1 DE ABRIL DE 2024
35ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e REIS
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h.
2 - SIMÃO PEDRO
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - REIS
Assume a Presidência.
6 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência. Parabeniza o deputado Eduardo Suplicy pela sua apresentação musical, no ato "Caminhada do Silêncio", no qual o deputado cantou uma música do Bob Dylan.
9 - EDUARDO SUPLICY
Para comunicação, faz pronunciamento.
10 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - REIS
Assume a Presidência.
12 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
13 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
14 - EDUARDO SUPLICY
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
15 - PRESIDENTE REIS
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária de 02/04, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h57min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e de Srs. Deputados, sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata
da sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra a deputada Marina Helou.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Felipe Franco. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Ana Perugini. (Pausa.) Com a palavra o deputado Conte Lopes. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Simão Pedro,
que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Deputado Carlos Giannazi, que preside esta sessão, muito
boa tarde, deputada Leci Brandão, demais cidadãos paulistas que acompanham os
trabalhos aqui da Assembleia neste primeiro de abril, segunda-feira.
Eu queria, Sr.
Presidente, falar justamente sobre esta data. Sessenta anos atrás, deu-se
início a uma brutal ditadura militar que durou mais de 20 anos, foi de 64 a
1984, e que gerou um trauma na nossa sociedade, não resolvido até hoje, quase
40 anos depois do final dessa ditadura militar.
O golpe de 64
foi dado justamente para reprimir reivindicações históricas do povo brasileiro,
do povo mais pobre, dos trabalhadores rurais, dos trabalhadores urbanos, dos
negros, que eram reforma agrária, reforma urbana, melhorias na educação e na
saúde.
E criou-se,
como a gente vivia naquela onda da guerra fria, começou-se a falar que João
Goulart, que era o presidente legitimamente eleito e que foi deposto, queria
implantar o comunismo no Brasil.
E, em nome
disso, se deu o golpe e instituiu-se censura, perseguições, banimentos, exílios
de milhares de brasileiros, lideranças políticas e intelectuais, artistas,
professores, trabalhadores, sindicalistas, fecharam sindicatos, perseguiu-se o
movimento estudantil, as suas organizações.
Então foram
anos de trevas, muito negativos. Mas, deputada Leci Brandão, deputado Suplicy,
por que nós precisamos falar disso hoje? Primeiro, porque nós precisamos nos
lembrar daqueles episódios tristes, da ruptura democrática, para que isso não volte
mais a acontecer.
Nós precisamos
nos lembrar das consequências disso para o Brasil. Citarei algumas aqui, que
foram bem citadas pelo Celso de Barros, que é um sociólogo, funcionário público
federal, que escreve aos domingos na “Folha”, que eu gosto de acompanhar.
Ele lembra aqui
algumas heranças. Por exemplo, antes do golpe de 64, nós tivemos 20 anos de um
período democrático, que foram os governos Vargas, Juscelino Kubitschek. Quando
se deu o golpe, o Brasil tinha uma dívida externa de três bilhões de dólares.
Os militares
deixaram o Brasil com uma dívida externa de 100 bilhões de dólares. Endividaram
o Brasil de um jeito que foi duro para o Brasil sair da dívida, principalmente
com FMI, que só foi paga nos governos Lula que nós tivemos anteriormente a
este.
Brutal êxodo
rural. Eu, por exemplo, sou filho disso. Eu nasci em 1964, nasci em cinco de
maio, um mês e pouco depois do golpe. Meu pai era camponês, trabalhador rural.
Tínhamos um sítio no Paraná, perdemos tudo com a ditadura, viemos para São Paulo
em busca de condições de vida. Então isso aconteceu no Brasil inteiro.
Então o êxodo
rural era um fenômeno que já existia, mas durante a ditadura isso foi usado,
inclusive... E aconteceu o crescimento desordenado das grandes cidades, das
grandes metrópoles, sem qualquer segurança para as famílias que vinham. Houve
um crescimento econômico rápido? Sim. Mas também houve um crescimento econômico
rápido nas eras Vargas e JK.
Então, falar
que isso foi uma coisa boa que a ditadura trouxe para o Brasil é uma falácia,
porque já tínhamos crescimento econômico rápido, uma rápida industrialização e
urbanização, que durante a ditadura aconteceu, sim, mas não foi nenhuma
novidade. A desigualdade de renda na era Vargas e JK caiu, mas ela se acentuou
de forma muito exagerada na época da ditadura.
Então, pouca
gente concentrando muita renda e a grande maioria do povo se empobrecendo. Isso
foi uma herança da ditadura militar que a gente sofre até hoje. Então, a
desigualdade de renda é um fato interessante.
A falsificação
dos índices da inflação. A ditadura militar escondia o real aumento do custo de
vida para tentar acalmar a população. Quem denunciou isso foi o Banco Mundial.
E que motivou, inclusive, as greves do ABC por reposição salarial conforme a
inflação. E daí surgiu o Lula.
Então é
importante nos lembrarmos, os cartéis das empreiteiras que passaram a dominar
as obras públicas nesse período da ditadura, sem contar a censura, as mortes,
as torturas nas prisões.
