A letra contundente de "Mulheres Negras" " de Eduardo Taddeo (Facção Central), interpretada pela cantora Yzalú " ganhou ainda mais força quando foi declamada na Alesp por meninas com idades entre 8 e 9 anos, alunas da Emef Zacaria, do Parque Santo Antonio, em São Paulo. "Não fomos vencidas pela anulação social. Sobrevivemos à ausência na novela e no comercial (...) Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino. Nossos traços faciais são como letras de um documento / que mantém vivo o maior crime de todos os tempos." Trabalhando autoestima e resistência ao preconceito, as rimas da cultura hip hop encaixaram-se na atividade desenvolvida pela professora Shirley, cuja proposta era uma ação de combate ao bullying. "Não existe Lei Maria da Penha que nos proteja / da violência de nos submeter aos cargos de limpeza. De ler nos banheiros das faculdades hitleristas: fora macacos cotistas." Como indicou o diretor Wagner Carbonari, a apresentação atende ao projeto político-pedagógico da escola, que visa à cidadania. Já para o deputado Carlos Giannazi, que recebeu o grupo, o combate ao racismo e a conscientização da cultura negra consistem em obrigação determinada pela LDB. As alunas concluíram o jogral: "Podem pagar menos pelos mesmos serviços. Atacar nossas religiões, acusar de feitiços. Menosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira. Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra".