15 DE ABRIL DE 2024
45ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e EDUARDO
SUPLICY
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
4 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Endossa o pronunciamento do deputado Carlos Giannazi.
6 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
9 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência.
11 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - CONTE LOPES
Por inscrição, faz pronunciamento.
13 - EDUARDO SUPLICY
Assume a Presidência.
14 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
15 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
16 - PRESIDENTE EDUARDO SUPLICY
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão
ordinária do dia 16/04, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão
às 14h57min.
*
* *
- Assume a Presidência e abre a sessão
o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o
número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos.
Esta Presidência dispensa a leitura da
Ata da sessão anterior e recebe o expediente. Dando início à lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra a deputada Thainara Faria.
(Pausa.) Com a palavra o deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Com a palavra o
deputado Delegado Olim. (Pausa.)
Com a palavra a deputada Leci Brandão,
que fará uso regimental da tribuna por até cinco minutos.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Excelentíssimo Sr. Presidente, Carlos Giannazi, deputado
- sempre senador - Eduardo Suplicy, Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
funcionários desta Casa, público que nos assiste pela nossa querida TV Alesp e
funcionários dos serviços gerais desta Casa.
Deputado Carlos
Giannazi, V. Exa. na semana passada, fez um pronunciamento aqui sobre a questão
das oficinas culturais. E a gente assinou também uma carta que chegou,
assinamos, e eu queria falar um pouquinho sobre isso também. Concordo
plenamente com Vossa Excelência.
Essa semana nós
assinamos uma carta que foi articulada pelo movimento Fica Oficinas Culturais.
Esse movimento reúne trabalhadores da Cultura e movimentos sociais de todo o
estado de São Paulo.
Elas foram
criadas em 1986, as oficinas culturais, e têm sido fontes inesgotáveis de
conexão e fazer cultural, de experimentação artística e de formação de pessoas
de todas as idades, oferecendo atividades gratuitas em centenas de municípios.
Por isso, é
óbvio que o impacto do fechamento das oficinas vai prejudicar ainda mais esse
setor que sempre foi negligenciado. A falta de indicadores que justifiquem o
fechamento do programa é agravada pelo fato de que existem dados públicos
demonstrando o alcance e a eficácia do programa, muitas vezes superando até as
metas estabelecidas pela própria Secretaria Estadual de Cultura.
Assim, é
preocupante que se joguem informações que vão contrariando esses dados, porque
eles atestam a importância e a efetividade dessa política cultural.
Desmontar
estruturas e políticas públicas importantes para a vida das pessoas tem sido recorrente.
Não há diálogo, os argumentos são extremamente questionáveis e quem sempre sai
prejudicado é o povo de São Paulo.
Inúmeras
escolas estaduais estão com sérios problemas estruturais, o Iamspe estampa
manchete por conta de superlotação e longa espera, o direito à água está sendo
entregue à iniciativa privada, e agora temos esse ataque, um ataque às oficinas
culturais.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Eduardo Suplicy.
* * *
Em tempos em
que precisamos repetir o óbvio, é nosso dever lembrar aos governantes que a
vida em sociedade não pode ser pautada pelo medo, seja por medo do crime ou das
próprias forças policiais.
Aliás, a
Segurança Pública tem mais a ver com investimento em Cultura, Educação, Saúde e
emprego do que, abre aspas, “tiro, porrada e bomba”. Se quisermos realmente
combater a insegurança, nós vamos precisar de mais cultura e, não, menos.
A cultura é
essencial, a cultura salva vidas A cultura é uma coisa fundamental,
principalmente para esse estado de São Paulo, que é o estado mais rico desse
País, um estado que tem tantos artistas, tantas ações espalhadas pela capital e
por várias cidades do interior. Vamos salvar a Cultura. Por isso, nos unimos ao
movimento Fica Oficinas Culturais.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - É importante
a manifestação da deputada Leci Brandão em favor da Cultura. Tem a palavra
agora o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Reis.
(Pausa.) Donato. (Pausa.) Rui Alves. (Pausa.)
Deputado Carlos Giannazi, tem a palavra
pelo tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Eduardo Suplicy, deputada Leci
Brandão, telespectador da TV Assembleia. Sr. Presidente, a deputada Leci
Brandão acabou de fazer aqui uma gravíssima denúncia contra o fechamento das
oficinas culturais em todo o estado de São Paulo. Esse governo tem atacado a
Cultura, a Educação, inclusive a Segurança Pública também.
Mas,
aproveitando, deputada Leci Brandão, o que V. Exa. disse sobre as oficinas
culturais, quero também aqui denunciar que agora o governador Tarcísio de
Freitas pretende atacar a TV Cultura.
A nossa grande
TV Cultura, uma TV pública independente. Saiu uma matéria hoje na “Folha de S.
