Agora que o Brasil já sabe quem será seu presidente da República e seus parlamentares federais em 2007, só resta esperar o trabalho efetivo para tentar combater um dos males do país: as incríveis perdas de vidas e de dinheiro com os acidentes de trânsito nas ruas e nas estradas. Não bastassem as 40 mil mortes ocorridas a cada ano nos desastres em todos os Estados, calcula-se que a despesa anual com os acidentes seja, em média, de R$ 27 bilhões.

Nos últimos anos, minha missão de deputado estadual e de jornalista preocupado com a segurança dos cidadãos tem sido cumprida: faz mais de 30 anos que lanço um duro alerta sobre os riscos que as pessoas correm ao não ter cuidado ao dirigir veículos ou ao atravessar ruas, avenidas e rodovias. Pior ainda é ingerir bebidas alcoólicas e, em seguida, assumir a direção de carros. A sociedade não aprende. Prefere partir para o consumismo e embarcar nas absurdas propagandas de cerveja e outras bebidas alcoólicas.

O gasto de R$ 27 bilhões anuais com acidentes significa o desperdício de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O que fazer?

Para atenuar esse problema, o Brasil precisa investir em dois setores: campanhas de conscientização de motoristas e pedestres a respeito dos perigos que eles correm ao serem imprudentes no trânsito e obras para melhorar as condições das estradas federais em todo o país. Com todo o dinheiro que os governos arrecadam em impostos, é hora de cuidar melhor das rodovias!

Uma guerra, sim! Há muito tempo o Brasil não sabe o que é participar de uma guerra de verdade, como essa que destrói o Iraque e mata soldados e civis de vários países. Mas temos uma guerra urbana. As 40 mil mortes que são registradas no trânsito do Brasil a cada ano correspondem às perdas dos Estados Unidos em 10 anos da Guerra do Vietnã. Em linguagem atual, esse total de vítimas nos desastres brasileiros significa sete vezes a soma de mortes ocorridas nos ataques de 11 de setembro de 2001 em Nova York e nas forças militares americanas nos últimos três anos de conflito no Iraque.

O governo e os parlamentares devem impor uma revolução cultural, envolvendo educação, moralidade pública, justiça e fim da impunidade. Uma pesquisa do Instituto Médico-Legal de São Paulo prova que 70% dos mortos em acidentes eram pessoas alcoolizadas. Além do álcool, existem as drogas ilegais, entre as quais a maconha, a cocaína e os psicotrópicos. A avaliação psicológica dos motoristas tem sido precária. Com isso, aumenta o perigo em todas as vias.

Está na hora de o Brasil acordar. Passamos por importantes eleições no primeiro turno e em definições no segundo turno, em outubro. Uma vez que já sabemos os nomes dos governantes e dos senadores e deputados federais para os próximos anos, temos de agir de modo patriótico e cobrar dos eleitos o cumprimento de promessas de campanha. Não basta prometer: tem de cumprir. O Brasil tem de sair da rabeira do ranking mundial de segurança no trânsito.

*Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL.