propaganda chamada
“SuperAção”. Parece ser uma superação do governador Tarcísio de Freitas ao
pensar, ao achar, ao colocar nesta Casa um programa que, de fato, não supera
pobreza alguma.
Eu vi aqui o
deputado Paulo Mansur falando que em três meses vai acabar com as palafitas.
Vamos contar: hoje nós estamos no final de junho, julho, agosto, setembro... Ou
seja, até setembro ou outubro não vai ter nenhuma palafita mais em São Paulo,
que o Tarcísio, segundo ele, vai fazer.
Eu estou
pagando para ver, viu? Em outubro, eu vou perguntar se tem alguma, e vou filmar
lá, porque é brincadeira as pessoas falarem coisas que não têm nada a ver.
Fazer comparação de programa de transferência de renda entre o governo federal
e o governo do estado... Não tem comparação. Não tem como comparar.
Estamos falando
de um programa aqui, o “SuperAção”, um programa experimental, um programa que
vai atender, como também já foi falado, apenas em um estado como São Paulo, com
44 milhões de pessoas e tantas elas na linha da pobreza, apenas 400 mil
pessoas. Ou seja, 105 mil famílias, com um valor irrisório, digamos assim, de
150 reais.
E ainda fazem
crítica ao “Bolsa Família”, que é um programa reconhecido internacionalmente.
Internacionalmente, que não tem nenhuma comparação com esse programa por nome
de “SuperAção”, que, na verdade, não vai superar coisa nenhuma.
Então, de fato,
semana passada teve uma matéria na “Folha de S. Paulo”. Qual era o tema, o
título da matéria? “‘Bolsa Família’ de Tarcísio tem verba inferior à que o
governo deixou de gastar na área social”.
Ou seja, 500
milhões de reais ele colocou agora, mas, na verdade, Sr. Presidente, vamos aos
números: segundo a gestão, a verba é decorrente de remanejamento da Secretaria
de Desenvolvimento Social. O valor fica abaixo dos 831 milhões de reais, se
fossem corrigidos pela inflação, que a pasta deixou de utilizar nos exercícios
de 2023 e 2024.
Ou seja, deixou
de investir no social, cortou a política pública e o orçamento para combater a
pobreza, ou superar a pobreza, e agora vem com essa falácia de que esses 500
milhões de reais vão superar a pobreza do estado de São Paulo. Ou seja, o que
está acontecendo? Tira do social, de maneira tão eleitoreira quanto foi,
pensando já em 2026, quanto foi aquele programa do Doria que chamava “Bolsa do
Povo”.
Ou seja, de
forma eleitoreira, apresentou um projeto aqui de um bilhão de reais e depois,
simplesmente, não aconteceu nada. Foi extinto posteriormente o chamado “Bolsa
do Povo”, que tinha aí como objetivo colocar um bilhão, em tese, para superar a
pobreza. Quinhentos milhões de reais é insuficiente. É muito insuficiente para
a gente poder resolver os problemas de pobreza do nosso Estado.
É preciso ter,
de fato, políticas eficazes. Alguém falou aqui, um deputado ou uma deputada,
que o estado de São Paulo e o estado do Tocantins são os dois únicos estados da
Federação, do Brasil inteiro, que não têm a Lei do SUAS regulamentada. Está
previsto na Constituição, mas o Estado sequer regulamentou a Lei do SUAS, para
que possa, sim, definir políticas públicas para melhorar, para resolver, para
combater a pobreza do nosso Estado.
Por isso, Sr. Presidente, toda verba que o povo
pensa em ter para melhorar a sua renda é importante. Lógico que é. Agora, fazer
um marketing eleitoral, querer comparar isso com o “Bolsa Família”, fazer
crítica ao programa do governo federal, que é conhecido mundialmente, para
dizer que esse programa não é de transferência de renda e, sim, de superar a
pobreza das pessoas? Faça-me um favor. Está menosprezando a inteligência de
deputadas e deputados aqui.
Mas aí tem
gente que acredita, e tem gente que vota qualquer coisa que o governador tem.
Deputadas e deputados que votam qualquer coisa que o governador manda aqui,
porque entendem que esta Casa é simplesmente para homologar os projetos e as
propostas que o governador passa para cá. Eu penso que não. Eu ajo como se isso
não fosse verdade. Nossa bancada, a bancada da Federação PT/PV/PCdoB, não
concorda.
Nós fizemos uma
discussão muito importante, para avaliar se a gente ia votar a favor ou contra
esse projeto, e olha que para nós é difícil votar em programa social,
contrários. É muito difícil, porque não dá para a gente dizer para as pessoas
que não é um benefício. É, mas não dá para a gente também achar que com 500
milhões vai resolver o problema do estado de São Paulo, com um orçamento de
372,5 bilhões do estado de São Paulo.
Então, Sr. Presidente, nossa ideia aqui é que
a gente não vai votar a favor desse projeto, por essas razões, pelas razões que
já foram expostas aqui por tantos colegas que já me antecederam aqui, e nós
temos as nossas argumentações.
O PL cita
nominalmente a “necessidade de romper o ciclo intergerencial e integracional da
pobreza” e definir, mas exatamente não diz o que significa isso. Não estabelece
como serão as relações com as secretarias municipais de Desenvolvimento Social,
e mesmo dentro do governo estadual para fazer o repasse. Fala-se que vai
transferir recursos para os municípios, mas também não estabelece critérios,
deputado Rômulo.
Como vai ser a
distribuição desse recurso lá? Qual é o critério? O critério vai ser a vontade
do prefeito, ou a vontade da primeira dama, que pode ter lá o fundo social de solidariedade?
Qual vai ser o critério para esse recurso chegar na ponta? Como é que ele vai
superar a pobreza lá? E aí alguém falou aqui que a pobreza do estado de São
Paulo será superada porque não terá mais palafitas, não terá mais nenhuma
miséria, porque tudo vai acabar em três meses.
Então, Sr. Presidente, outra crítica, como já
foi falado aqui. O PL inclui apenas 105 mil famílias, ou seja, 2,7% da demanda,
ou mesmo 0,9%, ao iniciar com 32 mil famílias, sem ao menos delinear qual é a
ordem de prioridade para escolher os primeiros beneficiários.
Então, dessa
maneira, Sr. Presidente, nós
queremos, de forma muito ruim, a gente dizer que não vai votar em um projeto
que, de certa forma, beneficia, mas não dá para a gente aqui ficar aprovando
marketing para o governador, dizer que no ano que vem ele vai resolver os
problemas de São Paulo, ele dizer que está colocando recursos para acabar com a
pobreza e diminuir a desigualdade social.
Diminuir a
desigualdade social, penso eu, é, sim, a gente isentar, como o presidente Lula
está propondo, as pessoas de pagarem imposto de renda de quem ganha até cinco
mil reais. Diminuir a desigualdade social é, sim, a gente ver a importância e a
necessidade daqueles que ganham milhões, que ganham acima de 50 mil, de 100 mil
reais por mês, e esse sim pagar imposto.
Porque, no
Brasil a desigualdade é isso. O pobre, o trabalhador que ganha até 5.000 reais
paga muito imposto. E aquele que ganha muito dinheiro, que tem lá o seu
orçamento abastado, esse não paga imposto. Quando muito, sonega, inclusive.
Então, por isso, sim, seria diminuir a desigualdade social.
E isso sim, os
deputados e deputadas da direita, ou do centrão, muitos deles são contra lá em
Brasília. Porque eles acham que é um programa que o Lula trouxe para beneficiar
ele. E não é para beneficiar o Lula, é para beneficiar milhões e milhões de
brasileiros e, com isso, fazer justiça social.
Por essas
razões, e por tantas outras que foram colocadas aqui, pelos meus colegas, é que
nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, analisamos e definimos que não há
como votar favorável ao Projeto 482, de 2025.
Obrigado, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Dr. Jorge do Carmo. Dando sequência aos oradores inscritos, para
discutir a favor, deputada Marina Helou. Ausente. Dando sequência para discutir
contra, com a palavra, deputada Ediane Maria.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente. Quero saudar todos os
parlamentares aqui presentes, os funcionários desta Casa.
Está uma noite
de frio, né? Um dia inteiro de muito frio aqui em São Paulo. E olha, frio, mas
o debate aqui está muito quente. Ultimamente, a gente está acompanhando esse
debate. Fica aqui ouvindo, por horas e horas e horas, sobre o Projeto 482, que
visa superar a pobreza aqui no estado de São Paulo.
Bom, é um
projeto que tramitou aqui em regime de urgência porque o governador Tarcísio de
Freitas enxerga como uma urgência superar a pobreza no estado de São Paulo.
Mas ouvi também
aqui parlamentares falarem coisas aqui horrorosas, pavorosas aqui neste
plenário. Falou que o presidente Lula é marqueteiro. Porque esse projeto de lei
aqui do governador Tarcísio Freitas é um marketing puro. Como que alguém supera
a pobreza, no Estado mais rico do Brasil - só perde para o governo federal na
questão de Orçamento -, e aí ele olha o
Tarcísio e ele acredita.
Não sei se ele
acredita nas palavras dele, aí eu tenho uma certa dúvida. Superar a pobreza com
um valor de 150 reais, que vai atender em torno de 105 mil famílias aqui no
estado de São Paulo? A gente viu falas horrorosas ultimamente.
Pessoas que
atacam, como o empresário do ovo, que falou que “olha, agora, depois do ‘Bolsa
Família’, as pessoas não querem mais se sujeitar a ganhar uma diária”. Que
muitas vezes deve ser muito difícil e que, com certeza, esse empresário no ramo
dos ovos não superou a pobreza dele ganhando 150 reais. Com certeza não foi
isso.
E com certeza o
“Bolsa Família”... Que hoje o Tarcísio poderia inclusive pegar uma referência
do nosso presidente Lula, que sabe o que é fome, sabe o que é pobreza. Porque
vem do Nordeste e a gente sabe o quanto que é difícil sobreviver sem um
auxílio, sem uma renda. É difícil. Vários de nós chegamos aqui no estado de São
Paulo, assim como eu cheguei aqui, em busca da melhora.
Em busca de um
lugar, onde eu sempre via na televisão, dos avanços, do progresso, de tanta
coisa boa. Só que vários de nós, nordestinos que vêm construir o estado de São
Paulo, sabem que a entrada para nós é muito mais difícil. É um lugar que,
naqueles ônibus, vem muita esperança, vêm muitos sonhos aqui no estado de São
Paulo. Só que a gente vê que o que nos espera é um barraco no morro, é longe do
centro, é muitas vezes um quarto de empregada para quem está no trabalho
doméstico.
Para quem está
hoje na diária, quem trabalha hoje como babá aqui no estado de São Paulo, sabe
que não é fácil superar a pobreza. E a gente vê em curso aqui no estado de São
Paulo, assim como aconteceu na favela do Moinho e em várias comunidades, que o
Tarcísio não está preocupado de fato em superar a pobreza, porque se ele
quisesse, de fato, superar a pobreza aqui no estado de São Paulo, ele de fato
olharia para o Orçamento Público, a LDO, que foram mais de 600 bilhões de
Orçamento Público.
Ele poderia
pegar essas moradias, inclusive - ele está entregando muita moradia ultimamente
-, e conversar com os movimentos sociais. Ele poderia pegar e conversar com as
lideranças comunitárias que hoje, no estado de São Paulo, correm risco.
Várias
comunidades correm risco de estar em situação de rua, porque o que estão
oferecendo hoje para vários moradores das periferias que hoje correm risco de
despejo é um auxílio aluguel de 400 reais ou de 600 reais, dependendo da
localidade, porque ele vai avaliando dependendo do local em que você mora.
Na favela do
Moinho, uma área central, nos Campos Elíseos, a última favela que sobreviveu no
centro da cidade de São Paulo, eles queriam oferecer 800 reais, com o que não
conseguiam, ali no entorno, nem sequer alugar uma “kitnet”. Então, a gente vê o
quão preocupado o governador Tarcísio de Freitas está com a superação da
pobreza.
Bom, olhando
para este projeto, sinceramente falando e com as falas que eu tive que ouvir
aqui, eu deixo como referência o “Bolsa Família”. O “Bolsa Família”, sim, que
não foi o Bolsonaro que garantiu os 600 reais.
Acho que todo
mundo lembra que, na pandemia, foi difícil chegar o auxílio emergencial. A fala
é: o auxílio emergencial chegou na pandemia, mas chegou porque o Bolsonaro era
bonzinho, era legal com o povo? Não.
Todo mundo se
lembra, porque todo mundo tem memória muito boa inclusive, que o Bolsonaro
queria garantir 200 reais. Eram 200 reais que o Bolsonaro queria dar na
pandemia, de auxílio emergencial. Sabe quem garantiu os 600 reais, mas não só
os 600 reais? Se tivesse uma mãe que recebesse aquele auxílio e tivesse um
filho acima de 18 anos, também ele ganharia esse auxílio, não é?
Então, a gente
está falando desse lugar que muita gente não entende, mas quem garantiu isso
foram os movimentos sociais e foram os partidos de esquerda, que foram para o
Congresso Nacional e conseguiram garantir que o auxílio emergencial chegasse a
600 reais.
Bom, o que o
Tarcísio quer, na verdade, é um marketing. Na verdade, é mostrar para o povo
que ele consegue fazer uma política e até tenta imitar o nosso presidente Lula,
só que ele não consegue, porque até na articulação do próprio projeto, para que
o “Bolsa Família” surgisse, tiveram vários debates. Ouviram a sociedade civil.
Teve todo um aparato para que se chegasse àquele valor. Não foi que tirou da
cachola, tirou do bolso e falou: "Agora sim, vamos superar a pobreza,
porque agora eu entendi o que é superar a pobreza”.