Paulo”, que é essa daqui, olhe: “TV Cultura teme investida de Tarcísio de
Freitas contra sua independência e pluralismo. Às vésperas de completar 55
anos, principal TV pública do país sofre pressão por meio de CPI e ameaça de
cortes de verbas”.
Então, é um
governo contra a educação, contra a cultura, contra o estado de bem-estar
social.
É uma matéria
longa, que traz as possibilidades dos mais variados ataques à TV Cultura,
repito, que não é uma TV de governo, é uma TV do povo do estado de São Paulo, e
hoje reconhecida internacionalmente com uma programação que contribui bastante,
que contribui muito para a elevação cultural e educacional não só do povo de
São Paulo, mas o povo de todo o Brasil.
É uma
programação de qualidade, sem interesse comercial, sem interesse com a
audiência fácil e apelativa, mas com conteúdo que contribui de fato para a
cultura e para a educação.
Essa é a função
fundamental da TV Cultura, que está sendo ameaçada agora com o corte de verbas.
Ela já recebe um recurso extremamente ínfimo do governo estadual, de apenas 100
milhões, que mal consegue pagar os funcionários da TV, da rádio, de todos os
seus equipamentos, e agora o governo tenta ainda influenciar na programação,
dizendo que ela não está cumprindo o seu papel.
Há várias
críticas desse setor de extrema direita, que tem medo do pensamento crítico,
tem medo da formação para a cidadania, tem medo de uma programação de qualidade
que faça as pessoas terem, de fato, informações, informações sobretudo científicas,
onde elas possam, sobretudo, elevar o nível cultural e educacional, porque aí
essas pessoas não serão mais presas fáceis de fake news, de bravatas, de
lacradores de internet.
Então, por isso
que agora o grande alvo me parece que vai ser a TV Cultura, onde o governo
começa a questionar o seu papel. Mas quero lembrar que a TV Cultura tem uma
programação de alto nível, e a meta central não é audiência fácil.
Repito, porque
é uma das questões levantadas. Mesmo assim, ela tem uma grande audiência, ela
tem sinal aberto para 26 estados do Brasil. Eu tenho aqui os dados, ela está
presente, ela tem 60 afiliadas, 340 retransmissoras em todo o Brasil.
Então, ela é
uma emissora forte, uma emissora que fica ali em terceiro, quarto lugar na
audiência, mas deixando claro que a meta não é a grande audiência, é a
excelência de qualidade na programação. Mas nós estamos atentos.
Vamos
acompanhar e não vamos permitir que a TV Cultura seja atacada por segmentos
desse governo, pelo próprio governo, que tem medo de uma emissora pública
independente, plural, que contempla sobretudo informações e conteúdos culturais
e educacionais que, na verdade, contribuem para que nós possamos aumentar ainda
o nosso processo civilizatório, e não regredir, Sr. Presidente.
Como vem acontecendo
agora na Educação, com os ataques da Educação do Estado de São Paulo do governo
Tarcísio, com a instrumentalização da Polícia Militar. O governo começa a
mostrar as suas garras, ele começa a mostrar a que veio, e a TV Cultura é o
próximo alvo desse governo.
Nós estaremos
aqui defendendo a TV Cultura, a sua programação, os seus servidores, e vamos
denunciar, como estamos denunciando, para concluir, deputada Leci Brandão, esse
ataque, a destruição, a extinção das oficinas culturais. Me lembro que em 1988
eu fiz um curso em uma dessas oficinas culturais lá na no Centro Cultural
Oswald de Andrade, na Três Rios, com o Tom Zé, nosso grande músico
tropicalista, Tom Zé.
Então, ela
forma vários segmentos de artistas, de produção artística no estado de São Paulo,
não só nos três centros culturais aqui de São Paulo, mas em todo o interior
paulista e Baixada Santista. Então, Tarcísio, tire as suas mãos da TV Cultura.
A TV Cultura é pública e é do povo do estado de São Paulo.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito bem, deputado Carlos Giannazi. Nossa
solidariedade em favor da isenção e da boa realização do jornalismo da TV
Cultura.
Meus
parabéns. A TV Cultura tem o programa Roda Viva, por exemplo, um programa
exemplar no que diz respeito à notícia mais fidedigna possível, com debates
sempre esclarecedores.
Tem
agora a palavra o deputado Jorge Wilson. (Pausa.) Deputado Reis. (Pausa.) Não,
já estávamos aqui, mas é adiante. Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado
Eduardo Suplicy.
Agradeço
ao deputado Carlos Giannazi.
*
* *
-
Assume a Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência à lista de oradores inscritos
no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Eduardo Suplicy, que fará o uso
regimental da tribuna por até cinco minutos.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Carlos Giannazi, a revista
“Veja” hoje, nas páginas amarelas, em uma entrevista de alta qualidade com
Erika Hilton, a deputada estadual, com o título “O Congresso é machista”.
Entrevista de Sofia Cerqueira e Mafê Firpo, junto a primeira deputada trans no
País, que conta como ainda é alvo do preconceito dos colegas, uma intolerância
que lhe causou feridas desde muito cedo e contra a qual ela luta em Brasília.
Depois de breve afastamento para uma rinoplastia, da qual
saiu com semblante mudado, atiçando as implacáveis redes, a deputada
federal Erika Hilton, de 31
anos, está de volta à cena, demarcando um terreno em que ela própria representa
um avanço notável, pois a primeira parlamentar transexual junto da colega Duda
Salabert, do PDT-MG, a ocupar tão alta tribuna.
No posto de líder do PSOL-Rede, Erika quer dar
visibilidade a bandeiras que vem arrastando aos holofotes desde os tempos de
ativismo estudantil na faculdade de Pedagogia e, mais tarde, como vereadora em
São Paulo, onde ela foi minha colega.
Quando Erika Hilton chegou na Câmara Municipal, eu era o
presidente da Comissão de Direitos Humanos e Erika disse que gostaria muito se
eu pudesse ceder a ela o cargo de presidente e então a comissão.
Eu achei por bem, achei que ela tinha muito mérito e me
tornei o vice-presidente e sempre tivemos uma parceria formidável que continua
até hoje. Nascida em Franco da Rocha, na região metropolitana paulista, ela
revive nesta entrevista à “Veja” o momento em que se entendeu como trans, o que
viria a produzir uma fissura familiar, levando à sua expulsão de casa e à
prostituição nas ruas.
De fala ligeira e afiada, a deputada, recém-contratada
por uma agência de
modelos, não poupa nem a esquerda, onde também vê germinar o preconceito. “Ele
está por toda a parte”, dispara.
Aí vem as
perguntas e as respostas. “Como foi recebida em Brasília, ao estrear como
deputada federal em 2023? De forma bastante hostil, comportamento que
reflete uma instituição majoritariamente masculina, branca e que não é só
machista, mas LGBTfóbica.
É verdade que,
à medida que conquisto meu espaço, essa barreira, alimentada por estereótipos,
vai mudando. Mas há setores na Câmara, como o da extrema direita, intolerantes
e barulhentos, que só querem criar obstáculos a pessoas como eu, dentro e fora
do Parlamento.
Como reage às
provocações mais radicais? Sou adepta de uma relação republicana, mas, em
muitos casos, é impossível. A única forma de lidar com essa turma movida por
ódio, preconceito e mentiras é pelo enfrentamento.
A senhora está
processando o deputado Pastor Sargento Isidório, do Avante da Bahia, por ele
ter chamado a transexualidade de ‘fantasia’ e se referido à senhora em plenário
como ‘meu amigo’. Foi alvo de outras manifestações do gênero?
Essa foi a mais
explícita, mas elas são recorrentes. Em setembro, um ataque partiu da deputada
bolsonarista Coronel Fernanda, do PL do Mato Grosso, que em uma sessão alegou
que pessoas trans estão roubando o lugar da mulher de verdade.
Em outro episódio,
Nikolas Ferreira, do PL de Minas Gerais, usou uma peruca e fez discurso
transfóbico no Dia Internacional da Mulher. Por esse tipo de pensamento,
demoramos tanto a ingressar no Congresso.
A senhora já
declarou que ‘viu a desumanidade de perto’. Como? Senti na pele o
desprezo do Estado. Ainda somos invisíveis na sociedade e mortas de forma
gratuita, sem que ninguém se compadeça. A droga, o cárcere e a marginalidade
são comuns em nossa trajetória. Experimentei a dor da evasão escolar e da
violência policial. É desumano.
Em que ponto da
vida se reconheceu como trans? Desde sempre me entendi assim, ao
contrário de muita gente que, em certa hora, enfrenta um processo de
discordância com relação a roupas, aparência e identidade.
Fui criada num
lar matriarcal, com mãe solo, avó e tias que me aceitavam e me criaram como
menina. Apesar disso, encarei uma fase dolorosa na adolescência. Tudo mudou
quando minha mãe passou a frequentar uma igreja evangélica e experimentou uma
radical lavagem cerebral.
Morou mesmo na
rua? Sim. Com uns 14 anos, fui expulsa de casa e conheci a brutalidade das
ruas. Não tinha emprego, nem para onde ir. Nesse período, minha mãe dizia que
não poderia me aceitar como travesti, que não era coisa de Deus, era contra a
natureza humana. A ruptura familiar, a rejeição e a ausência de oportunidades
causaram muita dor. Foi o fundo do poço.
Pode contar um
pouco do que passou nessa fase? Atravessei a adolescência na
prostituição. Fiz ponto nas calçadas de Jundiaí, Francisco Morato, Itu e também
na Capital. A prostituição é algo compulsório para pessoas como eu no Brasil —
90% trilham esse caminho, sem outra opção.
