"Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos " e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que outrora se entendeu e amou."

Assim se expressava Cecília Meireles em sua mensagem sobre a primavera, na década de 1960.

Como todos os anos, a primavera chegou... Embora acreditemos que ela deva chegar, sobretudo, ao coração dos seres humanos. No início desta primavera, oferecemos aos nossos leitores uma mensagem primaveril, através de obras do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

Júlia Vespa - Natureza em flor - Sua aproximação com a natureza é uma mensagem a todos os seres humanos que advertem tal retorno como o fenômeno da renovação da própria natureza e do homem. A forma e a cor são tratadas com extremo domínio de uma técnica pessoalmente elaborada e afinada na interpretação poeticamente colorística do ambiente.

Mary Yamanaka - Sertãozinho: caminhos cor-de-rosa -

O seu realismo é, sobretudo, repleto de cromatismo, de poesia e de musicalidade. Sente tudo o que pinta como sente a vida, o sangue, o vento, a beleza da luz, do local, da cor. Tudo a faz palpitar. Por amor, restitui em poesia tudo o que capta da beleza do mundo.

Sophia Tassinari - Flores do meu jardim - Atenta na disposição dos tons, Sophia Tassinari se transforma em intérprete da festa das cores que a primavera promete às árvores, aos jardins, aos campos e às florestas. Ela dispõe a matéria com a mesma paciência da natureza ao desabrochar de cada flor nos ramos de um ipê.

Uydad Nassar - Explosão rosa - A força dessa pintora manifesta-se em todo o seu vigor, quase desejando acentuar por meio de suas flores o sentido da luz que deliberadamente se incorpora nas formas até transformá-las em valores expressivos. A artista encontra e descobre a felicidade da natureza, exaltando todo o perfume através das flores que pinta com um jogo de verdes, rosa, violeta e amarelos.

W. Vitorino - Leitura ao ar livre - A pintura desse artista deve ser observada em silêncio, com religioso recolhimento, pois nos encontramos frente a obras nascidas de felizes momentos de pausa e encantamento, graças a uma mágica inspiração realística.

Isidro Cistaré - Jardim inglês - Isidro Cistaré estabelece um colóquio no qual o artista se torna o interlocutor que transmite um discurso envolvente como uma melodia densa de infinito lirismo.

Samira Darwiche - Thumbergia grandiflora - Fascinada pela exuberância cromática e formal das plantas e das flores, suas imagens se tornam símbolos e reflexos do seu amor pela vida.