2 DE SETEMBRO DE 2024

53ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DE COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO A ROBERTO RODRIGUES

        

Presidência: BARROS MUNHOZ

        

RESUMO

        

1 - BARROS MUNHOZ

Assume a Presidência e abre a sessão às 19h48min.

        

2 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Anuncia a composição da Mesa.

        

3 - PRESIDENTE BARROS MUNHOZ

Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene para a "Entrega de Colar de Honra ao Mérito Legislativo a Roberto Rodrigues", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos. Destaca o seu orgulho em ter presentes nesta solenidade Arnaldo Jardim e Roberto Rodrigues.

        

4 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Convida todos a ouvirem, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro", executado pela Banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Lê cartas enviadas pelos presidentes da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras e da Ocesp - Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo.

        

5 - PRESIDENTE BARROS MUNHOZ

Saúda as autoridades presentes. Relembra sua trajetória de deputado estadual à secretário de Agricultura de São Paulo, no governo Fleury, quando conheceu Roberto Rodrigues. Discorre sobre trabalhos desenvolvidos em parceria com a Secretaria da Agricultura com o homenageado. Ressalta o sucesso do agronegócio no Brasil e a imposição do País ao mundo. Esclarece que é o agronegócio que gera receita no estado de São Paulo e ajuda o desenvolvimento.

        

6 - AMÉRICO UTUMI

Ex-presidente da Ocesp – Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo, faz pronunciamento.

        

7 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Faz pronunciamento.

        

8 - JOSÉ VELLOSO DIAS CARDOSO

Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, faz pronunciamento.

        

9 - LUCAS BOVE

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

10 - ARNALDO JARDIM

Deputado federal, faz pronunciamento.

        

11 - MESTRE DE CERIMÔNIAS

Faz leitura sobre o Colar de Honra ao Mérito Legislativo. Anuncia a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo a Roberto Rodrigues.

        

12 - ROBERTO RODRIGUES

Engenheiro Agrônomo e homenageado, faz pronunciamento.

        

13 - PRESIDENTE BARROS MUNHOZ

Ressalta a importância de Roberto Rodrigues em sua vida. Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 21h15min.

 

* * *

 

- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Barros Munhoz.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Bem-vindos à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues. Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pela TV Alesp e pelo canal Alesp no YouTube.

Convido para compor a Mesa, primeiramente, o proponente e presidente desta sessão solene, deputado estadual Barros Munhoz. (Palmas.) Convido agora o homenageado da noite, agrônomo Roberto Rodrigues, acompanhado de sua esposa, Carla de Freitas. (Palmas.) Boa noite, Roberto.

Deputado federal Arnaldo Jardim, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo. (Palmas.) O secretário-executivo de Estado de Agricultura e Abastecimento, Edson Fernandes, por favor. (Palmas.)

Passo a palavra ao deputado Barros Munhoz para que proceda a abertura desta sessão solene.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - Iniciamos os nossos trabalhos, nos termos regimentais. Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, deputado André do Prado, atendendo minha solicitação, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues.

O mestre das cerimônias pode dar andamento? Porque eu quero falar com o coração, e não com a voz, mais para frente um pouco. Fique, então, a palavra com V. Exa., para que depois a gente dê andamento aos nossos trabalhos.

Nunca sem antes dizer que é um orgulho para nós termos entre nós o deputado Arnaldo Jardim, um seguidor dos caminhos abertos do nosso País por um Alysson Paolinelli, um Roberto Rodrigues. Tem milhões de outras pessoas, também, que nos orientaram nesse caminho, mas esses dois são os maiores da história do Brasil, Alysson Paolinelli e Roberto Rodrigues. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Neste momento, convido todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro, executado pela banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro 1º sargento PM Gesiel.

 

* * *

 

- É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

* * *

 

Agradecemos à banda do Corpo Musical da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro 1º sargento PM Gesiel, pela execução do Hino Nacional Brasileiro.

Registramos e agradecemos a presença das seguintes personalidades: representando a família de Roberto Rodrigues, eu quero citar aqui a irmã, Anita Rodrigues Fagundes. (Palmas.) Obrigado pela presença, Anita.

Virgílio Carvalho, representante do secretário de Estado de Turismo e Viagens, Roberto de Lucena. Manoel Mário de Souza Barros, presidente da Academia Latino-americana de Agronegócios; Jacir da Silva Costa Filho, presidente do Conselho Superior do Agronegócio (Cosag) da Fiesp; José Marconcini, chefe-geral da Embrapa Instrumentação. (Vozes fora do microfone.) Ok. Antes de continuar o registro de personalidades, convidamos a compor a Mesa também o deputado Lucas Bove, por gentileza. (Palmas.)

Registramos também a presença de Francisco Matturro, Chiquinho, ex-secretário de Agricultura e Abastecimento; Frederico Alexandre Roccia Dal Pozzo Arzolla, presidente da Comissão Permanente do Regime de Tempo Integral; Marcos Landell, diretor-geral do Instituto Agronômico de Campinas; Renata Camargo, superintendente regional da Conab de São Paulo.

Ana Cristina Barros, diretora de Sustentabilidade da Confederação Nacional das Seguradoras; José Luiz Tejon, diretor do Agronegócio - Fecap; Roberto Paranhos do Rio Branco, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia; Silverio Crestana, consultor, representa o deputado Itamar Borges; Simone Silotti, fundadora da Faça um Bem Incrível. Depois a gente registra mais presenças.

Gostaria também, neste momento, deputado Barros Munhoz, de ler uma carta aqui, enviada pela OCB, e uma outra carta pela Ocesp. A carta da OCB, Organização das Cooperativas Brasileiras:

“Excelentíssimo Sr. Roberto Rodrigues, gostaríamos de expressar nosso mais sincero agradecimento pela sua inestimável contribuição ao cooperativismo brasileiro ao longo de sua notável trajetória.

Sua dedicação e comprometimento em fortalecer e promover o setor no Brasil são exemplos de liderança e visão que inspiram todos aqueles que acreditam na força do cooperativismo como motor de desenvolvimento econômico e social. Sua defesa em prol do nosso movimento perpassa toda a carreira profissional.

Durante sua atuação como Ministro da Agricultura, V. Exa. não apenas defendeu os interesses do agronegócio brasileiro, mas também reconheceu a importância fundamental das cooperativas para o crescimento sustentável do setor.

A partir de suas ações e políticas, foi possível criar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento dessas organizações, proporcionando condições para que pequenos e médios produtores tivessem acesso a mercados mais amplos e melhores oportunidades.

Seu trabalho incansável em prol do cooperativismo vai além das fronteiras do nosso País. O reconhecimento internacional que V. Exa. conquistou, seja como Presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) ou em outras posições de destaque, ajudou a colocar o Brasil no mapa global do cooperativismo, mostrando ao mundo o potencial transformador desse modelo de negócio.

Ao longo de sua carreira, V. Exa. sempre demonstrou que o cooperativismo é mais do que uma forma de organização econômica, é uma filosofia de vida que valoriza a solidariedade, a união e o trabalho em equipe. Sua visão de um futuro em que as cooperativas desempenham um papel central na economia e na sociedade é um legado que continuaremos a seguir e a defender com orgulho e determinação.

Em nome de todos os que fazem parte do movimento cooperativista, reiteramos nosso agradecimento pela sua liderança e pelas contribuições inestimáveis que V. Exa. trouxe para o setor.

Seu exemplo continua a nos guiar, inspirando novas gerações a acreditar e a investir no cooperativismo como um caminho seguro para um futuro mais justo e próspero. Com a mais alta consideração e respeito, felicitamos V. Exa. por esta homenagem. Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB”. (Palmas.) (Vozes fora do microfone.)

Agora uma carta enviada pela Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo: “Estimado amigo e deputado cooperativista Barros Munhoz, quero cumprimentá-lo pela iniciativa de homenagear o nosso querido e imprescindível Roberto Rodrigues.

Sua sessão solene, Barros, presta um justo reconhecimento ao nosso sempre líder Roberto Rodrigues, pessoa que dedicou os tempos mais preciosos de sua vida - e ainda dedica - para aprimorar, difundir e defender o agronegócio brasileiro, assim como para levantar a bandeira do cooperativismo onde quer que estivesse.

Roberto Rodrigues é um dos maiores especialistas em agro e cooperativismo do mundo. Se não bastasse, sempre trabalhou com paixão e com a alma, tendo como metas a paz e a felicidade dos povos.

Eu queria estar presente com vocês neste momento tão especial, mas ainda convalesço de um procedimento médico. Registro aqui minha alta admiração e deixo meu grande abraço ao homenageado da noite, Roberto Rodrigues. Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp e coordenador do Fórum Paulista do Agronegócio”. (Palmas.)

