Em evento realizado nesta quinta-feira (11), deputados e deputadas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo lançaram oficialmente a Frente Parlamentar da Economia Solidária e Cooperativismo. A criação deste grupo suprapartidário tem como objetivo principal fomentar e desenvolver ações que promovam o acesso ao trabalho, bem como à renda digna para a população por meio de organizações coletivas, como associações, cooperativas, bancos comunitários, clubes de trocas, entre outros.

Os deputados Simão Pedro (PT) e Barba (PT) dividirão a coordenadoria da Frente durante a atual Legislatura. Simão exercerá o cargo nos primeiros dois anos, enquanto Barba assumirá pelo restante do mandato. Barros Munhoz (PSDB), Eduardo Suplicy (PT), Luiz Fernando (PT) e Marcos Damasio (PL) são os outros membros do grupo.

O primeiro e atual coordenador comentou sobre o nome homenageado e as bases ideológicas da Frente. "O Paul Singer era insubstituível. Ele elaborou toda a base para a ideia que inspirou a criação desta Frente. Em vida, pregava muito o conceito do respeito ao trabalhador, sem que haja a exploração de homem para homem. Esses ideais são a base de toda a Economia Solidária, que sempre deve ser fomentada", disse Simão Pedro.

O evento contou com a presença do Gilberto Carvalho, ex-ministro e atual secretário nacional da Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho. Na ocasião, destacou a importância da iniciativa. "Essa Frente vem numa época muito oportuna, a economia solidária grita por apoio neste momento. Não devemos apenas louvar a causa, mas sim, ajudá-la, objetivamente. Queremos, através de movimentos deste grupo, universalizar essas ideias e criar novos modelos de desenvolvimento humano, de produção e de consumo. A Economia Solidária é uma filosofia de vida, mesmo que seja um conceito muito novo", declarou.

A importância da Economia Solidária

O termo "Economia Solidária" começa a ser usado por volta de 1995, como forma de qualificar a prática de empreendimentos coletivos e autogestionários, que questionavam o antigo modelo do mercado de trabalho. Muitas mulheres que não tiveram acesso ao estudo, por exemplo, formaram várias cooperativas na época. Por conta disso, é considerada uma pauta de inclusão social, que transcende a economia.

"De 1996 a 1997, tivemos, entre os metalúrgicos do ABC, um enorme processo de recuperação de empresas que faliram. Através de cooperação entre os funcionários, baseadas nas ideias de Paul Singer, conseguimos recuperar 27 empresas. Hoje, já temos cerca de 20 mil cooperativas no Brasil, e vamos fazer o possível para fortalecê-las", declarou Teonilio Barba.

Como exemplo atual, Eduardo Suplicy citou os trabalhadores autônomos do Parque Ibirapuera, que vendem seus produtos de forma organizada em comunidade há 23 anos. "No ano de 2000, as barracas de água de coco do parque estavam atuando sob o aviso de que seriam compradas e administradas por grandes empresas. No entanto, os vendedores queriam continuar autônomos, então os ajudei e incentivei a criar uma cooperativa, que persiste até hoje com muito sucesso", contou.

Pautas da Frente

Uma das propostas primordiais da Frente é buscar a regulamentação da Lei nº 14.651, de 15/12/2011, que cria o Programa Estadual de Fomento à Economia Popular Solidária no Estado de São Paulo - PEFEPS.

"Essa lei nunca foi, de fato, implementada, e essa é uma causa pela qual vamos lutar, contando com a experiência de todos os mandatos aqui presentes", disse Simão Pedro.

Presente no evento, a vereadora da Câmara Municipal de São Paulo Luna Zarattini destacou a importância da divulgação das ideias cooperativistas entre o público jovem. "Quero que esta luta esteja presente na atual geração, sem deixar para depois. Comprometo-me em ajudar a espalhar as ideias cooperativistas e seus benefícios, para que tenhamos uma sociedade mais igual", destacou.