Adelina Miyazaki é uma artista que assume os valores esquemáticos mais representativos da pintura juntamente com elementos herméticos da abstração, que algumas tendências nos oferecem uma vasta nomenclatura. O jogo árduo pelo qual se aventurou ao exaltar alguns suportes plásticos de expressão, feitos de fugas ideais e da fusão simultânea com as forças do mistério e da poesia, constitui uma conquista, uma tomada de consciência no atual momento artístico. Na passagem do figurativo ao abstrato, amadurecido à luz de uma multiforme e intensa experiência de arte e de vida, Adelina Miyazaki conserva intacto o gosto pela cor na vivência de suas pessoais aproximações. As tentações pelo figurativo não sugestionam essa pintora, que permanece essencialmente abstrata, mesmo se, em certos trabalhos, uma espécie de dessacralização interna tende a desmembrar as imagens, fazendo perder os contornos e os volumes. Com uma técnica vigorosa feita de cores espatuladas e até mesmo violentas, a artista consegue obter um cromatismo de equilíbrio com tons, às vezes, rarefeitos, outras vezes fortes e expressivos. Suas obras são atraentes, musicais, tanto nos acordes quanto nos contrastes dos motivos lineares, bem como na variedade de articulações e das expansões das manchas cromáticas. Da matéria e da forma libera-se um sopro de vitalidade. Na obra Energia, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, a artista cria, com liberdade e sensibilidade, uma imagem com a qual parece medir o seu grau de fantasia, suas possibilidades de imaginação, não colhidas nas fontes de uma realidade identificada, mas para identificá-las, subtraindo-as do sonho. A artista Adelina Miyazaki, pseudônimo artístico de Adelina Kazuko Ito Miyazaki, nasceu em 1944. Formou-se em decoração pelo Instituto de Arte e Decoração de São Paulo. Participou de um grupo de pintura ao ar livre no Parque do Ibirapuera com o professor, pintor e restaurador do Museu de Chicago, Eduardo Ostergren. Por indicação da artista plástica Helena Kazue Nakai, começou a frequentar o ateliê do artista plástico Fang. A artista que vive entre São Paulo e Piracicaba instalou seu ateliê nessa última cidade. Desde 1986, participou de diversos salões, entre eles: II Prêmio Paleta de Ouro, Salão Portinari, SP; I Salão de Artes de Avaré, SP; IX Salão de Arte Contemporânea, ACM Sorocaba, SP; II Salão Leonístico de Artes Plásticas, Santos, SP; V Salão de Arte da Faculdade São Judas, SP. Suas obras encontram-se em diversas coleções particulares no Brasil e no exterior e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.