Agora sim, deputado Barros Munhoz, passo a palavra para V. Exa. para as considerações iniciais.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - O verde sempre, não é? Minha gente, saudar o Roberto Rodrigues; sua esposa Dona Carla; nosso querido Arnaldo Jardim; secretário-executivo do Estado de Agricultura e Abastecimento, Edson Fernandes; nosso querido colega, deputado Lucas Bove, brilhante deputado com assento nesta Casa; Silvia Maria Massruhá, presidente da Embrapa. Olha que importância para a nossa reunião. (Palmas.)

Eu fico muito feliz de fazer a leitura de nomes que eu prezo tanto, são grandes amigos: José Velloso Dias Cardoso, da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamento; Américo Utumi, ex-presidente da Ocesp, gigante do agro também, gigante do agro (Palmas.); Antônio Junqueira, ex-secretário de Estado da Agricultura, também grande amigo, secretário-adjunto também da Secretaria da Agricultura, sempre com bastante sucesso.

Srs. Presidentes de sindicatos e associações; presidentes, diretores e colaboradores de empresas do ramo agropecuário; diretores, professores e alunos de agronomia; familiares e amigos do homenageado. Gente, eu fiz questão de não redigir absolutamente nada.

Eu fiz questão de falar com o coração e rememorar um pouco do que eu vivi com o Roberto Rodrigues, com o Alysson Paolinelli e com tantas pessoas que me ajudaram no difícil propósito de ser secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo e, depois, ser guindado à condição de Ministro de Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária do Brasil.

Foi uma surpresa para mim. Eu era líder do PTB aqui nesta Casa, e o governador Fleury me convidou para ser o secretário da Agricultura. E eu disse: “poxa, eu entendo muito pouco de agricultura, mas vamos lá, eu gosto muito de desafio”. E fui procurar quem? Quem conhecia agricultura.

E procurei os ex-secretários da agricultura. O Félix Domingues, que tinha sido secretário antes de mim; o Cláudio Braga, que tinha sido secretário também pouco antes de mim; procurei o Guilherme Afif Domingos, mas eu procurei os expoentes maiores, que me informavam: “olha, você tem que conversar com o Roberto Rodrigues. Você pode até aprender agricultura”.

E eu fui conversar com o Roberto Rodrigues. Ele me deu verdadeiras aulas, me deu ensinamentos. Foi de uma forma... Como ele é, não preciso falar o que ele foi. É exatamente o Roberto que todos nós conhecemos. E, graças a isso, eu me encorajei a ser secretário.

E fui à Fiesp. E a Fiesp me fez a seguinte indagação: “O senhor não é agricultor, o senhor não é agrônomo, o senhor não é veterinário, o senhor não é, enfim, do agro. O senhor é advogado, não é?”. Eu falei, “Sou advogado”. “E o senhor acha que pode tocar a Secretaria da Agricultura?”. Eu falei: “Posso”. “Mas por quê?”.

“Porque o que mais a agricultura paulista e brasileira está precisando é de um advogado. Alguém que advogue a sua causa. Que não precise esmolar em Brasília e em qualquer lugar. E eu venho aqui credenciado por pessoas como o Roberto Rodrigues”. E citei as pessoas que estavam me orientando.

E fui em frente. Fui na Rural Brasileira, passei pela mesma sabatina. E aí me fizeram uma solicitação. Eu falei: “Olha, vocês podem me informar um pouco melhor do que é isso?”. E me informaram.

Eu disse: “Olha, eu não sei se vou conseguir que seja atendido o pleito de vocês ou não, mas eu vou levar para o governador Fleury. E a semana que vem eu trago aqui a resposta”. Falaram: “A semana que vem?”. “Não, é”. “A semana que vem já?”. Falei: “Não, a semana que vem é mais do que razoável”.

E consegui o pleiteado pela Rural, junto ao governador Fleury, porque era lógico, era correto, era sério, era certo. E levei, em uma semana, a resposta. “Está positiva a resposta”. Aí ganhei a credibilidade da Rural. Mas tudo isso que eu fiz era orientado pelo Roberto. Eu tive a humildade - aliás, isso é muito importante.

Eu comecei a trabalhar na Bombril, eu sou... o Roberto Sampaio Ferreira, que era um gênio, o maior empresário do Brasil, ao meu ver. Ele sempre falava: “Ouça Zé Antônio. Zé Antônio, ouça. Às vezes, a pessoa mais simples é a que te dá a melhor ideia. E seja sempre cordato, seja sempre bom e procure fazer o bem”. Esse foi o ensinamento de vida que eu tive com o Sr. Roberto Sampaio Ferreira, o dono da Bombril, inesquecível.

Mas... e foi assim que eu estou dizendo tudo isso, minha gente, porque eu aprendi com o Roberto lá em Brasília, ele estava em todos os lugares, fazia tudo. Enfim, fomos em frente, e eu consegui caminhar. Fizemos um trabalho a favor da cafeicultura brasileira.

O Roberto deve se lembrar disso. Eu fui procurado pelo pessoal da cafeicultura. E foi uma tragédia. Eles vieram chorando na Secretaria da Agricultura. A pessoa de Marília, ou de Garça - não me lembro bem -, chorava.

E outras pessoas da cafeicultura paulista falaram: “O que houve?”. “A gente vai para Brasília, secretária. Nós somos humilhados, pisoteados. Quem nos atende é o tal de Roberto, sei o quê, xará do Roberto. Lá do terceiro escalão do Banco do Brasil”.

E aí fomos acomodando a situação, procurei o Fleury. O Fleury falou: “Olha, é difícil isso”. Falei: “Não, vamos em frente, vamos em frente”. E começamos a trabalhar e conseguimos, fui procurar o Alysson Paolinelli. Isso é interessante saber.

O Alysson falou: “Olha, Munhoz, eu te dou toda a ajuda, mas fica você no comando disso”. Falei: “Alysson, mal entendo de café, de política agrícola. Vai que eu te dou respaldo também”.

Outro Roberto Rodrigues da minha vida, Alysson Paolinelli. E nós fomos e resolvemos os problemas da agricultura, da cafeicultura paulista do Mato Grosso e de Minas Gerais. Quer dizer, era um negócio inusitado... Conseguiram, conseguiram...

Então, eu estou falando tudo isso, minha gente, não é para falar de mim. Absolutamente. Absolutamente. É para falar do que aconteceu no Brasil. A indústria aqui, o agro aqui. Hoje é o agro aqui, a indústria aqui. Não é isso? Não é isso? Então, eu quero dizer que foi por isso que eu indiquei o Roberto para esta homenagem.

Eu acho que nós paulistas, nós brasileiros, precisamos homenagear as pessoas que nos conduziram a esta situação de muito orgulho. Eu me lembro, fiz uma reunião para a questão da cotonicultura, a questão do algodão, e o pessoal do agronômico não abria a mão da privacidade das variedades. É uma só.

Mas não é possível. Os Estados Unidos têm dez, 20, 30 variedades, 50 variedades, outros países do mundo... Só nós vamos ficar com uma só, é um privilégio? Não, não, de forma alguma.

E abrimos o mercado. E de, sei lá se era 15º, 12º país do mundo em matéria de algodão, nós conseguimos ser hoje o primeiro país do mundo e vender para os Estados Unidos, que sempre venderam para nós. Esse é o Roberto Rodrigues. Nós precisamos render a essas pessoas a nossa mais sincera e profunda homenagem. Deu-se uma volta na bola brasileira e nós nos impusemos ao mundo, minha gente.

Não posso me esquecer também, esse é um outro episódio, é um episódio da febre aftosa. Houve uma ameaça da comunidade econômica europeia: depois de dois ou três meses, se nós não acabássemos com a aftosa, também São Paulo, Mato Grosso e tal, iriam ficar sem possibilidade de vender carne para a Europa.

E nós fomos - aí o Paolinelli foi conosco, foi conosco a Bruxelas - e batalhamos. Eu, caipira de Itapira, em Bruxelas, falando da carne brasileira para a Europa. Eu me achei o rei da cocada preta. Conseguimos. Fizemos o Fundepec. Já existia o Fundecitrus, e o Fundepec nos permitiu: febre aftosa nunca mais. Dedo do Roberto Rodrigues e do Alysson Paolinelli.

Minha gente, eu não quero me estender mais, já me estendi um pouco, mas eu quero terminar dizendo o seguinte: eu sou um brasileiro muito preocupado. Eu rezei muito para os meus filhos não irem embora do Brasil. Meus três filhos. Rezava quase todo dia: pelo amor de Deus, não leve eles embora daqui. Eu sou muito apegado aos meus três filhos. Hoje, eu rezo bastante para os meus seis netos irem embora do Brasil.