O Tarcísio de
Freitas, ele falou na sua época de campanha que a mãe dele foi empregada
doméstica. Então, como uma trabalhadora doméstica que chegou aqui a esta Casa,
eu gostaria muito de ver uma verdade nesse projeto de lei de superação da
pobreza.
Eu gostaria
muito de ver, inclusive, para todos nós que construímos o estado de São Paulo.
A gente sabe muito bem que somos nós que garantimos, que sustentamos esse
estado nas costas com o nosso trabalho doméstico, porque toda e qualquer
trabalhadora doméstica que ganha o “Bolsa Família”, inclusive, não vai ser
contemplada com esse “SuperAção” da pobreza.
Esse programa
do Tarcísio não vai atender quem já recebe algum benefício. Ou seja, se ela
recebe um “Bolsa Família”, o Tarcísio deveria complementar essa renda, já que
ele vai buscar no CadÚnico.
Então, por que
ele não pega essas famílias que já estão cadastradas no CadÚnico e que já
precisam de benefícios sociais e não garante e complementa essa renda para
chegar a um salário mínimo? Foi oferecido esse projeto aqui dentro desta Casa.
Inclusive, eu fiz a proposta no Projeto Laudelina de Campos Melo, que complementa
a renda de todas as trabalhadoras que estão hoje no CadÚnico.
Bom, eu acho
que, entendendo essa necessidade, que é urgente... Porque só eu sei, gente, só
eu sei o que foi criar quatro filhos sozinha. Não existia esse olhar que vocês
estão colocando. Muitos que falam aqui da fome não sabem o que é fome.
É importante
falar: se existe um “Bolsa Família”, se existem vários programas, inclusive o
“Minha Casa, Minha Vida”, que foi o que garantiu lá na Favela do Moinho que, de
fato, tivesse as moradias e precisou o nosso presidente Lula, mais uma vez,
mandar uma comitiva de Brasília para mostrar para o Tarcísio como que se faz
política de Habitação, porque ele não sabia.
Inclusive eu
quero ver se na quinta-feira... Já estou sabendo que o Tarcísio não irá. Ele
não vai à Favela do Moinho, mas o nosso presidente Lula vai vir, sim, falar com
as famílias e, sim, conversar sobre qual é o projeto de habitação que vai ser
implementado para todos os moradores da Favela do Moinho.
Bom, aqui o
estado de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas, que tem essa
preocupação, a gente vê que ele está muito preocupado, ele deveria ouvir a
própria esquerda, que é quem está com os movimentos sociais, quem está na
periferia e quem entende a necessidade da população.
Só que passa
por cima, por cima de todo um trabalho, de toda uma luta de movimentos sociais,
da sociedade civil que se organiza o tempo inteiro e pensa, sim, em políticas
sociais.
Agora, eu,
sinceramente falando, ouvi várias coisas: de que a gente não quer avançar porque
recebe auxílio. É lamentável, porque, se eu terminei, fiz um Pronatec, sabe
como foi, gente? Se eu terminei meu ensino pelo EJA, lá em 2013, sabe por que
eu terminei? Porque teve uma lei, inclusive, que garantia que todos nós, a
classe mais vulnerável que estava ali sendo assistida pelo o CadÚnico, pela
Assistência Social fizesse o Pronatec.
O que é o
Pronatec? O Pronatec garantia que você fizesse um curso profissionalizante, e
isso foi nossa presidenta Dilma, foi o nosso presidente Lula que garantiu isso.
O Pronatec garantia que nós, todos nós trabalhadores, conseguíssemos, sim, uma
bolsa de ensino, ensino com passagem e lanche. Inclusive, eu lembro que eu
recebi para fazer o nosso curso profissionalizante para mudar de vida, para
melhorar de vida. Realmente, pelo Senai, pelo Senac.
Quando deram o
golpe na nossa presidenta Dilma, logo acabaram com todos os cursos. Então o
curso que era gratuito para quem era assistido pela Assistência Social, logo
caiu, logo retiraram, porque será mesmo que tinha um interesse em mudar a
realidade da periferia? Será mesmo que existe o interesse? Será que o Tarcísio,
gente, está mesmo interessado?
Então vamos
fazer o seguinte: aumente esse valor, faça um complemento de renda, garanta que
essa trabalhadora, que esse trabalhador, que, muitas vezes, quem recebe esse
benefício, deputados... Sabem quem recebe? É uma mãe solo, é aquela mulher que
precisa de uma creche, uma creche em período integral. Quer superar a pobreza?
Uma creche em período integral, registro em carteira, direitos trabalhistas.
E, sim, que no
Orçamento do estado de São Paulo seja colocado, até porque já tem estudos que
dizem o seguinte: que toda e qualquer trabalhadora doméstica move o PIB deste
país, deste estado, porque somos aquelas que não têm economia do cuidado,
porque não existe para nós.
Somos aquelas
que não tem poupança, somos aquelas que não conseguimos mudar de vida, porque,
se construirmos nossa casinha lá na favela, vão lá e derrubam nossas casas,
porque logo falam que estamos em um lugar que não é nosso, que é irregular.
Então vamos
pensar em política de habitação, em política de complemento de renda, em
políticas sociais reais, porque nós queremos, sim, que todo o nosso
investimento, todos os nossos impostos voltem para nós em forma de política
pública, porque nós estamos investindo todos os dias.
A partir do
momento que eu faço uma faxina na casa de alguém, limpo a casa de alguém, cuido
de uma criança ou cuido de um idoso, eu preciso automaticamente que vá uma
creche, vá um asfalto, vá um saneamento básico, um poste de luz, que vários de
nós não vemos um poste de luz sequer.
Um poste de luz
não vai para o nosso bairro. Não vai um asfalto para o nosso bairro. A gente vê
o tempo inteiro, todo ano, ano de eleição, é um quebra-quebra no centro da
cidade, mas é só para inglês ver, é só para quem acessa o centro ver, porque,
na periferia, não chega um metro de asfalto. O que chega lá é uma máquina, o
que chega lá, muitas vezes, é a Segurança Pública, para nos reprimir, para
tocar o terror psicológico, mas não chegam as melhorias.
Então, para
superar a pobreza, tem várias formas, vários mecanismos. Para quem sempre
atacou o “Bolsa Família”, muito me surpreende hoje querer dar um auxílio. E
muito baixo, inclusive: 150 reais. Vamos imaginar: um pacote de arroz, um de
feijão, um óleo, vai dar para uma cesta básica.
Agora, por que
o Tarcísio não zerou os produtos da cesta básica? Se ele quer superar a
pobreza, zere os produtos da cesta básica. Porque não zerou, só zerou o da
soja, para dar gestos. Do feijão, do arroz, da carne. Porque é muito mais fácil
falar que o nosso presidente não está garantindo, só que são os estados, são os
governadores dos estados que têm que garantir a isenção do ICMS. É sobre isso.
Então estou
aqui hoje para dizer que, mais uma vez, o Tarcísio vira as costas. As costas,
porque ele, de fato, não garante que a população mais vulnerável do estado de
São Paulo supere a pobreza. Que, de fato, eles tenham condições, mecanismos
para superar a pobreza. Que a gente consiga superar a pobreza, mas a superação
vai vir da esquerda.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputada Ediane Maria. Dando sequência, para discutir contra, com a palavra
deputado Donato.
O
SR. DONATO - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, todos que
nos acompanham pela Rede Alesp, estamos aqui para discutir esse programa que se
autointitula “SuperAção da Pobreza”, mas é uma “SuperAção” de marketing. E eu
explico. Primeiro, aprendi na vida que a gente é o que a gente faz, não o que a
gente fala.
E quem olha
todo dia as ações do governador Tarcísio de Freitas se convence de que ele é
candidato a presidente da República. Evidentemente, parece que a família
Bolsonaro não confia muito nele, e esse é outro assunto. Mas que ele deseja ser
e se comporta como candidato a presidente a gente vê todo dia.
A gente viu,
por exemplo, ele, se não me engano em uma palestra no BTG. Aliás, BTG que
coordenou todo o processo de privatização da Sabesp. André Esteves, o banqueiro
que anda por aí organizando eventos para o Tarcísio de Freitas, ganhou muito
dinheiro na Sabesp e certamente espera ganhar muito mais caso o Tarcísio de
Freitas seja presidente da República.
Mas para esses
banqueiros, o que o Tarcísio falou? E está aí, nas redes sociais, para quem
quiser ver. Falou que uma inspiração para ele é o Milei. Eu acho que é sincero
mesmo que seja o Milei uma inspiração para ele, porque, vejamos, o que o
Tarcísio fez em 2023?
Existia um
programa social que era a junção de vários programas anteriores, da época dos
tucanos, e que o Doria chamou de “Bolsa do Povo”. Qual era o orçamento para o
“Bolsa do Povo” em 2023? Seiscentos e vinte milhões. Então o “Bolsa do Povo”,
em 2023, tinha um orçamento de 620 milhões. Ele acabou com o “Bolsa do Povo”.
Ele cortou qualquer programa social, se inspirou no Milei. Isso é verdade.
Mas ele
continua agora na sua construção marqueteira da candidatura a presidente da
República. A gente vê que ele emagreceu 20 kg, que ele usa outras roupas, que a
camisa não está mais para fora da calça, que tem um logotipo. É tudo obra de
marqueteiro. Só que ele está cada vez mais parecido com o Doria. E o Doria, que
começou como governador já mirando na Presidência da República, a gente viu o
desastre que foi. Nem governador, nem presidente da República. Eu suspeito que
ele vá para o mesmo caminho.
Falta só o
sueterzinho em cima do ombro e talvez uma calça apertada, porque está mais
magrinho agora, para ficar o figurino do Doria. Mas o destino do Doria, está
parecendo que ele está seguindo à risca. Fala com o mercado financeiro, é o
bambambã do agronegócio e é o bambambã da grande imprensa. É o objeto de desejo
desses setores para a Presidência da República. Ele está deslumbrado com isso.
Mas os
marqueteiros precisavam dar uma marca social para ele. Isso é coisa de
marqueteiro, que olhou pesquisa e falou: “ele não tem uma marca social”. Até
porque ele acabou com qualquer programa social.
Como eu disse,
ele acabou com os 620 milhões do “Bolsa do Povo”. Seiscentos e vinte milhões -
gravem esse número, porque ele é maior que 500 milhões. E nós vamos falar dos
500 milhões daqui a pouco.
Então, ele
acabou com o programa, com o “Bolsa do Povo”, e precisava de uma marca social.
E aí os marqueteiros inventaram. Aí trouxeram aqui a secretária, o deputado
Campetti veio aqui dizer que... Ele nem estava na audiência pública; eu estava
e eu fiz perguntas para ela que ela não respondeu.
E eu vou
colocar quais foram aqui. Mas vem a secretária... E é um governo de
tecnocratas, todos assim com aquele palavrório de tecnocrata - “estudamos
vários programas e nos inspiramos num programa no Chile”, que deu errado no
Chile.
Eles não vão
atrás de ver que deu errado. “Nós consultamos várias entidades, a J-Pal, que é
especialista em programas sociais”. E apresenta um programa pífio. E eu vou ter
que demonstrar como ele é pífio, porque ele foi anunciado como um grande ato de
superação da pobreza.
Então, eu
trouxe aqui: para o pessoal entender, a gente às vezes tem que desenhar. Mas eu
não vou desenhar, eu vou mostrar para vocês aqui. O que é a pobreza no estado
de São Paulo? A pobreza é isso aqui: três milhões e 400 mil pessoas. Cada
bloquinho desse são 100 mil pessoas. Essa é a pobreza.
O vermelho é
quem é atendido pelo “Bolsa Família” - dois milhões e 400 mil pessoas. Porque a
pobreza é até meio salário mínimo. E o “Bolsa Família” atende quem tem a renda
per capita de 218 reais.
Essa aqui é a
pobreza no estado de São Paulo. E ele vai superar a pobreza com isso aqui. Isso
aqui é o “SuperAção” - 100.000. A pobreza é isso aqui; e o “SuperAção” é isso
aqui. Dá para entender? Dá para entender que isso aqui não é um programa? Que
essa lei não tem nenhuma perspectiva de superação da pobreza? Que isso aqui é
marketing puro? Marketing eleitoral de baixa qualidade?
Depois, nós
vamos entrar em outros aspectos do programa, mas o primeiro deles é esse - o
tamanho do programa. Programa irrisório, com recursos irrisórios, menores do
que já existiam no orçamento de 2023, que era de 620 milhões. E ele apresenta
um programa de 500 milhões de reais.
Essas pessoas
aqui, atendidas pelo “Bolsa Família”, essas famílias, dois milhões e 400 mil
famílias em São Paulo, recebem cerca de 20 bilhões de reais do governo federal,
40 vezes mais do que os 500 milhões que ele está destinando.
Mas ele não tá
destinando 500 milhões para as famílias. Ele está destinando 500 milhões para
uma grande burocracia. E eu começo a explicar o programa para vocês entenderem
que ele é uma farsa, que ele é só uma peça de marketing, que ele não tem nenhum
objetivo estrutural de superação da pobreza, nem de primeiro passo para
superação da pobreza.
Poderíamos
falar: “ah, eu estou aqui plantando trigo em vasos, né?”. Aliás, os tucanos
eram bons nisso, mas o Tarcísio está se inspirando nos tucanos. Faz um programinha
pequenininho e fala “ah, eu sei plantar trigo, olha aqui um vaso de trigo”. Mas
não faz um pãozinho com esse trigo plantado. Então, é um programa que não tem a
menor condição de superar a pobreza. A pobreza está aqui, e o programa é isso
aqui.