Ontem teve um
belo ato aqui - O deputado Suplicy estava lá -, chamado “Caminhada do
Silêncio”, que saiu aqui da Rua Tutóia, veio aqui até o local, no Ibirapuera,
onde tem homenagem aos mortos e desaparecidos da ditadura.
Então, é muito
importante a gente lembrar disso tudo para que não volte a acontecer. Então, da
ditadura militar, como disse muito bem Ulysses Guimarães: “nós temos que ter
desprezo e nojo”, e que nunca mais volte a acontecer. E a democracia é o melhor
caminho que nós temos até hoje para ter progresso, desenvolvimento, paz e
prosperidade.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando
sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Paulo
Fiorilo. (Pausa.) Com a palavra a deputada Monica Seixas. (Pausa.) Com a
palavra a deputada Valeria Bolsonaro. (Pausa.)
Com a palavra a deputada Edna Macedo.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Rodrigo Moraes. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Dani Alonso. (Pausa.) Com a palavra a deputada Solange Freitas.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Com a palavra a
deputada Márcia Lia. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Delegado Olim.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a
palavra a deputada Thainara Faria. (Pausa.) Com a palavra o deputado Caio
França. (Pausa.) Com a palavra o deputado Alex Madureira. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Reis, que fará
uso regimental da tribuna.
O
SR. REIS - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Saudar o presidente, o deputado Carlos Giannazi, o
deputado Suplicy, a deputada Leci Brandão, o público presente, os integrantes
da Polícia Militar, da Polícia Civil, da Polícia Tecnocientífica, da Polícia
Penal, também todos os funcionários desta Casa e aqueles e aquelas que estão em
suas residências, deputado Carlos Giannazi, nos acompanhando.
Eu quero
registrar aqui a minha visita à cidade de Riolândia. No sábado, domingo, sábado
e domingo, foi o aniversário da cidade de Riolândia, 70 anos. Riolândia,
primitivamente, a região próxima à confluência do Rio Turvo com o Rio Grande,
era habitada por tribos de índios caiapós. E foi lá que os primeiros
desbravadores entraram em terras, hoje riolandenses.
Inicialmente,
em meados de 1835, o padre Jerônimo Gonçalves de Macedo estabeleceu contato com
os índios próximos à confluência, onde hoje se localiza a cidade mineira de São
Francisco de Sales, e que acabou transpondo o Rio Grande e penetrando em São
Paulo pelo Rio Turvo.
Em 1845, alguns
dos índios não aceitaram a presença dos homens brancos em suas terras, então se
bandearam para o outro lado do Rio Grande, na foz do córrego do Veadinho,
formando sua aldeia.
O padre
Jerônimo atravessou o rio para catequizar esses
índios inúmeras vezes, sempre atravessando de barco, desembarcando na foz do
Córrego do Veadinho, córrego batizado por ele por haver muitos veados na
região. E então, após essas inúmeras visitas, com a ajuda dos índios, construiu
a Capela de Santo Antônio, o santo do dia segundo o calendário cristão.
Após ser obtido êxito na missão pacificadora, vieram
diversas famílias paulistas, mas que seguiram o mesmo percurso missionário,
isto é, pelo triângulo Mineiro. Assim vieram as famílias Costa Maldonado, Lemos
Campos, Santana e Felisbino, que passaram a ocupar as terras do Turvo, mais
tarde constituindo um povoado junto ao córrego do Veadinho.
Os Maldonado foram a primeira família a se instalar na
região. Construíram o primeiro cemitério da cidade que, inclusive, existe até
hoje. Embora a povoação tivesse sua formação em fins do século XIX,
somente em março de 1935 foi criado o Distrito de Paz, no Município de Olímpia,
com o nome de Veadinho, por conta do córrego que atravessa o local.
Em 1938, o Distrito de Paz de Veadinho foi transferido da
cidade de Olímpia para o recém-criado município de Paulo de Faria,
anteriormente Patos. Em 1944, o nome do distrito foi alterado para
Veadinho do Porto. Em 30 de dezembro de 1953, foi elevado à categoria
de município e, após um concurso envolvendo toda a cidade, passou à denominação
de Riolândia.
Então eu quero aqui fazer uma
saudação especial a todos os riolandenses. Quero cumprimentar o prefeito
Antônio Carlos Santana, que me recepcionou muito bem nas festividades de
Riolândia, e também o vice-prefeito Mario Cazu. Também o Santino, que é uma
liderança muito importante na região de Riolândia.
Eu pude lá participar da alegria dos riolandenses
na comemoração dos 70 anos da cidade de Riolândia, uma cidade que prospera, tem
um povo acolhedor, um povo trabalhador.
A gente tem que vir aqui à tribuna
falar e demonstrar a importância de Riolândia para o estado de São Paulo, uma
cidade para a qual, pelo que eu percebi, vários parlamentares destinam
recursos.