É muito difícil para mim dizer isso, mas eu sempre fui muito franco e honesto com os meus pensamentos, os meus sentimentos. É muito triste o que a gente está vivendo. É muito triste. O tráfico, a bandidagem, tudo tomou conta do Brasil.

Não dá mais para assistir televisão, minha gente. Eu assistia todos os programas, todos os noticiários. Todos, todos, todos. Hoje eu não assisto mais nenhum, mais nenhum. Enoja-me, revolta-me.

Então, eu busco forças para enfrentar essa triste realidade. Pedir a Deus que nos ajude a mudar essa realidade, e me sinto com a presença de vocês, ainda esperançoso, vocês são o sustentáculo de São Paulo e do Brasil, são os que constroem, os que empreendem, os que dão emprego, os que geram receita.

Nós temos a obrigação de acreditar ainda, e eu vou ainda parar de rezar para os meus netos irem embora e rezar para eles ficarem aqui também. É a nossa Pátria. Somos nós que temos que construir este Brasil. Fazendo como? Tendo pessoas como Roberto Rodrigues, com a personalidade dele, com a história dele e principalmente com os ideais dele.

Muito obrigado.

Viva o Roberto Rodrigues! Viva! Viva!

Obrigado.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Agradecemos ao deputado Barros Munhoz e, neste momento, vamos ouvir outras pessoas ilustres que tiveram essa proximidade que o Barros teve com o nosso homenageado Roberto Rodrigues.

Já que o Barros citou o grande Américo Utumi, então, por gentileza, Dr. Américo Utumi, ex-presidente da Ocesp, queremos ouvir a sua palavra. Venha aqui, Dr. Américo, ao púlpito. Ah, ele está para cá, eu estou pensando que está ali.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROS MUNHOZ - PSDB - É o mais jovem aqui presente, e estamos recebendo com muita alegria.

 

O SR. AMÉRICO UTUMI - Companheiros da Mesa, Barros Munhoz, grande companheiro desde a época em que eu era presidente da Ocesp, ele era o secretário da Agricultura e ele nos deu uma força. Um grande cooperativista, Arnaldo Jardim. Nosso cooperativista em Brasília está sempre conosco. Roberto, os demais membros da Mesa. O Barros pediu para que eu falasse alguma coisa do Roberto. E, realmente, é uma história que começa há 60 anos.

Então, vocês se preparem aí, que o negócio vai demorar um pouquinho. Nós éramos jovens, não é, Roberto? O Roberto era produtor de cana lá em Guariba, e eu era diretor da maior cooperativa agrícola da América Latina. Então, esses dois fatores, agricultura e cooperativismo, nos aproximaram.

E nós trilhamos juntos esse caminho em defesa do cooperativismo e em defesa da agricultura. E com isso, gente, eu fiquei sabendo, ou eu sei, de algumas coisas que ninguém sabe. Ninguém sabe, e o Roberto não fala, porque eu nunca conheci uma pessoa mais modesta que o Roberto. O Roberto promove os outros, mas ele não fala as coisas que ele fez. 

Então, se vocês me permitirem, deixa eu contar alguns episódios, Barros, que o Roberto não fala nada e que ninguém sabe. Vocês sabem que em 1995 o Roberto salvou a agricultura brasileira? Ninguém sabe disso. Mas eu sei. Eu sei porque eu estava junto ao Roberto. Quando veio o Plano Real, quem é agricultor naquela época sabe disso, que nós vimos uma hiperinflação, está certo? Em julho de 1995, o Plano Real estabilizou a moeda, está certo? O que aconteceu com os produtos agrícolas? Noventa e quatro, perdão.

O que aconteceu com os preços dos produtos agrícolas? Não só se estabilizaram, como os preços começaram a cair. E todos os agricultores tinham dívida dos bancos e essa dívida estava indexada. Então, o que aconteceu? Os nossos produtos começaram a baixar de preço, e a dívida do banco continuou subindo.

E chegou uma época tal que a dívida dos produtores agrícolas ficou impagável, porque havia uma dívida enorme toda e ninguém tinha mais condições de pagar. Aí eu falei para o Roberto: “Roberto, eu tenho 19 mil agricultores na cooperativa, eles estão quebrados”.

Ele falou: “Eu também, eu sou produtor de grandes, estou quebrado também. E agora, o que nós vamos fazer?”. Eu falei: “Vamos fazer o seguinte, vamos falar com...”, ele acabou de falecer, “Vamos falar com o Delfim Netto”.

Ele foi ministro da Agricultura, foi ministro do Planejamento, foi ministro da Fazenda. Vamos falar com ele. E nós fomos almoçar no restaurante que ele almoçava lá na Alameda Santos, Restaurante Máximo, acho que até fechou o restaurante. E o Roberto e eu fomos lá falar com o Delfim. Falar: “Ô ministro, a agricultura está quebrada, nós estamos quebrados. O que nós vamos fazer?”, e explicamos a coisa para ele.

E o Delfim falou: “Roberto, o Governo sabe disso. Ele sabe que essa dívida é escritural. O agricultor não deve esse dinheiro. Entende?”. “Mas como é que vamos fazer? Os bancos estão cobrando a gente”. Falei: “Não, Roberto, você vai no Governo e pede para prorrogar essa dívida, porque o Governo não pode anistiar a agricultura, porque senão o País quebra. Ele não pode anistiar”.

“Então, o que faz?”. “Vai lá no Governo e pede para prorrogar. Vai lá 20, 30 anos e vocês vão pagando”. O Roberto foi lá, foi falar com o Fernando Henrique, que é o presidente, foi falar com os ministros. Ele conseguiu convencer o Governo a prorrogar aquela dívida que nós tínhamos com os bancos. Foi há 20 anos. É um programa, tem até o nome do programa, esqueço.

Aí as cooperativas também, nós fomos lá também. O Roberto foi lá e falou: “E as cooperativas também estão quebradas”. Falei: “Não, então vamos fazer um programa também para as cooperativas”. Aí saiu o Pronacoop, também para pagar em 30 anos. E com isso, gente, o Roberto salvou a agricultura brasileira. Ninguém sabe disso. Ele fez isso.

Está certo, Roberto? Entende? E o Roberto tem feito coisa para a agricultura e para o cooperativismo que pouca gente sabe. Pouca gente sabe. Ele foi presidente da Aliança Cooperativa Internacional, o que ele fez a nível mundial para desenvolver a cooperativa também.

Outro dia eu relatei o fato que o congresso da Polônia tinha aprovado uma lei que ia acabar com as cooperativas da Polônia. Aí, por falar com o Roberto, o Roberto pegou um avião, foi lá para Varsóvia para falar com o presidente da Polônia. Ele conseguiu convencer o presidente da Polônia a vetar a lei que acabava com o cooperativismo.

Entende? Então, são esses fatos que o Roberto tem feito que pouca gente sabe. E eu acho que essa homenagem, Barros, é uma homenagem muito merecida. Eu acho que o Roberto gosta de promover os outros. O Alysson, que Deus o tenha, o Alysson também foi um grande companheiro nosso. O Roberto sempre dizia: “Não, o Alysson é o maior brasileiro vivo”. Faleceu, coitado, cedo.

Mas eu posso até dizer que hoje o maior brasileiro vivo está aqui, Roberto Rodrigues. 

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito bom, doutor. Fica aqui, doutor. Espera aí. Cumprimentar o Dr. Américo, foi presidente por três vezes da Ocesp. Por três mandatos, o Dr. Américo foi presidente da Ocesp. E tem o fato que ele não citou aqui, mas com toda qualidade, com toda essa capacidade do Roberto Rodrigues de conquistar, de conseguir, para o Brasil e para o mundo inteiro, ter essas conquistas.

O Roberto Rodrigues chegava lá na Ocesp... Na recepção, tinha um sofazinho ali. Quando ele chegava, todo mundo: “o Dr. Roberto está aí, o Dr. Roberto está aí”.

Mas eu me lembro bem: ele chegava, se sentava naquele sofazinho, pedia um café para a dona Hermínia. E a gente ia entrando ali, ou descendo a escada, e ele falava: “ô Fernando, vem cá, senta aqui comigo, vamos conversar; dona Hermínia, vem cá, vamos conversar”.

Então, de uma simplicidade, o Roberto, que a gente ficava assim maravilhado. Como é que pode uma pessoa que conquistou tanto, que fez tanto, chegava ali naquele sofazinho... Era o nosso amigo Roberto Rodrigues. Impressionante, o Roberto.

 

O SR. AMÉRICO UTUMI - Fernando, deixa eu só falar: eu me lembrei de uma coisa aqui também, que eu quero até contar a vocês. Vocês não sabem disso: o Roberto foi o único líder agrícola... E uma vez ele levou 30 mil agricultores a Brasília. Foi ou não foi, Roberto? Trinta mil agricultores.