Vamos lá. O
programa pretende atender 105.000 famílias, 70.000 na trilha da inclusão, que é
transferência de renda. Apesar de ele falar que não é transferência de renda,
no caso é, para 70.000 famílias. E 35.000 na trilha de superação. Nada contra
dar curso profissionalizante, mas a gente precisa entender que a superação da
pobreza... Não é porque as pessoas não estão capacitadas...
Pode até ser em
alguns casos, e a gente tem que tratar esses casos. Mas vamos ver: o “Bolsa
Família”, o ano passado, 1.350.000 famílias saíram do “Bolsa Família”. A maior
parte do emprego hoje é de pessoas oriundas do programa “Bolsa Família”, porque
o que gera riqueza, gera emprego, é crescimento econômico.
Você pode
capacitar um monte de cabeleireira e vai ficar uma competindo com a outra no
mesmo bairro. Se não aumentar a renda, não vai ter mais demanda. É óbvio isso,
é óbvio. Então não basta só capacitar as pessoas. Não basta tratar só um
aspecto da pobreza. Talvez a falta de qualificação que precise ser tratada,
sim, mas de maneira séria.
Mas dessas
famílias, dessas 3.700.000 famílias, 70% são chefiadas por mulheres, a maioria
delas com filhos pequenos. Se você não der condições de atender essas crianças
com a creche integral, com o ensino integral, você pode qualificar como for essa
família, porque ela não tem condição de ir para o mercado. Então a gente tem
que tratar globalmente, em todos os aspectos, a população mais vulnerabilizada.
Agora vamos
para um aspecto interessante desse programa aqui, que não está no texto da lei.
Aliás, a lei é vaga e não diz nada a lei, é mais um cheque em branco, que esse
já é um problema em si. Não dá para votar cheque em branco. Até a gente,
sabendo o governo que a gente tem e de que maneira ele trata as pessoas, mas
vamos lá. Você vai no site do “SuperAção”, porque o programa não está nem
votado, mas já tem um site.
No site do
“SuperAção”, vamos ver o critério para escolha das cidades. Aqui,
principalmente quem tem base em pequenas cidades, eu queria que prestasse
atenção. O critério para, enfim, selecionar cidades, já que é um programa
ínfimo - 100.000 famílias, vamos dizer, é bem ínfimo - é que tenham economia
desenvolvida e boa oferta de emprego. Ou seja, ao contrário.
Você vai no
Vale do Ribeira, esse programa não vai ser implementado, talvez uma das regiões
mais pobres do estado. Você vai nos rincões do estado, esse programa não vai
poder ser implementado. Ele vai ser só implementado em cidades com economia
desenvolvida e com boa oferta de empregos. Vai superar a pobreza dessa forma?
Como é que você
vai superar pobreza se você não ataca todas as formas de pobreza, todas as
manifestações dela em todo o estado? Na verdade, aqui você vai aumentar as
desigualdades regionais. Essa é uma pergunta que eu fiz para a secretária e ela
não respondeu por conta desses critérios. Eu estou falando objetivamente aqui,
porque ela veio e não respondeu às perguntas que a gente fez.
Outro aspecto
do programa, o programa custa 500 milhões de reais. Mas, desses 500 milhões de
reais, 260 milhões de reais vão para os municípios para fortalecer a estrutura
do SUAS. Ótimo, mas isso é meio, isso não é fim. E mais de 100 milhões de reais
vão para ONG, que eu perguntei para a secretária: "Qual o critério para
escolher as ONGs?” Precisa ter um critério. O que elas farão? Isso não está
escrito, não está dito, não está explicado.
O que será
feito com essas ONGs? Como elas serão escolhidas? Que tipo de trabalho elas
farão no ano da eleição? Olha, aqui não tem ninguém ingênuo. Então vamos olhar
para os problemas do programa, e são muitos, porque o programa, como eu disse,
foi formatado por marqueteiros e com verniz dado pela secretária de
Desenvolvimento Social, mas o verniz, o palavrório dela, não se manifesta nem
no texto e muito menos se concatena nas ações do programa.
Então a gente
tem essa situação, um programa ínfimo que não tem plano de expansão, porque
aqui o programa só fala disso aqui mesmo, desses números. E eu queria dar um
outro número, já que a gente está falando aqui e amanhã vamos fazer o debate da
LDO, mas é muito interessante.
Para um
programa de superação da pobreza são 500 milhões de reais, menos que os 620
milhões de reais que já existiam em 2023, que eles acabaram. Mais o
aumento de isenções tributárias, de benefícios fiscais, vai aumentar de 71,5
bilhões neste ano para 85,6 bilhões no ano que vem. Catorze bilhões no “Bolso
Empresário”.
Aí, o “Bolso Empresário”, ninguém fala. Mas aqui, para de fato ter um
programa para atender os mais pobres, aí falta dinheiro. Sobrou dinheiro para a
burocracia e, para o povo, é só 135 milhões dos quinhentos. Então, é um
programa de faz de conta. Esse programa não existe, não para em pé, não se
sustenta. É só uma peça de marketing.
E por isso que a gente aqui está colocando isso: vamos debater aonde
for, porque não vamos nos intimidar com esse palavrório - nem da secretária,
nem do Tarcísio - até porque hoje o Tarcísio, nos videozinhos dele, é uma
coleção de mentiras, e nós vamos desmontar uma por uma.
Uma que foi dita aqui: que ele vai fazer 200 mil casas até o fim do ano.
Foi dito aqui. Sabe quanto custa uma casa, um apartamento? Duzentos mil.
Duzentos mil vezes 200 mil dá quanto? Quarenta bilhões, é isso? Quarenta
bilhões. Tem 40 bilhões na Secretaria da Habitação? Não tem. Na verdade, eles
estão colocando 10 mil, 15 mil do “Casa Paulista”, e o resto é do “Minha Casa,
Minha Vida”.
Então é uma farsa. Quem é prefeito aqui sabe disso. Todos os colegas
aqui que são prefeitos, se relacionam com prefeitos, sabem que é um monte de
mentira. Ele andou falando aí que no ensino técnico ele tem mais alunos no
ensino técnico do que a média da OCDE, porque está contando aqueles itinerários
formativos do curso médio, agora, que ensinam a fazer brigadeiro gourmet como
profissionalização.
Então não dá, pessoal. É um programa, uma “SuperAção” de marketing. Por
isso a gente vai votar contra.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado, deputado Donato. Dando sequência à
lista, com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino para discutir contra.
O SR. LUIZ CLAUDIO
MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, nobre deputado André do Prado, Srs. Deputados, Sras. Deputadas,
quem nos acompanha aqui pela TV Assembleia, funcionários desta Assembleia
Legislativa.
Sr. Presidente, eu vou continuar na linha do deputado Donato,
demonstrando que esse projeto, ora apresentado, “SuperAção”, é uma farsa. Ora
apresentado, é um projeto totalmente de cunho eleitoral.
Primeiro ponto: não é um projeto universal, não é um projeto que vai ser
para toda a população do estado de São Paulo. Ele tem um recorte muito pequeno
quando se compara com outros programas sociais que temos no governo federal,
mesmo em outros estados ou em municípios.
Temos desde 2005, na Constituição Federal, que começou um debate em 2005
que concluiu em 2009, que é o SUAS. Nós temos o SUS, que é uma lei que existe
desde 1988 na Constituição Federal, e temos o SUAS, que foi também estruturado
na Constituição Federal, debatido em 2005 e aprovado desde 2009.
E o estado de São Paulo e o estado do Tocantins são os dois únicos
estados que não tem ainda estruturado um Sistema Único de Assistência Social.
Apenas dois estados no Brasil não tem ainda uma estrutura do Sistema Único de
Assistência Social que é o estado São Paulo e o estado de Tocantins. Apenas
dois estados, nobre deputado Valdomiro, que ainda não estruturaram o Sistema
Único de Assistência Social.
Vossa Excelência, que já foi prefeito na cidade, sabe o quanto é
importante ter uma estrutura de assistência social na cidade, que possa receber
recursos do Governo do Estado, que possa receber recursos do governo federal,
porque o município sozinho não dá conta da necessidade que o município tem.
Só que nós teríamos a oportunidade nos 645 municípios do estado de São
Paulo se o nosso Estado tivesse aderido ao SUAS. Se tivesse aderido ao SUAS.
Não aderiu. O primeiro passo que o
governo do Tarcísio deveria fazer era simplesmente adequar o estado de São
Paulo ao SUAS nacional, fazer essa adequação, e, a partir daí, todos os
municípios do estado de São Paulo teriam direito a recursos da Assistência
Social, mas não o fez.
Prefere trazer
aqui um projeto eleitoreiro, com o tal nome de “SuperAção”, que de superação
praticamente não tem nada, quando se avalia a Assistência Social no nosso
Estado.
Eu quero trazer
aqui alguns dados, até para mostrar que não tem nada de superação. Quando a
gente fala do programa ora apresentado, nós estamos falando aqui de, no máximo,
500 milhões de reais.
Ano passado, em
2024, só de transferência direta que o governo federal passou para o estado de
São Paulo, só de transferência direta, nas ações de proteção social especial,
passou de um bilhão e 79 milhões de reais. Apoio por gestão descentralizada,
mais um bilhão de reais.
Nós estamos
falando aqui apenas de recursos que vieram do governo federal para o estado de
São Paulo. Não são recursos que vieram para os municípios do estado de São
Paulo. Só em 2024 foram repassados pelo governo federal dois bilhões e 79
milhões de reais, e a estruturação da rede de serviços do SUAS, que deveria ser
integrado, implementado desde 2009, que no estado de São Paulo passou de 200
mil reais, e esse valor poderia ser muito maior, se tivesse, por parte do
Governo do Estado de São Paulo, pelo governador Tarcísio, adesão ao SUAS
nacional.
Não aderiu.
Automaticamente, o Governo do Estado de São Paulo deixa de receber recursos do
governo federal, que seriam muito importantes, não só para estruturar o Sistema
Único de Acesso Social em todos os 645 municípios, mas que garantiriam recursos
para que as cidades pudessem fazer as suas ações.
Mais um dado
importante aqui. O governo federal passou, no ano passado, para o estado de São
Paulo, para quase dois milhões e 925 mil pessoas, 19 bilhões e 572 milhões de
reais.
Olha o quanto
foi repassado, nobre deputado Barba, no ano passado: só de recursos do “Bolsa
Família”, ano passado, do governo federal para o estado de São Paulo, 19
bilhões e 572 milhões. Ora, Dr. Jorge do Carmo, 19 bilhões e 572 bilhões de
reais.
Aí o governo
vem e fala de 500 milhões. Cadê a superação do governador Tarcísio, quando tem
um programa hoje do “Bolsa Família”, que só para o estado de São Paulo,
repassou 19 bilhões e 572 milhões? Onde é que está a superação? Quase três
milhões de pessoas no estado de São Paulo recebem o “Bolsa Família”. E essa
população que estamos falando aqui, uma população de quase três milhões de
pessoas, o estado de São Paulo só perde no Brasil, em número de pessoas que
recebem o “Bolsa Família”, para o estado da Bahia.
O estado de São
Paulo, que se diz que é o Estado mais rico da Nação, com Orçamento que vai
chegar a mais de 400 bilhões para o ano que vem, mais de 400 bilhões, ainda tem
três milhões de pessoas no estado de São Paulo que recebem o “Bolsa Família”,
quase três milhões de pessoas.
Aí tem um outro
dado aqui importante: o BPC, que é o “Benefício de Prestação Continuada”. Só
desse recurso, no ano passado, o governo federal repassou para o estado de São
Paulo 16 bilhões e 647 milhões de reais. Dezesseis bilhões de reais. Aí o
governador Tarcísio vem falar que vai colocar 500 milhões em um projeto de
superação.
Onde é que está
a superação do governador Tarcísio em um projeto que, quando comparado com o
BPC, que coloca para o estado de São Paulo 16 bilhões e 600 milhões, 19 bilhões
e quinhentos? (Inaudível.), mais 60 milhões de reais.
No total, no
ano passado, o governo do presidente Lula repassa para o estado de São Paulo um
valor de 36 bilhões e 280 milhões de reais. Eu quero ver o governador Tarcísio
montar um projeto de superação, falar que está resolvendo o problema da pobreza
no estado de São Paulo, colocando 500 milhões de reais.
É um programa,
de fato, como disse o nobre deputado Donato, simplesmente eleitoral. É um
programa que não vem para efetivamente completar a renda de quem precisa no
nosso Estado. Se fosse para completar a renda, o governador Tarcísio se
utilizaria, no projeto, pelo menos, do salário mínimo estadual para fazer a
comparação. Mas não, usa a base do salário mínimo nacional.
Não usa sequer
a nova base de cálculo para fazer o complemento para aquela família que precisa
de uma renda um pouco melhor. Melhor, sequer utiliza o salário mínimo estadual.
Usa como base o salário mínimo nacional, mostrando, também, que não se
concatena com os debates que nós fizemos aqui na Assembleia Legislativa.
E vou trazer
mais alguns elementos. O Governo do Estado de São Paulo já tinha colocado aqui
alguns programas. Vou listar alguns deles: “Renda Cidadã”, “VIVALEITE”, “Ação
Jovem”, “Prospera Família”, Centro de Convivência do Idoso, Centro de
Convivência da Juventude, repasse de fundo, apoio financeiro à rede social
essencial dos municípios, Casa São Paulo Afro-brasileira.
Aí a gente roda
o estado de São Paulo, eu não tenho visto nenhum programa voltado para o idoso,
em nenhum dos municípios por onde a gente passa. Não vejo nenhum programa
voltado para “Ação Jovem”, como é colocado aqui no balanço, de forma bonita,
que o governador Tarcísio apresenta.
