As obras da pintora Maria Luiza Lavarello evidenciam uma pluralidade de modos de expressão derivados de um fervor interior por grutas e cavernas e, por conseqüência, por desenhos rupestres. Mesmo representando uma componente intrinsecamente positiva, a artista se expõe a potenciais dispersões de tal maneira que uma previsível unidade não poderia acentuar as apreciadas características que hoje são individualizadas.

A referência se direciona em particular à serie de acrílicos realizados com decisiva essencialidade, extensão controlada no traçado mesmo se coloristicamente encorpado. A gama tonal mantida sobre valores bem equilibrados confere ao trato do tema um sentido de completa eficácia.

Um fator de relevo na arte de Maria Luiza Lavarello é o desejo de reduzir o seu "conto" à essência, reduzindo a narração e colocando à parte os elementos de contorno que poderiam conduzi-la ao retorno de um certo tradicionalíssimo preciosístico. É dessa vontade, traduzida em ato positivo, que sua pintura determina uma personalidade clara, linear, totalmente imbuída de momentos de elevação liberadora.

Ao preferir tintas fortes e cores acesas, age de ímpeto e de impulso, mas com talento. Utiliza materiais naturais como mármore, café, pó de ouro e de prata e pigmentos como canela, urucum e carvão para executar suas telas, coerentes com uma linguagem pictórica moderna e eficaz. E procede segura, fortalecida pelos pressupostos positivos de sua temática, que evidencia com particular técnica, acessível até mesmo a todos que têm reticências com a arte contemporânea.

As paisagens e os animais rupestres constituem um chamamento perene ao nosso passado longínquo, chamamento esse que se realiza nas visões ambientadas em nosso subconsciente. Mas o que conta é a afetividade, o amor que Maria Luiza Lavarello coloca em suas obras, como por exemplo em "Gruta Azul" e "Bisão Rupestre", doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

A artista

Lavarello, nome artístico de Maria Luiza Bastos Lavarello, nasceu em Rio Verde (GO), em 1945, e viveu em São Paulo desde criança. Em 1980 realizou diversos cursos em grupos privados sobre pintura em cerâmica e madeira, iniciando-se, a partir de então, nas artes plásticas.

Nesses anos de trabalho estudou formas, cores e técnicas sobre vários materiais, como pastel seco, pastel oleoso, carvão, óleo sobre tela, acrílico e técnica mista. Em seguida passou a freqüentar escolas e ateliês de pintura a óleo, recebendo orientação de renomados artistas plásticos daqui e do exterior, como Naira Cíoti.

A partir de 1992 centralizou suas atividades de estudos e pesquisas nas áreas de arte contemporânea em grupos de novos talentos participando e fazendo seminários. Desde então passou a fazer pesquisa sobre arte rupestre, visitando grutas e cavernas no Brasil, França e Espanha.

Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, destacando-se entre elas: XII Salão de Artes das Faculdades São Judas Tadeu, São Paulo; Galeria de Arte Yara Silveira, São Paulo; III Salão de Inverno de Artes Plásticas, Mairiporã; Mostra da Independência, Santo André; Galeria Lygia Jafet Bureau D'Art, São Paulo; Galeria de Arte Mali Villas Boas, São Paulo; VI Exposição Arte & Cor Industrial, Centro Cultural Vergueiro, São Paulo; Galeria Canto das Artes, Shopping D&D, São Paulo; Pinacoteca Gafrée & Guinle, Pequenas Grandes Obras, Santos, SP; Casa da Fazenda do Morumbi, São Paulo; Exposição de Inverno de Campos do Jordão, SP; Lúcio Rodrigues Gallery Inter, Design Centre, Miami, USA;VASP Art Gallery, Los Angeles, USA; ABACH, Miami; Talentos & Imagens Brasileiras, Hannover, Alemanha, e Atenas, Grécia.

Recebeu numerosas distinções, medalhas e troféus em salões, academias e concursos. Possui obras em diversas coleções particulares e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.