Ele encheu o ginásio lá de Brasília de agricultores. Aquela Esplanada dos Ministério ficou lotada de trator e de caminhão do Brasil inteiro. Entende? E o Roberto... Bom, também, eles sempre falam: “não, mas também estava o Flávio Telles de Menezes, estava o Alysson Paolinelli, que é o presidente”. Mas na verdade foi o Roberto que conseguiu levar.

Então, ele tem essa qualidade, essa liderança na Agricultura, sabe. Então, eu acho que o que o Roberto tem feito pela Agricultura brasileira, realmente, um dia o Brasil vai reconhecer. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, Dr. Américo. Vamos ouvir agora, receber aqui no púlpito, o presidente da Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos, José Velloso Dias Cardoso, por gentileza. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ VELLOSO DIAS CARDOSO - Boa noite. Agora quem foi pego de surpresa fui eu. Eu não preparei nada, então eu vou ser bastante breve. O Roberto sabe a importância que ele tem para a Agricultura brasileira. E nós lá da Abimaq - os fabricantes de máquinas e equipamentos, tem alguns aqui - temos a nossa contribuição também.

Nós acreditamos que essa grande produtividade que o Brasil alcançou na Agricultura vem tanto da questão política, e o Roberto é o mestre disso; a Embrapa, que o presidente está aqui representando, a Embrapa hoje, e também as máquinas e equipamentos.

A gente procurou trazer a produtividade, e o Roberto foi fundamental nisso quando ele foi ministro da Agricultura. O Plano Safra, enfim, tanta coisa que foi feita para trazer a produtividade para o campo.

E hoje estamos aqui. Inclusive, lembro perfeitamente que você já foi presidente da Agrishow, a Agrishow nossa lá da Abimaq; foi um grande presidente, deixou a gente muito honrado naquela época. E agradecer também ao próprio Barros Munhoz, que foi o autor da lei que fez a concessão lá da fazenda para a gente fazer a feira.

Mas eu sinto que estou muito alegre, estou em casa. Conheci o Roberto - estava falando para ele hoje - quando eu era pequeno, na fazenda do Geraldo Diniz Junqueira. Foi lá que te conheci; você vivia indo lá conversar com ele, e eu te conheci lá em uma daquelas oportunidades. Então, eu deixo aqui o meu abraço. Parabéns.

Uma homenagem super merecida. E oxalá, como disse o nosso colega aqui, se o Brasil tivesse mais brasileiros, pencas de brasileiros como Roberto Rodrigues, Alysson Paolinelli e outros.

Parabéns, Roberto.

Obrigado pela oportunidade. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Obrigado, Velloso. Bom, antes de anunciar a próxima pessoa a falar, quero registrar aqui também a presença do ex-secretário de Estado de Agricultura, Antonio Júlio Junqueira de Queiroz, o Toto. Muito obrigado pela presença.

Deputado estadual Lucas Bove. Por favor, a palavra é sua.

 

O SR. LUCAS BOVE - PL - Boa noite a todos. Eu confesso que sempre invejei o Barros Munhoz, porque esse dom da oratória que ele tem é para pouquíssimos. Agora eu estou com mais uma inveja, porque o senhor está dando a medalha para o Roberto Rodrigues.

Eu nunca propus isso, porque eu tinha certeza de que ele já tinha essa medalha. Mas, brincadeiras à parte, parabéns, Barros, pela brilhante homenagem, brilhante e justa homenagem. Roberto Rodrigues é de fato uma figura diferenciada, e ninguém melhor do que você, meu amigo Barros Munhoz, para conceder essa honraria. Então, eu estou muito honrado de estar fazendo parte dessa Mesa aqui hoje.

Cumprimento o querido deputado federal Arnaldo Jardim, grande representante do agronegócio nosso lá em Brasília; Roberto; a sua esposa. Um prazer estar aqui ao lado dos senhores mais uma vez. Edson.

A Secretaria de Agricultura tem o Guilherme Piai, que é o número um, e geralmente tem o número dois. Na Secretaria da Agricultura, atualmente, o Piai é o número um, e ele é o número um “A”; não dá para chamar o Edson de número dois.

Faz um trabalho brilhante, é um secretário, realmente, da melhor qualidade e tem nos ajudado muito. Eu, que humildemente aqui represento o agronegócio, nesta Assembleia. Entre os 94 deputados, talvez tenhamos três ou quatro, não é, Barros: eu, você e mais uns dois ou três que falam sobre Agricultura e agronegócio aqui, o que é um absurdo.

Tínhamos que ter uns 20, 30 aqui, e vamos trabalhar para isso. Aliás, o Barros, meu professor aqui, tem me ensinado, me ajudado muito, sempre ao meu lado aí; eu fico muito contente.

Bom, o que falar do RR? Oitenta e dois anos de vida, Esalqueano, uma pessoa fenomenal, um pai, um avô, um homem que tem origem no agro, tem família no agro, tem pedigree, como a gente diz, e, se eu pudesse definir em uma palavra, acho que seria pioneirismo.

Roberto Rodrigues é um pioneiro por natureza, lá em 65, quando propôs rotacionar a soja com a cana, em 86, junto do querido Flávio Telles de Menezes e o saudoso Alysson Paolinelli, que nós homenageamos lá na Secretaria de Agricultura com uma sala com o nome dele, formaram a frente ampla do agronegócio, que até hoje tem um papel fundamental no nosso Brasil.

Em 88, aí eu já era nascido, em 88, tá? Eu nasci em 87, então, veja a sua história. Eu não tinha nem nascido e o senhor já tinha deixado um legado. Em 88, batalhou e venceu a batalha pelo cooperativismo na nossa Constituição, foi da SRB, foi da Abag, depois, mantendo a sua tradição no pioneirismo, trouxe a Agrishow, que era pequenininha no primeiro ano - ela aconteceu no mesmo dia da morte do Senna, em 94.

Então, imaginem o clima na Agrishow: “Puts, como é que vai ser essa feira? Será que vai dar certo ou não vai?”. Começou com tanta dificuldade, mas o Roberto Rodrigues não teme a dificuldade, e hoje a Agrishow é o que é, uma das maiores feiras de agropecuária do mundo, graças a ele e a todos aqueles que o ladearam nesse trabalho.

Ele foi um ministro fantástico, não preciso nem dizer; reestruturou o Conselho Nacional de Política Agrícola, o Conselho Deliberativo de Política do Café; ou seja, deixou legado - deixou e continua deixando.

Depois de ministro, continua militando sempre em favor do agronegócio, das boas práticas, e eu tenho aqui na Assembleia Legislativa duas pautas principais: Agricultura e Educação, e eu busco unir as duas.

Então eu faço muitos eventos com jovens aqui do agronegócio, com as ligas universitárias do agronegócio, e a primeira pessoa que eu convidei para fazer um evento aqui e participar foi o Roberto Rodrigues.

Se vocês me permitem, eu peço que as... Eu vou finalizar por aqui, porque tem muita gente para falar muita coisa sobre o seu legado, mas é muito interessante a forma como ele chama a atenção das pessoas.

Nós estivemos juntos em mais de um evento com a juventude, e a juventude adora o Roberto Rodrigues, aí ele grita, solta uma, solta outra, então eu vou finalizar aqui “à la” Roberto Rodrigues.

Parabéns, Robertão! (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Boa, Bove. Boa. Vamos ouvir agora o deputado federal Arnaldo Jardim.

 

O SR. ARNALDO JARDIM - Boa noite. É uma alegria muito grande poder estar com vocês. Há um clima de solenidade, porque é um momento solene entregar a mais alta condecoração do Legislativo paulista, mas há um clima de uma saudável e agradável camaradagem. Aqui, ao invés de discurso, a gente pode ter uma boa prosa, porque esse é o jeito do Roberto Rodrigues.

Eu quero cumprimentar a Assembleia Legislativa de São Paulo; eu quero agradecer a vibração do jovem Lucas Bove, e isso ficou muito claro na sua fala; mas eu quero pedir a todos vocês uma grande ajuda, porque ele é destemido, ele é uma pessoa que honra o Parlamento desde sempre, honrou a Secretaria da Agricultura quando foi secretário da Agricultura, honrou o Ministério da Agricultura quando foi um dedicado e realizador ministro da Agricultura, ele é incansável, ele é guerreiro.

Vamos todos reconhecer com uma grande salva de palmas a história e o trabalho do nosso querido Barros Munhoz. (Palmas.) Muito obrigado, Barros, por tudo que você faz, fez e - nós temos certeza - ainda fará.

Você nos possibilita aqui, nesta Mesa que está representando as mulheres, a companheira e esposa do Roberto, a querida Carla Freitas, e todos nós sabemos que a Carla não é só uma companheira de jornada, é uma das maiores lideranças, entre as mulheres do agro. Dando um grande abraço na Carla, eu aproveito para pedir uma grande salva de palma para todas as mulheres que aqui estão fazendo esse complemento tão importante. (Palmas.)