Tinha lá uma lista de vários
deputados aqui, colegas meus, inclusive do PT, deputados federais, e pude
observar o trabalho do prefeito, um trabalho bastante produtivo. Conversando
com cidadãos e as cidadãs Riolandenses, pude observar a satisfação que eles têm
de morar nessa cidade que completou 70 anos. Parabéns a todos e a todas de
Riolândia.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE
- CARLOS GIANNAZI - PSOL - Com a palavra a deputada Ediane
Maria. (Pausa.) Com a palavra agora a deputada Leci Brandão, que fará uso
regimental da tribuna.
A SRA. LECI
BRANDÃO - PCdoB - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Excelentíssimo Sr. Presidente - era o deputado Giannazi e agora
é o deputado Reis -, ainda há pouco o nosso querido parlamentar Simão Pedro
falava sobre a questão da ditadura. Ele dizia que a democracia é o melhor
caminho, e eu também concordo, deputado.
Quarenta anos de “Diretas Já” e 60
anos do golpe militar de 64 no dia 31 de março de 2024. O golpe militar de 64
marcou 20 anos de ditadura no nosso país. Como não poderia deixar de ser,
muitas das pessoas que se contrapõem e que defendem os direitos humanos, os
direitos sociais e os princípios democráticos estão se manifestando de diversas
formas.
Entre essas pessoas, eu queria
destacar o posicionamento do ministro, meu querido ministro Silvio Almeida,
que está
fazendo uma excelente gestão à frente da pasta de Direitos Humanos e por quem
tenho profunda admiração.
É um dos ministros que eu mais aplaudo no
governo Lula. Em entrevistas e em postagens feitas ontem em suas redes sociais
o ministro falou sobre o seguinte: que ele sempre foi um homem que teve muita
sabedoria, foi um homem que falou com muita precisão, e nem sempre esse
ministro é entendido, não só pelo governo como também por outras pessoas.
Eu tomo a
liberdade de reproduzir aqui algumas das declarações para ressaltar a
importância de manter a memória viva. Não podemos deixar que esse período da
nossa história caia no esquecimento, para que nunca mais aconteça isso.
O ministro
relembrou um texto escrito por ele alguns anos antes, em que ele diz o
seguinte: “Foi preciso odiar a escravidão e seus institutos para que pudesse
ter fim, para que a escravidão pudesse terminar. Foi preciso odiar os nazistas
e seus símbolos para derrotá-los, e é preciso odiar o fascismo e todos os que o
celebram. É imprescindível repudiar visceralmente e com todas as forças aqueles
que humilham e destroem a vida dos trabalhadores e das minorias. É preciso ter
ódio e nojo da ditadura, como disse Ulysses Guimarães”.
Silvio Almeida
também elenca vários motivos para o repudio à ditadura. Ele disse: “Porque
queremos um país institucional e culturalmente democrático. Porque queremos um
país em que a verdade e a justiça prevaleçam sobre a mentira e a violência.
Porque queremos um país livre da tortura e do autoritarismo”.
Eu lembro-me
que logo depois dessa fase nós tivemos alguns castigos na questão artística,
porque algumas letras que nós compusemos foram censuradas e não tinham
absolutamente nada demais, mas eu fui censurada na época. Escrevi algumas
coisas que incomodaram, naquela época, o autoritarismo.
Portanto, eu
faço das palavras do ministro Silvio Almeida as minhas: ditadura nunca mais.
Ditadura nunca mais. É por isso que a gente às vezes se posiciona de uma forma
um pouco forte em relação às coisas que aconteceram no governo passado, porque
a gente tinha muito medo que voltasse esse tempo tenebroso. Ditadura nunca
mais.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Reis.
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* *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem, deputada
Leci Brandão. Ditadura nunca mais. Continuando a lista dos oradores inscritos
no Pequeno Expediente, chamo para fazer uso da palavra o deputado Valdomiro
Lopes. (Pausa.) Deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado
Enio Tatto. (Pausa.) Deputado Major Mecca. (Pausa.)
Deputada Carla Morando. (Pausa.)
Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputada Professora Bebel. (Pausa.) Deputado
Lucas Bove. (Pausa.) Deputado Teonílio Barba. (Pausa.) Deputado Atila
Jacomussi. (Pausa.) Deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Deputado Carlos
Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Reis, deputado Suplicy, deputada
Leci Brandão, que saiu agora, eu quero aqui também, logicamente, repudiar veementemente
o golpe militar, a ditadura militar que se instalou no Brasil a partir de 1964.
Hoje é dia 1º
de abril. Ontem e hoje, também, nós estamos tendo várias manifestações. Não
comemorações, porque a gente não comemora, logicamente, a ditadura militar,
porque não foi revolução. Alguns falam que foi a revolução de 64. Não foi
revolução, foi um golpe militar.
Na verdade, nós
dizemos que foi um golpe empresarial-militar. Os militares a serviço da
exploração contra os trabalhadores, para beneficiar o capital nacional e
internacional, para aumentar ainda mais a exploração, a mais-valia e a
acumulação capitalista.
Por isto que
houve o Golpe Militar em 1964: para impedir, sobretudo, as reformas de base do
presidente João Goulart; a reforma agrária, a reforma na Educação, a reforma em
várias áreas importantes, para colocar o Brasil em um patamar de
desenvolvimento social e econômico.
