A professora e advogada Maria Lúcia Amary (PSDB) ingressou na política atuando em movimentos sociais. Em 1998, quando era presidente do Fundo Social de Solidariedade da Prefeitura de Sorocaba, foi convidada a disputar uma vaga na Assembleia Legislativa. Foi eleita e já está no quarto mandato. Ela foi a primeira mulher a presidir um partido em Sorocaba e a primeira mulher eleita deputada estadual na cidade. Na Assembleia, atua nas áreas de desenvolvimento regional, educação, rede de proteção social, saúde, meio ambiente, transportes e segurança pública. Maria Lucia coordena as Frentes Parlamentares de Desoneração Tributária dos Medicamentos de Combate aos Motoristas Criminosos e de Enfrentamento das DST"s/HIV e Adis. É vice-coordenadora da Frente Parlamentar para Regularização Fundiária e da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária. Mulheres na política Atuante em movimentos feministas, políticos e partidários, Maria Lúcia Amary acredita que as mulheres deveriam lutar para ter mais espaço na política. Segundo ela, 52% do público feminino está no eleitorado. "O problema é que esse dado não reflete nas votações durante as eleições", explica. Para Maria Lúcia, a cultura machista ainda prejudica o avanço das mulheres na política. Com o objetivo de aumentar a representatividade feminina, a Lei de Cotas reserva a cada gênero um percentual mínimo de cadeiras nas representações legislativas. "O Brasil possui menos mulheres engajadas na política, se comparado a outros países da América do Sul. Aqui, na Assembleia, nós temos 11%. É uma porcentagem pequena", diz. Segundo a deputada, muitos partidos políticos não preenchem a cota de 30% (reservada para as mulheres). "A Lei de Cotas não atingiu seu objetivo, ainda não conseguimos chegar ao percentual esperado", critica. A parlamentar também destaca a dificuldade que as mulheres têm para se reeleger nos cargos. "Faltam investimentos nas campanhas. Nos Estados Unidos e nos países da Europa existe um financiamento próprio para campanhas femininas". Maria Lucia acredita que o momento político do país e o peso da classe política são fatores intimidadores para as mulheres tentarem a carreira na área. Para ela, as mulheres não se sentem estimuladas a participar do processo político porque "realizam dupla jornada, que as impede de financiar uma campanha; não possuem o apoio da família e enfrentam atitudes de partidos que priorizam somente o público masculino e isolam as mulheres", diz. Região de Sorocaba A deputada realiza trabalhos em 27 cidades que compõem a região de Sorocaba. "A região é desigual. Tenho preocupação em mudar essa realidade, de forma que todas as cidades possam crescer proporcionalmente", afirma. Para isso, a parlamentar busca valorizar a vocação das cidades e estimular aquelas que são voltadas ao turismo. Ela destaca que algumas delas perderam suas características originais por conta da rápida industrialização. A intenção, diz, é resgatar as origens das cidades. Maria Lúcia Amary explica que os maiores problemas da região metropolitana - saúde e segurança -, são iguais aos de outras cidades do Estado de São Paulo. "Penso em um polo de desenvolvimento. Por exemplo, a cada duas ou três cidades, oferecer um serviço de saúde especializado", explica. Ela diz que se cada cidade tiver um conjunto de ações iguais, vai perder investimentos. Por isso, a importância de diversificar e ao mesmo tempo uniformizar com um objetivo comum. "Com os instrumentos de que a lei dispõe, como concessões e consórcios, as cidades podem trabalhar em parceria". A sua bandeira, além do desenvolvimento das cidades, é garantir que a população tenha condições de permanecer em seu município. Defesa da mulher Maria Lucia Amary criou leis e projetos voltados para melhorar a condição de vida da mulher. Um exemplo é a Lei 13.160, o Programa de Saúde da Mulher Detenta. Ela se recorda da luta para inaugurar o presídio feminino na região de Votorantim para mais de 800 mulheres. Dentro do próprio presídio, as detentas têm acesso a serviços como creche, biblioteca, local para amamentação e ambulatório médico especializado para atendimentos preventivos, como de mama e colo de útero, que sua lei se preocupa em oferecer. "A detenta já está pagando com a prisão, ela não precisa pagar com a saúde. Além disso, ela precisa retornar para a sociedade com saúde adequada", diz. Outra lei que ela destaca é a 13.813/2009, que garante o atendimento especial às mulheres e crianças vítimas de violência sexual. O Estado dá o direito da realização de exames médicos periciais com especialistas do Instituto Médico Legal (IML) no estabelecimento hospitalar de atendimento, bem como o direito de elaborar boletim de ocorrência noticiando a violência sofrida. Projetos Durante a conversa, a deputada destacou a importância da produção agrícola. Segundo ela, Piedade é a cidade que mais abastece o Estado de São Paulo no setor agrícola e precisa de estradas de boa qualidade, para garantir que seus produtos não sejam afetados no seu destino final. "É preciso estimular a agricultura", defende. Maria Lucia diz que pretende disputar a reeleição e destaca que está "preparada para assumir qualquer desafio". Ela já assumiu a presidência interina da Assembleia em algumas ocasiões, foi a primeira mulher a ser vice presidente da Casa e hoje é a segunda vice-presidente. "Garantimos uma história nova. Antes as mulheres não tinham cargos relevantes no meio político. Quando queremos, podemos. Precisamos trabalhar e lutar para garantir o espaço conquistado", diz.