A Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia Legislativa prosseguiu com o ciclo de audiências públicas em todo o Estado nesta sexta-feira (25/8). Desta vez, moradores e deputados reuniram-se para discutir o Orçamento de 2018 para a Região Metropolitana de São Paulo na Câmara Municipal de Franco da Rocha.

A audiência, presidida pelo deputado Enio Tatto (PT), contou com a presença do deputado Alencar Santana (PT), do prefeito de Franco da Rocha, Kiko Celeguim, do prefeito de Caieiras, Gerson Romero, da prefeita de Francisco Morato, Renata Sene, da vereadora de Franco da Rocha, Neiva Hernandez, e do presidente da Câmara Municipal de Franco da Rocha, Eric Valini, que compuseram a mesa. Autoridades e moradores de cidades vizinhas também compareceram.

O deputado Enio Tatto destacou a importância da discussão do orçamento. "Desde 2006 realizamos esses eventos com o objetivo de recolher informações e sugestões para atender às demandas da população".

Durante o evento, o deputado Alencar Santana destacou a oportunidade de debater com a comunidade com mais transparência.

Neiva Ernandes acrescentou que a audiência foi um dia de esperança e reivindicações. Em seu discurso, manifestou-se sobre os problemas que a cidade de Franco da Rocha enfrenta, tanto na área de saúde, quanto na de mobilidade urbana.

Segundo o prefeito Kiko, o investimento estadual na cidade reduziu em 83%. Ele ressaltou que, independentemente da ideologia, é preciso que haja união.

Educação

A falta de investimentos na educação foi o principal questionamento da audiência.

Alencar Santana destacou: "há 10 mil presos na cidade. O que percebemos é que priorizam o sistema carcerário em vez de investir em escolas".

Evanilda Maria Vieira, representante da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), expôs a necessidade de construir mais escolas e de investir mais na educação. "Nossa cidade sofre há 10 anos com essa situação. Os alunos não possuem uma boa estrutura, não possuem uma merenda de qualidade e os professores sofrem sem aumento salarial", frisou.

O professor Edmilson acrescentou que, comparando os orçamentos de 2016 e 2017, a educação tem sofrido cortes. "Educação é investimento, não é gasto", enfatizou.

Saúde

A implantação de um AME (Ambulatório Médico de Especialidades) e a necessidade de uma maternidade na Santa Casa do município foram os principais assuntos levantados por moradores e autoridades.

O vereador de Franco da Rocha, Marcos Roberto Andrade Pinho, informou que não há uma maternidade pública na cidade e reivindicou um estudo para que seja implantada uma na Santa Casa.

Neiva Hernandez afirmou que continua sua luta para trazer um AME para a cidade.

Com 150 mil habitantes, Franco da Rocha tem apenas um hospital. O secretário de Finanças de Francisco Morato, Ricardo Costa, defendeu a ampliação do hospital, incluindo mais vagas na UTI, e também da UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Além disso, destacou a dificuldade que a região tem em relação ao banco de sangue. "Nós não temos banco de sangue. O mais próximo é o de Jundiaí", enfatizou.

Em relação ao Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual), o representante Guilherme Nascimento, apontou: "Dos R$ 206 bilhões do orçamento estadual de 2016, cerca de R$ 240 milhões foram investidos no Iamspe. Isso configura 0,1% do total". Nascimento reivindicou que os recursos destinados aumentem para 2% do orçamento em 2018.

Segurança Pública

A situação das sete penitenciárias localizadas em Franco da Rocha foi abordada.

Alexandre dos Santos, vereador da cidade, afirmou que há um aumento da criminalidade, principalmente em datas comemorativas, quando os presos são soltos. "É preciso aumentar as viaturas para ter um maior monitoramento e segurança para a população, que sofre com os furtos nesse período."

Além disso, destacou que uma das penitenciárias, localizada no centro da cidade, está próxima de uma faculdade e de uma Fatec. Sua luta é para que essa penitenciária seja transferida para uma região afastada do centro, priorizando a segurança da população.

Outras prioridades

A melhora no transporte ferroviário e a reforma na estação Morato foi citada pelo vereador Claudemir Correa Leite, de Francisco Morato. "Cerca de 50 mil pessoas embarcam na estação, que se encontra destruída", frisou.

Julio Cesar Cardoso, do Jardim Alegria de Francisco Morato, acrescentou ainda que há atrasos nas estações envolvidas e redução de velocidade.

Marina Marques, produtora cultural de Mairiporã, apontou que houve um retrocesso nos investimentos de políticas públicas culturais. "No ano de 2016, o percentual foi de 0,4%. Neste ano, 0,27%." Ela e outros representantes de artistas reforçaram a necessidade de continuar os trabalhos do Sistema Nacional Cultural, além de lançar novos editais para projetos culturais. Além disso, destacou a necessidade de ampliar o Proac (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo). Marques reivindicou que sejam incluídos R$ 100 milhões do orçamento e destacou: "a maior riqueza de um povo é a sua própria cultura".

George dos Santos, vereador de Franco da Rocha, citou a necessidade de desenvolver a região para aumentar empregos.

O cidadão Gilson Rodrigues de Franco da Rocha disse que prometem empregos, porém há sete anos não aconteceu essa mudança. Ele defendeu que a instalação de cooperativas na cidade melhoraria a vida das pessoas e geraria empregos.

Fábia Lima, do Fórum do Interior, destacou os direitos da mulher e o fortalecimento das delegacias. Ela ressaltou a necessidade de melhorar a capacitação dos funcionários que atendem às vítimas.

Ricardo Costa defendeu a instalação de um Poupatempo em Franco da Rocha.

Em votação, as prioridades indicadas pela população para a região foram educação (16%), saúde (15%) e segurança pública (13%).

No encerramento, o deputado Enio Tatto falou da importância de avançar no orçamento regionalizado. "Assim teríamos mais justiça e cobraríamos as implementações", concluiu.

A próxima Audiência Pública do Orçamento está marcada para o dia 28/8 (segunda-feira), às 10h, na Câmara Municipal de Registro. Outras 20 audiências ainda serão realizadas em cidades que representam as regiões administrativas do Estado.