Encontro estadual promove debate sobre turismo étnico no Brasil

(com fotos)
24/04/2001 18:51

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O Primeiro Encontro Estadual - O Negro e o Turismo Étnico, promovido pelo Coletivo de Empresários Afro-brasileiro da Região Metropolitana de Campinas (CEAB-RMC), reuniu no auditório Teotônio Vilela, da Assembléia Legislativa, nesta terça-feira, 24/4, representantes da comunidade negra com o objetivo de debater e estimular a formulação de propostas para o turismo étnico.

Participaram do debate Francisco Henrique Silvano, do CEAB, Jader Oliveira Junior, coordenador do site Portal Afro, Antonio da Silva Pinto, da Coordenadoria do Negro, Sonia Maria Berlardinucci, representante da Secretaria de Esportes e Turismo e Celso Fontana, advogado e administrador de empresas ligado ao movimento negro.

A primeira palestrante, Sonia Berlardinucci, falou sobre roteiros de turismo e detalhou o modo de operação da política estadual de turismo desenvolvida pela secretaria. Segundo ela, a função da secretaria é identificar a vocação turística dos municípios, que podem ser atendidos em alguns requisitos técnicos conforme o grau de organização da comunidade. Desse modo, a formulação de um roteiro turístico é importante para transformar a região num produto apreciável. "O roteiro apresenta a região de forma ordenada e sustentada. Ele engloba tudo o que o município tem a oferecer, e a partir disso é capaz de gerar divisas e empregos." Para isso, a secretaria dispõe de um departamento de pesquisa e projetos e de grupos de orientação para trabalhar e divulgar o produto turístico.

O coordenador do Portal Afro falou sobre o futuro do turismo étnico no Brasil. Para ele, uma das preocupações do movimento negro é que elementos da vivência da comunidade negra possam se reverter em benefícios financeiros. "E o turismo é um dos aspectos que pode ser transformado em um projeto para o futuro", disse. Jader argumentou que a comunidade negra não tem tirado nenhum proveito do potencial de negócios turísticos de São Paulo. Como exemplo, destacou as possibilidade de atrair os turistas afro-americanos, que buscam hoje alternativas de turismo étnico fora do circuito africano, por conta da difusão da Aids e dos conflitos naquele continente. Além destes, mencionou a demanda turística interna de afro-descendentes. Segundo o raciocínio de Jader, a população negra de classe média abrange 7 milhões de pessoas, às quais se deve dirigir alternativas de turismo que evidenciem a arte, a culinária, a moda e os eventos culturais da comunidade afro-brasileira. A idéia de Jader é promover através da Internet um banco de dados contendo informações e roteiros para o turismo étnico. "As comunidades devem elaborar seus projetos e torna-los viáveis. Para isso, é necessário se profissionalizar e reivindicar dos poderes legislativos uma regulamentação capaz de reconhecer, caracterizar e identificar o turismo étnico."

Sobre o tema Mídia e Turismo Étnico, o advogado Celso Fontana disse que não devemos nos iludir com a solidariedade dos donos do meio de comunicação em relação à comunidade negra. Por isso, defendeu ao trabalho junto aos possíveis aliados, identificados por ele nos jornalistas e patrocinadores. Fontana reparou que quem está ganhando com o turismo na Bahia são os brancos, em particular estrangeiros e gaúchos. E, por fim, advertiu que a comunidade negra deve disputar verbas públicas por meio da reivindicação do orçamento participativo, a fim de imprimir um corte racial no orçamento público capaz de amenizar os desequilíbrios hoje existentes.

O deputado Vanderlei Macris (PSDB), que apoiou o evento, enviou através de representante, mensagem destacando que o um dos objetivos do Fórum São Paulo Século XXI, promovido pela Assembléia Legislativa, foi planejar o futuro de São Paulo. E o turismo está intimamente vinculado a esse futuro, como uma vocação genuína do Estado e do país. Da mesma forma, esse Fórum serviu para afirmar os valores sociais e humanistas, os quais reclamam todos os esforços para ultrapassar as barreiras étnicas que estão postas no mercado de trabalho".

alesp