E há uma
hipocrisia: ao mesmo tempo que nos odeiam e matam, consomem o mercado de
mulheres trans e travestis. São pais de família, evangélicos, padres, pastores.
Felizmente, depois de uns sete anos, resgatei a relação com minha mãe e voltei
para casa.
Nos últimos
anos, a esquerda abraçou a bandeira das lutas identitárias. É um espectro
político livre de preconceitos?” Responde Erika Hilton: “A discriminação e a
intolerância estão em todos os lugares. A esquerda não é um grupo político
feito só de anjos ou de pessoas que vivem em Marte. Ela reúne valores variados
e, sim, também lá se vê preconceitos contra trans e travestis.
Guilherme Boulos, de seu partido, é
pré-candidato à Prefeitura de São Paulo com a chancela de Lula, e, nos
bastidores do poder, dizem que o PSOL corre o risco de ser engolido pelo PT.
Teme que aconteça?
Acredito que
não. Neste momento, integramos a base do governo Lula no Congresso e formamos
uma frente de esquerda para avançar naquilo em que acreditamos. O PSOL não se
sente desprestigiado ao ocupar postos de menor relevância na Esplanada,
enquanto legendas de centrão desfrutam de protagonismo?
Não enxergo
assim. Claro que ter assentos na política é importante, mas o nosso compromisso
não é baseado em cargos. A política é uma arena dura, na qual é necessário
tecer acordos. Às vezes, é preciso dar um passo atrás para, mais tarde, poder
avançar.”.
Eu não quero
abusar, deputado Carlos Giannazi, mas a entrevista é muito interessante e eu a
recomendo. A última pergunta é, pulando diversas: “Uma futura candidatura
presidencial, como pede uma fatia de seus seguidores, está nos planos?
É provável que tente a reeleição na Câmara e,
depois, penso no Senado. Num futuro, quem sabe a Presidência. Mas, olhando hoje
para a configuração do Congresso, para a sociedade brasileira, acho que o País
ainda está distante de eleger uma mulher trans ao cargo máximo da República. Há
muito o que avançar.”.
Sr. Presidente,
quero aqui enaltecer a qualidade dessa Erika Hilton, que tive a honra de com
ela, tantas vezes, estar colaborando na Comissão de Direitos Humanos, da qual
ela foi presidente.
Mas, gostaria
aqui de assinalar que o Congresso Nacional, recentemente, instituiu a Política
Nacional de Trabalho Digno e Cidadania para a população em situação de rua, de
autoria, exatamente, da deputada federal Erika Hilton. Eu quero cumprimenta-la
por essa iniciativa e cumprimentar o PSOL por ter em Erika Hilton uma das suas
mais importantes representantes. Muito obrigado.
Sr. Presidente,
como trágico acontecimento para pessoas trans, de sábado para domingo, ao sair
de uma festa, duas pessoas trans começaram, na saída, a dialogar com outros
participantes daquela festa e eis que dois deles começaram a agredi-las.
Quando um
deles, ou até os dois, saíram no carro, eis que ao verem-nas na calçada
andando, atiraram em ambas. Uma delas foi ferida mortalmente e a outra
conseguiu escapar e correr. Mas, é tipicamente uma atitude criminosa contra
pessoas trans que não podemos admitir.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito
obrigado, deputado Eduardo Suplicy. Gostaria de chamar V. Exa. para continuar
conduzindo esta sessão, para que eu possa utilizar a tribuna ainda no Pequeno
Expediente.
Na sequência da lista de oradores
inscritos no Pequeno Expediente, com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.)
Com a palavra, deputado Gil Diniz. (Pausa.) Agora, sim, na Lista Suplementar,
passo a palavra para o deputado... A Presidência para o deputado Eduardo
Suplicy.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Com a
palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Em seguida, agora,
deputado Carlos Giannazi, com o tempo regimental.
O SR. CARLOS
GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO
ORADOR - Sr. Presidente, deputado
Eduardo Suplicy, hoje eu quero mais uma vez, aqui da tribuna da Assembleia
Legislativa, defender os direitos e a dignidade dos agentes de organização
escolar e, na verdade, de todos os segmentos dos servidores do quadro de apoio
escolar da rede estadual de ensino, que hoje são considerados, sim, até pela
LDB, profissionais da Educação.
No entanto, aqui no estado de São
Paulo, há muitos anos, esse importante segmento de profissionais da Educação
vem sendo discriminado, Sr. Presidente, do ponto de vista salarial, do ponto de
vista funcional, do ponto de vista da jornada de trabalho, do ponto de vista
das condições de trabalho. Nos últimos anos, sobretudo nas últimas gestões, Sr.
Presidente, essa importante categoria profissional foi extremamente massacrada,
eu diria enganada.
