A cidade de São Paulo completa, hoje, 470 anos de fundação. Capital do Estado, o município é sede da Assembleia Legislativa de São Paulo, o maior Parlamento da América Latina, desde seu surgimento, em 1835. O Palácio 9 de julho, prédio da Alesp, também celebra seu aniversário neste 25 de janeiro, completando 56 anos no atual endereço. "É uma cidade vibrante, desafiadora e muito acolhedora. Meu pai é imigrante e a gente sabe como São Paulo acolheu e possibilitou que todo mundo pudesse crescer aqui", comentou o deputado Donato (PT). Ele está em seu primeiro mandato como deputado estadual após ser vereador na capital paulista por 18 anos. Além da sede do Legislativo Paulista, a cidade ainda abriga o Governo do Estado, todas as secretarias estaduais, a melhor Universidade da América Latina, a USP - mais uma aniversariante da data de hoje - e é a casa de mais de 11 milhões de pessoas. "A presença da Alesp na cidade é muito importante, pois permite que o legislador conheça de perto os problemas e potencialidades da Capital. Além disso, permite que a população acompanhe de perto o trabalho dos deputados. Assim, amplia as possibilidades de participação, com reivindicações e propostas", afirmou Ubirajara Prestes, historiador e secretário de documentação da Câmara dos Vereadores de São Paulo. Um presente de aniversário O outro aniversariante do dia de hoje é o Palácio 9 de julho, atual casa do Legislativo Paulista. Após passar por três sedes diferentes, a Alesp recebeu, em 1968, um prédio para chamar de seu. O atual edifício começou a ser pensado no início da década de 1960, por iniciativa do então presidente da Assembleia, Roberto Costa de Abreu Sodré. Após quase 7 anos em obras, no dia 25 de janeiro, durante as comemorações do aniversário de 414 anos da cidade de São Paulo, o Palácio foi inaugurado em seu atual endereço, em frente ao Parque do Ibirapuera. De 'vilazinha' à megalópole Os 470 anos de história de São Paulo começam em meados do século 16. Portugueses, que se deslocavam do Litoral para o Interior do Brasil, começaram a entrar em contato com povos indígenas, com o objetivo de chegar cada vez mais ao Interior do Estado. Nessa peregrinação, eles fundaram, em 1554, uma base de catequese chamada "Casa de São Paulo", no local conhecido hoje como Pateo do Collegio. Ali, nasceu o povoado de São Paulo de Piratininga. "Era uma área elevada, circundada por rios e córregos, o que facilitava a sobrevivência e defesa em caso de eventuais problemas futuros", explicou Prestes. O historiador conta que, diferentemente de outras cidades brasileiras, a data de fundação de São Paulo é o dia da instalação de uma base jesuítica e não da Câmara Municipal. O Legislativo Municipal só chegou ao povoado em 1560, o que fez com que ele virasse, oficialmente, a Vila de São Paulo e Piratininga. Mas aquela vilazinha, isolada no Interior do País, longe das grandes cidades do Litoral, ainda estava muito longe do que viria a se tornar São Paulo. "A Vila de São Paulo não conseguia competir com as diversas regiões do Nordeste que produziam açúcar e teve um certo isolamento em relação ao comércio ultramarino. Por isso, ela voltou-se ao abastecimento do mercado interno da colônia", detalhou Ubirajara. O desenvolvimento dessas atividades econômicas fez com que a cidade ganhasse destaque em relação a outras vilas da região, até que, em 1681, virasse "cabeça de capitania", o equivalente a capital do Estado. "A importância da Vila de São Paulo também fica evidente nos deslocamentos populacionais que nela tiveram origem, e que foram determinantes para a formação de outras importantes vilas. São Paulo se tornou, assim, uma região que servia de base para a exploração de outras áreas", contou o historiador. Cidades como Santana de Parnaíba, Guaratinguetá, Jacareí, Taubaté, Mogi das Cruzes e Jundiaí surgiram de explorações que partiram da Capital. Alesp surge onde a cidade nasceu No ano de 1835, foram criadas pelo Brasil as Assembleias Provinciais, primeiras organizações das atuais Assembleias Legislativas. O local escolhido para ser a sede da Assembleia de São Paulo? O Pateo do Collegio, berço da cidade de São Paulo. "Muitas decisões de âmbito local, como as Posturas Municipais e o orçamento das Câmaras, precisavam ser submetidas à apreciação da Assembleia para seguirem adiante. Os deputados da Assembleia participavam ativamente das questões que envolviam a cidade", explicou Ubirajara. A década de 1870 foi de grandes mudanças para o Estado e para a Vila de São Paulo. O município, que tinha menos habitantes que cidades como Recife, Salvador e Rio de Janeiro, começou a crescer por causa da economia cafeeira no Estado. Em 1879, a Assembleia precisou se mudar, por conta do espaço limitado do Pateo do Collegio. O local escolhido estava, mais uma vez, intimamente ligado ao município de São Paulo: a Câmara dos Vereadores, no antigo Largo São Gonçalo. A relação entre Assembleia e Câmara era maior do que apenas a divisão do prédio no Centro da cidade. Ubirajara Prestes explica que o grau de independência dos municípios na época ainda era baixo. "Grandes questões da cidade de São Paulo não eram debatidas e deliberadas exclusivamente nas Câmaras Municipais, mas também na Assembleia Legislativa, que representavam também a população local. A interação entre essas instituições ao longo da História mostra a importância que os representantes do povo possuem na construção do processo democrático", afirmou. A partir daí, o crescimento do município foi exponencial. Os 30 mil habitantes aferidos no primeiro censo feito pelo IBGE, em 1872, explodiram para mais de 2 milhões em 1950. Hoje, a Capital paulista abriga mais de 11 milhões de pessoas, vindas de todos os cantos do País e do mundo. Cada vez mais próxima A Alesp segue trabalhando para melhorar a vida do cidadão paulista e paulistano e quer estar cada vez mais próxima da cidade de São Paulo. Além dos projetos de lei aprovados no último ano que beneficiam os moradores da cidade, a Casa se debruça diariamente em discussões importantes para o município, como transporte, saneamento e segurança pública. Estão instaladas na Assembleia quatro frentes parlamentares que discutem diretamente problemas da cidade: Frente de apoio ao município de São Paulo; de Apoio às Vítimas e de Combate às Enchentes na Zona Leste da Capital; em Defesa do Centro da Cidade de São Paulo; e pela Implantação de Universidade Federal, Instituto Federal na Zona Sul da Capital. "A Alesp é um espaço de debates e discussões que dizem respeito aos grandes problemas do Estado. A cidade de São Paulo, pela sua demografia e importância no cenário nacional, sempre permanece na pauta do Legislativo Estadual. Afinal, o crescimento e centralidade da cidade se devem aos recursos de diversas atividades econômicas não apenas da Capital, mas de todo o Estado, com investimentos diretos e indiretos", comentou Ubirajara Prestes. R$ 100 bilhões Apesar desse trabalho constante, Donato defende que a Alesp se aproxime cada vez mais das questões da cidade. "Apesar de muitos acharem uma cidade rica, ela é monstruosa. É uma cidade que, por si só, consegue fazer muitas coisas, mas precisa do apoio do Governo Estadual e Federal para projetos de grande infraestrutura", disse. "Existe uma ideia de que, como São Paulo é muito grande, já que tem um Orçamento de mais de R$ 100 bilhões, o Estado tem que cuidar do resto e a cidade se basta. Mas São Paulo precisa de ajuda, de interlocução, de apoio. O Estado tem que olhar pra cidade de São Paulo e chamar para si também essa responsabilidade", completou o deputado.