Então, a
ditadura tende a um interesse econômico de uma classe social, do grande
empresariado nacional e internacional para barrar o avanço das camadas
populares. Foi por isso que nós tivemos um golpe militar sangrento,
sanguinário, que matou, que torturou e que perseguiu milhares e milhares de
pessoas em todo o Brasil.
Porque
infelizmente o Brasil tem... Há muitos anos que os militares vinham tentando
dar o golpe. Não foi só em 64: tentaram em 54, no suicídio de Vargas, tentaram
impedir a posse do Juscelino, quando ele foi eleito, em 1955. Mesmo no governo
Juscelino ocorreram tentativas de golpe, como em Aragarças, em Jacareacanga,
uma em 56, uma em 59.
Depois,
tentaram impedir a posse do Jango, quando o Jânio tentou dar um auto- golpe,
quando ele renunciou, houve uma tentativa de impedir a posse do João Goulart...
Enfim, em 64 eles tiveram êxito, mas a Ditadura Empresarial-Militar trouxe para
o Brasil retrocessos imensos.
O Brasil
retrocedeu 50 anos, Sr. Presidente, com a Ditadura Militar, na área econômica -
em todas as áreas praticamente -, na Educação, na Cultura. Nós retrocedemos,
então o Brasil depois teve que passar por um processo de redemocratização,
“diretas já”.
Antes disso...
antes, não, após as “diretas já”, uma nova Constituição em 88. Enfim, foi um
movimento perverso, que prejudicou todo o povo brasileiro. Nós tivemos,
recentemente, mais uma tentativa de golpe, Sr. Presidente, por personagens que
estavam naquela ditadura, como o general Heleno, que era um auxiliar da
Ditadura Militar no período.
Muitos
golpistas do passado estavam presentes, tentando organizar o golpe no dia oito
de janeiro de 2022. Por isso que o nosso lema é “ditadura nunca mais” e sem
anistia para esses golpistas. Porque, infelizmente, o Brasil não puniu os
torturadores, não puniu os generais que participaram do golpe.
Ninguém foi
punido, porque houve uma anistia para inglês ver, Sr. Presidente, uma anistia
que anistiou também os torturadores, os golpistas. Agora, pela primeira vez na
história do Brasil, há em curso uma investigação, uma tentativa de punição dos
atuais golpistas que tentaram dar o golpe, o golpe organizado pelo
ex-presidente Bolsonaro, os seus aliados e os seus asseclas.
Tentaram,
organizaram, mas não conseguiram, não tiveram êxito, porque as forças
democráticas foram maiores, foram mais rápidas. Houve uma resistência das
instituições democráticas no Brasil, mas esses não podem ser anistiados, o
Brasil não pode mais ser vítima de golpe militar, Sr. Presidente, e de nenhum
tipo de golpe.
O Brasil
precisa se desenvolver economicamente, socialmente, do ponto de vista humano,
do ponto de vista tecnológico, do ponto de vista ambiental. Isso só será
possível com democracia, por isso que a nossa palavra é “democracia sempre,
ditadura nunca mais”.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem, chamamos
agora o deputado Eduardo Suplicy para fazer o uso regimental da palavra.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Prezado presidente Carlos Giannazi, deputado Paulo Reis,
Srs. Deputados e Sras. Deputadas, neste último dia 28 de março, quinta-feira
passada, eu tive a honra de ser entrevistado pelos professores Jimmy Medeiros e
Vivian Fonseca para o projeto “História Oral da Renda Básica”, no Centro de
Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil, o CPDOC da Fundação
Getúlio Vargas, instituição junto à qual eu pertenci, na Escola de
Administração de Empresas de São Paulo.
Primeiro, ali
me formei em Administração de Empresas, de 1960 a 1964, mas, a partir de
fevereiro de 1966, ali prestei concurso para me tornar um professor de economia
e tantas coisas aconteceram.
A entrevista
durou cerca de quatro horas e meia e contei sobre o meu primeiro contato com a
garantia de uma renda para todos os brasileiros e, posteriormente, da garantia
de uma renda mínima através de imposto de renda negativo, projeto apresentado
em abril de 1991, a partir do qual surgiram as diversas propostas de como
relacionar a garantia de uma renda às oportunidades de Educação e de Saúde.
Daí foram
desenvolvidos os projetos de “Bolsa Escola”, “Bolsa Alimentação”, “Auxílio
Gás”, posteriormente, já no governo Lula, o programa “Fome Zero”, de como o
“Bolsa Família”, o “Bolsa Alimentação”, o “Auxílio Gás” e o “Cartão
Alimentação”, instituído pelo governo Lula, todos estes quatro programas foram
unificados e racionalizados no programa “Bolsa Família” em outubro de 2003, a
partir do qual, tendo 3,5 milhões de famílias inscritas em dezembro de 2003,
foi aumentando gradualmente até 2014 e 15 para mais de 14,2 milhões de famílias
beneficiárias.
Depois, no
período de 2016 a 2022, não houve atenção tão explícita para a garantia da
erradicação da pobreza e da fome.
