Foi realizada nesta quarta-feira, 27/11, uma audiência pública da Comissão de Educação e Cultura para discutir a construção do Campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), requerida pelos deputados Carlos Neder e João Paulo Rillo (ambos do PT). O debate enfocou, principalmente, a contaminação do solo onde ocorrerá a instalação, pois a prefeitura paulistana cedeu o terreno que abrigava a metalúrgica Gazarra, atualmente desativada. Em sua fala, Carlos Neder comparou o caso com os problemas da USP Leste: "a contaminação do solo daquele campus fez com que as aulas fossem interrompidas. A Unifesp demonstrou grande preocupação em não cometer o mesmo erro e preparar o terreno devidamente para que não haja riscos futuros." Elton Gloeden, gerente da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, afirmou que "não se pode confundir o caso da Unifesp Leste com o caso da USP Leste, uma vez que a Unifesp está realizando um trabalho muito mais intenso para cumprir os trabalhos de investigação e detectar as contaminações". Pedro Fiori Arantes, pró-feitor adjunto de planejamento da Unifesp, esclareceu que "a universidade cresceu nos últimos seis anos, mas isso não foi acompanhado com o devido investimento. Muitos campi sofrem com problemas de infraestrutura, e agora na construção do Campus Leste, estamos dialogando com a Cetesb para agir de forma preventiva". Laudo sob sigilo Segundo o pró-reitor, o terreno foi desapropriado pela antiga gestão da prefeitura paulistana e ainda não foi cedido para a universidade. A prefeitura contratou uma empresa para apresentar laudo com possível plano de descontaminação, e este laudo será repassado posteriormente para a Cetesb analisar e dar seu parecer. O deputado Adriano Diogo desaprovou a escolha do terreno e discordou desse processo. "Não é certo a empresa contratada pela prefeitura já apresentar um plano de descontaminação. É o mesmo que irmos ao médico e ele nos mandar fazer exames sem nem sabermos qual é nossa doença", disse. Pedro Fiori Arantes afirmou que o laudo já está pronto, mas ainda está sob sigilo. Florianita Coelho, pró-reitora da Unifesp, informou que a universidade já está trabalhando com a subprefeitura de Itaquera na reforma dos prédios onde era o refeitório e os vestiários da Gazarra, com baixos níveis de contaminação. "A comunidade da Zona Leste pede há 12 anos por uma universidade federal, e a Unifesp abraçou essa causa. Formamos uma Comissão Mista, com membros da universidade e de movimentos sociais, para acompanhar o processo de instalação". Rosana Puccini, diretora do Campus São Paulo, afirmou que o fato de a universidade ter formado essa comissão "já é uma demonstração de apoio e cuidado com o campus que será construído. Nossa preocupação é que a unidade enfrente tantos problemas de infraestrutura quanto os outros campi". Ao final da audiência, Carlos Neder solicitou o envio de um ofício para Cetesb e para a prefeitura pedindo pelo laudo que está sob sigilo. O deputado pediu ainda que as atas da Comissão Mista sejam enviadas para a Comissão de Educação e Cultura, e afirmou que lutará por mais recursos para Unifesp Zona Leste. Estiveram também na audiência os deputados Rillo, Rita Passos (PSD), Leci Brandão (PCdoB) e Beto Trícoli (PV).