Não tem
programa para a juventude, no estado de São Paulo, articulado, estruturado pelo
governador Tarcísio. Não tem programa com Centro de Convivência do Idoso, “Ação
Jovem”. O que tem é o “VIVALEITE”, e o governo está cortando agora o
“VIVALEITE” no estado de São Paulo. Está cortando o “VIVALEITE”, está tirando
os idosos do “VIVALEITE”.
O “VIVALEITE”
fica agora só para crianças, não tem mais “VIVALEITE” para a população idosa. E
aí fala de Assistência Social e retira o dinheiro do “VIVALEITE” dos
municípios, para os idosos.
É isso que o
governador Tarcísio está fazendo no estado de São Paulo. Aí vem com um projeto
que se chama “SuperAção”, um projeto eleitoral, falando que vai tirar as
famílias do “Bolsa Família”, fazendo um processo de qualificação, um processo
de inclusão no mercado de trabalho. Aí o governador Tarcísio vai lá e coloca,
no seu site, o programa “SuperAção” e fala: "O programa só vai valer para
aqueles municípios onde tem um PIB alto”, naquelas cidades onde tem empregos
praticamente estruturados.
Ele vai querer
fazer esse programa aqui em São Paulo, na Grande São Paulo, na cidade de
Campinas, na cidade de Sorocaba, mas e as cidades que precisam, de fato, do
apoio do Governo do Estado de São Paulo, como na Alta Paulista?
Eu estive, esse
final de semana, em Junqueirópolis, estive em Rosana, estive em várias cidades,
em Adamantina, as cidades da Alta Paulista. E lá a gente percebe um baixo
índice de IDH. Mas esse programa não será atendido nessas cidades da Alta
Paulista. Não serão atendidos os municípios do Vale do Ribeira.
Não serão
atendidos, nobres deputados da região do Vale do Paraíba, os municípios lá do
Vale Histórico. Não estão inclusos esses municípios. Talvez São José dos
Campos, talvez Taubaté. Mas as cidades do Vale Histórico não estarão
contempladas nesse programa ora apresentado pelo governador.
Nós vamos para
a região do Alto Tietê. Tem ali o deputado André do Prado, que atua muito na
região. Talvez a cidade de Mogi possa ser contemplada, mas as demais cidades da
região do Alto Tietê, não serão contempladas por esse programa ora apresentado.
Porque nós sabemos, são poucas cidades do estado de São Paulo que têm
capacidade de levar ou de articular indústrias para suas regiões.
Então não tem
emprego. Não tem emprego no comércio, não tem emprego no serviço, não tem
emprego na indústria. A maior parte do emprego ou está vinculado ao município,
ao Poder Público municipal, ou está vinculado, muitas vezes, aos programas
sociais.
Só que esse
programa social, em tese, que deveria ser um programa social do governador
Tarcísio, não vai atender a população que precisa ser atendida no estado de São
Paulo. Vamos pegar as cidades que são atendidas pelo Fumefi, que é o fundo de
desenvolvimento dos municípios de baixo IDH. Esses municípios não estão
contemplados pelo projeto “SuperAção”.
Então o projeto
ora apresentado é um projeto, de fato, eleitoral. É um projeto que não dialoga
com a necessidade da população do estado de São Paulo. Como eu disse aqui, são
três milhões de pessoas, no estado de São Paulo, que estão no “Bolsa Família”.
E o governo
veio falar: “Vou fazer um projeto para 150 mil famílias”. Não é universal. Não
atende à população do estado de São Paulo, não atende aos 645 municípios. Então
é um programa eleitoral.
E nós vamos
combater o governador Tarcísio porque não faz um projeto que supere de fato a
pobreza no estado de São Paulo. Não faz! Não aderiu ao Suas Nacional. Só o
estado de São Paulo e do Tocantins. É um absurdo o estado de São Paulo não se
adequar ao Suas Nacional. Só o estado de São Paulo e do Tocantins.
Tocantins é um
estado novo, Tocantins é um estado recente, Tocantins ainda é um estado em
estruturação. Agora, o estado de São Paulo... É uma vergonha o estado de São
Paulo do governador Tarcísio não aderir ao Suas.
Se aderisse ao
Suas, automaticamente teria recurso para atender toda a população do estado de
São Paulo. Seria um programa universal. E não é universal o programa
“SuperAção” que o governador ora está apresentando.
Então nós vamos
votar contra esse projeto que o governador Tarcísio apresenta por ser um
projeto eleitoral, não um projeto que combate a pobreza, não um projeto que
tira as famílias... Como dizem: “vou dar a vara para as pessoas pescarem”. Está
errado. O que o governador Tarcísio deveria fazer no estado de São Paulo... Eu
não concordo com as falas da direita que fizeram aqui no dia de hoje.
O que tem que
fazer é criar condição de ter emprego no Brasil, ter emprego no estado de São
Paulo. O estado de São Paulo não tem, não está fazendo uma política industrial.
O governo
federal do presidente Lula colocou 500 bilhões para desenvolver a indústria
nacional. A gente não vê esse recurso do Governo do Estado. Tem recurso para o
agronegócio, tem recurso para a agricultura familiar e não tem uma proposta do
Governo do Estado de São Paulo para fortalecer ou desenvolver a indústria do
nosso estado. Nós não vemos, nos municípios do estado de São Paulo, propostas
de ter parque industrial, que já vimos em décadas passadas.
Então, o
governador Tarcísio não trabalha para fazer o desenvolvimento do Brasil, não
trabalha para resolver o problema da pobreza, não trabalha para fazer um
projeto universal.
Então, esse
projeto “SuperAção” ora apresentado não supera nenhum dos programas do governo
federal. Dezenove bilhões de reais para o “Bolsa Família”, 16 bilhões e 600
milhões no BPC; 36 bilhões foi quanto o governo federal do presidente Lula
colocou no estado de São Paulo em 2024.
Então, nós não
aceitamos que o Governo do Estado de São Paulo agora queira vir falar que vai
colocar um projeto mequetrefe, um projeto meia-boca que não resolve o problema
de quem precisa de fato do apoio do estado. E é um projeto que não atende a
todos os municípios do estado de São Paulo. São vários municípios que estarão
fora desse programa.
Então, nós
temos que votar contra. A bancada do PT vai orientar contra e vou votar contra
esse projeto.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Luiz Claudio Marcolino. Dando sequência à lista de oradores inscritos,
com a palavra, o deputado Simão Pedro. Ausente. Dando sequência à lista, com a
palavra o deputado Guilherme Cortez, para discutir contra.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente. Boa noite, meus colegas
deputados e deputadas, servidores desta Casa e público que nos acompanha
através da Rede Alesp.
Presidente,
geralmente o que acontece aqui é o seguinte: quando tem um projeto do governo,
os deputados da oposição, nós, deputados de esquerda, a gente vem aqui
interessado em debater o projeto, em discutir o projeto, estudar o projeto.
Os deputados da
base do Governo ficam esperando a hora de votar e muitos não devem nem saber de
que se trata o projeto. O governo manda votar, a liderança do Governo manda
votar e ficam esperando. E ficam ainda cansados de ouvir a gente debater.
Agora, eu acho
que a gente foi eleito justamente para isso, para analisar as matérias, para
discutir, para questionar. Você ser de oposição ou você ser da base do Governo
é um alinhamento político-ideológico. Isso não muda a responsabilidade de todos
os parlamentares de estudar, de questionar, de apreciar as matérias, mas o
costume que tem nesta Casa é muito esquisito.
O costume que
tem nesta Casa é que só a oposição discute, só a oposição debate. A maioria nem
vem aqui subir à tribuna para debater. Você não sabe a voz de alguns
parlamentares, muito menos a posição política deles.
Eu queria ouvir
a opinião dos deputados da base do Governo a respeito deste projeto, das
lacunas neste projeto, da ausência de critérios objetivos para a seleção de
quem vai ser contemplado, mas eu não ouço.
Eu ouço a nós,
da oposição, virmos aqui falar, discutir, debater e tal, e os deputados da base
do Governo, a grande maioria, em silêncio. Sabe? Aí não vira um espaço de
debate. Inclusive, aqui é considerado obstrução você debater. Para mim, debate
é a essência do nosso trabalho; não à toa, somos parlamentares.
Então, se a
gente não parlar, não discutir, a gente sequer está executando o mínimo do
nosso trabalho, do que a população deste Estado nos elegeu para estar aqui
debatendo os projetos de interesse da população do estado de São Paulo.
Pois bem,
projeto de “SuperAção” do governador Tarcísio, que melhor seria chamado de
“SuperAção” de marketing. A direita, tradicionalmente, é contra as políticas de
distribuição de renda, das políticas sociais.
Sempre falaram
que era assistencialismo, que você tinha que ensinar a pescar, ao invés da
vara, sempre foram contrários ao “Bolsa Família” e às políticas de distribuição
de renda que a esquerda executou neste País.
Para a direita,
política social é só marketing eleitoral, e ponto. Eles só sabem ver política
de distribuição de renda como meio para ganhar voto, porque eles acham que a
população mais humilde é massa de manobra que você vai lá, você oferece um
auxílio, você não explica direito, e daí você fideliza essa população.
No limite, eles
acham que a população é burra, que o povo mais pobre neste País é burro, é
enganável, e que basta você sair oferecendo auxílios assim que você copta as
pessoas. Essa é a visão que eles sempre tiveram.
A gente está
falando de um projeto que o governador fala que vai superar a pobreza no maior
e mais rico Estado do País que está contemplando apenas 2,7% das famílias mais
humildes, das famílias que recebem os menores salários, que estão em situação
de maior vulnerabilidade socioeconômica.
É um projeto
que, na verdade, é uma carta de intenção. É um cheque em branco, mas esse já
virou o “modus operandi” dos projetos que se aprovam aqui. Os deputados vão lá,
aprovam, canetam sem saber o impacto orçamentário, sem saber os critérios, sem
saber como vai funcionar. Ninguém está ligando muito, essa é a bem da verdade.
Por que esse
projeto não diz para a gente qual vai ser o critério de seleção das pessoas que
vão ser beneficiadas? Esse projeto não diz para a gente qual vai ser o critério
para a seleção das entidades que vão participar da execução do programa. Esse
projeto não diz para a gente sequer como vai ser composto o comitê gestor, quem
vai participar, com qual critério.
E a gente fica falando aqui, parece que a
gente está falando para as paredes, fica todo mundo conversando, mexendo no
celular, fazendo qualquer outra coisa. Porque a gente questiona aqui uma coisa
muito objetiva. O estado de São Paulo é um dos dois únicos estados do Brasil, junto
com o Tocantins, que não recepcionou na Constituição Estadual o Sistema Único
de Assistência Social.
É uma vergonha
que o maior e mais rico Estado do País não tenha reconhecido na sua
Constituição o Sistema Único de Assistência Social. A partir disso, esse
projeto gera um problema, porque o projeto se alicerça num sistema que não está
recepcionado vergonhosamente na Constituição Estadual. Aliás, quem brigou lá na
Constituinte Estadual para incluir o Sistema Único de Assistência Social na
Constituição foi a bancada da esquerda.
Quem tem PECs,
quem tem projetos aqui no estado de São Paulo para incluir o Sistema Único da
Assistência Social na construção é a bancada da esquerda, e os deputados da
base do governo, da direita não falam a respeito disso: são favoráveis, são
contrários? Não estão nem aí se isso vai gerar um problema de legalidade, de
constitucionalidade em relação a esse projeto, porque esta Casa aqui virou um
cartório, virou um carimbador dos projetos do governo.
Quanto menos se
discutir, menos se debater melhor para que os deputados possam ir para casa
mais cedo e o governo possa contar vantagem com a aprovação dos seus projetos,
sem transparência, sem garantia do recurso, sem corrigir os vícios de
legalidade e de constitucionalidade.
Quero falar que
esse projeto é um desrespeito em especial com uma categoria. Uma categoria
muito importante do nosso Estado, que é a categoria da Assistência Social. Eu
tenho o maior respeito pelos assistentes sociais, porque eu estudei na Unesp de
Franca, eu fiz Direito, mas o campus de Franca tem o curso de Serviço Social.
E durante meus
anos de graduação eu pude conhecer um pouco mais da rica carreira do trabalho
do serviço social brasileiro, que é uma categoria que desde o seu congresso de
virada, lá em 1979, da qual participou a nossa ex-deputada estadual,
ex-prefeita, hoje deputada federal e grande referência, Luiza Erundina, foi uma
categoria que se fundiu com a luta pelo combate às desigualdades, pela
transformação social no nosso País.
Não sei se os
deputados já leram o Código de Ética da Assistência Social, mas é um código de
ética que, do começo ao fim, se propõe a combater desigualdades sociais. Então,
se você não está combatendo a desigualdade, as vulnerabilidades, a
discriminação, você está em desacordo com a ética profissional do Serviço Social.
Justamente por
isso, os governos que têm interesse em preservar esse estado de coisas, essas
desigualdades, essas discriminações, detestam o Serviço Social. Tanto é que o
Temer lá atrás, os partidos da direita congelaram o investimento mínimo na Assistência
Social pelo prazo de 20 anos, que é um absurdo sem tamanho.
E a gente está
falando de um projeto de suposta superação da pobreza que não contempla os
assistentes sociais, que não define qual vai ser o papel dos assistentes
sociais na execução desse projeto, que abre margem para que o trabalho
importantíssimo que esses trabalhadores realizam seja realizado por entidades
sem competência para isso, entidades duvidosas.
Eu nem sei que
entidades são, porque o projeto não coloca aqui quais vão ser os critérios para
definição das entidades, se vai ser entidade séria, se vai ser entidade
trambiqueira, se vai ser entidade que diz que é filantrópica, mas só usa isso
para levar o dinheiro público. Não sei.