Eu me lembro que recentemente, quando
houve o pagamento de um bônus pelas sobras do Fundeb, os professores receberam,
os diretores; no entanto, os agentes de organização escolar ficaram de fora
dessa bonificação. Um absurdo isso.
Nós fizemos várias tentativas e
tratativas junto à Secretaria da Educação, a Seduc, na época, quando ainda o
secretário era o Rossieli. Mas, apesar das promessas, o governo deu um
passa-moleque e não pagou o bônus.
Por exemplo, Sr. Presidente, um dos
ataques a esses servidores é a falta, agora, de promoção, de reenquadramento,
porque eles têm direito à evolução funcional, mas essa evolução não está
acontecendo com a promoção, com a evolução, com o reenquadramento, está tudo
parado.
Esses servidores e servidoras já têm
salários arrochados, defasados demais. Aliás, é o segmento que tem um dos
piores - se não for o pior - salários do funcionalismo público estadual,
ganhando, muitas vezes, com os descontos, abaixo do salário mínimo regional e
nacional.
Para os profissionais, para os
agentes de organização escolar que trabalham, por exemplo, nas escolas PEI, do
Programa de Ensino Integral, não há a gratificação que já existe para os
professores e para a gestão da escola.
Todos os professores, por exemplo,
que trabalham em uma escola PEI têm uma gratificação, um determinado valor, mas
os agentes de organização escolar que estão na mesma escola não recebem a
gratificação nem parte da gratificação, Sr. Presidente.
Então isso é de uma injustiça, de uma
perversidade, de uma crueldade jamais vista contra uma categoria profissional.
E tem mais: em relação ao ALE, ao adicional de local de exercício, o governo
deu um calote em toda a rede estadual. Ninguém está recebendo mais o ALE,
porque o governo não publicou o decreto. Então, há dois meses, há mais de dois
meses, os servidores da Educação não recebem o ALE.
O governo reedita o mesmo ataque, o
mesmo erro do ano passado. O ano passado aconteceu a mesma coisa, e nós estamos
denunciando exaustivamente o não pagamento do ALE para os profissionais da
Educação. No entanto, os agentes de organização escolar que trabalham nas
escolas que recebem o ALE recebem um valor inferior ao que recebe um professor
ou um diretor de escola.
Eu estou dizendo isso, Sr.
Presidente, para citar algumas das perversidades do governo contra os agentes
de organização escolar. Então eles não estão tendo a promoção, a evolução, o
reenquadramento na carreira. O cargo de secretário de escola, um cargo que
existe, foi colocado em processo de extinção, e aí a situação é muito pior,
porque nós temos aí uns dois ou três
mil cargos ocupados por secretários e secretárias que não têm nenhum tipo de
evolução.
Enfim, é isso
que vem acontecendo. Então olha, o ALE não é pago no mesmo valor que é pago
para os professores, sendo que o agente de organização escolar fica o dia todo
dentro da escola, Sr. Presidente. Ele está em uma escola vulnerável, em uma
escola distante, e o professor também está.
Mas muitas
vezes, se a escola não é PEI, o professor fica menos tempo do que o agente de
organização escolar, porque a jornada do professor é outra. Mesmo assim, o
agente de organização escolar tem apenas uma parcela desse valor, Sr.
Presidente. Na escola PEI ele não recebe a gratificação, o professor recebe, o
diretor recebe.
Enfim, são
tantos os ataques, tem essa questão salarial também, que é gravíssima, Sr.
Presidente, tem um vale-refeição de apenas 12 reais. Então, para concluir, aqui
da tribuna da Assembleia Legislativa, posso fazer essa gravíssima denúncia mais
uma vez, porque eu tenho usado sistematicamente a tribuna e as comissões para
denunciar e cobrar providências do governo, Sr. Presidente.
Mais uma vez
quero, da Tribuna da Assembleia Legislativa, exigir que o governador Tarcísio
de Freitas e que a Secretaria da Educação tomem providências para valorizar do
ponto de vista salarial, do ponto de vista funcional e do ponto de vista da
melhoria das condições de trabalho para todos os servidores do quadro de apoio
escolar da rede estadual de ensino.
Eu gostaria que
cópias do meu pronunciamento fossem encaminhadas ao governador Tarcísio de
Freitas e ao secretário de Educação.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT- A sua
solicitação, deputado Carlos Giannazi, será encaminhada. Peço aos responsáveis
para que possam encaminhar tanto ao governador como ao secretário da Educação.
Então, solicito agora que, novamente, o deputado Carlos Giannazi possa me dar
outra oportunidade para expressar o nosso sentimento.
*
* *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando sequência
à lista de oradores escritos no Pequeno Expediente, agora já na nossa Lista
Suplementar, eu gostaria de chamar para fazer o uso da tribuna o deputado
Eduardo Suplicy.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Carlos Giannazi, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, eu gostaria de registrar hoje aqui e comentar a entrevista que
a premiada pelo Nobel de Economia Esther Duflo deu e foi publicada hoje na “Folha
de São Paulo”, no Ilustríssima, no dia 14 de abril, então foi ontem.
