O reitor da Universidade de São Paulo, Marco Antonio Zago, compareceu à reunião da Comissão de Educação e Cultura nesta quarta-feira, 17/9, atendendo a requerimento do deputado Carlos Giannazi (PSOL). O tema da reunião foi a situação orçamentária e o corte no orçamento na USP, bem como a situação do Campus USP Leste, que foi liberado após interdição por ter sido construído em terreno com contaminação de solo. Em sua explanação inicial, o reitor Zago destacou a importância da USP no cenário nacional e internacional. O reitor reconheceu que em gestões anteriores não houve planejamento adequado dos gastos. Disse que em 2013 houve prejuízo de R$ 1 bilhão, que se repetirá em 2014, portanto considera ser obrigatório reverter esta situação, para que a USP sobreviva a 2016. "Junto com o Conselho Universitário, foram tomadas algumas medidas, como a abertura de contas e a implantação de mecanismos de controle externos à reitoria" explicou o reitor. Representantes das diversas entidades presentes à reunião pediram a Zago que realmente mostre as contas da universidade. Hospitais universitários Respondendo a questionamentos da deputada Telma de Souza (PT) em relação ao Hospital Universitário (HU) e o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC), o Centrinho de Bauru, Zago considera que a proposta de passar sua gestão ao governo do Estado, através da Secretaria da Saúde, irá poupar recursos que poderão ser usados para sanear as contas e promover a contratação de novos docentes. Ele prometeu à deputada voltar para falar do assunto na Comissão de Saúde. A deputada Sarah Munhoz (PCdoB) também defendeu a manutenção dos hospitais na USP, por serem centros importantes de pesquisa. Carlos Giannazi (PSOL) também se manifestou contra o "desmonte e a perda do patrimônio público" que seria a desvinculação dos hospitais. Ele reclamou ainda que uma comissão de quatro deputados não foi recebida em audiência por Zago, o que considerou desrespeito ao poder fiscalizador do Legislativo. O professor Ciro Correia, presidente da Adusp, externou sua preocupação com eventual precarização do atendimento nos hospitais universitários após sua passagem ao governo estadual, já que eles seriam geridos por Organizações Sociais. Segundo ele, as OSs não são fiscalizadas. Por fim, Correia, por considerar a estrutura da USP anacrônica, defendeu a realização de uma estatuinte. Imóveis à venda Questionado sobre os prédios comprados na gestão anterior, Zago disse que será levado ao Conselho Universitário o pedido de venda de alguns deles. Em relação ao prédio na rua da Consolação, afirmou que a construção será paralisada assim que possível, pois o contrato com a construtora deverá ser encerrado. Sobre o desconto dos dias parados por conta da greve de USP, o reitor falou que o Tribunal Regional do Trabalho determinou a compensação, daí a decisão de suspender o pagamento até que isso ocorra. Apesar da liberação para uso do campus USP Leste, onde fica a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), os representantes de entidades expuseram suas dúvidas sobre a salubridade do local. São 110 mil m² de terra contaminada que ficam cercadas por tapumes. Segundo eles, essa medida não é suficiente para eliminar os riscos de contaminação. Fizeram perguntas ao reitor, entre outros, o coordenador do Fórum das Seis, César Minto; Vera Montezi, do Comando de Greve dos funcionários; e representantes da Unicamp, Andes, Sintunesp e DCE da USP. Ao final da reunião, o presidente da comissão, deputado Carlos Neder (PT), lembrou que, até o dia 30/9, o governo estadual deverá entregar à Assembleia a peça orçamentária para 2015, quando haverá debate e a possibilidade de os deputados apresentarem emendas para ajudar as universidades públicas. Estavam ainda presentes à reunião os deputados Beto Tricoli (PV) e Adriano Diogo (PT), que também reclamou por não ter sido recebido pelo reitor em audiência.