Queria que os
deputados da base do Governo apresentassem isso, queria que eles estivessem
junto com a gente discutindo como complementar e corrigir as lacunas em relação
a esse projeto, mas eu só escuto o silêncio.
Eu sou autor de
um projeto nesta Casa para a gente garantir por lei o piso salarial da Assistência
Social no estado de São Paulo, que é uma reivindicação histórica da categoria.
Piso salarial de 5.500 reais e limitação da jornada de trabalho para 30 horas
semanais.
Amanhã a gente
vai discutir aqui neste plenário o projeto de lei de Diretrizes Orçamentárias,
ao qual nós, da bancada do PSOL, apresentamos emendas, para que as diretrizes
orçamentárias do nosso Estado contemplem um orçamento digno para a Assistência
Social.
Quero saber se
os deputados que vão aprovar esse projeto vão aprovar as emendas também. Se os
deputados estão interessados em superar a pobreza, em superar a desigualdade,
também vão estar junto com a gente ampliando o orçamento da Assistência Social
no dia de amanhã ou não. Porque senão fica sem pé nem cabeça.
Senão você
assina embaixo que é um projeto que não está nem aí, a bem da verdade, para
superar a desigualdade. Só está aí para fazer projeto marqueteiro para o
governo, que quer ser candidato a presidente, porque o líder de vocês vai ser
preso, já está inelegível.
O Tarcísio está
ali, em compasso de espera, se ele vai ser candidato à reeleição a presidente e
ele quer um “Bolsa Família” para chamar dele, mas um “Bolsa Família” bem
mirradinho, bem incompleto, bem insuficiente, que não dá conta nem de 5% das
famílias em situação de vulnerabilidade aqui no nosso Estado.
Um “Bolsa
Família” que deixa de fora os assistentes sociais. Um “Bolsa Família” que não
descreve, não explica como vai ser a composição do seu comitê gestor. Um “Bolsa
Família” que abre margem para que entidades duvidosas e desconhecidas assumam a
execução do serviço.
Então são
perguntas que eu gostaria muito que fossem respondidas pelos deputados que são
favoráveis a esse projeto. Eu quero saber por que eles são e qual é a opinião
deles em relação a essas lacunas.
Se eles acham
que o governo não tem que prever critério, porque na hora de a gente discutir
política social de verdade, eles serão os primeiros a falar dos critérios, a
falar da austeridade, a falar do ajuste fiscal, a falar de todas burocracias
possíveis que eles podem colocar para atravancar a política social real no
nosso País.
Porque para
eles ajuste fiscal é só no lombo do pobre. Para eles, para os privilégios, para
os altos salários, para isso aí sempre tem dinheiro sobrando, não é? Agora,
ajuste fiscal tem que ser só no lombo da população mais pobre.
Então os mesmos
deputados, vamos lá, os mesmos deputados que um ano e meio atrás ajudaram a
privatizar a água da população de São Paulo, que hoje deixou a conta de água da
população mais cara, sobretudo da população mais pobre, teve caso de gente que
está pagando conta com 600% de aumento no valor da sua tarifa, agora querem
falar que acordaram, então, preocupados com a superação da pobreza? Me poupe,
me poupe.
Os mesmos
deputados que, no fim do ano passado, no apagar das luzes, retiraram 11 bilhões
de reais da rede estadual de ensino, onde estudam, sobretudo, os filhos da
população mais pobre, e que retiraram dinheiro da escola dos filhos dessa
população, agora descobriram que existe pobreza no estado de São Paulo?
Estão
preocupados em superar a pobreza no nosso Estado? E vão fazer isso com um
projeto mirradinho, sem transparência, sem democracia como esse? Me poupem.
Isso não é política de superação da pobreza. Isso é política de oportunismo
eleitoral. Isso é política de marketagem. Isso é política para você dar um
cheque em branco para o governo fazer o que quiser com dinheiro público.
Nós sempre
vamos ser favoráveis à política de distribuição de renda, porque o Brasil é um
país absolutamente desigual, e qualquer política que ajudar você a corrigir um
pouco essa desigualdade vai ser bem-vinda. Agora, esse projeto está muito, mas
muito distante de superar a pobreza aqui no nosso Estado.
Esse projeto
está com muito mais cara de um cheque em branco que, mais uma vez, os deputados
da base de apoio do Governo vão dar para o governador, para ele fazer campanha
eleitoral, para enxugar gelo, para não corrigir as desigualdades históricas do
nosso Estado.
Porque, se
tivessem interesse em corrigir desigualdade, em combater a pobreza, acatariam a
nossa Emenda nº 43, que inclui nesse projeto a população em situação de rua, as
mulheres em situação de violência, as mães solo, as pessoas migrantes,
refugiadas e apátridas, as pessoas LGBTs, as pessoas egressas do sistema
prisional, as pessoas com deficiência. Ou seja, a população mais vulnerável,
que não está contemplada nesse projeto, que não é mencionada nesse projeto.
Aliás, ninguém
é mencionado nesse projeto. O projeto não fala qual vai ser o critério, não
fala como vai ser o comitê gestor, não fala qual vai ser o recurso, não fala
como vão ser as entidades.
É um verdadeiro
cheque em branco que, mais uma vez, os deputados da base dão para o governador
fazer política eleitoral que, lamentavelmente, não vai resolver o profundo
problema da pobreza e das desigualdades estruturais que a gente tem aqui no
nosso Estado.
Eu acho... Acho
não, tenho certeza de que o Estado mais rico do País podia fazer muito mais
para combater a pobreza e a desigualdade, começando por fortalecer serviço
público que está sendo privatizado. Começando por investir mais na escola
pública, e não menos, como foi no ano passado. Começando por reduzir a conta de
água da população mais pobre, e não entregar para acionista, que está
aumentando o valor da conta para aumentar também o valor dos seus salários, dos
seus benefícios.
Por isso,
presidente, a gente está vivendo hoje mais um circo, um teatro montado pelo
governo para fazer política eleitoral que não vai, lamentavelmente, resolver o
problema da pobreza, muito menos superá-la aqui no nosso Estado.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Guilherme Cortez. Dando sequência à lista de oradores inscritos, com a
palavra o deputado Reis. Ausente. Dando sequência à lista de oradores
inscritos, com a palavra o deputado Teonilio Barba. Ausente. Dando sequência à
lista de oradores, com a palavra o deputado Emídio de Souza. Ausente.
Dando sequência à lista, com a palavra
a deputada Beth Sahão, para discutir contra. Deputada Beth abre mão da fala,
vai fazer o encaminhamento. Então, dando sequência, a última oradora.
Com a palavra, a deputada Ana Perugini,
para discutir contra.
A
SRA. ANA PERUGINI - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Srs. Deputados, Sras. Deputadas, funcionários desta
Casa, a grande dificuldade que nós encontramos em relação a esse projeto, com
certeza, como nós discutimos, deputado Valdomiro Lopes, é que se trata aqui de
uma transferência de renda, mas de uma transferência de renda que não visa de
fato à emancipação daquele a quem está sendo ofertada, inclusive com a
exigência, já, de um desenvolvimento e de garantia de empregabilidade nas
cidades, para que elas possam aderir ao programa.
O que acontece
é que o maior programa de transferência de renda, não reconhecido só pelo nosso
País, mas reconhecido internacionalmente, que é o “Bolsa Família”, e que exige
para sua adesão que nós tenhamos o SUAS, que nós tenhamos estrutura dentro dos
municípios, que nós tenhamos estrutura no Estado com um gestor do “Bolsa
Família”, ainda não acontece como deveria acontecer no estado de São Paulo.
Só para você
ter uma ideia, o “Bolsa Família” enviou no ano de 2024 para a cidade de Paulo
quase 500 milhões. Foram 468 milhões, quase 500 milhões. Então, quando se fala
aqui que é um projeto meramente eleitoreiro, eu acredito que em parte, de fato,
isso é uma estampa.
Mas há um
retrocesso carimbado aqui e já foi colocado de uma maneira ou de outra aqui
nesta tribuna por quem é contra essa forma de fazer o projeto. Eu não teria
nenhuma dificuldade de votar a favor desse projeto se houvesse a alocação de um
recurso que não fosse da Assistência Social, que nem sequer foi cumprido todo o
Orçamento que foi disponibilizado para os programas de transferência de renda
do Estado na Assistência, mas há uma alocação daquilo e uma renomeação desse
serviço.
E pasmem, com
uma exigência que não pode ser feita. E eu não quero deixar aqui, para não ser
redundante, só as minhas palavras, mas foi muito interessante uma matéria que
foi publicada, aliás o texto de um renomado médico que vem fazer a defesa do
“Bolsa Família” e do que é um programa de transferência de renda que olhe de
fato e mire aquilo que se quer atingir neste País, que é a emancipação e o fim
da fome, a erradicação da pobreza, que é o “Bolsa Família”.
E nesse artigo
nós temos aqui ainda num renomado jornal aqui de São Paulo, que é a “Folha de S.
Paulo”, que traz uma pesquisa que foi feita por dois institutos governamentais
britânicos e aqui fala com clareza que mais que diminuir em 20 anos em 18% a
pobreza extrema no nosso País por conta de um Sistema Único de Assistência
Social, que deve acompanhar a aplicação do “Bolsa Família”, nós tivemos - e é
muito interessante isso e vale a pena ser trazido aqui - a mortalidade geral
dos beneficiários caiu em 18%, queda que ocorreu em todas as faixas etárias.
Eu estou
falando de primeira infância, pessoas com mais de 70 anos, pessoas com mais de
69 anos, pessoas na juventude; 18% foi a queda da mortalidade. Nesse período o
programa gerou 8,2 milhões de internações hospitalares a menos e 713.000 mortes
em números arredondados.
A mortalidade
infantil diminuiu em 33 por cento. Uma em cada três mortes de crianças com
menos de cinco anos que ocorreriam sem o “Bolsa Família” foi evitada. Eu faço
questão de trazer isso aqui porque há muita falácia de se dar o peixe, né? “O
‘Bolsa Família’ dá o peixe, mas não se ensina a pescar, não tem uma
continuidade”, e muitas vezes nós, no nosso campo, caímos nesse engodo, porque
uma mentira repetida muitas vezes ela pode ter aparência de verdade e isso não
é verdade.
Não se trata de
dar o peixe. É se dar a condição da pessoa respirar. Porque com fome ninguém
pensa, ninguém estuda, ninguém mora, ninguém faz nada. É essencial respirar e é
essencial comer.
Por isso que
foi criado esse programa. E ele foi nomeado, porque quem trouxe à luz esse
programa foi, e vou falar com muita tranquilidade, a saudosa dona Ruth Cardoso,
que quando olhou para o nosso País falou: "Nós precisamos unificar todas
as formas de transferências de renda". E em 2003, a partir da medida
provisória, nós tivemos o nascedouro do “Bolsa Família”.
Então não se
trata meramente de uma transferência de renda, se dando o peixe, enquanto nós
olhamos algo acontecendo, porque há um requisito para se permanecer no “Bolsa
Família”. Um deles é que a criança frequente a escola. O outro é que a carteira
de vacinação esteja em dia.
Daí o porquê
dos resultados que são aferidos. E eu ouvi também falar aqui, e é preciso
contra-argumentar isso, que o projeto que foi enviado a esta Casa foi muito bem
estruturado. Não foi bem estruturado.
Eu imagino quem
é assistente social hoje no SUS, no município, sabendo da votação desse projeto
e pensando como ela vai administrar a partir do que está acontecendo aqui hoje,
a situação nos Creas e no Cras, lá no município. Eu imagino como será a
situação.
E aqui, quem me
antecedeu, o deputado Cortez, falou com muita propriedade a respeito das
assistentes sociais e eu volto à memória aqui de dona Ruth Cardoso, porque ela
deixou um legado da unificação, visando não meramente a transferência de renda
de forma eleitoreira.
Nós precisamos
garantir o progresso, o progresso dessa política de Assistência Social, que não
é de "dar", mas de procurar emancipar e olhar para aqueles que foram
invisibilizados e escravizados no nosso país reiteradamente. Daí a necessidade
da exigência de estudar.
E aqui o projeto
fala, inclusive, que quem vai fazer a administração disso - e aqui é um ponto
importante de se colocar - hoje, na bancada, eu falei dessa nuance, que é comum
nos projetos que chegam aqui à Casa.
Enquanto o
“Bolsa Família” fala da descentralização, fala da criação de políticas públicas
perenes, emancipatórias, aqui nós também temos um conselho gestor centralizado,
vinculado à Casa Civil, que vai nortear as políticas que vão acontecer lá no
município. Essa é uma questão que precisamos focar.
Hoje tive a
oportunidade de participar do lançamento de um projeto que procura fazer a
escuta para que se criem políticas públicas emancipatórias a partir daqueles
que vão receber essa políticas, que elas não sejam criadas de maneira leviana
até, com finalidades puramente eleitoreiras, sem atender, de fato, aquilo que
dizem ser o seu objetivo.
E eu me
pergunto - e acho que isso deve ser focado - onde está a obrigação do estado
quando se diz, aqui, na adesão ao projeto de maior transferência de renda
reconhecido internacionalmente no nosso país, a obrigação de sua contrapartida
junto aos municípios, para que, de fato, haja emancipação, haja
empregabilidade? Já que esses dados, esses dados de dois institutos britânicos
aqui, podem parecer irrelevantes, porque a questão da produção ainda, por
demais, é importante no nosso país.
O fato de as
pessoas não morrerem, não serem internadas, de acabar com a mortalidade
infantil, talvez não seja um fator muito objetivo a ser visto por cada um de
nós, dado que é necessário conhecer o que está à frente antes, para que se
tenha visibilidade do que está à nossa frente.