“Esther Duflo,
economista francesa afirma que a cobrança de imposto sobre a fortuna de
super-ricos e o aumento da tributação de multinacionais foram incorporados ao
espírito do tempo e podem gerar, em todo o mundo, US$ 500 bilhões ao ano para
financiar medidas de mitigação de impactos da crise climática sobre populações
e países pobres.
Na próxima
quarta-feira, dia 17, os ministros da Fazenda dos países do G20 reunidos em
Washington ouvirão uma proposta que alguns anos atrás seria inimaginável em um
fórum do gênero: usar um imposto sobre os bilionários para lutar contra a
pobreza e as consequências da crise climática.
A autora da
proposta, Esther Duflo, de 51 anos, vencedora do Nobel de Economia de 2019,
falará como convidada do governo brasileiro, atualmente na presidência rotativa
do G20. Segundo a economista francesa, chegou a hora para articular as duas
questões, pobreza e aquecimento global.
Propostas de
taxação de super-ricos vêm ganhando aliados nos últimos anos. Em fevereiro,
Fernando Haddad encampou uma dessas propostas, de outro economista francês,
Gabriel Zucman, colega de Duflo na Escola de Economia de Paris e especialista
em paraísos fiscais.
Segundo Duflo,
cobrar 2% sobre a fortuna dos super-ricos e aumentar a tributação das
multinacionais arrecadaria US$ 500 bilhões por ano, que poderiam ser
direcionados para ajudar os mais pobres do planeta, maiores vítimas da
emergência climática.
Parte do
dinheiro seria diretamente injetada em contas digitais dessas pessoas, parte
seria usada como resseguro para os governos obrigados a arcar com os custos das
catástrofes e o restante seria investido na adaptação ao calor extremo nas
regiões mais afetadas.
A pesquisadora
afirma buscar ‘influenciar o mundo real’: é uma das fundadoras do J-PAL
(Laboratório de Ação contra a Pobreza Abdul Latif Jameel) - rede mundial de
pesquisa que tem uma representação no Brasil, no Insper, em São Paulo - e
lançou na França no ano passado uma série de livros infantis com histórias para
conscientizar as crianças dos problemas da miséria.”
Eis a
entrevista de Duflo à “Folha” sobre a proposta que vai apresentar em
Washington: “Na última reunião preparatória do G20, em São Paulo, em fevereiro,
Fernando Haddad mencionou uma proposta de imposto sobre os super-ricos. Essa
proposta é igual à sua?”
“Não é a mesma,
mas eu a conheço muito bem e a apoio. Gabriel Zucman, que está muito envolvido
com ela, é meu vizinho de sala em Paris. A minha é, digamos, complementar,
porque trata da necessidade de financiamento para adaptação e compensação pelos
danos climáticos para as pessoas mais pobres do planeta. O imposto recomendado
pelo ministro Haddad em fevereiro é uma dessas fontes.”
“A senhora dá
muita ênfase à viabilidade dessas propostas. Por quê?”
“Não basta mais
apresentar argumentos teóricos e morais, do tipo ‘é só fazer isso’. Temos que
ser mais pragmáticos, porque a mudança climática já chegou. As temperaturas já
aumentaram. Os últimos 12 meses foram os mais quentes já registrados. Os danos
já estão acontecendo, principalmente nos países mais pobres, que não têm
condições de se proteger.
Precisamos agir
hoje. Até agora, temos demonstrado uma total incapacidade de lidar com esse
problema. Não basta fazer declarações ou criar um fundo sem investir dinheiro
algum nele.
Nuca se falou
tanto em um imposto sobre os super-ricos. Ele está no espírito do tempo?
Sim, e o Brasil
fez muito para colocá-lo no espírito do tempo. Antes de fevereiro, estava menos
que agora. O fato de ter sido encampado pela Presidência brasileira do G20 faz
uma grande diferença, mas há outros fatores que tornam esse imposto possível.
Por um lado, o
aumento da desigualdade e, em especial, das enormes fortunas. Por outro, a
constatação de que essas grandes fortunas não pagam Imposto de Renda. Não se
trata de tirar a fortuna deles, mas obriga-los a pagar impostos como os que nós
pagamos sobre os nossos salários.
O retorno
mínimo da Bolsa, para quem é muito rico, é de cinco por cento. Hoje, essa renda
não é tributada. Tributar o patrimônio em 2% equivale a tributar cerca de 40%
da renda, o que equivale à alíquota superior do Imposto de Renda na maioria dos
países. Isso mostra que é possível chegar a um entendimento internacional.
Chegou o momento de introduzir o imposto sobre bilionários.
O imposto sobre
empresas já está sendo implantado. Ao aumentar um pouco esse imposto ou usar o
todo ou parte do imposto sobre os super-ricos, poderíamos financiar até US$ 500
bilhões por ano para os mais pobres do mundo.”