Mas, no
presente governo do presidente Lula, temos uma evolução também bastante
positiva. Na Lei 14.601 de junho do ano passado, foi extinto o programa
“Auxílio Brasil” e reinstituído o programa “Bolsa Família”, definindo-a como um
passo na direção da gradual implementação da universalização da renda básica de
cidadania.
Então, eu ali
pude contar os detalhes de como acabei abraçando a vida política como
representante do povo, tendo sido deputado estadual nesta Casa e, depois,
deputado federal, vereador, presidente da Câmara, fui também senador por 24
anos e mais dois mandatos de vereador e, novamente, aqui, na Assembleia
Legislativa, como deputado estadual.
Expliquei
também os motivos que me fizeram entrar na política para participar da
construção de um Brasil mais justo, solidário e fraterno, de como o Mandado de
Injunção no 7.300 colaborou muito para que haja, agora, um grupo de
trabalho que está realizando, em parceria com o Conselho de Desenvolvimento
Econômico, Social e Sustentável, o chamado Conselhão...
E, juntamente
com a Frente Parlamentar pela Implementação da Renda Básica, estamos formando
um grupo de trabalho para propor de que forma serão dados os passos próximos
para que a renda básica seja de fato colocada em prática.
Às 19 horas do
dia 28, no Rio de Janeiro, na Livraria Travessa, participei do lançamento do
livro organizado pelo professor da Universidade Federal Fluminense, Fábio Waltenberg, e membro do Instituto Jain Family, Instituto Paul Katz,
“Renda Básica e a Economia Solidária - o Exemplo de Maricá”, o segundo de uma
série de livros a serem lançados, em parceria com a Rede Brasileira da Renda
Básica, para difundir, de uma maneira simples, os assuntos relacionados à renda
básica.
E registro,
como fizeram Carlos Giannazi, Reis e Leci Brandão, que hoje estamos relembrando
os 60 anos do golpe militar de 1964, de triste memória, de acontecimentos tão
tristes, que levaram à tortura, à prisão, à perseguição de tantos brasileiros e
brasileiras que amam a democracia. Todos desejamos que nunca mais haja qualquer
ditadura em nosso país.
É
importantíssimo aperfeiçoarmos as instituições democráticas, as formas de
participação de todo o povo nas decisões dos nossos governantes, e sobretudo
nas eleições livres e democráticas, que precisamos sempre assegurar em nosso
País. E, portanto, condenar toda e qualquer tentativa de novo golpe militar,
como aconteceu com aqueles que programaram o Oito de Janeiro, de tão triste
memória em nosso País.
Muito obrigado.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Deputado
Suplicy, quero parabenizar V. Exa., que ontem fez uma apresentação musical no
ato que foi realizado aqui na frente da Assembleia Legislativa, naquele evento
da Caminhada do Silêncio, em homenagem aos mortos e desaparecidos.
Vossa Excelência cantou a música do Bob
Dylan, acompanhado de um grande músico brasileiro, Renato Braz. Foi um momento
importante daquele evento. A gente não fala que é comemoração, né deputado
Suplicy, da ditadura; é uma “descomemoração” dessa data.
Parabéns pela sua intervenção ontem.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT –
PARA COMUNICAÇÃO - Muito obrigado, presidente Carlos Giannazi. Foi uma
satisfação estar com você e com tantos companheiros e companheiras dessa luta
pela democratização.
E afirmar mais
uma vez: ditadura nunca mais. Se desejarmos construir uma sociedade justa
mesmo, nós vamos poder comemorar o fim de todos os conflitos armados, das
guerras, como as que estamos tendo ali entre Rússia e Ucrânia, entre Israel e
Palestina.
Precisamos,
portanto, caminhar em direção à paz no mundo. E eis por que o sentido da canção
tão bela de Bob Dylan, Blowin’ in The Wind, cantada pelos povos do mundo quando
houve as guerras do Vietnã e do Iraque, para que acabassem aquelas guerras tão
mortíferas como as que estamos assistindo hoje, que precisam ser imediatamente
terminadas.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Obrigado. Dando
sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra o deputado Carlos Cezar.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Marcos Damasio. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Vinicius
Camarinha. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Luiz Fernando. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Gil Diniz.
Na lista suplementar, com a palavra o
deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge
Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Reis, que fará
uso regimental da tribuna.
O
SR. REIS - PT
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente Carlos Giannazi, eu volto à tribuna para
repercutir a matéria que foi publicada, na data de hoje, no “Metrópoles”, que
trata da dança das cadeiras nos governos Tarcísio e Nunes.
“Trocas no
primeiro escalão do governo e da prefeitura colocam à prova equilíbrio político
e negociações de Tarcísio e Nunes para as eleições.
Até o sábado,
no dia 6 de abril, ao menos seis secretários, quatro municipais e dois
estaduais, devem se licenciar dos respectivos cargos para disputar as eleições
deste ano, deixando para o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo
Nunes opções em aberto para negociar com os partidos em pleno ano eleitoral.
No caso de
Nunes, que ainda não definiu seu vice na disputa à reeleição, a oferta de um
espaço no primeiro escalão é vista como uma forma de amansar aliados que podem
se incomodar com a recusa do prefeito em aceitar indicações para a chapa.”