Acredito que,
se nós pararmos para olhar o projeto à luz do que é uma política emancipatória,
construída desde Ruth Cardoso, passando por Luiz Inácio Lula da Silva, e chegando
até hoje - inclusive com o ex-presidente, antes de o presidente Lula assumir -,
elevando o valor e, aliás, foi motivo de escândalo, inclusive, elevando o valor
e mudando o nome do “Bolsa Família” para outro durante o período da Covid, para
que se garantisse minimamente a condição de sobrevida de muitas pessoas no
nosso país, mas que não teve aporte para continuar no ano seguinte.
E quem teve que
fazer isso foi o governo Luiz Inácio Lula da Silva, e isso não foi nada fácil,
porque nós sabemos que tem que haver previsão orçamentária para que o programa
continue.
Então, quero
deixar registrado aqui, deputado Donato, eu sei que agora haverá
encaminhamentos, e sei o quanto é difícil votar contra um projeto de
transferência de renda. Mas eu acredito firmemente que o melhor que temos a
fazer, o melhor que esta Casa deveria fazer, de fato, era aderir ao programa
que já existe, fortalecer os municípios, que têm reclamado, inclusive, da
postura do atual governo, que fala, fala, fala muito, mas, na hora de fazer a
transferência de recursos para o município, não tem feito o seu papel enquanto
gestor de um estado como o nosso.
É preciso sair
de programas meramente, não é nem eleitoreiros, de propaganda, para que
possamos, de forma efetiva, fazer o que viemos fazer nesta Casa, neste
Parlamento, que merece ainda algum respeito, apesar de, muitas vezes, se ver
paralisado diante da sua competência de representar todo o nosso povo.
Então, mais do
que votar contra, eu voto contra com muita tranquilidade, sabendo que a forma
como está sedimentado hoje o “SuperAção” não é emancipatória, não dá condição
àqueles que trabalham diretamente com os mais vulneráveis de fazerem o devido
acompanhamento.
A centralização
dessa demanda é um contra fluxo a tudo o que podemos desenvolver a partir das
políticas, vindo até chegar, em 2013, pela medida provisória, culminando no que
nós temos hoje.
A esperança é que o estado de São Paulo acorde, e que nós possamos ter, de fato, um “Sistema Único de Assistência Social” implementado aqui, e nós possamos olhar, complementando, inclusive como está sendo complementado hoje, o “Minha Casa Minha Vida” aqui no estado de São Paulo, para que nós possamos avançar não no retrocesso e na diminuição da pobreza, que avançou, sim.
E ainda bem que nós retomamos o governo federal, para que não houvesse um caos maior em relação à miséria e à fome no nosso país.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Não havendo mais oradores inscritos, está encerrada a discussão. Há sobre a mesa requerimento de método de votação apresentado pelo deputado Gilmaci Santos. Em votação o requerimento de método de votação.
A SRA. THAINARA FARIA - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para a deputada Monica encaminhar pela Minoria.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputada Thainara Faria. Com a palavra a deputada Monica Seixas, para encaminhar pela Minoria.
A SRA.
MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Eu continuo achando prematuro votar hoje. Continuo achando
prematuro votar um texto vazio. Eu continuo achando difícil seguir os ritos da
normalidade acreditando na boa intenção daqueles que vieram defender tão
emocionados um projeto que não existe na prática.
Continuo achando bastante
problemático permitir que se abocanhe uma boa parte do recurso da Secretaria de
Desenvolvimento Social, sendo que temos projetos e programas em andamento com
um orçamento muito apertado. Já não está dando para manter o que tem, e aí vai
criar um novo, que não sabemos o que é, e que vai abocanhar recursos da
Assistência Social.
Eu continuo achando e insistindo
que seria de bom tom para a Assembleia Legislativa, para a devida relação entre
os Poderes, para a própria Assistência Social, que vai ter que colocar isso em
prática no futuro, que o governador escrevesse, que ele escrevesse o que está
prometendo.
Porque, assim, pelo menos, a
gente tem a segurança de ser crítico a alguma coisa que existe. Agora, estou em
um difícil momento, porque estou aqui nesta noite defendendo que os colegas
votem ou não votem o que a gente leu na imprensa, o que ele disse em um evento
no Palácio, o que colocou em suas redes sociais.
Mais nada está escrito no
projeto. Eu acho ruim que, em um momento em que a Assistência Social precisa de
muito, a gente votar esse projeto. Eu dei uma subidinha agora, porque parece
que existe uma pressa de votar a LDO amanhã, e eu ainda não estou pronta para
votar a LDO.
Não tenho problema nenhum de
dizer que eu sou muito nerdzinha, eu faço questão, e cheguei aqui com muita
dificuldade, porque é difícil mesmo ler os projetos, entender as rubricas e as
metas, mas eu subi correndo para aproveitar esta noite para tentar antecipar a
LDO.
Aí eu fui bem nas metas de
geração de emprego e renda. O governador, que não colocou quais são as metas do
“SuperAção”, que os colegas estão dizendo que é um projeto de inserção a
emprego e renda, que é de qualificar as pessoas para o mercado de trabalho, mas
que não está escrito no projeto... Eu fui na LDO, já que não está no projeto
procurar as metas.
Sabe o que está escrito? Qual é a
rubrica para programa de acesso a emprego e renda em unidade de pessoas
assistidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias que vamos votar amanhã, Sr.
Relator, Danilo?
Sabe o que está na LDO sobre o
programa, quantidade de pessoas assistidas em um programa de inserção a emprego
e renda, quantidade de pessoas assistidas pelo governo em um programa de
inserção a emprego e renda, na LDO, que vamos votar amanhã? Duzentas e setenta
e cinco pessoas.
Duzentas e setenta e cinco
pessoas. É essa a meta do governo na Lei de Diretrizes Orçamentárias. O senhor
entende, e os senhores me entendem, a dificuldade de acreditar na palavra do
senhor, na dificuldade de acreditar no projeto? Porque todas as peças legais que existem, tudo que
existe não colabora para que eu acredite que existe, de fato, um projeto para
atender pessoas.
Mesmo que seja
um programa para ensinar as pessoas a conquistarem um emprego, a superarem a
situação de vulnerabilidade. Sabem qual é a meta para atendimento em Habitação
no estado de São Paulo? Existe uma única meta, relativa à transferência de
habitação direta, que é a regularização fundiária das pessoas que já possuem
habitação no CDHU.
Então, a meta
de Habitação é a regularização fundiária, titularização de pessoas que já têm a
unidade do CDHU. Sabem quantas pessoas vão receber o título, segundo a LDO, que
já têm a casa de CDHU? Serão 58 mil. É muito menos do que as unidades que
existem. E não existe pretensão de construir uma nova.
Então eu fui
buscar, se não existe no projeto legal, nas metas da lei de metas, de
Diretrizes Orçamentárias, para entender se o governo está ampliando o acesso a
emprego e renda, está ampliando os projetos de Assistência Social, está
ampliando o projeto de Habitação, mas lá também não está. Não tem meta. Então
eu continuo dizendo: o que é o “SuperAção”? O que é?
Por que que a
gente está aqui até essa noite, até essa hora, abrindo precedentes para que os
projetos de governo possam ser “está criado o Programa de Superação da Pobreza,
e ele pode ser um programa de transferência de renda, ele pode ser um programa
de Habitação, ele pode ser um programa de segurança alimentar, ele pode ser um
programa de acesso ao trabalho, ele pode ser de Educação”. Ele pode ser, mas o
que que ele é? Como ele vai funcionar? Como as pessoas acessam? Quem? Sabe por
quê?
Porque, mais do
que a obsessão de querer mandar, no governo, de como é que ele vai desenvolver
as coisas, o que me preocupa é o valor que o programa abocanha. Nós estamos
falando não mais de 500 milhões na Secretaria de Desenvolvimento Social, é do
um bilhão e 700 milhões que a secretaria desempenha normalmente, que está
separado para ela. E 500 milhões desse Orçamento existente vai ficar para o
“SuperAção”. Só que, desse Orçamento já existente, o “VIVA LEITE” está
apertado.
Sabe de quantas
pessoas é a meta para atendimento de mulheres gestantes, em situação de
vulnerabilidade, na Lei de Diretrizes Orçamentárias?
É parte do
Orçamento dessa secretaria. Sabe quanto está? São 10 mil. São 10 mil reais?
Não: são 10 mulheres. Eu estou procurando o que os colegas estão explicando.
Não está na LDO, não está no projeto de lei, não está no Orçamento. Aí é
complicado. Porque a única coisa que a gente está votando aqui é comer uma
parte de um Orçamento, de uma pasta que já está com programas, com muita
dificuldade de continuar operando, para uma coisa que eu não sei quem é.
Eu vou começar
a escrever projeto de lei assim também: “Fica criado que pode ser qualquer
coisa. Fica criado um treco que vai ser o que eu quiser”. A gente pega o nosso
diploma, senta, e chora. Porque não está em lugar nenhum. Então, colegas, acho
errado a gente deixar votar esse projeto hoje. Acho errado votar esse projeto
às pressas.
Acho errado a
gente não ter pedido para o governador, para a liderança do Governo, para o
relator, que complementasse o projeto, ao menos, com o que dizem os slides que
ele colocou na internet. E que a gente começasse a preparar as peças seguintes,
para que ele pudesse existir, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, mais
tarde, o Orçamento. Para que ele pudesse existir.
Mas, com 275
pessoas contempladas em um programa de acesso a emprego e renda, nas metas do
governador para o ano que vem, eu acho que o “SuperAção” também não é uma
jornada de acesso a emprego e renda, ou seja, não sei do que se trata o projeto
que a gente está votando esta noite.
Acho demasiado
importante que esse projeto não seja votado hoje. Acho demasiadamente
importante que os colegas devolvam o projeto para o governador e que o
governador possa ter a oportunidade de escrever um projeto. Para honrar a
gente, sabe? Prestar satisfação do que é que ele quer fazer, do que é que ele
vai fazer.
Ele está
avaliando o professor, está avaliando o diretor, está avaliando todos os tipos
de servidores públicos, mas ele precisa de uma aulinha de gestão pública. Não é
assim que se escreve um programa.
O programa, ele
pode morrer ali na frente. Ou pior: por decreto, pode ser bom ou ruim, porque é
uma ferramenta unilateral que é derrubada por decreto. Ele pode regulamentar
por decreto, mas o próximo governador pode vir e derrubar o decreto dele com um
novo decreto.
Eu já avisei os
colegas. Pode ser o programa de assistência aos policiais militares expulsos da
corporação em situação de vulnerabilidade ou pode ser o nosso “Transcidadania”
no futuro. Vamos torcer para a correlação de forças trazer governadores ou
governadoras que nos possibilitem, então, por decreto, fazer do “SuperAção” o
que a gente quiser.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Pela ordem,
presidente. Para indicar o deputado Carlos Giannazi para encaminhar em nome da
bancada do PSOL.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Com a palavra, o deputado Carlos Giannazi para
encaminhar pela Federação PSOL REDE.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado André do Prado, Srs.
Deputados, Sras. Deputadas, público aqui presente, telespectador da TV
Assembleia, de volta à tribuna no dia de hoje, Sr. Presidente, para fazer o
encaminhamento do Projeto de lei nº 482, de 2025, conhecido como o projeto da
superação da pobreza, não é?
Eu reafirmo o
que disse na minha primeira intervenção de hoje, que esse projeto, na verdade,
é um projeto eleitoreiro e marqueteiro, porque todos nós sabemos que o
governador Tarcísio de Freitas é candidato, é pré-candidato à Presidência da
República, porque ele sabe muito bem que o Bolsonaro não será mais candidato,
por razões óbvias.
Ele está
inelegível e não cabe mais nenhum tipo de recurso para que ele reverta essa
decisão já do Supremo Tribunal Federal. É praticamente impossível, a não ser
que o Trump faça uma intervenção no Brasil e haja um golpe internacional. Acho
um pouco difícil isso acontecer, não é? O que pode acontecer, talvez, é ele não
ser preso. Também acho pouco provável que ele não seja preso até o final do
ano.
O Tarcísio sabe
disso. O governador Tarcísio já está em plena campanha. Ele é o candidato do
mercado financeiro. Ele é o candidato da Faria Lima. É o candidato da “Rede
Globo”, da “Folha de São Paulo”, do “Estadão”, da “Veja”, de toda essa
imprensa, dessa mídia empresarial que está a serviço também da Faria Lima, do
mercado financeiro e do grande poder econômico que manda no Brasil. Ele só tem
que combinar agora com o povo que vota, logicamente. Mas enfim, essa é a tática
do governador Tarcísio de Freitas.
Então, ele
começa a fazer políticas, sinalizações para tentar fazer o seu marketing
eleitoreiro e apresentou agora esse projeto de lei para competir com o “Bolsa
Família”, mas eu digo que é um projeto extremamente contraditório e até
hipócrita, porque ele contradiz todas as
ações e todas as políticas do governo estadual até agora, do ponto de vista da
aprovação de outros projetos, do ponto de vista das leis orçamentárias que
foram aprovadas, das LDOs, onde não há nenhuma preocupação com o investimento
nas áreas sociais.
Ao contrário,
nós temos cortes, nós temos reduções do orçamento das áreas sociais. Por
exemplo, na área da Educação, o governador cortou cinco por cento do orçamento
da Educação Estadual, mudando inclusive a Constituição Estadual, reduzindo de
30 para 25%, autorizando a retirada de aproximadamente 11 bilhões de reais
todos os anos da escola pública, escola sucateada, degradada, numa rede onde o
governo nem paga corretamente o piso nacional do Magistério, e com uma complacência
com o voto favorável da base do Governo.