Não terei tempo
de ler toda a entrevista de Esther Duflo, mas agradeço, Sr. Presidente, se
puder ser publicada na íntegra pelo Diário Oficial com respeito aos trabalhos
de hoje na Assembleia Legislativa. Então, vou entregar à taquigrafia. E volto a
presidir a sessão, para que possa fazer mais um pronunciamento.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Esta
Presidência acolhe a solicitação de V. Exa. e fará os encaminhamentos devidos.
E chamo V. Exa. para continuar presidindo a nossa sessão de hoje, para que eu
possa também fazer uso da palavra.
Com a palavra, o deputado Conte Lopes,
que fará uso regimental da tribuna.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Eduardo
Suplicy.
*
* *
O
SR. CONTE LOPES - PL -
Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, esse final de semana, domingo,
mais um policial militar, um jovem de 21 anos, Luca Angerami...
Inclusive,
recebi um telefonema, um contato do Dr. Edson Santi, que foi funcionário meu
aqui na Assembleia Legislativa e hoje é um dos grandes delegados de polícia, de
que o Luca Angerami é neto do Dr. Angerami, que também foi um grande delegado
de polícia aqui em São Paulo. Ele estava no Guarujá, à paisana; devia estar em
algum lugar, não em serviço, quando foi sequestrado por bandidos.
O carro dele já
apareceu, e o rapaz, o policial até o momento encontra-se desaparecido,
infelizmente. A gente já fica pensando que não tem outra situação, né. Mais uma
vez, a bandidagem agiu, atacou um policial, ficou sabendo, mesmo ele estando à
paisana, que era policial; o sequestrou no Guarujá, Santos, na Baixada. E a
família está aí, desesperada, atrás do Luca Angerami.
Então, uma
situação muito difícil. Às vezes, a gente vê aqui muitos deputados, inclusive,
criticando a ação da polícia na Baixada. Mas olha aí: é um policial, ele não
estava indo em guerra, ele trabalha até em São Paulo, não trabalhava lá.
Só que
descobriram que ele era policial, e ele foi condenado à morte. Porque no Brasil
tem pena de morte. É, aqui tem pena de morte, os bandidos executam quem eles
bem entenderem.
Tivemos
exemplo, até, do irmão da deputada Sâmia Bomfim, que foi vereadora conosco na
Câmara Municipal, que foi morto, um médico que foi fazer um curso no Rio de
Janeiro. Cuidou da hospedagem do hotel, desceu com os amigos para tomar uma
cerveja e foi confundido - pelos traficantes, pelo miliciano, ninguém sabe quem
é - e foi morto.
Simplesmente
por isso, porque um dos caras que estavam lá, um dos médicos, era careca e
gordinho. Isso aí, como acharam que ele era um miliciano, resolveram matar quem
estava junto com ele; balearam e mataram dois.
É o fim do
mundo que isso aconteça. Quer dizer, a pena de morte está na mão dos bandidos.
Quando a gente fala, desta tribuna, que segurança pública não é problema nem de
esquerda nem de direita, mas da sociedade, é uma realidade.
Está aí a
jornalista Silvia Poppovic, que foi almoçar com amigos, saiu na rua para voltar
para casa e foi atacada, teve a mão machucada por bandidos, sozinha. Uma mulher
com seus 69 anos. Os bandidos não respeitam ninguém, e nós continuamos passando
a mão na cabeça de bandido, achando que bandido é um problema social.
Bandido, minha
gente, anda de carro importado, de avião, alguns até fazendo negócio na
prefeitura agora. Está aí a situação da Prefeitura de São Paulo com os ônibus.
Ninguém fala
nisso - que os ônibus da prefeitura, na zona sul, zona leste, estão envolvidos
com o PCC. E é mais triste também que a gente vê que o prefeito Ricardo Nunes
vai lá falar, ele não... Não dá para entender. Quer justificar o quê? Que a
prefeitura não está fazendo o negócio? É uma coisa triste.
Mas fica aí, o
crime é isso. Então, se o crime tem donos de ônibus, mais de mil ônibus os
caras têm. Na zona leste, quase 200, na zona sul, mais de mil ônibus. Então não
é problema social, mais um bandido - já foi, há 50 ou 60 anos atrás. Agora não,
agora o bandido vive do crime.
Está aí, um
garoto de 21 anos, policial militar, com a Polícia Civil e a Polícia Militar
procurando a família, porque sumiu. Talvez, porque ele é policial, e o bandido
não aceita quem é policial. Eles matam, eles executam policial por executar.
Quer dizer, para eles, tem pena de morte. Se for preso, vai ter saidinha, que o
Lula vetou a saidinha.