O Metrópoles
publicou que “Mello Araújo já é visto como um nome cada vez mais distante do
posto de vice.” O coronel Mello, que o Bolsonaro indicou para ser o vice do
prefeito Ricardo Nunes. Mas o nome dele deu uma esfriada.
“A entrega de
uma pasta ao coronel, que é filiado ao PL, poderia ajudar Nunes a manter ‘uma
média’ com os bolsonaristas, avaliam assessores.”
Porque o
Ricardo Nunes precisa muito do Bolsonaro para poder ganhar as eleições.
Imaginem vocês se o Bolsonaro lançar um candidato em São Paulo. Lançar um
candidato em São Paulo vai rachar o eleitorado do Ricardo Nunes. Vai rachar ao
meio. Então o Ricardo Nunes hoje é hiperdependente do Bolsonaro e do
bolsonarismo.
“Atualmente, a
Secretaria é comandada por Elza Paulina.” Elza Paulina é inspetora da Guarda
Civil Metropolitana – ela comanda Secretaria de Segurança Urbana - que se
licenciará para disputar uma cadeira.
Ela é candidata
a vereadora, assim como os secretários Carlos Bezerra, também candidato à
reeleição e a secretária Aline Torres, da Cultura. Carlos Bezerra é da
Assistência e Desenvolvimento Social. São candidatos à vereança.
Já o secretário
Marcos Gadelho, secretário de Urbanismo e Licenciamento, alegou motivos
pessoais para deixar o posto. A vaga chegou a ser oferecida por Nunes ao
deputado estadual Tomé Abduch a pedido de Tarcísio, mas o deputado Tomé Abduch
recusou.
Motivação de
Tarcísio. Por trás da indicação de Abduch para um cargo na gestão municipal
está o desejo de Tarcísio de socorrer o agente da Polícia Federal Danilo
Campetti, aquele que estava lá, no dia que mataram o Filipe - que até hoje não
está esclarecida a morte do Filipe -, lá no Paraisópolis.
Não sei se V.
Exa. lembra do tiroteio que aconteceu em Paraisópolis. Que, inclusive, eu
propus nesta Casa, uma CPI, uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para
investigar os fatos acontecidos naquela data, em que estava presente o agente
federal, o Danilo Campetti, que é suplente de deputado estadual aqui na
Assembleia Legislativa.
“Filiado ao
Republicanos, Campetti está afastado de suas funções na Polícia Federal sob
suspeita de ter trabalhado de forma irregular na campanha eleitoral de Tarcísio
em 2022. O agente estava junto de Tarcísio durante uma agenda interrompida por
um tiroteio na favela em Paraisópolis em outubro daquele ano.
Caso o deputado
Tomé Abduch tivesse aceitado ser secretário de Nunes, Campetti teria assumido
como suplente do Republicanos na Alesp.
Agora, o
governador volta as atenções a outros deputados
do partido que teriam interesse em um vaga de secretário estadual. Dois dos
secretários de Tarcísio devem se licenciar ainda essa semana: Gilberto
Nascimento, do Turismo, que é vereador em São Paulo, e Sonaira Fernandes, políticas para
a mulher, porque os dois vão sair candidatos à reeleição.
No caso da
Secretaria da Mulher, o posto tem sido pleiteado pela deputada estadual Valeria
Bolsonaro. Aliados de Tarcísio não enxergam objeção do governador ao nome da
parlamentar, que possui perfil conservador e bolsonarista, assim como Sonaira.
Para o Turismo,
Tarcísio fez acenos ao líder do partido na Alesp, o deputado Altair Moraes,
para que aceite o cargo. No ano passado, o Metrópoles mostrou que Tarcísio já havia sinalizado o
interesse de promover Altair a secretário de
Turismo com o intuito de ajudar Campetti.
Na Alesp,
deputados alinhados com o governador enxergam que Tarcísio se sente em dívida
com Altair por não ter nomeado o deputado seu líder de governo, conforme
prometido durante a campanha.”
Ele prometeu,
durante a campanha, nomear Altair o líder do Governo, mas acabou se
entusiasmando com o Xerife do Consumidor. “Pastor da Igreja
Universal do Reino de Deus,
que tem o Republicanos como braço político, Altair é um dos homens de confiança
do presidente do partido, o deputado federal Marcos Pereira.”
Então, estou
repercutindo essa matéria para que todos tomem conhecimento, às vezes nem todos
têm acesso a matéria, para que fique registrado nesta Casa a dança das cadeiras
nos governos Tarcísio e Nunes.
Sr. Presidente,
muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Gostaria de
chamar V. Exa. para continuar presidindo esta sessão, para que eu possa fazer o
próximo pronunciamento, deputado Reis.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Reis.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Reassumindo a
Presidência dos trabalhos na data de hoje. Chamo para fazer o uso da palavra o
deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente
deputado Reis, deputado Suplicy. De volta a tribuna no dia de hoje, quero aqui
dar continuidade às denúncias que eu tenho feito em relação ao genocídio da
Educação no estado de São Paulo. Genocídio colocado em curso pelo
governador Tarcísio e o seu secretário Renato Feder, o empresário dono da
Multilaser, agora Multi.