O governo, a
base de sustentação aqui da Assembleia Legislativa foi cúmplice desse atentado
contra a Educação estadual.
O mesmo tem
acontecido na área da Saúde, do SUS, do Sistema Único de Saúde aqui em São
Paulo, onde o governador privatiza, terceiriza os hospitais públicos, como
denunciei também na minha primeira intervenção em relação ao Hospital Estadual
Infantil Darcy Vargas, que é um hospital de referência na área de tratamento de
doenças complexas, de crianças e adolescentes. É uma referência importante no
Brasil, até uma referência internacional.
Esse hospital
será terceirizado agora, será entregue para uma organização social de caráter
privado, juntamente com o Hospital de Heliópolis, e o Hospital do Ipiranga.
Esses três hospitais aparecem já no edital publicado recentemente pelo governo
estadual.
Apresentei um
PDL para que a Assembleia Legislativa possa revogar, tomar alguma atitude para
salvar esses hospitais, que isso prejudica a população, sim, porque diminui o
atendimento à população, restringe o atendimento. Todos nós sabemos do que
acontece com os hospitais privatizados e terceirizados no estado de São Paulo.
E mesmo em outras áreas, nós estamos
perplexos, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, com a privataria bolsotucana que
se instalou aqui no estado de São Paulo com a venda, com a dilapidação do
patrimônio público.
Agora saiu
também a relação dos parques estaduais que o governo está vendendo, está
privatizando, praticamente. Tem aqui a relação, nós estamos chocados. O governo
anunciou agora a privatização de seis parques estaduais. Olha, o Parque da
Juventude, Dom Paulo Evaristo Arns, que fica aqui na capital, será privatizado.
O Parque
Estadual do Belém, Manoel Pitta. O parque estadual, muito conhecido por todos
nós, o Ecológico do Tietê será privatizado, deputado Suplicy. O Parque Vila
Jacuí, em São Miguel Paulista. O Parque Maria Cristina, também na Zona Leste, o
Parque Estadual Itaim Biacica, também será privatizado, seis parques aqui numa
única baciada de privatizações.
Foram
anunciados além, logicamente, das áreas de pesquisa, aquelas 25 áreas que o
governo anunciou que faria a venda. Pior, deputada Beth Sahão, não era nem
terceirização. Era a venda desse patrimônio público de pesquisa na área da
Agricultura, na área do Meio Ambiente.
Enfim, essas
áreas seriam vendidas graças à intervenção da APQC, da Associação dos
Pesquisadores do Estado de São Paulo, que entrou com uma ação na Justiça e
interceptou a audiência pública que daria, na verdade, o início desse processo
de venda.
Isso está
acontecendo em todos os setores e, logicamente, que essas privatizações e essas
terceirizações vão prejudicar toda a população do estado de São Paulo.
Isso porque eu
não citei aqui a privatização das balsas, o anúncio já da privatização do
Poupatempo, que é uma experiência bem-sucedida que atende, sobretudo, também a
população pobre que precisa desse atendimento.
O governo tem
sinalizado a privatização do Poupatempo, que é uma experiência bem-sucedida lá
da gestão Mário Covas, que introduziu esse modelo de atendimento ao público.
Repito, uma
experiência bem-sucedida do governo Mário Covas, governo que nós temos sérias,
tivemos várias discordâncias desse governo, sobretudo na área da Educação,
quando ele nomeou, a deputada Bebel lembra, a Rose Neubauer, que acabou com a
carreira do Magistério estadual, fazendo reformas contra o Magistério, enfim,
mas essa iniciativa do Mário Covas nós defendemos, que virou uma referência
nacional, que foi replicada em vários estados.
Então até o
Poupatempo será privatizado, o terminal rodoviário aqui da Barra Funda será
privatizado. Então é a grande privataria do governo, a instalação de mais
pedágios, de mais 100 praças, como eu disse na minha primeira intervenção.
Então, por
isso, eu quero repetir aqui e dizer que esse projeto de lei tem interesse
eleitoreiro, marqueteiro, que tenta competir com o “Bolsa Família” para
projetar o governador Tarcísio de Freitas à sua possível pré-candidatura à
Presidência da República.
É disso que se
trata esse projeto de lei, porque compromisso mesmo com as camadas populares,
com os trabalhadores, com as trabalhadoras, esse governo não tem, em hipótese
alguma. É um governo que milita o tempo todo contra a nossa população. É só ver
os projetos que ele aprovou: a privatização da Sabesp, da água, escola
cívico-militar, redução do orçamento da Educação, privataria bolsotucana. Tudo
isso é contra o povo do estado de São Paulo.
E também os
ataques à Educação pública; à Saúde pública; à Assistência Social; à Cultura, o
desmonte da Cultura do estado de São Paulo; aos parques e às áreas de lazer.
Então é uma grande contradição. Nós vamos continuar cobrando o governo e
denunciando a falta de investimento nas áreas sociais.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Em votação o
requerimento de método de votação. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que
foram favoráveis ao requerimento permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado o requerimento de método de votação.
O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Pela ordem,
presidente. Para pedir uma verificação de votação.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Vamos, então, fazer uma verificação de votação.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, vamos proceder à verificação de votação pelo
sistema eletrônico.
A partir deste momento estamos fazendo
soar o sinal intermitente por quatro minutos, para que as Sras. Deputadas e os
Srs. Deputados que não se encontram em plenário tomem conhecimento da votação
que se realizará.
*
* *
- Verificação de votação.
*
* *
A
SRA. ANDRÉA WERNER - PSB - Pela ordem,
presidente. Para colocar o PSB em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - PSB em
obstrução.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Pela ordem,
presidente. Para colocar o Republicanos em obstrução, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Republicanos
também em obstrução.
O
SR. MARCELO AGUIAR - PODE - Pela ordem,
presidente. Queria colocar o Podemos em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Podemos em
obstrução.
O SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
Pela ordem, presidente. Para colocar as bancadas do PSOL e da Rede em
obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Bancadas do
PSOL e da Rede em obstrução.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP - Pela ordem,
presidente. Colocar o partido Progressistas em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Progressistas
em obstrução.
O
SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente. Colocar
em obstrução a Federação PT/PCdoB/PV.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Federação
PT/PCdoB/PV também em obstrução.
O
SR. CARLOS CEZAR - PL - Pela ordem,
presidente. Colocar a bancada do Partido Liberal em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Partido
Liberal também em obstrução.
O
SR. ROGÉRIO NOGUEIRA - PSDB - Pela ordem,
presidente. Colocar a Federação Cidadania PSDB em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Federação PSDB
Cidadania em obstrução.
A
SRA. SOLANGE FREITAS - UNIÃO - Pela ordem, Sr. Presidente.
Para colocar o União Brasil em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - União Brasil
em obstrução.
O
SR. OSEIAS DE MADUREIRA - PSD - Pela ordem, Sr.
Presidente. Colocar o PSD em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - PSD em
obstrução.
Tendo transcorrido os quatro minutos, o
sistema eletrônico, então, ficará aberto para que as Sras. Deputadas e os Srs.
Deputados votem “sim”, “não” ou registrem “abstenção” nos terminais dispostos
em suas mesas.
Não havendo mais deputados que estão
votando no sistema eletrônico, abriremos os microfones de aparte para que as
Sras. Deputadas e Srs. Deputados que não o fizeram pelo sistema eletrônico
possam assim fazer nos microfones de aparte o seu voto.
Mais algum das Sras. Deputadas e Srs.
Deputados gostaria de consignar o seu voto? Consulto o plenário se mais algum
das Sras. Deputadas e Srs. Deputados gostaria de fazer o seu voto pelo
microfone de aparte.
*
* *
- Verificação de votação
pelo sistema eletrônico.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Não havendo
deputados interessados em fazer o seu voto, pergunto se algum das Sras.
Deputadas e Srs. Deputados gostaria de alterar o seu voto. (Pausa.)
Não havendo deputados interessados em
alterar o voto, passaremos à proclamação do resultado. Votaram “sim” 50
deputados, mais este presidente, total de 51 votos, quórum suficiente para
aprovar o método de votação.
Item 1 - Em votação o projeto, salvo
substitutivos, subemendas e emendas. As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados que
forem favoráveis permaneçam como se...
A
SRA. THAINARA FARIA - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputada Thainara Faria.
A
SRA. THAINARA FARIA - PT - Para indicar o nobre
deputado Eduardo Suplicy para encaminhar pela Minoria, dividindo o tempo com o
nobre deputado Simão Pedro.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Com a palavra o deputado Suplicy, que divide o
tempo com o deputado Simão Pedro, pelo encaminhamento da Minoria.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente, deputado André do Prado, Sras.
Deputadas, Srs. Deputados, cumprimentando todas as deputadas e os deputados
presentes, encaminho em nome da Federação PT/PCdoB/PV o voto contrário ao
Projeto de lei nº 482, de 2025, que institui o chamado programa “SuperAção” SP.
Desde o início da tramitação manifestamos disposição ao diálogo e à construção
de uma política pública séria de superação da pobreza.
Não somos
contrários à ideia de um programa estadual com esse objetivo, ao contrário.
Temos história, compromisso e propostas concretas na área de transferência de
renda. O Partido dos Trabalhadores foi responsável pela criação do “Bolsa
Escola”, do “Bolsa Família”, maior política de combate à pobreza já
implementada no País. Portanto, não se trata de oposição a um programa social,
mas a um texto legal que não cria um programa perene.
Apresentamos
emendas ao projeto, inclusive um substitutivo completo elaborado com base
técnica e contribuição da professora Aldaíza Sposati, propondo um modelo mais
estruturado, vinculado ao SUAS com princípios, diretriz e governança e
financiamento estável. Também mantivemos diálogo com o governo.
Estive reunido
com a secretária de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém, para apresentar
nossas propostas. O líder da bancada, deputado Antônio Donato, buscou
interlocução junto ao líder do Governo, deputado Gilmaci Santos, para tentar
construir um novo texto com mais segurança jurídica e efetividade. Infelizmente,
o texto final ignora essas tentativas.
O conteúdo do
PL segue genérico, com artigos vagos, sem garantia de direitos, meta de
cobertura, definição de público prioritário ou mecanismo de controle e
participação social. O dispositivo que trata dos benefícios financeiros afirma
apenas que o programa poderá completar repasses, ou seja, não assegura sequer a
existência da transferência de renda.
O que o governo
tem anunciado como programa “SuperAção” está no site oficial e em propaganda do
governador, mas não no texto que estamos votando hoje. E o programa apresentado
na propaganda também apresenta problemas estruturais importantes como já
debatido pelos meus colegas de bancada.
Seu alcance é
restrito, atenderá menos de 3% das famílias de baixa renda do Estado, adota uma
lógica condicional que desconsidera a realidade de quem está fora do mercado
formal como mães solo, cuidadores e pessoas com deficiência.
A priorização
de municípios com maior PIB contraria o princípio redistributivo e o Orçamento
previsto de 500 milhões de reais em 2025 poderia ser mais bem empregado. A
própria Secretaria de Desenvolvimento Social deixou de executar 831 milhões de
reais em 2023 e 2024, valor que poderia ampliar significativamente o alcance e
a efetividade da política.
Por fim,
reiteramos que o combate à pobreza exige seriedade, planejamento, compromisso
com a continuidade. É urgente que São Paulo avance no sentido da
universalidade, da incondicionalidade da renda básica, conforme previsto na Lei
federal nº 10.835, de 2004, e nº 14.601, que institui a Renda Básica de
Cidadania e a partir do “Bolsa Família” gradualmente deverá se universalizar.
O texto em
votação não estrutura uma política de estado - autoriza, mas não garante;
anuncia, mas não assegura. Por essas razões, a Federação PT/PV/PCdoB encaminha
voto contrário ao Projeto de lei nº 482, de 2025. Ressalto que apresentei
emenda que acredito que possa ser aprovada, relativamente à transparência de
todas as informações sobre esta forma de transferência de renda.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. DONATO - PT - Pela ordem,
Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Donato.
O
SR. DONATO - PT - Para encaminhar pela bancada do
PT, deputados Rômulo Fernandes e deputada Beth Sahão.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Tem o tempo regimental, deputado Rômulo Fernandes e a deputada Beth Sahão.
O SR. RÔMULO FERNANDES
- PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr.
Presidente, Srs. Deputados, vou repartir o meu tempo com a minha companheira
Beth. E dizer que é surpreendente: o governador Tarcísio continua não
conhecendo o estado de São Paulo.
Ele, que não
sabia nem onde iria votar, que trocou Campos Elíseos por Campo dos Elíseos,
continua, da mesma forma, vendendo o estado de São Paulo. E a gente fala da
falta de sensibilidade que o governador Tarcísio tem, e continua tendo. E eu
queria responder aqui a um deputado que me antecedeu.
É difícil eu
concordar com as pessoas que acreditam no Bolsonaro, mas eu quero concordar com
esse deputado que me antecedeu falando que não dá para comparar os dois
governos.
É verdade, não
dá para comparar. E aí tem alguns dados que a gente tem que levantar, e
principalmente a história. O Lula defende a democracia e sempre defendeu. Esse
outro, que eu não vou dizer o nome, está sendo acusado de tentativa de golpe. O
Lula sempre defendeu o diálogo.
O outro está
sendo acusado de tentativa de assassinato de um presidente da República, de um
vice-presidente e de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Essas são algumas
diferenças. Vou mais além disso. Um, a gente teve um desemprego à taxa de 6,4.
Na época dele, do outro, era 14 por cento. Esta é a diferença.
