Há exatos 100 anos era realizado, no saguão do Theatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna. O movimento reuniu artistas brasileiros e estrangeiros, e rompeu com a produção e divulgação artística e cultural da época, muito calcada no estilo europeu.

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo reúne no seu Acervo Histórico e Biblioteca, obras desse movimento modernista liderado por grandes nomes como Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Víctor Brecheret, entre outros.

O acervo da Alesp conta com mais de 1.500 obras de arte que vão desde o século 18 até os dias atuais, dentre elas, obras artísticas e literárias de nomes do movimento modernista nacional e internacional. As principais caraterísticas impressas nas obras modernistas são a experimentação, a identificação com a sociedade industrial e a linguagem cotidiana.

"Possuímos obras de várias técnicas artísticas como pintura, escultura, gravura, fotografia, entre outras, de artistas originados de países dos cinco continentes", conta Jair Borba, gestor da Divisão de Biblioteca e Acervo Histórico da Alesp.

Dos grandes nomes da Semana de Arte Moderna, fazem parte do acervo da Alesp a primeira edição do livro Losango cáqui (1926), de Mário de Andrade - assim como A Angústia de D. João (1922) e República dos Estados Unidos do Brasil (1928), ambos de Menotti del Picchia, que viria se tornar deputado na Assembleia Legislativa paulista.

Também está presente no acervo um exemplar da primeira edição de Corpo de Baile (1956), de Guimarães Rosa, representante da terceira fase do modernismo. A biblioteca da Assembleia Legislativa conta com cerca de 30 mil volumes.

Na pintura, a sede do Legislativo abriga as obras Casas de Morro (1950), de Hajime Higaki; Introspecção (1973), de Ashtar de Assis; e Paisagem Urbana (s.d.), de Guido Totoli.

O acervo também possui Aero Willys (1960), fotografia de German Lorca. Esculturas de Jorge Bussab e Dolly Moreno, e litogravuras de Fayga Ostrower e Mediano Tomei.

Em 2021, o Acervo Artístico passou por curadoria, higienização, catalogação e armazenagem realizada ao longo de 10 meses de trabalho pela museóloga Cecília Machado. "Uma preservação histórica importantíssima para a manutenção da memória do povo paulista", afirmou Jair Borba. A intenção agora é montar exposições com as obras, após reabertura da Casa com a queda nas contaminações pelo coronavírus.

Semana

A Semana de Arte Moderna de 1922 buscava a renovação das artes, questionando moldes tradicionais e movimentos artísticos conservadores, sendo responsável por imprimir a identidade da sociedade do começo do século 20. Realizada entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, cada dia do festival trabalhou um aspecto cultural: pintura, escultura, literatura, poesia e música.

O então governador de São Paulo e futuro presidente da República, Washington Luís, foi um dos apoiadores do movimento. Assim como Menotti del Picchia, Plínio Salgado e Cândido Motta Filho, que viriam a se tornar parlamentares nesta Assembleia Legislativa.

À época, o movimento sofreu inúmeras críticas de grandes publicações, mas foi crucial para fortalecer novos artistas a quebrar com a tradição clássica de arte europeia que dominava as galerias brasileiras.