Esse governo,
essa gestão Tarcísio/Feder é considerada a gestão nota 100, mas “sem” com “s”.
Como está aqui tem nesse card: “Governo nota sem!”, que tem a ver com a
destruição da Educação e os ataques aos profissionais da Educação, aos
estudantes e a toda a comunidade escolar.
Então, é o
governo que não paga o ALE, o Adicional de Local de Exercício. Os professores
até agora estão sem receber esse adicional, Sr. Presidente. Eu tenho denunciado exaustivamente que até agora o
governo não publicou o decreto para que o pagamento seja viabilizado.
É um governo
sem ALE, é um governo sem pagamentos, porque os salários de milhares e milhares
de professores não foram pagos ainda ou foram pagos com vários erros, com
reduções drásticas Sr. Presidente.
Então, é um governo sem pagamento.
É um governo
que não resolveu ainda a questão do INSS, porque está sem INSS para os
professores categoria “O”, que hoje esse segmento representa quase metade, se
não for metade ou mais, da rede estadual de ensino.
Os professores
de categoria “O” não sabem exatamente para onde está indo o dinheiro que é
descontado mensalmente nos seus holerites. Com isso, eles não têm acesso nem ao
Iamspe e nem ao INSS. É algo que nós já denunciamos também bastante aqui na
tribuna.
É um governo
sem reajuste do piso nacional do Magistério. O piso foi reajustado em janeiro,
nós estamos no dia primeiro de abril, e até agora não houve o reajuste do Piso
Nacional do Magistério, que é regulado, regulamentado pela Lei nº 11.738, de
2008.
Inclusive, nós
aqui lutamos em São Paulo para que esse reajuste tenha repercussão em toda a
carreira, para que ele não seja teto, que ele seja um piso realmente. Mas até
agora o governo não apresentou o reajuste do Piso Nacional do Magistério. Eu já
acionei o Ministério Público e o Tribunal de Contas contra o não cumprimento
dessa lei.
Também é o
governo sem reajuste da data base dos servidores estaduais. Ou seja, nenhum
segmento do funcionalismo público recebeu até agora o reajuste, porque a data
já venceu.
O mês de março
é o mês da data base salarial dos servidores, por conta de uma lei estadual,
aprovada inclusive aqui no Plenário da Assembleia Legislativa em 2006, em
cumprimento ao Art. 37 da Constituição Federal. Também nada até agora. Não
houve o reajuste, não houve a apresentação de nenhum índice, nem para repor as
perdas inflacionárias do último período.
Eu também já
acionei o Ministério Público e o Tribunal de Contas, não só em relação ao Piso,
ao não pagamento do Piso, mas também em relação ao não pagamento da data base.
É um governo sem remoção, Sr.
Presidente. Não abriu ainda o concurso de remoção para o Magistério e
para os gestores da rede estadual.
É um governo
sem autonomia pedagógica, que não garante a autonomia pedagógica, sobretudo
agora com a ditadura, com a máfia das plataformas digitais, que essas
plataformas estão abalando, cortando, afrontando a autonomia pedagógica, a
liberdade de ensinar do Magistério Estadual.
Os professores
hoje se tornaram robôs, se tornaram apenas instrutores dessas plataformas, sendo
impedidos de lecionar, mesmo conteúdos importantes. Eles ficam obrigados e
presos aos conteúdos digitais, que têm vários erros, que nós já denunciamos
aqui também em exaustão, e, enfim, a tecnologia, Sr. Presidente, ela não é colocada a serviço da Educação, no caso
aqui.
Nesse caso é a
Educação a serviço da tecnologia das plataformas digitais. Houve uma inversão,
porque têm interesses econômicos das empresas que vendem as plataformas
digitais para o governo estadual, que nós também já denunciamos ao Ministério
Público.
Um governo que
não descongela a evolução funcional, os quinquênios, a sexta-parte, a licença
prêmio. Nós tínhamos conseguido, Sr.
Presidente, aqui um avanço importante.
O Tribunal de
Contas do Estado de São Paulo, no ano passado, em meados do ano passado,
aprovou um parecer liberando esse descongelamento, mas o governador Tarcísio
foi ao Supremo Tribunal Federal e conseguiu uma liminar impedindo, derrubando
praticamente esse parecer, prejudicando não só um servidores estaduais, mas
todos os servidores municipais, dos 644 municípios do estado de São Paulo.
Foi um golpe do
governo do Tarcísio contra o funcionalismo estadual, e praticamente todos os
municípios do estado de São Paulo, afetando também as universidades, a própria
Assembleia Legislativa, o Tribunal de Contas, os servidores do TJ, os
servidores do Ministério Público.
Todos foram
afetados e prejudicados com esse recurso do governador Tarcísio contra o
descongelamento dos quinquênios e da evolução funcional.
É um governo
sem devolução do confisco das aposentadorias e pensões. Houve um confisco da
gestão passada, confisco que nós derrubamos com muita luta, com muita
mobilização, fora e dentro da Assembleia Legislativa, e até agora o governo não
devolveu o que ele confiscou de forma ilegal, Sr. Presidente.
