Participação do Brasil na Guerra Civil Espanhola é tema de Audiência Pública





Com a finalidade de homenagear os voluntários brasileiros que lutaram na guerra civil espanhola, a Comissão da Verdade promoveu nesta quarta-feira, 24/9, uma audiência pública em que participaram, entre outros, o cônsul da Espanha em São Paulo, Ricardo Martinez Vásquez, o pesquisador Silvio Gabriel Serrano Nunes, a escritora Ângela Mendes de Almeida, a filha de David Capistrano, Cristina Capistrano, a atriz Dulce Muniz, o advogado e teatrólogo Idibal Pivetta e o presidenta da Comissão da Verdade Adriano Diogo.
Um pouco de história
O pesquisador Silvio Gabriel falou sobre a participação brasileira na guerra civil espanhola, um conflito que teve início em 1936, quando o general Francisco Franco comandou um golpe de estado contra o governo democrático da Segunda República espanhola. Mal sucedido, o golpe dividiu a Espanha entre Falangistas e Republicanos. Os primeiros tinham o apoio dos regimes fascistas da Alemanha e Itália, regimes interessados em implantar uma ditadura na Espanha. Conforme ressaltou Silvio Gabriel, citando obra de Paulo Roberto Almeida, "a Espanha dos anos trinta foi um grande laboratório político e militar em todas as rupturas ideológicas do século XX, em particular a luta entre a democracia, o fascismo e o comunismo". Devido à superioridade bélica e de recursos humanos dos falangistas, a derrota republicana foi rápida. "A mobilização dos fascismos em favor de Franco foi, nesse caso, decisiva: em 1º de dezembro de 1936, a Alemanha e a Itália tinham encaminhado cerca de 300 aviões e quase 100 tanques, além de centenas de peças de artilharia e de metralhadoras, dezenas de milhares de granadas de mão e toneladas de munição para armas automáticas. O esforço redobraria nas grandes batalhas do ano seguinte", explica Almeida em seu livro.
Ao falar da participação de estrangeiros no conflito contra o nazifascism, Silvio citou outros nomes além dos brasileiros que foram homenageados na audiência pública, como Diego Rivera, Frida Kahlo, Beth Davis, Robert Capa, Ernest Hemingway " autor de Por Quem os Sinos Dobram, romance sobre a guerra espanhola " e os brasileiros Jorge Amado, Érico Veríssimo e Manuel Bandeira, entre outros. O pesquisador contou ainda sobre a solidariedade internacional que ganhou força em 1936, em Paris, quando reuniram-se representantes da Internacional Comunista, Willi Muezenberg, dos partidos comunistas da Itália, Togliatti, da França, Maurice Thorez, e o representante da Internacional Comunista na Espanha, Vitorio Codovilla, e decidiram constituir colunas internacionais que já vinham sendo espontaneamente formadas. Luigi Longo, do PC italiano e conhecido na Espanha pela alcunha de comandante Gallo, fica sendo o encarregado dos contatos com o governo espanhol. Em outubro desse mesmo ano, são feitos os preparativos finais e o governo republicano aceita a idéia. Assim, os estrangeiros que já se encontravam combatendo, precariamente distribuídos em colunas nacionais, serão organizados em batalhões e enquadrados nas agora chamadas Brigadas Internacionais.
Silvio lembra a importância dos brasileiros nesse estágio da organização por já possuírem experiência militar, que faltava nos demais brigadistas. O pesquisador também fez questão de ressaltar a participação do ditador português, Salazar, apoiando as forças franquistas e abrindo as fronteiras entre os dois países para que os fascistas recebessem ajuda militar. A guerra civil espanhola terminou em abril de 1939, com Francisco Franco implantando um regime ditatorial de direita na Espanha.
Comunistas junto com nazistas
A escritora Ângela Mendes de Almeida começou sua participação lembrando texto de Dainis Karepovs sobre a atuação do Partido Comunista espanhol, a Internacional Comunista e a União Soviética, que a princípio teriam lutado contra os republicanos por terem elegido como inimigos, segundo uma avaliação equivocada de Moscou, os social-democratas. Dainis baseou-se no filme Terra e Liberdade, de Ken Loach, que por sua vez se inspirou em relatos de George Orwell (que também lutou na Espanha), para trazer à tona o ponto de vista de uma das correntes da esquerda espanhola, os trotskistas do Partido Obrero de Unificación Marxista (Poum), que acusa Moscou de ter lutado a princípio ao lado dos fascistas, por achar que a revolução espanhola, naquele momento, era inoportuna. Essa acusação é descartada por alguns comunistas, mas Ângela Mendes de Almeida lembra os Processos de Moscou, desencadeados por Stalin, para eliminar a chamada velha guarda bolchevique. Stalin não dissimula seus objetivos políticos na Espanha, dos quais o principal é a destruição das organizações revolucionárias, das quais a principal é a Poum, que denunciou com vigor os Processos de Moscou e proclama que luta sob a bandeira de Lenin. O próprio Pravda, então, comemora a eliminação dos trotskistas e anarcossindicalistas na Espanha, "que já começou e será conduzida com a mesma energia que na URSS". Dentre as vítimas, estava o militar Alberto Bomilcar Besouchet, o primeiro combatente brasileiro a chegar à Espanha para apoiar o governo republicano contra as tropas franquistas.
Minuto de silêncio
Ao comentar sobre as vítimas não só da revolução espanhola, mas também da segunda guerra mundial, Idibal Pivetta, que teve o lançamento de livro da peça de sua autoria "A cobra vai fumar" durante a audiência, pediu um minuto de silêncio em respeito á memória do poeta Garcia Lorca, morto pelo regime fascista.
Os combatentes brasileiros homenageados foram Alberto Bomilcar Besouchet, David Capistrano, Apolônio de Carvalho, Joaquim Silveira dos Santos, José Homem Correia de Sá, Eneas Jorge de Andrade, Nelson de Souza Alves, Roberto Morena, Dinarco Reis, Delcy Silveira, Eny Antonio Silveira, Nemo Canabarro Lucas, José Gay da Cunha, Hermenegildo de Assis Brasil, Carlos da Costa Leite e Homero de Castro Jobim.
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