Queria dizer da alegria de termos aqui o Edson Fernandes, ele que faz um belíssimo trabalho ao lado do querido Guilherme Piai, seja portador, por favor, tanto ao Guilherme Piai como ao governador Tarcísio de Freitas, os nossos parabéns pelas linhas, valores que vocês têm desenvolvido.

Eu, que tenho o privilégio de ser atualmente indicado pelo governador, por unanimidade, eleito pelos setenta deputados de São Paulo, três senadores o coordenador da Bancada Paulista, tenho orgulho de ir lá proclamar o que se faz aqui em defesa do agro. Parabéns, Edson, uma alegria estarmos juntos.

Falar do Roberto Rodrigues, permitam-me todos vocês, talvez seja uma das coisas mais fáceis que a gente tem para fazer, porque quando a gente não precisa explicar muito, tudo fica melhor; quando a gente tem fatos que valem milhares de vezes mais do que palavras, fica tudo muito mais tranquilo de se fazer.

Eu fui ali, sentado com o Munhoz, eu fui anotando algumas coisas e me permito compartilhar com vocês aqui, com a responsabilidade de falar em nome da FPA, a maior frente do parlamento brasileiro, que é a frente parlamentar do nosso setor; falar em nome da Frente do Cooperativismo, que é a segunda maior frente que eu tenho a honra de presidir lá no Congresso Nacional.

Então, essas duas frentes têm tudo a ver com o que nós estamos conversando aqui nesta noite. Primeiro, a paixão absoluta que tem o Roberto Rodrigues pela Esalq. Eu estou vendo a turma de 65 aqui. Está certo? Representada.

O Roberto não se cansa de proclamar que é a melhor turma. Eu não tenho certeza. Isso vocês vão ter que resolver, aí da Esalq. Eu olho ali o Prof. Durval Dourado, até recentemente, diretor da Esalq.

E digo que a paixão que o Roberto tem na sua origem, do seu pai, aquilo que ele transmitiu para os seus filhos, e aquilo que brilha aos seus olhos, quando ele diz de netos que frequentam a Esalq, é um exemplo e é uma reverência. Saudar a Esalq é saudar o legado de Roberto Rodrigues. (Palmas.)

O Roberto Rodrigues, todos os anos, vai à Esalq. O Roberto Rodrigues participa dos festejos de lá. Eu me lembro, como se fosse hoje, quando ele chegou para falar para mim do Esalq Show, o momento de pensar a inovação, pensar a universidade se renovando. A história do Roberto tem a ver com a Esalq. E me desculpem todos, e acho que todos vão concordar: a história da Esalq deve muito ao Roberto Rodrigues.

Um segundo ponto, muito claro aqui. Pesquisa, compromisso com a pesquisa. A Silvia está aqui, da Embrapa. O Eliseu Alves, quando teve a ideia de ser o grande iniciador da Embrapa, chamou alguns companheiros. Chamou o Roberto Rodrigues. Aqui nós temos, tanto o Marconcini, que dirige um dos nossos institutos, todos representados, aqui da nossa Embrapa.

A pesquisa da Embrapa é um orgulho nacional. E agora, quando se pensou em renovar a Esalq, foi constituído um grupo de ex-ministros. Eu estava outro dia lá na OCP, quando chegou o Roberto, ao lado do Crestana, ao lado do Guedes, ao lado de tantas pessoas, para apresentar o trabalho que vocês fizeram, em parceria com a Silvia, de revitalização da Esalq.

Nós temos aqui o Prof. Marcos Landell, que dirige hoje toda a referência de pesquisa nossa, no estado de São Paulo. Eu fui secretário da Agricultura, com muito orgulho. O Antonio Julio também foi. O Chiquinho Maturro, que aqui está, grande secretário da Agricultura. Todos nós trabalhamos pelo fortalecimento daquilo que são os nossos institutos de pesquisa de São Paulo.

Mas o Roberto foi, o tempo todo, incansável para fortalecer os institutos. E particularmente para a valorização dos pesquisadores científicos do estado de São Paulo. Parabéns, Roberto, por esse compromisso com a pesquisa e com a inovação.

Eu vi ali no fundo uma pessoa que para mim é uma referência, o Ivan Wedekin. Quando o Roberto foi ser ministro, levou o Ivan Wedekin para pensar em CPR, para pensar em novos títulos que abririam o caminho para o processo do mercado de capitais chegar ao nosso agro.

Quando eu tive o privilégio de ser autor da Lei dos Fiagros, o Roberto foi uma das primeiras pessoas com quem eu fui conversar, para que isso tivesse uma possibilidade de inovação.

Não é à toa que está aqui o Roberto, do nosso grande Bradesco. Todos aqueles que lidam com o financiamento do setor sabem que o Roberto foi absolutamente inovador para que nós possamos ter aquilo que é necessário, que é impulso de recursos, de verbas, para que nós pudéssemos ter a ampliação desse conceito.

Duas semanas atrás, onde estava o Roberto, reunido a mim, a Tereza Cristina, o Pedro Lupion, o Alceu Moreira e outros que se dedicam à Frente do Agro, para nos reunirmos com ele, para discutirmos uma nova proposta, para transformar o seguro rural no Brasil. Este é o incansável Roberto Rodrigues, que assim pensa e deixa marcas por onde passa.

Eu estava aqui me lembrando de que um pensador americano criou um conceito que foi fundamental para que o agro americano desse o salto de qualidade, que foi o conceito de cadeia produtiva. Debrucei ali e falei: “Roberto, como é que chama mesmo esse pesquisador americano?”. Ele me falou e eu anotei aqui: Ray Goldberg.

Esse conceito foi extremamente fundamental para que o Brasil pudesse abrir um novo momento. Agora, na reforma tributária, quando veio uma grande sanha para poder taxar o agro, nós nos escudamos nesse conceito. Para mostrar que o agro não é só o ato de criar ou o ato de plantar e colher.

O agro é toda a cadeia antes, de insumos, que tem tantos representantes aqui de entidades. E é todo o processo depois, da agroindústria, do escoamento, da logística. É a cadeia do agro.

A primeira pessoa a falar no Brasil, a formular esse conceito, que é estratégico para nós, para pensar no futuro do agro, foi Roberto Rodrigues, que introduziu isso aqui no Brasil. Eu estava me lembrando, Roberto, e muitos falam hoje na questão do comércio internacional. O Américo Utumi já mencionou algumas passagens, eu poderia citar outras.

A luta e a demanda do algodão, que o Munhoz tão bem caracterizou, e outras coisas mais. O estilo vanguardeiro do Roberto, no sentido de abrir diálogo e criar oportunidade, sempre com as nossas entidades do agro.

Entidades do agro como a Abag, que está aqui, do nosso querido Caio Carvalho. Entidades do agro mais recentes, como a Alagro, que está aqui, do Manoel Mário, e que começam a criar esse corpo todo, que nos dá orgulho de dizer que nós temos uma institucionalidade.

Porque isso significa respeitar a história, ter princípios marcados de valores, e poder constituir aquilo que nós vamos adiante. O Roberto sempre lutou pela extensão rural. Hoje, no Brasil, quando nós temos esse desafio, e quando nós temos aquilo que nós todos acolhemos, que é de não permitir uma ideologização, quando alguns tentam colocar os pequenos contra o médio ou contra o grande.

Nós reconhecemos a agricultura familiar. Sabemos que a agricultura familiar é importante e que ela é complementar à agricultura empresarial de escala. Se complementam, convivem e produzem de uma forma equilibrada. 

Esse conceito o Roberto sempre defendeu quando defendeu a questão da extensão rural, e eu quero mencionar. Agora mesmo estava o Jovelino Mineiro aqui. Quero saudar, Edson, o trabalho extraordinário que você fez desde antes. Aqui nós temos representante do Itesp aqui, que é outra entidade fundamental para nós, quando nós aceitamos, e a Assembleia votou isso agora. 

Havia votado, na minha época, acima de 400 módulos, e agora para baixo de 400 módulos, a regularização fundiária, particularmente do Pontal do Paranapanema, e o Roberto nos ajudou nisso de sobremaneira. Quero falar de algo para adiante - e vou encerrando, Munhoz, para não ficar extensivo aqui -, que é a questão da sustentabilidade. 

Hoje todo mundo fala da sustentabilidade como uma grande novidade, e o Roberto foi um dos líderes, que ao nosso lado e de todos que aqui estão, nós aceitamos aquilo que foi o maior desafio para o setor agro.

Nós topamos o Código Florestal, e nós queríamos e queremos, por isso que lutamos pela plena observância do Código Florestal, que ele seja um reconhecimento. 