Então, tem que
devolver o dinheiro roubado, e devolver com juros e correção monetária o
dinheiro do confisco das aposentadorias e pensões, esse assalto.
Sem direito ao
Iamspe. Todos os professores categoria “O” não têm direito Ao Iamspe, Sr.
Presidente. Isso é um absurdo total que servidores públicos não tenham direito
a assistência médica.
Eles não podem
utilizar, não podem pagar o Iamspe. São proibidos de pagar e, logicamente,
utilizar o Iamspe. Mesmo o Iamspe, para quem pode, sente muitas dificuldades,
porque faltam convênios no interior paulista, na Baixada Santista, na Capital,
no interior, na Grande São Paulo.
O Hospital do
Servidor Público Estadual está sendo privatizado praticamente através das
terceirizações. É muito difícil marcar uma consulta, uma cirurgia. É muito
difícil conseguir um exame no Hospital do Servidor, porque ele está com
superlotação, com poucos funcionários. Não tem concurso e, quando tem, esses
aprovados não são chamados e o governo e o Iamspe vão terceirizando os seus
vários setores. E tem aqui uma lista enorme.
É um governo
sem climatização das escolas, que eu já denunciei aqui, Sr. Presidente. Para
terminar, para concluir, nós vivemos uma crise climática, uma crise
emergencial.
As nossas
escolas não foram ainda adequadas, não foram reestruturadas para atravessar,
para enfrentar esse momento difícil que nós estamos passando, a onda de calor
que assola as nossas escolas no interior paulista, na Baixada Santista, mesmo
aqui na Capital e Grande São Paulo também.
Por isso que
nós estamos exigindo que o governo coloque climatizadores, aparelhos de
ar-condicionado nas escolas estaduais em caráter de extrema urgência. É um
governo sem material escolar.
Está faltando
até papel higiênico hoje nas escolas da rede estadual porque esse governo
Tarcísio acabou com a autonomia financeira das escolas e concentrou os recursos
financeiros na FDE, Sr. Presidente.
Então isso
inviabiliza a compra de material lá na ponta, lá na escola. Nós iniciamos o ano
letivo sem material didático escolar, sem papel sulfite, sem produtos de
higiene nas escolas estaduais. E é um governo sem gestão democrática, que não
respeita, Sr. Presidente, a democracia dentro das nossas escolas, sobretudo nas
escolas PEI.
Não há mais
democracia, gestão democrática da escola pública no estado de São Paulo. Então
nós vamos continuar cobrando esse governo nota “sem”, mas com “s”, sem nada. E
eu citei aqui algumas das mazelas da rede estadual que são produzidas pela
gestão Tarcísio/Feder.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem. Chamo
agora o deputado Eduardo Suplicy para fazer uso da palavra.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Presidente, deputado Reis, deputado Carlos Giannazi,
Srs. Deputados, Sras. Deputadas, eu quero aqui, tendo em conta a manifestação
do deputado Carlos Giannazi, relembrar que ainda ontem participei, junto com
inúmeros outros companheiros de batalha pela democracia, daquela caminhada
silenciosa, desde a antiga sede do DOI-Codi até o monumento que homenageia os
mortos e desaparecidos durante o regime militar, a ditadura militar.
E houve uma
caminhada de centenas de pessoas que também se pronunciaram tanto diante do
antigo DOI-Codi, muitos ali recordando momentos em que estiveram presos, que
foram torturados e que assistiram ali mortes como a de Vladimir Herzog.
E depois fomos
silenciosamente caminhando até o monumento em homenagem aos mortos e
desaparecidos durante a ditadura militar que se encontra aqui perto, diante do
Parque Ibirapuera.
E ali muitas
foram as manifestações de lideranças importantes que batalharam pela
democratização do nosso País, do Brasil, e é tão importante que nós reafirmemos
a nossa crença na democracia, no aperfeiçoamento da democracia.
Para isso, é
importante que sejam colocados em prática aqueles instrumentos de política
econômica e social que façam avançar a democracia, do ponto de vista,
inclusive, da participação social, uma vez que durante esses anos da ditadura
militar, e mesmo em momentos como os anos recentes de Jair Bolsonaro à frente
do governo, nós tivemos um agravamento da situação de desigualdade entre
brasileiros e brasileiras dentre a nossa população.
Pois não se deu
a devida atenção para que tivéssemos um país caminhando na direção de uma
sociedade mais justa, fraterna e solidária, como diz o Art. 3º da Constituição
de nosso Brasil, quando afirma que constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil promover o desenvolvimento e fazer com que haja
a efetiva erradicação da fome e da pobreza absoluta e que possa haver um
caminho de maior igualdade para todos os seres humanos em nosso país.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente,
havendo concordância das lideranças, solicito que haja o levantamento da
sessão.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - É regimental o
requerimento de Vossa Excelência. Sras. Deputadas, Srs. Deputados, havendo
acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os
trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora
regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira.
Está levantada a sessão.
Tenham todos uma excelente tarde.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 57
minutos.
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