Audiência nesta segunda-feira, 27/4, solicitada pelo deputado Carlos Gianazzi (PSOL), abordou a suspensão de matrículas nas sete creches mantidas pela USP, que atendem a funcionários, estudantes e professores da universidade.

A suspensão da matrícula de novas crianças, no lugar das que, por idade, deixaram a creche é, para os pais e educadores presentes na audiência, um sintoma de que as creches irão fechar. São 141 vagas que deixaram de ser oferecidas, sem aviso prévio aos responsáveis pelas crianças. Em alguns casos, como no campus de São Carlos, foi feita a seleção das crianças, mas elas foram impedidas de frequentar a creche.

Os presentes afirmaram que isso faz parte de um processo de desmonte que ocorre na universidade, que atinge também o Hospital Universitário e o HRAC, de Bauru. Rogério Schiegel, aluno da USP e pai, citou que um quarto das vagas será fechado. Ele reclamou também da falta de diálogo da reitoria com os pais.

Waldyr Jorge responde pela Superintendência de Assistência Social da USP e veio à audiência representando o reitor da USP, Marco Antonio Zago. Ele negou o fechamento das creches e falou que, devido a um plano de demissão voluntária oferecido a funcionários da USP em 2014, muitos funcionários das creches saíram. Portanto, em 2015 não há condições de oferecer as 141 vagas para alunos novos.

Essa afirmação foi rebatida pelos pais e servidores presentes. Eles garantiram que há possibilidade de acolher pelo menos 89 crianças a mais com o corpo de funcionários existente. Destacaram também que, em São Paulo, há cerca de 300 mil crianças fora da pré-escola, o que os deixa sem opções para seus filhos.

Importância educacional

As creches, além de atenderem às crianças, têm um importante papel na USP, e são consideradas de referência nacional. Recebem estagiários dos cursos, e são utilizadas para estudos. Doutora em psicologia infantil, que trabalhou por 28 anos em uma das creches, Ana Maria Mello, e a funcionária Cintia Vequio Suplicy disseram que nos últimos cinco anos mais de cem pesquisas e teses a usaram como tema, o que prova o trabalho de excelência prestado às crianças.

Diversos pais e funcionários posicionaram-se contra o fechamento das creches, que, segundo eles são vistas como despesa e não como investimento e pesquisa. Os educadores reclamaram ainda do descumprimento pela USP da Lei complementar 1.202/2013, que lhes daria status de professores.

O deputado Giannazi somou-se às críticas à direção da USP e ao descumprimento da LC 1.201/2013. Garantiu aos presentes que levará o caso, assim como o problema das creches, ao Ministério Público estadual. Na reinstalação da Comissão de Educação e Cultura, Giannazi informou que pretende convidar o reitor da USP para falar destes problemas. Ele citou ainda o artigo USP, creches e machismo, do professor Virgílio Afonso da Silva, publicado no jornal Folha de S.Paulo clique aqui