Porque o agricultor topou fazer a reserva legal, topou criar condições, mas deseja reconhecimento pleno de que isso se faça, e esse é o maior compromisso com a sustentabilidade. Não tem nenhum país do mundo, Jacyr Costa, você bem sabe disso, que tenha essa referência, com essa dimensão de assumir um compromisso com a sustentabilidade. 

Mas está aqui o Chiquinho Matturro, da Rede de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, o tal plantio direto que o Roberto, desde sempre, na sua guariba disseminou. Por isso tudo, Roberto, que é um acervo, e é um acervo que se complementa com o compromisso com o cooperativismo.

Disse bem o Américo Utumi, quando o Brasil teve que ter a oportunidade de ter a presidência da ACI, Aliança Cooperativista Internacional, não tinha melhor do que você. E você foi o brasileiro que presidiu a Aliança Cooperativista Internacional, por nosso orgulho. 

Por isso que a nossa turma está aqui, está aqui no Rossato, está aqui no Bruno da Coplana, está aqui no Matheus da Coopercitrus, está na representação da Ocesp, da OCB, que foi mencionada aqui, está na Cetril, lá da eletrificação rural, lá da região de Ibiúna, que está aqui representada, e eu vejo muitos outros que estão aqui, Ricardo Saboia e todos os amigos da Ocesp que aqui estão.

Porque a (Inaudível.) está aqui. É o Érico que está sentado lá? É o Érico que está lá no fundo, quietinho, nosso Érico Pozzer, que é também presidente da APA, Associação Paulista da Avicultura, porque todos nós reconhecemos.

Quando eu estive agora, em julho, lá no Congresso Mundial do Cooperativismo, todo mundo perguntava do cooperativismo de crédito, e como está o Roberto Rodrigues. Está certo? E nós dissemos que você está do jeito que sempre foi, fiel às raízes, fiel aos valores.

Não é à toa que a turma de Guariba está toda aqui, Jabuticabal, Guariba e adjacências, essa região, todos aqui representados, porque você assumiu cada vez mais responsabilidades, mas não deixou o seu jeito de ser, Roberto, o seu jeito humano, amigo, feliz, contador de boa prosa, inspirador de grandes causas. 

O Brasil precisa de heróis, heróis para que os netos do Munhoz aqui fiquem, com a garra que ele tem, e para que todos nós possamos nos inspirar, e você é inspiração. A história do agro se confunde com a sua vida, e a sua vida foi fundamental para o agro brasileiro ser esse orgulho mundial que nós temos de ser.

Viva, Roberto Rodrigues. 

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - Muito bom, Arnaldo Jardim. Agradecemos as palavras das autoridades e pessoas ilustres que estiveram aqui nesse microfone, e neste momento daremos início à outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo a Roberto Rodrigues. 

O Colar de Honra ao Mérito Legislativo é a mais alta honraria conferida pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Foi criado em 2015, e é concedido a pessoas naturais ou jurídicas, brasileiras ou estrangeiras, civis ou militares, que tenham atuado de maneira a contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econômico de nosso estado, como forma de prestar-lhes pública e solenemente uma justa homenagem.

Esta sessão solene homenageia com a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo, o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues. Convidamos, para estar aqui à frente da Mesa aqui da Assembleia, deste plenário, convidamos todos os membros da Mesa Diretora, juntamente ao homenageado e sua esposa, Carla. Por gentileza, queiram então se posicionar à frente aqui da Mesa Diretora.

Jacyr, Caio Carvalho, por favor, e também a irmã do Roberto Rodrigues, Anitta Rodrigues, por gentileza, queiram se juntar aqui aos membros da Mesa. Neste momento, o deputado Barros Munhoz outorga o Colar de Honra ao Mérito Legislativo a Roberto Rodrigues.

A maior honraria desta Casa Legislativa quem recebe agora é o agrônomo Roberto Rodrigues. (Palmas.)

 

 

* * *

 

- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

Brasileiro mundialmente reconhecido por seu trabalho na agropecuária, no cooperativismo, pela paz e pela felicidade dos povos. Agora as fotos, a filmagem oficial. Depois vocês podem acessar lá no Flickr da Assembleia Legislativa. Por gentileza, os membros da Mesa retornem aqui à Mesa.

Parabéns, Roberto. Agora, a palavra ao nosso grande homenageado, Roberto Rodrigues.

 

O SR. ROBERTO RODRIGUES - Em primeiro lugar, quero cumprimentar a Mesa, sobretudo a pessoa do Barros Munhoz, meu amigo de algumas décadas já. Eu estava conversando com ele antes de começar a nossa solenidade. O Barros foi secretário da Agricultura antes de eu ser. Foi ministro antes de eu ser. Eu nunca fui deputado; ele já é. Então, ele é muito mais homenageado que eu. 

Ele tem muito mais condições de ser homenageado do que eu aqui. Estou sempre atrás dele aí. Muito obrigado, Munhoz, pela oportunidade, pela generosidade sua. Arnaldo, você, querido irmão de tanto tempo, secretário Edson, e meu amigo deputado Bove, Carla de Freitas. Meus amigos, senhoras e senhores, como o Arnaldo disse aqui, é uma noite de festa ou deveria ser uma noite de festa, não é?

Mas eu vou começar contando um pouquinho de graça para não me emocionar muito. Eu recebi, na semana passada, uma homenagem muito bonita da Anda, muito bonita. Eu recebi uma outra muito bonita lá em Unaí. Depois, uma outra em Goiânia. E a Carla falou: “Roberto, eu acho que os caras estão achando que você está morrendo. Estão dando muita homenagem para você agora”.

Vocês fiquem tranquilos, eu vou ficar mais 20 anos aqui enchendo o saco. Não vou morrer mais, não vou morrer tão cedo assim não. Embora seja uma noite de festa e eu agradeço muito a presença de todos aqui, da minha irmã, do meu cunhado, dos meus colegas de turma, José Marcos (Inaudível.), Ivan Edar, da melhor turma de todos os tempos da Esalq.

E só tem uma pessoa aqui, que não é bicho nosso, que é o Amaro. Está sempre junto conosco aqui. É o único veterano nosso. Mas você teve o privilégio de dar trote para a melhor turma de todos os tempos, viu, Amaro?

O resto é tudo bicho aqui. Então, é um prazer muito grande receber todo mundo, notoriedades importantes que estão aqui conosco. Fico muito honrado com a presença de todos vocês aqui.

Mas, eu não posso fugir de uma responsabilidade. Embora seja uma noite de festa, de alegria, eu quero manifestar uma preocupação, que tenho sentido permanentemente, e tenho procurado transmitir isso em todas as oportunidades que tenho o privilégio de falar para a gente, como vocês todos estão aqui. Cada vez eu fico mais impressionado, gente, com o desaparecimento, a erosão da multilateralidade. 

Se perguntar aqui hoje, nessa plateia, quem é o diretor-geral da FAO, que é o órgão da ONU que cuida da Agricultura, que cuida de todos nós, acho que muito poucos saberão. Perguntar quem é o diretor-geral da OMC, de Comércio, ninguém vai saber.

Perguntar quem é o diretor-geral da ONU, que deveria dar o caminho da humanidade. Ninguém sabe. Por quê? Porque essas organizações perderam protagonismo no planeta inteiro, porque suas lideranças não têm competência de protagonismo.

E, com isso, se as organizações multilaterais não têm uma gestão consistente, faltam rumos ao mundo. E, se faltam rumos ao mundo, a democracia entra em risco, porque cada um faz o que quer e nada acontece.

A Rússia invadiu a Ucrânia, não acontece nada. Israel e Hamas brigam lá, Irã entrando, ninguém vê nada. O Maduro faz uma eleição fajuta na Venezuela e não acontece nada, não acontece nada.

Cada um faz o que quer e não acontece nada. Então, eu tenho olhado esse cenário todo com muita preocupação, porque vai havendo uma erosão da democracia e, portanto, da paz universal. Estamos caminhando para onde com esse modelo todo? Esse é o cenário que nós temos pela frente.

Converso aqui com algumas pessoas mais inteligentes do que eu, como o Alberto Gianetti, o Sérgio Mendes, gente que conhece as coisas e sabe mais do que eu e eles concordam com essas coisas, de maneira geral. Porém, se é verdade que não há regras e o mundo está à má troca, também é verdade que existem alguns temas centrais sobre os quais a humanidade está debruçada, queira ou não queira.

Eu chamo isso de “os quatro modernos cavaleiros do apocalipse”, que são: segurança alimentar, segurança energética, mudanças climáticas e desigualdade social. Esses quatro fantasmas estão correndo à brisa solta mundo afora, desafiando governos, setor privado, instituições multilaterais, sem solução.

