Comissão estadual da Verdade ouve depoimentos sobre Aurora Furtado e Issami Okano

Aurora foi torturada até a morte e Okano permanece desaparecido desde 1974
10/04/2013 21:57 | Da Redação Fotos: Mauricio Garcia de Souza

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Adriano Diogo, presidente da comissão <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123541.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Idibal Piveta  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123542.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Renato Tapajos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123543.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> 30ª audiência pública da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123544.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Audiência pública da Comissão da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123546.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo, presidente da comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123572.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Idibal Piveta, Adriano Diogo, Renato Tapajos e João Paulo Rillo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-04-2013/fg123573.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Na 30ª audiência pública da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), foram abordados os casos de Aurora Maria Nascimento Furtado, a Lola, morta em 10 de novembro de 1972, e de Issami Nakamura Okano, desaparecido em 14 de maio de 1974.

Lola nasceu em 1946, em São Paulo, e atuava na Ação Libertadora Nacional (ALN). Estudante de psicologia na Universidade de São Paulo, militou no movimento estudantil nos anos 1967 e 1968. Integrou o PCB, pertenceu à DISP e, após o AI-5, passou a atuar politicamente na clandestinidade.

Foi presa após uma batida policial da qual tentou fugir mas, após rápido tiroteio, levou um tiro na perna. Foi violentamente torturada com diversos métodos, entre eles a "coroa de cristo", um torniquete de aço que é gradativamente apertado, esmagando aos poucos o crânio da vítima. Em 10 de novembro morreu em consequência das torturas e seu corpo crivado de balas foi jogado na rua.

Uma versão oficial de sua morte quer fazer acreditar que Lola foi morta em tiroteio por ter sido confundida, após interpelação de um policial, com traficante de drogas. Contudo, fotos encontradas nos arquivos do ICE/RJ, mostram profundas marcas de tortura no corpo de Lola, inclusive o afundamento do crânio.

O cineasta Renato Tapajós, cunhado de Lola na época de sua morte, contou que Lola era uma moça inteligente e alegre, que namorava José Arantes, importante liderança estudantil. Tapajós afirmou que ele e sua esposa, irmã de Lola, recomendaram veementemente que ela se exilasse, uma vez que avaliavam que a luta armada havia sido derrotada pela repressão. "Mas a essa altura, Lola havia estabelecido um compromisso moral com os companheiros que haviam sido presos, torturados, mortos", contou.

Tapajós falou também sobre a prisão de Lola, afirmando que não houve engano no episódio, como as versões oficiais tentam fazer crer. Ocorreu, de fato, uma batida policial que impedia os carros de passarem. O guarda, ao abordar Lola exigindo que ela e o companheiro saíssem do carro (carregado de armas) para revistá-los, atirou nele na tentativa de fuga a pé. Lola foi atingida na perna, presa e levada para a tortura até a morte, por agentes da repressão e não do crime comum, como insinua a versão oficial. O cineasta acrescentou que havia nas sessões de tortura membros do Serviço Secreto da Aeronáutica, conhecidos por sua extrema violência.



Vocação para a poesia



Issami Nakamura Okano nasceu em 1945, em Cravinhos (SP), e também atuava na ALN. Estudava química na USP e foi no movimento estudantil que começou sua atividade política. Preso em 1969 e condenado a dois anos de reclusão, cumpriu pena no Presídio Tiradentes e foi libertado em outubro de 1972.

A segunda e última prisão de Issami foi decorrente do trabalho de infiltração do médico Henrique Ferreira de Carvalho, o Jota. No dia 14 de maio de 1974, Issami foi preso por agentes do DOI-CODI/SP em sua casa, no bairro de Pinheiros, e está desaparecido até hoje. No dia 7 de fevereiro de 1975, o então ministro da Justiça, Armando Falcão, informou à imprensa que Issami havia sido preso e estava foragido. Na época, o advogado Idibal Piveta, que falou na Comissão da Verdade, contestou essa versão, já que Issami havia cumprido pena e voltado a trabalhar, o que não justificava seu sequestro.

De acordo com Idibal, Issami foi levado à casa de Petrópolis onde foi submetido a intensas torturas. "Issami possuía uma firmeza de ideias contagiantes", contou o advogado, lembrando que ambos trabalhavam com teatro e que Issami possuía vocação para a poesia. "Toda sua produção foi levada pelos carrascos do DOI-CODI", afirmou.

Também presente no evento deputado João Paulo Rillo.

alesp