A gente não
pode vir aqui, escutar isso e não responder. O Lula teve uma grande ação com
relação à extinção da fome nesse País. O outro trouxe a fome de volta. O Lula
fez esse país crescer 3,4 por cento. A média do outro era 1,5 por cento.
Universidades públicas: o Lula trouxe 18 por cento. O outro trouxe 4, se não me
falha a memória.
Estas são as
grandes diferenças. Por isso que eu tenho que concordar com o deputado que veio
aqui e disse que não dá para comparar. É verdade. Não dá para comparar dois
governos muito distintos. Um que recuperou a autoestima desse país com emprego,
crescimento, mais mercado podendo comprar neste país; e o outro, que destruiu
esse país.
Por isso que
não dá para comparar. E rapidamente, que me restam dois minutos, falo sobre
esse projeto. Este projeto que tem o nome de “SuperAção”, que, na verdade,
todos que me antecederam aqui disseram a verdade: é uma “SuperAção” de
marketing político.
Como é que as
pessoas podem acreditar que um dos critérios para a gente poder colocar as
cidades nesse projeto são as cidades que têm um PIB maior, que têm um
desemprego maior? É querer enganar a população do estado de São Paulo. É um
grande jogo de marketing.
Por isso que a
bancada do PT, a bancada do PSOL, a bancada de oposição está votando contra
esta enganação que o governador Tarcísio, mais uma vez, impõe ao estado de São
Paulo. Somos contra.
Beth, por favor.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado,
deputado Rômulo. Com a palavra, com o tempo compartilhado, a deputada Beth
Sahão.
A
SRA. BETH SAHÃO - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Obrigada, deputado Rômulo. Acho que é desnecessário, Sr.
Presidente, fazer mais comparações desse que é um prospecto de projeto, não
pode nem ser chamado de projeto, de tão ruim que ele é, com o “Bolsa Família”,
deputado Marcolino.
O “Bolsa
Família” é um projeto consolidado, é uma lei consolidada, é um projeto social
que beneficia milhões de famílias, 21 milhões de famílias no Brasil inteiro,
mais de duas milhões e meio de famílias aqui no estado de São Paulo, um projeto
que tem começo, meio e fim, um projeto que trabalha de uma forma intersetorial,
com todas as secretarias que estão nessa área, Secretaria da Saúde, Secretaria
de Assistência Social, Secretaria de Esportes, Secretaria da Educação.
Enfim, é um
projeto que preza pela intersetorialidade, por isso que ele tem resultados
importantes, e, mais do que isso, criou uma rede entre o governo federal,
através do Ministério do Desenvolvimento Social, e os municípios, algo que esse
projeto está longe de atingir.
Esse projeto
sequer pensa quais os territórios em que ele irá atuar. O deputado Donato
coloca aqui um ponto do projeto que eu considero importantíssimo. Ou seja, ele
não vai estar nem em todos os municípios, ele só vai estar em cidades acima de
150, 200 mil habitantes, cidades que já têm um nível de desenvolvimento amplo.
Então por que
cria? Para atender 32 mil famílias, para atender 35 mil famílias, com míseros
R$ 150,00, em um per capita que não passa de meio salário mínimo? O que é isso?
Para que esse projeto? E quem vai gerir esse projeto? Quem vai ser o gestor do
projeto? Os assistentes sociais?
Imagina, o governador
Tarcísio despreza os assistentes sociais. Isso é tão verdadeiro que esta Casa
tem um projeto, deputado Valdomiro Lopes, da ex-deputada, de Santos, a Telma de
Souza, que apresentou uma PEC aqui, uma Proposta de Emenda Constitucional, para
regularizar uma série de questões entre os profissionais do Serviço Social, e
até hoje esse projeto está parado, não anda aqui.
A bancada do
Partido dos Trabalhadores, a nossa bancada, apresentou um substitutivo que foi
derrubado no Colégio de Líderes. Isso é um absurdo, porque os deputados da base
sequer fazem uma análise crítica. Eles deveriam fazer uma análise crítica, não
é porque são da base que não têm que ter crítica sobre um projeto como esse,
que não tem começo, meio e fim.
Um projeto que
nada mais é do que uma estratégia bem montada, diga-se de passagem, para
colocar um governador que despreza o estado, um governador que promoveu o
desmonte no estado, um governador que retira dinheiro de várias áreas do
estado, como retirou recentemente 11 bilhões da Educação, e que, agora, quer se
vestir de um gestor sensível na área social.
Mas o que é
isso? Ninguém acredita nisso. Não é possível. Não dá para votar a favor de um
projeto como este, mal elaborado, mal explicado, que a gente não sabe. Ele diz
que o projeto vai ter saída, e a saída é para os seus beneficiários serem
empreendedores.
Ora, o projeto
“Bolsa do Povo Empreendedor” está falido. Não tem dinheiro, não tem ação. Desde
2022, ele está lá, parado. Então que empreendedorismo é esse que vai ser
estimulado por essas pessoas que vão ser beneficiárias desse projeto, e a real
intenção de um projeto como este, que o governador tem aversão, diga-se de
passagem? Eu não sei como ele deixou apresentar esse projeto.
Na verdade, é
uma barganha. “Vamos lá, vamos colocar um projeto desse e vamos ver se a gente
consegue disputar uma narrativa, junto ao governo Lula, de que esse governo
Tarcísio é um governo que se importa com a área social”. Se se importasse, o
governador seria criterioso, seria cuidadoso ao apresentar um projeto desse a
esta Casa de Leis.
Ele seria um
projeto que teria alcance, de fato, e não essa balela que ele colocou aqui, que
não consegue atingir nada. O que são 32, ou 35 mil famílias, perto de mais de
dois milhões e meio de famílias que são beneficiárias do “Bolsa Família”?
Isso não é
nada, é uma gota no oceano. Então, na verdade, esse projeto teria que ser
derrubado por esta Casa. Aliás, nem vai dar tempo de votar. Eu acredito que nós
não votaremos, porque teremos mais deputados e deputadas que farão
encaminhamento aqui nesta tribuna. Mas o correto era derrubar um projeto como
este. Ou então, que o governador retirasse esse projeto.
Para poder
elaborar, sim, se quiser, de fato, promover a redução da desigualdade social,
promover a redução da miséria, promover a redução da pobreza nesse Estado, tem
que fazer um projeto para valer. Porque isso aqui não é.
Isso aqui é um
boneco de projeto que não vai nos levar a lugar nenhum, que não vai atender as
demandas dessa camada que precisa sim, que precisa desses subsídios para
poderem sobreviver com o mínimo de dignidade.
Portanto, Sr.
Governador, não use os segmentos mais pobres da população para se popularizar.
Não use os segmentos mais pobres da população para ganhar votos como candidato
à Presidência da República.
É isso, Sr.
Presidente.
Por isso mesmo
nós vamos, com consciência e com convicção, votar contra esse projeto.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Em votação o
projeto, salvo substitutivos, subemendas e emendas. As Sras. Deputadas e Srs.
Deputados que favoráveis, permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovado o
projeto e prejudicados os substitutivos. Pela ordem, deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Para pedir
verificação de votação.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Só terminar
o comando. Aprovado o projeto e prejudicados os substitutivos números 1 e 2,
itens 2 e 3 do método de votação.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, vamos
proceder à verificação de votação pelo sistema eletrônico. A partir desse momento
vamos fazer soar o sinal intermitente por quatro minutos, para que as Sras.
Deputadas e Srs. Deputados que não se encontrarem em plenário tomem
conhecimento da votação que se realizará. Pela ordem, deputada Andréa Werner.
A
SRA. ANDRÉA WERNER - PSB - Pela ordem,
presidente. É para colocar o PSB em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - PSB em
obstrução. Pela ordem, deputado Altair Moraes.
O
SR. ALTAIR MORAES - REPUBLICANOS - Pela ordem
presidente. Republicanos em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Republicanos
em obstrução. Pela ordem, deputado Rogério Nogueira.
O
SR. ROGÉRIO NOGUEIRA - PSDB - Pela ordem,
presidente. Colocar em obstrução a nossa Federação Cidadania/PSDB.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Federação
Cidadania/PSDB em obstrução. Pela ordem, deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Pela ordem,
presidente. Para colocar a Federação PSOL/REDE em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - PSOL e Rede
em obstrução. Pela ordem, deputado Carlos Cezar.
O
SR. CARLOS CEZAR - PL - Pela ordem,
presidente. Colocar o Partido Liberal em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputado Donato.
O
SR. DONATO - PT - Pela ordem, presidente. Colocar
a Federação PT/PCdoB/PV em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Federação
PT/PCdoB/PV em obstrução. Pela ordem,
deputado Oseias de Madureira.
O
SR. OSEIAS DE MADUREIRA - PSD - Pela ordem, senhor
presidente. Colocar o PSD em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - PSD em
obstrução. Pela ordem, deputada Solange Freitas.
A
SRA. SOLANGE FREITAS - UNIÃO - Pela ordem, senhor
presidente. Para colocar o União Brasil em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - União Brasil
em obstrução. Pela ordem, deputado Capitão Telhada.
O
SR. CAPITÃO TELHADA - PP - Pela ordem,
presidente. Colocar Progressistas em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Progressistas
em obstrução. Pela ordem, deputado Rogério Santos.
O
SR. ROGÉRIO SANTOS - MDB - Pela ordem,
presidente. Colocar o MDB em obstrução.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - MDB em
obstrução.
A partir desse momento então estamos
fazendo soar o sinal intermitente... Já foi, me perdoem, estamos aqui na
próxima fase. Tendo transcorrido os quatro minutos, o sistema eletrônico então
agora ficará aberto para que as Sras. Deputadas e Srs. Deputados votem “sim”,
“não”, ou registrem abstenção nos terminais disponíveis em suas mesas.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Não havendo
mais deputados interessados em fazer o seu voto pelo sistema eletrônico,
abriremos agora os microfones de aparte para que as Sras. Deputadas e os Srs.
Deputados possam assim fazer o seu voto.
O
SR. DANILO CAMPETTI - REPUBLICANOS - Para votar
“sim” ao maior projeto de Assistência Social do País.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Contra as fake news,
voto “não”.
A
SRA. BETH SAHÃO - PT - Para votar “não” ao
pior projeto social deste País.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - “SuperAção”,
enganação. Voto “não”.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Em defesa da rede SUAS, voto “não”.
*
* *
- Verificação de votação pelo sistema
eletrônico.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Não havendo
mais deputados interessados em consignar os seus votos, pergunto se algum dos
Srs. Deputados gostaria de alterar os
seus votos?
Não havendo deputados interessados em
alterar os seus votos, passaremos à proclamação do resultado: votaram “sim” 51
deputados, “não” 14 deputados, mais este presidente, total de 66 votos, quórum
que aprova o Item 1.
Item 4 - Em votação as subemendas e
emendas nº 3 a 32, englobadamente, apresentadas pelo congresso de comissões.
As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados
que forem favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.) Aprovadas as
subemendas, prejudicadas as emendas nº 3 e 32.
Item 5 - Em votação as demais emendas,
englobadamente, com parecer contrário do congresso de comissões.
As Sras. Deputadas e os Srs. Deputados
que forem contrários permaneçam como se encontram. (Pausa.) Rejeitadas.
Convocação: Sras. Deputadas e Srs.
Deputados, nos termos do disposto no Art. 18, Inciso III, Alínea “d”, combinado
com o Art. 168 do Regimento Interno, convocação, reunião conjunta das Comissões
de Constituição, Justiça, Redação, Administração Pública, Relações do Trabalho,
Finanças, Orçamento e Planejamento a realizar-se amanhã, às 14 horas e 30
minutos, em segunda convocação às 15 horas, no Salão Nobre Campos Machado, com
a finalidade de apreciar os seguintes projetos: Projeto de lei Complementar nº
19, de 2025, da autoria do Sr. Governador; Projeto de lei Complementar nº 22,
de 2025, de autoria do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Próxima convocação: Sras. Deputadas e
Srs. Deputados, nos termos do disposto no Art. 18, Inciso III, Alínea “d”,
combinado com o Art. 168 do Regimento Interno, reunião conjunta também das
Comissões de Constituição, Justiça, Redação, Finanças, Orçamento e Planejamento
a realizar-se amanhã, às 14 horas e 30 minutos, em segunda convocação às 15
horas, no Salão Nobre Campos Machado, com a finalidade de apreciar os seguintes
projetos: Projeto de lei Complementar nº 42 de 2024, de autoria do Tribunal de
Justiça; Projeto de lei Complementar nº 21, de 2025, de autoria da Mesa
Diretora; Projeto de lei nº 529, de 2024, de autoria do Tribunal de Justiça.
Pela ordem o deputado Guilherme Cortez.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL - Para registrar o voto
favorável às emendas apresentadas pela bancada do PSOL.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Está registrado seu voto.
O
SR. DONATO - PT - Registrar o voto favorável às
emendas do PT.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Também está
registrado o pedido de V.Exa., deputado Donato.
O
SR. GIL DINIZ - PL - Uma comunicação,
presidente? Rapidamente, 30 segundos.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Uma
comunicação, deputado Gil Diniz.
O
SR. GIL DINIZ - PL – PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, dia histórico, noite
histórica no Parlamento do povo paulista, onde a direita, capitaneada por
V.Exa., pelo governador Tarcísio, vota por um programa social que vai
beneficiar os mais pobres, e hoje a esquerda, PT, PSOL, a vanguarda do atraso
de São Paulo vota...
O
SR. DONATO - PT - Ele não tem coragem de fazer o
debate e vem fazer no fim. É um covarde, como sempre.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Esgotado o
objeto da presente sessão, está encerrada a sessão.
Está encerrada a sessão.
*
* *
- Encerra-se a sessão às 21 horas e 56
minutos.
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