Vai ter
saidinha, vai ter mulher na cadeia. Vai ter um salário, recebe um salário e vai
preso. Então infelizmente é isso. Enquanto o policial, que perdeu a vida, vamos
torcer para quê? A gente, que vive na polícia há mais de 50 anos, a gente
infelizmente sabe que não deve ter outro resultado para essa procura.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Deputado
Conte Lopes. Agora tem a palavra o deputado Carlos Giannazi pelo tempo
regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Eduardo Suplicy, deputado Conte
Lopes, de volta à tribuna no dia de hoje. Sr. Presidente, a privataria
bolsotucana está solta mesmo, no estado de São Paulo.
Agora nós
estamos vendo e lendo, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, a publicação
de uma resolução, a Resolução nº 74, da Secretaria Estadual de Saúde. Resolução
SS nº 74, que foi publicada, no Diário Oficial, no último dia 11, na semana
passada, 11 de abril, entregando hospitais estaduais para as organizações
sociais de caráter privado. Eu me refiro aqui, está aqui a resolução, eu trouxe
até para que todos os deputados tenham clareza da gravidade da situação.
Essa é a
resolução, que dispõe sobre - chama de terceirização -, mas é privatização
mesmo, se a gente analisar concretamente. O que diz a resolução? Que o Estado
vai entregar três hospitais para essas empresas, essas organizações sociais de
caráter privado.
Vou dar o nome
dos hospitais. Hospital Geral de Taipas, Hospital Geral de Vila Penteado, e
Hospital Regional Rota dos Bandeirantes em Barueri. Três hospitais serão
entregues para esses grupos. É a privataria.
Era a
privataria tucana, agora é a privataria bolsotucana. É grave essa situação
porque, em uma das falas do governador Tarcísio, quando ele foi receber o
prédio, em Barueri, ele disse, no ano passado, que iria entregar,
provavelmente, esse Hospital Rota dos Bandeirantes, que fica no município de
Barueri, para o Sírio ou para o Einstein.
Mas que os
grandes hospitais, que se constituem também em organizações sociais de caráter
privado, que esses hospitais teriam que pegar também os ossinhos do sistema de
saúde.
Ele estava se
referindo, e ele fala claramente, tem o vídeo, onde ele diz que o Hospital
Geral de Taipas é um ossinho, e o outro ossinho é o Hospital Geral de Vila
Penteado. Agora, é um absurdo essa privataria também na Saúde, que vem de
longe, mas está sendo intensificada agora.
Primeiro o
governo vai sucateando, vai degradando os hospitais públicos, de propósito, em
uma política deliberada, não realizando mais concursos públicos para médicos,
para funcionários administrativos, para a área da enfermagem, todas as
categorias dessa área.
Então ele vai
sabotando o próprio hospital público para justificar em seguida, ali na
esquina, essa privatização, a entrega para as organizações sociais de caráter
privado.
Quero destacar
aqui que o Hospital de Taipas e da Vila Penteado, por exemplo, são hospitais
importantes de ponta, que atendem com dignidade a população através dos seus
servidores da Saúde que estão lá vestindo a camisa dos dois hospitais. Mesmo
sem financiamento adequado, mesmo com toda essa sabotagem, esses hospitais têm
ofertado qualidade, Sr. Presidente,
uma oferta humanista de atendimento.
Porém, agora, o
governo... Depois de tanta sabotagem,
não realização de concurso público, falta de investimento financeiro do Estado,
para justificar exatamente a entrega do nosso patrimônio da Saúde a essas
organizações ditas sociais. Mas fico imaginando como o Hospital Sírio-Libânes é
uma potência, inclusive econômica, então não vejo nada de organização social, o
“social” é entre aspas na verdade.
Sr. Presidente,
eu queria repudiar aqui veementemente essas privatizações, essas terceirizações
e dizer que eu apresentei no dia de hoje um PDL, um projeto de decreto
legislativo para revogar, para anular exatamente essa Resolução nº 74, que foi
publicada na semana passada, no Diário Oficial.
Eu peço ajuda e
o apoio de todos os deputados
para que nós possamos revogar essa Resolução nº 74, da Secretaria da Saúde, e
impedir que esses hospitais sejam entregues à iniciativa privada, porque nós
somos contra, Sr.
Presidente, à terceirização.
Nós defendemos os SUS, o Sistema Único de Saúde, com
financiamento e que os seus profissionais sejam contratados através do concurso
público de provas, como determina a Constituição.
Muito obrigado, Sr. Presidente
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Não havendo mais
oradores inscritos, eu solicito o levantamento desta sessão.
O
SR. PRESIDENTE - EDUARDO SUPLICY - PT - Muito
obrigado. Havendo acordo de lideranças, esta Presidência, antes de dar por
levantado os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à
hora regimental, com a mesma Ordem do Dia da última quarta-feira. Está
levantada a sessão. Muito obrigado.
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- Levanta-se a sessão às 14 horas e 57
minutos.
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