Se nós não resolvermos esses quatro problemas, nós vamos cair em um processo de falência institucional global cujas consequências não quero para os meus netos. Então, é preciso olhar isso.

Segurança alimentar, todo mundo fala nela, como se fosse uma expressão idiomática. Segurança alimentar não é expressão idiomática, é a única condição - única condição! - de haver paz e estabilidade social e política de uma nação. Uma nação sem comida derruba o Governo.

Aconteceu na Primavera Árabe, aconteceu recentemente no Sri Lanka. Por isso, quando a pandemia começou, em 2020, os países que não eram autossuficientes correram ao mercado para garantir abastecimento interno. Não tinha, os estoques eram baixos e os preços dobraram.

Então, essa coisa da segurança alimentar voltou a ser importante recentemente, após a pandemia, mas segurança energética mais ainda, com todas essas questões que conhecemos, ligadas à mudança climática, etc. Então, é preciso resolver esses problemas.

Não sei se eu tenho a boca torta pelo uso do cachimbo, mas tenho convencimento de que quem vai resolver isso é o agro. É o agro. Mas qual agro? O agro tropical, a faixa tropical do planeta, que pega toda América Latina, a África subsaariana e parte da Ásia também.

É onde tem terra para crescer horizontalmente e onde a produtividade ainda é baixa. É melhorar a produtividade com uma tecnologia maior e avançar. Então, aqui é que vai ter a explosão da insegurança alimentar e energética, gerando riqueza e emprego, acabando com a desigualdade social e também cuidando das questões climáticas de maneira consistente e adequada.

Mas tem que ter liderança nesse processo. Quem poderia liderar um programa global que elimine os quatro cavaleiros do apocalipse, gere alimentação, uma matriz energética saudável, renovável, cuidando das questões climáticas adequadamente?

É o Brasil. Por que é o Brasil? Isso é patriotada? Não é. O Brasil é o único país do mundo que desenvolveu uma tecnologia tropical sustentável, que é absolutamente perfeita, perfeitamente replicável nesse cinturão tropical.

Nós temos que olhar para isso. O mundo está precisando disso. Impressiona-me profundamente não ter eco esse tipo de coisa. O mundo precisa que a gente o alimente, que mude a matriz energética, que gere emprego, riqueza e renda, que traga estabilidade e paz. O mundo precisa disso e nós podemos fazer isso, liderar isso.

Eu vejo em Brasília só a frente parlamentar, vejo o Congresso olhando para isso, a FPA, o cooperativismo. Aqui em São Paulo, vejo a Assembleia Legislativa olhando isso com o Barros Munhoz, com o Lucas e outros parlamentares, mas tem que ter ações concretas. Nós temos que liderar esse processo.

Isso implica uma estratégia, ter uma estratégia que olhe toda essa perspectiva internacional e nos dê uma dimensão de protagonismo realmente consistente com o que nós podemos fazer. Nós podemos fazer, podemos liderar a morte dos quatro cavaleiros do apocalipse e, com isso, trazer paz ao mundo.

Eu acho, gente, que está escrito nas estrelas. Eu estou repetindo isso, estou até ficando chato. Outro dia, um amigo falou: “Roberto, você está repetindo muito esse negócio. Para de repetir”. Escuta, os padres repetem os sermões há dois mil anos e o inferno está cheio de gente. Então, vamos continuar repetindo.

Meu amigo Tejon me estimula muito nesse negócio, sempre está me estimulando, viu, Arnaldo? Deixa eu resgatar aqui uma coisa: o conceito de agronegócio, quem trouxe foi o Ney Bittencourt. Eu fui assessor dele nesse processo, o Tejon e eu. E o Ivan Wedekin também, que está aqui conosco.

Mas, enfim, penso que há uma oportunidade para avançarmos nessa direção, desde que tenhamos uma estratégia. É preciso que isso saia da gente. Nós é que somos o agente disso. O Governo faz o que a sociedade, o que a maioria da sociedade quer que ele faça. Nós temos que proclamar isso o tempo inteiro, nós temos que alimentar o mundo.

O Brasil tem a matriz energética melhor do mundo, com 47% renovável. Do mundo é treze. Será que não podemos mostrar isso consistentemente e fazer disso um capital que nos permita liderar um processo de assassinato de fantasmas asquerosos? Podemos, mas tem que ter uma estratégia, uma estratégia com a qual estejamos todos empenhados e que parta, antes de qualquer coisa, da ciência, da tecnologia, da inovação.

E aqui, secretário, eu sou muito grato ao senhor. Vejo aqui o pessoal do APQC, que está sempre lutando pelo valor adequado do pesquisador e vejo o seu trabalho e o do Guilherme Piai, muito claramente direcionando a eles. Isso é fundamental. Sem ciência não tem futuro para nenhum país do mundo.

Mas nós podemos fazer isso, podemos avançar adequadamente. Então, eu queria pedir a vocês, nessa primeira parte de preocupação, que olhassem isso. Olhassem isso e, se acreditam que isso é uma verdade, se temos uma chance de dar ao mundo uma nova visão, matando o que é terrível, vamos trabalhar nisso.

Vamos trabalhar, replicar. Se não acreditam, então eu vou embora. Eu acho que vivo mais 20 anos ainda e vou ficar enchendo a paciência de vocês. Mais 20 anos, vocês vão me ver chateando vocês com essas questões todas. No mínimo, não é, Carla? Vinte, no mínimo. Agora tem uns médicos importantes que dão uma injeção de óleo canforado na gente e você vive mais.

Bom, eu queria fazer esse testemunho, uma preocupação com a questão universal e achar que o Brasil pode liderar o conserto disso. Depende de nós, depende de nós.

Dito isso, eu quero agora então voltar à solenidade e agradecer profundamente a você e à Alesp por este momento e por esta homenagem que me prestam aqui. Eu não... Eu estava com medo de que o Américo fosse contar umas histórias incontáveis, mas o Américo foi muito generoso e ficou nas coisas superficiais.

Eu quero dizer uma coisa para vocês: eu não mereço homenagem nenhuma. Não é modéstia. Não, não. Por quê? Porque, primeiro, tudo que eu fiz, fiz com prazer, fiz com alegria, trabalhei pela agricultura. Acho uma delícia fazer isso aí.

Pelas cooperativas, lutei. Fui fundador da Orplana, Gustavo, com alegria, organizar a agricultura. Então, eu não preciso ser homenageado com nada. Nada, não mereço nada. Fiz com alegria, não sofri nada. As coisas que sofri foi por causa de gente ruim, mas gente ruim eu esqueço também. A Cecília sempre fala que eu esqueço o nome dos caras chatos.

Então, eu quero agradecer muito, dizendo que não mereço. Juro que eu acho que não mereço nada, mas já que estão aqui, já ganhei o Colar, vou usá-lo, bonito. E, ao mesmo tempo que fiz tudo com alegria e prazer na minha vida inteira, continuo fazendo, não fiz sozinho.

Sempre tive, ao meu lado, pessoas melhores do que eu. E aqui um conselho: quer crescer? Tenha amigo melhor que você. Ter amigo pior que você, você vai para baixo. Então, tem que ter gente melhor ao seu lado.

Então, começo com a minha irmã, que está aqui, sempre companheira, nunca faltou nem um segundo, sempre do meu lado. Querida irmã, única e companheira permanente. Começa com ela, a mais antiga amiga que eu tenho.

Mas, também, olhando um pouco para o passado, eu estava olhando o negócio de CV, currículo. Cruz credo, é muita coisa. Eu já fiz tanta coisa, que eu me lembro com preocupação: quando eu era recém-formado, quando eu trabalhava na fazenda da família, eu era agrônomo, mas não sabia nada de agricultura, sabia de agronomia, alguma coisa. E tinha um italiano velho, que era o administrador da fazenda, o Seu Zé. E todo domingo eu ficava batendo papo com o Seu Zé para aprender coisa da fazenda.

E, um domingo, nós estávamos lá e ele falou assim... sessenta e seis, uma parte de vocês não tinha nem nascido ainda, ano 66. Chegou um sujeito pedindo emprego. O sujeito falou: “eu sou encanador, eletricista, pedreiro, mecânico, conserto telefone, conserto encanamento, sei secar café, sei podar fruta, eu sei tudo”.

Eu fiquei encantado. Falei para o Seu Zé: “vamos contratar esse cara”. Naquele tempo, quebrava um trator, demorava uma semana para arrumar. Tinha que buscar rolamento em Ribeirão Preto, uma semana. “Esse cara é um coringa, vai resolver tudo para nós”.

“Não, não vou não, não vou não”. “Seu Zé, vamos contratar o cara, o cara é bom, resolve o problema”. “Não, não, não”. “Mas por quê, Zé?”. “Um homem que tem 15 habilidades morre com 16 necessidades”. Eu nunca esqueci dessa conversa dele. Quando eu vejo meu currículo, eu morro de medo com qual necessidade que eu vou morrer.

