Prandi quer investigação sobre possível desvio de água em Guarujá e São Vicente


15/10/2002 16:11

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DA ASSESSORIA

A deputada Maria Lúcia Prandi (PT) representou ao Ministério Público pedindo que seja investigado o possível desvio de água de bairros de Guarujá e da área continental de São Vicente para beneficiar a orla da praia dos dois municípios. Segundo a parlamentar, "há fortes evidências de manobras na distribuição de água e algumas explicações que a Sabesp apresenta não convencem". Indignada Prandi enfatiza que "se as suspeitas se confirmarem, os responsáveis diretos e indiretos devem ser rigidamente punidos".

Conforme argumenta a deputada, enquanto em áreas nobres há água até para lavar calçadas, nos bairros a população padece vítima do desabastecimento. "Se o problema fosse a falta de chuva e redução do volume de água nos mananciais onde a água é captada, a escassez atingiria a todos indistintamente", argumenta, para acrescentar: "Tenho recebido denúncias quanto a um eventual desvio de água e declarações da população à imprensa apontam a mesma desconfiança. Se há suspeitas, elas devem ser investigadas e ninguém melhor que o Ministério Público, que é o guardião dos direitos de cidadania, para realizar investigações isentas e profundas".

Maria Lúcia Prandi afirma que é inadmissível a hipótese de se privilegiar setores da cidade, em detrimento da população fixa. "Se o turismo está entre as principais fontes de receita de Guarujá e de São Vicente, as prefeituras dessas cidades têm que lutar por soluções efetivas e nunca, eventualmente, compactuar com o desabastecimento da população mais carente", acrescenta.

Guarujá

A deputada Prandi tem sido uma ardorosa crítica da falta de água que atinge os municípios do Litoral, apresentando, todos os anos, emendas ao Orçamento do Estado para a execução de obras e lamenta que a Sabesp venha protelando os investimentos.

"Não há nenhuma novidade na notícia de que a Sabesp reverterá as águas do Rio Itatinga para o Rio Jurubatuba, conforme anunciou no domingo a Prefeitura de Guarujá. Eu obtive essa informação, e a tornei pública, no início de fevereiro do ano passado, portanto, há um ano e oito meses. Na época, o Governo do Estado anunciou que as obras estavam previstas para 2002, mas parece que se esqueceu do compromisso", ironiza a parlamentar.

Além da reversão do Rio Itatinga, estão prometidos três novos reservatórios que aumentarão em 50% a capacidade de armazenamento de água. As obras incluiriam ainda uma estação de tratamento no Sistema Jurubatuba, reforço das redes de distribuição de Vicente de Carvalho e instalação de uma adutora de água tratada para atender as ilhas Diana e Barnabé. "Tenho questionado a Sabesp sobre os prazos, sem obter resposta", critica a deputada.

Quanto ao possível desvio de água, Prandi afirma estar recebendo denúncias de moradores da Vila Zilda, Vila Lígia, Morrinhos, Bairro Cachoeirinha, Santa Cruz dos Navegantes e de Vicente de Carvalho. Também têm apresentado falta d´água a Vila Santa Rosa, o Jardim Primavera, o Jardim Santo Antônio e o Jardim dos Pássaros.

Embora a Sabesp alegue que a falta de água afete áreas de ponta de rede e lugares altos, principalmente, Maria Lúcia Prandi argumenta que, em caso de desvio do abastecimento, é certo que os lugares citados seriam mesmo os mais prejudicados. "A realidade não elimina a hipótese da manobra. Tenho certeza que a população poderá contar com o aval do Ministério Público para que o caso seja investigado", reitera a parlamentar.

Em alguns bairros, o abastecimento ocorre em pequena quantidade. A pressão é insuficiente para abastecer as caixas d´agua residenciais. Em outros casos, como em Santa Cruz dos Navegantes e Vila Zilda, não há sinal de água nas torneiras há dias.

São Vicente

Para a deputada Maria Lúcia Prandi, manifestações como a realizada pelos moradores da área continental de São Vicente, na segunda feira, podem se tornar comuns se a Sabesp não tomar providências urgentes. "É aquilo que a população argumenta. A conta da água nunca deixa de chegar prontamente e há multa para quem atrasa o pagamento. É de se esperar a mesma eficiência no fornecimento da água", argumenta.

Prandi destaca que o problema fatalmente se agravará com a conclusão da segunda pista da rodovia dos Imigrantes. "Sempre insisti em afirmar que nossa Região necessitava de obras complementares ao novo acesso, com prioridade para as obras de saneamento básico. Lamentavelmente, nossos alertas foram em vão. É um grande desrespeito à população, que fica sem água até para preparar os alimentos", insiste, acrescentando que a direção da Sabesp tem a responsabilidade de vir a público anunciar soluções, e não apenas ficar emitindo comunicados inconsistentes e frágeis, por meio de sua assessoria.

"É muito fácil e cômodo colocar a culpa nos fatores climáticos ou no afluxo de turistas, como se essas situações não fossem previsíveis. Falta responsabilidade e compromisso. As ações da Sabesp estão longe de acompanhar o ritmo das necessidades e direitos da população", finaliza Prandi.

Santos, 15 de outubro de 2002.

Outras informações com Leda ou Reginaldo

alesp