Mas olhando o currículo, vejam aqui: o Bruno e a turma da cooperativa de Guariba, onde eu comecei essa história de cooperativismo. Se não fosse, eu não faria nada. O Cacaio, o Joaquim, o Ernesto - eu não faria nada, eu não fiz nada sozinho. Só vi que tinha gente boa ao meu lado: minha irmã, primeiro; minha família; a cooperativa; depois, no Cesp, com o Américo, eu fiz uma operação de crédito lá em Guariba, em 73, já fez 50 anos.

Ele falou: “Roberto, isso aqui é espetacular”. Então eu falei para ele: “eu criei uma comissão, saí pelo Estado, (Inaudível.) companhia de crédito”. O Américo, era (Inaudível.) O cara da OCB: “vamos fazer no Brasil, sair pelo Brasil”.

Fizemos algumas dezenas de cooperativas de crédito brasileiro, virei presidente da OCB. Eu não fiz força, aconteceu com alegria, com prazer, cooperativa de crédito era importante. Começou em Guariba, tudo começou em Guariba.

Fui professor da Unesp. A mesma coisa. Eu tinha uma dúvida enorme sobre o sentido da vida, era moço. Falei: “o que eu estou fazendo aqui, afinal de contas? Qual é o papel da gente aqui?”. Fui estudar esse negócio.

Demorei muito para aprender que ninguém sabe qual é o sentido da vida. Mas, como cristão que sou, acredito que a vida é uma dádiva de Deus, que nos é dada através dos nossos pais. Então, se é um presente de Deus, não tenha preocupação. Eu tenho que dar o sentido da vida. Um presente tão magnífico, eu tenho que dar o sentido da vida.

E achei que era ensinando tudo que eu sabia. Virei professor da Escola de Jabuticabal. Estou vendo aqui um monte de aluno meu: Marcos Landell, foi meu aluno, maravilhoso. Cadê o Rossato? Está aqui o Rossato, meu aluno. Ismael Perina, Mônica Bergamaschi. Aqui o Antônio Carlos, Cecília. Aonde eu vou, vejo alunos. Isso é uma maravilha. Isso é uma maravilha, que é uma plantação permanente.

Então, na Unesp também, encontrei gente maravilhosa. Na OCB, gente espetacular na OCB. O Ricken, presidente da Ocepar, meu assessor técnico, imagina você. Na ACI, nossa, como eu aprendi. Tinha cada moça bonita na ACI, que trabalhava na área, eram intérpretes. Eu aprendi muita língua lá na ACI.

Depois eu vim para a GV. Um prazer trabalhar na GV, um prazer. Uma turma boa, jovem, competente. Está aqui hoje uma parte da turma da GV, maravilhosa. No mapa, na Fiesp, com o Jacyr. Com a turma da Fiep, com o Antônio Carlos, gente maravilhosa. Na Esalq. Mentão, a Esalq, o Durval, o João, essa turma que governou a Esalq durante quatro anos fez coisas maravilhosas, espetaculares.

Eu sou do conselho da Esalq, hoje; que prazer, que alegria isso. Tudo é alegria, tudo é bom. Na secretaria, enfim, em que eu fui, eu tive quem ajudou. Mas quem sustentou sempre foi a minha família. Sempre a minha família.

Estão aqui minhas duas filhas, a Cândida e a Marta. Estão aqui alguns netos, o Pedrão está aqui, a Lu está aqui, a Carolzinha está aqui também. Lubi, é você que está de óculos aí? Minha linda netinha, Lubi. O Felipe fez 18 anos, eu fiz oitenta e dois. Nós temos 100 anos juntos. Fantástico, uma dupla com 100 anos.

Meus genros, maravilhosos; um é corintiano, mas a gente perdoa o pecado dele; o outro é são paulino, crente bom também. Meus cunhados estão aqui, o Marco Túlio e a Verinha, bichos, como o Bauer que está aqui conosco, o Ivan Wendekin.

Enfim, nada fiz sozinho na minha vida e hoje tenho um suporte forte, até clamoroso, da Carla que falou: “não morre que os caras vão preparar esta homenagem para você”, então vou continuar aqui, dizendo isso para vocês todos. É uma alegria muito grande estar aqui com vocês.

A homenagem, Barros, que não é justa, mas eu recebo com alegria e com honra. É a razão de estarmos juntos. Isso é o que vale, estar juntos. Isso é o que vale, Otávio. Nós somos um time bom. Tem defesa, que é a ciência; tem meio de campo, que é a política, e tem o ataque, que somos nós, os agricultores. Vamos ganhar a copa do mundo da alimentação e da paz.

Você acha que vão ganhar a copa do mundo com o Neymar? Esquece. Uma seleção que não tem meio de campo não vai fazer gol nunca. Nós somos a seleção. Nós podemos levantar a copa do mundo da alimentação e da paz. Nós podemos. Depende só de nós. Vamos nessa, gente? Vamos, gente? Vamos, gente! (Palmas.)

Vou nessa, obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - É isso aí, bonito. Ele fala que não fez nada sozinho, mas essa paixão que ele carrega, essa alegria de fazer as coisas, é que incentiva tantas pessoas, que acaba estimulando as pessoas que estão com ele a estarem bem e também seguir esse caminho.

Bom, gente, antes de passar a palavra ao deputado Barros Munhoz para o encerramento desta sessão, convidamos todos para que, após o término, dirijam-se ao Salão dos Espelhos, onde será servido um coquetel.

Ali a gente vai tirar foto, abraçar o Roberto Rodrigues, e a gente vai ali nos comes e bebes do coquetel oferecido pelo deputado Barros Munhoz. Passamos, então, a palavra ao deputado Barros Munhoz, proponente desta sessão merecida, de merecida homenagem ao Roberto Rodrigues, por favor.

 

O SR. PRESIDENTE - BARROZ MUNHOZ - PSDB - Obrigado, Fernando. Eu gostaria de dizer, antes de mais nada, que o pessoal fala que é difícil falar de mim, viu, Lucas? Difícil é falar depois do Arnaldo, depois do Roberto, depois de você. Mas eu gostaria de terminar esta sessão dizendo algumas coisinhas bem rápidas.

Já falei da Bombril, mas vou voltar a falar. Quando eu entrei na Bombril, o Sr. Roberto Sampaio Ferreira era um homem de uma visão extraordinária, como eu já disse. Em 1950, logo depois que criou a Bombril, ele já tinha psicólogo na Bombril. Nenhuma empresa brasileira tinha psicólogo para atender seus funcionários.

Ele tinha assistente social que, por sinal, se chamava Maria de Lourdes Gosling. Só nós lembramos aqui que o Hilton Gosling era o médico da seleção brasileira, a irmã dele era...

E o Sr. Roberto tinha serviço médico para a Bombril, para os funcionários da Bombril, e tinha uma cooperativa de consumo, e uma cooperativa de economia e crédito mútuo. Existiam raríssimas cooperativas, melhor dizendo, de economia e crédito mútuo. Raríssimas cooperativas no Brasil.

E o nosso senador Nelson Carneiro - que eu não sei bem se ele tinha razão, se não tinha, a respeito da livre adesão das cooperativas -, ele criou e defendeu uma situação em que as cooperativas só podiam atuar em um âmbito limitado. Por exemplo, cooperativa de economia e crédito mútuo do servidor da Bombril, cooperativa de não sei o que lá do serviço dos servidores, isso era um entrave bárbaro para as cooperativas. Bárbaro, bárbaro, bárbaro.

Américo Utumi, velho de guerra. Américo Utumi, eu lembro de você na presidência, e eu me lembro do esforço que foi feito. E aqui é uma homenagem que eu faço a todas as pessoas, como vocês, que mudaram isso. E hoje eu vejo com orgulho, Itapira tem duas Sicredis maravilhosas, certo? E vejo o cooperativismo de crédito crescendo e se impondo, e a Sicoob também. (Vozes fora do microfone.)

Exatamente, exatamente. Então, eu faço essa consideração para terminar dizendo o seguinte: Roberto, você não pode imaginar a importância que você teve na minha vida e que você teve hoje aqui nesta nossa reunião para você, de homenagem a você.

Você, mais uma vez, me pôs no caminho certo e me guiou. Eu não vou mais rezar para os meus netos irem embora, Roberto. Não vou mesmo. Eu vou jogar nesse time aí. Vamos embora, minha gente! Vamos lutar pelo Brasil! Vamos seguir o exemplo de Roberto Rodrigues e do agronegócio brasileiro!

Muito obrigado e Deus abençoe.

Obrigado a todos vocês que ajudaram a fazer este coquetel bonito que nós vamos oferecer.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 21 horas e 15 minutos.

 

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